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Reforma torna contratação e dispensa de servidores públicos mais flexíveis

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Veículo: O Estado de S. Paulo - Caderno: Economia - Seção: - Assunto: Reforma

Administrativa - Página: B1 a B4 - Publicação: 04/09/20

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Reforma torna contratação e dispensa de servidores

públicos mais flexíveis

Reforma torna contratação e dispensa de servidores

públicos mais flexíveis

RH do Estado. Sem a presença do ministro Paulo Guedes, governo

apresentou sua proposta que cria cinco novos tipos de vínculos para o

funcionalismo federal, estaduais e municipais, do Executivo, Legislativo e

Judiciário, e apenas uma dessas classes vai ter estabilidade

O Estado de S. Paulo 4 Sep 2020

Idiana Tomazelli Lorenna Rodrigues Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA

NAJARA ARAUJO/AGENCIA CAMARA Protocolo. Maia recebe proposta de reforma do governo

A proposta do governo para reformar o RH da administração pública pretende flexibilizar as regras de contratação e demissão de futuros servidores, mas blinda os atuais funcionários de mudanças em suas carreiras.

O maior alcance da reforma era almejado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, mas foi limitado por determinação do presidente Jair Bolsonaro e acabou frustrando por não apresentar nenhum número concreto de potencial de economia de recursos a partir das mudanças.

O governo quer criar cinco novos tipos de vínculos para servidores públicos, apenas um deles com garantia de estabilidade no cargo após três anos. O texto mantém a previsão de realização de concursos públicos, mas também vai permitir ingresso por seleção simplificada para alguns vínculos.

As mudanças valem para novos servidores federais, estaduais e municipais, do Executivo, Legislativo e Judiciário. As regras não atingem, porém, membros de outros Poderes, como juízes e parlamentares.

“O Congresso vai analisar, vai alterar, vai estender para os outros Poderes, talvez”, afirmou Bolsonaro, ontem, na live. Mesmo com a determinação do presidente para que servidores estaduais e municipais e dos outros Poderes ficassem de fora, a equipe econômica deixou “diretrizes gerais” que os atingem.

Militares também não serão afetados, por obedecerem a normas distintas. “Não temos hora extra, não temos FGTS, não tem um montão de coisa. A estabilidade é com dez anos, não

Votação em dois turnos •

Como se trata de uma alteração na Constituição, o texto precisa do voto favorável de, pelo menos, 3/5 dos parlamentares de cada Casa, isto é, 308 dos 513 deputados e 49 dos 81 senadores. com três, está certo? Mas ninguém quer comparar nada não”, justificou Bolsonaro.

Para os futuros funcionários civis, o ingresso por concurso público valerá para cargos típicos de Estado (que não encontram paralelo no setor privado, única categoria que terá direito a estabilidade) e cargos por prazo indeterminado. Em ambos os casos,

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haverá um vínculo inicial de experiência, que terá prazo mínimo de dois anos, no caso das carreiras típicas de Estado, e de um ano, para cargos de prazo indeterminado.

Já o ingresso por seleção simplificada vale para cargos com prazo determinado e cargos de liderança e assessoramento (que substituirão uma parte dos cargos de confiança).

O texto foi enviado ontem ao Congresso Nacional, sem a participação de Guedes, após quase dois anos de promessa e até uma baixa na equipe que formulou a proposta. Há 24 dias, o então secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital Paulo Uebel pediu demissão do cargo justamente pela insatisfação com o engavetamento da reforma.

O secretário especial adjunto de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Gleisson Rubin, explicou que o impacto da reforma administrativa não pode ser estimado ainda porque detalhes como a estrutura de cargos e as remunerações dos futuros servidores serão definidos nas fases 2 e 3 da reforma, cujos textos ainda não foram finalizados. Eles dependem da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), encaminhada ontem no primeiro estágio da reforma. A primeira fase da reforma ainda não prevê mudanças na remuneração — a intenção é que uma proposta que reduza salários iniciais e alongue o tempo necessário para conseguir aumentos seja encaminhada posteriormente.

Haverá ainda outras duas fases, segundo o Ministério da Economia. A fase 2 prevê o envio de um projeto de lei complementar (PLP) e seis projetos de lei. O PLP e um dos PLs tratarão da gestão do desempenho. Os demais projetos de lei regulamentarão consolidação de cargos, funções e gratificações, diretrizes de carreiras, modernização de formas de trabalho, arranjos institucionais e ajustes no estatuto do servidor.

A fase 3 prevê outro projeto de lei complementar para criar o Novo Serviço Público, com o novo marco regulatório das carreiras, governança remuneratória e direitos e deveres do servidor.

Proposta prevê fim de ‘penduricalhos’ a servidor

Entre benefícios que podem ser eliminados, estão licença-prêmio e

promoções na carreira exclusivamente por tempo de serviço

O Estado de S. Paulo 4 Sep 2020

Lorenna Rodrigues Idiana Tomazelli Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA ‘DISTORÇÕES’

DIDA SAMPAIO / ESTADÃO-22/03/2018

A proposta de reforma administrativa para novos servidores públicos elimina uma série de benefícios existentes atualmente, apelidados de “penduricalhos”. Para o governo, são “distorções” que devem ser eliminadas porque, segundo o Ministério da Economia, seriam retrato do distanciamento da realidade dos demais cidadãos, sem regras uniformes e gerais sobre vantagens e benefícios, com impacto “injusto” para a sociedade, já que onera as contas públicas.

Entre esses benefícios, estão a licença-prêmio e a aplicação da aposentadoria compulsória como forma de punição.

A licença-prêmio é um direito que o servidor têm de, a cada cinco anos, gozar de três meses de licença para tratar de assuntos de interesse pessoal. Não existe no governo federal desde 1999, mas ainda existe em alguns Estados.

Já a aposentadoria compulsória é aplicada por algumas categorias de servidores públicos como sanção a profissionais que tenham cometido alguma irregularidade. Nesse caso, a pessoa punida deixa de trabalhar, mas mantém o salário.

Outras propostas de mudança apresentadas pelo governo são a vedação de promoções ou progressões na carreira exclusivamente por tempo de serviço e a proibição de mais de 30 dias de férias por ano.

O texto enviado pelo governo ao Congresso modifica somente as regras para os futuros •

Cenário

Wagner Lenhart servidores dos três Poderes, assim como de Estados e municípios. Não afeta os chamados membros desses Poderes (juízes, promotores, procuradores, desembargadores, deputados e senadores). Para esses casos, se quiserem alterar as regras, os poderes Judiciário e Legislativo e o Ministério Público terão que elaborar textos próprios. Ou seja, da forma como está, o texto atinge um futuro servidor de um órgão do Judiciário, mas não o juiz.

“É uma questão de iniciativa. O Executivo não teria competência e possibilidade de iniciativa em uma mudança como essa nos outros Poderes”, afirmou o secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia, Wagner Lenhart. Os militares, que respondem a normas específicas, também não serão afetados pela reforma.

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Ao mesmo tempo, a proposta flexibiliza Acúmulo de cargos. Licença-prêmio •

Três meses de afastamento remunerado a cada cinco anos trabalhados. Na União, foi extinta em 1997, mas ainda existe em muitos Estados e municípios.

Aumentos retroativos •

Leis já concederam reajustes salariais retroativos, como no caso das polícias do Distrito Federal, beneficiadas por MP editada pelo governo federal em maio concedendo aumentos retroativos a 1º de janeiro de 2020.

Mais de 30 dias de férias •

Carreiras da magistratura e do Ministério Público têm direito a férias de 60 dias por ano, enquanto demais servidores e trabalhadores do setor privado só têm 30 dias.

Aposentadoria compulsória como punição •

Servidores públicos hoje podem se aposentar de forma compulsória como “punição”, após serem alvo de processo investigativo as regras para acúmulo de cargos. Pelas regras atuais, não é permitido aos servidores acumular cargos ou empregos públicos, exceto para os professores e profissionais de saúde.

Pela proposta do governo, o impedimento continuaria valendo que apura infração disciplinar. Entre os punidos por esse instrumento, por exemplo, está o juiz que foi flagrado dirigindo o carro apreendido do empresário Eike Batista.

Parcelas indenizatórias sem previsão legal •

Administração pública só poderá pagar auxílios ou diárias previstas na lei, sem espaço para criação apenas para as carreiras típicas de Estado – que permaneceriam com a estabilidade garantida.

No caso dos demais servidores, o acúmulo seria permitida, mas desde que “observada compatibilidade de horário”. de penduricalhos por conta própria.

Redução de jornada sem redução de remuneração, salvo por saúde ••

Ainda há situações em que o servidor é beneficiado com redução de jornada sem nenhum corte em seu salário. Progressão ou promoção baseada exclusivamente em tempo de serviço

Algumas carreiras hoje preveem avanço do servidor nos degraus da carreira conforme o tempo de serviço, sem avaliar necessariamente seu desempenho.

Incorporação ao salário de valores referentes ao exercício de cargos e funções •

Algumas carreiras ainda podem incorporar gratificações após o servidor permanecer determinado tempo mínimo num cargo ou função, o que não será mais permitido na nova estrutura.

Na avaliação da área econômica, as atuais regras para acumulação de cargos são “rígidas e não objetivas”, e acabam desestimulando a participação de candidatos com o “perfil mais adequado para determinada posição”.

“É uma questão de iniciativa.”

Partidos já se articulam para apresentar emendas

O Estado de S. Paulo 4 Sep 2020

Camila Turtelli Daniel Weterman Emilly Behnke / BRASÍLIA SECRETÁRIO DE GESTÃO E DESEMPENHO DE PESSOAL DO MINISTÉRIO DA ECONOMIA

Um grupo de partidos da Câmara quer aproveitar a reforma administrativa para cortar privilégios dos servidores atuais. A iniciativa, no entanto, esbarra justamente no ponto considerado como garantia para a proposta do governo ser aprovada, a manutenção das regras para quem já faz parte do funcionalismo público.

O coordenador da Frente Parlamentar da Reforma Administrativa, deputado Tiago Mitraud (Novo-MG), avalia como possível a aplicação do “fim das distorções” já para os atuais servidores e não apenas aos novos ingressantes do serviço público, como o previsto na proposta apresentada na quarta-feira. Essa mudança pode ser uma das emendas às quais o partido Novo tem o direito de apresentar durante a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara. “Estamos estudando ainda, mas isso é um ponto que chamou a atenção”, disse Mitraud.

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Jardim (SP). “O Cidadania atuará para aprovar uma reforma administrativa que acabe com os privilégios e distorções, ao mesmo tempo que será firme para preservar direitos adquiridos dos atuais servidores públicos”, disse.

A bancada tem pressionado o Parlamento pela aprovação do projeto do deputado Rubens Bueno (PR) sobre o corte dos “supersalários”. Pela proposta, todo tipo de pagamento passa a estar sujeito ao teto (hoje, R$ 39,2 mil), exceto verbas de caráter indenizatório.

“Esperamos também que a proposta aponte para o corte dos penduricalhos do alto escalão, impedindo que um servidor, pago com dinheiro do contribuinte, possa chegar a ter salário de R$ 200 mil, 300 mil ou até de R$ 1 milhão por mês”, disse o líder do Podemos na Câmara, deputado Leo Moraes (RO).

‘Penduricalhos’ é uma expressão usada para definir pagamentos adicionais, geralmente acima do teto-salarial da categoria, como jetons, auxílio-moradia, entre outros.

Já o coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, deputado Israel Batista (PV-DF), avaliou que a proposta do governo de reforma administrativa “desmonta a estrutura do Estado brasileiro”. “A proposta enfraquece o Estado público brasileiro, o poder público, e submete o serviço público aos ventos políticos e eleitorais. Trata da estabilidade como se fosse um privilégio e não uma garantia.”

Proposta de reforma dá poder extra a presidente

Pelo texto, Planalto poderia extinguir órgãos e ministérios sem o aval

prévio do Congresso

O Estado de S. Paulo 4 Sep 2020

Idiana Tomazelli Eduardo Rodrigues Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA CIENTISTA POLÍTICO

CAROLINA ANTUNES/PR Regra. Bolsonaro extinguiu no início de sua gestão, ministérios por MPs

A reforma administrativa proposta pelo governo prevê que o presidente da República altere a estrutura do Poder Executivo e até declare extintos alguns órgãos e ministérios sem a necessidade de aval prévio do Congresso Nacional. A proposta foi antecipada pelo Estadão/Broadcast em outubro do ano passado.

Se a medida for aprovada, o presidente poderá unilateralmente mexer em ministérios, fundações e autarquias do Executivo sem necessidade de consultar os parlamentares, desde que não haja aumento de despesa.

Segundo o Ministério da Economia, “há pouca autonomia na reorganização de cargos e órgãos” e “o processo é complexo e moroso” em caso de necessidades urgentes. O objetivo, segundo a pasta, seria dar maior agilidade na adequação de estruturas e cargos.

Pela proposta, o presidente da República poderá extinguir cargos (efetivos ou comissionados), funções e gratificações, reorganizar autarquias e fundações, transformar cargos (quando vagos) desde que mantida a mesma natureza do vínculo, reorganizar atribuições de cargos do Poder Executivo e extinguir órgãos.

Hoje, o governo precisa do aval do Congresso Nacional para criar, reorganizar ou extinguir órgãos e ministérios. Para dar agilidade ao processo, geralmente é editada uma medida provisória, que tem vigência imediata, mas precisa ser votada em até

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120 dias.

Foi assim que o presidente Jair Bolsonaro enxugou o número de ministérios de 29 para 22 no início de sua gestão. No entanto, em meio à falta de articulação política, o governo quase viu algumas dessas pastas serem recriadas pelos parlamentares. Houve ainda uma queda de braço entre governo e Congresso pelo endereço do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de inteligência que atua no combate à lavagem de dinheiro. O Coaf era ligado ao Ministério da Fazenda, mas o ex-ministro da Justiça Sergio Moro reivindicava que ficasse sob sua alçada para fortalecer investigações, inclusive as da Lava Jato. O Congresso, porém, devolveu o órgão ao Ministério da Economia, de Paulo Guedes.

Hoje, é a lei que dispõe sobre a quantidade de ministérios, suas atribuições, estrutura básica e principais cargos. É na estrutura básica que são definidas as secretarias, conselhos e outras unidades e repartições ligadas à pasta. Apenas os detalhes da estrutura regimental interna do ministério podem ser regulados via decreto.

“Esse tipo de coisa (extinção de órgãos sem aval do Legislativo) seria desastrosa para a administração pública. Produziria •

Cláudio Couto uma instabilidade muito grande e daria espaço para um governante arbitrário tomar decisões perigosas para o Estado e a sociedade brasileira”, disse o cientista político e coordenador do mestrado em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Getúlio Varga (FGV), Cláudio Couto. “Às vezes é um ‘bode na sala’: aquela coisa que se coloca para chamar a atenção, para que todo mundo reclame dela e que passe o resto.”

Para a professora permanente da Escola de Administração de Empresas da FGV/SP Regina Pacheco, o Congresso não vai dar esse poder ao presidente. “Não acho razoável, inclusive.”

Ela criticou também a falta de uma definição sobre a composição das chamadas carreiras típicas de Estado – questão que ficou em aberto na proposta do governo. Em sua análise, o governo pode ter evitado “comprar essa briga” na PEC, mas “abre um flanco” que pode colocar tudo do avesso.

Regina lembra que a regulamentação sobre carreiras de Estado é discutida há 20 anos, desde a aprovação da última reforma do funcionalismo, em 1998. “Isso é armadilha, se não for resolvido, a proposta despenca”, disse. Isso porque há muita pressão do funcionalismo, com diversas categorias se autodenominando carreiras de Estado, diz ela, que estava na equipe de Bresser-Pereira, ministro da Administração e Reforma do Estado em 1998.

Carreiras típicas. Como é •

Hoje, é a lei que dispõe sobre a quantidade de ministérios, suas atribuições, estrutura básica e principais cargos. ?

“Esse tipo de coisa (extinção de órgãos sem aval do Legislativo) seria desastrosa para a administração pública. Daria espaço a um governante arbitrário tomar decisões perigosas para o Estado e a sociedade.”

Como Pôncio Pilatos

O Estado de S. Paulo 4 Sep 2020

Ana Carla Abrão

Areforma administrativa finalmente chegou à Camara dos Deputados. Com um ano de atraso, mas o importante é que chegou e colocou a bola em campo para que o Congresso possa, a partir daí, avançar naquela que poderá ser a maior transformação estrutural do Estado brasileiro.

As diretrizes gerais para o serviço e a gestão pública tendem a moralizar e eliminar distorções que hoje geram, além da já conhecida desigualdade salarial entre servidores, também um movimento de busca contínua, pelos servidores já admitidos, de carreiras com maiores salários e mais privilégios em detrimento da sua produtividade e competência específica.

Há ainda um jabuti que responde pelo nome de autonomia administrativa que parece ruim à primeira vista, mas que de fato se justifica num mundo em que o excesso de engessamento cria empecilhos à eficiência administrativa e ao enxugamento da máquina.

Ou seja, a proposta inicial desenha sobre uma folha em branco muito daquilo que precisamos para redefinir as bases de funcionamento da máquina pública no Brasil. Mas ela peca muito ao não incluir os atuais servidores na discussão. Essa ausência, além de eliminar qualquer possibilidade de ganho fiscal no curto e médio prazos, pode também colocar em risco a própria iniciativa.

O primeiro ponto se deve ao fato de que levará ao menos 20 anos para que o eventual novo modelo seja dominante. O que significa continuar a conviver com todos os dispositivos que sabemos inaceitáveis (tanto que sua eliminação está sendo proposta por meio de vedação constitucional). O segundo ponto se refere à provável (senão óbvia) judicialização que poderá surgir com a coexistência de dois modelos de serviço público, extremos e anacrônicos.

Ao enviar uma proposta que faz, mas não faz uma reforma administrativa, hoje o presidente agiu como Pôncio Pilatos. Atendeu à pressão de quem sabe a relevância e urgência dela, mas lavou as mãos ao não querer propor o que de fato faria a diferença:

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uma reforma profunda do serviço público não só no futuro, mas já. Ainda bem que temos o Congresso. ?

ECONOMISTA E SÓCIA DA CONSULTORIA OLIVER WYMAN

Texto blinda ‘elite’ de redução de salários

Artigo que proíbe corte de salários das carreiras típicas de Estado foi

incluído durante ajuste final da reforma

O Estado de S. Paulo 4 Sep 2020

Idiana Tomazelli / BRASÍLIA / COLABORARAM PEDRO CARAMURU e THAÍS BARCELLOS

Servidores de carreiras típicas de Estado ficarão blindados de qualquer eventual medida de redução de jornada e salários adotada pelo governo, prevê o texto da reforma administrativa encaminhado pelo governo ao Congresso Nacional. O artigo, como mostrou o Estadão/Broadcast, foi incluído na noite de quarta-feira, em meio aos ajustes finais no texto conduzidos pela equipe econômica junto ao Palácio do Planalto.

A proteção a essas carreiras inclusive foi anunciada pela Secretaria-Geral da Presidência em texto enviado na própria quarta-feira à imprensa, mas ficou de fora da apresentação da reforma administrativa feita ontem cedo pelo Ministério da Economia. O esclarecimento da Economia foi feito após questionamentos dos jornalistas.

“Esta vedação da redução de remuneração e jornada para os cargos típicos de Estado está mantida na proposta”, diz a pasta na resposta.

As carreiras típicas de Estado são aquelas que exercem funções essenciais da administração pública e que não encontram paralelo no setor privado. A reforma prevê fixar a lista dessas carreiras numa lei complementar. Hoje, o rol inclui diplomatas e auditores fiscais, entre outros.

A redução de jornada e salário, por sua vez, é um plano da equipe econômica para ajudar na contenção de gastos com pessoal e na manutenção do teto de gastos, mecanismo que limita o avanço das despesas à inflação.

O Supremo Tribunal Federal Gastos.

(STF) já decidiu no sentido de que hoje não há respaldo constitucional para redução proporcional de salário e jornada. É por isso que o governo pretende incluir essa possibilidade na Constituição por meio das PECs Emergencial e do Pacto Federativo, paradas no Senado. A adoção da redução seria opcional, conforme a necessidade fiscal da administração.

A medida enfrenta resistência de categorias de servidores públicos, principalmente daquelas pertencentes às carreiras típicas de Estado, consideradas parte da “elite” do funcionalismo e que têm poder de pressão junto ao Congresso.

Corte por ‘baixo desempenho’ está em avaliação, diz

ministério

Equipe econômica fala em enviar ‘em breve’ texto sobre avaliação de

servidores para exame do Palácio do Planalto

O Estado de S. Paulo 4 Sep 2020

BRASÍLIA

O Ministério da Economia informou ontem que o projeto de lei complementar que regulamenta a possibilidade de desligamento de servidor público por “baixo desempenho” está em fase de elaboração. Segundo a pasta, o texto deve ser enviado “em breve” à Presidência da República, de onde sai a permissão final para envio ao Congresso Nacional.

Nesse caso, as regras valeriam não somente para novos servidores públicos, mas também para os atuais funcionários.

O governo ainda não avaliou se há projetos em tramitação no Congresso com esse tema, que poderão ser aproveitados para agilizar a tramitação.

“No momento oportuno, o Ministério da Economia avaliará qual a estratégia mais adequada para encaminhamento da proposta que regulamenta o desligamento por baixo desempenho”, informou a pasta.

Atualmente, essa possibilidade de exoneração por mau desempenho não existe. Uma emenda à Constituição aprovada em 1998 prevê o desligamento, mas a regulamentação do tema, que depende de uma lei complementar, nunca foi concluída.

Na proposta de reforma enviada ontem ao Congresso, o governo propõe que o tema seja regulamentado por lei ordinária, que tem votação mais simples. Para aprovar uma lei ordinária, basta o voto favorável da maioria dos presentes. Já a lei complementar exige maioria absoluta (ou seja, voto de mais da metade dos deputados e senadores).

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Nota

Ministério da Economia

O Ministério da Economia iniciou, neste ano, um projeto-piloto de avaliação de servidores no âmbito da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. O programa foi voltado a ocupantes de cargos DAS 4, 5 e 6 (mais bem remunerados).

Como ainda não está regulamentado, esse projeto também não prevê a possibilidade de exoneração por insuficiência de desempenho.

Hoje, segundo análise do Ministério da Economia, o processo de aferição da performance não funciona: numa escala de 0 a 10, a nota média atribuída aos servidores pelos colegas é 9,8. Na prática, a avaliação entre pares foi convertida em mera formalidade. No projeto-piloto, os funcionários públicos são avaliados por metas individuais, com peso de 80% do resultado.

Projeto-piloto.

“No momento oportuno, avaliaremos qual estratégia mais adequada para encaminhamento da proposta que regulamento o desligamento por baixo desempenho.”

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