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O IMPACTO DO TURISMO FLUVIAL NO DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DEMARCADA DO ALTO DOURO VINHATEIRO O CASO DOS NAVIOS HOTEL

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Academic year: 2021

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O IMPACTO DO TURISMO FLUVIAL NO

DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DEMARCADA DO ALTO DOURO VINHATEIRO

O CASO DOS NAVIOS HOTEL

Ana Rita Falcão da Costa Marques

Orientador

Prof. Dr. Bruno Miguel Barbosa de Sousa

Coorientador

Prof.ª Dr.ª. Laurentina Maria da Cruz Vareiro

Dissertação apresentada

ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

para obtenção do Grau de Mestre em Gestão do Turismo Este trabalho não inclui as críticas e sugestões feitas pelo Júri.

dezembro, 2019

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(FOLHA EM BRANCO)

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O IMPACTO DO TURISMO FLUVIAL NO

DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DEMARCADA DO ALTO DOURO VINHATEIRO

O CASO DOS NAVIOS HOTEL

Ana Rita Falcão da Costa Marques

Orientador

Prof. Dr. Bruno Miguel Barbosa de Sousa

Coorientador

Prof.ª Dr.ª Laurentina Maria da Cruz Vareiro

Dissertação apresentada

ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

para obtenção do Grau de Mestre em Gestão do Turismo Este trabalho não inclui as críticas e sugestões feitas pelo Júri.

dezembro, 2019

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DECLARAÇÃO

Nome: Ana Rita Falcão da Costa Marques Endereço eletrónico: ritafcmarques@gmail.com

Título da Dissertação: O Impacto do Turismo Fluvial no Desenvolvimento Económico da Região Demarcada do Alto Douro Vinhateiro

Subtítulo da Dissertação: O Caso dos Navios Hotel Orientador: Prof. Dr. Bruno Sousa

Coorientador: Prof.ª Dr.ª Laurentina Vareiro Ano de conclusão: dezembro, 2019

Designação do Curso de Mestrado: Mestrado em Gestão do Turismo

Nos exemplares das Dissertações /Projetos/ Relatórios de Estágio de mestrado ou de outros trabalhos entregues para prestação de Provas Públicas, e dos quais é obrigatoriamente enviado exemplares para depósito legal, deve constar uma das seguintes declarações:

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO (indicar, caso tal seja necessário, nº máximo de páginas, ilustrações, gráficos, etc.), APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, NÃO É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DE QUALQUER PARTE DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO

Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, ___/___/______

Assinatura: ________________________________________________

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RESUMO

O turismo é, cada vez mais, uma atividade segmentada e onde frequentemente surgem interesses individuais distintos (i.e., segmentos ou nichos turísticos). São notórios o peso e a importância que o turismo apresenta para o crescimento de um território, ao nível do contributo para o PIB e geração de novos empregos. Nesse sentido, o turismo náutico tem, atualmente, como segmento mais evidente o turismo de cruzeiros. Com o aumento significativo deste segmento turístico nos últimos anos, há cada vez mais a necessidade de estudo do seu impacto social, económico e ambiental nos locais onde existe este tipo de atividade. Neste seguimento, o presente estudo tem como principal foco perceber o contributo do turismo náutico para o desenvolvimento de uma região. Em concreto, e tendo como foco específico o estudo da importância do rio Douro para o desenvolvimento da Região Demarcada do Alto Douro Vinhateiro.

Após enquadramento teórico sobre os principais tópicos de estudo, procedeu-se a uma recolha de dados de natureza qualitativa com recurso a entrevistas semiestruturadas. Foram desenvolvidas entrevistas a gestores e stakeholders no Douro e Porto e Norte de Portugal e, seguidamente, realizou- se um grupo de foco com 8 participantes da comunidade.

Os resultados obtidos na pesquisa exploratória e descritos na revisão da literatura sugerem que o turismo náutico, nomeadamente o turismo de cruzeiros, tem um impacto significativo no desenvolvimento económico, social e ambiental das regiões. Com base na revisão da literatura e no estudo empírico desenvolvido chega-se à conclusão que este segmento da indústria turística se relaciona diretamente com o progresso de determinado local. O impacto deste tipo de turismo a nível económico e social é positivo e serve de alavanca para o crescimento económico e para o desenvolvimento social, especialmente de locais menos desenvolvidos. No que diz respeito ao fator ambiental, a controvérsia é maior uma vez que os efeitos negativos aparentam ser mais e ter maior impacto do que os positivos. Numa perspetiva interdisciplinar, o presente estudo apresenta inputs para o marketing e turismo (i.e., segmentação em turismo), economia e desenvolvimento local (i.e., impactos na perspetiva da oferta turística). No final, serão apresentadas algumas limitações do estudo e delineadas as próximas linhas de investigação.

Palavras-chave: Impactos do turismo, Região Demarcada do Alto Douro Vinhateiro, Rio Douro, Turismo de cruzeiros, Turismo náutico

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O IMPACTO DO TURISMO FLUVIAL NO DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DEMARCADA DO ALTO DOURO VINHATEIRO

O CASO DOS NAVIOS HOTEL

ABSTRACT

Tourism is increasingly a segmented activity where separate individual interests often arise. The importance of tourism for the growth of a territory, at the level of the contribution to the GDP and generation of new jobs, is notorious. In this sense, nautical tourism currently has cruising tourism as the most prominent segment. With the significant increase of this tourist segment in the last years, there is an increasing need to study its social, economic and environmental impact in the places where this type of activity exists. With this in mind, the main objective of this study is to understand the contribution of the nautical tourism to the development of a region. Specifically, with focus on the study of the importance of the Douro River for the development of the Demarcated Region of the Alto Douro Vinhateiro, the study will be carried out in the perspective of the tourist offer (i.e. agents of tourist activities).

After a theoretical framework on the main topics of study, a qualitative method will be used to collect data, through semi-structured interviews. The interviews will be conducted with managers and stakeholders in the Douro and in Porto and Northern Portugal, followed by a focus group with 10 community participants.

The results obtained in the exploratory research and described in the literature review suggest that nautical tourism, specifically the cruise tourism, has a significant impact on the economic, social and environmental development of the regions. Based on studies of several authors, it is concluded that this segment of the tourism industry is directly related to the progress of a certain place. The impact of this type of tourism on economic and social level is positive and serves as a lever for economic growth and social development, especially in less developed places. Regarding the environmental factor, the controversy is bigger since the negative effects appear to be more and have greater impact than the positive ones. In an interdisciplinary perspective, the study presents inputs for marketing and tourism (i.e., segmentation in tourism), and economy and local development (i.e.

impacts on the perspective of tourism). In conclusion some limitations of the study will be presented and the next lines of research will be outlined.

Keywords: Cruise tourism, Demarcated Region of Alto Douro Vinhateiro, Impacts of tourism, Nautical tourism, Rio Douro

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e ao Gabri, pelo apoio em todas as etapas da minha vida. Por acreditarem em mim e sempre me lembrarem do que eu sou capaz. Sobretudo pelo amor incondicional, pelo abraço-casa e pelo exemplo que representam.

À Frederica, Dias, tia Fátima, tia Lice e Filipa por fazerem de todas as vezes que vou a casa o típico almoço de domingo, ao qual o trabalho muitas vezes me impede de estar presente.

À família de coração, Pinto, Bruna, Rita L., Lima, Rui e Nelson, aos Reis e ao Crombez e Jorge por tantas memórias e pela cumplicidade, partilha e amizade sem distância nem tempo contado.

Aos meus fiéis companheiros da Vaikers por toda a contribuição, convívio e amizades criadas nas águas do Douro.

Aos participantes das entrevistas e do grupo de foco pela disponibilidade e paciência para colaborar, essenciais à realização deste estudo.

Aos meus orientadores, Professor Bruno e Professora Laurentina por toda a dedicação, preocupação e disponibilidade demonstrada durante esta jornada. Obrigada por partilharem conhecimento e por me incentivarem a querer fazer mais e melhor.

Um agradecimento final ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave por me ter dado a possibilidade de cumprir mais um dos objetivos do meu percurso académico.

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DEDICATÓRIA

Esta secção é facultativa. Se não a utilizar, selecione desde o início do título desta secção até ao início do título da secção seguinte e remova tudo (tecla Del Windows ou Shift + Del Mac).

Se a utilizar, mude a cor do texto deste parágrafo e do título da secção para branco (de modo a que não sejam impressos, mas sejam colocados no índice) e coloque a dedicatória desejada no parágrafo seguinte.

Pelo saber cuidar. Pelo altruísmo. Pelos valores.

Para ti, tia Rosa

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ÍNDICE

RESUMO ... IV ABSTRACT ... VI AGRADECIMENTOS ... VIII ÍNDICE ... XIII INDICE DE TABELAS ... XV INDICE DE FIGURAS ... XVII INDICE DE GRÁFICOS ... XVII

INTRODUÇÃO ... 1

1. SEGMENTAÇÃO DO TURISMO ... 3

1.1. CONCEITO DE SEGMENTAÇÃO ... 3

1.2. SEGMENTAÇÃO DO MERCADO TURÍSTICO ... 4

1.3. TURISMO DE CRUZEIROS ... 5

1.3.1. MOTIVAÇÕES PARA A PROCURA DE TURISMO DE CRUZEIROS ... 7

1.3.2. TURISMO DE CRUZEIROS NA EUROPA E EM PORTUGAL ... 9

2. IMPACTOS DO TURISMO ... 11

2.1. IMPACTOS ECONÓMICOS ... 11

2.2. IMPACTOS SOCIOCULTURAIS ... 14

2.3. IMPACTOS AMBIENTAIS ... 15

2.4. IMPACTOS DO TURISMO DE CRUZEIROS ... 18

3. A REGIÃO DEMARCADA DO ALTO DOURO VINHATEIRO ... 21

3.1. DOURO PATRIMÓNIO DA UNESCO ... 21

3.2. IMPORTÂNCIA DO RIO DOURO PARA A REGIÃO ... 24

3.3. TURISMO FLUVIAL NO RIO DOURO ... 26

4. METODOLOGIA ... 29

4.1. MODELO UTILIZADO ... 29

4.2. OBJETIVOS DO ESTUDO ... 29

4.3. MÉTODO DE RECOLHA E ANÁLISE DE DADOS ... 30

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ... 32

5.1. ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA ... 32

5.1.1. O PESO DA CLASSIFICAÇÃO DA UNESCO ... 33

5.1.2. A IMPORTÂNCIA DA NAVEGABILIDADE ... 33

5.1.3. NAVIO HOTEL: RELEVÂNCIA PARA A REGIÃO ... 36

5.1.4. ASPETOS ECONÓMICOS ... 38

5.1.5. ASPETOS SOCIOCULTURAIS ... 41

5.1.6. ASPETOS AMBIENTAIS ... 45

5.2. GRUPO DE FOCO ... 48

5.2.1. IMPORTÂNCIA DA ABERTURA DA NAVEGABILIDADE ... 49

5.2.2. RELAÇÃO ENTRE O APARECIMENTO DO TURISMO DE CRUZEIROS E O INTERESSE TURÍSTICO NA CIDADE DO PESO DA RÉGUA ... 49

5.2.3. CONTRIBUTO DO TURISMO DE CRUZEIROS PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIDADE DO PESO DA RÉGUA ... 50

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5.2.3.1. Aspetos socioculturais ... 50

5.2.3.2. Questões económicas ... 51

5.2.3.3. Impactos ambientais ... 52

5.2.4. O FUTURO DO TURISMO DE CRUZEIROS NO RIO DOURO E A SUA SUSTENTABILIDADE ... 53

5.2.4.1. Aumento da frota de navios a circular ... 53

5.2.4.2. A sustentabilidade ... 54

CONCLUSÃO ... 55

LIMITAÇÕES DO ESTUDO E PESQUISA FUTURA ... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 59

ANEXOS ... 64

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INDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Resumo dos impactos económicos do turismo ... 14

Tabela 2 – Impactos socioculturais do turismo ... 15

Tabela 3 - Impactos ambientais provocados pelo turismo ... 16

Tabela 4 - Benefícios do Turismo Sustentável ... 18

Tabela 5 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 33

Tabela 6 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 34

Tabela 7 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 34

Tabela 8 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 35

Tabela 9 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 35

Tabela 10 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 35

Tabela 11 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 36

Tabela 12 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 37

Tabela 13 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 37

Tabela 14 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 38

Tabela 15 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 38

Tabela 16 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 39

Tabela 17 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 40

Tabela 18 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 40

Tabela 19 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 40

Tabela 20 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 41

Tabela 21 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 41

Tabela 22 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 42

Tabela 23 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 43

Tabela 24 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 43

Tabela 25 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 44

Tabela 26 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 45

Tabela 27 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 46

Tabela 28 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 46

Tabela 29 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 47

Tabela 30 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 47

Tabela 31 - Frase ilustrativa no âmbito da entrevista semiestruturada ... 48

Tabela 32 - Frase ilustrativa no âmbito do grupo de foco ... 49

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Tabela 33 - Frase ilustrativa no âmbito do grupo de foco ... 49 Tabela 34 - Frase ilustrativa no âmbito do grupo de foco ... 50 Tabela 35 - Frase ilustrativa no âmbito do grupo de foco ... 50 Tabela 36 - Frase ilustrativa no âmbito do grupo de foco ... 51 Tabela 37 - Frase ilustrativa no âmbito do grupo de foco ... 52 Tabela 38 - Frase ilustrativa no âmbito do grupo de foco ... 52 Tabela 39 - Frase ilustrativa no âmbito do grupo de foco ... 53 Tabela 40 - Frase ilustrativa no âmbito do grupo de foco ... 53 Tabela 41 - Frase ilustrativa no âmbito do grupo de foco ... 54 Tabela 42 - Frase ilustrativa no âmbito do grupo de foco ... 54

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INDICE DE FIGURAS

Ilustração 1 – Região Demarcada do Douro e as suas subdivisões ... 22

INDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Número de passageiros de cruzeiros no mundo nos últimos 10 anos ... 7

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INTRODUÇÃO

O turismo de cruzeiros é um componente da indústria turística que tem vindo a crescer visivelmente nos últimos anos. Um pouco por todo o mundo é possível embarcar num navio de cruzeiro, de rio ou de mar, e explorar vários destinos turísticos sem ter que mudar de alojamento ou de meio de transporte. Por ser um tipo de turismo que incluí praticamente todas as facilidades que o cliente procura, está a tornar-se cada vez mais popular na indústria.

Em Portugal, este tipo de turismo surge no rio Douro na década de 90. Desde a abertura da navegabilidade do rio em toda a sua extensão, o mesmo tem sido um meio cada vez mais utilizado por turistas curiosos vindos de todo o mundo. A partir do momento em que a procura e a oferta turística aumentam drasticamente, surge também a necessidade de estudo. Assim, a escolha da problemática abordada na presente dissertação surgiu da escassa existência de estudos realizados até ao momento, aliada a um interesse muito pessoal adquirido durante quase três anos de experiência profissional na indústria de cruzeiros.

Posto isto, os objetivos traçados para o desenvolvimento deste trabalho prendem-se, primeiramente, com uma análise da segmentação da indústria turística no geral, passando depois para o turismo de cruzeiros e os seus impactos económicos, ambientais e socioculturais. Depois desta análise geral seguimos para o objetivo principal deste estudo que é perceber o impacto do turismo fluvial, em particular dos navios hotel, no desenvolvimento da Região Demarcada do Alto Douro Vinhateiro.

Para o desenvolvimento desta temática optamos por utilizar uma metodologia qualitativa, onde serão realizadas quatro entrevistas semiestruturadas e um grupo de foco, ambos com participantes direta ou indiretamente ligados à indústria de navios hotel no rio Douro.

Em suma, a estrutura definida para a realização do trabalho inicia-se com um enquadramento teórico no âmbito do turismo de cruzeiros e o seu impacto. Posteriormente será abordada a temática do rio Douro enquanto destino turístico fluvial seguida da análise dos impactos do turismo de navios hotel com base nos resultados obtidos nas entrevistas semiestruturadas e no grupo de foco.

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1. SEGMENTAÇÃO DO TURISMO

1.1. CONCEITO DE SEGMENTAÇÃO

“Não sendo possível tratar todos os consumidores da mesma maneira, a segmentação de mercado faz-se necessária como primeiro passo na gestão do marketing, que consiste no processo de dividir o mercado total em subgrupos ou segmentos manejáveis com o fim de obter maior eficiência na oferta de produtos”

(Sancho, 2001 p. 271).

Todo o turista é diferente. Cada um tem os seus motivos e motivações para viajar e por isso a procura por determinado destino ou tipo de alojamento depende diretamente do propósito da viagem e da vontade do turista. Sendo o setor turístico cada vez mais exigente ao longo dos anos, surgiu então a necessidade de estudo e planeamento do seu mercado. Neste seguimento surge o conceito de segmentação que Smith (1956) definiu inicialmente como sendo a visão de um mercado heterogéneo dividido em pequenos mercados homogéneos com o objetivo de ir de encontro às necessidades destes segmentos de mercado.

A segmentação de mercado é, então, uma estratégia que permite formar grupos homogéneos de indivíduos com determinadas características pessoais similares. Esta divisão é feita através de critérios de segmentação que, no caso do turismo, podem contemplar fatores demográficos, geográficos, socioeconómicos ou psicográficos. A segmentação demográfica contempla uma divisão baseada em fatores que têm a ver com as características dos indivíduos como a idade ou a etnia; a nível geográfico a segmentação é feita de acordo com a localização geográfica do destino em questão e ainda com fatores como o clima ou a densidade populacional; no que diz respeito à segmentação socioeconómica, esta tem por base critérios como a classe económica ou social dos indivíduos em questão; a segmentação psicográfica procura classificar o turista tendo em conta as suas preferências e motivos. valorizando a sua personalidade e interesses (Dias & Cassar, 2005).

A segmentação de mercado apresenta vantagens como a possibilidade de localizar nichos de mercado que não possuam saturação, ou seja, onde ainda existem oportunidades de negócio e nichos de mercado que ainda não estejam a ser desenvolvidos e também a permissão do estabelecimento de prioridades, nomeadamente nos grupos aos quais não estão a ser satisfeitas as necessidades requeridas (Xia et al., 2009).

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“A segmentação de mercado, no turismo, é muito importante, pois vai determinar os mercados-alvo que serão os futuros objetivos do esforço de marketing. Quanto mais as características do mercado-alvo são conhecidas, maior a eficácia de suas técnicas mercadológicas de publicidade, promoção, vendas e relações públicas” (Lage, 1992 p.62).

1.2. SEGMENTAÇÃO DO MERCADO TURÍSTICO

Sancho (2001, p. 43) define oferta turística como “o conjunto de produtos turísticos e serviços postos à disposição do usuário turístico num determinado destino, para seu desfrute e consumo.”

A segmentação da oferta turística é uma estratégia que procura a otimização do setor através de recursos de marketing, seja pelo próprio turista com o objetivo de elevar a sua satisfação, seja pelas empresas que procuram a cada dia aumentar os seus lucros (Koc & Altinay, 2007).

“A estratégia de segmentação de mercado reconhece que poucas zonas de destinação turística são possíveis e desejáveis em escala universal.

Consequentemente, em lugar de dissipar os recursos de promoção e publicidade com a intenção de contemplar a todos os consumidores em potencial, a melhor estratégia de mercado é assinalar quais são os segmentos de mercado total que se deseja atingir, e dirigir os esforços promocionais especificamente aos desejos e necessidades desse seleto grupo” (Lage, 1992 p. 63).

Uma vez feita a diferenciação do tipo de turista de acordo com os critérios de segmentação de mercado, chegamos à necessidade de segmentar também a oferta turística de acordo com a preferência e exigência dos indivíduos e daqui surgem os diversos tipos de turismo de onde o turista pode optar.

O Ministério do Turismo do Brasil (2010, p. 74) diz que “a segmentação com base na oferta define o tipo de turismo que será oferecido ao visitante. A definição desses tipos de turismo é realizada a partir da existência de certas características comuns em um território, tais como:

aspetos e características comuns (geográficas, históricas, arquitetónicas, urbanísticas, sociais);

atividades, práticas e tradições comuns (esportivas, agropecuárias, de pesca, manifestações culturais, manifestações de fé́); serviços e infraestrutura comuns (serviços públicos, meios de hospedagem e de lazer).”. Partindo deste pressuposto é possível identificar vários tipos de turismo, entre os quais: Turismo Cultural, Turismo de Estudos e Intercâmbio, Turismo Desportivo, Turismo

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Social, Ecoturismo, Turismo Náutico, Turismo de Aventura, Turismo de Sol e Praia, Turismo de Negócios e Eventos, Turismo Rural e Turismo de Saúde (Ministério do Turismo do Brasil, 2010).

O Turismo Náutico é toda a navegação feita por embarcações na água seja ela fluvial, marítima, oceânica ou em lago. Diferencia-se dos outros tipos de turismo uma vez que o principal atrativo é a embarcação que serve ao mesmo tempo de meio de transporte turístico (Ministério do Turismo do Brasil, 2010). Com base nesta classificação é possível inserir o Turismo de Cruzeiros e o Turismo Fluvial no segmento do Turismo Náutico.

1.3. TURISMO DE CRUZEIROS

Turismo Náutico de Cruzeiros, segundo o Ministério do Turismo do Brasil (2010, p.17), caracteriza-se pela “prestação de serviços conjugados com transporte, hospedagem, alimentação, entretenimento, visita de locais turísticos e serviços afins, quando realizados por embarcações de turismo.”

As viagens de passageiros em meios de transporte marítimo até 1950, sensivelmente, foram realizadas com o objetivo da deslocação de migrantes, de tropas ou para outros serviços logísticos tendo como características, segundo Pereira e Sá (2010), o espaço nos camarotes ser maior do que o das zonas comuns, a restauração ser de baixa qualidade, variedade e espaço e o divertimento ser praticamente inexistente, sendo o fator crítico de sucesso o preço aliado à rapidez. Com a evolução dos tempos, os navios deixaram de ser apenas um meio de transporte e desde os anos 60/70 que passaram a ser aproveitados também como uma forma de turismo, dotado de bens e serviços que possibilitam o descanso e a diversão, reformulando as características existentes até aos anos 50. Nesta época os navios passaram a ser vistos como hotéis flutuantes em que o conforto e o descanso eram o fator crítico de sucesso e o espaço nos camarotes e zonas comuns, a qualidade da restauração e o divertimento passaram a ter uma maior aposta. Atualmente, desde os anos 90, o maior foco do negócio dos cruzeiros é serem resorts de recreação, sendo o fator crítico de sucesso o divertimento.

Com estas ambições surgiu a necessidade da existência de pessoal “extra-hotelaria” (como artistas, animadores, etc.) de maior espaço nas zonas comuns diminuindo o espaço dedicado aos camarotes.

Amaral (2006, p. 124), define cruzeiro marítimo dizendo que:

“pela variedade de opções de lazer, conforto e acomodações que oferece, um navio de cruzeiro pode ser definido com um ‘resort flutuante’. Além de transportar e alimentar o passageiro, um navio desse tipo proporciona inúmeras alternativas de lazer, garantindo tranquilidade, conforto, segurança e colocando à disposição

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do passageiro todos os elementos necessários para o seu lazer (shows, festas, discoteca, bares, casino, restaurantes, cinema)”.

Além das comodidades presentes, os cruzeiros marítimos possuem também um fator diferenciador que é, provavelmente, um dos motivos da elevada procura: os portos de escala (Machado & Peluso, 2013). Apesar de ser uma forma de turismo peculiar, o turismo de cruzeiros mantém características idênticas a qualquer produto turístico, entre as quais a perecibilidade (perde- se se não se vender), a heterogeneidade (combina fatores que fazem da viagem uma experiência única) e a complementaridade (na medida em que combina vários serviços que permitem a formação da experiência do cruzeiro) (Mill, 2007).

“O Turismo de cruzeiros tem vindo a posicionar-se em todo o mundo como um segmento com fortes taxas de crescimento e excelentes oportunidades de negócio”

(Amorim et al., 2012 p. 31).

A indústria de cruzeiros é o mais evidente e relevante setor do Turismo Náutico (Tey &

Paris, 2010) e apesar deste estar em cada vez maior expansão a nível global, a região da América do Norte é um marco devido à quantidade de passageiros, embarques e desembarques, portos, diversidade de itinerários e navios dedicados à região (Miller & Grazer, 2006). Ainda assim, a Cruise Industry News (2009, citado em Amorim et al., 2012) identifica cinco grandes regiões pelo mundo:

Caribe/Bahamas, destino com maior procura a nível mundial com cerca de 50% dos cruzeiros em 2008; Mediterrâneo e Sudeste da Europa; Alasca; Norte da Europa; Ásia/Pacífico, com destinos ricos em história, cultura e tradições.

Segundo os dados da Cruise Lines International Association (CLIA, 2018), a procura pelo turismo de cruzeiros pelo mundo (cruzeiros de oceano e cruzeiros fluviais) tem vindo a crescer de forma abrupta. Estatísticas de 2017 revelam que o número de passageiros em cruzeiros de oceano aumentou em cerca de 50% desde o ano de 2009, passando de 17,8 milhões para 26,6 milhões e com a previsão de 30 milhões de passageiros para o ano de 2019 – ver gráfico 1.

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Gráfico 1 – Número de passageiros de cruzeiros no mundo nos últimos 10 anos

Fonte: CLIA, 2018

Davidoff e Davidoff (2006, citado em Amorim et al., 2012 p.24), afirmam que o crescimento do setor do turismo de cruzeiros se baseia em quatro fatores relevantes para o desenvolvimento do mesmo, que são: “1) Os passageiros têm a oportunidade de visitar diversos lugares em um curto período de tempo sem os problemas de outros meios de transporte; 2) O navio é autossuficiente; 3) Os navios de cruzeiro possuem um diretor e os funcionários cuja única função é fazer com que os passageiros passem um tempo agradável; 4)Os alimentos são de alta qualidade e são servidos em um estilo elegante.”

Um estudo do impacto económico global de 2017 da Cruise Line International Association (2018) revela que aliado aos mais de vinte e seis milhões de passageiros que viajaram nesse ano, existia um total de 1,108,676 de postos de trabalho na indústria gerando assim um total de cerca de cento e trinta e quatro biliões de euros só com o setor de cruzeiros em todo o mundo.

1.3.1. MOTIVAÇÕES PARA A PROCURA DE TURISMO DE CRUZEIROS

Apesar do fator económico ser, muitas das vezes, um determinante no comportamento dos consumidores de turismo, nem sempre este é o mais importante na tomada de decisão.

“...não existem dois indivíduos iguais e suas decisões dependerão de suas atitudes (reflexo de valorizar positiva ou negativamente alguma coisa), de suas perceções (impressões mentais do entorno), de suas personalidades (combinação de características psicológicas, que incluem gostos, preferências, etc.) e de suas experiências prévias (quase todo o comportamento humano é adquirido). Esses aspetos configuram juízos subjetivos dos consumidores, que influem no processo de decisão” (Sancho, 2001, p. 63).

17,8 19,1 20,5 20,9 21,3 22,34 23,06 25,2 26,7 28,2 30

0 5 10 15 20 25 30 35

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018p 2019p

p=projeção

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Sendo o pacote turístico uma compra intangível e que implica a necessidade de planear e economizar previamente, a tomada de decisão pelo turista que consome é feita com maior ponderação do que quando se trata da compra de outro bem ou serviço uma vez que o risco financeiro é mais elevado. Desta forma, deverá surgir previamente o motivo da viagem, que representa o estímulo inicial que dá o arranque a todo o processo posterior de tomada de decisão (Sancho, 2001).

Moutinho (1987) identifica uma série de motivações que determinam o desejo de viajar, entre elas estão: Educação e cultura - para conhecer o dia-a-dia da população de outros lugares ou para visitar monumentos, assistir a eventos e compreender acontecimentos atuais; Relaxar, aventura e lazer – para escapar da rotina e dos deveres, experienciar novas vivências, lugares e gentes; Saúde e espairecimento – para descansar e recuperar ou para fazer exercício; Família e amigos – para visitar/passar tempo com amigos e familiares ou para conhecer os lugares de onde são provenientes;

Snobismo – viajar para exibir estatuto, porque está na moda, para poder falar dos lugares visitados.

O aumento da procura de cruzeiros tem a ver, sobretudo, com as suas próprias características.

A combinação num único espaço de transporte, alojamento, alimentação e atividades de lazer faz dos navios cruzeiro um destino em si. Estes, que eram vistos apenas como um meio de transporte pelas águas, transformaram-se ao longo do tempo em verdadeiros resorts flutuantes para férias. Toda a envolvência deste tipo de turismo torna-o peculiar e abrangente naquelas que são as motivações para o turista o escolher. Yoon e Uysal (2005) afirmam que as motivações influenciam a satisfação do turista com a viagem e, consequentemente, a sua lealdade aos destinos. No caso dos cruzeiros, uma vez que a visita a determinado destino é limitada pela quantidade de tempo que o navio está lá atracado, a lealdade pode ser demonstrada pelo retorno ao destino (Teye & Paris, 2010).

Assim, para que se entendam as motivações do turista que opta por fazer viagens neste tipo de embarcações, partiremos primeiramente do entendimento do perfil do turista de cruzeiros. De um modo geral, segundo dados da CLIA (2018) e também do Ministério do Turismo do Brasil (2010) sobre o perfil do turista de cruzeiros pode dizer-se que a grande maioria está compreendida entre os 31 e os 65 anos, procura segurança e conforto, grande parte tem rendimentos acima da média, possui um nível superior no que toca a habilitações literárias e é proveniente dos Estados Unidos da Améria (cerca de 12 milhões) seguindo-se a China e a Alemanha (com pouco mais de 2 milhões de passageiros).

Teye e Paris (2010) afirmam que o navio em si, as suas características e os bens e serviços que oferece podem ser um grande fator de motivação para alguns turistas optarem por cruzeiros, chegando mesmo (para alguns) o navio a ser considerado o destino turístico em si. Outro fator motivacional reside no facto de a maioria das férias em cruzeiros serem vendidas em pacotes de tudo incluído, sendo desta forma umas férias “fáceis” tendo quase tudo disponível num único lugar. A

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combinação de diferentes portos de escala em vez de um só destino de férias pode também ser uma forte motivação para a escolha deste tipo de turismo uma vez que permite aos passageiros experimentarem múltiplos destinos, muitas vezes em diferentes países ou continentes, numa só viagem. Os autores identificam a opção de o passageiro não desembarcar nos portos de escala como mais um fator motivacional uma vez que a experimentação do navio em si pode ser a sua maior motivação para a viagem. Também o clima nos portos de escala é um fator que poderá ser decisivo para a escolha de determinado itinerário na visão dos autores. Ainda o facto desta indústria ser, normalmente, um produto turístico de qualidade superior aliado a uma boa relação qualidade-preço;

com o desenvolvimento cada vez mais competitivo a nível de preços, os cruzeiros têm, atualmente, opções para todas as classes económicas.

Dependendo da idade do passageiro as suas motivações podem também ser diferentes. Segundo os estudos de Cartwright e Baird (1999) que exploram as diferenças nas motivações consoante a idade, perceberam que passageiros com menos de 50 anos têm mais em conta as condições climatéricas, o entretenimento e as instalações para crianças enquanto que aqueles com mais de 50 anos importam-se mais com as questões de segurança e facilidades durante a viagem. Os autores dizem ainda que as principais razões pelas quais o turista escolhe os cruzeiros e não outro tipo de férias, reside no facto de procurarem uma viagem que combina relaxamento, segurança e aspetos sociais.

Estudos da Cruise Line International Association (CLIA, 2010) divulgam que 80% dos passageiros de cruzeiros concordam que este tipo de viagens são uma boa forma de experimentar novos destinos e 40% destes indivíduos voltaram a estes mesmos destinos para férias.

1.3.2. TURISMO DE CRUZEIROS NA EUROPA E EM PORTUGAL

Dados de 2017 revelam que os maiores consumidores do turismo de cruzeiros na Europa são Alemanha, Reino Unido, Itália, Espanha e França representando 85% dos cerca de sete milhões de passageiros europeus que viajaram nesse ano. Cerca de 6,5 milhões desses passageiros embarcaram nos cruzeiros a partir de portos europeus de onde se destacam Barcelona, Copenhaga, Civitavecchia, Génova, Palma de Maiorca, Southampton, Veneza, Hamburgo, Savona e Quiel. Neste ano, o mercado europeu foi detentor de 35% da contribuição global para a indústria de cruzeiros com 21,3 biliões de dólares em gastos diretos, com 403,621 postos de trabalho (diretos, indiretos e induzidos) (CLIA, 2018).

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Mendes e Silva (2012) afirmam que o sucesso da indústria de cruzeiros na Europa é explicado com o grande aumento dos investimentos e novas rotas e navios e o aumento da satisfação dos passageiros que resulta num passa-a-palavra eficiente.

“As características únicas, em termos de segurança física e de navegabilidade, as vantagens em termos de proximidade geográfica, o que permite a visita de vários locais em pouco tempo, têm promovido todos os portos de cruzeiros, alavancando a sua importância estratégica e económica...” (Mendes & Silva, 2012 p. 141)

Em Portugal, estatísticas do Porto de Lisboa (2011) e da Administração dos Portos da Região Autónoma da Madeira (APRAM, 2011) revelam que os portos de Lisboa e do Funchal chegaram ao meio milhão de passageiros no ano de 2011, registando sensivelmente o mesmo número até ao ano de 2017. A Associação do Porto de Leixões (APDL, 2018) regista números bem inferiores, no entanto em rápido crescimento, passando dos 41,829 passageiros em 2011 para 95,562 no ano de 2017. Tendo em conta estes números, Portugal recebeu 3,7% do total de passageiros na Europa nos seus portos de escala. Quanto à percentagem de passageiros por país de origem, Portugal é responsável pela emissão de 0,7% dos passageiros de cruzeiros entre 2015 e 2017 (CLIA, 2018).

O Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT) de 2007 definiu dez produtos turísticos estratégicos a desenvolver sendo um deles o turismo náutico subdividido em três segmentos - cruzeiros, iates e marítimo-desportivos. Análises realizadas neste âmbito mostram que o Turismo Marítimo em Portugal está pouco explorado e com carências a nível da estruturação e dinamização.

A Estratégia do Turismo 2027 (Turismo de Portugal, 2017) refere também nas tipologias de projetos prioritários para o desenvolvimento turístico do país e das regiões a curto/médio prazo – operacionalização 2017-2020 – a necessidade de promover e captar rotas de cruzeiros e de operações turísticas, de fortalecer a competitividade e a atratividade dos portos e ainda o melhoramento dos sistemas de navegabilidade (este ponto direcionado para a navegação fluvial).

Apesar de ser um setor ainda em desenvolvimento, estudos baseados em gastos médios diários dos turistas em portos europeus apontam para que em 2009 o setor de cruzeiros em Portugal tenha gerado entre 34 e 45 milhões de euros (Mendes & Silva, 2012). Para além de um destino turístico de cruzeiros, Portugal é também uma fonte de tripulação e de reparação de navios. Por este motivo, em 2017, encontrava-se em nono lugar no top ten do número de postos de trabalho criados pelo setor com um total 9,984 empregos (CLIA, 2018).

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Apesar dos dados acima referidos se relacionarem apenas com os cruzeiros marítimos, Portugal tem vindo a desempenhar um importante papel no desenvolvimento dos cruzeiros fluviais nomeadamente no rio Douro, que será abordado mais à frente neste trabalho.

2. IMPACTOS DO TURISMO

O turismo em determinado local é impactante desde o primeiro momento, uma vez que envolve atividade. Sendo uma forma desse mesmo local se dar a conhecer ao mundo com objetivo de promover a sua identidade cultural, o turismo tem automaticamente consequências sejam elas positivas ou negativas. Os impactos desta indústria são então fruto das divergências culturais, sociais e económicas entre a população residente e os turistas. Medir e avaliar estes impactos nem sempre é fácil uma vez que o turismo envolve e interage com vários setores de atividade (Oliveira & Salazar, 2011), no entanto, é uma tarefa fundamental para alcançar o sucesso no desenvolvimento do turismo sustentável (Otarra, 2014).

Perceber os impactos do turismo a nível ambiental, económico e sociocultural irá, por exemplo, ajudar na conservação dos recursos naturais ou da vida selvagem, a impulsionar investimentos e a educar turistas. Avaliar estes efeitos do turismo auxilia aqueles que são responsáveis pela tomada de decisões, na criação de estratégias que controlem a conservação, na racionalização dos investimentos e na educação dos comportamentos dos turistas rumo ao turismo sustentável (Otarra, 2014).

Segundo Mings e Chulikpongse (1994, citados em Oliveira & Salazar, 2011, p. 746), “o turismo atua como um agente de mudança, trazendo inúmeros impactos às condições económicas regionais, às instituições sociais e à qualidade ambiental.” Por vezes, tipos de turismo idênticos podem até desencadear impactos diferentes, dependendo da natureza das sociedades em que ocorrem.

Os impactos do turismo são, assim, o resultado de um processo complexo de interação entre os turistas e as comunidades recetoras (Oliveira & Salazar, 2011).

2.1. IMPACTOS ECONÓMICOS

O setor turístico é uma indústria de grande complexidade e que tem, normalmente, repercussões muito significativas na economia dos países e regiões onde se desenvolve. Consoante o local em causa, a importância do turismo na economia poderá ser mais ou menos importante – dependendo, por exemplo, se está em questão um país em vias de desenvolvimento ou desenvolvido ou até se envolve várias indústrias ou apenas uma.

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“Seguramente, pode-se considerar o turismo internacional como uma atividade de exportação invisível de bens e serviços turísticos por parte do país recetor dos turistas e visitantes, com a particularidade de que esses efetuam o consumo dos bens e serviços no próprio país recetor. Analogamente, o turismo nacional poderia ser considerado como uma exportação entre diferentes regiões do mesmo país” (Sancho, 2001, p. 202).

De um modo geral é possível enumerar diferentes aspetos benéficos da atividade turística para a economia de determinado país. Introduzimos como primeiro aspeto a contribuição do turismo para o equilíbrio da balança de pagamentos. Neste âmbito sabe-se que o setor turístico se apresenta como uma célere forma de equilibrar a balança de pagamentos nacional, havendo entradas de divisas através da receita gerada pelos visitantes de fora do país e sendo os gastos contabilizados através do consumo realizado pelos nacionais no exterior (Ardahaey, 2011). De acordo com Mathieson e Wall (1982), mensurar a contribuição do setor para o equilíbrio da balança de pagamentos é mais eficaz se for realizada através de categorias de efeitos: Efeitos primários – caracterizados pelos gastos dos nacionais de determinado país num país exterior e os gastos dos visitantes exteriores nesse determinado país; Efeitos secundários – Diretos: gastos com o marketing, as importações, comissões, juros e dividendos inerentes à atividade turística. Indiretos: receitas obtidas pelos estabelecimentos turísticos de primeira linha (como os hotéis, restaurantes, transportes, etc.) que posteriormente são gastas noutros prestadores de serviços locais. Induzidos: receitas obtidas a partir dos gastos diretos e indiretos que vão para a população residente através de salários, dividendos e lucros.

Também como aspetos positivos para a economia apontam-se: a contribuição do turismo para o Produto Interno Bruto (PIB) - que é possível avaliar através do cálculo da diferença entre o gasto turístico nacional e internacional e os custos inerentes à compra de bens e serviços pelo setor turístico; a contribuição do turismo para a criação de empregos, na medida em que é um setor que depende maioritariamente da componente humana para a sua atividade (existem ainda muitos casos em que a qualificação profissional dos trabalhadores do setor ainda é carente, no entanto este é um fator que está em grande mudança e por esse motivo, o turismo contribui também para a qualificação profissional e cultural dos seus trabalhadores); o turismo como motor da atividade empresarial, sendo uma atividade que necessita do apoio de outros setores da economia, a indústria turística é formada por grupos de empresas que dependem direta ou indiretamente umas das outras - havendo crescimento da atividade turística há, consequentemente, o crescimento da procura de bens e serviços (ainda neste âmbito importa também referir que o setor do turismo necessita constantemente de infraestruturas das quais acabam por beneficiar tanto a população local como os outros setores da

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economia (como é exemplo o caso de um aeroporto)); a contribuição da atividade turística para o aumento e a distribuição das receitas. É um benefício reconhecido, que pode melhorar substancialmente a qualidade de vida da população residente num determinado destino turístico e que dada a melhor distribuição das receitas, contribui para o equilíbrio regional do país (Sancho, 2001).

A nível de custos, que podem ser vistos como fatores negativos da atividade turística, surgem os custos de oportunidade que surgem caso um projeto turístico não seja valorizado e é possível comparar o benefício do investimento de recursos nesse projeto com os benefícios que existiriam caso tivesse sido aplicado a outro fim ou até a sua não utilização. Os custos derivados das flutuações da procura turística, é outro fator que pode ser prejudicial à economia de um país ou região. Como falado acima, a indústria do turismo é dependente de outros setores da economia e vice-versa, e por esse motivo caso a procura turística diminua (seja pelo fator da sazonalidade, mudanças políticas ou qualquer outro fator que provoque esta diminuição), consequentemente irá diminuir também a procura de bens e serviços locais que resultará em carência de salários, benefícios e qualidade de vida. Outro aspeto que poderá causar um impacto negativo é a possível inflação derivada da atividade turística. Este fator surge quando existe uma subida dos preços dos bens e serviços apresentados pelos negócios turísticos. Normalmente, os turistas dispõem de um poder de compra que lhes permite fazer face aos preços praticados pela indústria turística mesmo que estes tenham sofrido inflação. No entanto, surge uma situação que pode ser problemática quando a população residente não consegue suportar estes mesmos aumentos que afetam todos: locais, residentes e turistas. A perda de benefícios económicos potenciais surge maioritariamente nos países em desenvolvimento que muitas das vezes têm limitações de capital para investimentos e onde o setor turístico depende excessivamente de investimentos estrangeiros. Neste caso, a perda de benefícios ocorre uma vez que a maior parte dos lucros gerados pela atividade desenvolvida vai para fora desse país rumo aos países de origem dos investidores. Quando um país é autónomo a este nível e tem capital investidor dentro do próprio país, este deixará de se tornar um impacto sentido negativamente. As distorções na economia local são mais um dos impactos negativos do setor turístico. Vimos que o turismo pode desenvolver positivamente a atividade empresarial de outros setores da economia, no entanto nem sempre isto acontece. Quando o desenvolvimento turístico ocorre apenas num único local ou região, isola outras não permitindo o seu desenvolvimento ou quando um local turístico com muitas oportunidades de emprego atrai trabalhadores de outros setores, extrairá capital humano a esses mesmos setores prejudicando-os assim no seu crescimento (Sancho, 2001).

Se houver planeamento e gestão dos recursos turísticos antecipadamente, os impactos

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ou até neutralizados, bem como poderão ser colmatados posteriormente se tomadas medidas eficientes.

Tabela 1 – Resumo dos impactos económicos do turismo

Impactos positivos Impactos negativos

Ø Equilíbrio da balança de pagamentos Ø Contribuição para o PIB

Ø Criação de postos de trabalho Ø Qualificação profissional Ø Desenvolvimento da atividade

empresarial

Ø Aumento e distribuição das receitas

Ø Custos de oportunidade

Ø Flutuações da procura turística (ex.

sazonalidade) Ø Inflação

Ø Dependência de investimentos estrangeiros

Ø Distorções na economia local

Fonte: Sancho, 2001

2.2. IMPACTOS SOCIOCULTURAIS

“Os impactos socioculturais, numa atividade turística, são o resultado das relações sociais mantidas durante a estada dos visitantes, cuja intensidade e duração são afetadas por fatores espaciais e temporais restritos” (Sancho, 2001, p. 215)

É num meio onde se encontram pessoas de backgrounds culturais, sociais e económicas muito diversos que se desenvolve a atividade turística. É desta diversidade no destino turístico que surge a necessidade de estudo dos impactos socioculturais.

Esses impactos e a intensidade com que se fazem sentir variam consoante a região em questão, o tipo de turista que a visita, as diferenças culturais, políticas e religiosas de quem recebe e de quem visita (Oliveira & Salazar, 2011). A interação entre os turistas e a comunidade local poderá ser um dos fatores com impacto menos positivo na medida em que os visitantes podem não ter a sensibilidade necessária para entender e respeitar as tradições e costumes de determinada região.

Assim, os efeitos na comunidade recetora tanto poderão ser positivos como negativos (Zaei & Zaei, 2013).

De Kadt (1979, citado em Sancho, 2001 p. 215) defende que existem três situações em que existe interação entre o turista e a comunidade local que será quando o turista compra ao residente, quando frequentam o mesmo espaço físico (como espaços públicos) e quando existe troca de informações entre o visitante e o local. No turismo em massa, as duas primeiras situações ocorrem com mais frequência uma vez que o visitante não tem interesse em se inserir na cultura da região daí

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terem um contacto apenas quando necessário. No entanto, ainda que o contacto entre turistas e população local não seja muito aprofundado, o efeito demonstração – mudanças sociais, culturais ou comportamentais que surgem meramente da observação comportamental dos turistas por parte da comunidade local – pode ocorrer. Também impactos indiretos induzidos podem ocorrer, por exemplo do facto de surgirem novos bens, serviços e infraestruturas de apoio ao turismo que podem levar a um desenvolvimento a nível educacional ou de cuidados de saúde. Também a conservação do património cultural, o aumento da realização de eventos sociais e culturais e a construção de novas infraestruturas de desporto e recreação, são consequências do desenvolvimento do setor turístico que provocam impactos nos destinos (Zaei & Zaei, 2013).

Tabela 2 – Impactos socioculturais do turismo

Impactos socioculturais positivos Impactos socioculturais negativos Ø Melhoria nas comodidades e nas

instalações das regiões turísticas Ø Recuperação e conservação de valores

culturais (monumentos, costumes, gastronomia, etc.)

Ø Aumento da tolerância social (intercâmbio cultural)

Ø Efeito demonstração (quando muda mentalidades e atitudes que melhoram a qualidade de vida da população local)

Ø Diferenças sociais entre turistas e residentes

Ø Turismo de massa (não existe um verdadeiro intercâmbio cultural e social)

Ø Efeito demonstração (quando provoca a descaracterização da cultura da comunidade recetora)

Fonte: Sancho, 2001

2.3. IMPACTOS AMBIENTAIS

A maior parte das atividades económicas necessitam da utilização de recursos naturais para se desenvolver e por isso, necessariamente, causam impactos no meio ambiente, sejam eles positivos ou negativos. No setor turístico, uma vez que precisa de um ambiente para acontecer, existe uma estreita ligação de dependência com o meio ambiente. Para que o desenvolvimento da atividade turística ocorra, é essencial o uso de recursos da natureza. O problema surge quando os limites para a capacidade de adaptação dos ecossistemas são ultrapassados e reduzem e colocam em risco irreversível a diversidade ecológica. O exemplo do turismo em espaço rural retrata com clareza a

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leva à procura de novos lugares muitas vezes inseridos em ecossistemas frágeis que se forem mal explorados correrão o risco de sofrer uma degradação irreversível (Sancho, 2001).

Os países desenvolvidos estão cada vez mais conscientes para este tipo de impactos e preocupados em legislar e consciencializar a população para estas questões. Existem até entidades privadas que aderem a este movimento ecológico percebendo que daí podem tirar vários benefícios como aumentar os seus lucros, melhorar a eficiência nos custos e ainda apresentar uma boa imagem diante do consumidor e do mercado em geral. Já os países em vias de desenvolvimento têm um longo caminho a percorrer. Sendo a qualidade de vida da população um objetivo, muitas vezes, ainda por atingir, as suas prioridades focam-se em alcançar esse mesmo objetivo que se baseia muito na exploração de recursos do meio ambiente. O turismo é uma forte fonte de rendimento que é mais facilmente alcançável do que noutros setores da economia (Rabbany et al., 2013).

Na Tabela 3 são apresentados, de acordo com Sancho (2001), os impactos ambientais provocados pelo turismo.

Tabela 3 - Impactos ambientais provocados pelo turismo

Impactos ambientais positivos Impactos ambientais negativos Ø Revalorização da região (aprovação

de medidas de conservação e melhoria da qualidade ambiental) Ø Adoção de medidas de preservação

do património da região (fauna e flora, espécies animais em vias de extinção, edifícios e lugares históricos)

Ø Estabelecimento de modelos de qualidade (praias com bandeira azul) Ø Maior envolvimento da administração

pública e da população

Ø Arquitetura não integrada na paisagem Ø Tratamento incorreto de lixo

Ø Poluição (ar, água, sonora, do solo) Ø Destruição da paisagem natural

(exemplo das zonas costeiras) Ø Perturbação da vida dos ecossistemas Ø Degradação da paisagem de sítios

históricos e monumentos

Ø Rivalidade na utilização de recursos naturais

Fonte: Sancho, 2001

Atualmente, de um modo geral, existe uma preocupação crescente com os problemas ambientais que têm desenvolvido as ideias de uma economia sustentável que se baseia em princípios destacados na Conferência do Rio em 1992, entre os quais: respeitar e cuidar as comunidades,

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melhorar a qualidade de vida humana, conservar a vitalidade e a diversidade da Terra, minimizar a destruição dos recursos renováveis, manter-se dentro da capacidade de carga da Terra, mudar as atitudes e ações da população para adotar a ética de vida sustentável, capacitar as comunidades para cuidar do meio ambiente, promover um esquema nacional para integrar desenvolvimento e conservação (Croall, 1995). Vinte anos depois, em 2012, na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável – RIO+20, foi feito um balanço dos objetivos traçados em 1992, reforçando e aumentando a importância de uma economia verde e das ações a tomar para garantir o desenvolvimento sustentável do planeta (FUNAG, 2012).

No setor turístico surge a necessidade de conjugar o desenvolvimento turístico com uma utilização eficiente dos recursos naturais – o Turismo Sustentável. Neste tipo de turismo é tida em conta a preservação dos elementos que têm favorecido o desenvolvimento da atividade turística e dos destinos (Sancho, 2001).

“A proteção do meio ambiente, mediante a conservação dos recursos dos que dependem do turismo, pode trazer grandes vantagens aos mercados turísticos:

maior satisfação dos consumidores, maiores oportunidades de investimentos futuros, um estímulo para o desenvolvimento económico e melhoria no bem-estar da comunidade recetora. Em suma – o objetivo que norteia a atuação económica – obter maior lucro – e o objetivo ecológico – guiado pela ideia de conservar e fazer bom uso dos recursos renováveis e não-renováveis...” (Sancho, 2001, p. 230).

Soifer (2008) afirma que quando bem organizado, o Turismo Sustentável é um bom negócio para se estar envolvido na medida em que apresenta maiores rendimentos do que o habitual no setor turístico. Segundo o autor, este tipo de turismo é protagonizado por um tipo de turistas muito específico que está disposto a pagar o que, na visão deles, é justo por um destino turístico que ofereça condições sustentáveis e inseridas no meio ambiente. Neste âmbito, o turista procura destinos que tenham em consideração aspetos como a reciclagem ou poupança de água e energia e que simultaneamente ofereçam opções diversificadas de férias na natureza (como observação de pássaros, atividades de montanhismo, pesca e caça ou atividades náuticas).

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Tabela 4 - Benefícios do Turismo Sustentável

Benefícios do Turismo Sustentável

Ø Ajuda na conservação do meio ambiente Ø Ajuda na conservação do património cultural

Ø Melhorias nas comunidades locais (distribuição mais justa dos custos e dos benefícios, criação de postos de trabalho, estimula as indústrias domésticas, injeção de capital exterior na economia local, diversificação da economia local, incentiva o entendimento dos impactos do desenvolvimento turístico, consciencializa para a importância dos recursos naturais e culturais, etc.)

Fonte: Sancho, 2001

Em Portugal, a Estratégia de Turismo 2027 definiu metas a nível da sustentabilidade ambiental no turismo que ambicionam que entre 2017 e 2027 mais de 90% das empresas do turismo adotem, promovam e desenvolvam medidas de utilização e gestão eficiente da energia, da água e dos resíduos (Turismo de Portugal, 2017).

2.4. IMPACTOS DO TURISMO DE CRUZEIROS

“O rápido crescimento do setor de cruzeiros exige da atividade turística formas de atender os princípios básicos de sustentabilidade ambiental, económica e social, visando mitigar os impactos causados e melhorar as ofertas de qualidade dos serviços” (Amorim et al., 2012, pp. 28, 29).

O turismo de cruzeiros é a indústria turística com o mais rápido desenvolvimento do setor crescendo, muitas vezes, desproporcionalmente em países em vias de desenvolvimento. Por este facto, o seu impacto local (nos destinos turísticos por onde passa), é um caso que merece atenção e estudo (MacNeill & Wozniak, 2018). A este setor é cada vez mais indispensável aliar a sustentabilidade por ser agora considerado como um turismo de massas por via marítima (Amorim et al., 2012).

Aliados à imagem de uma indústria com efeitos positivos, em crescimento e com grande potencial, surgem impactos nas comunidades recetoras associados a problemas ambientais, sociais e económicos (Ponton & Asero, 2018).

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A nível económico, o turismo de cruzeiros tem consequências que poderão ser diretas, indiretas ou induzidas: Diretas, são as despesas em fornecedores que vendem bens e serviços diretamente aos navios, passageiros e tripulação. Indiretas, são os gastos dos fornecedores diretos, como por exemplo a compra de bens a outras empresas. Induzidas, provêm das despesas dos benificiários diretos e indiretos resultantes dos seus rendimentos aumentados. A contribuição económica da indústria de cruzeiros depende do tipo de porto em questão que poderá ser porto de chamada ou base (“homeport”). No primeiro, o passageiro passa menos tempo uma vez que é uma paragem intermédia ao longo do itinerário do cruzeiro. Homeport, é o destino onde o cruzeiro inicia e termina o seu percurso (Brida & Zapata, 2010).

Segundo Brida e Zapata, (2010), a nível económico o homeport sofre impactos diretos em vários segmentos da indústria como os transportes, restauração ou a hotelaria uma vez que uma grande parte dos passageiros passam, no mínimo, uma noite nesse porto antes de embarcar no cruzeiro. Para os autores, o facto de os navios de cruzeiro incluírem transporte, alojamento (com refeições incluídas), entretenimento e agências de tours, representando assim todas as faces da indústria turística, torna- os competidores diretos com outros negócios turísticos localizados em terra. Ainda, como influência na intensidade dos efeitos económicos, os autores referem a possibilidade que os passageiros têm de escolherem não desembarcar nos portos de escala, a dimensão que esses portos têm e ainda o investimento de capital necessário à construção e manutenção das infraestruturas necessárias à existência de um porto de navios.

Como referido na secção 1.3., o turismo de cruzeiros é muito procurado por contemplar a maioria das comodidades num só pacote turístico. Por este motivo, Brida e Zapata, (2010), consideram que as companhias de cruzeiros são as maiores beneficiadas pela atividade a nível económico na medida em que:

- Grande parte das atividades nos destinos são vendidas a bordo e a companhia retira, muitas das vezes, 50% ou mais do valor pago pelo turista;

- Os operadores turísticos que pretendam fazer a sua publicidade a bordo, têm que pagar à companhia de cruzeiros em questão;

- Algumas das maiores companhias de cruzeiros possuem uma ilha privada, obtendo assim todos os rendimentos dos bens e serviços lá prestados;

- Dominam a operação de tours e excursões em terra controlando os operadores locais que se sujeitam aos preços estipulados pelas companhias de cruzeiros e à incerteza da realização da sua atividade até um ou dois dias antes da chegada dos passageiros ao porto (uma vez que são atividades

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No entanto, dados da CLIA (2018) revelam que a indústria de cruzeiros no ano de 2017 contribuiu positivamente para a economia europeia. Graças ao aumento do número de passageiros que viajam na Europa e também ao aumento de navios que lá são construídos, esta indústria tem impactos significativos na economia do continente. Em termos de números, estudos revelam que este setor do turismo criou entre 2015 e 2017 mais de 43,000 novos postos de trabalho pela Europa gerando 12,77 biliões de euros em salários e benefícios para os trabalhadores e contribuindo com um valor recorde de 47,86 biliões de euros para a economia europeia em 2017.

A nível ambiental, um dos assuntos que atualmente causa mais controvérsia, Johnson (2002, p.

263) identifica como principais impactos: as modificações aos ambientes naturais e já construídos de forma a capacitar os destinos a receberem navios de cruzeiro provocando, consequentemente, a perda de habitats naturais; os que envolvem o uso de energia, água e outros, como anti incrustantes que resultam em estragos acidentais ou deliberados aos ecossistemas marinhos; associados ao transporte de passageiros nos homeports e nos portos de escala; as atividades recreativas na vida selvagem, que provoquem distúrbios e lixo e pressões sobre as espécies ameaçadas.

As emissões dos cruzeiros cobrem uma infinidade de resíduos orgânicos e inorgânicos em formas gasosas, líquidas e sólidas. Fatores como descargas de lixo orgânico e material tóxico, emissões de gases poluentes existentes nos combustíveis usados, descarga de águas residuais e de lastro, uso de biocidas, distúrbio físico dos animais e colisão e a poluição sonora e luminosa, são alguns dos impactos negativos da atividade da indústria (Caric & Mackelworth, 2014).

“O crescimento da indústria de cruzeiros parece, portanto, estar em conflito com o paradigma da sustentabilidade, tendo como pano de fundo um ecossistema cada vez mais frágil” (Ponton & Asero, 2018, p. 57).

Ponton e Asero (2018) afirmam que apesar de já existirem várias medidas verdes implementadas nos navios de cruzeiro e de muitas das companhias se considerarem e publicitarem como ecofriendly, ainda há um longo caminho a percorrer para a sustentabilidade desta indústria turística.

No que diz respeito a fatores socioculturais, os impactos do turismo de cruzeiros, no geral, vão de encontro aos já apresentados anteriormente do setor turístico. No entanto, Brida e Zapata, (2010), referem alguns fatores diferenciadores que se apresentam como aspetos negativos da indústria de cruzeiros:

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- Concentração no mesmo espaço de passageiros de cruzeiros, residentes e turistas que permanecem de férias nesse mesmo destino;

- Adoção de hábitos e rotinas dos visitantes (ex.: foi relatado que alguns destinos das Caraíbas deixaram de usar o seu idioma regional);

- Competição por um espaço, em especial em destinos pequenos onde o rácio de turistas por residente é grande;

- Questões trabalhistas – por navegarem com Bandeiras de Conveniência (Flag of Convenience) as companhias de cruzeiros não têm que pagar um salário mínimo legal sendo, por este motivo, muitas vezes os postos de trabalho vistos como uma exploração dadas as longas horas e salários baixos.

Num estudo realizado por MacNeill e Wozniak (2018) sobre os impactos do turismo de cruzeiros em Trujillo nas Honduras, os autores concluem que os inúmeros benefícios apontados durante os estudos para avaliar a viabilidade da construção de um porto de cruzeiros em Trujillo acabaram por não coincidir com a realidade estudada após a construção e atividade do mesmo. Os autores referem que existiram benefícios no capital social e segurança, mas estes foram ofuscados por um aumento da corrupção e dos custos ambientais e uma diminuição da capacidade dos residentes se proverem para as necessidades do dia-a-dia.

Em suma, concluímos através da literatura existente que assegurar um desenvolvimento sustentável da indústria num determinado destino tem grandes exigências e que ainda existe muito a fazer para combater os impactos negativos do turismo de cruzeiros MacNeill e Wozniak (2018).

3. A REGIÃO DEMARCADA DO ALTO DOURO VINHATEIRO

3.1. DOURO PATRIMÓNIO DA UNESCO

Situada a Norte de Portugal, considerada Património Mundial da UNESCO em 2001, o Alto Douro Vinhateiro é a região vitícola demarcada e regulamentada mais antiga do mundo com origens que remontam para o ano de 1756 (Sousa, Monte & Fernandes, 2013). Foi nesse ano (1756) em que Sebastião José de Carvalho e Melo, conhecido como o Marquês de Pombal, criou a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro – Real Companhia Velha – sediada no Porto. Para além da demarcação do Alto Douro, esta empresa teve também como funções a regulamentação do Vinho do Porto, também chamado de vinho de embarque ou vinho do Douro (Sousa, 2006).

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A área classificada como Alto Douro Vinhateiro estende-se entre dois extremos que já são também considerados Património Mundial, nomeadamente a cidade do Porto numa extremidade e na outra, praticamente na fronteira com Espanha, o Parque Arqueológico do Vale do Côa contemplando assim uma área de cerca de 24,600 hectares dos 225,400 hectares totais da Região Demarcada do Douro (UNESCO, 2001). Localizados ao longo das encostas do rio Douro e dos seus afluentes Varosa, Corgo, Távora, Toro e Pinhão, 13 dos 22 municípios que constituem a região do Douro fazem parte da sua área classificada: Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Lamego, Mesão Frio, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Tabuaço, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa e Vila Real (Sousa et al., 2013).

Ilustração 1 – Região Demarcada do Douro e as suas subdivisões

Fonte: CCM NEWS, 2019

“A paisagem cultural do Alto Douro Vinhateiro combina, de forma ímpar, a natureza monumental do vale do rio Douro, feito de encostas íngremes e solos pobres e acidentados, com a ação ancestral e contínua do Homem, adaptando o espaço às necessidades agrícolas de tipo mediterrâneo que a região suporta”

(ELA, 2010).

Referências

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