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ANTIGOS PRÉDIOS E NOVOS MUNICÍPIOS:

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Academic year: 2021

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ANTIGOS PRÉDIOS E NOVOS MUNICÍPIOS:

ANTIGOS PRÉDIOS E NOVOS MUNICÍPIOS:

ANTIGOS PRÉDIOS E NOVOS MUNICÍPIOS:

ANTIGOS PRÉDIOS E NOVOS MUNICÍPIOS:

Patrimônio Arquitetônico Urbano Patrimônio Arquitetônico Urbano Patrimônio Arquitetônico Urbano Patrimônio Arquitetônico Urbano

Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre

Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre ---- RS RS RS RS

Alexandre Pereira Maciel Alexandre Pereira Maciel Alexandre Pereira Maciel Alexandre Pereira Maciel

Agosto de Agosto de Agosto de

Agosto de 2009 2009 2009 2009

(2)

MISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

INSTITU INSTITU INSTITU

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANASTO DE CIÊNCIAS HUMANASTO DE CIÊNCIAS HUMANAS TO DE CIÊNCIAS HUMANAS Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural

ANTIGOS PRÉDIOS E NOVOS MUNICÍPIOS:

ANTIGOS PRÉDIOS E NOVOS MUNICÍPIOS:

ANTIGOS PRÉDIOS E NOVOS MUNICÍPIOS:

ANTIGOS PRÉDIOS E NOVOS MUNICÍPIOS:

Patrimônio Arquitetônico Urbano Patrimônio Arquitetônico Urbano Patrimônio Arquitetônico Urbano Patrimônio Arquitetônico Urbano

Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre

Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre –––– RS RS RS RS

ALEXANDRE PEREIRA MACIEL ALEXANDRE PEREIRA MACIEL ALEXANDRE PEREIRA MACIEL ALEXANDRE PEREIRA MACIEL

Dissertação apresentada ao Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Ciências Humanas, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural

Orientador: Prof. Dra. Ester J. B. Gutierrez Co-orientador: Prof. Dr. Maurício C. Polidori

PELOTAS

RIO GRANDE DO SUL - BRASIL Agosto de 2009

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AGRADECIMENTOS AGRADECIMENTOS AGRADECIMENTOS AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha orientadora e amiga, professora Ester Gutierrez, pelo interesse, companheirismo e ajuda nos momentos difíceis.

Ao professor Maurício Polidori, co-orientador, pela contribuição qualificada e dedicada desde o primeiro passo da pesquisa.

À Prefeitura do Capão do Leão, na pessoa da Arquiteta Eliane Vernetti, à Prefeitura de Turuçu na pessoa do Engenheiro Wolter Libardone e à Prefeitura de Arroio do Padre na pessoa do Engenheiro Antônio Carlos Magalhães. Todos contribuíram com dados e informações importantes para o desenvolvimento da pesquisa.

À minha mãe Djanira Pereira Maciel e ao meu pai Francisco Lima Maciel, meus educadores da vida.

Aos amigos, pelo convívio que resultou em força para essa difícil tarefa.

À turma do escritório onde trabalho, mais do que colegas, amigos interessados e preocupados com as minhas lidas do mestrado, sempre contribuindo com opiniões e disposição de equipamentos.

À Ana Santos Maia, pela revisão do texto.

Ao acadêmico de arquitetura Geferson Meireles Gomes, pela formatação, edição e diagramação de imagens.

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A minha esposa Elfrida e minha filha Manoela pela compreensão do pouco tempo dedicado a elas.

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RESUMO

RESUMO RESUMO RESUMO

A presente pesquisa constitui uma abordagem regional envolvendo quatro municípios emancipados de Pelotas: Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre. O estudo identifica e compara as alterações ocorridas na arquitetura e morfologia urbana antes e depois das emancipações. A hipótese central é a de que as mudanças no patrimônio arquitetônico, com a inserção de prédios construídos após as emancipações, não reforçam as identidades originais das respectivas áreas urbanas. Adicionalmente, o trabalho demonstra que os planos diretores e as leis contribuem de forma parcial na relação das novas construções com os prédios antigos, constituindo-se em regras contraditórias entre a preservação do patrimônio arquitetônico e os índices urbanísticos propostos. Por fim, o estudo conclui que a relação entre antigos prédios e novos municípios tende a uma linguagem universal, ou seja, as cidades aqui estudadas compõem o rol das cidades contemporâneas.

PALAVRAS CHAVE: patrimônio arquitetônico, planos diretores e emancipação.

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ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT

This research has a regional approach involving four municipalities emancipated from Pelotas: Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu and Arroio do Padre. The study identifies and compares the changes in architecture and urban morphology before and after emancipation. The central hypothesis is that changes in the architectural heritage, with the inclusion of buildings constructed after the emancipation, does not reinforce the original identities of these urban areas. Additionally, the research shows that the director plans and the laws contribute partially for the relationship between new constructions and old buildings, being contradictory rules between the preservation of architectural heritage and the proposed urban indices. Finally, the study concludes that the relationship between old buildings and new municipalities tends to a universal language, so the cities studied here are on the list of contemporary cities.

KEYWORDS: architectural heritage, director plan and emancipation.

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SUMÁRIO SUMÁRIO SUMÁRIO SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS III

RESUMO V

ABSTRACT VI

LISTA DE ABREVIATURAS IX LISTA DE ILUSTRAÇÕES X

Lista de Figuras X Lista de Tabelas VXII

INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO 01

CAPÍTULO CAPÍTULO CAPÍTULO CAPÍTULO I I I I –––– Conceitos e Metodologia Conceitos e Metodologia Conceitos e Metodologia Conceitos e Metodologia –––– Considerações Iniciais Considerações Iniciais Considerações Iniciais 07 Considerações Iniciais 1.1 Conceitos 07

1.2 Metodologia 29

1.3 Ficha de inventário dos prédios 32

CAPÍTULO II CAPÍTULO II CAPÍTULO II CAPÍTULO II –––– HistóricoHistóricoHistóricoHistórico,,,, Topografia, Geologia, Clima Topografia, Geologia, Clima Topografia, Geologia, Clima Topografia, Geologia, Clima e Contextualização:e Contextualização:e Contextualização:e Contextualização: Infra Infra Infra Infra----estruturaestruturaestruturaestrutura,,,, Equipamentos Comunitários e Serviços Urbanos Equipamentos Comunitários e Serviços Urbanos Equipamentos Comunitários e Serviços Urbanos Equipamentos Comunitários e Serviços Urbanos . 36

2.1 Histórico 36

2.2 Topografia, geologia e clima 47

2.3 Contextualização 49

2.3.1 Infra-estrutura dos municípios 50

2.3.2 Equipamentos comunitários 54

2.3.3 Serviços urbanos 56

CAPÍTULO III CAPÍTULO III CAPÍTULO III CAPÍTULO III –––– Patrimônio Arquitetônico Urbano: antes e depois Patrimônio Arquitetônico Urbano: antes e depois Patrimônio Arquitetônico Urbano: antes e depois Patrimônio Arquitetônico Urbano: antes e depois 59

3.1 Os municípios antes das emancipações 59

3.2 Os municípios após das emancipações 63

3.2.1 Conjuntos Arquitetônicos – Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre 65

(8)

3.3 Análise conjunta dos quatro municípios 72

3.3.1 Os prédios construídos antes das emancipações 73

3.3.2 Os prédios construídos após as emancipações 79

3.3.3 Antes e depois das emancipações – uma análise comparativa . 81

C CC

CAPÍTULOAPÍTULOAPÍTULOAPÍTULO IVIVIVIV ---- Planos Diretores e L Planos Diretores e L Planos Diretores e L Planos Diretores e Legislações Urbanasegislações Urbanasegislações Urbanas 89 egislações Urbanas 4.1 Planos Diretores, Patrimônio e Identidade 89 4.2 Lei Municipais e Preservação do Ambiente: Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu, e Arroio do Padre 100

4.2.1 Município do Capão do Leão. I Plano Diretor (2003) 100 4.2.2 Município de Morro Redondo. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbanístico (1990-1995) 105 4.2.3 Município de Turuçu. Leis n° 057/97, n° 157/99 e n° 437/04 115 4.2.4 Município de Arroio do Padre. Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado – Lei Complementar n° 006/06 116

C CC

CONCLUSÃO ONCLUSÃO ONCLUSÃO ONCLUSÃO 122 BIBLIOGRAFIA BIBLIOGRAFIA BIBLIOGRAFIA BIBLIOGRAFIA 130

Inventário –––– Fichas dos inventários dos Municípios de Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre

- Município de Capão do Leão - Município de Morro Redondo - Município de Turuçu

- Município de Arroio do Padre

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LISTA DE ABREVIATURASLISTA DE ABREVIATURASLISTA DE ABREVIATURAS LISTA DE ABREVIATURAS

CIAM: Congresso Internacional de Arquitetura Moderna CORSAN: Companhia Riograndense de Saneamento DAER: Departamento Autônomo de Estradas e Rodagens EC: Estatuto da Cidade

EIA: Estudo de Impacto Ambiental EIV: Estudo de Impacto de Vizinhança

Faurb: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo FPM: Fundo de Participação dos Municípios IA: Índice de Aproveitamento

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ITEPA: Instituto Técnico de Pesquisa e Assessoria - UCPel IPTU: Imposto Predial e Territorial Urbano

LABGEO: Laboratório de Geoprocessamento da Ufpel PD: Plano Diretor

PDU: Plano Diretor Urbanístico

PROEXT: Programa Integrado de Desenvolvimento Sócio-Espacial do Sul RIMA: Relatório de Impacto Ambiental

RS: Rio Grande do Sul TO: Taxa de Ocupação

UCPel: Universidade Católica de Pelotas UFPel: Universidade Federal de Pelotas

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Lista de Figuras Lista de Figuras Lista de Figuras Lista de Figuras

Figura 01 - Mapa com a localização dos municípios de Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS - Brasil. 01

Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 02 – Esquema geral da pesquisa 06 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 03 - Prédio construído antes da emancipação -Av. Jacarandá, Morro Redondo - RS 13

Editoração: elaborada pelo autor

Figura 04 - Mapa da área urbana de Morro Redondo – RS 16 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 05 - Mapa do Município de Arroio do Padre – RS 16 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 06 - Avenida Arthur Lange, Turuçu – RS 18.

Editoração: elaborada pelo autor

Figura 07 - Mapa da área urbana de Turuçu e mapa da área urbana de Capão do Leão - RS 19

Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 08 - Estrada do Arroio do Padre, Arroio do Padre – RS 24 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 09 - Bairro Fiss, Morro Redondo - RS 25 Editoração: elaborada pelo autor

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Figura 10 – Prédios construídos antes e após a emancipação - Avenida Narciso da Silva, Capão do Leão - RS 27

Editoração: elaborada pelo autor

Figura 11 - Imagem aérea com a localização dos conjuntos estudados nas áreas urbanas dos municípios de Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre 30

Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 12 - Ficha de inventário 34 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 13 - Mapa com as terras que formaram os atuais municípios de Pelotas, Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS 37

Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 14 - Mapa geológico / geomorfológico simplificado do Rio Grande do Sul e suas principais unidades, o Escudo Sul-Riograndense, a Depressão

Periférica, o Planalto Meridional e a Planície Costeira 48 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 15 - Prédio na Avenida Narciso da Silva – Município do Capão do Leão – RS 60

Editoração: elaborada pelo autor

Figura 16 - Prédio na Avenida Jacarandá – Município de Morro Redondo -

RS 61

Editoração: elaborada pelo autor

Figura 17 - Prédio na Avenida Artur Lange – Município de Turuçu –RS 62

Editoração: elaborada pelo autor

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Figura 18 - Prédio na Estrada do Arroio do Padre – Município de Arroio do

Padre– RS 63 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 19 - Localização dos trechos estudados - Avenida Narciso da Silva, Município de Capão do Leão - RS 65 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 20 - Trechos da Avenida Narciso da Silva, Município do Capão do Leão

- RS 65

Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 21 - Localização dos trechos estudados - Avenida Jacarandá, Município

de Morro Redondo - RS 67 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 22 - Trechos da Avenida Jacarandá, Município de Morro Redondo – RS

67 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 23 - Localização dos trechos estudados - Avenida Arthur Lange,

Município de Turuçu - RS 69 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 24 - Trechos da Avenida Arthur Lange, Município de Turuçu – RS 69

Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 25 - Localização dos trechos estudados - Estrada do Arroio do Padre, Município do Arroio do Padre - RS 70 Editoração: Geferson Meireles Gomes

(13)

Figura 26 - Trechos da Estrada do Arroio do Padre, Município de Arroio do

Padre - RS 71 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 27 - Gráfico do número de pavimentos - Capão do Leão, Morro

Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS 73 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 28 - Gráfico da relação da edificação com o lote - Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS 74 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 29 - Gráfico do nível de fenestração da fachada pública - Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS 74 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 30 - Gráfico da forma do telhado - Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS 75 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 31 - Prédio construído antes da emancipação - Avenida Arthur Lange, Município de Turuçu – RS 76

Editoração: elaborada pelo autor

Figura 32 - Gráfico do caimento do telhado - Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS 76 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 33 - Gráfico do tipo de telha - Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS 77 Editoração: Geferson Meireles Gomes

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Figura 34 - Gráfico dos elementos e regras de composição - Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre – RS 78 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 35- Prédio construído antes da emancipação –Estrada do Arroio do

Padre, Município de Arroio do Padre - RS 78 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 36- Prédio construído após a emancipação - Avenida Narciso da Silva,

Município de Capão do Leão - RS 79 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 37- Prédio construído após a emancipação - Avenida Arthur Lange,

Município de Turuçu –RS 80 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 38 - Gráficos que mostram os dois momentos de antes e após a emancipação – número de pavimentos - Capão do Leão, Morro Redondo,

Turuçu e Arroio do Padre - RS 82 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 39 - Gráficos que mostram os dois momentos de antes e após a emancipação – relação da edificação com o lote - Capão do Leão, Morro

Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS 83 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 40 - Gráficos que mostram os dois momentos de antes e após a emancipação – nível de fenestração da fachada - Capão do Leão, Morro

Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS 83 Editoração: Geferson Meireles Gomes

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Figura 41 - Gráficos que mostram os dois momentos de antes e após a emancipação – forma do telhado - Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e

Arroio do Padre - RS 84 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 42 - Gráficos que mostram os dois momentos de antes e após a

emancipação – caimento do telhado - Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu

e Arroio do Padre - RS 85 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 43 - Gráficos que mostram os dois momentos de antes e após a emancipação – tipos de telhas - Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e

Arroio do Padre - RS 85 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 44 - Gráficos que mostram os dois momentos de antes e após a emancipação – elementos e regras de composição - Capão do Leão, Morro

Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS 86 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 45- Prédio construído após a emancipação -Avenida Jacarandá,

Município de Morro Redondo – RS 87 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 46 - Prédio construído antes da emancipação – Avenida Jacarandá

Município de Morro Redondo – RS 87 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 47 - Prédio construído após a emancipação Avenida Jacarandá,

Município de Morro Redondo – RS 88 Editoração: elaborada pelo autor

(16)

Figura 48 - Mapa do zoneamento da área urbana do Município de Capão do

Leão – RS 102

Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 49 - Visualização da massa vegetal e área rural – Avenida Narciso da

Silva, Capão do Leão – RS 104 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 50 - Imagem com a presença de essências nativas - Avenida Jacarandá, Município de Morro Redondo – RS 111

Editoração: elaborada pelo autor

Figura 51 - Imagem de prédio com os atributos da arquitetura tradicional -

Avenida Jacarandá, Morro Redondo - RS 114 Editoração: elaborada pelo autor

Figura 52 - Imagem aérea - Estrada do Arroio do Padre, Município do Arroio do

Padre – RS 118 Editoração: Geferson Meireles Gomes

Figura 53 - Prédio construído antes da emancipação – Estrada do Arroio do

Padre, Município de Arroio do Padre – RS 120 Editoração: elaborada pelo autor

(17)

Lista de Tabelas Lista de Tabelas Lista de Tabelas Lista de Tabelas

Tabela 01 - Usos e Regimes Urbanísticos - Município do Capão do Leão 103

(18)

Será vendo essa casa, mais que esses rostos, que nossos descendentes saberão de nós.

Satolep - Vitor Ramil, 2008.

(19)

INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO

O Brasil é um país de grande área física e diversidade de municípios, desde as grandes metrópoles até os pequenos em área e número de habitantes. Os recentemente emancipados são diferenciados, com características espaciais, ambientais, históricas e culturais próprias. Nessa pesquisa são focados os municípios originados de Pelotas, no Rio Grande do Sul, nascidos dos processos emancipatórios que ocorreram a partir da década de 1980. São eles: Capão do Leão (01/05/1982), Morro Redondo (12/05/1988), Turuçu (28/12/1995) e Arroio do Padre (16/04/1996).

Figura 01 - Mapa com a localização dos municípios de Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS - Brasil.

Fonte: elaborado pelo autor, 2009 – com base no desenho disponível em:

http://www.zonu.com/brazil_maps/m_rio_grande_do_sul_brx.htm. Acesso em: fev. 2009.

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Após as emancipações, os municípios recebem investimentos públicos e privados, novas edificações, infra-estrutura, serviços e equipamentos urbanos, enfim, o espaço urbano sofre alterações. Nesse caminho, torna-se relevante analisar a relação entre o patrimônio arquitetônico e a identidade nos novos municípios. Eles podem apresentar, em sua arquitetura e morfologia urbana, semelhanças e diferenças em relação ao período anterior às emancipações.

Considerando que essa diferenciação espacial não está descrita e compreendida, a temática mostra-se apropriada.

A escolha do tema e motivação pessoal pela pesquisa deve-se ao fato de ter trabalhado no Município de Morro Redondo por quatorze anos como arquiteto e urbanista. Tive a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento do município desde o seu surgimento. Minha atuação começou três anos após sua emancipação, sobretudo, na elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbanístico. Mantive contato direto com os problemas locais, o patrimônio arquitetônico, o ambiente natural, o crescimento e as mudanças no município. Pude perceber a importância das novas leis para os emancipados, e a conseqüência delas no ordenamento físico da cidade.

Após a experiência como arquiteto e urbanista desta prefeitura, lecionei como professor substituto na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Faurb) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Nesse período, participei do trabalho de extensão denominado “Programa Integrado de Desenvolvimento Sócio- Espacial do Sul” (ProExt), nos meses de abril a novembro de 2006, junto ao

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Laboratório de Geoprocessamento dessa universidade. Percebi a afinidade entre as cidades aqui estudadas: o projeto abrangia os municípios de Pelotas, Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre, todos, de certa forma, interligados não só fisicamente, mas culturalmente. Colaborei também, na pesquisa coordenada pela minha orientadora, “A Inclusão da Ociosidade:

uma metodologia para inventariar imóveis urbanos ociosos - O caso de Pelotas (RS)” que tinha como objetivo desenvolver o método, a partir de um inventário, para identificação de sítios urbanos com imóveis ociosos e capacidade de receber novos usos. Particularmente, esta experiência ajudou na elaboração da ficha de inventário da presente pesquisa.

Aliado a todos esses fatores, contribui a minha afinidade com o patrimônio arquitetônico, fruto da minha formação em Arquitetura e Urbanismo no ano de 1990. Posteriormente fiz a especialização em Patrimônio Cultural e Conservação de Artefatos, também na UFPel - no Instituto de Letras e Artes, com a monografia denominada “Bases Tipológicas para as Novas Edificações – Município de Morro Redondo”, no ano de 1997.

A presente pesquisa teve seu início no ano de 2007, com a definição do tema e a redação inicial do projeto, como parte integrante da seleção para ingresso no Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural.

Posteriormente à defesa da qualificação, em agosto de 2008, começou o trabalho de campo, com as visitas aos quatro municípios, e o levantamento fotográfico. No decorrer do ano, o tema foi delimitado para o patrimônio

(22)

arquitetônico e os prédios inventariados em 102 fichas nos quatro municípios (Inventário). No início do ano de 2009, a pesquisa foi aprimorada com a definição da estrutura do texto e o desenvolvimento da redação.

A metodologia tem como primeiro passo a definição dos conjuntos arquitetônicos, um em cada município. Após, inventaria, analisa e compara os prédios dos dois períodos, de antes e de depois das emancipações. O objeto empírico é o patrimônio arquitetônico definido nos conjuntos localizados nas áreas mais densas dos perímetros urbanos. A densidade predial é o critério adotado para o recorte físico-espacial.

Na definição dos conceitos, as cidades contemporâneas são vistas como um organismo complexo e surpreendente, porque mudam a partir da interação de seus moradores. No presente estudo, a análise se detém exclusivamente na mudança após as emancipações. O objetivo principal é analisar as mudanças ocorridas no conjunto urbano depois do processo de emancipação. Parte-se de duas hipóteses: as mudanças no patrimônio arquitetônico construído após as emancipações não refletem as identidades originais das respectivas áreas urbanas; e os planos diretores constituem leis contraditórias entre o patrimônio arquitetônico e os índices urbanísticos.

A estrutura do trabalho tem sua parte inicial dedicada à fundamentação e ao método da pesquisa, sobretudo, considerações sobre morfologia urbana, cidade contemporânea, patrimônio arquitetônico, paisagem e identidade. O segundo capítulo traz um histórico dos quatro municípios, incluindo também o

(23)

município originário, Pelotas; discorre, ainda, sobre a topografia, a geologia, os equipamentos comunitários e os serviços urbanos. No terceiro capítulo, são analisados os prédios inventariados, de antes e de depois das emancipações, comparando os dois momentos em: número de pavimentos; relação da edificação com o lote; proporção das alvenarias com as janelas e as portas na fachada (nível de fenestração); cobertura; e a presença ou não de regras de composição. O patrimônio arquitetônico é descrito e analisado através de gráficos, de imagens e de desenhos. O quarto capítulo se refere aos planos diretores de Capão do Leão, Morro Redondo e Arroio do Padre. Quanto a Turuçu, pelo fato de esse município não possuir plano diretor, a análise é das leis que incidem sobre o espaço urbano.

Os resultados alcançados demonstram que, em algumas categorias, os novos prédios não estão em harmonia com os anteriores, portanto, não compactuam com as características culturais e históricas, representadas no presente estudo pelo patrimônio arquitetônico urbano.

A seguir, na figura 02, o esquema geral que traduz a proposta da pesquisa:

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TEMA

ANTIGOS PRÉDIOS NOVOS MUNICÍPIOS

(Enfoque regional)

DOIS MOMENTOS

ANTES DAS EMANCIPAÇÕES

DEPOIS DAS EMANCIPAÇÕES (Novos prédios, novas leis – planos diretores)

OBJETIVO

ANALISAR E COMPARAR OS DOIS MOMENTOS (Características formais dos prédios)

MÉTODO RESULTADO Inventário, identificação, análise dos dois

momentos – desenhos/imagens/gráficos

(relações intervolumétricas, volume do prédio, relação da edificação com o lote, cobertura e materiais)

Mudanças – As novas construções compactuam ou não com as características formais anteriores as emancipações (identidade local). Os planos diretores contribuem positivamente ou negativamente nessa relação.

Figura 02 - Esquema geral da pesquisa.

Fonte: elaborado pelo autor 2009.

(25)

CAPÍTU CAPÍTU CAPÍTU CAPÍTULO ILO ILO ILO I Conceitos e M Conceitos e M Conceitos e M

Conceitos e Metodologiaetodologiaetodologiaetodologia –––– Considerações Iniciais Considerações Iniciais Considerações Iniciais Considerações Iniciais

O presente capítulo tem a finalidade de fundamentar a pesquisa acerca de seus aspectos: morfologia urbana, cidade contemporânea, patrimônio arquitetônico, paisagem e identidade. Expõe autores específicos desses temas, discorre sobre a relação teórica e as características morfológicas dos municípios estudados. A escolha dos autores dá-se pelas suas afinidades com os atributos locais de morfologia e patrimônio arquitetônico. O capítulo apresenta, também, o método utilizado na pesquisa, explicitando os princípios do inventário e da análise dos prédios.

1.1 Conceitos 1.1 Conceitos 1.1 Conceitos 1.1 Conceitos Morfologia Morfologia Morfologia

Morfologia UUUUrbana rbana rbana rbana

O conceito de morfologia urbana relaciona-se diretamente à imagem da cidade e à leitura de seus objetos arquitetônicos e urbanos, como os edifícios, praças, ruas, vazios e cheios das edificações. Passa também por uma análise interdisciplinar, que relaciona a morfologia com a arquitetura e o processo de composição espacial da cidade. Segundo Ismael Pescarini “a arquitetura da cidade estrutura-se em relações ideológicas e culturais onde acontecem diversos processos de troca e vivência urbanas”. 1 Para José Lamas2 a morfologia urbana é uma disciplina que estuda o objeto, a forma urbana nas suas características exteriores, físicas, e na sua evolução no tempo.

Nos quatro municípios estudados percebemos a presença de edificações com características da área rural de Pelotas. São tipologias3

1 PESCARINI, Ismael Andrade. Revitalização de avenidas em São Paulo. Considerações Revitalização de avenidas em São Paulo. Considerações Revitalização de avenidas em São Paulo. Considerações Revitalização de avenidas em São Paulo. Considerações morfológicas.

morfológicas.

morfológicas.

morfológicas. Vitruvius ano 3, vol. 9, abr. 2003, São Paulo SP, p. 65. Disponível em:

<www.vitruvius.com.br/arquitextos>.

2 LAMAS, José P. G. Morfologia urbana e desenho da cidadeMorfologia urbana e desenho da cidadeMorfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Fundação Calouste Morfologia urbana e desenho da cidade Gulbentrian, 1992, p. 38.

3 Tipologia: “tipo” é um esquema que respeita as conveniências e permite elaborar rapidamente um projeto. Não considera objetos isolados, apresenta-os como um conjunto e deixa evidente que a produção do espaço construído se apóia em uma estrutura anterior. Modelo que se

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edilícias e morfologia urbana próprias da origem cultural de imigrantes, instalados a partir de meados do século XIX, que repercutem na identidade local. Para Kohlsdorf4 a identidade dos espaços públicos abertos provém da maneira de ser, freqüência e mistura dos tipos de edifícios existentes. A composição de atributos típicos nos diversos elementos analíticos dos edifícios pode revelar-se harmônica a ponto de prover boa orientabilidade e identidade forte nas situações analisadas. É o caso dos conjuntos escolhidos para levantamento e análise nessa pesquisa, com a mistura de prédios de antes e de depois das emancipações. As edificações são observadas por meio de seus tipos, responsáveis por traços fisionômicos dos lugares. Cada localidade apresenta sua peculiaridade, não destoando de suas origens a partir de um mesmo município, Pelotas.

A análise morfológica de edifícios, segundo Elaine Kohlsdorf, é dividida em grupos e estabelece várias classificações. Os seis elementos principais eleitos pela autora foram adotados por essa investigação. Em resumo, são os que seguem:

a) relações intervolumétricas;

b) relações da edificação com o lote e o espaço público;

c) volumetria;

d) fachadas;

e) cobertura;

f) relações entre temas-base e temas-destaque.5

a) As relações intervolumétricas observam as relações laterais entre os volumes edificados, ou seja, os afastamentos laterais das divisas dos lotes de um prédio, comparando os volumes e a continuidade.

confunde etimologicamente com o molde ou, sob forma mais erudita, com o módulo. Definições a partir de: PANERAI, Philippe: Análise Urbana. Brasília: UNB, 2006, p. 108, 112 e 115.

4 KOHLSDORF, Maria Elaine: A Apreensão da Forma da CidadeA Apreensão da Forma da CidadeA Apreensão da Forma da CidadeA Apreensão da Forma da Cidade. Brasília: Ed. UNB, 1996. p.

150.

5Ibid., p. 150-159.

(27)

b) As relações da edificação com o lote e o espaço público referem-se à implantação do edifício no lote, com a transição entre instâncias públicas e privadas, realizadas pelas portas das edificações e os afastamentos frontais, com a presença ou não de muros entre o lote e a área pública.

c) A volumetria aborda as definições métricas, geométricas e plásticas do volume da edificação, procurando caracterizá-lo pelas superfícies planas, côncavas e convexas, assim como as relações ortogonais, agudas, obtusas e interseções do prédio em análise.

d) As fachadas são consideradas, quando voltadas para as áreas livres públicas, o que representa o elemento tipológico das edificações. Podem ser consideradas como um conjunto, desde que se considere alguns fatores:

- cada fachada é uma unidade, deve ser organizada como uma unidade indivisível e possuir um princípio morfológico para sua totalidade;

- cada fachada se relaciona com a que lhe é vizinha, contígua ou não;

- cada fachada preserva sua individualidade.6

As dimensões das fachadas, suas alturas e larguras determinam a estrutura interna dos espaços livres da cidade, assim como repercutem na volumetria e na cobertura da edificação. Na proporção, se analisa a relação entre altura e largura da fachada, dependendo de suas dimensões. Observa-se a variação tipológica e os efeitos de composição, ou seja, o edifício pode ser vertical, horizontal ou quadrático.

No zoneamento, as fachadas são estruturadas por zonas que se diferenciam plasticamente, ainda que seja possível se manter sua unidade como composição. Cada zona de composição é definida por certa lei de relacionamento de seus elementos, como as janelas, as portas, os elementos estruturais e decorativos.

A relação entre vedações e aberturas trata dos aspectos qualitativos e quantitativos das superfícies opacas (paredes) em relação às superfícies

6Id.

(28)

transparentes (portas e janelas). Essa relação chama-se nível de fenestração e é medida através de um percentual entre as paredes e os vãos das fachadas voltadas para o espaço público.

O coroamento constitui o limite visual superior da composição dos edifícios, a linha que atua na caracterização e na estrutura do perfil do espaço público, associada à cobertura da edificação.

As aberturas, compostas por portas e janelas, possuem enorme carga simbólica como limites entre instâncias públicas e privadas. Pode ser analisadas em termos de dimensões, proporções, tipo de esquadria, inserção no plano de fachada (no nível, saliente ou reentrante) e papel na composição da fachada.

Os materiais, as cores, as texturas e os elementos decorativos devem ser analisados como integrantes da composição das fachadas e podem contribuir significativamente nas mesmas.7

A composição deve ser analisada pela organização dos elementos de configuração na fachada, e dá-se por eixos de ordenação, simetria, assimetria, espelhado, centro de gravidade, pontos de convergência no campo visual e ritmo.

e) As coberturas, entendidas como o acabamento superior das edificações, são analisadas em sua volumetria e incorporadas ou não de forma autônoma ao volume edificado. A forma da edificação é elemento importante na construção da imagem dos espaços edificados, a volumetria traz profundidade ao campo visual e maiores possibilidades de variação. As ampliações são corpos como mansardas e similares, que repercutem em efeito global dos tipos e tornam menor a massa da cobertura.

f) As relações entre temas-base e temas-destaque são elementos de síntese da categoria edificações, pois se definem a partir de todos os outros expostos para a análise morfológica dos edifícios. Têm o objetivo de expor os

7Id.

(29)

papéis dos mesmos em cada situação considerada, a partir da carga informativa visual nas composições dos conjuntos.8

CCC

Cidade idade idade idade CCCContemporâneaontemporâneaontemporâneaontemporânea ---- genérica e genérica e genérica e genérica e emergenteemergenteemergente emergente

A autora Clarissa da Costa Moreira9 desenvolve o conceito de que a cidade contemporânea é genérica, fruto da aceleração dos processos de produção do espaço urbano, ou seja, com um “porvir”, mas também com algo que já existe. Segundo Clarissa, a concepção de cidade genérica é um contraponto ao urbanismo europeu pós década de 1960, com rígidas determinações de preservação dos centros urbanos. Essa cidade é livre de ficar atrelada à identidade, é uma cidade “sem história” e que consegue ser grande o suficiente para todos, “a cidade genérica é ‘anti’ todas as elaborações a respeito da importância do lugar e da construção da identidade dos povos pelo urbanismo”.10

A cidade genérica torna-se contraditória, ela é descrita a partir de um modo de descontrole, uma urbanização espontânea, para, em outro momento, ser projetada.11 No quadro contemporâneo se observa a divisão entre a preservação e a tabula rasa. 12 A cidade vive entre dois pensamentos sobre o olhar urbano, de um lado o desejo de destruição abrindo espaço para novas construções; de outro, a perspectiva da preservação e conservação. O desejo da tabula rasa contribui para a perda da memória da cidade, podendo ser comparado à amnésia: o esquecimento pode implicar diferentes graus de uma espécie de amnésia “urbana”,13 enquanto na conservação patrimonial, o desejo é o de manter a história registrada de uma forma material.

A urbanização de forma espontânea pode ser exemplificada, nos municípios aqui estudados, pois no período em que eram distritos, a

8 Id.

9MOREIRA, Clarissa da Costa: A cidade contemporânea entre aA cidade contemporânea entre aA cidade contemporânea entre a tabula rasa e a preservação: A cidade contemporânea entre a tabula rasa e a preservação: tabula rasa e a preservação: tabula rasa e a preservação:

cenários para o porto do Rio de Janeiro cenários para o porto do Rio de Janeiro cenários para o porto do Rio de Janeiro

cenários para o porto do Rio de Janeiro. São Paulo. Editora UNESP, 2004. p. 66 - 75.

10Ibid., p. 67-68.

11Ibid., p. 69.

12 Termo latino utilizado para definir o desejo de destruição ou abandono e de abertura de espaço para “novas criações”. MOREIRA, ob. cit., p. 06.

13Ibid., p. 129.

(30)

contribuição do poder público para espaços foi pequena e as modificações se davam a partir dos moradores. Nesse caminho, a teoria da auto-organização e emergência, estudada por Steven Johnson,14 afirma que a cidade emerge de baixo para cima: através dos moradores é que os espaços se auto-organizam.

Essa teoria define a cidade como um organismo complexo e surpreendente, mas com personalidade de tomar decisões individuais a partir de interações entre seus moradores - o espaço emerge das decisões tomadas pela sociedade. “O movimento das regras de nível baixo para sofisticação do nível mais alto é o que chamamos de emergência”. 15

Johnson compara a cidade com a forma de vida das formigas, como elas vivem e se organizam, analisando o comportamento individual e global dessa comunidade. Como exemplo, cita a formiga-rainha, que tem a função de reprodução, e não de líder, como a maioria das pessoas pensa. Como um

“prefeito”, ela simplesmente cumpre a sua função, assim como as formigas comuns fazem o trabalho mais “pesado”, como a coleta do lixo, que é carregado para o “aterro sanitário” da colônia. O autor questiona: quem promoveu isso? Como essa organização chegou a um nível avançado sem um líder? A partir disso, desenvolve a teoria de que o aprendizado e a personalidade das comunidades proporcionam a emergência.

“A cidade é complexa porque surpreende, sim, mas também porque tem uma personalidade que se auto-organiza a partir de milhões de decisões individuais, uma ordem global construída a partir de interações locais”. 16

A partir da teoria da auto-organização e emergência se percebe que as cidades se modificam independentemente da contribuição dos governantes, as interações individuais de seus moradores provocam a auto-organização. Sabe- se que os municípios aqui estudados, mesmo se não emancipados, também mudariam, mas, provavelmente, de maneira diferente dos dias atuais. O

14JOHNSON, Steven: Emergência – A dinâmica das A dinâmica das A dinâmica das A dinâmica das fffformigas, ormigas, ormigas, ccccérebros, ormigas, érebros, érebros, érebros, ccccidididaaaades e id des e des e ssssoftwaresdes e oftwaresoftwaresoftwares.

Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 2003. p. 29.

15Ibid., p. 14.

16Id.

(31)

processo de emancipação proporcionou o desenvolvimento dessas localidades de uma maneira mais acelerada.

Patrimônio Arquitetônico Patrimônio Arquitetônico Patrimônio Arquitetônico

Patrimônio Arquitetônico e Planejamentoe Planejamentoe Planejamentoe Planejamento

O patrimônio arquitetônico, objeto da presente pesquisa, é componente da morfologia urbana nas cidades. Nos municípios de Morro Redondo (figura 03) e Arroio do Padre, o patrimônio possui influências da colonização por imigrantes alemães, enquanto, em Capão do Leão e Turuçu, esse tipo de manifestação não repercute com a mesma ênfase. As afinidades entre os quatro municípios são de morfologia urbana, com edificações em sua maioria térreas, com presença de recuos e lotes em grandes dimensões. Os prédios anteriores às emancipações, edificados na maioria das vezes sem a contribuição de leis, têm como base as influências da imigração e o conhecimento popular. Posteriormente, com as emancipações, essas cidades passaram a conviver com novas regras e leis específicas de cada município, três delas, com planos diretores: Capão do Leão, Morro Redondo e Arroio do Padre.

Figura 03 - Prédio construído antes da emancipação. Avenida Jacarandá, Morro Redondo–RS.

Fonte: foto do autor, 2008.

(32)

A relação entre o plano diretor e o patrimônio arquitetônico é abordada pela historiadora francesa Françoise Choay. Ela vincula a preservação do patrimônio com o planejamento, tanto local como regional e territorial. É uma relação importante, que repercute no caráter social da população:

” [...] todo fragmento urbano antigo deve ser integrado num plano diretor (piano regolatore) local, regional e territorial, que simboliza sua relação com a vida presente. Nesse sentido, seu valor de uso é legitimado, ao mesmo tempo, do ponto de vista técnico, por um trabalho de articulação com as grandes redes primárias de ordenação, e do ponto de vista humano, “pela manutenção do caráter social da população”. 17

A relação dos prédios antigos com os novos passa pelo planejamento das cidades. Para Choay, o urbanista, assim como o arquiteto, deve elaborar uma escala de intervenção adequada à cidade contemporânea, deve proceder de uma nova forma frente ao modo de conservação dos conjuntos antigos.

Portanto, essa relação entre o antigo e novo deve ser objeto de planejamento adequado e proporcionar uma escala coerente dos prédios nos dois períodos.18

Patrimônio Arquitetônico e Crescimento

Quase sempre, o crescimento das cidades é inevitável. A ocupação acontece de forma espontânea ou com planejamento, com qualificação ou não de infra-estrutura, serviços e equipamentos comunitários, enfim, a cidade muda, de uma forma ou de outra. Ela é compreendida como um tecido vivo.

“A aceleração da urbanização do decorrer do século XX fez que a cidade passasse a ser compreendida como um tecido vivo, composto por edificações e por pessoas, congregando ambientes do

17CHOAY, Françoise: A alegoria do patrimA alegoria do patrimA alegoria do patrimA alegoria do patrimônioônioônio. ônio São Paulo. UNESP,2001, p. 200.

18Ibid., p. 125

(33)

passado que podem ser conservados e, ao mesmo tempo, integrados a dinâmica urbana”. 19

Nos municípios recentes, a urbanização acontece de maneira acentuada, pela chegada dos recursos posteriores às emancipações. São localidades que antes não detinham o aporte financeiro atual, os investimentos do poder público nos novos municípios são relevantes. Nesse caminho, Choay argumenta:

“Já não é possível imaginar ‘o fim do grande desenvolvimento urbano’ e mesmo uma verdadeira antiurbanização? (O termo se transformará mais tarde em desurbanização.) Ele é praticamente o primeiro a perceber a fragmentação e a desintegração da cidade, em proveito de uma urbanização generalizada e difusa”. 20

Para Philippe Panerai,21 a forma de crescimento é o ponto inicial e se dá em duas categorias: contínuo e descontínuo. A figura 04 ilustra o caso de Morro Redondo, com crescimento de forma contínua, ao longo de uma via principal, localizada no ponto de cota mais alta, como uma cumeeira, traduzindo-se em uma área urbana longilínea. Já no município de Arroio do Padre, com vários núcleos urbanos setorizados, demonstrados em vermelho na figura 05, a forma é descontínua.

19ZANIRATO, Silvia Helena e RIBEIRO, Wagner Costa: Patrimônio cultural: a percepção da Patrimônio cultural: a percepção da Patrimônio cultural: a percepção da Patrimônio cultural: a percepção da natureza como um bem não renovável.

natureza como um bem não renovável.

natureza como um bem não renovável.

natureza como um bem não renovável. Revista Brasileira de História. São Paulo: V. 26 n° 51, 2006. p. 253.

20CHOAY, ob. cit., 196.

21PANERAI, Philippe. Análise UrbanaAnálise UrbanaAnálise UrbanaAnálise Urbana. Brasília: UNB, 2006. p. 55.

(34)

Figura 04 - Mapa da área urbana de Morro Redondo – RS.

Fonte: mapa elaborado pelo autor com base no Plano Diretor, 2008.

Figura 05 - Mapa do Município de Arroio do Padre - RS.

Fonte: mapa elaborado pelo autor com base no PROEXT - POLIDORI, Maurício (Coord.) 2006 - Programa Integrado de Desenvolvimento Sócio-Espacial do Sul – Relatório de Extensão,

2008.

(35)

O crescimento contínuo também tem relação direta com a topografia. A cidade de Morro Redondo desenvolve-se em uma crista, com caimento para os dois lados da via principal. Nesse sentido, da relação caminho/cidade, Panerai diz:

“A força da relação caminho/cidade é de tal ordem que certas cidades parecem não ser tão somente uma sucessão de estradas em torno das quais se organiza o tecido urbano. Em geral localizadas em sítios íngremes, seguem as linhas de cumeada, insinuam-se pelos vales, franqueiam desfiladeiros, ocupando um território onde sua aparente continuidade ao longo das vias contorna e mesmo dissimula vastas áreas não construídas”. 22

Em uma análise conjunta sobre o papel do sistema viário na estrutura do crescimento da cidade, Panerai conclui a necessidade de reequilibrar o conjunto das vias com a integração das periferias e de todo sistema urbano e, também, a necessidade de requalificar as vias em função do seu papel urbano no tráfego.

“Raramente a urbanização é contínua ou homogênea, porém modulada: escondida e fragmentada por strips comerciais, interrompida por zonas rurais, enclaves industriais ou militares, áreas florestais, ou descontínua por causa do relevo. A topografia é mais evidente do que a cidade. No que se refere ao sistema viário, o ordenamento urbano atual parece oscilar entre duas atitudes: a manutenção do status quo, tendo como conseqüência o abarrotamento do espaço e a saturação do trânsito, ou a transformação das características da via seguindo unicamente critérios de circulação, o que quase sempre se traduz na perda de sua identidade”. 23

A partir da configuração alongada, a cidade de Morro Redondo se desenvolveu nos ditos “morro de baixo” e “morro de cima”, esse último, em cota

22Ibid., p.151.

23Ibid., p. 19.

(36)

mais elevada que o anterior, ou seja, a área urbana, além de configurar-se longitudinalmente, dividiu-se em dois núcleos, em cotas diferentes.

No caso de Arroio do Padre (figura 05), a cidade é dividida em vários núcleos, sem continuidade. Não possui uma área urbana, mas sim várias, sem proximidade e ligação física. É uma configuração diferenciada, com esse perímetro urbano definido e regulamentado por lei municipal, cujo princípio é o das cidades não compactadas:

As cidades atuais, antes compactadas, possuem grandes zonas não construídas, áreas naturais, plataformas logísticas, setores de estocagem, terrenos baldios”.24

Esse tipo de conformação, com a presença de áreas naturais, acontece seguidamente nos municípios aqui estudados, repercutindo em grandes lotes e atividades agropastoris próximas à residência. A figura 06, no município de Turuçu, mostra a presença de vegetação intensa e localizada na parte central da cidade.

Figura 06 - Avenida Arthur Lange, Turuçu – RS.

Fonte: foto do autor, 2008.

24 Ibid.,p.12.

(37)

Em Turuçu, a morfologia da cidade é produto da divisão do município pela BR-116, “o sistema viário originário da cidade”. 25 Portanto, esse fator é preponderante na evolução urbana, determinando a localização, por exemplo, dos prédios institucionais e públicos, assim como a do prédio do curtume originário da localidade, todos de frente para a rodovia principal em área urbana, disposta paralelamente aos limites da cidade (figura 07 - A).

AAAA BBBB

Figura 07- Mapa da área urbana de Turuçu e mapa da área urbana de Capão do Leão - RS.

Fonte: elaborado pelo autor com base no mapa do PROEXT - POLIDORI, Maurício (Coord.) 2006 - Programa Integrado de Desenvolvimento Sócio-Espacial do Sul – Relatório de

Extensão, 2008. p. 52-53.

O Capão do Leão apresenta morfologia urbana diferenciada dos demais municípios, possui uma área urbana em maiores dimensões e dividida em duas partes: a área central, onde estão localizados os prédios públicos, comércio e serviços; e o bairro Jardim América, área mais densa na figura 07 – B, de uso predominantemente residencial. Configura uma formação em núcleos e, portanto, um crescimento descontínuo. Na área central, assim como nos outros municípios, também há zonas não construídas junto à avenida principal da cidade, com vegetação e/ou terrenos baldios.

25Ibid., p. 55.

(38)

Conjuntos e Cartas Patrimoniais Conjuntos e Cartas Patrimoniais Conjuntos e Cartas Patrimoniais Conjuntos e Cartas Patrimoniais

O inventário e a análise dos quatro municípios, desenvolvidos no Capítulo 3, têm como passo inicial a definição dos conjuntos nas áreas urbanas para esse fim. São recortes que contemplam a presença de prédios de antes e de depois das emancipações. A historiadora Cristina Meneguello26 define esses locais como “o coração da cidade”, identificados como o “centro”, não com a idéia espacial de centralidade, mas como locais de centro cívico, administrativo e comercial.

“[...] podemos arriscar a afirmar que a polifuncionalidade dos centros (habitação, comércio, serviços) e a presença constante de diferentes grupos, habitantes ou em passagem, permanece o impulso que faz desses locais, não importa qual região ocupem, os corações da cidade”. 27

A definição dos conjuntos históricos como “o coração das cidades”

reflete nos municípios aqui estudados, principalmente pela presença de prédios do período anterior às emancipações, e tendo como característica a polifuncionalidade, ou seja, com usos de habitação, comércio e serviços.

Frente ao objeto empírico da pesquisa, o patrimônio arquitetônico dos municípios, torna-se pertinente uma breve análise das Cartas Patrimoniais, para a fundamentação e a escolha dos conjuntos nos quatro municípios. São definições importantes porque contribuem para o aporte teórico do trabalho em geral, e para o recorte físico espacial, em particular.

A Carta de Atenas – Escritório Internacional dos Museus Sociedades das Nações -, de outubro de 1931, indica a valorização dos prédios antigos,

26MENEGUELO, Cristina: O coração da cidadeO coração da cidadeO coração da cidadeO coração da cidade: observações sobre a preservação dos centros históricos. Revista digital do IPHAN. p. 04. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br> Acesso em: mar. de 2009.

27 Id.

(39)

definidos na Carta por monumentos, e a relação dos cuidados com a fisionomia da cidade, principalmente com os prédios vizinhos aos monumentos.

“A conferência recomenda respeitar, na construção dos edifícios, o caráter e a fisionomia das cidades, sobretudo na vizinhança dos monumentos antigos, cuja proximidade deve ser objeto de cuidados especiais”. 28

A Carta de Atenas de novembro de 1933, na Assembléia do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), aponta aspectos do urbanismo frente aos elementos constitutivos da região, principalmente a geografia, com papel determinante nas linhas de divisão de águas e morros vizinhos. A definição principal é a abordagem regional no planejamento da cidade:

“Nenhuma atuação pode ser considerada se não se liga ao destino harmonioso da região. O plano da cidade é só um dos elementos do todo constituído pelo plano regional”. 29

A Carta de Veneza de maio de 1964, no II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, define que o monumento histórico compreende não somente a arquitetura isolada, mas também o sítio urbano e rural que dá testemunho a civilizações particulares, com evolução significativa e/ou acontecimento histórico. Estende o valor do monumento não só a grandes criações, mas também às obras modestas que tenham adquirido com o tempo significação cultural. Na relação dos prédios existentes com os acréscimos, percebe-se a preocupação com as novas inserções, que, segundo a Carta, só poderão ser toleradas na medida em que respeitarem todas as partes interessantes do edifício, seu esquema tradicional, equilíbrio, composição e o meio ambiente.

A Carta de Machu Picchu, no Encontro Internacional de Arquitetos, em dezembro de 1977, compreende a identidade da cidade não só por sua

28Carta de Atenas 1931. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br. Coletânea Virtual – Cartas Patrimoniais – Carta de Atenas> p. 02. Acesso em: fev. 2009.

29Carta de Atenas 1933. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br. Coletânea Virtual – Cartas Patrimoniais – Carta de Atenas> p. 01. Acesso em: fev. 2009.

(40)

estrutura física, mas também, por suas características sociológicas. Ressalta a importância do patrimônio cultural não só como monumento, mas sim como significativo para a cultura de forma geral, através de valores culturais.

“Por isso, é necessário que não só se preserve e conserve o patrimônio histórico monumental, como também que se assuma a defesa do patrimônio cultural, conservando os valores que são de fundamental importância para firmar a personalidade comunal ou nacional e/ou aqueles que têm um autêntico significado para a cultura em geral”. 30

A Carta de Petrópolis, no Primeiro Seminário Brasileiro para Preservação e Revitalização de Centros Históricos, em 1987, argumenta que a cidade, enquanto expressão cultural, não pode ser eliminatória, mas sim somatória, acerca da preservação de prédios de valor cultural. Os prédios são resultado de um processo social, e sua substituição só se justifica após o esgotamento de seu potencial sócio-cultural, indica a Carta. Os critérios para uma demolição e construção de um novo prédio devem ser avaliados pela conveniência desta substituição e levar em conta o custo sócio-cultural do novo.

Em 1989, na Declaração de São Paulo, destaca-se a incorporação da preservação do patrimônio natural, que começa a ser objeto de debate e passa a pertencer ao texto referente à preservação. A relação entre o patrimônio cultural e a natureza começa a ser pensada de maneira conjunta: “[...] como entendimento cultural da harmonia entre a proteção dos sítios urbanos e rurais e a preservação da biodiversidade como incentivo em todos os projetos com a natureza”.31

Em 1995, a Carta de Brasília define aspectos culturais vinculados à preservação com a identidade e homogeneidade de outras culturas, reconhece

30Carta de Machu Picchu 1977. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br. Coletânea Virtual – Cartas Patrimoniais – Carta de Carta Machu Picchu> p. 05. Acesso em: fev. 2009.

31Declaração de São Paulo 1989. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br. Coletânea Virtual – Cartas Patrimoniais – Declaração de São Paulo> p. 01. Acesso em: fev. 2009.

(41)

a composição diversificada das cidades, os valores das maiorias e minorias, e não somente das culturas dominantes. Ressalta as diferentes vertentes que integram uma sociedade com leituras de tempo e espaço diferentes, mas com a mesma validade e autenticidade das culturas tradicionais.

Paisagem Paisagem Paisagem Paisagem

O conceito de paisagem é abordado em várias correntes do meio acadêmico, sendo as mais comuns a geografia, a arquitetura e o urbanismo. O geógrafo Raul Alfredo Schier apresenta a divisão da paisagem em dois tipos: a paisagem natural e a paisagem cultural. A natural engloba os elementos combinados como o terreno, a vegetação, os solos, os rios e os lagos; e a paisagem cultural abarca as modificações feitas pelo homem, como nos espaços urbanos e rurais.32

Para Schier33 o conceito de paisagem parte de uma avaliação que define o conjunto de elementos envolvidos, a escala a ser considerada e a temporalidade na paisagem. Trata-se de um objeto que envolve seu contexto geográfico e histórico, considerando a configuração social, os processos naturais e humanos.

Para a definição dos elementos da paisagem urbana torna-se pertinente uma breve fundamentação a partir da obra de Kevin Lynch:

a) percursos - são os espaços organizados, como ruas ou porções de ruas, que se apresentam continuamente;

b) pontos nodais ou núcleos - são pontos estratégicos na área urbana, ou o encontro de vários percursos;

c) setor - é uma porção do território urbano identificada na sua totalidade;

32 SCHIER, Raul Alfredo. Trajetória dos ConceitosTrajetória dos ConceitosTrajetória dos Conceitos de Paisagem na GeografiaTrajetória dos Conceitos de Paisagem na Geografia de Paisagem na Geografia de Paisagem na Geografia. Curitiba: Ed.

UFPR, 2008. p. 79-85.

33Ibid., p. 85.

(42)

d) limites - são as bordas características dos setores; visualmente, são seu término;

e) marcos - são monumentos ou parte deles, de fácil identificação.34

Os municípios aqui estudados têm em suas ruas e avenidas a caracterização de seus percursos, são vias contínuas e quarteirões em grandes extensões. O município de Capão do Leão tem uma morfologia diferente dos demais, com quarteirões um pouco menores e ortogonais, próximos à avenida principal (centro comercial da cidade), a partir da qual as ruas secundárias surgem perpendicularmente (figura 7B).

Os núcleos ou pontos nodais são caracterizados pela quantidade pequena de vias e os entroncamentos bem definidos, o que propicia pontos estratégicos nas cidades. Em Arroio do Padre (figura 08) e Morro Redondo, por exemplo, na chegada da área urbana encontra-se uma pequena rótula que distribui o tráfego.

Figura 08 - Estrada do Arroio do Padre, Arroio do Padre - RS.

Fonte: foto do autor, 2008.

O setor pode ser identificado pelos bairros, os municípios aqui estudados possuem esses espaços bem delimitados. Normalmente são

34LYNCH, Kevin: A Imagem da CidadeA Imagem da CidadeA Imagem da CidadeA Imagem da Cidade.... São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 47-66.

(43)

ocupações com a morfologia urbana diferenciada e dividindo a cidade em partes com maior e menor poder aquisitivo. Morro Redondo tem o Bairro Fiss, ilustrado na figura 09, com uma malha viária reticulada, diferente do resto da cidade, que tem um traçado longitudinal.

Figura 09 - Bairro Fiss, Morro Redondo - RS.

Fonte: disponível em www.portalmunicipal.org.br. Acesso 2007.

Os limites ficam bem claros, definem os bairros e separam a área urbana da rural. Em alguns casos são próximos (figura 09), diferentemente das grandes cidades, com áreas urbanas de grandes extensões e distâncias entre bairros.

Quanto aos marcos, em alguns casos são de atributos naturais. Em Morro Redondo, por exemplo, é o morro que deu origem ao nome do município, localizado na parte mais alta da cidade.

Para o geógrafo Milton Santos, a paisagem abarca dois enfoques: a paisagem e o espaço. Ele diz:

“A paisagem é um conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima “.35

35SANTOS, Milton. A natureza do espaçoA natureza do espaçoA natureza do espaço. São Paulo: Ed.USP, 2006. p. 103.A natureza do espaço

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