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ESTÁGIO-SUPERVISIONADO NA EDUCAÇÃO FÍSICA: atuação e possibilidades por meio do uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação

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Academic year: 2021

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ESTÁGIO-SUPERVISIONADO NA EDUCAÇÃO FÍSICA: atuação e possibilidades

por meio do uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação

Supervised internship in Physical Education: performance and possibilities through the use of Digital

Information and Communication Technologies

NATHALIA DÓRIA OLIVEIRA1

SERGIO MELO DA CUNHA2

ALLYSON CARVALHO DE ARAUJO3 Grupo Temático 1. Ensino e aprendizagem por meio de/para o uso de TDIC.

Subgrupo 1.2. Docência, formação e atuação – o papel do professor.

Resumo:

O estágio supervisionado é obrigatório nos cursos de Licenciatura e em particular na Educação Física, sendo crucial para formação dos futuros docentes. O objetivo geral foi analisar as possibilidades pedagógicas por meio do uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) desenvolvidas no estágio supervisionado. Este, foi realizado no Centro de Excelência Professora Maria Ivanda de Carvalho Nascimento, escola pública localizada no Estado de Sergipe com os alunos do 1º ano do ensino médio. A metodologia utilizada teve como pressuposto a abordagem qualitativa, o tipo de pesquisa foi a participante e para coleta de dados usamos a observação participante com registro nos diários de campo, questionário semiestruturado e a produção de vídeos, assim realizado a análise temática com a triangulação dos dados. Os resultados mostram-nos que, apesar dos limites sociais, políticos e educacionais das tecnologias, existem possibilidades de atuação no estágio supervisionado, visto que é uma oportunidade de aplicar na prática, conceitos e teorias apreendidos na graduação em relação as TDIC. Além de maior envolvimento no ensino-aprendizado dos alunos no conteúdo das Lutas abordado na Educação Física, ampliando para outros assuntos e contextos enfrentados, como em tempos de isolamento social.

Palavras-chave: Educação Física; Estágio; TDIC. Abstract:

The supervised internship is mandatory in undergraduate courses and in particular in Physical Education, being crucial for the training of future teachers. The general objective was to analyze the pedagogical possibilities through the use of Digital Information and Communication Technologies (DICT) developed in the supervised internship. This was held at the Professor Maria Ivanda de Carvalho Nascimento Center of Excellence, a public school located in the State of Sergipe with students from the 1st year of high school. The methodology used was based on the qualitative approach, the type of research was the participant and for data collection we used participant observation with record in the field diaries, semi-structured questionnaire and the production of

1 Mestranda no Programa de Pós-graduação em Educação Física na Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.

2 Mestrando no Programa de Pós-graduação em Educação Física na Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.

3 Orientador do Programa de Pós-graduação em Educação Física na Universidade Federal do Rio Grande do

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videos, thus carrying out the thematic analysis with the triangulation of the Dice. The

results show us that, despite the social, political and educational limits of the technologies, there are possibilities of performance in the supervised internship, since it is an opportunity to apply, in practice, concepts and theories learned in the undergraduate course in relation to DICT. In addition to greater involvement in the teaching-learning of students in the content of the Struggles addressed in Physical Education, expanding to other subjects and contexts faced, such as in times of social isolation.

Keywords: Physical Education; Internship; DICT.

1. Considerações iniciais

No Brasil, país em certa medida fragilizado em determinadas instâncias pelo desemprego, a necessidade de uma formação de ensino superior é substancial na busca por inclusão no mercado de trabalho. No âmbito educacional tal fato é agravado pela atual necessidade de inclusão de crianças e jovens de blocos sociais que a tempos atrás não era vista como essencial, isso porque com o maior número de alunos cresceu junto a exigência por uma maior formação de professores.

Nos diversos currículos de formação básica docente é possível enxergar aspectos adequados a realidade em detrimento de enfoques superficiais que pouco se fundem ao concreto, além de conflitos internos nos próprios cursos como, particularmente, ocorre com a Educação Física. É latente a dicotomia presente na área entre os graus de bacharel e licenciado, mesmo sendo um debate que permeia o campo há tanto tempo. Embora restrinjamos o nosso olhar a licenciatura, é perceptível (em algumas grades disciplinares) que a tradição bacharelesca da área ainda é potente na formação do professor, acarretando se não a abstração, mas o decremento do fazer didático-pedagógico, basilar para uma boa atuação no ensino básico.

Diante dessa realidade surge o estágio supervisionado como oportunidade (e auge) de enfrentamento entre os conhecimentos advindos do processo formador e a regência prática no cotidiano institucional escolar, conforme nos norteiam as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da educação básica, em nível superior, instituídas pela Resolução do Conselho Nacional de Educação – CNE/CP 1, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2002 (BRASIL, 2002, p. 6) que traz em seu artigo 13 que,

A prática será desenvolvida com ênfase nos procedimentos de observação e reflexão, visando à atuação em situações contextualizadas, com o registro dessas observações realizadas e a resolução de situações-problema.

A presença da prática profissional na formação do professor, que não prescinde da observação e ação direta, poderá ser enriquecida com tecnologias da informação, incluídos o computador e o vídeo, narrativas orais e escritas de professores, produções de alunos, situações simuladoras e estudo de casos.

O estágio curricular supervisionado, definido por lei, a ser realizado em escola de educação básica, e respeitado o regime de colaboração entre os sistemas de ensino, deve ser desenvolvido a partir do início da segunda metade do curso e ser avaliado conjuntamente pela escola formadora e a escola campo de estágio.

Nesta compreensão, o estágio proporciona ao estudante "apreender elementos constitutivos de uma determinada profissão, sendo importante que ocorra um envolvimento entre ele, o professor (da escola) e o professor formador (da universidade), para que o estágio seja efetivamente significativo" (VEDOVATTO IZA; SOUZA NETO, 2015).

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Ao passo que se conclui a formação inicial de nível superior, o professor egresso possui

aporte legal para adentrar profissionalmente a esfera escolar e desenvolver sua prática docente. A partir daí se instaura o processo de planejamento das intervenções e procura por estratégias didático-pedagógicas que o permita transmitir o conhecimento de forma a conceder ao alunado um objeto atraente de ensino-aprendizagem. Um desses artifícios é o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC).

A princípio, julgamos necessário fazer a diferenciação entre as TDIC e as tecnologias de informação e comunicação (TIC). As primeiras trazem consigo a aplicação das tecnologias digitais enquanto as outras abrangem também o analógico. Podemos dizer então que toda TDIC é uma TIC, no entanto nem toda TIC é uma TDIC. Um exemplo prático dessa diferença é o acesso a notícias do cotidiano: determinado jornal impresso é uma TIC, no mesmo momento em que este jornal visto através de seu site com o uso de um computador, tablet ou smartphone é uma TDIC, pois agrega a tecnologia digital em sua estrutura.

No processo de ensino-aprendizagem, a proximidade dos estudantes com as mídias e tecnologias digitais acarreta massivas possibilidades de usos das TDIC, além de tornar as etapas acadêmicas do aluno mais aprazível. Seja pela utilização de projetor de imagem em tela como estratégia de exposição de determinado tema, ou pelo uso de software/aplicativo de perguntas e respostas como forma de avaliação da aula, por exemplo, o emprego do aparato tecnológico digital permite presumir um maior engajamento do alunado, visto o que está posto acerca da intimidade destes com aqueles.

No entanto existem alguns questionamentos que consideramos importantes: Como a tecnologia de informação e comunicação pode ser utilizada no dia a dia da prática docente? Em que medida as TDIC auxiliam no processo de aprendizado? E seria possível a atuação das TDIC na área da Educação Física escolar?

Assim, a partir dos referenciais teóricos e aproximação com o contexto escolar o nosso objetivo geral4 foi analisar as possibilidades pedagógicas por meio do uso das Tecnologias Digitais de

Informação e Comunicação desenvolvidas no estágio supervisionado.

2. Metodologia

A metodologia aplicada advém dos pressupostos teóricos da abordagem qualitativa, esta tem suas raízes as ciências humanas e sociais, "com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes." (MINAYO, 2016, p. 20).

Segundo Triviños (1987), a abordagem qualitativa possui dificuldades na definição, mas isso não quer dizer que não podemos caracterizá-la. Citando Bogdan, Triviños descreve cinco características da abordagem qualitativa: lª) A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento-chave (ressaltando a importância do ambiente na configuração da personalidade, problemas e situações de existência do sujeito); 2ª) A pesquisa qualitativa é descritiva (na sua essência faz descrições dos fenômenos que estão impregnadas dos significados que o ambiente lhes outorga, e como aquelas são produto de uma visão subjetiva, rejeita toda expressão quantitativa, numérica, toda medida, possuindo uma coleta de dados especifica); 3ª) Os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo e não simplesmente com os resultados e o produto (não se preocupando com quantidade, e sim com a qualidade das informações); 4ª) Os pesquisadores qualitativos tendem a analisar seus dados

4 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

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indutivamente (através da coleta de dados); 5ª) O significado é a preocupação essencial na

abordagem qualitativa (os sujeitos, a cultura e seus significados são partes essenciais para entender a realidade).

O tipo de pesquisa é participante que para Demo (1981, p. 21) "ligada à práxis, ou seja, à prática histórica em termos de usar conhecimento científico para fins explícitos de intervenção, nesse sentido, não esconde a sua ideologia, sem com isso necessariamente perder de vista o rigor metodológico".

Deste modo, o propósito desse tipo de estudo é colocar o pesquisador para trabalhar na perspectiva da práxis, assim como, da inserção da ciência popular na produção de conhecimento científico. Isso coloca o pesquisador frente a contradições às quais os próprios fundamentos de pesquisa participante estão sujeitos.

Assim, os instrumentos de coleta de dados foram os diários de campo para registrar as observações e particularidades do contexto apresentado, o questionário semiestruturado e a produção dos vídeos elaborados pelos alunos participantes.

A população desta pesquisa foram os alunos do 1º ano do Ensino Médio dos Centros de Excelência Professora Ivanda de Carvalho Nascimento, escola pública Estadual localizada em Aracaju/Sergipe, tendo como amostra 20 alunos do 1º ano B. Com isso, foram aplicadas dez aulas durante o estágio supervisionado em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Por fim, foi utilizada a análise temática que é uma das modalidades da análise do conteúdo definida como um conjunto de técnicas que segundo Minayo (2016, apud Bardin, 1979, p. 42) visa "obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens". Assim, a análise consiste em localizar os núcleos de sentido que compõe uma entrevista ou diário de campo que sua repetição no texto tenha relevância e signifique alguma coisa para o objeto da pesquisa.

3. Resultados e discussão

A análise temática compreende três etapas operacionais (Minayo, 2016): 1ª) Pré-análise: leitura flutuante; constituição dos corpus; formulação e reformulação de hipóteses e objetivos; e na elaboração de indicadores que orientem a interpretação final - nessa etapa buscamos os livros, documentos, legislações e artigos que tratam do Estágio Supervisionado, Educação Física e as TDIC; 2ª) Exploração do material (operação de codificação e categorização) – aqui transcrevemos todo material coletado e categorizamos algumas temáticas instigadas pela pesquisa no campo; 3ª) Tratamento dos resultados obtidos e interpretação - nessa última etapa iniciamos uma narrativa em que descrevemos o campo e os sujeitos, bem como as discussões que foram emersas com a triangulação dos dados.

Portanto, após esta última fase surgiram as seguintes temáticas: caracterizando a escola e os participantes da pesquisa; Educação Física e TDIC: atuação no estágio supervisionado; Ampliando o debate: possibilidades na atualidade.

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A escola de atuação foi o Centro de Excelência Professora Maria Ivanda de Carvalho

Nascimento5, localizada no bairro 18 do Forte na cidade de Aracaju/SE. Em 2018, época de desenvolvimento da pesquisa, havia 20 salas e 338 alunos matriculado, estes estavam distribuídos em turmas do 9º do ensino regular e turmas do ensino médio em tempo integral. Tem 35 professores da educação básica. A escola possui internet, laboratório, biblioteca, quadra poliesportiva (em construção), sala de recurso, oficina e laboratório científico. A escola fica em ponto alto de uma ladeira e para ter acesso a ela é preciso subir uma rampa. Devido a isso, é pouco movimentada pela comunidade e mais tranquila em relação ao barulho de trânsito e comércio.

Figura 1: Acesso à escola.

Fonte: Google Maps.

Figura 2: Entrada da escola.

Fonte: autoria própria.

Possui salas no térreo e no primeiro andar, vários espaços com quiosques, refeitório com mesas e bancos de cimento, mangueiras bem grandes, nos corredores ficam os armários dos alunos, e tem salas que não são usadas. Ao lado da escola está construindo a quadra com um espaço bem amplo que terá arquibancada e cobertura.

Em relação aos espaços de prática didático-pedagógica, observamos a existência de salas temáticas como de Linguagens e Ciências das Naturezas, além de outros espaços restritos aos

5Os Centros de Excelência em Sergipe são escolas de tempo integral que aderiram ao Programa Educa Mais que

tem parceria com o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE) e possui uma carga horário de 9h/dia com o currículo alinhado a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

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professores no desenvolvimento de alguma atividade. Ainda observando a estrutura física

percebemos o acúmulo demasiado de material, além de objetos subutilizados (e alguns deteriorados) como as mesas de tênis-de-mesa.

Em diálogo, o professor informou que utiliza a sala de aula e os corredores da escola (figura 3) como espaços de desenvolvimento de suas intervenções pedagógicas. Diante disso, observamos que mesmo a escola possuindo muitos espaços abertos, quando se trata de uma turma com mais de 25 alunos a dinâmica da aula é prejudicada, acarretando na desistência de parte do alunado em face das limitações físicas encaradas.

Figura 3: espaços abertos da escola utilizados também como sala de aula. No fundo a

entrada para a quadra que está em reforma, ao lado esquerdo salas de aula e no direito o

auditório.

Fonte: autoria própria

A sala de Linguagem é equipada com um computador, Datashow e som. O espaço é bastante utilizado pelos professores de Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Artes e Educação Física. Apesar de algumas limitações no bom funcionamento dos aparelhos, foi o espaço mais utilizado para a intervenção pedagógica.

Figura 4: sala de Linguagens.

Fonte: autoria própria

Assim, após observar a escola e sua rotina em tempo integral, das 7h às 16h30min, durante cinco dias,apresentamos a proposta do estágio para o professor da turma de 1º ano a qual acompanhamos durante toda a observação. Vale ressaltar que a escola já estava na última unidade do ano letivo não tendo a presença de muitos alunos, e pelo planejamento escolar haveria diversos eventos das disciplinas.

A turma foi o 1º ano B que possuía 30 alunos matriculados, com faixa etária de 14 a 17 anos. Porém, a presença regular dos alunos ficava em torno de 20 pessoas o que diversificava a depender

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da dinâmica escolar. Contudo, àqueles alunos que se faziam presentes na aula mostravam-se

motivados a participar das discussões e atividade propostas.

3.2. Educação Física e TDIC: atuação no estágio supervisionado

Inicialmente os pesquisadores participantes da pesquisa tínhamos objetivo de trabalhar com as TDIC dentro do estágio, porém o conteúdo que iria ser escolhido dentro da disciplina de Educação Física, estava em aberto. Após as observações da escola e da turma, o professor do componente curricular solicitou que na unidade temática fosse abordado o conteúdo Lutas, ficando este definido para a intervenção.

Assim, após uma busca no referencial teórico e de entender a realidade posta em relação a equipamentos, estrutura escolar e interesses dos alunos, tivemos o desafio instigante de elaborar dez planos de aula. É importante frisar que as aulas de Educação Física eram dois horários seguidos, ou seja, 1h30min de aula por dia, sendo assim cinco dias de intervenção.

Apesar da normatização do ensino das lutas, pouco se observa esse conteúdo na escola. Dentre as razões, Santos (2012, p. 27 e 28) destaca: a falta de formação continuada, desconhecendo, portanto, as atividades e os benefícios cognitivos, psicológicos, sociais e culturais; o medo da pseudo-agressividade, intrinsecamente relacionada com a atividade de lutar que faz parte do imaginário popular; a ausência dos conteúdos específicos nos cursos de Educação Física nas Universidades; e a crença que o ensino só pode ser feito mediante os materiais específicos ou quando o professor possui a graduação de uma determinada luta.

As intervenções tiveram início na sala de Linguagens, onde fora apresentado uma proposta aos alunos, enfatizando que estes participariam ativamente dos processos didáticos. Isso se deu inicialmente por um questionário diagnóstico no qual os estudantes puderam expressar suas particularidades acerca dos conceitos, modalidades e interesse pelas lutas, bem como seus entendimentos sobre o acesso e utilização das TDIC.

Passado o primeiro instante de apresentação e preenchimento do questionário, apresentamos dois vídeos6 curtos através do Datashow da escola. A intenção da escolha dos vídeos

foi tencionar alguns temas para que pudéssemos dialogar e debater sobre: o MMA (MixedMartialArts), seu espetáculo e marketing diante das outras lutas; diferença entre luta, briga e arte marciais; as mulheres nas lutas; os filmes e sua representatividade em algumas modalidades; e as tecnologias diante desses temas. Inicialmente os alunos ficaram retraídos no debate, então direcionamos algumas perguntas a determinados alunos, assim conseguimos um diálogo maior e pontos de vistas que entraram em confronto.

Ao analisar o questionário inicial, observamos alguns pontos que vamos dar destaque: 1) A associação que as lutas estão relacionadas a violência física, briga; 2) Apenas 4 alunos tiverem uma proximidade com alguma modalidade das Lutas; 3) Interesse maior dos meninos em aprender sobre o tema; 4) O maior acesso sobre tudo que envolve as lutas é pela Televisão e em canal aberto; 5) Cerca de 37% acreditam que a escola possui estrutura adequada em relação as TDIC; 6) Aproximadamente 60% dos alunos acreditam que as aulas ficaram mais interessantes com a utilização da TDIC.

Esse questionário foi crucial para elaboração das próximas oito aulas, pois diante das respostas e da discussão dos dois vídeos organizamos os planos de aula com um enfoque maior nos pontos elucidados e de acordo com a contexto escolar.

6Vídeo 1: História MMA do UFC History. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=cw5G-bDmG1I> Acesso

em: 20 abril 2020;

Vídeo 2: Trabalho e Consumo, Mídia e Lutas de Luiz Rufino. Disponível em:

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No segundo dia de intervenção (3º e 4º aula) utilizamos o espaço aberto no corredor da

escola, pois a quadra estava em reforma, e o objetivo das duas aulas era o aprendizado dos fundamentos básicos das lutas e a instrumentalização de algumas TDIC. No início da aula fizemos uma roda, explicamos o objetivo da aula e trouxemos um primeiro conceito do que era as Lutas, a diferença entre briga e luta e os fundamentos básicos: equilíbrio, força, agilidade e atenção.

As atividades foram planejadas para todos participarem, mesmo com a recusa de algumas meninas ao iniciar a aula, todos experimentaram até o final. Com isso, desenvolvemos alguns jogos de oposição (SANTOS, 2012) utilizando os fundamentos básicos das lutas que são equilíbrio, força, agilidade e atenção. Assim, no final de cada atividade questionava quais eram os fundamentos que eles utilizavam, e na práxis observaram que os fundamentos estavam interligados um no outro e acrescentaram a imprevisibilidade como um fundamento importante. Queria destacar a última atividade que foi do pega o cone através do comando, como não tinha cone na escola improvisei com uma bola de papel, toda vez que queríamos finalizar, eles pediam para não acabar, então formos recriando a atividade fazendo em grupos diferentes, comandos diferentes.

Depois que experimentamos esses fundamentos através dos jogos de oposição, formos para a sala de Linguagens. Nesse momento a turma se dispersou, o que nos fez refletir uma outra estratégia no próximo encontro de utilizar apenas um espaço para todos os momentos da aula. Assim, ao estarmos todos na sala de aula, perguntamos os assuntos que foram trabalhados naquele dia e anotamos no quadro negro, em seguida dividimos a turma em dois grupos, sendo que um grupo ficou no computador da escola e o outro no notebook da pesquisadora.

Com isso, os alunos tiveram que fazer uma busca orientada em alguns sites relacionando as palavras que foi anotado no quadro e em seguida mostrar no Datashow o resultado da busca, justificando a escolha e abrindo para o diálogo com a turma. Devido a escassez de aparelhos, mesmo pedindo para alterar o aluno que estava à frente do aparelho, ficou centralizado em poucas pessoas, com isso pedimos que quem tivesse o celular ajudassem na busca, contudo a baixa conectividade da rede da escola fez o processo ficar bem lento. Esse momento foi planejado para que os alunos direcionem suas buscas em fonte confiáveis, bem como aprenderem a utilizar operacionalmente o computador e o Datashow. No final, a pesquisadora mostrou uma câmera fotográfica profissional mostrando algumas funções e deixando os alunos experimentarem um pouco.

O terceiro dia de intervenção (5ª e 6ª aulas) foi após quinze dias do 2º encontro por conta de um evento da escola. Com isso reunimos os alunos no espaço aberto da escola e recapitulamos alguns pontos das quatro primeiras aulas e pedi a ajuda de um aluno para filmar a aula, sendo este trocado para que conseguíssemos que a maioria experimentasse a câmera. Porém, após uns dez minutos do início da aula, a câmera desligou, pois acabou a bateria e isso foi bastante frustrante no momento, porém nos ensinou e abriu um destaque para a turma na preparação dos instrumentos digitais.

Assim, o objetivo das aulas foi aprender as características das lutas de curta, média e longa distância, bem como algumas modalidades esportivas e/ou de lazer e os filmes. Ao experimentarmos as características da Lutas e fazer relação com os fundamentos, trouxemos outros exemplos de modalidades popularmente conhecidas e outras nem tanto. Com isso, fizemos uma seleção de alguns filmes, mostrando a sinopse ou o trailer no notebook e eles tinham que identificar ou descobrir a modalidade que estava representado. Foi interessante perceber na fala de uma aluna: “Os filmes da galera chinesa têm kung fu e da galera daqui é boxe". Mostra-nos a influência da cultura na elaboração dos filmes, bem como a disseminação dessas lutas tornando-as mais populares.

No quarto dia de intervenção (7º e 8º aula), poucos alunos apareceram na escola. O motivo foi porque no final de semana anterior tinha acontecido o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), como muitos alunos realizaram a prova, o professor de Educação Física nos informou que o

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movimento da escola seria fraco. Com isso, esperamos um tempo na sala de Linguagens os alunos

chegarem e iniciamos a aula com os seis alunos presentes.

O objetivo da aula seria aprender alguns fundamentos e características das modalidades Boxe, Muaythai, karatê, capoeira e judô, bem como iniciar a construção do vídeo final. Em frente ao contexto escolar daquele dia, reorganizamos o planejamento e com a lista de presença dos alunos que participaram das aulas dividimos em 6 trios, sendo cada aluno presente o cabeça de chave do trio. Explicamos que a avaliação final (não única, já que a avaliação foi processual) seria a elaboração de um vídeo o qual iríamos sortear uma modalidade para cada trio e eles teríamos que apresentar um vídeo de 5 minutos com a história, características, 4 fundamentos básicos e curiosidades sobre a modalidade.Assim, utilizamos o restante do tempo de aula para pesquisar exemplos de construção de vídeo, bem como plataformas de edição. Por fim, auxiliamos em algumas idéias gerais e pedimos para os "cabeças de chave" comunicassem o seu trio da tarefa solicitada.

No quinto e último dia de intervenção (9º e 10º aula) teve o objetivo de fazer a mostra dos vídeos e aplicação do questionário final. Assim, os alunos reunidos na sala de Linguagens, solicitei fazermos a dinâmica de gravar a aula com a câmera fotográfica, nesse dia bem carregada, com isso fizemos um rodízio com os alunos e a intenção era que registrassem através do seu próprio olhar a aula e seus atores.

Infelizmente no dia da apresentação não tivemos a presença dos seis trios, apresentando apenas 3 trios, o que nos faz refletir sobre a evasão dos alunos no final do período, bem alguns paradoxos da realidade na escola pública. Os trios que ficaram responsáveis pelo karatê, judô e capoeira apresentaram seus vídeos e no final abrimos para perguntas, sugestões e reflexões acerca da estrutura e conteúdo dos vídeos. Nas falas dos alunos, mostrou a preocupação e dificuldade na edição dos vídeos, outros relatam que não encontraram na internet o conteúdo que queriam, com isso fizeram a gravação própria de, por exemplo, os fundamentos da modalidade. Ainda destacaram algumas sugestões para o vídeo dos outros trios com enfoque mais técnico como a legenda do vídeo mais lento, entre outros detalhes. Por fim, ressaltaram algumas discussões das aulas anteriores e algumas dúvidas que ainda ficaram presentes.

Assim, tencionamos algumas perguntas do questionário inicial e percebemos o aprendizado em relação ao conteúdo trabalhado, tal como questionamos se a utilização das TDIC se facilitou e/ou aumentou o interesse na aprendizagem, e os alunos destacaram que ajudou na visualização do assunto e que o vídeo os instigou a buscar sobre as modalidades, porém alguns alunos falaram que o trabalho de construir o vídeo demandou mais tempo comparado a realizar um teste, por exemplo. No fim, explicamos que não estaríamos mais presentes na escola e agradecemos a participação e recepção da escola, professor e alunos.

Por fim, a análise dessa experiência rica e formativa observamos nossos limites e possibilidades fez construir uma autonomia docente em que apropriamos sobre o conteúdo lutas que não se deve ser negado na escola e que precisamos quebrar diversos paradigmas sobre esse assunto. Bem como, a utilização das TDIC como meio e processo de aprendizagem importante e instigador no contexto escolar.Sendo o espaço da escola pública pujante que devemos sempre estar refletindo e dialogando com as realidades sociais, culturais, econômicas e políticas.

3.2. Ampliando o debate: possibilidades na atualidade.

A pesquisa nos levou a refletir sobre a docência e as TDIC para além da ação no estágio supervisionado. Desde a década de 90 havia discussão dessas tecnologias no meio educacional e vem ganhando força e ampliação ao longo dos tempos sob alguns questionamentos e avanços.

Em tempos de pandemia, onde é preciso estar em isolamento social, a utilização da tecnologia digital tem sido crucial para adequar as nossas atividades diárias, como estudo, trabalho,

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lazer, entre outras. Isso revela problemas historicamente presentes no país, alguns mais evidentes

dadas às circunstâncias do momento como aparelhos escassos e inadequados, acessibilidade, formação adequada, interesse pessoal, etc.

A grande maioria dos professores que conheço estão vivenciando a experiência da pandemia do novo coronavírus mobilizados nas atividades à distância que, em alguma medida, têm que desenvolver. Seja na rede privada ou na rede pública, exclusive algumas situações bem particulares, esses profissionais estão revendo e reorganizando tempos, espaços, procedimentos e relações. Não é um processo homogêneo. Em uma mesma cidade, escolas da educação básica estão funcionando com atividades por via remota e outras totalmente paralisadas. (AZEVEDO, 2020¸ p. 6)

Estamos diante do aceleramento de um processo que, em vias normais, já se daria de forma incerta. Apressada pela pandemia, a inserção das TDIC no âmbito educacional tem ocorrido de forma abrupta, desigual e com pouco ou nenhum planejamento por parte dos gestores da educação, seja nos âmbitos municipal, estadual ou federal. Tal contexto tem revelado uma infinidade de problemáticas que escancaram o despreparo dos atores envolvidos no processo.

Diante disso e buscando explicar o momento caótico que atravessamos, citamos algumas justificativas: a) a desigualdade no acesso às TDIC – durante o confinamento social senão todas, a grande maioria das instituições públicas de ensino (que recebem majoritariamente estudantes de classe baixa) estão com suas atividades paralisadas, enquanto que as redes particulares permitem o ensino à distância aos seus alunos. De imediato isso pode não dizer tanto, porém em um futuro próximo as desigualdades em disputas por vagas em universidades ou empregos serão ainda mais acentuadas; b) o déficit de habilidade do professorado no uso das TDIC – segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), há um envelhecimento da população de professores no Brasil. No último levantamento a média era de mais de 41 anos (BRASIL, 2017). Isso significa dizer que estas pessoas não cresceram imersas à tecnologia digital, seu acesso é gradativo e requer tempo até que haja o domínio necessário e; c) a falsa ideia de que os alunos são conhecedores das TDIC – Fantin (2016) citando Buckingham afirma que precisamos ser cautelosos com a eloquência da chamada “geração digital”, isto é, garantir que a criança ou o adolescente são produtivamente ativos na comunicação e informação online, tendo em vista que são mais afeitos à tecnologia se comparados com os mais velhos.

Por isso, mais do que nunca é urgente pensarmos nas TDIC dentro da Educação. No entanto, isso só é (ou será) possível se as diretrizes para o trato pedagógico por meio do uso das tecnologias perpassarem as esferas das políticas públicas e das formações inicial e continuada dos professores. É possível ver alguns avanços em pesquisas, relatos de experiências e eventos voltados para o tema que buscam romper esses limites. Porém, é necessário ampliar o debate e desenvolver as ações efetivas para a formação integral dos sujeitos.

4. Considerações finais

O Estágio supervisionado é um espaço político, acadêmico e social importante para a formação profissional. Sendo um componente curricular obrigatório que visa a formação profissional do aluno, futuro docente, por meio das experiências e vivências das práticas educativas em campo, instrumentando-se da práxis docente.

O estágio na atuação da Educação Básica não se faz somente no âmbito de observar e planejar os planos de aula, vai muito além conhecendo o lócus de atuação suas belezas e dificuldades

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que a escola pública e seus agentes manifestam. Assim, sob a forma de ação/reflexão/ação da escola

possibilita a nossa melhor formação docente.

O objetivo foi alcançado em que se propôs analisar as possibilidades pedagógicas por meio do uso das Tecnologia Digitais de Informação e Comunicação desenvolvidas no estágio supervisionado. Assim, mostramos que é possível o ensino através das TDIC do conteúdo na Educação Física, especificamente as Lutas, em que observamos um maior interesse e aprendizado dos alunos.

Por fim, reconhecemos as diversas dificuldades em diferentes realidades escolares em que a falta de aparelhos e acessibilidade impede o uso das TDIC, bem como uma ineficiência de políticas públicas nesse contexto. Porém, é necessário buscar uma formação inicial e continuada para que, por exemplo, em tempo de isolamento social, consigamos visualizar possibilidades de ensino e as TDIC. Portanto, mesmo entendendo os limites e lacunas deixadas na pesquisa, acreditamos na ampliação de debates e trabalhos que melhorem nossa práxis docente.

Referências bibliográficas

AZEVEDO, A. de A. O que a pandemia interpela a professores e professoras. Editora: feitoemcasa. Natal, 2020. Disponível em:<http://quixotesforrosebaioes.blogspot.com>. Acesso: 27 maio 2020. BRASIL, Parâmetros curricular nacionais: Educação Física. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, MEC/SEF, 1997.

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Referências

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