• Nenhum resultado encontrado

MAT 206 - An´alise Real - 1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "MAT 206 - An´alise Real - 1"

Copied!
68
0
0

Texto

(1)

Docente: Prof. Dr. Pierluigi Benevieri

Notas das aulas e exerc´ıcios sugeridos - Atualizado 21.6.2018

1. Segunda-feira, 5 de mar¸co de 2018

Apresenta¸c˜ao do curso. Veja-se o arquivo relativo `as informa¸c˜oes do curso na minha pagina web www.ime.usp.br/∼pluigi

***

O primeiro conjunto num´erico que encontramos na matem´atica ´e o conjunto Ndos n´umeros naturais. As opera¸c˜oes de soma e produto, com as propriedades usuais, s˜ao bem definidas em N, enquanto n˜ao podemos dizer o mesmo para as inversas, subtra¸c˜ao e divis˜ao. Para poder definir e usar estas duas opera¸c˜oes inversas introduzimos os conjuntos Z(inicial de Zahlen, in Alem˜ao, que significa n´umero) dos n´umeros inteiros rela- tivos, e Q dos n´umeros racionais (fra¸c˜oes de n´umeros inteiros). O conjunto Z ´e introduzido para definir a subtra¸c˜ao eQpara a divis˜ao.

O sistemaQdos n´umeros racionais poderia constituir a base de boa parte da matem´atica, enquanto permite resolver muitos problemas matem´aticos, mas n˜ao todos!

A mais famosa “dificuldade” (digamos ass´ım) dos n´umeros racionais foi descoberta pela escola matem´atica de Pit´agoras no VI s´eculo a.C.: usando o cl´assico Teorema de Pit´agoras, se consideramos um quadrado de lado 1, a diagonal mede um n´umerodtal qued2 = 2 (veremos depois que tal n´umero se chama raiz quadrada).

Todavia, podemos provar que n˜ao existe nenhum n´umero racional cujo quadrado ´e 2.

Proposi¸c˜ao 1. (com demonstra¸c˜ao)N˜ao existe nenhum n´umero racional cujo quadrado ´e 2.

Defini¸c˜ao 2. Dado um n´umeroa≥0 dizemos que b´e uma raiz quadrada de a, denotada por√

aseb≥0 e b2=a.

Observa¸c˜ao 3. De acordo com a defini¸c˜ao acima ´e errado dizer que−2 = √

4, mas as igualdades corretas s˜ao 2 =√

4 e−2 =−√

4. A Defini¸c˜ao 2 ´e devida a uma quest˜ao pr´atica: queremos que √

x seja uma fun¸c˜ao e portanto queremos obter um valor e n˜ao m´ultiplos valores. Em pr´ıncipio, do ponto de vista l´ogico, seria correta a defini¸c˜ao de raiz de 4 como o conjunto dos n´umeros cujo quadrado ´e 4. Finalmente, a escolha do valor positivo, ou seja√

4 = 2 e n˜ao −2, ´e tamb´em devida a uma raz˜ao unicamente pr´atica.

Exerc´ıcio 1. Dˆe a prova da Proposi¸c˜ao 1.

Exerc´ıcio 2. Prove que n˜ao existe nenhum n´umero racional atal quea3 = 2.

Exerc´ıcio 3. Prove que n˜ao existe nenhum n´umero racional atal quea2 = 3.

A Proposi¸c˜ao 1 diz que n˜ao existe emQo n´umero√

2. Da´ı, podemos tentar resover o problema (e outros) ampliando a fam´ılia dos n´umeros racionais (analogamente `aquilo que se faz passando deNa Ze deZaQ) e definindo um novo conjunto: o dos n´umeros reais,R. A defini¸c˜ao dos n´umeros irracionais, todavia, n˜ao ´e t˜ao simples. Al´em disso, a uni˜ao dos racionais e dos irracionais, que iria formar o conjunto num´erico desejado, o conjunto Rdos n´umeros reais, deveria satisfazer as mais conhecidas propriedades alg´ebricas, normalmente usadas (as opera¸c˜oes cl´assicas). As provas de todos estes fatos ´e longa e complicada.

1

(2)

Aquela resumida muito rapidamente acima ´e a assim-chamada abordagem construtiva `a defini¸c˜ao dos n´umeros reais. Se trata da abordagem qua acompanha, como ´e f´acil imaginar, o processo hist´orico de forma¸c˜ao dos n´umeros reais. E ´e a abordagem que os alunos encontram ao longo do caminho escolar, desde a infˆancia. Obviamente sem entrar em todos os delicados problemas te´oricos que o processo esconde.

Existe uma outra abordagem `a defini¸c˜ao dos n´umeros reais, que ´e mais abstrata, ditaabordagem axiom´atica aos n´umeros reais. Nesta segunda abordagem, o conjunto dos n´umeros reais ´e um conjunto totalmente abstrato definido em base `a verifica de algumas propriedades. Que portanto s˜ao dadas dentro da defini¸c˜ao e n˜ao devem ser provadas.

Na defini¸c˜ao seguinte, o leitor deve fazer um esfor¸co: “esquecer” os conhecimentos que tem sobre os n´umeros e pensar noRcomo num conjunto “abstrato”, encontrado pela primeira vez. Ele ser´a definido pelas propriedades que s˜ao aqui dadas como axiomas.

Defini¸c˜ao axiom´atica de R. O conjuntoR, dito dos ”n´umeros reais”, ´e um conjunto onde s˜ao definidas duas opera¸c˜oes, soma e produto, uma rela¸c˜ao de ordem e um axioma de continuidade. A soma ´e uma correspondˆencia que a cada par de elementos a e b de R associa um elemento de R, denotado pelo s´ımbolo a+b, e que deve verificar as propriedades seguintes:

S1) Propriedade comutativa da soma: ∀a, b∈R,a+b=b+a;

S2) Propriedade associativa da soma: ∀a, b, c∈R, (a+b) +c=a+ (b+c);

S3) Existˆencia do elemento neutro da soma: existe um elemento de R, denotado por 0, tal que, ∀a∈R, a+ 0 =ae 0 ´e dito elemento neutro da soma;

S4) Existˆencia do oposto: ∀a∈ Rexiste um elemento de R,b, dito oposto de a, tal quea+b= 0. Este opostobpode ser denotado por−ae a opera¸c˜aoa+ (−a) = 0 pode ser escrita simplesmentea−a= 0.

Analogamente, o produto ´e uma correspondˆencia que a cada par de elementos a e b de R associa um elemento deR, denotado pelo s´ımboloa·b, e que deve verificar as propriedades seguintes:

P1) Propriedade comutativa do produto: ∀a, b∈R,ab=ba;

P2) Propriedade associativa do produto: ∀a, b, c∈R, (ab)c=a(bc);

P3) Existˆencia do elemento neutro do produto: existe um elemento deR, denotado por 1, tal que,∀a∈R, a·1 =ae 1 ´e dito elemento neutro do produto;

P4) Existˆencia do inverso: ∀a∈R, a6= 0, existe um elemento de R,b tal que a·b= 1; b ´e dito inverso de ae pode ser escrito como 1/a.

Apropriedade distributiva liga soma e produto:

SP) ∀a, b, c∈R,(a+b)c=ac+bc.

Em R ´e definida uma rela¸c˜ao de ordem. Em geral, uma rela¸c˜ao de ordem em um conjunto (tamb´em chamada ordenamento) ´e uma rela¸c˜ao bin´aria, ou seja, uma lei que associa uma informa¸c˜ao a cada par de elementos do conjunto. No caso da rela¸c˜ao de ordem, a cada par de elementosaebdo conjuntoCinvestigado associa a informa¸c˜ao a ≤ b, ou seja a ´e menor o igual a b, ou tamb´em escrevo a `a esquerda de b. O que significa na pr´atica? Pego um conjunto C de trˆes elementos: uma banana, uma pera, uma laranja. Defino um ordenamento emCdizendo que banana≤pera, pera≤laranja, laranja≤banana. Esta rela¸c˜ao tem uma utilidade? N˜ao sabemos por enquanto. ´E um ordenamento?

N˜ao todas as rela¸c˜oes bin´arias s˜ao ordenamentos. Uma rela¸c˜ao de ordem ´e corretamente definida, num conjuntoC, se verifica as trˆes propriedades seguintes:

(3)

(1) (propriedade reflexiva) a≤a, para todoa∈C;

(2) (propriedade antisim´etrica) sea≤be b≤a, ant˜ao, a=b;

(3) (propriedade transitiva) se a≤be b≤c, ant˜ao, a≤c.

Voltando aR, ele ´e um conjunto onde ´e definido um ordenamento que se relaciona `as opera¸c˜oes de soma e produto gra¸cas `as duas propriedades seguintes:

OS) ∀a, b, c∈R, se a≤b, ent˜ao a+c≤b+c;

OP) ∀a, b, c∈R, conc >0, se a≤b, ent˜ao ac≤bc.

O s´ımboloa < b deve ser pensado como a≤b ea6=b.

Exerc´ıcio 4. Dˆe exemplos, da vida real, de rela¸c˜oes de ordem e de rela¸c˜oes que n˜ao s˜ao de ordem.

Exerc´ıcio 5. O conjunto Q dos n´umeros racionais verifica todas as propriedades acima. Prove algumas delas.

Exerc´ıcio 6. Provar, usando as propriedades acima dos n´umeros reais, as propriedades seguintes:

1) ∀a∈R,a·0 = 0;

2) ∀a∈R,a >0⇒ −a <0;

3) ∀a, b∈R, sea >0 eb <0, ent˜ao ab <0;

3b) ∀a, b∈R, sea >0 eb >0, ent˜ao ab >0;

3c) ∀a, b∈R, sea <0 eb <0, ent˜ao ab >0;

4) ∀a, b, c∈R, se c <0, sea≤b, ent˜aoac≥bc;

5) ∀a, b,∈R, coma >0,b >0,a≤b se e somente sea2 ≤b2. 6) ∀a, b,∈R, coma >0,b >0,a≤b se e somente se 1/a≥1/b;

7) nos itens 4,5,6 vale a desigualdade estrita tese se for verificada na hip´otese?

8) dadoa∈R, prove que−1·a´e o oposto de a.

O exerc´ıcio acima pode desorientar, parecendo ´obvio. De fato, queremos que as propriedades acima sejam provadas s´o usando as 11 propriedades alg´ebricas introduzidas acima em R, que deve ser pensado, como j´a foi dito, como um conjunto abstrato.

Exerc´ıcio 7. Dado um conjunto abstrato que admite as duas opera¸c˜oes de soma e produto e uma rela¸c˜ao de ordem tal que as 11 propriedades acima sejam verificadas, prove que 0 e 1 s˜ao necessariamente diferentes.

Prove que a soma e o produto n˜ao podem ser a mesma opera¸c˜ao. Prove que n˜ao podemos ter dois elementos neutros da soma e prove que n˜ao podemos ter dois elementos neutros do produto. Este inteligente exerc´ıcio foi sugerido por alguns alunos em conversas logo depois da conclus˜ao das ´aulas.

2. Quarta-feira, 7 de mar¸co de 2018

Pode ser provado que Q´e um conjunto onde podem ser introduzidas as opera¸c˜oes de soma e produto e a rela¸c˜ao de ordem tais que as onze propriedades acima sejam verificadas. A demonstra¸c˜ao disso leva um tempo e n˜ao ser´a abordada.

Vamos agora introduzir o axioma de continuidade, aquilo que diz que R (se existir) n˜ao pode ser Q. Ou seja, se existir um conjunto abstrato, que estamos chamando deR que admite uma soma, um produto e um

(4)

ordenamento com as onze propriedades acima e que verifica tamb´em o pr´oximo axioma de continuidade, ele n˜ao pode serQ.

Defini¸c˜ao 4. Dados dois n´umeros reais a e b, ´e dito intervalo de extremos a e b cada um dos conjuntos seguintes:

[a, b] ={x∈R:a≤x≤b}, [a, b) ={x∈R:a≤x < b}, (a, b] ={x∈R:a < x≤b}, (a, b) ={x∈R:a < x < b}.

O primeiro e o quarto dos intervalos anteriores s˜ao ditos rispectivamentefechadoeaberto. N˜ao esquecemos os intervalos

[a,+∞) ={x∈R:x≥a}, (a,+∞) ={x∈R:x > a}, (−∞, b] ={x∈R:x≤b}, (−∞, b) ={x∈R:x < b}.

O primeiro e o terceiro s˜ao fechados, enquanto o segundo e o quarto s˜ao abertos.

Como o leitor sabe desde os cursos de C´alculo, os s´ımbolos +∞e−∞n˜ao denotam elementos do conjunto R, mas o s´ımbolo (−∞, b), por exemplo, denota o intervalo dos n´umeros de Rmenores deb.

Exerc´ıcio 8. Prove que o conjunto R possui infinitos n´umeros maiores de zero (que podemos chamar positivos). Use unicamente as 11 propriedades que definemRe eventualmente consequˆencias delas.

Exerc´ıcio 9. Dado qualquerb∈R, prove que o intervalo (−∞, b) possui infinitos elementos.

Consideramos agora uma sequˆencia (infinita) de intervalos fechados, Ik = [ak, bk] tais que Ik ⊆ Ik−1 e bk−ak = bk−1−ak−1

2 . Na igualdade anterior, o n´umero 2, que aparece pela primeira vez, ´e definido por 2 = 1 + 1, assim como todos os n´umeros inteiros usados para “contar” os intervalos s˜ao definidos como somas de 1. Observe que, acima, se o primeiro intervalo da sequˆencia ´e denotado por I0 = [a0, b0] temos bk−ak= b0−a0

2k .

Uma fam´ılia de intervalosIk como acima ´e chamada fam´ılia de intervalos encaixantes.

Axioma de continuidade. Dada uma sequˆencia (infinita) de intervalos encaixantesIk como acima, existe e ´e ´unico um elemento deR que pertence a todos osIk.

Defini¸c˜ao 5. Dadoa >0, se existe um n´umero realb >0 tal queb2 =a, chamamosbderaiz quadrada dea.

Usando o axioma de continuidade poderiamos provar que cadaapositivo (ou seja>0) possui raiz quadrada.

Por´em a prova ser´a feita depois da introdu¸c˜ao das fun¸c˜oes cont´ınuas.

Exerc´ıcio 10. Usando as propriedades alg´ebricas dos n´umeros reais, prove que a raiz quadrada dea >0, se existir, ´e ´unica.

O leitor pode fazer agora, como treinamento, alguns exerc´ıcios sobre conjuntos.

Exerc´ıcio 11. Seja U um conjunto, A e B subconjuntos deU. Denotamos porCUA o complementar deA em U, ou seja o conjunto dos elementos deU que n˜ao pertencem a A. Prove as seguintes leis (ditas de De Morgan):

(5)

1)CU(A∪B) =CUA∩ CUB, 2)CU(A∩B) =CUA∪ CUB.

Exerc´ıcio 12. Provar as propriedades seguintes: dados trˆes conjuntos A,B e C, 1)A∪(B∩C) = (A∪B)∩(A∪C),

2)A∩(B∪C) = (A∩B)∪(A∩C).

Exerc´ıcio 13. Prove queQ n˜ao verifica o axioma de continuidade. Pode prov´a-lo como uma conseq¨uˆencia do fato que, por exemplo, n˜ao existe nenhum racional cujo quadrado seja 2

Como consequˆencia do axioma de continuidade temos o importantissimo resultado seguinte.

Teorema 6(Princ´ıpio de Arquim´edes). (com demonstra¸c˜ao)Dados dois n´umeros reaisa, bcom0< a < b, existe um n´umero inteiroN tal queN a > b.

O Princ´ıpio de Arquim´edes permite provar as propriedades seguintes que deixamos como exerc´ıcio.

Exerc´ıcio 14. Prove, usando o Princ´ıpio de Arquimedes, que o conjunto dos n´umeros reais positivos n˜ao admite m´ınimo. Ou seja, precisa provar que n˜ao existe o n´umero positivo menor de todos os outros.

Exerc´ıcio 15. Prove o Princ´ıpio de Arquimedes (por exemplo usando o m´etodo visto em sala de ´aula).

Exerc´ıcio 16. Prove que, dados dois n´umeros reais, positivos a e b, tais que a < b, existe um n´umero racional m/ntal quea < m/n < b e que existe um n´umeroirracional stal quea < s < b.

O exerc´ıcio acima mostra uma conseq¨uˆencia do Princ´ıpio de Arquimedes: o fato bem conhecido de que entre dois n´umeros reais est˜ao infinitos n´umeros racionais e infinitos n´umeros irracionais.

Exerc´ıcio 17. O resultado do Princ´ıpio de Arquimedes vale obviamente nos n´umeros racionais. Neste caso a demonstra¸c˜ao ´e bem mais simples. Verifique.

3. Sexta feira 9 de mar¸co de 2018

Seja agoraE um subconjunto deR. Um n´umero realM ´e ditomajorantedeE sex≤M para todox∈E.

Um n´umero real m´e ditominorante deE sex≥m para todox∈E.

Um conjunto E ´e dito limitado superiormente se admite pelo menos um majorante, enquanto ´e dito limitado inferiormente se admite pelo menos um minorante. ´E dito limitado se ´e limitado superiormente e inferiormente.

SeE ´e limitado superiormente definimossupremo de E, supE, o m´ınimo dos majorantes; se E´e limitado inferiormente definimos ´ınfimo de E, infE, o m´aximo dos minorantes. Se E ´e ilimitado superiormente escrevemos supE = +∞, seE ´e ilimitado inferiormente escrevemos infE =−∞.

O m´aximo de um conjunto E ´e o elemento maior, se existe, enquanto o m´ınimo ´e o elemento menor, se existe.

Um conjunto ´e dito finito se possui um n´umero finito de elementos.

O fato seguinte ´e uma consequˆencia do axioma de continuidade (em alguns livros ele ´e de fato dado como o axioma de continuidade).

Teorema 7 (Existˆencia do supremo e do ´ınfimo). (com demonstra¸c˜ao) Um conjunto de n´umeros reais, limitado superiormente (inferiormente) admite supremo (´ınfimo) em R.

(6)

Exerc´ıcio 18. Dˆe a demonstra¸c˜ao do Teorema 7.

Exerc´ıcios: Determine o superemo e o ´ınfimo dos conjuntos seguintes e, se existem, o m´aximo e o m´ınimo.

19. (2,3) 20. [0,+∞)

21. [−5,1)∪(1,4] 22. (0,3]∪[3,5]

23.

1− 1

n, n≥1

1 + 1

n, n≥1

24. S

n≥2

− 1

2n,1− 1 n

25. {x∈Q:x2<2} 26.

2n

n2+ 1, n∈N

Exerc´ıcio 27. Determine supremo, ´ınfimo, m´aximo e m´ınimo (se existem) do conjunto:

A=

1− 1

n, n∈N, n≥1

, Exerc´ıcio 28. Seja A = S

n≥2

An, onde, para cada n, An =

− 1

2n,1− 1 n

. Determine supremo, ´ınfimo, m´aximo e m´ınimo (se existem).

Exerc´ıcio 29. Sejam A e B dois subconjuntos de R tais que A ⊆ B. Prove que supA ≤ supB e infA≥infB.

Dado un n´umero real a, definimos m´odulo (ouvalor absoluto) de an´umero n˜ao negativo

|a|=

( a sea≥0

−a sea <0.

Exerc´ıcio 30. Prove asdesigualdades triangulares seguintes: para todosa, b∈R,

|a+b| ≤ |a|+|b|, |a−b| ≥ |a| − |b|.

Resolva algumas das inequa¸c˜oes seguintes.

31. x2−2x−1≤0 32. 3x2−x+ 2>0 33. x−2

x+ 1 > 1

x−1 34. x2+x−1

x2−2x+ 1≤ 1 2 35. x4−3

4x2 > 1

4 36. x2 ≤1

37. 2

x + 3< 4

x −1 38. 3

x2 + 1≤x2−1 39. √

x−1< x−3 40. √

x2+ 2x−1>3−x 41. √

x−1<√

x 42. |x2−4x−5|>−x 43. √

−x <5 +x 44. | −6x+ 3|>−x+ 2

Defini¸c˜ao 8. Dado um conjunto E contido emR, um pontop∈R´e ditoponto de acumula¸c˜ao deE se cada vizinhan¸ca de p cont´em infinitos pontos de E.

(7)

Observa¸c˜ao 9. O leitor observe que um ponto de acumula¸c˜ao de um conjunto E pode pertencer a E ou pode n˜ao pertencer.

Exerc´ıcio 45. Determine os pontos de acumula¸c˜ao de alguns dos conjuntos dos exerc´ıcios anteriores.

Exerc´ıcio 46. Determine um conjunto feito de infinitos elementos que n˜ao possui pontos de acumula¸c˜ao.

Exerc´ıcio 47. Tente escrever um exemplo de conjunto que tem s´o um ponto de acumula¸c˜ao.

4. Segunda feira 12 de mar¸co de 2018

Teorema 10 (de Bolzano-Weierstrass). (com demonstra¸c˜ao)Um subconjunto limitado e infinito (ou seja que possui infinitos elementos) possui (pelo menos) um ponto de acumula¸c˜ao.

Exerc´ıcio 48. Prove o Teorema de Bolzano-Weierstrass.

Agora vou colocar aqui alguns exerc´ıcios de “reaquecimento” (ou pouco de gin´astica sobre conceitos de C´alculo 1 - teoria b´asicas das fun¸c˜oes).

Exerc´ıcio 49. Dada f : E → R, prove que, para todo D ⊆ R e C ⊆ E, temos f(f−1(D)) ⊆ D e f−1(f(C))⊆C. Procure exemplos onde vale a igualdade e outros onde vale a inclus˜ao estrita.

Em particular, prove que, sef ´e sobrejetora, valef(f−1(D)) =D e quef−1(f(C)) =C sef ´e injetora.

Exerc´ıcio 50. Estude a monotonia das fun¸c˜oes seguintes:

(1) f :R→R,f(x) =x2, (2) f : [2,6]→R,f(x) =x4, (3) f : [0,+∞)→R,f(x) =|x|, (4) f[−5,−4]∪[1,2], f(x) = 1/x.

Ou seja, diga se as fun¸c˜oes acima s˜ao mon´otonas, ou se podem ser mon´otonas se restritas em oportunos subconjuntos do dom´ınio. Seja claro que o crescimento ou decrescimento das fun¸c˜oes acima n˜ao pode ser provado usando as derivadas, mas usando unicamente as propriedades alg´ebricas dos n´umeros reais.

Exerc´ıcio 51. Prove que a soma de duas fun¸c˜oes crescentes ´e uma fun¸c˜ao crescente. A composi¸c˜ao de duas fun¸c˜oes crescentes ´e uma fun¸c˜ao crescente? E o produto? A inversa de uma fun¸c˜ao estritamente crescente ´e uma fun¸c˜ao estritamente crescente?

Exerc´ıcio 52. E evidente que uma fun¸´ c˜ao estritamente mon´otona ´e invers´ıvel. ´E verdadeiro ou falso o vice-versa, ou seja, que uma fun¸c˜ao invers´ıvel ´e estritamente mon´otona?

Uma fun¸c˜ao ´e dita limitada (superiormente, inferiormente) se a imagem dela ´e limitada (superiormente, inferiormente). Neste caso o supremo (´ınfimo) de f, supf (inff) ´e, por defini¸c˜ao, o supremo (´ınfimo) de Im (f). Se f n˜ao ´e limitada superiormente, dizemos que supf = +∞. Se n˜ao ´e limitada inferiormente, dizemos que inff =−∞.

Exerc´ıcio 53. Prove que cada fun¸c˜ao f :R→R´e soma de uma fun¸c˜ao par e de uma fun¸c˜ao impar.

Conclu´ımos esta parte sobre a defini¸c˜ao do sistema num´erico da an´alise matem´atica com algumas ob- serva¸c˜oes.

(8)

(1) A abordagem construtiva aos n´umeros reais parece mais simples. Pelo menos ela ´e intuitiva, digamos familiar, enquanto a abordagem axi´omatica deixa algumas perplexidades. Aqui no queremos montar uma disputa entre dois partidos: o partido construtivo e o partido axiom´atico. Mas ´e preciso observar algumas coisas. A constru¸c˜ao de R ´e dada a partir de N, passando pela constru¸c˜ao de Z, depois de Q e finalmente de R. J´a foi dito que as propriedades de soma produto e ordamento devem ser demonstradas. Inclusive, o axioma de continuidade deve ser provado. A quest˜ao delicada ´e: qual ´e a defini¸c˜ao de N? A pergunta parece inocente, mas n˜ao ´e. De fato, um processo axiom´atico, que acreditavamos poder evitar, necessariamente deve ser usado para construir os primeiros passos do processo. A mais cl´assica defini¸c˜ao do conjuntoN´e devida a Giuseppe Peano (1858-1932) no come¸co do s´eculo XX.

(2) Portanto o conjunto Q´e obtido a partir da defini¸c˜ao de Ne da sua extens˜ao contrutiva, como j´a foi dito. Tamb´e foi observado queQpossui soma, produto, ordenamento que verificam as 11 propriedades, e pode provar queQn˜ao verifica o axioma de continuidade. Uma pergunta que surge ´e a seguinte: de fato, existe um conjunto que possui soma, produto, ordenamento que verificam as 11 propriedades, e que verifica o axioma de continuidade? Uma das respostas que pode ser dada consiste na constru¸c˜ao de um modelo que de fato que satisfa¸ca aquilo que a defini¸c˜ao de R imp˜oe. E portanto vamos cair na abordagem construtiva. Precisamos partir deN, que somente podem ser dados axiomaticamente, e contruimos Ra partir deQcom um processo abstrato. Seja claro que n˜ao podemos definir n´umero real como alinhamento decimal, porque n˜ao faz algum sentido. N˜ao tenho a possibilidade colocar aqui as ideias (resumidas) vistas em sala de ´aula.

As fun¸c˜oes cont´ınuas

Defini¸c˜ao 11 (fun¸c˜ao cont´ınua). SejamE um subconjunto de R,f :E →R uma fun¸c˜ao dada e x∈E um ponto dado. Dizemos quef ´econt´ınua emxse para cadaε >0 existeδ >0 tal quef(x)∈(f(x)−ε, f(x) +ε) para todox∈(x−δ, x+δ)∩E. Af ´e ditacont´ınua se ´e cont´ınua em todos os pontos do dom´ınio.

Em outras palavras a defini¸c˜ao acima diz quef ´e cont´ınua emxse, dada uma vizinhan¸caV def(x), existe uma vizinhan¸caU de xtal quef(U∩E)⊆V.

Exerc´ıcio 54. Sejam f :E →Ruma fun¸c˜ao dada ex∈E um ponto isolado deE (umponto isolado de um conjunto ´e um ponto do conjunto que n˜ao ´e de acumula¸c˜ao). Prove quef ´e cont´ınua em x.

O significado do conceito de continuidade emx (que ´e parecido – mas n˜ao igual – ao de limite) diz que, quando x se aproxima de x, ent˜ao f(x) se aproxima de f(x). Se x for isolado em E, ele n˜ao tem pontos que se aproximam. Portanto f ´e trivialmente cont´ınua em x; por´em, por outro lado, a continuidade n˜ao ´e interessante no caso dos pontos isolados, porque o conceito de fun¸c˜ao cont´ınua quer dizer que “a imagem muda pouco quando a vari´avel muda pouco”.

Exerc´ıcio 55. Sejamf :E→Ruma fun¸c˜ao dada ex∈Eum ponto de acumula¸c˜ao deE. Usando a defini¸c˜ao de limite que foi vista nos cursos anteriores, prove quef ´e cont´ınua emxse e somente se limx→xf(x) =f(x).

Observa¸c˜ao 12. Esta observa¸c˜ao ´e devida a algumas d´uvidas justamente levantada por alguns alunos em sala de ´aula. Nos livros de c´alculo diferencial (ou de an´alise matem´atica) geralmente ´e apresentada primeiramente a teoria dos limites e depois a teoria das fun¸c˜oes cont´ınuas. Todavia, a teoria das fun¸c˜oes cont´ınuas pode ser tranquilamente apresentada e desenvolvida sem usar o conceito de limite de uma fun¸c˜ao. Aqui (apesar

(9)

do exerc´ıcio anterior) ´e justamente isso que est´a sendo feito. A teoria dos limites pode ser desenvolvida em seguida, sem algum prejuizo na compreens˜ao. Eu prefiro, por outro lado, pular completamente a teoria dos limites porque isso d´a a possibilidade de ter mais tempo para aprofundar melhor os outros conceitos da an´alise.

No cap´ıtolo seguinte ser´a introduzida a derivada. Este conceito ir´a precisar da no¸c˜ao e das propriedades dos limites e assim faremos o esfor¸co de usar a teoria dos limites conforme foi feita nos cursos do primeiro ano; sem voltar no assunto.

Em conclus˜ao, todos os resultados deste cap´ıtulo sobre as fun¸c˜oes cont´ınuas podem ser provados sem o uso dos limites; assim ser´a feito em sala de ´aula e as propriedades da teoria dos limites n˜ao devem ser usadas na prova P1.

Exerc´ıcio 56. Determine alguns pontos que vocˆe acha interessante onde a fun¸c˜ao ´e cont´ınua ou descont´ınua.

Justifique obviamente a resposta com as contas necess´arias.

(1) f :R→R,f(x) =

( 1/x sex6= 0 0 sex= 0.

(2) f : [0,4]→R,f(x) =

( x+ 3 se 0≤x≤3 x2−5 se 3< x≤4.

(3) A fun¸c˜ao sinal de x, definida emR, sign (x) =





−1 sex <0 0 sex= 0 1 sex >0.

(4) A fun¸c˜ao parte inteira de x, o s´ımbolo ´e [x], definida em R, onde [x] ´e o maior inteiro relativo que n˜ao supera x.

(5) A fun¸c˜ao de Dirichlet,f :R→R,f(x) =

( 1 sex∈Q 0 sex∈R\Q. Exerc´ıcio 57. Prove quef(x) =x´e cont´ınua em todos os xreais.

Exerc´ıcio 58. Prove quef(x) =|x|´e cont´ınua em todos os x reais.

Exerc´ıcio 59. Dadosc∈Re f :R→R, definida porf(x) =c para todox (fun¸c˜ao constante), prove quef

´e cont´ınua.

Dadaf :E →R, um pontox∈E tal quef n˜ao ´e cont´ınua em x´e ditoponto de descontinuidade.

Exerc´ıcio 60. Determine os pontos de descontinuidade das fun¸c˜oes parte inteira, sinal e da fun¸c˜ao de Dirichlet.

Observa¸c˜ao 13. Considerando f(x) = 1/x, n˜ao ´e correto dizer que 0 ´e ponto de descontinuidade, porque 0 n˜ao pertence ao dom´ınio.

Exerc´ıcio 61. (dif´ıcil)(Veja Rudin pag. 76, ex. 10.) Seja f : (0,1]→Rdefinida como f(x) =

( 1/n sex=m/n, m en inteiros positivos e primos entre si (m≤n) 0 sex ´e irracional.

(10)

Prove quef ´e cont´ınua nos pontos irracionais de (0,1] e descont´ınua nos racionais.

5. Quarta-feira, 14 de mar¸co de 2018

Proposi¸c˜ao 14( ´Algebra das fun¸c˜oes cont´ınuas). (com demonstra¸c˜ao)Sejam f :E →R, g:E→Rduas fun¸c˜oes cont´ınuas em um ponto x∈E. Ent˜ao:

(1) f +g ´e cont´ınua em x;

(2) f ·g ´e cont´ınua em x;

(3) f /g ´e cont´ınua em x (posto queg(x)6= 0).

Observa¸c˜ao 15. A prova da continuidade do quociente ´e mais f´acil usando o Teorema da conserva¸c˜ao do sinal (Teorema 17 abaixo).

Exerc´ıcio 62. Prove os trˆes itens da ´algebra das fun¸c˜oes cont´ınuas.

Exerc´ıcio 63. Gra¸cas `a proposi¸c˜ao acima ´e f´acil verificar que os polinˆomios e as fun¸c˜oes racionais s˜ao cont´ınuas. Verifique os detalhes desta afirma¸c˜ao.

Proposi¸c˜ao 16(Continuidade das fun¸c˜oes compostas). (com demonstra¸c˜ao)Sejam duas fun¸c˜oesf :A→ Reg:B→Rtais que Im(f)⊆B. Dadox∈A, suponhamos quef seja cont´ınua em xeg emf(x). Ent˜ao, g◦f ´e cont´ınua em x.

Exerc´ıcio 64. Dˆe a demonstra¸c˜ao da proposi¸c˜ao acima.

Coloco agora alguns exerc´ıcios sugeridos pelo monitor Rodrigo Lima Dias.

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 65. Em cada afirma¸c˜ao abaixo, mostre ou dˆe contra-exemplo.

(1) Seae bs˜ao n´umeros irracionais, a+b2 ´e irracional.

(2) A soma ou a diferen¸ca entre um n´umero racional e um irracional ´e um n´umero irracional.

(3) O produto de dois n´umeros irracionais ´e um n´umero irracional.

(4) O produto de um n´umero irracional por um n´umero racional diferente de zero ´e um n´umero irracional.

(5) Ser ´e um n´umero irracional, ent˜ao 1r tamb´em ´e irracional.

(6) Sex e y forem n´umeros irracionais tais quex2−y2 seja racional n˜ao nulo, ent˜aox+y e x−y ser˜ao ambos irracionais.

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 66. Verifique se os seguintes subconjuntos de R s˜ao limitados superiormente e/ou inferiormente e encontre, quando existirem, seus supremos e ´ınfimos, justificando.

(1) {n+(−1)n n :n∈N, n≥1}.

(2) {x∈R: 1x ≤x}.

(3) {x∈Q:x3−x <0}.

(4) {x∈R:x2+x+ 1≤0}.

(5) {x12 :x∈R, x6= 0}.

(6) {n+1n :n∈N, n≥1}.

(7) {n+(−1)nn :n∈N, n≥1}.

(8) T

n=1]1−n1,1 +1n[.

(9) S

n=1[n1,2− 1n].

(11)

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 67. Definaf: [0,1]→Rpor f(x) =

x, sex∈Q, 0, sex /∈Q. f admite pontos nos quais ´e cont´ınua? Justifique.

6. Sexta-feira, 16 de mar¸co de 2018

Vamos ver agora os teoremas cl´assicos das fun¸c˜oes cont´ınuas. Entre as consequˆencias deles, poderemos finalmente definir a fun¸c˜ao raiz quadrada (mais em geral a raiz n-esima).

Teorema 17 (Conserva¸c˜ao do sinal). (com demonstra¸c˜ao) Seja f :E→R uma fun¸c˜ao cont´ınua em um pontox∈E. Suponhamosf(x)>0. Ent˜ao existe uma vizinhan¸ca de x, (x−δ, x+δ), tal que f(x)>0 para todox∈(x−δ, x+δ)∩E.

O leitor n˜ao ter´a dificuldade em adaptar o resultado acima ao caso em quef(x) ´e negativo.

Exerc´ıcio 68. Prove o Teorema de conserva¸c˜ao do sinal.

Exerc´ıcio 69. Um subconjunto E de R´e chamadoaberto se para todo c ∈ E existe um intervalo do tipo (c−δ, c+δ) que ´e contido emE. Dˆe alguns exemplos de subconjuntos abertos deRque n˜ao sejam os cl´assicos intervalos aberto do tipo (a, b) ou (−∞, b) ou (a,+∞). Dˆe alguns exemplos de subconjuntos de R que n˜ao s˜ao abertos.

Exerc´ıcio 70. Um subconjuntoE de R´e chamadofechado se seu complementar,R\E, ´e aberto. Prove que um conjuntoE ´efechadose e somente se cont´em todos seu pontos de acumula¸c˜ao.

Exerc´ıcio 71. (dif´ıcil) Prove que uma fun¸c˜ao f :R→ R´e cont´ınua se e somente se para cada aberto A (no contradom´ınio) a imagem inversa dele,f−1(A), ´e um aberto (no dom´ınio).

A teoria das fun¸c˜oes cont´ınuas poderia ser elaborada para uma an´alise matem´atica baseada nos n´umeros racionais. Todos os resultados acima continuariam valendo. O seguinte n˜ao. Ele precisa do axioma da continuidade. N˜ao casualmente ´e dado para fun¸c˜oes definidas em intervalos.

Teorema 18 (de anulamento). (com demonstra¸c˜ao) Seja f : [a, b] → R uma fun¸c˜ao cont´ınua em todo ponto de[a, b]. Suponhamos f(a)·f(b)<0. Ent˜ao, existe um ponto c∈(a, b) tal que f(c) = 0.

Exerc´ıcio 72. Todas as hip´oteses do enunciado acima s˜ao importantes para a demonstra¸c˜ao (geralmente ´e assim: se um teorema ´e corretamente expresso, n˜ao tem hip´oteses sup´erfluas). O leitor procure exemplos de fun¸c˜oes cont´ınuas em conjuntos que n˜ao s˜ao intervalos para as quais o teorema de anulamento n˜ao vale.

Exerc´ıcio 73. Dˆe a demonstra¸c˜ao do Teorema de anulamento.

Exerc´ıcio 74. O teorema de anulamento ´e um teorema de existˆencia e n˜ao fornece diretamente uma t´ecnica para encontrar uma solu¸c˜ao de uma equa¸c˜ao f(x) = 0. Todavia, um algoritmo para aproximar solu¸c˜oes de equa¸c˜oes f(x) = 0 ´e f´acil para ser determinado. Seja f : [a, b] → R cont´ınua e tal que f(a)·f(b) < 0.

Sejac1 = a+b

2 o ponto m´edio do intervalo. Se f(c1) = 0, o problema ´e resolvido. Sen˜ao, o novo intervalo [a1, b1] ´e obtido escolhendo aquela metade de [a, b] tal que f(a1)·f(b1) < 0. Continuando o processo, n˜ao temos nenhuma certeza de encontrar uma solu¸c˜ao, mas sim uma sua aproxima¸c˜ao. Se, digamos, ao passo n,

(12)

observamos quebn−an= b−a

2n , o ponto m´ediocdon-´esimo intervalo tem uma distˆancia menor de b−a 2n+1 de uma solu¸c˜ao da equa¸c˜ao (embora este processo n˜ao permita conhecer, a menos de uma casualidade, a solu¸c˜ao exata).

7. Segunda-feira, 19 de mar¸co de 2018

Consequˆencia importante do Teorema de anulamento e o seguinte Teorema dos valores intermedi´arios.

Cabe ao leitor lembrar as defini¸c˜oes de supremo e ´ınfimo de uma fun¸c˜ao (pag. 7).

Teorema 19 (dos valores intermedi´arios). (com demonstra¸c˜ao) Sejam I um intervalo de R e f :I → R uma fun¸c˜ao cont´ınua. Ent˜ao, a imagem def ´e feita por todos os valores entreinf(f) esup(f).

Observa¸c˜ao 20. O teorema ´e falso se o dom´ınio n˜ao ´e um intervalo (pense em f(x) = 1/xque n˜ao admite zero como imagem).

Corol´ario 21. Uma fun¸c˜ao cont´ınua aplica intervalos em intervalos.

Exerc´ıcio 75. Dˆe a demonstra¸c˜ao do Teorema dos valores intermedi´arios.

Gra¸cas ao teorema dos valores intermedi´arios podemos resolver um problema que parece ´obvio mas n˜ao ´e.

Vamos escrev´e-lo na forma seguinte: seja f : [0,2]→R, definida por f(x) = x2. Qual ´e a imagem def? A resposta parece ´obvia: a imagem ´e o intervalo [0,4]. ´E realmente ´obvia tal resposta? A pergunta podem ser reformulada ass´ım: dado um n´umero real bentre 0 e 4, existe um n´umero real aentre 0 e 2 tal quea2=b?

O problema da imagem dex2 ´e de fato o problema da existˆencia da raiz quadrada (que ´e bem diferente do problema da unicidade dela, como no colocado num exerc´ıcio anterior).

A resposta ao problema da existˆencia da raiz quadrada se d´a usando as propriedades que fundamR. Dada a f acima (por exemplo), pelas propriedades alg´ebricas dos n´umeros reais sabemos provar que: a) f(x) ≥0 para todox; b)f ´e estritamente crescente; c) atinge o m´aximo emx= 2 e o m´ınimo em x= 0; d) o m´aximo vale 4 e o m´ınimo 0. Portanto a imagem de f ´e contida em [0,4], mas podemos afirmar que coincide com [0,4]s´o usando o teorema dos valores intermedi´arios.

O teorema dos valores intermedi´arios permite (finalmente) provar a existˆencia da raiz quadrada de um n´umero positivo. Seja de fatoa >0 dado e seja a fun¸c˜aox2−a. Tal fun¸c˜ao ´e negativa em zero e positiva para x suficientemente grande (pelo Teorema de Arquim´edes). Portanto se anula em um ponto b, evidentemente positivo. Ou seja existe b tal que b2 = a. Este b ´e a raiz quadrada de a, cuja unicidade j´a foi provada (exerc´ıcio 9). Portanto podemos definir agora f : [0,+∞)→R,f(x) =√

x.

Exerc´ıcio 76. Raiz n-´esima. Analogamente podemos definir a raiz n-´esima de um n´umero positivo se n for par, e de um n´umero real qualquer senfor impar. O leitor pode provar que a raiz existe e quef(x) = √n

x

´e definida em [0,+∞) sen´e par e em Rsen´e impar.

Exerc´ıcio 77. Potˆencias com expoente racional. Usando a defini¸c˜ao de raizn-´esima e, em particular, o fato de que ela existe, podemos definir uma potˆencia com expoente racional.

Come¸camos definindox0= 1 para cadax6= 0. Esta defini¸c˜ao, absolutamente abstrata, permite a extens˜ao das propriedades das potˆencias aos casos que envolvem x0: sabemos que xm/xm = 1. por outro lado, se queremos aplicarxm/xm=xm−m, a ´unica possibilidade ´e dada da escolha acima.

(13)

Em seguida: dadosx real e positivo e m, ninteiros positivos, definimos precisamente:

xm/n = √n

xm = √n xm

. Podemos ir al´em: dadosx∈Re m inteiro positivo, definimos

x−m= 1 xm. As duas defini¸c˜oes acima permitem definir

xm/n = √n

xm = √n xm

, x >0, m, n∈Z, m, n6= 0.

Observamos o seguinte.

a) A fun¸c˜ao f(x) =xm/n, definida em (0,+∞) pode ser extendida em 0 se n˜ao tiver problema em anula- mento de denominadores. O leitor verifique para quais valores dem, n ´e poss´ıvel.

b) A fun¸c˜ao f(x) = xm/n, definida em (0,+∞) pode ser extendida aos x ≤0 se n˜ao tiver problema em anulamento de denominadores e raizes de ´ındice par de n´umeros negativos. O leitor verifique para quais valores dem, n´e poss´ıvel.

c) O leitor prove que as potˆencias de expoente racional verificam as cl´assicas propriedades das potˆencias:

xr ·xs = xr+s, xr ·yr = (xy)r, (xr)s = xrs. (O caso do expoente inteiro ´e imediato e n˜ao precisa ser aprofundado.)

d) A potˆencia 00 n˜ao ´e definida. O leitor pode tentar explicar quais poss´ıveis problemas encontraria uma tentativa de associar um valor a 00.

Observa¸c˜ao 22. O passo seguinte seria a defini¸c˜ao de potˆencia com expoente real. Nos cursos de C´alculo n˜ao ´e dedicado muito espa¸co ao aprofundamento deste conceito, e s˜ao usadas sem grandes problemas fun¸c˜oes do tipo xα, ondex ´e real e positivo e α ´e real, eax, ondea´e real e positivo e x ´e real. ( ´E inclusive definida a fun¸c˜ao xx para todo x real e positivo.) Fica claro que, por exemplo, 2π n˜ao pode significar o produto do n´umero 2 por si “π vezes”. Uma possibilidade para definir 2π e obt´e-lo como um processo de aproxima¸c˜ao de sequˆencias de potˆencias 2m/n quando os expoentes racionais aproximam π. Mais simplesmente podemos definir

2π = sup{2m/n, onde m, n∈N, em/n < π}.

Por esta via n˜ao ´e particularmente dif´ıcil (mas n˜ao ´e totalmente trivial) provar que 2x´e estritamente crescente.

Fica mais complicado todavia provar a continuidade e a derivabilidade.

A estrat´egia que usaremos neste curso para a apresenta¸c˜ao das potˆencias con expoente real ser´a outra.

Baseia-se na teoria da integra¸c˜ao e portanto n˜ao pode ser desenvolvida agora. A avantagem principal desta abordagem, al´em do fato de permitir ao estudante ver um outro ponto de vista, ´e a extrema facilidade da demostra¸c˜ao das principais propriedades dexα e ax.

8. Quarta-feira, 21 de mar¸co de 2018

Vamos ver agora a continuidade das fun¸c˜oes inversas. Primeiramente observamos o fato seguinte. As fun¸c˜oes estritamente mon´otonas s˜ao invers´ıveis, mas o vice-versa ´e falso.

(14)

- 6

@

@

@

@

@

O acima ´e o gr´afico def : (−1,1)→R,f(x) =

( −x se −1≤x <0 x+ 1 se 0≤x <1.

Al´em disso, ´e f´acil ver que f ´e descont´ınua em zero. Por outro lado a fun¸c˜ao g: (−1,0)∪[1,2]→R,g(x) =

( −x se −1≤x <0

x se 1≤x≤2 ´e cont´ınua ´e invers´ıvel, mas com inversa descont´ınua em 1.

- 6

@

@

@

@

@

Exerc´ıcio 78. Escreva a fun¸c˜ao inversa (determinando o dom´ınio) e desenhe o gr´afico.

Sobre a rela¸c˜ao entre invers´ıbilidade, monotonia e continuidade valem os resultados seguintes.

Lema 23. (com demonstra¸c˜ao) Seja I intervalo de R e f : I → R cont´ınua e invers´ıvel. Ent˜ao, f ´e estritamente mon´otona em I.

O lema acima ´e usado para a demonstra¸c˜ao do teorema seguinte.

Teorema 24 (Continuidade da fun¸c˜ao inversa). (com demonstra¸c˜ao) Seja I intervalo de R e f :I → R cont´ınua e invers´ıvel. Ent˜ao, f−1 ´e cont´ınua.

Uma consequˆencia do teorema acima ´e a continuidade de √n

x (no oportuno dom´ınio que depende do fato denser par o impar). Usando a continuidade do quociente de fun¸c˜oes cont´ınuas e da composi¸c˜ao, ´e f´acil ver a continuidade de xm/n,m, n∈Z.

Exerc´ıcio 79. Apresente os detalhes das afirma¸c˜oes acima e prove o Lema 23 e o Teorema 24.

9. Sexta-feira 23 de mar¸co de 2018

(15)

Seja f :E → R uma fun¸c˜ao definida em um subconjunto E de R qualquer. Definimos o m´aximo de f, max(f) em s´ımbolos, o m´aximo da imagem de f. O m´ınimo de f, min(f), ´e definido como o m´ınimo da imagem def.

E claro que temos in´´ umeros exemplos de fun¸c˜oes que n˜ao possuem m´aximo nem m´ınimo. O seguinte teorema, devido a Weierstrass1, garante a existˆencia do m´aximo e do m´ınimo de uma fun¸c˜ao cont´ınua definida em um conjunto limitado e fechado (um subconjunto limitado e fechado deR´e chamado compacto).

Teorema 25(de Weierstrass). (com demonstra¸c˜ao)Uma fun¸c˜ao cont´ınua definida em um conjunto com- pacto possui m´aximo e m´ınimo.

Exerc´ıcio 80. A hip´otese de compacidade do dom´ınio ´e essencial. O leitor procure um exemplo de uma fun¸c˜ao cont´ınua definida em um conjunto n˜ao limitado que n˜ao possui m´aximo (ou m´ınimo) e um exemplo de uma fun¸c˜ao cont´ınua definida em um conjunto n˜ao fechado que n˜ao possui m´aximo (ou m´ınimo).

Exerc´ıcio 81. Prove o seguinte fato: dado um subconjunto E de R, um ponto c ´e ponto de acumula¸c˜ao de E se e somente se cada intervalo (c−δ, c+δ) possui infinitos pontos deE.

Exerc´ıcio 82. Dˆe a demonstra¸c˜ao do Teorema de Weierstrass (use o exerc´ıcio anterior, entre as v´arias ferramentas).

* * *

Vamos ver agora o conceito de continuidade uniforme.

Defini¸c˜ao 26 (continuidade uniforme). Dado um subconjunto E de R, uma fun¸c˜ao f : E → R ´e dita uniformemente cont´ınua se, para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que, se x, y ∈ E e |x −y| < δ, ent˜ao

|f(x)−f(y)|< ε.

Teorema 27. (com demonstra¸c˜ao)Uma fun¸c˜ao cont´ınua definida em um conjunto compacto ´e uniforme- mente cont´ınua.

Exerc´ıcio 83. Dˆe a demonstra¸c˜ao do teorema anterior.

Exerc´ıcio 84. Prove quex2 (definida emR) n˜ao ´e uniformemente cont´ınua. Prove che 1/xn˜ao ´e uniforme- mente cont´ınua em (0,1).

Exerc´ıcio 85. (Apostol, pag. 166) Dar um exemplo de uma fun¸c˜ao que ´e cont´ınua num ponto de um intervalo e descont´ınua em todos os outros pontos do intervalo, ou provar que n˜ao existe uma tal fun¸c˜ao.

(Sugest˜ao: pense na fun¸c˜ao de Dirichlet.)

Exerc´ıcio 86. Prove que, para qualquer areal, a equa¸c˜ao x3+x−a= 0 tem uma e somente uma solu¸c˜ao real.

Exerc´ıcio 87. Sejaf :R→Rcont´ınua, tal quex−5< f(x)< x+ 1 para todox∈R. Determine a imagem de R(justificando a resposta).

Exerc´ıcio 88. Lembramos que um subconjuntoAdeR´e ditoabertose todo pontox∈Apossui a propriedade seguinte: existe δ (que depende evidentemente de x) tal que (x−δ, x+δ)⊆A. Prove que a uni˜ao de uma fam´ılia qualquer de conjuntos abertos ´e um conjunto aberto. Prove que a interse¸c˜ao de uma fam´ılia finita de conjuntos abertos ´e um conjunto aberto.

1Karl Weierstrass, 1815-1897, foi um dos grandes refundadores e reorganizadores da an´alise matem´atica moderna, baseando o trabalho na clareza dos axiomas e das demonstra¸oes.

(16)

Exerc´ıcio 89. Dˆe um exemplo de uma interse¸c˜ao de uma fam´ılia infinita de conjuntos abertos que seja um conjunto aberto e um exemplo de uma interse¸c˜ao de uma fam´ılia infinita de conjuntos abertos que n˜ao seja um conjunto aberto.

Exerc´ıcio 90. Lembramos que um subconjunto E de R ´e dito fechado se o complementar dele, EC{x ∈ Rt.q x /∈E}, ´e aberto. Prove que a uni˜ao de uma fam´ılia finita de conjuntos fechados ´e um conjunto fechado.

Prove que a interse¸c˜ao de uma fam´ılia qualquer de conjuntos fechados ´e um conjunto fechado.

Exerc´ıcio 91. Dˆe um exemplo de uma uni˜ao de uma fam´ılia infinita de conjuntos fechados que seja um conjunto fechado e um exemplo de uma uni˜ao de uma fam´ılia infinita de conjuntos fechados que n˜ao seja um conjunto fechado.

Exerc´ıcio 92. SejaE um subconjunto dado de E. Chamamos fecho de E, em s´ımbolosE, a interse¸c˜ao de todos os conjuntos fechados que contˆem E. Seja dadoE e sejaC um conjunto fechado tal queE ⊆C⊆E.

Prove queC =E.

Exerc´ıcio 93. Um subconjuntoE deR´e chamadodenso se cada intervalo de Rpossui pontos deE. Prove queE ´e denso se e somente seE =R.

Exerc´ıcio 94. Determine o supremo e o ´ınfimo do conjunto E =

x∈

1 2,2

3

: x=m/2n, m, n∈N

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 95. Um ponto x de um conjunto E ´e chamado ponto interior de E se existe δ >0 tal que (x−δ, x+δ)⊆E. O conjunto dos pontos interiores de E ´e chamado interior de E. Encontre o interior de cada conjunto.

(1) {n1 :n∈N} (2) [0,5]∪(6,7]

(3) {r ∈Q: 0< r <√ 2}

(4) {r ∈Q:r≥√ 2}

(5) [0, π]∩[π,5]

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 96. Classifique cada conjunto abaixo como aberto, fechado, ambos ou nenhum dos dois. Al´em disso, determine seu respectivo fecho.

(1) {n1 :n∈N} (2) N

(3) Q (4) T

n=1 0,n1

(5) {x∈R:|x−5| ≤ 12} (6) {x∈R:x2>0}

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 97. Prove que o conjunto dos pontos de acumula¸c˜ao de um conjunto dado ´e sempre fechado.

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 98. Dˆe explicitamente o significado de cada uma das seguintes afirma¸c˜oes. Em suas explica¸c˜oes n˜ao ´e permitido utilizar qualquer uma das palavras em it´alico.

(1) a∈X n˜ao´e pontointeriorde X.

(2) X ⊆Rn˜ao´e um conjuntoaberto.

(3) O conjunto Y ⊆Rn˜ao´e fechado.

(17)

(4) a∈Rn˜ao´eponto de acumula¸c˜aode X⊆R.

(5) X0 =∅ (o s´ımboloX0 denota o conjunto dos pontos de acumula¸c˜ao de X).

(6) X ⊆Y mas n˜ao´edenso emY. (7) X n˜ao´e compacto.

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 99. DadoS ⊆Rn˜ao vazio, podemos definir, para cadax∈R, f(x) = inf{|x−s|:s∈S}.

(1) Mostre quef(x) = 0 se, e somente se, x∈S.

(2) Mostre quef ´e cont´ınua. [Sugest˜ao: Mostre que |f(x)−f(y)| ≤ |x−y| ∀x, y∈R.]

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 100. Sejam f:R → R cont´ınua e X ⊆R. Suponha que f(x) = 0 para todo x∈X. Mostre quef(x) = 0 para todox∈X. Conclua que, se duas fun¸c˜oes cont´ınuas deRemRcoincidem em um subconjunto denso deR, ent˜ao elas s˜ao iguais.

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 101. Encontre um exemplo de fun¸c˜aog:R→Rque seja cont´ınua em exatamente um ´unico ponto de R e um outro exemplo de fun¸c˜ao f:R → R que seja descont´ınua em todo ponto de R, mas quef2 seja cont´ınua emR.

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 102. Mostre que toda fun¸c˜ao cont´ınuaf: [a, b]→[a, b] admite ponto fixo, isto

´e, existec∈[a, b] tal quef(c) =c.

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 103. Seja f uma fun¸c˜ao definida em um intervalo I. Prove as seguintes afirma¸c˜oes.

(1) Sef ´e cont´ınua e injetora, ent˜ao f ´e estritamente crescente ou estritamente decrescente.

(2) Sef ´e estritamente crescente (ou decrescente) e sef(I) ´e um intervalo, ent˜ao f ´e cont´ınua.

Exerc´ıcio (lista Rodrigo) 104. SejaI um intervalo. Uma fun¸c˜ao f:I → R ´e dita Lipschitziana (ou de Lipschitz) se existe uma constante K >0 tal que |f(x)−f(y)| ≤ K|x−y| para tod x, y ∈ I. Mostre que toda fun¸c˜ao Lipschtziana ´e uniformemente cont´ınua.

10. Segunda feira 2 de abril de 2018

A derivada de uma fun¸c˜ao: defini¸c˜ao e algumas aplica¸c˜oes

Como dito nas p´aginas anteriores, para introduzir a derivada precisamos trabalhar com os limites. Imag- inamos portanto ter acesso aos resultados cl´assicos sobre teoria dos limites. Inclusive, ser´a usado, quando necess´ario, o resultado que diz quef ´e cont´ınua em um pontocse e somente se limx→cf(x) =f(c) (claramente sec´e ponto de acumula¸c˜ao do dom´ınio def)

Seja I um intervalo de R, f : I → R uma fun¸c˜ao dada e x0 ∈ I dado. Variando m ∈ R, as equa¸c˜oes y=f(x0) +m(x−x0) representam as retas secantes ao gr´afico def no ponto (x0, f(x0)) (a reta vertical que tem equa¸c˜ao x=x0 ´e a ´unica reta que n˜ao pode ser escrita na formay=f(x0) +m(x−x0)).

Seja agorax∈I e o correspondente ponto no gr´afico def, (x, f(x)). O quociente f(x)−f(x0)

x−x0

(18)

se chama raz˜ao incremental de f, relativa a x0 e a x e ´e o coeficiente angular da secante que passa por (x0, f(x0)) e (x, f(x)). Se existe o limite desta raz˜ao quando x → x0, este limite d´a, intuitivamente, o coeficiente angular de uma “reta posi¸c˜ao limite” das secantes (quandox→x0).

Defini¸c˜ao 28. Se existe e ´e finito o limite

x→xlim0

f(x)−f(x0) x−x0 =l,

ent˜ao dizemos quef ´e deriv´avel em x0 e o n´umerol se chamaderivada de f em x0.

A derivada def em x0 (se existe) ´e denotada, normalmente, por um dos s´ımbolos seguintes:

f0(x0), df

dx(x0), Df(x0), Df(x)|x=x0. O primeiro ´e aquele mais comun.

Uma outra forma de escrever a raz˜ao incremental e portanto o limite acima ´e obtida pondo x−x0 = h.

Temos

f(x0+h)−f(x0)

h e lim

h→0

f(x0+h)−f(x0)

h .

A no¸c˜ao de derivada ´e pontual (como a de continuidade), ou seja derivada de uma fun¸c˜ao em um ponto.

Dadaf :I →R, sef ´e deriv´avel em todos os pontos deI, dizemos quef ´e deriv´avel e fica bem definida uma nova fun¸c˜ao, a derivada de f,x7→f0(x), definida em I.

Se f ´e deriv´avelx0, a reta de equa¸c˜aoy =f(x0) +f0(x0)(x−x0) ´e definida reta tangente ao gr´afico def no ponto (x0, f(x0)).

Aten¸c˜ao: a precedente ´e a defini¸c˜ao de reta tangente; outras poss´ıveis defini¸c˜oes, como “a reta que encosta o gr´afico s´o em um ponto”, s˜ao corretas s´o em casos muito particulares, por exemplo a circunferˆencia.

Reta secante e reta tangente em (x0, f(x0)).

- 6

x1 x0 -

6

HH HH

HH HH

H HHH x0

Exerc´ıcio 105. Na par´abola de equa¸c˜ao y = x2 procure um ponto onde a reta tangente `a parabola forma um ˆangulo deπ/4 com o eixo x.

Derivadas de algumas fun¸c˜oes elementares.

FUNC¸ ˜AO f(x) DERIVADAf0(x)

c (fun¸c˜ao constante) 0

xn(n∈N,n≥1) nxn−1

Exerc´ıcio 106. Prove os resultados da tabela acima.

Exerc´ıcio 107. Dados os gr´aficos seguintes, desenhe (intuitivamente) os gr´aficos das derivadas.

(19)

- 6

c a

- 6

a b

- 6

c d

a

- 6

c d

Exerc´ıcio 108. Sejaf(x) =x3. Calcule, usando a defini¸c˜ao de derivada,f0(0), f0(−2),f(1/2).

Exerc´ıcio 109. Prove que a derivada de uma fun¸c˜ao par (e deriv´avel) ´e uma fun¸c˜ao impar; e que a derivada de uma fun¸c˜ao impar (e deriv´avel) ´e uma fun¸c˜ao par.

Exerc´ıcio 110. Prove que a fun¸c˜ao |x|n˜ao ´e deriv´avel em zero.

Proposi¸c˜ao 29 (Continuidade de uma fun¸c˜ao deriv´avel). (com demonstra¸c˜ao) Seja f : I → R uma fun¸c˜ao deriv´avel em um ponto x0∈I. Ent˜ao, f ´e cont´ınua em x0.

Exerc´ıcio 111. Prove a proposi¸c˜ao acima.

Proposi¸c˜ao 30 (Algebra das derivadas). (com demonstra¸c˜ao)Sejamf, g:I →Rduas fun¸c˜oes deriv´aveis em um pontox0∈I. Ent˜ao s˜ao deriv´aveis em x0 as fun¸c˜oesf±g,f·g, 1/g ef /g (nestes ´ultimos dois casos se g(x0)6= 0) e temos as f´ormulas seguintes:

(1) (f+g)0(x0) =f0(x0) +g0(x0), (2) (f−g)0(x0) =f0(x0)−g0(x0),

(3) (f g)0(x0) =f0(x0)g(x0) +f(x0)g0(x0), (4) (1/g)0(x0) =− g0(x0)

(g(x0))2,

(5) (f /g)0(x0) = f0(x0)g(x0)−f(x0)g0(x0) (g(x0))2

(20)

Exerc´ıcio 112. Prove a proposi¸c˜ao acima.

Como exemplo, sen´e inteiro positivo ex6= 0, D 1

xn =−n 1 xn+1

Proposi¸c˜ao 31(Derivada da fun¸c˜ao composta). (com demonstra¸c˜ao)Sejam dadas duas fun¸c˜oesf :I →R eg:J →R, tais que Im(f)⊆J. Sejamf deriv´avel em um pontox0 ∈I eg deriv´avel emy0 =f(x0). Ent˜ao g◦f ´e deriv´avel em x0 e (g◦f)0(x0) =g0(y0)f0(x0).

Demonstra¸c˜ao. Dado x∈I, consideramos a raz˜ao incremental g(f(x))−g(f(x0))

x−x0 .

Vamos dividir a prova em dois casos. Caso A: suponhamos que exista um intervalo (x0−a, x0+a) tal que f(x)6=f(x0) para todo x∈(x0−a, x0+a)∩I e (obviamente)x6=x0. Neste caso temos

g(f(x))−g(f(x0)) x−x0

= g(f(x))−g(f(x0)) f(x)−f(x0)

f(x)−f(x0) x−x0

. (1)

Ou seja, para todo x ∈ (x0−a, x0+a)∩I e x 6= x0 podemos escrever o quociente com f(x)−f(x0) no denominador. Consideramos agora a fun¸c˜ao h:J →R, definida por

h(y) =

g(y)−g(y0) y−y0

sey6=y0

g0(y0) sey=y0.

Sendo g deriv´avel em y0, ent˜ao h ´e cont´ınua em y0 (consequˆencia direta da defini¸c˜ao de derivada). A composi¸c˜ao h◦f : (x0−a, x0+a)∩I →R´e definida por

(h◦f)(x) =





g(f(x))−g(f(x0))

f(x)−f(x0) sex6=x0 g0(y0) sex=x0.

O leitor pode fazer as (simples) contas que justificam esta ´ultima f´ormula. Aplicando a proposi¸c˜ao 16, temos a continuidade de h◦f emx0, portanto temos o limite

x→xlim0

g(f(x))−g(f(x0))

f(x)−f(x0) =g0(y0).

Por outro lado, pela derivabilidade def em x0, temos

x→xlim0

f(x)−f(x0)

x−x0 =f0(x0).

Agora, as duas fra¸c˜oes do lado direto da igualdade (1) acima tˆem limites finitos. Portanto o limite do produto coincide com o produto dos limites (resultado de teoria dos limites que vamos aqui usar) e temos

x→xlim0

g(f(x))−g(f(x0))

x−x0 =g0(y0)·f0(x0).

Caso B: vamos agora eliminar a hip´otese auxiliar do caso A. Portanto, n˜ao sabendo para quais valores dex temosf(x)6=f(x0), temos que proceder com cuidado. Contudo, uma pequena varia¸c˜ao do m´etodo do caso A continua valendo neste caso B: sejah como acima. A diferen¸ca com o caso A est´a na composi¸c˜ao

G(x) = (h◦f)(x) =





g(f(x))−g(f(x0))

f(x)−f(x0) sef(x)6=f(x0) g0(y0) sef(x) =f(x0).

(21)

G´e cont´ınua emx0 porque composi¸c˜ao de fun¸c˜oes cont´ınuas e portanto

x→xlim0

G(x) =g0(y0).

Por outro lado, n˜ao sendo poss´ıvel escrever a igualdade (1) acima, consideramos g(f(x))−g(f(x0))

x−x0

=G(x) f(x)−f(x0) x−x0

.

(O leitor verifique que a igualdade acima ´e correta para todo x. Isso porque quando f(x) = f(x0) os dois membros s˜ao nulos). Os limites das duas fun¸c˜oes do segundo membro existem e s˜ao finitos. De novo, o limite do produto coincide com o produto dos limites e temos finalmente a tese do teorema.

11. Quarta-feira, 4 de abril de 2018

Proposi¸c˜ao 32 (Derivada da fun¸c˜ao inversa). (com demonstra¸c˜ao)SejaI intervalo,f :I →Rinvers´ıvel eg:Im(f)→Ra fun¸c˜ao inversa def. Seja f cont´ınua em um pontox0 e a inversa cont´ınua emy0=f(x0).

Sef ´e deriv´avel em x0 e f0(x0)6= 0, ent˜ao,g ´e deriv´avel em y0 e temosg0(y0) = 1/f0(x0).

Exerc´ıcio 113. Prove a proposi¸c˜ao acima.

Como aplica¸c˜ao dos ´ultimos resultados, temos esta outra tabela de derivadas.

FUNC¸ ˜AO f(x) DERIVADAf0(x)

n

x(=x1/n) 1

nx1/n−1 (veja-se a analogia com as outras f´ormulas)

xm/n (m, n inteiros) m

nxm/n−1 (veja-se a analogia com as outras f´ormulas) Exerc´ıcio 114. Encontre um ponto P na hip´erbole de equa¸c˜ao y = 1

1 +x tal que a tangente por P encontre a origem do plano.

Exerc´ıcio 115. Encontre a equa¸c˜oes das tangentes `a par´abolay=x2−4x+ 3 que passam pela origem.

Exerc´ıcio 116. Calcule a ´area do triˆangulo que tem como vertices os pontos comuns das par´abolas y =x2 e y =x−x2 e o ponto de interse¸c˜ao entre o eixo das abscissas e a tangente `a par´abola 2y =x2 em (−2,2).

Exerc´ıcios. Determine em quais pontos s˜ao deriv´aveis as fun¸c˜oes seguintes e calcule as derivadas.

117. signx·x2 p

|x|

118. |x2+x| 119. [x]

Exerc´ıcios. Calcule as derivadas das fun¸c˜oes seguintes.

120. x2+ 2

x3−3x 121. √

x+ 1

3

x4+ 1

Exerc´ıcio 122. Escreva a equa¸c˜ao da reta tangente ao gr´afico em (x0, f(x0)) da fun¸c˜ao seguinte.

123. x3+ 2x+ 3, x0 =−1/2

(22)

Exerc´ıcio 124. Diga em quais pontos a fun¸c˜ao seguinte ´e deriv´avel e calcule a derivada (nos pontos onde existe). Depois, diga se a derivada ´e cont´ınua.

f(x) =









 2x

x2+ 2 x >0

0 x= 0

x

−x2−3 x <0

12. Sexta-feira, 6 de abril de 2018

Vamos estudar agora os m´aximos e m´ınimos, absolutos e relativos.

Defini¸c˜ao 33. SejaAum subconjunto de Re f :A→Ruma fun¸c˜ao.

a) Om´aximo absolutodef ´e o m´aximo (se existe) da imagem def. Om´ınimo absoluto def ´e o m´ınimo (se existe) da imagem de f.

b) Um ponto x0 ∈ A ´e dito ponto de m´aximo absoluto se f(x0) ´e o m´aximo absoluto de f. Um ponto x0∈A´e dito ponto de m´ınimo absoluto sef(x0) ´e o m´ınimo absoluto de f.

c) Um ponto x0 ∈ A ´e dito ponto de m´aximo relativo se existe um intervalo (x0 −δ, x0 +δ), tal que f(x)≤f(x0), para cadax ∈A∩(x0−δ, x0+δ). Um pontox0 ∈A ´e dito ponto de m´ınimo relativo se existe um intervalo (x0−δ, x0+δ), tal que f(x)≥f(x0), para cada x∈A∩(x0−δ, x0+δ).

Exerc´ıcio 125. Seja a fun¸c˜ao f(x) = 2x,x∈[1,2]∪[3,4]. Determine, justificando a resposta, o m´aximo e o m´ınimo def (porque existem?) e os pontos de m´aximo e m´ınimo relativos.

Exerc´ıcio 126. Determine, justificando a resposta, os pontos de m´aximo e m´ınimo absoluto e relativo de

f(x) =





x2 se −1≤x <0 2 sex= 0 3−x se 0< x≤3.

As defini¸c˜oes acima envolvem fun¸c˜oes quaisquer, ou seja, que podem ser ou n˜ao ser cont´ınuas nem de- riv´aveis. Contudo, se a fun¸c˜ao estudada ´e deriv´avel, a sua derivada nos d´a informa¸c˜oes sobre os m´aximos e os m´ınimos.

Teorema 34 (de Fermat). (com demonstra¸c˜ao)(Condi¸c˜ao necess´aria para a existˆencia dos pontos de m´aximo ou de m´ınimo relativo.) Seja I intervalo de R e f : I → R uma fun¸c˜ao dada. Seja x0 um ponto interior de I (ou seja, um ponto que pertence a I, mas n˜ao ´e extremo) e seja tamb´em um ponto de m´aximo ou de m´ınimo relativo de f. Suponhamos que f seja deriv´avel em x0. Ent˜ao, f0(x0) = 0.

Dada uma fun¸c˜aof :I →R, um pontox0 tal que f0(0) = 0 se chamaponto cr´ıtico ou ponto estacion´ario.

Exemplo: f(x) = x2, x ∈ R. Todos os pontos do dom´ınio s˜ao internos e f ´e deriv´avel. Sabemos que x= 0 ´e ponto de m´aximo absoluto (e portanto relativo) de f. O teorema de Fermat nos diz que f0(0) = 0, coisa que pode ser calculada facilmente.

(23)

O vice-versa do teorema n˜ao vale. Dada uma fun¸c˜ao f, se f0(x0) = 0, n˜ao sabemos se x0 ´e ponto de m´aximo ou m´ınimo relativo. x= 0 ´e ponto cr´ıtico def(x) =x3, mas n˜ao ´e ponto de m´aximo nem de m´ınimo relativo.

O teorema de Fermat ´e usado s´o para estudar pontos interiores ao dom´ınio. Se, por exemplo, consideramos f(x) =x,x∈[0,1], sabemos que 0 ´e ponto de m´ınimo e 1 ´e ponto de m´aximo. Por´em, f0(x) = 1, para todo x. Neste caso os pontos de m´aximo e de m´ınimo s˜ao os extremos do dom´ınio; o teorema de Fermat n˜ao pode ser aplicado.

Resumindo, os pontos de m´aximo ou de m´ınimo relativo de uma fun¸c˜ao f :I →R, devem ser procurados entre:

(1) os pontos internos do dom´ınio ondef ´e deriv´avel e a derivada ´e zero;

(2) os pontos ondef n˜ao ´e deriv´avel;

(3) os extremos deI.

Exemplo: f(x) =x3/3−x2/2−3; a fun¸c˜ao ´e definida emR, que ´e aberto (todos os pontos s˜ao interiores),

´e deriv´avel em Re a derivada se anula em 0 e 1. Estes dois pontos s˜ao candidatos a ser pontos de m´aximo ou de m´ınimo relativo, mas ainda n˜ao temos condi¸c˜oes suficientes para dizer se de fato s˜ao.

Para estudar pontos de m´aximo ou de m´ınimo relativo, precisamos de um teorema, o Teorema do valor m´edio ou de Lagrange, que ´e um dos mais importantes da An´alise matem´atica. Veremos este teorema em breve. O exerc´ıcio seguinte formhece condi¸c˜oes suficientes para obter pontos de m´aximo ou m´ınimo relativo, s´o no caso de extremos de intervalos.

Exerc´ıcio 127. Sejaf : [a, b]→R deriv´avel. Prove (pelo menos) uma das rela¸c˜oes seguintes:

(1) sef0(a)>0, ent˜ao a´e ponto de m´ınimo relativo;

(2) sef0(a)<0, ent˜ao a´e ponto de m´aximo relativo;

(3) sef0(b)>0, ent˜ao b´e ponto de m´aximo relativo;

(4) sef0(b)<0, ent˜ao b´e ponto de m´ınimo relativo.

Exerc´ıcio 128. Considere a fun¸c˜ao f :R→R, definida por f(x) =

x2sen1

x sex6= 0

0 sex= 0,

e aborde os problemas seguintes. A fun¸c˜ao f ´e deriv´avel em todo x real. Se x 6= 0, calcule a derivada, explicando em detalhes quais ferramentas est´a utilizando. A derivada emx= 0 se existe (e neste caso existe) somente pode ser calculada usando a defini¸c˜ao de derivada. Porque outras t´ecnicas n˜ao podem funcionar?

Explique. Enfim, prove que a derivada n˜ao ´e cont´ınua emx= 0.

13. Segunda-feira, 9 de abril de 2018 e 14. Quarta-feira, 11 de abril de 2018 Excerc´ıcios em sala de ´aula. prepara¸c˜ao da prova P1.

15. Sexta-feira, 13 de abril de 2018 Prova P1.

(24)

16. Segunda-feira, 16 de abril de 2018

Exerc´ıcio 129. Entre todos os n´umeros reais, n˜ao negativos, cuja soma ´e 1, determine aqueles cujo produto

´e m´aximo.

Ideia da resolu¸c˜ao: se x, ys˜ao reais e≥0, a fun¸c˜ao (de duas vari´aveis) produtof(x, y) =xyevidentemente n˜ao tem m´aximo. Contudo, x e y tem o v´ınculo y = 1−x; portanto podemos montar a fun¸c˜ao g(x) = x(1−x), definida em [0,1]. Ag(x) possui m´aximo absoluto porque podemos aplicar o Teorema de Weierstrass.

Lembrando da lista apresentada anteriormente de candidatos a serem pontos de m´aximo absoluto, temos 0, 1 e o (´unico) ponto cr´ıtico interior, que ´e 1/2. A compara¸c˜ao das imagens determina a solu¸c˜ao do exerc´ıcio.

Exerc´ıcio 130. Refa¸ca de novo o exerc´ıcio. Al´em disso, qual ´e o m´ınimo do produto?

Exerc´ıcio 131. O exerc´ıcio tem uma leitura geom´etrica e pode ser equivalentemente formulado assim: entre todos os retˆangulos de per´ımetro fixado, igual a 2, determine aquele de ´area m´axima. Existe o retˆangulo de

´

area m´ınima?

Exerc´ıcio 132. (Generaliza¸c˜ao do exerc´ıcio inicial.) Determine o m´aximo de f(x) =xm(1−x)n, ondem, n s˜ao inteiros positivos fixados e x∈[0,1].

Exerc´ıcio 133. Entre todos os n´umeros reais ae b, n˜ao negativos e tais quea2+b2= 1, determine aqueles cuja soma ´e m´axima.

Exerc´ıcio 134. Analogamente ao exerc´ıcio anterior, este tamb´em tem uma leitura geom´etrica e pode ser equivalentemente formulado assim: entre todos os retˆangulos inscritos numa circunferˆencia de raio 1 determine aquele de per´ımetro m´aximo. Existe o retˆangulo de per´ımetro m´ınimo? Enuncie e aborde os an´alogos problemas relativos `a `area m´axima e m´ınima.

Exerc´ıcio 135. Enuncie e aborde os an´alogos problemas relativos aos retˆangulos circumscritos.

Exerc´ıcio 3. No desenho ao lado temos duas torres de altura a e b, respectivamente, e distˆancia d. Um passaro voa da cima da primeira torre, encosta o ch˜ao em P a vai para cima da segunda torre. Ele percorre caminhos retos. Determine P tal que o caminho percorrido seja m´ınimo. O exerc´ıcio d´a a possibilidade de comparar o resultado obtido com a lei de reflex˜ao da luz e a lei dos senos de Snell sobre a

refra¸c˜ao. C

A

D B

P

\

\

\

\

\\

Exerc´ıciosDiga se existem o m´aximo e o m´ınimo absolutos (e os pontos de m´aximo e m´ınimo absoluto) das fun¸c˜oes seguintes nos conjuntos indicados ao lado.

136. x2+ 2

x, (0,+∞) 137. x

1 +x2, R

138. x−[x], R 139. x2

1 +x2, R

Exerc´ıcio 140. Divida 8 em duas partes tais que seja m´ınima a soma dos cubos delas.

Exerc´ıcio 141. SejaV o volume de um prisma reto, cuja base ´e um triˆangulo equil´atero. Determine o lado do triˆangulos tal que a ´area total seja m´ınima.

Exerc´ıcio 142. Entre todos os cilindros inscritos na esfera de raio 1 determine:

Referências

Documentos relacionados

O projeto de apoio à elaboração de Planos Estaduais de Cultura, coordenado pela professora Eloise Livramento Dellagnelo, do qual a autora faz parte desde 2013,

Apesar do glicerol ter, também, efeito tóxico sobre a célula, ele tem sido o crioprotetor mais utilizado em protocolos de congelação do sêmen suíno (TONIOLLI

pesquisa com idosos institucionalizados, demonstrou percentual 58,8% de baixo peso segundo o IMC, ao realizar uma análise bivariada, constatou relação positiva entre

De acordo com o procedimento adotado para a otimização da região frontal de uma célula solar, primeiramente calcularam-se, por meio do programa computacional PC-1D,

Por se tratar de um espa¸co m´ etrico, usaremos a no¸c˜ ao de sequencialmente compacto (em que toda sequˆ encia possui uma subsequˆ encia que ´ e conver- gente) vista em An´ alise

Para descrever graficamente um conjunto de dados ´ e necess´ ario verificar a frequˆ encia dos valores existentes na vari´ avel. Frequˆ encia f i ´ e o n´ umero de vezes que um valor

Para descrever graficamente um conjunto de dados ´ e necess´ ario verificar a frequˆ encia dos valores existentes na vari´ avel. Frequˆ encia f i ´ e o n´ umero de vezes que um valor

O método escolhido para a realização deste estudo foi à pesquisa qualitativa, de cunho exploratório, que foi realizada com mulheres que residem na comunidade de São Jorge,