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SEDE: R. Duques de Bragança, 7 E LISBOA Tel: /

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Academic year: 2021

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_____________________________________________________________________________________________________________ SEDE:

R. Duques de Bragança, 7 – E - 1249-059 LISBOA Tel: 213464354 / 213467175

sj@sinjor.pt

www.jornalistas.eu

DELEGAÇÃO NORTE:

Rua de Fernando Tomás, 424-4º, salas 4/5 4000-210 PORTO Tel: 225361211

sjnorte@sinjor.pt

Documento apresentado pelo Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas a propósito de uma reflexão sobre o Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses e sobre a necessidade de eventuais alterações

Introdução

É uma banalidade falar em globalização. Mas a pressão que ela exerce sobre a prática da atividade jornalística é não só real como assume formas novas.

A implosão dos conceitos de espaço e de tempo provocada pelas novas tecnologias da comunicação, com a voracidade do imediatismo que trouxe, aumentaram exponencialmente a capacidade de fazer circular a informação. Isto é um ganho civilizacional.

Todavia, como em qualquer época, obriga o jornalista de hoje a reequacionar as características do exercício da sua profissão. E fá-lo não apenas ao nível do que são as suas características técnicas, que claramente estão exponencialmente melhoradas e desenvolvidas, ainda que muito mais exigentes em consequência desse desenvolvimento, no que respeita à comunicação em si.

Obriga também que a pressão do imediatismo comunicacional não faça descurar ou mesmo perder o respeito e o dever de obediência às regras da profissão. Antes tem de adaptá-las às circunstâncias novas que envolvem o mundo em que trabalha e a forma como cumpre a sua tarefa de informar os leitores, ouvintes e espectadores.

Uma questão essencial, e que deve estar sempre presente é que, no novo mundo comunicacional, como no velho, nem toda a informação é jornalismo. Melhor dizendo, informação nem sempre é jornalismo. O jornalismo implica transformação, reflexão, crítica.

Este novo tempo, dominado pelo imediatismo proporcionado pelas novas técnicas de informação, é, em simultâneo, dominado também pelo conceito de sociedade-espetáculo, em que os protagonistas públicos são celebridades, estrelas que

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brilham no novo universo comunicacional, o que deve obrigar o jornalista a ter que ter sempre presente que não integra esse universo. O seu distanciamento é necessário.

O jornalista não existe enquanto protagonista público. A sua missão é ser um intermediário entre os factos, as interpretações destes, bem com das atitudes, ideias, objetivos, razões e posições dos protagonistas dos acontecimentos sobre os quais está a trabalhar, e o fim último do seu trabalho, o destinatário da sua mensagem, da sua notícia.

Neste novo mundo da sociedade-espetáculo e das novas tecnologias de comunicação, o jornalista não pode esquecer que não é um mero pé de microfone, um papagaio nem um amplificador. Como não era antes da existência de novas técnicas de comunicação. Seja perante um press-release ou um post no facebook ou um tweet no twitter, a atitude de um jornalista tem de cumprir as regras da profissão. O imediatismo e a pressão que exerce sobre as redações não pode pôr em causa o respeito pelas regras. E, entre estas regras, sobressaem à cabeça os pressupostos deontológicos próprios do jornalismo que têm de ser sempre obedecidos. Em suma e em duas palavras, o jornalista tem sempre que confirmar e contraditar.

Outra questão central é assim a de que as redes sociais e os blogues não são informação, são fontes de informação como quaisquer outras, como o press-release ou a tradicional declaração falada ou escrita. Logo, estão sujeitos à confirmação e ao contraditório.

O jornalista é um intermediário que fornece informação. Mas não um mero transmissor ou amplificador. A informação deve ser selecionada, processada, trabalhada, hierarquizada, e claro sempre confirmada e contraditada.

Este trabalho reflexivo é sempre subjetivo. Ao escolher um lide (lead), ao hierarquizar a informação, o jornalista está a agir de acordo com o que pensa, de acordo com as suas preocupações, os seus conhecimentos e as suas prioridades.

O jornalismo nunca é objetivo. Deve, porém, ser isento, imparcial, equilibrado, factual, rigoroso e respeitar as partes envolvidas na notícia, não perdendo a noção de que o seu objetivo é informar o leitor, o ouvinte e o telespectador.

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Por isso, o jornalista nunca deve perder a noção da responsabilidade que tem perante quem é o receptor da sua mensagem e nunca cair na tentação de se iludir com a voragem da velocidade, perante a sensação de que está num concurso, de que é mais uma celebridade, uma estrela da sociedade-espetáculo.

Esta questão entronca em outra questão central. O trabalho do jornalista, enquanto fazedor de notícias, tem de ser isento. Isso não quer dizer que o jornalista não tenha opinião.

Hoje como sempre, o jornalismo comporta a opinião. E faz parte da história e da tradição do jornalismo que haja a expressão de opinião dos próprios profissionais do jornalismo. Até porque o seu grau de informação e de especialização os habilita a ter opinião fundamentada sobre os assuntos que tratam nas notícias.

Hoje como ontem, não pode ser esquecida uma questão central que faz parte da tradição e da história do jornalismo: a regra de que devem ser separados os conteúdos noticiosos, os conteúdos analíticos e os conteúdos opinativos.

Só que essa delimitação entre os conteúdos noticiosos, os conteúdos analíticos e os conteúdos opinativos, que respeita à atividade profissional do jornalista, não implica que este não possa, como cidadão, integrar redes sociais ou blogues. Nada impede o jornalista de ter e exercer a sua cidadania. Hoje como ontem.

O problema que se coloca é o mesmo de sempre. O pressuposto a que o jornalista tem de obedecer é o da não contaminação de papéis. Ou seja, hoje como no jornalismo tradicional, o jornalista deve separar as suas preferências e convicções políticas, religiosas, desportivas, etc. do seu trabalho, da produção de notícias, análises ou comentários, e procurar sempre a isenção, a imparcialidade e o equilíbrio. Assim como, não deve aceitar entrar em comércios, fazer publicidade. Isto significa que, hoje como ontem, o jornalista não pode participar em campanhas publicitárias ou comerciais e não deve participar em outras campanhas, quando isso puder colidir com o seu trabalho.

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Assim como não deve cair na tentação de deixar contaminar o seu trabalho profissional pelas posições e atitudes que, como cidadão, assuma publicamente através das redes sociais.

É à luz destes pressupostos, que o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas propõe ao Congresso dos Jornalistas a seguinte reflexão sobre o Código Deontológico dos jornalistas portugueses com o objetivo de que possa iniciar-se um debate que conduza a eventuais alterações e precisões.

Assim, procedemos a uma proposta de revisão do Código Deontológico nos seguintes pontos:

1. O jornalista deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.

2. O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem provas e o plágio como graves faltas profissionais.

3. O jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar. É obrigação do jornalista divulgar as ofensas a estes direitos.

4. O jornalista deve utilizar meios leais para obter informações, imagens ou documentos e proibir-se de abusar da boa-fé de quem quer que seja. A identificação como jornalista é a regra e outros processos só podem justificar-se por razões de incontestável interesse público e depois de verificada a impossibilidade de obtenção de informação

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5. O jornalista deve assumir a responsabilidade por todos os seus trabalhos e atos profissionais, assim como promover a pronta retificação das informações que se revelem inexatas ou falsas.

6. O jornalista deve recusar atos que violentem a sua consciência.

6 (7). O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, exceto se o usarem para canalizar informações falsas. As opiniões devem ser sempre atribuídas.

7 (8). O jornalista deve salvaguardar a presunção de inocência dos arguidos até a sentença transitar em julgado. O jornalista não deve identificar, direta ou indiretamente, as vítimas de crimes sexuais e os delinquentes menores de idade, assim como deve proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor.

8 (9). O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da

ascendência, da cor, etnia, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social, sexo, género ou orientação sexual.

9 (10). O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos exceto quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade, dignidade e responsabilidade das pessoas envolvidas.

10 (11). O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios suscetíveis de comprometer o seu estatuto de independência e a sua integridade profissional. O

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jornalista não deve valer-se da sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesse.

Relação dos jornalistas com a Justiça

O Conselho Deontológico tem constatado pela sua própria observação e por várias queixas que tem recebido, que alguns órgãos de informação estão a ignorar deveres que constam quer do Código Deontológico quer do Estatuto do Jornalista, quando noticiam factos relativos a processos judiciais.

A mediatização faz parte do mundo de hoje e por maioria de razão quando estão em causa figuras que tiveram responsabilidades políticas. O interesse público, justifica que o jornalista use todos de os seus meios de investigação, em paralelo com os da Justiça, para poder dar aos seus leitores o máximo de informação sobre aquele caso. Ao fazê-lo, está a cumprir o seu dever de informar e o concomitante direito do público a ser informado. Mas nem todos os meios para o conseguir são legítimos.

O jornalista compromete o seu estatuto de independência quando se constitui como assistente de um processo, como tem vindo a ser prática de alguns órgãos de informação. Um assistente é alguém que se torna auxiliar do Ministério Público, para trazer ao processo elementos que possam ajudar nas investigações. Ora o único compromisso que o jornalista pode ter é dar toda a verdade aos seus leitores e não o de colaborar com as autoridades judiciais no apuramento de factos que levem à condenação ou à absolvição de um dado arguido.

Acresce que, a coberto da sua situação de assistente, o que acontece na prática é que o jornalista obtém informação privilegiada que o coloca em concorrência desleal com colegas e órgãos de informação que rejeitam práticas que não são métodos de investigação jornalística.

Noutros casos, os jornalistas têm acesso a informação que lhe é fornecida por agentes da Justiça, designadamente escutas e partes do processo ou mesmo vídeos e áudios de interrogatórios judiciais, que frequentemente são publicadas, sem a devida

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ponderação sobre o risco de o jornalista e o órgão de informação para onde trabalha estarem a ser instrumentalizados para tentativas de julgamento popular na arena mediática.

Dessa forma, o jornalista compromete os seus deveres de imparcialidade e

independência e sobretudo viola o princípio da presunção de inocência dos arguidos, constante quer do Código Deontológico quer do Estatuto do Jornalista.

Importa ainda lembrar que mesmo quando fica claro que só poderia ter tido acesso a essa informação porque ela lhe foi dada por agentes da Justiça, o jornalista acaba por ser o único condenado pelos tribunais portugueses.

O Código Deontológico impõe também ao jornalista o dever de combater todas

as formas de sensacionalismo. O que significa rejeitar o espetáculo da Justiça penal

que transforma suspeitos e arguidos em heróis na arte de enganar policias, relegando para segundo plano, quando não mesmo ignorando, o sofrimento vivido pelas vítimas.

O Conselho Deontológico lembra que o direito de informar não é um direito potestativo. Aquele que o exerce não pode nunca esquecer que há limites previstos na lei e na deontologia e outros que decorrem do próprio bom senso. O interesse público não é um direito absoluto. E por mais pública que seja a figura, ela deve poder manter intactos um conjunto de direitos fundamentais, como os da presunção de inocência e da reserva da sua intimidade.

O Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas Lisboa, 8 de dezembro de 2016

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