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PROPOSTA DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL E CONTROLE DA RECICLAGEM AGRÍCOLA DE LODO DE ESGOTO

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PROPOSTA DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL E CONTROLE DA

RECICLAGEM AGRÍCOLA DE LODO DE ESGOTO

ANDREOLI, C. V.; PEGORINI, E. P.; CHAVES, I. C. da S.; FOWLER, R. B.; FERREIRA, A. C.; FERNANDES, F.; BONNET, B. Proposta de licenciamento ambiental e controle da reciclagem agrícola de lodo de esgoto. 20º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. Anais... Rio de Janeiro, 1999.

Cleverson Vitório Andreoli (1)

FOTOGRAFIA DO AUTOR PRINCIPAL

Engo Agrônomo, MSc Ciências do Solo, Professor da UFPR, Engenheiro

de Desenvolvimento e Coordenador Técnico do Programa de Reciclagem Agrícola do Lodo de Esgoto, da Cia de Saneamento do Paraná - SANEPAR Eduardo Sabino Pegorini

Eng° Agrônomo, Pesquisador, atua na SANEPAR Ivonete Coelho da Silva Chaves

Enga Química. depto de Controle de Poluição/DIRAM - IAP. Rossana Baldanzi Fowler

Enga Agrônoma, MSc, depto de Tecnologia Ambiental/CEP.- Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Andréia Cristina Ferreira

Engª Agrônoma, Pesquisadora Bolsista de Aperfeiçoamento do CNPq pelo PROSAB - Programa de Pesquisa em Saneamento Básico, atua na SANEPAR

Fernando Fernandes

Eng° Civil , Doutor, professor adjunto UEL, e membro do grupo de coordenação do programa para a reciclagem agrícola do lodo de esgoto na Sanepar

Bárbara Rocha Pinto Bonnet

Bióloga, Esp., pesquisadora bolsista do Programa RHAE junto à Sanepar.

Endereço(1): Companhia de Saneamento do Paraná - SANEPAR/GECIP

Rua Engenheiros Rebouças, 1376 - Curitiba - Paraná - 80215-900 Tel: (041) 330 3238 Fax: (041) 333 9952 e-mail: c. andreoli@sanepar.pr.gov.br

RESUMO

A disposição final do lodo de esgoto é um problema emergente no Brasil e que cresce a medida em que são implantados e efetivamente operados sistemas de coleta e tratamento de esgoto no país. Entre as diversas opções para o equacionamento do problema, a proposta de reciclagem agrícola vem se destacando como alternativa mais promissora, porém, depende da verificação e adequação de parâmetros de qualidade especialmente relacionados ao conteúdo de metais pesados, às características sanitárias do produto, e a parâmetros de restrição de uso do solo. Este trabalho, produto da cooperação SANEPAR / IAP, objetiva elaborar uma proposta de norma para o licenciamento e controle da gestão agrícola do lodo adaptado à realidade do Estado do Paraná. Nesta proposta dividem-se os processos e as diretrizes para obtenção de autorização, em função do porte produtivo das ETEs. Nas ETEs pequenas (produção menor que 240 t de matéria seca de lodo por ano), o processo é simplificado, porém não menos criterioso. Para as ETEs de grande porte (cujo porte produtivo é superior àquele mencionado), esta regulamentação exige a apresentação de um "Plano de Controle

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"Norma para Apresentação de Projeto de Disposição final de Lodo de Esgoto no Solo para

Fins Agrícolas."

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INTRODUÇÃO

O lodo de esgoto, subproduto do tratamento de esgoto urbano, geralmente apresenta disposição final problemática. É um problema emergente no Brasil, e que tende a ser agravado rapidamente por fatores como a ampliação dos serviços de tratamento de esgotos, a privatização do setor de saneamento e a crescente exigência de qualidade dos efluentes e disposição adequada dos resíduos por parte dos órgãos ambientais.

Seguindo a tendência mundial, o Paraná deve adotar a opção de reciclagem agrícola como alternativa para equacionamento da questão. A prática destaca-se pela sua economicidade e adequação sanitária e ambiental, desde que observadas as limitações estabelecidas pelo conteúdo de metais pesados e pela sua sanidade. (ANDREOLI, 1988)

Internacionalmente, existem diversas linhas regulamentares em relação a regras de aplicação de lodo de esgoto ao solo. Em termos gerais, têm sido abordadas condições mínimas das áreas para aplicação e critérios de tratamento, transporte, armazenagem e aplicação ao solo de lodos brutos e tratados segundo diversos sistemas.

Alguns grupos de países estabeleceram regras básicas unificadas como a Diretiva EU 86/278/EEC de 1991 da Comunidade Econômica Européia, CEE, e regulamentações específicas particularizadas são desenvolvidas no âmbito de cada país, com vários níveis de exigência e especificidade. Na América do Norte, uma extensiva e dinâmica linha de regulamentações é elaborada e constantemente revista pela USEPA, United States

Environmental Protection Agency, para o assunto - ainda assim, normas complementares

sobre o tema são estabelecidas em cada Estado. No Canadá o EPS, Environmental Protection

Service, exerce uma normatização mais abrangente, base para regulamentações específicas

dos órgãos de agricultura e proteção ambiental de cada jurisdição (BONNET, 1995).

A regulamentação norte-americana em pauta procura estimular as alternativas de uso do resíduo mais benéficas à formas de disposição menos adequadas. (LUE-HING et al.,1994). Os parâmetros enfatizados como matérias de restrição na Europa têm sido): volume de lodo aplicado por unidade de área; conteúdo de metais pesados no lodo; conteúdo de nutrientes no lodo; redução do teor de patógenos; viabilidade às culturas; época de aplicação (BUNDGAARD & SAABYE, 1992). A legislação da Nova Zelândia, baseia-se nas características do lodo, relacionando o tratamento a que o material foi submetido com as restrições impostas a aplicação ao solo.

A posição brasileira em relação ao uso do lodo na agricultura, levantada preliminarmente em 1993, segundo BONNET (1995), identificou a utilização de alguma forma de reciclagem agrícola em seis estados, e apenas o Rio Grande do Sul e o Distrito Federal declararam desenvolver estudos sobre o assunto.

Segundo ANDREOLI et al. (1997) as considerações que devem ser observadas na utilização agrícola do lodo podem ser resumidas em alguns fatores importantes:

• qualidade fisico-química: devem ser feitas análises dos nutrientes, metais pesados e poluentes orgânicos dos lodos, a fim de um monitoramento ambiental que evite danos ecotoxicológicos aos componentes da cadeia alimentar e à saúde humana.

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• qualidade sanitária: para controle dos patógenos existentes no lodo para evitar a proliferação de doenças.

• estabilidade do material: a fim de evitar odor e atração de vetores.

• aceitabilidade e marketing: as quantidades de NPK e de material orgânico, e o conteúdo de cal (dependendo do tratamento) são fatores que interessam aos agricultores e devem ser explorados no mercado de fertilizantes.

Este estudo é resultado parcial de um trabalho que a SANEPAR (Companhia de Saneamento do Estado) vem realizando em conjunto com o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e que deverá culminar com a regulamentação e definição de normas para o licenciamento ambiental e o gerenciamento da reciclagem agrícola do lodo de esgoto no Estado do Paraná.

Seu principal objetivo é definir, em caráter preliminar, as diretrizes que o processo de licenciamento ambiental deve seguir para que a implementação da atividade seja efetuada de forma segura e controlada, sem expor o meio ambiente e a saúde pública, seja por excesso de zelo, inviabilizando a atividade, ou por definir parâmetros muito vagos e trazer riscos à população e ao ambiente.

METODOLOGIA

Este estudo, produto de uma cooperação entre a SANEPAR e o IAP, tomando por base a ampla experiência adquirida com as pesquisas no Paraná e através da análise dos parâmetros normativos adotados em diversos países, objetiva elaborar uma proposta de instrução normativa para o licenciamento e controle da gestão agrícola do lodo adaptado à realidade do Estado. O estudo procura trabalhar a normatização da questão em três fases:

• Sistematizar as diretrizes fundamentais que um plano de reciclagem agrícola de lodo deve seguir para que a prática não traga riscos.

• Diferenciar os processos de licenciamento da reciclagem em função do risco potencial a que a população e o meio estarão sendo exposto.

• Definir os procedimentos que serão exigência para a concessão de autorização de implementação da atividade em função do grau de risco.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta proposta de licenciamento é definido que cada ETE cuja produção de lodo será destinada para uso agrícola, deverá ser submetido a avaliação do IAP para obtenção de “Autorização”. Estes processos deverão ser orientados de acordo com a classificação do porte da ETE, segundo a quantidade de lodo gerado, conforme o quadro 1, abaixo.

QUADRO 1. Classificação das ETEs em função da produção de Lodo.

PORTE DA ETE PRODUÇÃO DE LODO

Pequeno Até 240 T. de Matéria Seca por Ano Grande Acima de 240 T. de Matéria Seca por Ano

Para ETEs de porte maior a permissão exigirá estudos mais profundos e critérios mais restritivos, em função grande da área de distribuição, expondo maior número de habitantes e um meio mais abrangente aos potenciais impactos negativos do uso do resíduo. Porém, na

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maioria das ETEs do Estado do Paraná, a produção de lodo viabiliza a aplicação em menos de 30 ha de área agrícola anualmente. Nestas estações a gestão agrícola deve ser simplificada, de forma a não inviabilizar a alternativa, sem contudo expor a riscos qualquer ser vivo.

Assim, estas Estações, com produção anual de até 240 toneladas de lodo (base seca), poderão operar apenas com uma autorização do IAP. Embora processos distintos, as duas formas são fundamentadas nos mesmos critérios essenciais: qualidade do lodo e aptidão agrícolas da área de distribuição.

PROCESSO DE AUTORIZAÇÃO PARA ETES DE PEQUENO PORTE

O processo de autorização nestes casos, deve exigir o essencial do gerenciamento da operação de reciclagem, de forma a evitar impactos desfavoráveis. Este processo poderá ser realizado de maneira simples, atribuindo responsabilidade aos operadores das ETEs, a um Engenheiro Agrônomo e à Companhia de Saneamento (SANEPAR).

Os operadores se responsabilizarão pela qualidade do produto distribuído aos agricultores (através de análises periódicas), os agrônomos pela avaliação do potencial das propriedades e pelo acompanhamento das operações de aplicação e incorporação do produto ao solo (através da recomendação agronômica), e a SANEPAR, pelo monitoramento dos impactos ao meio ambiente, conforme quadro 2.

QUADRO 2. Gerenciamento da Reciclagem do Lodo de ETEs de Pequeno Porte

Informações Cadastrais Características da Estação

Características do Sistema de Desinfecção Área para Gerenciamento do Lodo

Processo de Autorização junto ao IAP: seguindo as diretrizes apontadas para os planos de reciclagem de ETEs de porte maior.

Avaliação da Qualidade do Lodo

Parâmetros agronômicos Metais pesados

Estabilização Sanidade

Responsabilidade do Operador da ETE

Recomendação Agronômica

Responsabilidade Técnica Restrições Ambientais Características do Solo Culturas mais Aptas Dose de Aplicação Critérios de Aplicação

Depósito Temporário na Propriedade Precauções no Transporte

Responsabilidade do Engenheiro Agrônomo

Monitoramento Ambiental

Responsabilidade

Regiões de Monitoramento Ambiental Monitoramento a Nível de Propriedade Rural

Responsabilidade da SANEPAR Responsabilidades da ETE

Controle e Arquivo da Documentação

Controle da Liberação de Lotes de Lodo Responsabilidade do Operador da ETE O órgão ambiental autorizará o processo segundo a eficiência da ETE no controle sobre os sistemas de tratamento e higienização, caracterização de área específica para gerenciamento do produto na ETE e com o compromisso de liberação de lotes de qualidade assegurada. As

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demais etapas serão conservadas em arquivo na ETE, e poderão ser solicitadas a qualquer momento pelas instituições competentes para fiscalização.

RECOMENDAÇÃO AGRONÔMICA

As diretrizes gerais em que as recomendações do Engenheiro Agrônomo devem se orientar são apresentadas no quadro 3.

QUADRO 3. Recomendação Agronomica.

1. Responsabilidade Técnica A responsabilidade pela avaliação do potencial das propriedades para

recebimento do lodo será um Engenheiro Agrônomo. Este deverá ainda, apresentar estas informações num formulário de recomendação agronômica, caracterizando objetivamente a área onde será utilizado o produto e seu contexto ambiental e agronômico.

2. Restrições Ambientais Entre as restrições ambientais, não deverá ser permitido o uso do lodo em

áreas de mananciais de abastecimento, também não será permitido o espalhamento do produto a menos de 100m de residências, zonas de lazer, e outros locais de frequentação pública, poços tipo cacimba, minas e cursos d´água, canais e lagos e áreas de produção olerícola.

3. Características do Solo Além destas restrições, outras características devem ser avaliadas na

definição do potencial das áreas, são elas: profundidade, textura, susceptibilidade à erosão, drenagem, relevo, pedregosidade, hidromorfismo e fertilidade. O solo que apresentar alguma das limitações descritas na tabela 1 não poderá receber lodo.

4. Culturas mais Aptas culturas cujos produtos são industrializados, alimentos não consumidos “in

natura”, que não apresentam contato primário com o solo, reflorestamentos e fruticultura. Nas áreas destinadas à exploração pecuária, só deve ser permitida a entrada de animais 60 dias após a aplicação de lodo. As culturas de contato primário só poderão ocupar a área novamente após 1 ano da aplicação do lodo.

5. Dose de Aplicação A determinação das doses de aplicação deve levar em consideração a

capacidade de absorção de nutrientes pela cultura e a análise de solo. Como critério, para as leguminosas, o nutriente indicativo da poderá ser o fósforo e para as gramíneas, o nitrogênio. As doses médias devem se situar entre 3 e 9 t/ha de matéria seca para lodo aeróbio. A complementação mineral deve seguir as recomendações do técnico responsável

6. Precauções no Transporte O transporte do produto poderá ser efetivado através de caminhão caçamba

ou graneleiro, devidamente adaptado, ou carreta graneleira adaptada, tomando os seguintes cuidados: a carga não deverá exceder as laterais da estrutura de transporte, deverá ser coberta com lona e evitar perda de material durante o transporte.

7. Depósito Temporário na Propriedade

A estocagem do produto na propriedade deve se restringir a um período máximo de 3 meses, sendo de responsabilidade do técnico, devendo estar prevista no formulário de recomendação agronômica. Como cuidados e por segurança deverá seguir os seguintes critérios: a área deve ser plana, respeitar as restrições ambientais (2), aplicação de cal em superfície, sulcamento ao redor da leira e esta deverá ser coberta com lona.

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TABELA 1. Critérios limitantes na classificação dos solos para reciclagem agrícola.

CRITÉRIO LIMITAÇÃO

Profundidade: solos litólicos ou outras unidades com citação de solos rasos.

Textura: solos com teor de argila menor que 15 %.

Susceptibilidade à erosão: solos com declividade superior a 8 % associado a textura arenosa e/ou caráter

abrúptico e declividade superior à 20 %, independente da classe textural.

Relevo: solos com declividade superior a 20 %.

Drenagem: solos excessivamente, imperfeitamente, mal ou muito mal drenados.

Pedregosidade: solos com fase pedregosa ou citação de pedregosidade.

Hidromorfismo: solos hidromórficos.

Fertilidade: solos com horizonte A húmico, turfoso ou com material orgânico.

solos com pH superior a 7,0 para lodo calado. MONITORAMENTO AMBIENTAL

A SANEPAR, como empresa geradora do resíduo, deve se responsabilizar pela fiscalização do gerenciamento e pelo monitoramento da operação de destino do lodo, seja esta reciclagem agrícola ou qualquer outra forma de disposição final.

Em caráter preliminar, todas as ETEs são obrigadas a realizar o acompanhamento no lodo. O acompanhamento a nível de propriedade rural seria implantado em seis macroregiões no Estado do Paraná (tabela 4), em função do material de origem dos solos e do clima.

TABELA 4. Regiões de Monitoramento Ambiental.

Região Material de Origem OBS.

1. Litoral Se houverem Estações

2. Bacia Sedimentar de Curitiba

3. 2o Planalto Folhelho e Arenito

4. 3o. Planalto - Norte Eruptivas Básicas Em Função das Diferenças

5. 3o. Planalto - Sudoeste Eruptivas Básicas Climáticas Norte/Sul

6. 3o Planalto Noroeste Arenito Caiuá

A nível de propriedade rural, as áreas de aplicação devem ser monitoradas objetivando analisar o acúmulo de metais pesados, a dinâmica destes elementos no solo, e o potencial agronômico do lodo. Qualquer elemento excedendo o teor máximo permitido pela Norma Técnica, inviabilizará o recebimento de novos aportes de lodo na área.

RESPONSABILIDADES DA ETE

O responsável pela estação deverá manter todos os documentos arquivados a disposição das autoridades competentes, especialmente os resultados das análises de caracterização do lodo e as fichas de recomendação agronômica.

Só poderá ser liberados da ETE lotes de lodo que se enquadrem entre os critérios estabelecidos pela Norma Técnica, e com recomendação agronômica elaborada por técnico habilitado.

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PROCESSO DE AUTORIZAÇÃO PARA ETES DE GRANDE PORTE

Para os processos de autorização, solicitados para estações cuja produção anual exceda 240 toneladas de lodo (base seca), esta regulamentação propõem a exigência de elaboração de um “Plano de Controle Ambiental”. Este plano deve contemplar o “Plano de Reciclagem Agrícola de Lodo de Esgoto”, elaborado por técnico habilitado, segundo diretrizes específicas do IAP acompanhado da respectiva ART - Anotação de Responsabilidade Técnica - e outros instrumentos necessários à implantação e operação do empreendimento, que se fizerem necessários.

“NORMA PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETO PARA DISPOSIÇÃO DE LODO DE ESGOTO NO SOLO PARA FINS AGRÍCOLAS" (texto preliminar)

Para os processos de “Autorização” para disposição de lodo de esgoto no solo para fins agrícolas, as Estações de Tratamento de Esgoto-ETE cuja produção anual de lodo exceda 240 toneladas de matéria seca, deverão apresentar para análise do INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ-IAP, em 03(três) vias e acompanhados da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica-ART, conforme dispõe a Lei nº 6496/77, um projeto que contenha no mínimo:

I . INFORMAÇÕES CADASTRAIS

1. Razão Social, CGC ,endereço, coordenadas geográficas

2. Fonte abastecedora de água - relacionar todas as fontes de abastecimento de água utilizadas pelo empreendimento, tais como rios, lagoas, poços, rede pública, etc.

3. Corpo receptor (vazão e parâmetros, no caso de rios) e bacia hidrográfica a que pertence.

4. Área em hectares (área total, área construída e área livre). 5. Regime de funcionamento

II. CARACTERIZAÇÃO DA ETE 1. Vazão de entrada

2. Sistema de tratamento adotado (lodo ativado com aeração prolongada, Ralf e/ou lagoas facultativas)

3. Processo de secagem

4. Quantidade de lodo produzida - avaliar a eficiência da ETE, em função da quantidade potencial e real de lodo gerado em “ton. de matéria seca”.

III. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE DESINFECÇÃO 1. Sistema de estabilização e higienização empregado

2. Detalhar equipamentos e procedimentos operacionais empregados no processo de estabilização e higienização

3. Descrever as condições de armazenamento, carregamento e transporte do lodo tratado na ETE.

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IV. ÁREA PARA GERENCIAMENTO DO LODO DA ETE

1. Dimensionar área para ao processos de estabilização, higienização, estocagem de acordo com a manejo ou período de utilização do lodo

“O processo de estabilização e higienização e a estocagem são as operações relacionadas ao produto que devem ser efetivadas em área específica. Após a higienização (calagem) o lodo tem que ser estocado na ETE por um período mínimo de 2 meses, para garantir a eficácia do tratamento sanitário. Por outro lado, o tempo suplementar de estocagem será determinado pela demanda do produto na região.”

V.CARACTERIZAÇÃO DO LODO

Avaliar a qualidade do lodo a ser aplicado na agricultura, de acordo com os parâmetros abaixo relacionados, os quais devem estar dentro dos limites estabelecidos pelo IAP.

A metodologia de amostragem deve ser detalhada: quantidade e freqüência. 1. Parâmetros agronômicos

Matéria seca, matéria orgânica, carbono, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxôfre, relação C/N e pH.

2. Parâmetros Sanitários

Ovos viáveis de helmintos e coliformes fecais (tabela 2).

TABELA 2. Limite de patógenos presentes no lodo de esgoto para a reciclagem agrícola.

PARÂMETROS LIMITES

Contagem de Ovos Viáveis de Helmintos 0,25 ovos/g/M.S.

Coliformes Fecais 103 NMP

3. Metais pesados

Os elementos e níveis observados na tabela 3:

TABELA 3. Valor limite de metais pesados em lodo de esgoto para a reciclagem agrícola.

ELEMENTO TEOR LIMITE NO LODO (mg/kg de Matéria Seca)

Cd 20 Cu 1000 Ni 300 Pb 750 Zn 2500 Hg 16 Cr 1000 4. Estabilidade Teor de cinzas do lodo

“A utilização agrícola do lodo deverá ser associada aos resultados das análises destes parâmetros, e, uma vez que a composição do lodo pode variar em função das características do esgoto, do sistema de tratamento (aeróbio ou anaeróbio) e do processo de higienização adotados, estas variações devem ser mensuradas com freqüência, a fim de assegurar qualidade e viabilidade do produto a ser utilizado na agricultura.”

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Descrever as características gerais do local que contém a área destinada para disposição do lodo de esgoto no solo para fins agrícolas.

1. localização geográfica e estrutura viária 2. avaliação da interferência de outras ETE´s

3. práticas de manejo e conservação do solo das áreas em questão

4. hidrologia: avaliar risco de contaminação de mananciais de abastecimento (poços, minas, cursos d’água)

5. geologia: material de origem

“O estudo da área de utilização envolve a discussão de características peculiares a cada região. No estudo destas características, o que se objetiva é encontrar parâmetros de avaliação do potencial da região para utilização agrícola do lodo, e da interferência de outras ETEs.”

VII. CARACTERIZAÇÃO DO SOLO

1. Análise química do solo- N, P, K, Ca, Mg, Al, %C, pH, M.O, CTC.

2. Análise física do solo- granulometria, textura, densidade global e aparente do solo 3. Tipo de solo

4. Aptidão do solo- a classificação do potencial dos solos para aplicação do lodo deve seguir a metologia do “Sistema de Classificação de Terras para Disposição Final de Lodo de Esgoto” (SOUZA et al., 1994)

“Mesmo aprovado pelos critérios sanitários e pelos teores de metais pesados e de cinzas, a utilização do lodo requer cuidados adicionais. É necessário que se estabeleçam critérios para a seleção de áreas que reduzam ao mínimo os riscos associados ao uso agrícola do resíduo e que propiciem as melhores respostas agronômicas.”

VII. DESCRIÇÃO TÉCNICA DA METODOLOGIA DE DISPOSIÇÃO DE LODO DE ESGOTO NO SOLO PARA FINS AGRÍCOLAS

1.Armazenamento temporário na propriedade 2.Carregamento

3.Distribuição

4.Período de aplicação 5.Freqüência de aplicação 6.Técnica de aplicação

7.Culturas que receberão a aplicação

8. Taxa de aplicação com base nas características físico-químicas do lodo, solo e capacidade de absorção de nutrientes pela cultura. Caso necessário, recomendação de adubação e complementação.

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VIII. MONITORAMENTO AMBIENTAL

Detalhar critérios e metodologias de monitoramento, segurança e responsabilidade à nivel de E.T.E. e de propriedade.

XIX. DESENHOS CONCLUSÕES

Seguindo a tendência mundial, o Estado do Paraná deve adotar a reciclagem agrícola como opção de disposição final para o lodo de esgoto, e, para tanto deve iniciar com critérios bastante restritivos, até que a experiência prática permita a redefinição de valores de forma segura. Uma vez que a composição do lodo e suas características apresentam grandes variações em função do perfil social e das condições ambientais.

A proposta de um plano de regulamentação e controle da reciclagem, procura atender a duas demandas: não avalizar um gerenciamento desorientado da operação, garantindo a saúde da população e a estabilidade do meio ambiente, e simultaneamente não propor critérios excessivamente restritivos que inviabilizem a alternativa e estimulem outras opções de disposição, menos adequadas e prejudiciais ao meio ambiente e à saúde.

Um gerenciamento coerente da disposição final do lodo, e em especial quando esta opção tende pelo destino agrícola, redundará, ainda, na regularização, otimização e monitoramento da operação dos sistemas de tratamento, um problema real e de proporções significativas no quadro operacional da companhia de saneamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREOLI, C. V. Disposição final do lodo de esgoto da ETE Belém. Curitiba : Sanepar, 1988 mimeo. 90 p.

ANDREOLI, C. V.; FERNANDES, F.; DOMASZAK, S. C. Proposta preliminar de regulamentação para a reciclagem agrícola do lodo de esgoto no Paraná. Sanare, Curitiba, v.7, n.7, p. 53-60, 1997

BONNET, B.R.P. Diagnóstico da situação e proposição preliminar de sistema de monitoragem dos impactos ambientais causados pelo uso agrícola do lodo de esgoto no Paraná. Curitiba,1995.Monografia(Especialização em Análise Ambiental) Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná.

BUNDGAARD, E.; SAABYE, A. State of the art on sewage sludge : environmental aspects and regulations of common sludge disposal methods. In : INTERNATIONAL

EXHIBITION CONGRESS OF SOLID WASTE, ISWA' 92 (6 : 1992 : Madrid). Reports...

Madrid : ISWA Sludge Working Group, 1992. 18 p.

DEPARTMENT OF HEALTH. Public health guidelines for the safe use of sewage effluent and sewage sludge on land. Department Health, Wellington, NZ. 1992.

ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - EPA. A plain english guide to the EPA part 503 biosolids rule. Washington, DC : EPA, 1994. 176 p.

LUE-HING, C.; ZENZ, D.R.; KUCHENRITHER, R. Municipal sewage sludge management: processing, utilization and disposal. S.l. : Technomic Publishing, 1992. v.4 663 p.

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