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O USO DE IMAGEM E A APLICAÇÃO DA LGPD NO AMBIENTE EMPRESARIAL ANÁLISE LEGISLATIVA

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O USO DE IMAGEM E A APLICAÇÃO DA LGPD NO

AMBIENTE EMPRESARIAL – ANÁLISE LEGISLATIVA

Luciane Bauchrowitz de Almeida Oliveira (CESCAGE) lubauchrowitz.oliveira@gmail.com

Elcio Domingues da Silva (CESCAGE) elciodom@live.com

Resumo

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), tem como objetivo a proteção de direitos fundamentais como o respeito à privacidade, a inviolabilidade da intimidade, da imagem, dentre outros princípios. Com isso, atribui ao titular dos dados pessoais o controle sobre o uso e o compartilhamento de informações, implantando novos padrões de segurança e de privacidade de informações e dados pessoais em meios digitais ou não. Desta forma, buscou-se por meio da pesquisa qualitativa e revisão bibliográfica demonstrar os conceitos de direitos fundamentais: privacidade, intimidade e imagem. Contudo, foi constatado com a LGPD, que o uso, tratamento e armazenamento de dados é possível desde que haja segurança, interesse legitimo, consentimento livre, esclarecido, informado e registrado de todos os envolvidos que serão preservados, evitando riscos de sanções legais, perdas de reputação e danos financeiros.

Palavras chave: Direitos fundamentais, consentimento, Segurança de Dados.

THE USE OF IMAGES AND THE APPLICATION OF LGPD IN

THE BUSINESS ENVIRONMENT - LEGISLATIVE ANALYSIS

ABSTRACT: The General Data Protection Law (LGPD) aims to protect fundamental rights

such as respect for privacy, the inviolability of intimacy, image, among other principles. With this, it gives the holder of personal data control over the use and sharing of information, implementing new standards of security and privacy of information and personal data in digital media or not. Thus, it was sought through qualitative research and bibliographic review to demonstrate the concepts of fundamental rights: privacy, intimacy and image. However, it was verified with the LGPD that the use, treatment and storage of data is possible as long as there is security, legitimate interest, free, informed, informed and registered consent of all those involved will be preserved, avoiding risks of legal sanctions, losses of reputation and financial damage.

KEYWORDS: Fundamental rights, consent, Data Security.Abstract 1 Introdução

O cidadão é consignatário de direitos fundamentais, entre eles destacam-se os direitos da personalidade, tais como: intimidade, privacidade, honra e imagem, direitos que estão consagrados na Constituição Federal (CRFB/88), bem como no Código Civil (CC/02), portanto vinculam todas as relações sociais dentro de um Estado Democrático de Direito.

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A legislação a respeito do uso de dados pessoais corrobora para assegurar o desenvolvimento de uma vida plenamente digna aos indivíduos em sua esfera íntima e privada, sendo uma prerrogativa constitucional no que tange aos direitos fundamentais.

Tem-se como problemática desta pesquisa o seguinte questionamento: como as empresas de modo geral devem se preparar para estarem de acordo com a LGPD e evitar sanções legais e processos em relação ao uso de dados das pessoas?

O objetivo geral desta pesquisa é analisar o uso adequado de imagens e informações de terceiros coletadas pelas empresas em seus sistemas de segurança de acordo com as orientações da LGPD, tendo em vista se tratar de aspecto relevante relacionado ao tratamento de dados exigidos pela nova lei. Como objetivos específicos: a) Resgatar o conceito de dado pessoal e dados sensíveis; b) Descrever quem são os envolvidos nos processos de privacidade de dados; c) Identificar os principais aspectos abordados pela Lei 13.709/18; d) Analisar a aplicação do consentimento livre, esclarecido, informado e registrado; e) Verificar como se dá a eliminação de dados de acordo com a LGPD.

A fim de responder a problemática através dos objetivos deste artigo, utilizou-se abordagem qualitativa e revisão bibliográfica, sobre o tema em livros, periódicos científicos e sites especializados da internet.

Para MARCONI et Al (2009, p.32), “as características da pesquisa qualitativa são: objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno.” De acordo com Gil (2002, p. 44-45), a pesquisa bibliográfica é definida como aquela desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente em livros e artigos científicos. [...] A principal vantagem reside no fato de permitir ao investigador a cobertura completa de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.

Deste modo, o desenvolvimento deste trabalho está dividido em duas partes. Na primeira se abordou sobre os aspectos gerais relacionados os direitos fundamentais e na segunda parte se trabalhou com os aspectos gerais da Lei Geral de Proteção de dados e as implicações relativas à sua observação pelas empresas.

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Os Estados contemporâneos majoritariamente possuem suas bases nas contribuições do pensamento iluminista dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX. Neste período houve a mudança de paradigma relacionado à separação do Estado e da Igreja; a divisão do poder político do Estado (check and balances), e foram lançadas as bases para a existência do Estado Democrático de Direito, que tem a lei como base das relações entre os indivíduos que o compõem. Desse modo, os direitos de um cidadão dentro de um grupo social e o controle da atuação estatal são os motivos principais para a criação das leis. O desenvolvimento social e cultural que gradativamente ocorre faz com que o conteúdo das leis estabelecidas também prospere e se transforme, e este avanço nas leis é a principal qualidade do constitucionalismo. Para a construção deste modelo de Estado, houve a necessidade da idealização de sofisticada engenharia teórica com a contribuição de diversas áreas do conhecimento: filosofia, política, sociologia, psicologia, economia e direito. Esta última responsável por sintetizar em normas jurídicas válidas as contribuições das outras áreas.

Dentre as diversas contribuições se destaca toda a construção das Constituições escritas dos Estados, com a limitação do poder político e a garantia, proteção e promoção dos direitos fundamentais do indivíduo.

A partir do segundo pós-guerra, as constituições em grande parte dos Estados mudaram sua estrutura, passando de constituições sintéticas, que regulavam apenas a divisão dos poderes e a segurança pública, para constituições analíticas, que incorporaram toda a lógica de valores e princípios construídos pela humanidade ao longo da história. Estes direitos quando adentram ao ordenamento jurídico de um país recebem a denominação de direitos fundamentais. Para sua caracterização, os direitos fundamentais recebem da doutrina dois critérios formais para sua identificação, quais sejam: 1) podem ser designados por direitos fundamentais todos os direitos ou garantias nomeados e especificados no instrumento constitucional; 2) são aqueles direitos que recebem da Constituição um grau mais elevado de garantia ou segurança; ou são imutáveis ou pelo menos de mudança dificultada. (BONAVIDES, 2014, p. 575).

Direitos, garantias e deveres é a tríade que regula a vida em sociedade de todo e qualquer cidadão, porém, para que estas três grandezas jurídicas tenham valor jurídico e sejam respeitadas, precisam estar definidas e asseguradas por meio de leis lastreadas na Constituição de um país. No Estado brasileiro estas grandezas foram dispostas e referendadas como dispositivos de lei obrigatórios na CRFB/88. É evidente que enquanto ser social, os direitos básicos de todo ser humano devem ser respeitados, salvaguardados, garantidos e obedecidos pelo Estado.

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Com a instituição da CRFB/88, que tem como um de seus princípios fundamentais a dignidade da pessoa humana, os direitos fundamentais tornaram-se objetos primordiais da ordem constitucional, já que constituem os elementos jurídicos necessários para a proteção da existência humana com dignidade. Nas palavras de Brega Filho (2002, p. 67) os direitos fundamentais “são os interesses jurídicos previstos na Constituição que o Estado deve respeitar e proporcionar às pessoas a fim de que elas tenham uma vida digna”.

Salvaguardar a integridade do indivíduo em seus mais amplos aspectos é uma das finalidades e razões para a criação das leis, as quais têm como principal escopo facilitar e beneficiar as relações cooperativas de vida em sociedade. Entretanto, a manutenção da ordem social plena só será possível quando cada cidadão respeitar suas responsabilidades individuais. Neste sentido Dantas conceitua (2014, p.269):

Os direitos e garantias fundamentais, em razão de sua importância, devem todos estar fundamentados (ou, ao menos, deveriam) no chamado princípio da dignidade humana, apontado pela doutrina como a fonte primordial de todo o ordenamento jurídico e, sobretudo, dos direitos e garantias fundamentais. Referido princípio exige que o indivíduo seja tratado como um fim em si mesmo, que seja encarado como a razão de ser do próprio ordenamento, impondo não só ao Estado, como também aos particulares, que o respeitem integralmente, evitando qualquer conduta que degrade sua condição humana.

Para Sarlet (2012, p. 29) são “aqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado”. Canotilho (2003, p. 393) complementa afirmando que “são os direitos do homem, jurídico-institucionalmente garantidos e limitados espacio-temporalmente”.

Por fim, vale trazer o conceito de Dimitri Dimoulis e Leonardo Martins (2014, p.41):

Direitos fundamentais são direitos público-subjetivos de pessoas (físicas ou jurídicas), contidos em dispositivos constitucionais e, portanto, que encerram caráter normativo supremo dentro do Estado, tendo como finalidade limitar o exercício do poder estatal em face da liberdade individual. Essa definição permite uma primeira orientação na matéria ao indicar alguns elementos básicos, a saber: (a) os sujeitos da relação criada pelos direitos fundamentais (pessoa vs. Estado); (b) a finalidade desses direitos (limitação do poder estatal para preservar a liberdade individual); (c) sua posição no sistema jurídico, definida pela supremacia constitucional ou fundamentalidade formal.

Dentre os direitos fundamentais se destacam os chamados direitos de personalidade que envolvem os seguintes direitos: intimidade, vida privada, honra, imagem. Marmestein (2019, p.222), define os direitos de personalidade, como uma espécie de redoma protetora em torno da pessoa dentro da qual não cabe, em regra, a intervenção de terceiros, permitindo com isso o livre desenvolvimento da individualidade física e espiritual do ser humano. Já para Gagliano

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(2020, p. 94), “Direitos a Personalidade são aqueles que tem por objetivo os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e suas projeções sociais”.

Os direitos da Personalidade são dotados de certas características particulares. Essas características foram elencadas por Gagliano (2020, p. 96-97): tem oponibilidade erga omnes, impondo efeitos a coletividade. São direitos outorgados a todas as pessoas, simplesmente pelo fato de existirem, também são considerados extrapatrimoniais, indisponíveis, imprescritíveis, impenhoráveis e vitalícios.

Para Marques (2008 apud SABOYA et al, 2019, p.13), direito à privacidade é aquilo que se preserva do conhecimento alheio, sendo, portanto, um direito subjetivo e inerente a cada indivíduo, referindo -se ao modo de vida doméstico, relacionamento familiar e afetivo, hábitos, nome, imagem, pensamentos e os segredos.

Sarlet (2020, p. 652-653), diz que o direito à privacidade trata de reserva sobre comportamentos e acontecimentos atinentes aos relacionamentos pessoais em geral, incluindo as relações comerciais e profissionais. Com isso, distingue que o direito à intimidade, é a relação com a proteção de uma esfera mais íntima da vida do indivíduo, envolvendo suas relações familiares e suas amizades etc.

Em relação, a Intimidade, Consalter (2016 apud LOSSIO, 2020, p.163 ) informa o seguinte: “O fato é que a vida pessoal deve ser genericamente reservada, enquanto a vida privada, a privacidade e a intimidade têm apenas nesta última o radicalmente vedado, eis que se refere a um dos valores mais intrínsecos e caros do ser humano”.

Em relação, a Intimidade, Sarlet (2020, p.653), diz que há três esferas (a assim chamada teoria das esferas):

a) esfera íntima - que constitui o núcleo essencial e intangível do direito à intimidade e privacidade;

b) esfera privada - diz com aspectos não sigilosos ou restritos da vida familiar, profissional e comercial do indivíduo, sendo passível de uma ponderação em relação a outros bens jurídicos.

c) esfera social- situam-se os direitos à imagem e à palavra, mas não mais à intimidade e à privacidade.

O direito de imagem, é um direito que os seres humanos gozam, facultando-lhes o controle do uso de sua imagem, seja a representação fiel de seus aspectos físicos em uma fotografia, retratos, pinturas, como também a representação de sua aparência individual e distinguível, concreta ou abstrata (NOVO, 2019).

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O Direito de imagem está disposto no artigo 5º da CRFB/1988:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”.

Gagliano (2020), usa a definição de imagem-retrato e imagem- atributo, sendo, portanto, a imagem- retrato, o aspecto físico da pessoa, e a Imagem -atributo, corresponde a exteriorização da personalidade do indivíduo, ou seja, à forma como ele é visto socialmente, conforme é previsto no CC/02

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.”

Neste contexto de proteção a direitos fundamentais com previsão legal considerando crime o uso ou exposição de dados e imagens que não tenham tido autorização e prevendo indenização no CC/02, que surge a Lei Geral de Proteção de dados que será trabalhada no tópico seguinte.

3 Lei 13709/2018 – Lei Geral de Proteção de Dados

Em relação a privacidade e a proteção de dados, as leis acerca do tema que antecederam a LGPD foram a Lei 12.737/12 chamada de lei dos Crimes Cibernéticos, Lei 12.965/14 conhecida como Marco Civil da Internet. A Lei Federal 12.737/12, representou um avanço na legislação brasileira na tipificação e combate as leis aos crimes cibernéticos, os quais não tem uma definição consolidada, porém referem-se a práticas criminosas com o auxílio ou contra o sistema de informática e comunicação (CRIME..., 2017).

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cidadãos brasileiros direitos, deveres e garantias, sendo aplicável ao direito à privacidade, direito à intimidade, à proteção dos dados pessoais, como também à inviolabilidade das comunicações dos cidadãos e para usuários da internet. Nas palavras de Lóssio (2020, p. 209) “O Marco Civil da Internet do Brasil, busca proteger os cidadãos dos seus Estados soberanos, garantindo a segurança dos dados pessoais, assim como a inviolabilidade das comunicações, sendo este normativo uma extensão dos direitos fundamentais das respectivas Constituições da República”

A LGPD, busca garantir a segurança de dados pessoais, por meio de adoção de medidas que atribuem ao titular dos dados pessoais o controle sobre o uso e o compartilhamento das suas informações, visando o respeito à privacidade, a inviolabilidade da intimidade, da imagem, dentre outros princípios.

A LGPD corrobora para amenizar riscos significativos que existem no ambiente público e privado que possam ameaçar esses direitos consagrados na CRFB/88 e no CC/02. Inspirando-se na General Data Protection Regulation (GDPR), que é uma legislação internacional que trata da segurança de dados, o Brasil busca através da Lei 13.709/18, adaptar-se aos novos padrões de segurança e de privacidade de informações e dados pessoais em meios digitais ou não. A LGPD tem o objetivo de proteger os direitos de privacidade, intimidade e desenvolvimento de personalidade natural, liberdade de expressão, informação e opinião garantindo que a intimidade e imagem das pessoas seja preservada (COMAR, 2020).

3.1 A importância do consentimento na LGPD

O tratamento de dados, deverá ser realizado de acordo com a lei. Chama-se a atenção para o consentimento do titular que deverá ser de forma livre, claro e objetivo. Por exemplo, no caso de contrato escrito, a cláusula que trate do consentimento do contratado deve ser destacada das demais; em relação a dado sensível, o mesmo tem que ser destacado especificamente qual a finalidade do tratamento.

Quando se trata o caso de crianças ou adolescentes a autorização deve ser dada por pelo menos um dos pais ou responsável. Se os dados forem utilizados para outros fins que não os iniciais, o agente precisa solicitar uma nova autorização. O consentimento pode ser revogado a qualquer momento mediante manifestação expressa do titular, de forma gratuita e facilitada. Os dados podem ser utilizados para cumprir alguma obrigação imposta por lei ou por alguma regulação,

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pela administração pública quando necessário para políticas públicas, para realização de estudos por órgãos de pesquisa, IBGE, Datafolha, IBOPE etc., quando for necessário para executar um contrato, para o exercício regular de direito em processos judiciais, administrativas ou arbitral – se um juiz determinar a exclusão de dados, a empresa não pode se negar; para proteção `a vida ou segurança física do titular ou terceiros – Um hospital pode arquivar informações dos pacientes quanto a alergia a algum medicamento ou doença transmissível, para garantir a saúde em procedimentos médicos ou sanitários, para interesse legítimo do controlador ou terceiro e também para proteção ao crédito (Serasa ) (MIRANDA, 2019).

Em relação, ao uso da imagem de um indivíduo, pode ocorrer quando for autorizada, e esse consentimento pode se dar em três modalidades:

a) mediante pagamento e com consentimento tácito, sendo permitido a gratuidade com consentimento tácito, é quando a imagem é utilizada por veículos de informação (periódicos, emissoras de televisão, livros) e representa personalidades públicas ou notórias (e pessoas que estejam por sua livre vontade próxima a elas, quando o consentimento é presumido). O uso da imagem, mesmo quando se trata de personagem notória, para fins publicitários (com finalidade eminentemente econômica) não pode gozar da exceção ao exercício do direito de imagem, diferentemente do uso meramente informativo; b) mediante pagamento e com consentimento expresso, sendo permitido a gratuidade com consentimento expresso; c) paga mediante consentimento condicionado à gratificação financeira (NOVO, 2019).

Não se deve utilizar-se das imagens sem a devida autorização, portanto há previsão de sanções penais caso ocorra. Há duas modalidades do uso não autorizado de imagens, o uso contra a vontade do retratado e o uso contra a vontade para motivo torpe. Ambas as modalidades sofrem, sendo a segunda naturalmente mais grave que a primeira (NOVO, 2019).

Portanto, mesmo as imagens sendo do circuito interno de segurança, deve haver informações de que os ambientes são monitorados bem como implantar um documento que expresse o consentimento para uso e aplicação onde esteja mencionado as possibilidades de sua utilização. A Proteção de dados é possível desde que haja segurança, interesse legitimo, consentimento livre, esclarecido, informado e registrado contendo os princípios citados, não sendo aceita a alteração, do que consta no consentimento original. Caso, não esteja expressa, não há consentimento.

É vedado o tratamento de dados pessoais mediante vício de consentimento, pois será considerado nulo o consentimento de informações fornecidas ao titular que tenham conteúdo enganoso ou abusivo ou que não tenham sido apresentadas previamente com transparência, de forma clara e inequívoca, também serão nulas autorizações genéricas para o tratamento de dados pessoais. A revogação do consentimento, poderá ocorrer a qualquer momento, mediante

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manifestação expressa, por procedimento gratuito e facilitado.

3.2 A diferença entre dados pessoais e dados sensíveis

O conceito de dado pessoal e dados sensíveis, está descrito no artigo 5º da LGPD:

I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável; II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural;

A LGPD detalha em seu texto quatro envolvidos nos processos de privacidade de dados desde o seu tratamento (armazenamento, acesso, transferência, manutenção e eliminação), conforme dispõe o artigo 5° da Lei 13.709/ 2018. a) Titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são objeto de tratamento; b) Controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais;

c) Operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento

de dados pessoais em nome do controlador. d) Encarregado: Pessoa natural, indicada pelo controlador, que atua como canal de comunicação entre o controlador e os titulares e a autoridade nacional. O Encarregado é nomeado pelo controlador. Será responsável por receber reclamações e comunicações de titulares e órgãos competentes, prestar esclarecimentos, adotar providências e orientar funcionários sobre as boas práticas, dentre outras atribuições (MIRANDA, 2019).

Os principais aspectos abordados pela Lei 13.709/18: é aplicável no âmbito extraterritorial, a qualquer atividade que utilize de dados pessoais. Deve obedecer ao Princípio da Proteção de dados incluindo a prestação de contas sobre as medidas adotadas a fim de cumprir a lei, as formas de consentimento para o Tratamento de Dados, além dos Direitos dos titulares de dados. Também estabelece regras para tratar dados sensíveis, transferência internacional de dados e a utilização de dados de crianças e adolescentes. Determina o mapeamento do tratamento de dados por meio de relatório, a avaliação sobre o impacto de Tratamento e proteção de dados, e a nomeação de um Encarregado da Proteção de dados pessoais, sendo a Autoridade Nacional de Proteção de Dados, responsável por garantir o cumprimento da Lei. Notificações obrigatórias, são aplicáveis em casos de incidentes de segurança e sanções podem ser aplicáveis (VANZOIF, 2020).

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A gestão do consentimento, abrange desde a autorização quanto a revogação para o uso dos dados. No Artigo 6º está descrevendo as atividades de tratamento de dados pessoais e cita que deverão observar a boa-fé e os seguintes princípios: O tratamento de dados é apenas para a finalidade determinada e adequada, reduzindo ao mínimo o tratamento de dados pessoais. O titular do dado pessoal deverá ter acesso livre e facilitado aos seus próprios dados, garantindo a qualidade e que estão atualizados para a finalidade, transparência e a não discriminação. Além de buscar a segurança dos dados pessoais de ataques externos além de prevenir para que não haja danos em virtude do tratamento de dados pessoais. Caberá aos agentes que tratam dados pessoais responsabilização e prestação de contas referente cumprimento dos princípios anteriores.

3.4 A eliminação dos dados de acordo com a LGPD

Em relação, ao Término e a eliminação de dados, a LGPD dispõe: Ocorre o término do Tratamento de dados, conforme dispõe o artigo 15:

I - Finalidade alcançada ou os dados deixaram de ser necessários ou pertinentes ao alcance da finalidade específica almejada; II - Fim do período de tratamento; III - comunicação do titular, inclusive no exercício de seu direito de revogação do consentimento; ou IV - Determinação da ANPD, quando houver violação ao disposto nesta Lei.

Portanto, o descarte dos dados, será nos termos do art. 16, excetuando:

I - Cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador; II - Estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a anonimização; III - transferência a terceiro, desde que respeitados os requisitos de tratamento de dados dispostos nesta Lei; ou IV - Uso exclusivo do controlador, vedado seu acesso por terceiro, e desde que anonimizados os dados.

De acordo com o Guia de boas práticas de LGPD (2020), para a Eliminação, deve-se avaliar os ativos que armazenam os dados pessoais que podem ser bases de dados, documentos físicos, equipamentos ou sistemas, bem como as unidades organizacionais e locais físicos responsáveis pelo armazenamento e guarda dos dados que possam ser objeto de eliminação ou descarte. No caso de dados em “nuvem”, por exemplo, é preciso considerar o serviço de armazenamento contratado ou utilizado além de seguir as regras incidentes sobre os arquivos públicos. A eliminação de dados pode ocorrer a pedido do titular dos dados pessoais; ou descarte nos casos necessários ao negócio da instituição.

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4 Considerações finais

O presente artigo buscou por meio da análise dos direitos fundamentais da Constituição Federal de 1988 sobre personalidade, privacidade, intimidade e imagem, além de verificação de tais conceitos no Código Civil de 2002 e doutrinas sobre o tema, analisar o uso adequado de imagens e informações de terceiros coletadas pelas empresas em seus sistemas de segurança de acordo com as orientações da LGPD.

Neste estudo foi constatado com base na revisão bibliográfica que o uso, tratamento e armazenamento de dados é possível desde que com autorização, a qual deve ser de forma expressa e conter os princípios citados, ser bem discriminada em relação a finalidade que terá, não sendo aceita a alteração do que consta no consentimento original. Não pode haver vício de consentimento, e será nulo consentimento de informações fornecidas ao titular que tenham conteúdo enganoso ou abusivo ou não tenham sido apresentadas previamente com transparência, de forma clara e inequívoca, também serão nulas autorizações genéricas para o tratamento de dados pessoais. A revogação do consentimento, poderá ocorrer a qualquer momento, mediante manifestação expressa, por procedimento gratuito e facilitado.

A implantação da LGPD visa a proteção da privacidade, intimidade e desenvolvimento de personalidade natural.

Foi apresentada a distinção de dado pessoal que são informações relacionada a pessoa natural identificada ou identificável. E, dado pessoal sensível, que se refere a origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural.

Abordou-se os principais aspectos abordados pela Lei 13.709/18, onde ressaltou-se doze aspectos fundamentais. Além da análise da aplicação de consentimento para o tratamento de dados e sua revogação.

Por fim, foi feita a verificação de como se dá a eliminação de dados de acordo com a LGPD. Assim, espera-se que as empresas possam fazer o uso adequado de imagens e informações de terceiros coletadas pelas empresas em seus sistemas de segurança de acordo com as orientações da LGPD, preservando a todos os envolvidos, evitando riscos de sanções legais, perdas de reputação e danos financeiros.

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Referências

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