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JHENNIFER PEREIRA GONÇALVES A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL EM CUIDADOS PALIATIVOS. Campo Grande 2020

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Campo Grande 2020

JHENNIFER PEREIRA GONÇALVES

A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL EM CUIDADOS

PALIATIVOS

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Campo Grande 2020

A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL EM CUIDADOS PALIATIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhanguera Uniderp, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Nilza Santana.

JHENNIFER PEREIRA GONÇALVES

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A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL EM CUIDADOS PALIATIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhanguera Uniderp, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). __________________

Prof(a). __________________

Prof(a). __________________

Campo Grande, 04 de dezembro de 2020.

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GONÇALVES, Jhennifer Pereira. A prática do assistente social em cuidados paliativos. 2020. 25 fls. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Universidade Anhanguera Uniderp, Campo Grande, 2020.

RESUMO

O conceito de multidisciplinaridade tem se tornado um padrão na área da saúde, em busca de um atendimento mais completo às necessidades de pacientes e familiares, sobretudo em casos de maior gravidade e nos quais a permanência hospitalar em internação ou tratamento é mais extensa ou demandante, o que envolve o Serviço Social. O objetivo geral desta monografia foi discutir o papel do Assistente Social nas equipes e/ou práticas de cuidados paliativos frente ao paciente e seus familiares / cuidadores. Foi realizada uma revisão de literatura entre publicações impressas e eletrônicas, corte temporal entre 2000-2020, excetuando legislações que podem extrapolar esta margem, e publicação em língua portuguesa ou inglesa, pesquisadas sobre os descritores “Cuidados Paliativos”, “Serviço Social” e “Assistência”. Foi observado que os o assistente social foi apresentado, pela literatura, como agente que atua nos cuidados paliativos na forma de um agente de aporte, em que o direitos e garantias, bem como apoios possíveis, são encaminhados a quem de direito e seu suporte, tendo por finalidade uma vida digna e bem aportada. É, por fim, direito deste paciente, ter acesso ao suporte do assistente em qualquer tempo de sua doença, a fim de que os impactos sejam mediados de forma profissional e efetiva. Para estudos futuros, é importante a investigação sobre as possibilidades de intervenção deste profissional no luto e nos momentos de continuidade da família e núcleo de apoio à finitude.

Palavras-chave: Cuidados Paliativos. Serviço Social. Assistência.

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care. 2020. 25 fls. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Universidade Anhanguera Uniderp, Campo Grande, 2020.

ABSTRACT

The concept of multidisciplinarity has become a standard in the health area, seeking a more complete care to the needs of patients and family members, especially in cases of greater severity and in which hospital stay in hospitalization or treatment is more extensive or demanding, which involves social work. The general objective of this monograph was to discuss the role of the Social Worker in palliative care teams and/or practices in front of the patient and his/her family/caregivers. A literature review was conducted between printed and electronic publications, temporal cut between 2000-2020, except for legislation that may extrapolate this margin, and publication in Portuguese or English, researched on the descriptors "Palliative Care",

"Social Service" and "Assistance". It was observed that the social worker was presented, in the literature, as an agent who acts in palliative care in the form of a support agent, in which the rights and guarantees, as well as possible support, are forwarded to those who are entitled and their support, with the purpose of a dignified and well-beded life. Finally, it is the right of this patient to have access to the assistant's support at any time of his/her illness, so that the impacts are mediated professionally and effectively. For future studies, it is important to investigate the possibilities of intervention of this professional in mourning and in the moments of continuity of the family and core of support to finitude.

Key-words: Palliative Care. Social Services. Assistance.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 6

1 CUIDADOS PALIATIVOS: UMA ATENÇÃO SISTÊMICA ... 8

1.1 UM OLHAR MULTIPROFISSIONAL ... 9

2 O SERVIÇO SOCIAL E SUA ATUAÇÃO NOS DIFERENTES CONTEXTOS ... 14

3 O ASSISTENTE SOCIAL FRENTE À TERMINALIDADE: POSSIBILIDADES DIANTE DOS CUIDADOS PALIATIVOS ... 18

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 23

REFERÊNCIAS ... 24

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INTRODUÇÃO

Com o avanço de doenças crônicas e crônico-degenerativas, bem como com o aumento da perspectiva de vida da população, os cuidados paliativos se tornam, neste contexto, práticas de avanço progressivo que marcam o atendimento a demandas de atenção entre pacientes que apresentam doenças incuráveis ou terminais. Sua finalidade é um cuidado que envolve o indivíduo, a família e as equipes de cuidado, a fim de prover uma assistência pautada na dignidade de vida, no menor sofrimento e em uma série de fatores que tornam a finidade ou o cuidado crônico um processo pautado na máxima qualidade de vida possível. Nesta prática, a atenção holística às demandas do paciente e de seu grupo de cuidado é fundamental.

Junto a este cenário, existe na perspectiva de doenças de longa extensão uma condição que requer o olhar social, que se estende além do suporte imediato do indivíduo e prevê abordagens a demanda econômica e fatores correlacionados tendem a se sobrepor de forma representativa. O indivíduo e a família do paciente paliativo, desta forma, seriam sujeitos do olhar social – uma vez que a doença de médio e longo prazo usualmente concomita com fatores econômicos, familiares e sistêmicos que se tornam disfuncionais. Surge neste contexto um espaço à prática do assistente social nos cuidados paliativos.

A justificativa a esta pesquisa veio da percepção de que o conceito de multidisciplinaridade tem se tornado um padrão na área da saúde, em busca de um atendimento mais completo às necessidades de pacientes e familiares, sobretudo em casos de maior gravidade e nos quais a permanência hospitalar em internação ou tratamento é mais extensa ou demandante. Os cuidados paliativos não têm um período determinado, contudo, envolvem uma atenção continuada à casos para os quais a medicina curativa não é mais responsiva, envolvendo demandas psicossociais de urgência ou intensidade variável. Desta forma, torna-se relevante discutir o papel do Assistente Social neste contexto, bem como os diferenciais de sua presença nestas realidades.

Esta monografia foi desenvolvida na compreensão da perspectiva de que os

pacientes sujeitos deste cuidado usualmente vivenciam um decréscimo de suas as

condições de vida e subsistência se desestruturam e em que surgem necessidades

diversas que envolvem desde o acesso a medicamentos e tratamentos a condições

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básicas de vida. Nesta realidade, a questão norteadora da pesquisa foi: qual o papel do Assistente Social em uma equipe ou nas práticas de cuidados paliativos?

O objetivo geral desta monografia foi discutir o papel do Assistente Social nas equipes e/ou práticas de cuidados paliativos frente ao paciente e seus familiares / cuidadores. Os objetivos específicos foram: a) discutir o conceito de Cuidados Paliativos e sua abrangência; b) conceituar o Serviço Social e suas práticas gerais, em uma perspectiva de identificação da área, do profissional e de suas tarefas e c) analisar os espaços, possibilidades e práticas que formam o papel do Assistente Social frente aos cuidados paliativos.

Foi realizada uma revisão de literatura entre publicações impressas e eletrônicas, estas últimas recolhidas nas bases Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACs), Portal Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Pubmed e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), no corte temporal entre 2000-2020 e publicação em língua portuguesa ou inglesa. Foram empregados para a busca os descritores

“Cuidados Paliativos”, “Serviço Social” e “Assistência”. As publicações impressas e digitais foram lidas após coleta em seus resumos/abstracts para reconfirmação de adequação, e inseridas ou descartadas do escopo teórico de acordo com sua pertinência ao objeto. Os critérios de inclusão foram: suficiente resposta ao objeto de pesquisa, boa descrição metodológica, adequação temporal e idiomas selecionados.

A pluralidade de métodos e resultados apresentados integram a identidade própria das revisões narrativas, conduzidos de forma efetiva pelo crivo crítico da autoria de análise.

No primeiro capítulo, foi tratada uma abordagem geral a respeito dos

cuidados paliativos e sua atuação. No segundo capítulo a fundamentação foi

norteada a abordar o serviço social e suas práticas, delineando a atuação do

assistente social nos diferentes contextos. Por fim, o terceiro capítulo apresenta

como o assistente social pode atuar frente aos cuidados paliativos, elaborando os

espaços de abordagem e intervenção desta prática.

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1 CUIDADOS PALIATIVOS: UMA ATENÇÃO SISTÊMICA

Os cuidados paliativos formam uma rede complexa, ampla e multiprofissional de alta demanda contemporânea. Para compreender a proposição deste tema em Serviço Social, é necessário imergir sobre conteúdos e práticas paliativas para melhor posicionamento (SIMÃO; MIOTO, 2016).

Contemporaneamente, há uma a condição crescente de casos de doenças crônicas e crônico-degenerativas, com uma maior sobrevida dos indivíduos que as apresentam, que ocorre concomitantemente com o envelhecimento populacional. A partir dessa colocação, tendo em primeiro plano o bem-estar e os processos humanizados de cuidado ao docente crônico e terminal, que são prioridades, a própria viabilidade das redes de saúde depende da implementação de abordagens, redes e aportes externos ao cuidado nosocomial visando a atenção paliativa no ambiente domiciliar (BRAGA et al. 2016).

As doenças que se apresentam crônicas ou cuja cura não pode ser atingida colocam o indivíduo em uma condição de recepção de cuidados paliativos. Este tipo de cuidar representa uma atenção frente a qual não existe um intento curativo, mas o objetivo de oferecer da forma mais sistêmica possível aporte individual e ao núcleo familiar para um perpasse com a maior qualidade de vida possível do tratamento crônico. Assim, se existem desconfortos, dores ou outras condições inerentes da doença crônica ou incurável, bem como terminal, a finalidade do cuidar paliativo é levar alívio e melhor estrutura de perpasse. Dessa forma, é uma outra frente dos cuidados em saúde que apresenta uma dimensão distinta da reversão, mas prioriza a dignidade e a qualidade de vida como principais pontos de cuidado (SIMÃO; MIOTO, 2016).

Meneguin e Ribeiro (2016) descrevem os cuidados paliativos como um tipo

de oferta que se volta a uma prestação de cuidado integral e interdisciplinar ao

indivíduo que se apresenta irreversivelmente doente e aos seus familiares, no

intuito de uma finitude assistida e a mais ativa possível. Grande parte dos

pacientes iniciais destes cuidados eram pacientes oncológicos, mas atualmente é

uma atenção que pode ser empreendida a diversas doenças que não apresentam

perspectivas curativas e que podem ter melhor acompanhamento no ambiente

doméstico que nas incursões repetidas no âmbito hospitalar.

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A forma de prestar os cuidados paliativos é diversa, e os indivíduos podem ser assistidos em seus domicílios ou nos hospitais, conforme a situação se apresente. Existe uma preferência crescente ao cuidado domiciliar, não somente pelo maior conforto e privacidade ao paciente, mas também porque oferece uma condição em que, se bem aportado, o indivíduo pode cuidar de si e vivenciar com intensidade os momentos de seu cuidar com o seu círculo familiar – o que é especialmente importante para doenças terminais. A qualidade de vida e o intento reversivo abrem espaço para uma atenção plural à saúde, em que o melhor quadro possível passa a ser o objetivo da atividade cuidadora (MAZZI;

MARQUES, 2018).

Para Braga et al. (2016), a forma de cuidar, por essa condição crescente, tem sido repensada e há uma recorrente revisão acerca da morte institucionalizada, com priorização a uma abordagem humanizada em que, coberto da assistência necessária – e não somente deslocado do ambiente hospitalar a fim de viabilizar a rede – o paciente possa ter uma finitude assistida e suportada com medicamentos, zelo, atenção e a proximidade e comodidade de seu ambiente domiciliar, que lhe é intimo tanto quanto ao ambiente físico quanto aos familiares, que podem ter acesso, comunicação e aproximação de modo mais simples. É, desta forma, uma prática multiprofissional, como abordado em sequência.

1.1 UM OLHAR MULTIPROFISSIONAL

Existe uma necessidade de que os cuidados paliativos sejam abordados e,

para a viabilidade dos sistemas de saúde, que o cuidado domiciliar seja

culturalmente e diretamente abordado em sua retomada, revertendo um longo

histórico cultural de institucionalização do adoecimento e da morte. Neste sentido,

a Assistência Social tem um papel importante a ser desenvolvido para aproximar,

vincular e aportar o processo. A maior fragilidade desse processo é o fato de que

a cultura nosocomial, para ser revertida, requer um tempo significativo: o

afastamento dos processos naturais de morte e mesmo do contato com essa

possibilidade têm sido culturalmente fortalecidos. Porém, por questões humanas

e estruturais, a reversão se faz necessária, a partir em principal de uma dimensão

social de suporte a esta transição (SIMÃO; MIOTO, 2016).

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Há facilidades e potencialidades nesse sentido, não apenas dificuldades.

Em Mazzi e Marques (2018) é possível identificar que os cuidados paliativos conferem uma experiência única de convívio proximal e de experiência de cuidado e desligamento que pode ter uma série de aspectos positivos ao convívio familiar e intergeracional, não sendo restritos ao conforto e maior facilidade de recepção de atenção. Nos ambientes de saúde, o Assistente Social tem sido incorporado em redes de atendimento e acompanhamento, integrando a oferta de apoio, orientação e cuidado.

Com a sua presença e com o aporte que oferece a uma maior contextualização da assistência, o professional de Serviço Social termina atuando como um elemento fortalecedor de sustentação destas práticas e, no cuidado domiciliar ou hospitalar – embora o primeiro seja o alinhamento mais comum dos casos de longa duração pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o último uma prática mais imediata que requer integração aos envolvidos de forma intensiva – atua como um potente promotor de qualidade de vida e dignidade. A qualidade de vida e sua percepção se elevam por parte do paciente e, embora exista alguma possibilidade de fragilização da estrutura familiar a fim do quadro que levou a tal cuidado, este profissional aporta o núcleo nas diversas necessidades, pois nem sempre as famílias possuem arranjos suficientes para tal de forma confortável – os ganhos gerais do processo tendem a ser superiores (MYAGAWA, 2017;

SIMÃO; MIOTO, 2016).

Existe ainda uma resistência recorrente entre brasileiros, culturalmente

arraigados, da imersão e envolvimento nas práticas de cuidado paliativo. O

Assistente Social pode auxiliar nesta quebra e na prestação deste cuidado, com

maior eficácia a todos os envolvidos. No atendimento domiciliar, por exemplo, há

uma fragilidade maior pode ser identificada na necessidade de formação e

capacitação das equipes de visitantes para a identificação das demandas

familiares e de formas de abordagem, a fim de obter melhores resultados na

captação de necessidades e de processos de seleção e de orientação aos

sujeitos usuários. A presença do profissional de Assistência Social viabiliza um

atendimento mais amplo, com abordagem mais acertada e com melhores

resultados. Sua presença e os aportes que pode prover, em geral, promovem

uma maior cobertura estrutural e econômica da migração do cuidado, em especial

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o paliativo (altamente demandantes) a estruturas de maior fluidez, conforto ao paciente e racionalidade (SAVASSI, 2016; SIMÃO; MIOTO, 2016).

A condição de cuidado paliativo envolve quadros de intensa vulnerabilidade em que temas como qualidade de vida, proximidade, bem-estar a racionalidade se fazem presentes. Myagawa (2017) e Simão e Mioto (2016) refletem que esse tipo de atenção permite que o indivíduo que requer cuidados que possam conduzido nos diversos ambientes de vida e cuidado a uma situação em que haja condições mais íntimas, humanizadas e suficientes de atenção, com zelo por sua dignidade, privacidade, e evitação de rupturas importantes ligadas à condição, mais ainda se o cuidado for de longo prazo. Além disso, ao oferecer esse recurso, há uma consequente demanda por orientação psicossocial, em que o Assistente Social exerce um importante papel para que a família tenha suficiência nas atividades necessárias a esta assistência, formando trocas e aportes positivos.

Não é possível afastar de muitos casos de doenças crônicas ou terminais que o indivíduo vivenciará alterações importantes em sua rotina de vida, práticas e condições gerais mesmo de trabalho e renda. Se a doença incapacita, ela também demanda: os custos de tratamento e as demandas de cuidado podem ser um encargo representativo a muitas famílias e, desta forma, criar uma condição em que o cuidado paliativo precisa de uma representação e acolhida multidisciplinar. Não é possível centralizar o cuidado paliativo na doença: se existe uma perspectiva de dignidade, é necessário acionar recursos sociais também, a fim de assegurar uma finitude devidamente aportada (MYAGAWA, 2017).

De uma forma mais detalhada, Txiliski e Selow (2017) apresentaram as

finalidades dos cuidados paliativos prestado por equipes multidisciplinares, em

que se insere o profissional de Serviço Social, representa um cuidado orientado à

autonomia do paciente e de sua família, sendo oferecido sempre que houver

benéfico e que a troca for positiva para que o tratamento permaneça em oferta,

suprindo as diversas necessidades que podem transcender a doença. Estas

equipes asseguram que o indivíduo tenha cuidados suficientes para desenvolver

uma perspectiva mais positiva em sua finitude e que o processo seja perpassado

com as bases da dignidade e suporte a todos os envolvidos.

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A finitude ou o cuidado prolongado alteram o fluxo de vida dos núcleos familiares. Para alguns pacientes, forma-se uma rotina constante de idas e vindas hospitalares, de recepção de cuidados continuados e de um intercâmbio em que os espaços nosocomiais de cuidado passam a intercalar com os domicílios como zonas de elevada proximidade. Toda esta movimentação, para além de uma demanda de saúde, gera também custos representativos que precisam ser saneados, e nem sempre são subsidiados pela cobertura estatal. O paciente paliativo é um indivíduo de alta demanda, de duração de tratamento sem uma previsibilidade de extensão e que apresenta uma série de condições que evidenciam a sua forte dimensão multifatorial de atenção (SAVASSI, 2016).

A partir do reconhecimento de que o paciente paliativo surge acompanhado de uma rede nem sempre explícita de necessidades, os apoios multiprofissionais passaram a ser inseridos em suas rotas de cuidado. Assim, junto aos tratamentos que envolvem a saúde, os pacientes paliativos podem vir a receber suporte psicólogo, orientação de profissionais como fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, vivenciam indicações voltadas à qualidade de vida e estruturação familiar e, também, recebem, entre outras frentes possíveis, o trabalho do assistente social como forma de reestabelecer ou estruturar uma dinâmica de vida, cuidado e dignidade dentro das condições reais vivenciadas e da situação concreta do paciente (SIMÃO; MIOTO, 2016; SAVASSI, 2016).

Sendo desta maneira, o cuidado paliativo aciona uma série de camadas de suporte e atendimento que vão além da saúde e visam um quadro salubre de ordem psicossocial. É possível pensar em profissionais da saúde diversos atuando para a qualidade de vida deste paciente, mas também outros multiprofissionais ativos para a sua acolhida e para a recepção de seu núcleo familiar. O cuidar paliativo é, desta forma, uma demanda intensa de vida e cuidado que não se restringe ao adoecimento e ao indivíduo e é de forte ordem social integrativa (MYAGAWA, 2017).

Assim, em alinhamento à concepção conjunta extraída de Savassi (2016) e

Simão e Mioto (2016), esta monografia teve por orientação discutir a presença do

profissional de Serviço Social nas equipes de cuidados paliativos, uma vez que

este pode prover fatores como atendimento à sua dimensão social, bem-estar e

dignidade em um sentido de humanização, privacidade e atenção a demandas

que nem sempre podem ser externadas de forma clara e direta unicamente a

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equipes de saúde e requerem sensibilidade e abordagem social. Desta forma, o

capítulo seguinte imerge no conceito desta profissão e de seus espaços de

trabalho, no contexto do paliar e do suporte multiprofissional.

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2 O SERVIÇO SOCIAL E SUA ATUAÇÃO NOS DIFERENTES CONTEXTOS

Neste capítulo, o objetivo é elucidar sobre o serviço social e como ele atua de forma sistêmica nos mais diferentes contextos. Assim, para Iamamoto (2015) o passo inicial para o desenvolvimento do Serviço Social brasileiro foi dado por volta de 1930, no período marcado pelo avanço da urbanização brasileira e quando o êxodo rural entrou em seu momento máximo, com o agravamento da situação de miséria nas grandes cidades. Com o novo contingente urbano, o Estado teve de desenvolver novas formas de intervenção para atender à população de demanda nas pautas de renda, moradia, desenvolvimento econômico e social e vulnerabilidade – no atendimento a uma perspectiva de Estado ativo. O Serviço Social brasileiro surgiu nesse contexto, inicialmente para validar os interesses dominantes e o clientelismo político – contudo, tornando menos restritiva a vida das massas nas grandes cidades.

A promulgação da Constituição de 1988 foi fundamental para o reconhecimento do trabalho e lugar do Serviço Social, a partir da Política de Seguridade Social – que mudou a história de clientelismo e iniciou a abertura a um novo momento, em que os Direitos Fundamentais ocuparam o centro das ações e interesses e o desenvolvimento das pautas se tornou mais ordenado (SOARES, 2010).

Alguns anos mais tarde, o Serviço Social brasileiro foi regulamentado pela Lei n. 8213/1991, que definiu em seu art. 8 as competências e espaços do segmento, a saber: “[...] esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que emergirem de sua relação com a Previdência Social [...]” (BRASIL, 1991).

Em 1993 foi criada a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), focalizada nas minorias marginalizadas e excluídas e orientada ao crescimento do Serviço Social nacional. O principal objetivo desta lei é promover a “[...] integração entre o social e o econômico [...]. [Propõe] [...] descentralização política-administrativa sobre o controle da gestão e execução das políticas da Assistência Social” (YAZBECK, 2018, p. 19-20).

A gestão de Fernando Collor de Mello pouco contribuiu ao Serviço Social,

tanto que a Legião Brasileira da Assistência (LBA) não sobreviveu e teve boa parte

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de suas políticas desarticuladas. Em 1995, assume Fernando Henrique Cardoso e ocorre a extinção por decreto da LBA e se fora novo sistema, com a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) e o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). Naquele mesmo ano houve a 1ª Conferência Nacional de Assistência Social. A partir dali a União não era mais o centro e as responsabilidades passaram a ser compartilhadas também pelos Estados e Municípios, a fim de maior eficiência. Em 2005 foi elaborada a Norma Operacional Básica (NOB) do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), pactuada e revisada em 2010, com instâncias, articulações, gestão, regras de transição, níveis e justificativas de operacionalização (SOARES, 2010).

Estas são as bases do Serviço Social brasileiro que, partindo de uma iniciativa clientelista conseguiu se constituir como instrumento de direitos e de garantias fundamentais. Há constantes evoluções que formam essa prática e a assistência social tem plurais caminhos pelos quais se insere nas atividades públicas e iniciativas não governamentais e particulares para o desenvolvimento social dos indivíduos. Conforme a visão de Sposati (2011, p. 37), o Serviço Social brasileiro caminha no interesse de que a “[...] cidadania tem que se fazer sobre forma de solidariedade social que avance enquanto organização das classes subalternizadas”.

Desta maneira, é possível afirmar que o Serviço Social é uma prática renovadora. No artigo O serviço social na cena contemporânea, Iamamoto (2015) faz uma reflexão acerca do papel crítico renovador do Assistente Social, como aquele que intervém na sociedade em prol de novos rumos, oportunidades e possibilidades. De acordo com a autora

Esse processo de renovação crítica do Serviço Social é fruto e expressão

de um amplo movimento de lutas pela democratização da sociedade e do

Estado no país, com forte presença das lutas operárias, que impulsionaram

a crise da ditadura militar: a ditadura do grande capital. Foi no contexto de

ascensão dos movimentos políticos das classes sociais, das lutas em torno

da elaboração e aprovação da Carta Constitucional de 1988 e da defesa do

Estado de Direito, que a categoria de assistentes sociais foi sendo

socialmente questionada pela prática política de diferentes segmentos da

sociedade civil. E não ficou a reboque desses acontecimentos,

impulsionando um processo de ruptura com o tradicionalismo profissional e

seu ideário conservador. Tal processo condiciona, fundamentalmente, o

horizonte de preocupações emergentes no âmbito do Serviço Social,

exigindo novas respostas profissionais, o que derivou em significativas

alterações nos campos do ensino, da pesquisa, da regulamentação da

profissão e da organização político corporativa dos assistentes sociais

(IAMAMOTO, 2015, p. 4).

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Dessa forma, a atuação desse profissional é diretamente contra as disparidades sociais, bem como situações em que a condição humana seja colocada em condições de vulnerabilidade, o que se encaixa diretamente nas condições previstas na terminalidade e cuidados paliativos. Apesar de ser uma prática ampla, com frequência o Assistente Social tenha seu papel associado unicamente a atuação na vulnerabilidade social e mediação das condições de necessidade, informação e encaminhamento dos indivíduos. Vulnerabilidade social pode ser compreendida como a restrição de acesso às oportunidades da sociedade, do Estado e do mercado de trabalho, que gera consequente carência de atributos para uma vida plena e digna, na amplitude dessas coberturas (SPINK; RAMOS, 2016).

Esta é uma interpretação baseada na visão pragmática da profissão, em que Faleiros (2011, p. 5) explica se concentrar “[...] numa atitude voltada para a solução de problemas imediatos, sem pensar e refletir as consequências teóricas e históricas desta ação”.

Assim, conforme Faleiros (2011), agir de imediato no risco social em suas diversas frentes, ainda que na terminalidade da vida, integra a ação do Assistente Social, mas não contempla toda a sua ação. Parte importante do seu trabalho está na prevenção e promoção de oportunidades, na atuação junto a ações que se antecipam ao risco e intervém no oferecimento de melhores situações para o rompimento de ciclos de exclusão e para a maior igualdade social. É um profissional que tem presença ligada às mais diversas condições de resistência e promoção da igualdade, e pode surgir desde instituições como em hospitais, por exemplo, até movimentos e organizações sociais, grupos e conselhos e nos mais variados espaços.

No ambiente hospitalar, a presença do profissional de Serviço Social pode ser um dos pilares assumidos à prática. A assistência social é orientada à família e ao paciente, como parte das atividades institucionais em dois terrenos: as necessidades de aporte da estrutura e demanda social. É uma atuação baseada na superação das vulnerabilidades em uma “[...] luta por uma nova concepção de direitos [...]” (SPOSITO; CARRANO, 2016, p. 20).

Assim, trata-se de uma intervenção voltada ao resgate e valorização social

e sistêmica dos indivíduos em vulnerabilidade social e sistêmica com a doença,

como fonte de favorecimento para que tivesse iguais oportunidades que aqueles

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que não vivenciam tal condição de risco, uma vez que “o assistente social ingressa nas demandas de ordem social tendo por finalidade desenvolver um trabalho combinado ou cooperativo, que assume perfis diferenciados nos vários espaços ocupacionais” (IAMAMOTO, 2015, p. 352).

Assim, este profissional tem por orientação o suprimento às diferentes demandas que envolvem o risco social, e o profissional deve buscar atualização em palestras, seminários e outros, a fim de sua valorização e conexão profissional às demandas emergentes. Este profissional desenvolve um trabalho multidisciplinar junto aos atendidos, em busca de atingir o desenvolvimento dos indivíduos ao máximo potencial e assegurar o perpasse mesmo de momentos críticos (SOARES, 2010).

Os assistentes sociais realizam esta prática a partir de um seguimento e proteção que inclui a visita domiciliar e verificando as informações repassadas durante o processo seletivo, ações que no geral se enquadram no que expõe a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). Sob o posicionamento das demandas de vulnerabilidade, o assistente social atua junto aos indivíduos no enfrentamento das diferentes questões sociais que atingem a morte e seu aporte, tendo por base o Código de Ética dos Assistentes Sociais, as premissas possíveis ao no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), conforme as linhas da Política Nacional dos Assistentes Sociais (PNAS) e de acordo com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) (CASTRO; AQUINO, 2016).

Por fim, conforme Soares (2010), o conhecimento conquistado deve

sempre ser aperfeiçoado para que a atuação do Assistente Social, não só no

contexto de terminalidade, mas em todo o contexto humano e social, possa obter

êxito e atingir as metas as quais se dispõe de forma a superar as expectativas de

sua prática e ser diferencial em condições sociais mais justas. Sendo assim, o

assistente social, de forma plena, realiza suas intervenções, tendo como subsídio

suas competências e responsabilidades para que os pacientes e familiares sejam

atendidos em suas demandas de modo completo e possa ser desenvolvido um

projeto assistencial holístico. Nesse interesse, importa a sua qualificação e sua

edificação social e humanitária, uma síntese de empoderamento.

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3 O ASSISTENTE SOCIAL FRENTE À TERMINALIDADE: POSSIBILIDADES DIANTE DOS CUIDADOS PALIATIVOS

Neste capítulo é feita a abordagem focal da temática deste estudo, que recai sobre a compreensão do papel do assistente social e suas possibilidades diante dos cuidados paliativos. Em resposta, de acordo com Gomes e Othero (2016), a terminalidade e as doenças de longa duração representam contextos que fazem emergir os problemas de ordem social, familiar, os administrativa, financeira e emocionais que pesam sobre a pessoa e seu núcleo familiar mais próximo, sobretudo se a situação se torna de longo prazo. Por esta razão, a presença do Assistente Social é fundamental para identificar as necessidades assistenciais e determinar os cuidados prestados com os atores e os recursos disponíveis. Muitas vezes é necessária a ajuda de associações e voluntários e a adesão de outros profissionais ao processo de cuidado. A escuta, o compartilhamento de informações na equipe e a orientação serão realizados com respeito à privacidade do paciente (garantindo a ética e a conduta profissional).

A escuta integral é parte do processo de assistência, e permite que a pessoa se expresse, compartilhe o que sente em relação ao que está passando e se sinta segura para enfrentar suas dificuldades. É importante permitir que as pessoas que enfrentam doenças graves expressem seus projetos, suas esperanças e seus medos diante do futuro. Assim, isto permite que estes conteúdos sejam liberados e possibilitam estruturar medidas para sobrepor-se a estes eventos. É desta forma pois o limitar do serviço social envolve acolher emoções, não as trabalhar – e isto é feito nesta momento (FROSSARD; SILVA, 2016).

Tranquilidade da pessoa em condição de cuidados paliativos recai sobre a suficiência e capacidade de sua auto sustentação. Assim, é fundamental que o profissional possa ouvir, reconhecer e estruturar o sofrimento – compreendendo o convívio com a doença e suas dificuldades, sem identificar a pessoa com seus problemas. Isto se refere a promover a consideração pessoal, o respeito pelos projetos desenvolvidos e os laços sociais. O apoio social zela por respeitar as convicções do paciente, suas opiniões filosóficas e religiosas, as condições de sua dignidade e sua privacidade, com discrição e sigilo (SILVA; GUADALUPE, 2015).

A ligação a fontes de informação fiáveis e acessíveis, de forma a permitir à

pessoa obter referências igualmente de credibilidade ao seu apoio, permite uma

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nova luz às condições enfrentadas. Assim, uma parte do trabalho a ser desenvolvido envolve o suporte de legislação e conhecimento jurídico gratuito, quando e se necessário, a este momento e o encaminhamento à observação de possíveis direitos, sendo este o caso (CRIPPA et al., 2015).

Prestar ajuda prática e concreta face às dificuldades que vão além da pessoa e dos seus familiares é fundamental à intervenção do serviço social, tendo por fundamento a lei e suas limitações e possibilidades. Assim, para desbloquear em tempo útil a situação social (mediação administrativa, assistência técnica ou financeira, apoio em procedimentos, procedimento emergencial de acesso a direitos e outros), o assistente social agrega seus conhecimentos e provê a devida intervenção à condição dentro do que a lei aporta ao caso (ALVES et al., 2019).

A questão espiritual permitia a atuação deste profissional. Assim, é fundamental que o assistente social permita que a pessoa em cuidados paliativos trate de suas questões espirituais (sentido de sua vida, medo da morte, perda de controle sobre os acontecimentos, aspectos religiosos e também as questões práticas em torno do funeral e assuntos similares). Isto envolve medidas para a oferta de conexão com o suporte mais adequado, que respeitem a privacidade do paciente e de sua família, e possibilitação da expressão de suas crenças e representações, para uma relação de confiança e compromisso, dentro e fora de ambientes nosocomiais (CRIPPA et al., 2015; GOMES; OTHERO, 2016).

A relação de ajuda no serviço social também está atenta à necessidade de transmissão, ou seja, a importância para a pessoa no final da vida de mostrar o que conquistou em seu percurso, o que deseja repassar e a quem, inclusive de forma simbólica. Esta fase é importante na finitude e faz parte de uma abordagem de sucessão social, que integra a possibilidade de mediação do assistente social – respeitando os espaços jurídicos e agindo no campo das partilhas possíveis, que em geral envolvem experiências de vida e aspectos sistêmicos desta ordem (FROSSARD; SILVA, 2016).

Os cuidados também são incluídos nos planos de atuação do assistente

social. O apoio social em cuidados paliativos respeita os direitos do paciente e seus

familiares, e também se destina ao cuidado e suporte daqueles que os cerca, sejam

eles familiares ou cuidadores não familiares, gerando acolhida e orientação às suas

necessidades. Além disso, o assistente social em cuidados paliativos desempenha

uma função técnica de assessoria aos serviços sociais na solicitação de ajuda, ou

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mesmo de apoio em função dos elementos de situações compartilhadas de aporte aos entes envolvidos nestes cuidados, direta ou indiretamente. Participa e orienta, desta forma, de processos de documentação, informações em legislação geral e de cuidados paliativos e, também, da orientação à formação de cuidadores ou acompanhantes, bem como suporte aos existentes (SILVA; GUADALUPE, 2015).

A ação coletiva se integra no fazer do assistente social. Desta forma, de modo centrado na pessoa solicitante e seu grupo de suporte, este profissional também oferece ações de alerta e consciência para mudar as respostas da sociedade às dificuldades, agregando apoios e formando redes de suporte. A relação de apoio no serviço social de cuidados paliativos, portanto, inclui também a ação coletiva. Nos cuidados paliativos, a consideração médico-psico-social da pessoa e de seu entorno, requer respostas adaptadas, rápidas e flexíveis. Como o assistente social é frequentemente chamado em situações de crise, a busca por assistência humana, material e financeira deve contar com uma parceria sensibilizada, acionando os procedimentos emergenciais adequados. É necessário ao profissional o suficiente conhecimento para esta intervenção (CRIPPA et al., 2015; GOMES; OTHERO, 2016).

Assim, a participação em missões ou cursos de formação e pesquisa, com atuação social na área dos cuidados paliativos, agrega a qualidade de sua intervenção. Desta maneira, o serviço social contribui para a sensibilização aos cuidados paliativos e também à formação inicial e contínua para melhor consideração das necessidades dos enfermos e seus familiares por todos os profissionais de saúde. Esta última atividade vai da alta da internação, apoio na estruturação do suporte familiar com assistência adequada ou admissão em estabelecimento de seguimento de forma a que as necessidades sejam supridas (ALVES et al., 2019).

Com o mesmo objetivo, o assistente social em cuidados paliativos colabora

na análise de bloqueios, no levantamento de necessidades e propostas para

melhorar a oferta destes cuidados, por exemplo, atuando em parcerias a órgãos

responsáveis por sua oferta, fundos de seguro saúde para distribuição acelerada de

ajuda domiciliar, auxílio a terceiros ou invalidez. Trata-se de uma função de ordem

vigilante e de constante atividade, que aponta as dificuldades sociais insolúveis

enfrentadas por pacientes e familiares, vulneráveis, fragilizados por doença

progressiva grave, bem como pelo sofrimento pelo fim da vida e luto. É também uma

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questão de responsabilidade profissional ter capacidade de negociar soluções inovadoras (GOMES; OTHERO, 2016).

Assim, a recepção por assistente social de apoio nos cuidados paliativos e de apoio não se destina apenas a pessoas em final de vida ou com doença avançada, mas envolve também aquelas que estão no início deste percurso. Este suporte também pode ser benéfico para muitas pessoas que recebem tratamento para o câncer, por exemplo, e para qualquer outro grupo que tenha por necessidade a melhoria da qualidade de vida e o alívio dos sintomas angustiantes das doenças de longo prazo (CRIPPA et al., 2015).

O trabalho do assistente social se perfaz de modo interprofissional para cuidar, o que permite aportar e levar em considerações os desafios psicossociais destes quadros, assim como as questões práticas e espirituais. Os profissionais de cuidados paliativos podem aportar nos objetivos e planejamento também para a finitude, assim como oferecer suporte para o luto, de forma a ofertar um cuidado integrado durante e após o processo do cuidado paliativo (CRIPPA et al., 2015;

SILVA; GUADALUPE, 2015).

Trata-se, assim, de uma prática voltada ao apoio psicossocial, emocional, espiritual e prático ao paciente e seus familiares, com o encaminhamento aos serviços de necessidade. Envolve também o planejamento extensivo e coordenação dos recursos necessários para apoiar os pacientes em suas casas e outros locais em sua comunidade., assim como o apoio e aconselhamento para ajudar os pacientes a planejar seus cuidados e tomar decisões difíceis no final da vida (GOMES; OTHERO, 2016).

Nos momentos em que existe a necessidade de mobilização do paciente, a assistência social pode intervir no aporte à mudança para outro estabelecimento de cuidados, como casa de repouso ou lar de cuidados de longa duração, a fim de assegurar o suporte adequado ao fim da vida ou para o paciente em estágios mais demandantes de seu quadro, quando não houver suficiência familiar (ALVES et al., 2019).

Assim, o apoio social faz parte dos direitos do paciente que vivencia a

finitude, a partir de um plano de atendimento personalizado do qual todos se

beneficiam durante o atendimento. A avaliação e organização do apoio social pode

ser prestada pela assistente social do hospital, do serviço social municipal (fundo de

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seguro de saúde primário, centro comunitário de ação social ou outros) ou em estruturas especializadas em cuidados paliativos (CRIPPA et al., 2015).

Qualquer que seja o enquadramento da sua prática, a assistente social deve respeitar a pessoa e as suas opções de estilo de vida, bem como manter o sigilo profissional e ética relativos às informações que recolhe. Uma primeira fase de encontros individuais com o paciente e seu grupo de apoio permite um balanço inicial de suas necessidades e o estabelecimento de um projeto personalizado capaz de reunir e priorizar os passos a serem executados, quer sejam eles orientados a direitos sociais, pedidos de ajuda financeira, prestações sociais ou estabelecimento de ajuda ao domicílio. Nesse contexto, o assistente social assessora, orienta e apoia o paciente e sua família nos procedimentos e sua execução (FROSSARD; SILVA, 2016).

Em termos de ajuda financeira, e dependendo das necessidades e recursos, o assistente social pode aportar na obtenção de financiamento específico a fim de cobrir despesas com cuidados médicos e de saúde em geral, assistência domiciliar e mesmo suporte financeiro , creche e correlatos, Se o familiar tiver que reduzir ou suspender a sua atividade profissional, pode aportar na documentação e nas necessidades presentes para a sua obtenção, com os recursos públicos voltados para tal. O assistente social pode ajudar as pessoas a descobrirem se são elegíveis e a compreender como acessar seus direitos no contexto da doença de longa duração (GOMES; OTHERO, 2016).

Finalmente, conforme Silva e Guadalupe (2015), algumas fundações privadas concedem ajuda financeira condicional que pode ajudar pessoas que enfrentam dificuldades sociais ou financeiras devido a doenças. Os assistentes sociais podem fornecer informações sobre este assunto e encaminhar as pessoas a seu porte.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desta monografia foi discutir o papel do Assistente Social nas equipes e/ou práticas de cuidados paliativos frente ao paciente e seus familiares / cuidadores. Com isso, foi observada a contribuição sistêmica que este profissional oferece na presença de doenças de longa duração ou finitude, oferecendo aporte sistêmico não somente ao paciente, quanto a seus cuidadores, familiares e ao núcleo de cuidado como um todo.

Os cuidados paliativos não envolvem somente doenças ou condições aproximadas à morte e podem envolver uma doença crônica e extensiva por longo tempo. O assistente social estrutura a intervenção sistêmica de acesso a direitos e garantias, a fim de assegurar que o indivíduo tenha o suporte necessário para o perpasse das condições de saúde e vida digna.

O assistente social não provê de forma desmedida assistência financeira, mas estrutura, nos cuidados paliativos, uma suficiente rede de suporte, acesso e autonomia a fim de que os pacientes e seu núcleo possam ter atendidas demandas fundamentais de ordem diversa. Ao paciente, oferece desde a escuta à estruturação de relações familiares e sociais, a fim de que a finitude ou perpasse da doença sejam atravessados em um contexto de acolhida, sustentação social e apoio.

Assim, os objetivos de investigação desta monografia foram atingidos e o

assistente social foi apresentado, pela literatura, como agente que atua nos

cuidados paliativos na forma de um agente de aporte, em que o direitos e garantias,

bem como apoios possíveis, são encaminhados a quem de direito e seu suporte,

tendo por finalidade uma vida digna e bem aportada. É, por fim, direito deste

paciente, ter acesso ao suporte do assistente em qualquer tempo de sua doença, a

fim de que os impactos sejam mediados de forma profissional e efetiva. Para

estudos futuros, é importante a investigação sobre as possibilidades de intervenção

deste profissional no luto e nos momentos de continuidade da família e núcleo de

apoio à finitude.

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