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CARACTERIZAÇÃO GRAVIMÉTRICA PONTUAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES DE CAMPO GRANDE, RIO DE JANEIRO - RJ

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Apoio acadêmico 1 ÁREA TEMÁTICA: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

CARACTERIZAÇÃO GRAVIMÉTRICA PONTUAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES DE CAMPO GRANDE, RIO DE JANEIRO - RJ

Carolina Colares Rocha1 (carolinacolaresr@gmail.com), Lívia Mara Ribeiro Gaspar1 (liviamaragaspar@gmail.com), Bianca Alves Lima Ribeiro1 (bianca.ribeiro@poli.ufrj.br), Graziela

Marcô Leandro1 (grazielamleandro@poli.ufrj.br), Juliana Jerônimo Smiderle1 (julianasmiderle@poli.ufrj.br), Emily Augusto da Conceição1 (eaugusto72@gmail.com) 1 Programa de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PEA/UFRJ)

RESUMO

A gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) representa um grande desafio para os tomadores de decisão. Neste sentido, a análise da composição gravimétrica dos RSU se evidencia como uma importante ferramenta para conhecer o perfil de geração de resíduos de um determinado local, auxiliando na tomada de decisão e propiciando os adequados tratamento e destinação desses. De acordo com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS - Lei 12.305/2012), os Resíduos Sólidos Domiciliares (RSD) são classificados como os originários de atividades domésticas em residências urbanas e compõem, juntamente com os Resíduos de Limpeza Urbana, os RSU. O objetivo deste trabalho foi quantificar e avaliar a composição gravimétrica pontual dos RSD do bairro de Campo Grande, município do Rio de Janeiro/RJ. Para isso, uma amostra de 240 litros de resíduos foi coletada. Esta foi homogeneizada e quarteada de acordo com a NBR 10.007/2004, resultando em uma amostra de 110 litros. Os resultados da gravimetria mostram predominância de orgânicos (40,95%), seguida por plásticos (25,68%) e papel (20,47%).

De acordo com a PNRS, somente o que não pode ser reciclado ou reutilizado (rejeito) deve ser enviado para aterros sanitários. Neste trabalho, 12,7% da amostra foram classificados como rejeito, apesar disso, não é apenas esta parcela que é de fato encaminhada para aterros. A disposição inadequada desses resíduos apresenta consequências ambientais, sociais e econômicas. Por fim, para a elaboração de sistemas de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, aconselha-se a realização de estudos de caracterização contínuos.

Palavras-chave: Gravimetria; Resíduos sólidos urbanos; Caracterização gravimétrica pontual.

PUNCTUAL GRAVIMETRIC CHARACTERIZATION OF DOMICILIARY SOLID WASTE FROM CAMPO GRANDE, RIO DE JANEIRO - RJ

ABSTRACT

Urban Solid Waste (RSU, from Portuguese “Resíduos Sólidos Urbanos”) management represents a great challenge for decision makers. In this sense, the gravimetric characterization analysis from RSU proves to be an important tool to understand the waste generation profile from a determined place, assisting in decision-making and enabling the proper treatment and destination. According to the “Política Nacional dos Resíduos Sólidos” (PNRS – Brazilian Law 12.305/2012), Domiciliary Solid Waste (RSD, from Portuguese “Resíduos Sólidos Domiciliares”) are classified as the ones originated from household activities and constitute the RSU along with the Urban Cleaning Waste.

The aim of this study was to quantify and evaluate the punctual gravimetric characterization of the RSD from Campo Grande neighborhood in Rio de Janeiro/RJ. For that, a sample of 240 liters of waste was collected. This was homogenized and quartered according to NBR 10.007/2004, resulting in a sample of 110 liters. The gravimetric characterization results showed predominance of organic matter (40.95%), followed by plastics (25.68%) and paper (20.47%). According to PNRS, only what can’t be recycled or reused should be sent to landfills. In this work, only 12.7%

was classified as this sort of waste. However, it’s not just this portion that is actually sent to landfills. The inadequate disposal of this waste presents environmental, social and economic

(2)

Apoio acadêmico 2 consequences. Finally, for the setting up of solid waste management systems, it is recommended to conduct continuous characterization studies.

Keywords: Gravimetry; Urban solid waste; Punctual gravimetric characterization.

1. INTRODUÇÃO

A gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) representa um grande desafio para os órgãos responsáveis pela limpeza pública dos municípios brasileiros. De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2016) a geração total de RSU no país em 2016 foi de cerca de 78,3 milhões de toneladas, sendo a região Sudeste a responsável por 104.790 toneladas/dia destes.

A caracterização gravimétrica é uma importante ferramenta para a realização de análises quantitativas e qualitativas dos RSD. A partir dela é possível conhecer o perfil dos resíduos gerados, permitindo determinar a porcentagem de cada tipo de material (papel, vidro, plástico, etc.) e, consequentemente, contribui para a tomada de decisão para a adequada gestão desses (PESSIN et al., 2006; SOUZA; GUADAGNIN, 2009).

Há inúmeros fatores que podem influenciar a geração de resíduos, tais como os sociais, econômicos, culturais e geográficos, sendo os RSU complexos e heterogêneos (ZANTA et al., 2006; DAL PONT et al., 2013). A composição dos RSD pode variar durante o mês devido à influência de algumas datas comemorativas e eventos pontuais. Além disso, as características culturais e o poder aquisitivo da população local também tendem a influenciar a composição dos resíduos (DAL PONT et al., 2013; GUADAGNIN et al., 2014). Isto permite traçar perfis socioeconômicos baseados no resíduo produzido. Segundo NAIME (2005), as características dos RSU são variáveis, sendo que as populações mais carentes geram uma maior fração orgânica, enquanto as com maior poder aquisitivo geram mais resíduos como produtos industrializados e embalagens.

Ao permitir a elaboração de análises quantitativas e qualitativas dos resíduos, a caracterização gravimétrica torna-se fundamental para o dimensionamento de aterros sanitários, assim como para o gerenciamento e seleção de alternativas tecnológicas adequadas para a coleta e o tratamento de resíduos sólidos. Através da gravimetria é possível estimar a quantidade e o volume de resíduo gerado por cada categoria de resíduo analisada (ZANTA et al., 2006; SOUZA;

GUADAGNIN, 2009; DAL PONT et al., 2013).

Neste estudo, foi utilizada a caracterização gravimétrica pontual, onde foram consideradas apenas as amostras de uma única data e para um único local, sem levar em consideração uma série temporal de dados. Este tipo de abordagem corresponde a um retrato momentâneo da realidade da região estudada, não correspondendo ao cenário real, portando não é aconselhável para a elaboração de sistemas de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos.

2. OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo quantificar e avaliar a composição gravimétrica pontual dos resíduos sólidos domiciliares gerados no bairro de Campo Grande, Zona Oeste do município do Rio de Janeiro.

2.1 Objetivos específicos

Os objetivos específicos deste artigo são:

 Identificar o percentual em massa dos diferentes componentes que constituem a amostragem pontual coletada pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (COMLURB);

 Calcular o peso específico dos resíduos sólidos domiciliares;

 Analisar criticamente os resultados encontrados, tendo como base a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei nº 12.305 de 2010.

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Apoio acadêmico 3 3. METODOLOGIA

3.1. Área de estudo (abrangência geográfica)

A amostragem para a caracterização e quantificação pontual dos resíduos sólidos domiciliares gerados foi realizada no bairro de Campo Grande da cidade do Rio de Janeiro/RJ (Figura 1). O município do Rio de Janeiro apresenta uma população total estimada de 6.520.266 de pessoas, segundo os dados do Panorama IBGE, para o ano de 2017. O bairro de Campo Grande faz parte da XVIII Região Administrativa (R.A.) da cidade do Rio de Janeiro, também chamada de Campo Grande. Os demais bairros que compõem essa Região Administrativa, com suas respectivas populações (IBGE, 2010), são: Cosmos (76.969 hab.), Inhoaíba (64.592 hab.), Santíssimo (41.399 hab.) e Senador Vasconcelos (30.576 hab.). De acordo com os dados do censo demográfico do IBGE (2010), dentre os 160 bairros do município do Rio de Janeiro, Campo Grande é o mais populoso, com cerca de 330 mil habitantes. Localizado na Zona Oeste da cidade, este bairro cobre uma área de aproximadamente 119 km², evidenciando-se como o segundo mais extenso do município (atrás apenas de Guaratiba, com 139 km²).

Campo Grande possui um Distrito Industrial localizado no quilômetro 43 da Avenida Brasil, no qual se encontram grandes empresas, como a Gerdau, a Michelin, entre outras (LA ROVERE et al., 2009). O desenvolvimento industrial contribuiu para o forte crescimento populacional da região que, apesar do grande contingente populacional, é marcada por significativas desigualdades sociais e realidades contrastantes. A XVIII Região Administrativa apresenta índice de desenvolvimento humano (IDH) abaixo do registrado para o município (LA ROVERE et al., 2009), o que tem consequências diretas sobre o desenvolvimento social do bairro de Campo Grande.

Figura 1. Mapa do estado do Rio de Janeiro (A); mapa da cidade do Rio de Janeiro (B); e mapa do bairro de Campo Grande (C)

3.2. Período de estudo

Os resíduos foram coletados no dia 29 de novembro de 2017, no período diurno, pela equipe da COMLURB. A coleta da amostra foi realizada de acordo com o método porta-a-porta que, segundo o Ministério do Meio Ambiente (2017), é o tipo de coleta em que um caminhão ou outro veículo passa em frente às residências e comércios recolhendo os resíduos que foram separados

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Apoio acadêmico 4 pela população. A seleção das sacolas que preencheram o contêiner usado na amostragem foi realizada de modo aleatório. A caracterização gravimétrica foi feita no dia posterior a coleta, no centro de triagem de resíduos sólidos (CTR) do projeto “Recicla CCS”, situado no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Cidade Universitária, Ilha do Fundão. Ambos os dias apresentaram condições climáticas boas, com temperatura elevada e sem a presença de chuva.

3.3. Amostragem

Os resíduos sólidos domiciliares de Campo Grande foram depositados pelos funcionários da COMLURB em um contêiner de 240 litros até que todo o seu volume fosse ocupado. No CTR - Recicla CCS, o conteúdo do contêiner foi disposto em uma lona plástica preta para permitir a abertura das sacolas plásticas onde os resíduos se encontravam, facilitando, assim, a homogeneização da massa de resíduos. De acordo com a NBR 10.007/04 (ABNT, 2004), a amostra homogênea é a melhor mistura possível das alíquotas dos resíduos. A homogeneização do resíduo diminui o viés nos resultados encontrados e evita interpretações equivocadas.

Após a homogeneização da amostra, foi realizado o procedimento de quarteamento, onde há a separação total da massa de resíduos em quatro partes iguais (ABNT, 2004). Em seguida, foram selecionados aleatoriamente dois quadrantes diametralmente opostos para serem descartados.

As duas partes restantes foram homogeneizadas, recolhidas, colocadas em um contêiner de 110 litros, o conjunto foi pesado e, por fim, o resíduo foi despejado na mesa de caracterização. Em virtude do tempo restrito para a execução da tarefa não foi possível fazer um segundo quarteamento, como aconselhado, para obter ¼ do volume da amostra (SOARES, 2011).

Na etapa de triagem os resíduos foram espalhados sobre a mesa de caracterização, onde foram classificados e identificados visualmente de acordo com seus componentes e depositados em seis diferentes contêineres de 110 litros cada, localizados ao redor da mesa. Essa mesa apresentava uma tela com espaçamento de 0,02 m x 0,02 m, portanto, todo componente com diâmetro menor que o apresentado pelas aberturas da tela transpassou pela mesma e ficou retido em uma lona disposta abaixo da mesa. Esses componentes menores foram denominados agregados finos e incorporados à massa de matéria orgânica obtida na amostra em estudo. Os contêineres foram diferenciados nas seguintes categorias de resíduos:

 Plástico filme;

 Plástico duro;

 Papel;

 Papelão;

 Matéria orgânica;

 Outros tipos de materiais.

Ao final da segregação, cada contêiner foi pesado para obter a massa coletada de cada tipo de resíduo, excetuando-se o contêiner de “outros tipos de materiais”, onde cada material foi pesado individualmente. É importante lembrar que foi medida a tara de todos os contêineres usados no estudo. Subtraindo a massa bruta de cada contêiner pela tara, foi possível calcular a massa líquida de cada tipo de resíduo (Tabela 1). Por conta do tempo limitado para a realização da gravimetria, a amostra de agregado fino não foi pesada e a sua massa foi calculada a partir da subtração da massa inicial total do contêiner de 110 litros com os resíduos, pelo somatório das massas de todos os resíduos segregados na triagem (Tabela 1).

Tabela 1. Valores de tara e massa bruta dos contêineres usados no estudo

CONTÊINERES 1 2 3 4 5 6 7*

Tara (kg) 4,9 5,0 5,0 5,0 5,9 5,0 0,135

Massa Bruta (kg) 6,8 - 6,6 6,5 8,4 8,0 0,489

Massa Líquida (kg) 1,9 3,961 1,6 1,5 2,5 3,0 0,354

* Foi usada uma bandeja de suporte para pesar os cacos de vidro, sendo o seu valor de tara representado pelo contêiner de número 7.

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Apoio acadêmico 5 3.4 Cálculos da análise gravimétrica

3.4.1 Percentual em massa dos diferentes componentes da amostra

A porcentagem em massa de cada componente que constitui a amostra foi calculada com base na relação entre o peso de cada componente analisado e o peso total da amostra considerada.

3.4.2 Peso Específico

Pode-se calcular o peso específico do resíduo através da razão entre a massa (kg) de uma porção homogênea e o volume ocupado (m³) por esta porção. Embora o peso específico varie em função de sua composição, é possível calculá-lo de uma maneira geral.

3.5 Classificação dos componentes da amostra

A classificação dos componentes da amostra que foram colocados no contêiner com outros tipos de materiais, conforme explicado no item 3.3, foi feita de acordo com o tipo de material coletado. A Tabela 2 apresenta os tipos de materiais encontrados.

Tabela 2. Classificação dos resíduos quanto ao tipo de material coletado OUTROS

TIPOS DE MATERIAL

TETRA PACK PET VIDRO

INCOLOR ELETRÔNICOS MADEIRA Componentes

Caixas de creme de leite

e de suco

Garrafas PET de diversas

marcas

Cacos de vidro Pilhas Palito de picolé

OUTROS TIPOS DE MATERIAL

VIDRO COLORIDO

METAL FERROSO

METAL NÃO

FERROSO INERTE MATERIAIS TÊXTEIS

Componentes Garrafa de cerveja

Tampinha de lata, tesoura, lata de comida

para gato

Papel alumínio Pedra

Bermuda jeans, pijama, pano

de limpeza multiuso e

roupa de academia 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Percentual em massa dos diferentes componentes da amostra

Observou-se na composição gravimétrica uma preponderância da fração de matéria orgânica (40,95%), seguida pelos plásticos (25,68%), papel (20,47%), outros tipos de materiais (7,09%) e, em menor quantidade, metal e vidro, que juntos somam 5,81% das frações de resíduo (Figura 2).

Segundo COSTA et al. (2012), os resíduos sólidos domiciliares mais encontrados no Brasil são os orgânicos, papel, plásticos, vidros, metais e outros materiais. A matéria orgânica se apresenta como o componente de maior índice percentual em diversos estudos (SOUZA; GUADAGNIN, 2009; COSTA et al., 2012; REZENDE et al., 2013; LANDIM et al., 2016; COMLURB, 2016), resultado corroborado pelo presente trabalho. Isso se deve a dificuldade ainda encontrada para a destinação ambientalmente adequada dos resíduos orgânicos no Brasil, como, por exemplo, o seu uso para a compostagem ou a biodigestão anaeróbia.

Os resíduos orgânicos que hoje são inadequadamente enviados para aterros sanitários poderiam ser aproveitados para a produção de biogás através de digestão anaeróbia. Essa prática contribuiria para a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE), como o CO2 e o CH4, para a atmosfera (LINO; ISMAIL, 2011).

A disposição inadequada de resíduos em aterros sanitários contribui diretamente para diversos impactos nas esferas ambiental, como a emissão de GEE para a atmosfera e de efluentes líquidos (lixiviado); econômica, como a redução da vida útil de aterros sanitários; e social, como a

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Apoio acadêmico 6 proliferação de vetores de doenças, contaminação do solo e das águas (GIUSTI, 2009; LINO;

ISMAIL, 2011; GOUVEIA, 2012).

A fração de plástico foi composta por plástico filme (sacolas plásticas), plástico duro (tubos de cola colorida) e garrafas PET (diversas marcas). De modo geral, os materiais plásticos vêm substituindo diversos tipos de materiais como o aço, vidro e madeira. Segundo a Associação Brasileira de Embalagens - ABRE (2014), os plásticos representam 37,47% no valor total da produção de embalagens no Brasil (LANDIM et al., 2016). Apesar de ser um material altamente vantajoso quanto ao seu baixo peso e custo, elevada resistência mecânica e química, flexibilidade, possibilidade de aditivação e reciclabilidade, há expressivas desvantagens tanto na produção quanto na sua degradação, tais como a dependência de derivados do petróleo como matéria-prima, a emissão de gases poluentes durante a fabricação e a não biodegradabilidade da maioria dos plásticos comercializados (MARSH; BUGUSU, 2007; HENNINGSON et al., 2007;

SCHWARK, 2009; SANTOS; YOSHIDA, 2011 apud LANDIM et al., 2016). De acordo com LANDIM et al. (2016), o uso de embalagens tem se tornado indispensável para a sociedade, pois desempenha diversas funções importantes para a venda e para garantir da qualidade do produto.

Portanto, é possível compreender a grande quantidade de embalagens plásticas encontradas na amostra em análise.

Figura 2. Percentual em massa dos diferentes componentes da amostra. Neste gráfico os outros tipos de material não se encontram classificados separadamente, sendo apresentados então como “outros”

Foi encontrada uma grande quantidade de tubos de cola colorida (plástico duro), que pode ser resultado da baixa quantidade de resíduo usado para a amostragem, assim como o fato de se tratar de uma caracterização pontual, que usou como base os resíduos coletados em um único dia. Provavelmente houve a coleta de resíduos produzidos por uma creche pequena ou uma escola, o que também explicaria a grande quantidade de tesouras de ponta arredondada encontradas neste estudo.

O percentual em massa encontrado para papel foi de 20,6% da amostra total analisada. Cabe destacar que esse quantitativo incluiu também a massa de papelão presente na amostra. O termo papelão abrange a cartolina, papelão aglomerado e placas de papelão corrugada ou sólidas (LANDIM et al., 2016). É possível produzir embalagens de papel biodegradáveis, as quais levam cerca de seis meses para serem degradadas na natureza. Os componentes celulósicos encontrados no material analisado eram basicamente papelão utilizado em embalagens e folhas de papel ofício usadas. Tais componentes poderiam ter sido encaminhados às cooperativas de reciclagem ao invés de terem sido encaminhados diretamente ao aterro sanitário.

A fração de outros tipos de materiais foi basicamente composta por materiais têxteis (90,87%), materiais inertes (7,88%), resíduos eletrônicos (0,83%) e madeira (0,41%). A amostra analisada apresentou uma grande quantidade de roupas usadas (materiais têxteis) em bom estado. O tecido é um material pesado, o que pode justificar a grande representatividade da massa deste resíduo dentro da parcela de outros. Algumas alternativas interessantes para o reaproveitamento desta

25,68%

20,47%

40,95%

1,85%

3,96% 7,09%

Plástico Papel Orgânico Metal Vidro Outros

(7)

Apoio acadêmico 7 fração de resíduo seriam, por exemplo: (i) reformar as peças de roupa danificadas e posteriormente doá-las (reuso); (ii) encaminhar essas peças para artesãos, os quais poderiam fazer o uso desses tecidos para a fabricação de novos produtos, como em trabalhos de patchwork.

Foi coletada uma pedra com o tamanho aproximado de um punho de adulto fechado. Essa foi classificada como material inerte. Pilhas foram classificadas como resíduos eletrônicos e palitos de picolé, como madeira, sendo que esses apresentaram menor percentual em massa quando comparados com os outros componentes (Figura 3).

Figura 3. Percentual em massa dos componentes da amostra classificados como outros

A fração orgânica (40,95%) compreende as quantidades em massa de resíduos orgânicos e, também, dos agregados finos. Os materiais recicláveis corresponderam a 46,35% de toda a massa de resíduos coletados (Figura 4), o que evidencia um grande potencial para a reciclagem nesta região. A associação com cooperativas de catadores e a implementação de coleta seletiva no bairro podem contribuir de forma significativa para a redução da quantidade de material reciclável enviado para os aterros. Esta prática permite a geração de empregos e a redução da catação em condições insalubres em áreas de disposição final, além de garantir o aumento da vida útil de aterros sanitários (JACOBI; BESEN, 2011). A redução de emissões de GEE ao fabricar novos produtos a partir de recicláveis em substituição à matéria bruta também é possível (LINO;

ISMAIL, 2011). Apenas 12,7% da amostra foi classificada como rejeito, sendo que, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS - Lei nº 12.305/2010), apenas esta fração deve ser encaminhada para aterros sanitários.

Figura 4. Percentual em massa dos componentes recicláveis, não recicláveis e orgânicos da amostra 7,88%

0,41%

90,87%

0,83%

Inertes Madeira Materiais Têxteis Eletrônicos

46,35%

12,70%

40,95%

Recicláveis Não recicláveis Orgânico

(8)

Apoio acadêmico 8 Para a caracterização gravimétrica da amostra em estudo, os resíduos sólidos foram agrupados em três classes de resíduos, são elas: recicláveis, não recicláveis e orgânicos, conforme apresentado na Tabela 3.

Tabela 3. Classificação dos resíduos recicláveis, não recicláveis e orgânicos de acordo com o tipo de material coletado

RECICLÁVEIS NÃO RECICLÁVEIS ORGÂNICOS

Papel Inertes Matéria Orgânica

Tetra Pack Madeira

Plástico Filme Materiais Têxteis Plástico Duro Eletrônicos Metal não ferroso Vidros

Pet

4.2 Peso Específico

O peso específico dos resíduos sólidos domiciliares gerados foi 154,55 kg/m³ (Tabela 4), inferior ao calculado em 2016 (170,34 kg/m³) pela a equipe da COMLURB. Isso pode ser consequência da caracterização pontual realizada neste trabalho, que não possibilita a geração de informações robustas acerca do resultado encontrado. O conhecimento do peso específico é importante para o gerenciamento da coleta, transporte e disposição final no que diz respeito à determinação da capacidade volumétrica necessária para as etapas anteriormente citadas, permitindo, assim, dimensionar o tipo de frota e os contêineres mais adequados a serem utilizados. Fica evidente a necessidade de uma caracterização contínua, para que seja possível um dimensionamento e ações adequadas.

Tabela 4. Valores utilizados para o cálculo do peso específico dos resíduos DADOS

Contêiner Analisado*

Massa líquida (Kg) 17

Volume (m³) 0,11

Peso específico

(Kg/m³) 154,55

* Com a massa dos dois quadrantes selecionados.

5. CONCLUSÃO

Após a caracterização gravimétrica pontual realizada, verificou-se que a amostra estudada tinha predominância de resíduos orgânicos (40,95%), seguida de plásticos (25,68%) e papel (20,47%).

Pode-se concluir, também, que apenas 12,7% da amostra caracterizava-se como rejeito e, portanto, somente esta parcela deveria ser encaminhada para aterro sanitário, como preconiza a PNRS. Com relação ao peso específico, calculou-se que a amostra possuía 154,55 kg/m³, inferior ao calculado pela COMLURB em 2016.

De acordo com os resultados encontrados no presente trabalho, entende-se que a análise gravimétrica pontual representa um retrato momentâneo dos resíduos gerados durante um dado período, não correspondendo à realidade. Isso fica claro ao observar a grande quantidade de resíduos escolares coletados (tesouras e frascos de cola colorida), que contribuíram para o aumento da fração de plástico. Portanto, fica evidente a necessidade da realização de estudos contínuos de caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares no local, para, desse modo, ter um levantamento sistemático e contínuo, possibilitando avaliar as variações na composição dos resíduos do bairro, visto que a composição dos RSD não é estática. Seria recomendável a realização de programas de caracterização periódicos, de preferência ao longo de todo o ano, com levantamento de dados de diferentes localidades, fornecendo assim uma série temporal dos dados referentes aos resíduos sólidos coletados na área escolhida para estudo.

Essa prática permitiria a escolha de alternativas adequadas de tratamento para os diferentes tipos de resíduos, bem como o correto dimensionamento da frota, entre outros fatores. Desta maneira,

(9)

Apoio acadêmico 9 os bairros e até mesmo o estado podem ter embasamento teórico e metodológico mais preciso para adotar políticas de gerenciamento e descarte adequado dos resíduos sólidos domiciliares.

É importante ressaltar que a disposição final inadequada dos resíduos sólidos domiciliares contribui para a diminuição da vida útil dos aterros sanitários. Com base nisso, fica evidente a necessidade de um gerenciamento adequado dos resíduos sólidos, visando minimizar ou mitigar os impactos causados pelos mesmos.

AGRADECIMENTOS

A elaboração deste trabalho não seria possível sem a colaboração e apoio de Bianca Ramalho Quintaes, Gerente do Laboratório de Microbiologia do Centro de Pesquisas da COMLURB, dos funcionários da COMLURB e equipe do CTR – Recicla CCS.

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Referências

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