Infecção
puerperal
Profa. Dra. Alessandra Marcolin
Morbidade Febril Puerperal
Elevação de temperatura de, no
mínimo, 38
oC durante dois dias nos
primeiros 10 dias pós-parto ou aborto,
excluídas as primeiras 24 horas,
devendo a aferição ser realizada por
via oral
Infecção Puerperal
É a morbidade febril associada à
acometimento do trato genital e mamas
Incidência varia de 1 a 8% 15% dos óbitos maternos
Principais causas de morbidade e mortalidade maternas Principal causa de febre no puerpério
Hemorragia
Síndromes Hipertensivas
Infecção
Susceptibilidade do paciente
Colonização bacteriana
Infecção
puerperal
Sítio cruento da inserção placentária Lacerações ou abrasões do canal de parto
Ferida operatória Fissura mamilar
Fatores de risco
Doenças agudas ou crônicas descompensadas
Tempo de internação antes do procedimento
Estado nutricional (anemia, desnutrição, obesidade)
Condições sócio-econômicas precárias
Debilidade imunológica
uso de corticóide
imunosupressão
Corioamniorrexe prematura Manipulação vaginal excessiva Trabalho de parto prolongado Parto operatório
Hemorragia ante, intra ou pós-parto Retenção de restos ovulares
Más condições de assepsia
Ambiente cirúrgico inadequado
Procedimento de maior complexidade Menor experiência da equipe
Corioamniorrexe prematura Manipulação vaginal excessiva Trabalho de parto prolongado
Parto operatório
Hemorragia ante, intra ou pós-parto Retenção de restos ovulares
Más condições de assepsia
Ambiente cirúrgico inadequado
Procedimento de maior complexidade Menor experiência da equipe
Parto Cesárea x Parto vaginal
Endometrite:
5 a 30 vezes
Bacteremia:
2 a 10 vezes
Abscesso:
80 vezes
Trombofletite pélvica:
80 vezes
Morte por infecção:
80 vezes
Corioamniorrexe prematura Manipulação vaginal excessiva Trabalho de parto prolongado Parto operatório
Hemorragia ante, intra ou pós-parto Retenção de restos ovulares
Más condições de assepsia
Ambiente cirúrgico inadequado
Procedimento de maior complexidade Menor experiência da equipe
Endomioparametrite Ligamento largo
Disseminação por linfáticos e veias ou direta
Miométrio
(endomiometrite)
Bacteremia
Disseminação por linfáticos e veias
Tecidos paracervicais
Anexos
Celulite pélvica difusa Abscesso pélvico
Peritonite pélvica ou generalizada
Patógenos originários de três fontes: Microbiota do próprio paciente
importância da topografia da cirurgia, da técnica, do tempo de duração e das condições infecciosas prévias do paciente
Equipe de saúde
antissepsia pré-operatória e condições infecciosas
Ambiente inanimado (material cirúrgico)
falha no processo de esterilização, ar do ambiente cirúrgico, organização do mesmo
Polimicrobiana
Formas clínicas localizadas - infecção vulvoperineal
(lacerações, episiotomia)
incidência de 1%
estágios:
Simples
Fáscia superficial (propagada)
Fasceíte necrotizante (propagada) Mionecrose (propagada)
Quadro clínico
dor, edema e tumefação local
hipertermia vespertina (38 – 38,5
oC)
defecação e deambulação dolorosas
sensação de estiramento dos fios
secreção serosa, sero-purulenta
Formas clínicas propagadas – fasceíte necrotizante
infecções vulvoperineais estruturas mais profundas (nádegas e coxas)
dor local, secreção e febre (39 – 40o C)
necrose tecidual
germes anaeróbios e gram – aeróbios CHOQUE ( prognóstico ruim)
3 – 5 dias de puerpério
Formas clínicas localizadas - infecção parede abdominal
incidência de 7%
com ABT profilaxia – 2%
5
oao 7
odia de pós-operatório
Fatores de risco:
aqueles das infecções puerperais
tempo cirúrgico prolongado
má técnica cirúrgica
S. epidermitis, S. aureus, E. coli
Formas leves
edema, eritema e hipertermia local sem manifestação sistêmica
celulite (acometimento difuso e extenso do TCS) celulite exsudativa e purulenta com febre
Formas graves – propagadas
fasceíte necrotizante
necrose até planos musculares crepitação
febre, calafrios, ↓ estado geral choque
Formas clínicas localizadas - endometrite
incidência geral de 0,9 a 2,7%
incidência em populações de risco: 6%
Quadro clínico
forma de infecção mais freqüente hipertermia (38 – 39o C)
dor pélvica
subinvolução uterina
dor e amolecimento à palpação loquiação fétida
quadro clínico 3 a 4 dias após alta piora do quadro: endomiometrite 10 a 20%: sinais de bacteremia
Tríade de
Bumm
Formas clínicas propagadas – salpingite e anexite
infreqüente
geralmente pós-aborto
dor pélvica e descompressão brusca dolorosa dor à mobilização uterina e toque FS de Douglas febre (38 – 39,5o C), estado geral, choque
abscesso, pelviperitonite
Formas clínicas propagadas – parametrite
Decorrente de lacerações de colo e vagina Propagação linfática
Febre persistente (38 – 39,5o C)
Dor pélvica importante
Dor ao toque de paramétrios endurecidos Evolui para abscesso do paramétrio
ou do ligamento largo
Formas clínicas propagadas – peritonite
peritônio pélvico ou toda cavidade abdominal ↓ estado geral, febre (40o C)
instabilidade hemodinâmica, sintomas GI, respiratórios, distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos
processo pélvico ou abdominal difuso (dor, tensão, sinal de Blumberg, distensão abdominal, RHA)
choque séptico
Formas clínicas propagadas
– tromboflebite pélvica
séptica
incidência de 0,05 a 0,18%
febre persistente mesmo em uso de ATB apropriado trombos se infectam ou a infecção
pélvica leva a trombose
sem abscessos visibilizados ao USG agentes anaeróbios
Melhora após uso de heparina TC, Doppler, RNM
Formas clínicas propagadas – choque séptico
febre elevada → hipotermiamau estado geral obnubilação mental sudorese, calafrios
instabilidade hemodinâmica (taquicardia, hipotensão, ICC e arritmias)
SARA
baixo débito urinário
achados relacionados à CIVD
Agentes: E. coli, clostrídios, bacterióides – Clostridium perfringens: gangrena gasosa
Mastite
incidência de 10%
2a a 4a semana de puerpério
Staphylo aureus, epidermidis e Strepto B (flora nasal e cutânea materna e/ou flora oral do lactente)
Técnica inadequada de aleitamento
Estase láctea
Ingurgitamento mamário Fissuras mamárias Reação inflamatória
Mastite
Quadro clínico
dor mamária febre
mialgia, anorexia, taquicardia sinais de toxemia
edema, hipertermia e eritema local massa endurecida
ponto de flutuação abscesso
Forma clínica temperatura dor tumor secreção
Infecção episiotomia
38 – 38,5o Local Local Local (serosa, purulenta) Fasceíte
necrozante
39 – 40o Local, intensa
Local Local (purulenta, necrose)
Endometrite 38 – 39o Pélvica Útero doloroso Uterina, fétida Parametrite 38 – 39,5o Pélvica, intensa Parametrial Eventual Anexite 38 – 39,5o Pélvica, intensa Parauterino Não Peritonite 40o Pélvica, difusa Pélvico, peritoneal Não Choque séptico 40o hipotermia Pélvica, difusa Pélvico, peritoneal Não
Resumo
Clínico
quadro clínico geral
exame ginecológico / mamas avaliação de ferida operatória
Laboratorial
hemograma completo leucocitose > 15.000 céls/mm3 uréia / creatinina sorologiasDiagnóstico
Laboratorial
hemocultura
10 a 20% de positividade
pouca relação com gravidade do caso
culturas dos locais infectados (conteúdo uterino, secreções incisões)
resultado negativo não exclui infecção não modifica terapêutica
contaminação por outros agentes
Laboratorial
ultra-sonografia, CT e RNM
auxílio no diagnóstico de restos ovulares
abscesso, hematomas intracavitários e de parede sem resposta ao tratamento
Teste do derivado ergotínico (uterotônico)
venóclise
posição ginecológica, exame especular
limpeza vaginal e visualização do OE do colo
0,4 mg de metilergometrina + 10 mg de metoclopramida
saída material purulento: teste positivo
nenhum fluido: negativo ou acometimento miometrial
Casos mais graves
RX → corpo estranho
TGO, TGP, bilirrubinas
provas de coagulação (TP, TTPA, fibrinogênio, PDF)
eletrólitos
gasometria arterial
exploração cirúrgica
Condição Teste diagnóstico
Resistência bacteriana Exames de imagem, cultura Infecção da ferida Exame físico, US, aspiração com
agulha, exploração Abscesso (pélvico/parede) Exame físico, US, CT, RNM
Tromboflebite pélvica US, CT, RNM, teste com heparina Recorrência de colagenose Sorologias específicas
Febre por ABT Leucocitose com eosinofilia
Mastite Exame físico
Infecção urinária Exame físico, urina 1, urocultura
HIV + Sorologia e CD4
Febre puerperal persistente
Princípios gerais
fundamentado no suporte clínico, uso de ABT e
das complicações
sensibilidade bacteriana aos antimicrobianos
forma clínica da infecção
necessidade de tratamento cirúrgico
Princípios gerais
Não prescrever analgésicos para controle da
hipertermia sem avaliar a paciente
Não considerar a sintomatologia como decorrente
de uma virose, subestimando o diagnóstico
Não deixar para o dia seguinte a avaliação de uma
paciente com temperatura elevada ou queixa de dor
Princípios gerais
A febre pode ser a primeira manifestação de uma infecção puerperal
Quanto antes iniciar tratamento, melhor será o resultado A dor constante pode ser devido a fasceíte necrotizante, que deve ser abordada cirurgicamente o mais precoce possível
Não prescrever ABT antes da avaliação da paciente
Internação
venóclise em vaso calibroso
hidratação
controle de diurese
tratamento do choque
correção dos distúrbios de coagulação
heparina
hemotransfusões
ocitocina endovenosa
ordenha mamária
limpeza adequada da lesão
exploração cirúrgica
curagem uterina
curetagem uterina
histerectomia puerperal
Antibioticoterapia de largo espectro Associação de ABT
De acordo com protocolos do serviço e CCIH Evitar o ABT utilizado com profilaxia
ABT endovenosa por até 48 horas após o último pico febril, com melhora clínica