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B I O H A B I T A T E S Á Ú D E A M B I E N T A L E A R Q U I T E T U R A V I V A

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Academic year: 2021

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CARTILHA BIO’S

CARTILHA BIO’S

CARTILHA BIO’S

CARTILHA BIO’S

BIO-Sanitário Compostável - com câmara móvel

Autor– Flávio Pereira Dias Duarte

ÍNDICE

1 – Contextualização e histórico

2 – Vantagens do uso

3 – Conhecendo o BIO’S

4 – O que é compostagem

5 – Condições ideais para a compostagem

Resolvendo problemas no composto

6 – Dicas para bom uso

7 – Cuidados com a construção

8 – Bibliografia

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1 - CONTEXTUALIZAÇÃO / HISTÓRICO

A saúde e a manutenção da qualidade de vida nos ecossistemas da terra dependem do funcionamento sustentável dos organismos que nela habitam. Incluindo as edificações, que como os seres vivos, possuem suas funções excretoras com geração de esgotos e dejetos, que podem ser substituídas por produção de húmus e alimento, através da consciência ecológica e do uso de técnicas como o Sanitário Compostável.

Para dar destino ao esgoto negro (aquele que contem fezes) o melhor a se fazer é ter um Sanitário Compostável, ou também chamado de banheiro seco, no qual não utilizamos água para dar descarga e sim matéria orgânica (serragem, folha secas ou terra).

Além de não utilizar água na descarga e não necessitarem de rede de esgoto, esses sanitários são mais higiênicos e ecológicos que as fossas comuns, pois não despejam dejetos no meio ambiente poluindo o solo, os mananciais de água subterrânea e os nossos córregos, rios e mares.

No Sanitário compostável, os dejetos juntamente com papel higiênico usado e a matéria orgânica que se joga no “vaso” depois do uso, passam por um processo de compostagem, com temperaturas de ate 70 graus, para eliminar os agentes patogênicos do material e transformar os dejetos em ricos compostos orgânicos, utilizados em arvores, jardins e no minhocário para gerar húmus agrícola.

O uso desses sanitários é bastante antigo, com mais de cem anos de vida ganhou força a partir da década de 60, atualmente fora do Brasil são comercializados sanitários compostáveis compactos, que podem ser instalados até mesmo dentro de nossos banheiros urbanos convencionais.

As câmaras de compostagem desses sanitários devem ser projetadas,

construídas e usadas para permitir a perfeita compostagem do material, assim o processo biológico natural de decomposição aeróbica (com a presença de O2) é otimizado, todos os agentes patogênicos são mortos, e um sistema de ventilação e convecção elimina em 100% o mau cheiro.

2 – VANTAGENS DO USO DO BIO’S

Além de benefícios claros ligados a preservação do meio ambiente, o uso do sanitário compostável traz inúmeras vantagens para as pessoas, famílias e comunidades.

Veja dez motivos para usar o BIO’ Sanitário compostável.

1- Economiza água – uma descarga consome em média 15 litros de água, 30% a 40% do consumo de água de uma pessoa é perdido nas descargas convencionais.

2- Não polui e nem contamina o solo, os rios, as águas subterrâneas e os oceanos.

3- Gera composto rico em nutrientes para o solo e para as plantas, que pode ser usado como fertilizante para jardins, pomares e árvores frutíferas. (evita-se o uso dos compostos do BIO’S diretamente em hortaliças, a não ser que sejam devidamente monitorados)

4- Independência em relação ao sistema de saneamento básico: não necessitando de tratamento e fornecimento de água; e nem de coleta e tratamento do esgoto

5- Não gera nenhum mau cheiro se bem construído e utilizado.

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7- Recicla os dejetos humanos, restos de comida, podas de grama, folhas rasteladas, aparas de verduras e legumes, e quase todos os lixos orgânicos de uma casa.

8- Evita ou reduz o uso de agrotóxicos, principalmente fungicidas, pois com uso de composto do BIO’S as plantas ficam mais fortes e resistentes as pragas.

9- Evita o lixo gerado com o papel higiênico sujo, no BIO’S ele pode ser jogado no vaso para a compostagem.

10- Os custos de instalação e manutenção são mais baratos que os custos com banheiros convencionais que necessitam de rede de água e de esgoto. E pode ser instalado em locais onde as fossas não podem ser cavadas por o terreno não permitir ou o lençol de água ser pouco profundo.

3 - CONHECENDO O BIO’S

Os principais componentes do BIO’S são:

1- Uma câmara de compostagem móvel de plástico PEAD com 200 litros de capacidade (preferencialmente pintada de preto)

2- Um compartimento para colocação da câmara compostagem

3- Uma porta de acesso para o compartimento onde fica a câmara de

compostagem (preferencialmente pintada de preto e voltada para a área de bastante insolação)

4- Um duto de ventilação (convector) para remover os odores da câmara de compostagem; principalmente dióxido de carbono, vapor de água, e os subprodutos da decomposição aeróbia;

5- Um assento para as pessoas poderem fazer suas necessidades 6- Uma porta de acesso para o assento

7- Paredes feitas com tijolos de adobe 8- Paredes de apoio para os adobes 9- Telhado para cobertura do BIO’S

4 - O QUE É COMPOSTAGEM

A compostagem é o processo controlado de decomposição biológica aeróbica (com a presença de oxigênio) de matéria orgânica. Com o controle das condições ideais, o composto rico em nutrientes é gerado em menos tempo do que se acontecesse normalmente na natureza.

Na natureza podemos ver o mesmo processo de compostagem no chão das florestas, onde as folhas, galhos, fezes e urina de animais silvestres, juntamente com a terra formam alimento excelente para as arvores. Porem na natureza esse processo pode durar ate 3 anos, enquanto a compostagem no BIO’S dura de 3 a 6 meses.

Nos sanitários compostáveis o principal objetivo é transformar dejetos humanos potencialmente perigosos em compostos ricos em nutrientes para o solo e plantas.

5 - CONDIÇÕES IDEAIS PARA BOA COMPOSTAGEM NO BIO’S / RESOLVENDO PROBLEMAS DO COMPOSTO

Para que o sanitário compostável funcione bem, não produza cheiros

desagradáveis e mate todos agentes patogênicos, é essencial que a câmara de compostagem também funcione bem. Para isso é necessário que esta câmara propicie condições ideais para que as bactérias que fazem a compostagem possam fazer seu trabalho.

Os fatores que influenciam na compostagem são:

- Umidade – Temperatura – Oxigênio - Nitrogênio e Carbono

Uma dica importante para propiciar boas condições para a compostagem é adicionar alguns elementos na câmara de compostagem antes de iniciar o uso do BIO’S, veja abaixo:

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Os fatores para uma boa compostagem estão listados e aplicados abaixo:

A - Umidade

A quantidade de umidade no composto é um aspecto essencial para permitir que o processo de compostagem ocorra com eficiência, matando assim os agentes patogênicos contidos nas fezes e não gerando mau cheiro.

O ideal é que o composto seja úmido como uma esponja depois de espremida, não podendo ter excesso de umidade nem pouca umidade. O ideal para as bactérias envolvidas na compostagem é em torno de 45% a 55% de umidade. Quando temos excesso de urina ou água o composto tende a se compactar e a água ocupa os espaços vazios que o ar ocuparia para oxigenar o composto. Sem oxigênio a decomposição passa a ser feita por indesejáveis bactérias

anaeróbicas, que só sobrevivem na ausência de oxigênio e geram mau cheiro. Portando é desejável que o composto esteja sempre bem aerado e oxigenado alem de estar com umidade ideal.

Quando temos pouca umidade a compostagem não ocorre e o composto passa a ser somente uma pilha de dejetos e matéria orgânica que não se decompõe e conseqüentemente não diminui de volume como normalmente acontece na compostagem. Para saber se seu composto está com falta de água perceba se a câmara de compostagem esta enchendo muito rápido ou está fria.

Teste da vara - umidade

- Depois de 1 semana de uso do BIO’S (ou quando a câmara estiver com 1/3 do volume cheio), introduzir um galho seco ou vara de madeira sem casa até o fundo da câmara e deixar alguns minutos. O ideal é que ao puxar o galho ele esteja úmido uniformemente em sua toda sua superfície, sem estar pingando e nem seco.

Controlando a quantidade de Umidade

- Se ao puxar a vara, ela estiver molhada e pingando é porque estamos com excesso de umidade no composto.

Para isso devemos fazer buracos com a vara e adicionar em diferentes pontos do composto, matéria orgânica seca e grosseira (tamanho médio de 2 cm a 4 cm), como serragem e pequenas aparas de jardim e

gravetos, palha e feno.

- Se ao puxar a vara, ela estiver seca em algumas partes secas devemos adicionar umidade ao composto. Para isso devemos fazer buracos com a vara e adicionar em diferentes pontos do composto, matéria orgânica molhada, como serragem molhada em água de chuva, restos de legumes e verduras da cozinha e horta, terra vegetal úmida, água de chuva ou urina diluída na água.

B - Oxigênio

No processo de decomposição que acontece na câmara de compostagem do BIO’S é necessário que tenhamos uma adequada aeração do composto com a presença de oxigênio, para as bactérias aeróbicas trabalhem e transformem os dejetos em húmus. Se não temos a presença de oxigênio a decomposição que passa a acontecer é anaeróbica.

A decomposição anaeróbica é a principal responsável por gerar gases inflamáveis que tem forte mau cheiro, portanto não desejamos que ela ocorra no BIO'S. Além disso, essa decomposição é fria e demorada, diferente da compostagem que acontece em até 3 meses nas condições ideais e a suas altas temperaturas permitem a eliminação mais eficaz e rápida dos patogênicos.

Odores anaeróbios podem ter cheiro de ovos podres (causada pelo sulfeto de hidrogênio), leite azedo (causada por ácidos butírico), vinagre (ácido acético), vômito, e putrefação (alcoóis e compostos fenólicos). Através dos cheiros podemos detectar se está ou não acontecendo a indesejada decomposição anaeróbica.

Teste da vara – Oxigênio

- introduzir uma vara de madeira de espessura do dedão da mão (2 cm) até o

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Controlando a quantidade de Oxigênio

- Pouca aeração pode ser resolvida com medidas de correção do excesso de umidade e compactação. O ideal para isso é introduzirmos galhos e ou gravetos até o fundo do composto puxando para fora, para que assim fiquem espaços vazios no composto. Podemos também adicionar galhos, varas ou canos na câmara antes de iniciarmos o uso.

Esses galhos podem ser finos (3 cm), mas devem ter a altura da câmara de compostagem, para permitir que o composto receba ar corretamente.

- Muita aeração pode diminuir a temperatura do composto, que é desejável que esteja sempre com 60 C dentro da câmara de compostagem do BIO’S.

C - Temperatura

A decomposição na compostagem é feita pelas bactérias que gostam de calor. São por isso chamadas de mesofilicas e termofilicas, que se desenvolvem melhor em temperaturas entre 45 C e 70 C.

Na câmara de compostagem a temperatura ideal é de 60 C, para isso é

importante orientar a câmara para a parte mais ensolarada do terreno ou dispor de um sistema artificial de aquecimento.

No BIO’S a câmara de compostagem é móvel, e isso permite que quando cheia possa ser transportada para o sol para a continuação do processo de

decomposição e eliminação de todos agentes patogênicos que por ventura restaram na câmara de compostagem. Em apenas 24h com temperatura constante de 60 C é possível matar todos os patogênicos da câmara do BIO’S. O calor na câmara de compostagem também ajuda o trabalho do convector, que retira todo cheiro da câmara de compostagem através da convecção do ar quente e mal cheiroso até a abertura superior do tubo de ventilação.

Depois de cheia a câmara de compostagem deve ser esvaziada no quintal em pilhas de compostagem de até no máximo 1,5m de altura. Nessa fase de cura ou maturação onde a temperatura cai abaixo de 45 C e fica constante indicando que começou o processo de humificação. Quando a temperatura do composto fica a mesma que a do ambiente significa que o composto está humificado e já pode ser usado.

Teste da vara – Temperatura

- depois de 1 semana (ou quando a câmara estiver com 1/3 do volume cheio) de uso do BIO’S, introduzir um galho seco ou vara de madeira sem casa até o fundo da câmara e deixar alguns minutos. O ideal é que ao puxar o galho ele esteja quente e úmido uniformemente em toda sua superfície, não podendo estar frio e nem levemente morno.

Teste do Tato (na superfície externa da câmara de compostagem) - Temperatura

- depois de 1 semana de uso do BIO’S, abrir a porta de metal do compartimento onde fica a câmara de compostagem e apalpar a câmara de plástico em

diferentes pontos de altura. Caso ela esteja fria ou levemente morna, deve-se conferir e corrigir as condições de umidade, oxigenação ou quantidades de nitrogênio e carbono, que provavelmente estarão fora dos padrões ideais. Controlando a Temperatura

- se ao puxar o galho ou apalpar a câmara de compostagem eles estiverem frios ou apenas levemente úmido significa que a compostagem não esta com sua temperatura ideal de 60 C

- é raro, mas pode acontecer de a câmara aquecer mais que 70 C. Se isso ocorrer deve-se aerar o composto para que ele possa perder calor.

D - Relação entre quantidades de Nitrogênio e Carbono

Para que as bactérias da compostagem possam fazer a decomposição sua dieta deve ser balanceada. Os principais alimentos delas são o carbono e o nitrogênio e a quantidade ideal é de 30 partes de carbono para 1 parte de nitrogênio. Se existe nitrogênio demais, os microorganismos não podem usar tudo e o excesso é perdido na forma de gás amônia, muito mal cheiroso.

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Os restos de comida da cozinha e também as aparas de legume e verduras, são geralmente equilibrados em relação à quantidade de nitrogênio e carbono, e podem ser adicionados na câmara de compostgem sem problemas. Serragem

(não pode ser madeira tratada ou seca em estufa) é um material rico em carbono,

boa para o equilíbrio do excesso de nitrogênio proveniente das fezes e urina humana ou de outros animais (esterco de vaca ou de galinhas). A Serragem também costuma ter de 40 a 65%, o que é bom para a compostagem.

Para manter uma dieta equilibrada para as bactérias da compostagem na câmara do BIO’S veja na abaixo alguns materiais que são fontes de nitrogênio e carbono.

Fontes de nitrogênio: Fontes de Carbono:

Estercos, fezes e urina humana; Materiais secos e fibrosos de plantas; Aparas verdes de grama; Capins;

Farinha de sangue; Folhas; Farinha de algas; Palhas e feno; Biomassa de aguapés; Serragens;

Leguminosas; Rolão de milho (pé inteiro seco e triturado)

Teste de Nitrogênio e Carbono

- verifique as condições de umidade e oxigenação, se elas estiverem corretas e mesmo assim a temperatura não estiver perto de 60 C em cinco dias de uso do BIO’S, pode ser um forte indicativo de que a bactéria não tem alimentos balanceados ou que o nitrogênio está em excesso. Isso gerara mau cheiro de urina deteriorada, pois o nitrogênio que não for consumido pelas bactérias se desprenderá na forma de gás amônia. (ver teste de oxigênio, temperatura e umidade)

Controlando a quantidade Nitrogênio e Carbono

- se as condições de umidade e oxigenação estiverem corretas e mesmo assim a temperatura na câmara de compostagem não aumentar até 60 C (ver teste temperatura) em ate cinco dias, e alem disso sentirmos um cheiro de urina deteriorada (presença de amônia) significa que temos que acrescentar fontes de carbono na câmara de compostagem do BIO’S, pois existe excesso de nitrogênio.

Para isso faça buracos em diferentes partes do composto usando uma vara de madeira e adicione uniformemente boas fontes de nitrogênio na câmara.

- não é comum encontrarmos um BIO’S onde exista excesso de carbono e falta de nitrogênio na câmara de compostagem. Mas isso pode acontecer, para resolver o excesso de carbono é só fazer buracos no composto usando uma vara e adicionar materiais fontes de hidrogênio.

6 - DICAS PARA BOM USO

Abaixo estão listadas dicas de uso separadas em o que deve e o que não se fazer ao usar o BIO’S.

Fazer:

- antes de começar a usar o BIO’S, colocar na câmara de compostagem os seguintes elementos: 1ª camada (fundo da câmara) - 20 cm de uma mistura de folhas secas, serragem e aparas de galhos ou cavacos de madeira. Importante que esse material tenha elementos finos e grossos com variações entre 1 cm e 3 cm de tamanho. 2ª camada – 5 cm de terra vegetal úmida (sem estar

encharcada).

- deixar lixeira no BIO’S para absorventes, e outros eventuais lixos que não devem ser jogados na câmara de compostagem.

- testar as condições de umidade, temperatura, oxigenação e concentração de nitrogênio e carbono, fazendo as correções sempre que necessário.

- Deixar no BIO’S um reservatório com mistura preparada de materiais fontes de carbono com tamanhos variados entre 1 cm a 4 cm, que deve ser jogada na câmara de compostagem depois de usar o BIO’S. Mais ou menos 500ml de material deve ser jogado depois do uso.

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Não fazer:

- não jogar cinza cal ou calcário, esses elementos podem matar as bactérias da compostagem. Esses elementos devem ser utilizados diretamente no solo para correção de acidez.

- Não jogar papel colorido, plástico, absorvente, materiais não biodegradáveis fralda, guimba de cigarro, serragem de madeira tratada, cinza de queima de plásticos ou fogão a lenha acendidos com plásticos.

- Evitar urina em excesso, pois essa contem cheiros desagradáveis e substancias tóxicas para as bactérias da compostagem. Os homens podem usar mictórios, e as mulheres podem fazer xixi no BIO’S, sempre ficando atento ao excesso de umidade no composto.

- Não jogue nada que tenha cheiro no vaso sem cobrir depois com matéria limpa. (serragem, feno, palhas, folhas picadas etc.)

- Não separe o papel higiênico dos dejetos, tudo deve ir para dentro da câmara de compostagem.

- Não use água tratada para umedecer o composto, use água da chuva. - Não use o composto logo que ele for retirado da câmara de compostagem, é necessário que passe pelo processo de maturação e cura para que se transforme em húmus. Para isso esvazie a câmara de compostagem em pilas de 1m de altura, cubra com matéria limpa (palha, feno, tecido permeável), mantenha as condições ótimas de umidade, oxigenação e temperatura. Depois que o composto baixar a temperatura de 40 C para a temperatura significa que está pronto para ser usado.

- Não entre em contato direto com o material da câmara de compostagem, sempre use luvas e ferramentas para manuseá-lo.

7 - CUIDADOS COM A CONSTRUÇÃO DO BIO’S

Além dos cuidados para termos um processo de compostagem satisfatório, também devemos dar atenção especial para a manutenção da construção do BIO’S. Veja abaixo algumas informações.

Tijolos de adobe

O principal material construtivo escolhido para execução das paredes do BIO’S foi a terra crua (sem queima) na forma de tijolos de adobe, feitos com os solos disponíveis nos locais das construções de cada BIO-Sanitário compostável. .

Tradicionalmente a construção com terra crua já faz parte da cultura construtiva do Brasil e da região do Vale do Jequitinhonha, onde ainda a maioria das famílias moram na zona rural em casas feitas com tijolos de adobe.

Os tijolos de adobe são executados com água e terra devidamente escolhida e se necessário, estabilizada com materiais como capim, palha, esterco, terra de formigueiro ou areia. Depois de prontos os tijolos precisam secar ao sol, nesse processo acontece a cura e a estabilização da terra, que depois disso pode ser usada para a construção.

Para fabricar os adobes deve escolher terra sem nenhuma matéria orgânica, (raízes, galhos, folhas, cipós e materiais em decomposição) portanto, a conhecida terra vegetal, rica em material orgânica e com leve cheiro de bosque ou mofo não deve ser usada para construções.

Terra vegetal, rica em matéria orgânica, nunca deve ser usada para fazer adobes e para construção, ela deve ser usada na câmara de compostagem do BIO’S ou para plantio.

Para se evitar a terra com matéria orgânica, deve-se extrair a terra à pelo menos 60 cm de profundidade da superfície, assim descartamos a camada superficial do solo que contem a maior quantidade de material orgânico.

As melhores terras para se preparar os adobes são as terras com uma

porcentagem um pouco maior de areia do que de argila, são mais resistentes a umidade, não trincam com facilidade e agüentam mais peso.

Alvenarias de apoio para as paredes de adobe

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A umidade que sobe do terreno por capilaridade e as águas das chuvas são aquelas que devemos evitar que entrem em contato com as paredes.

Como medida prática para impedir o contato da umidade diretamente com os tijolos de adobe pode executar além de grandes beirais no telhado, uma alvenaria de apoio para os adobes. Essa alvenaria de apoio deve ser executada sobre o coroamento da fundação com a função de distanciar a alvenaria de adobe da umidade do solo e proteger o “barrado” das paredes dos respingos das chuvas. Tradicionalmente se faziam as paredes de adobe sobre barrotes de madeira ou muros de pedras. No BIO’S podemos fazer as alvenarias de apoio em pedras, blocos de concreto reciclados e taipa de pilão ou superadobe (taipa ensacada) de solo cimento.

Para cumprir sua função essa alvenaria de apoio deve ser resistente a água e ter no mínimo 50 cm de altura em relação ao terreno natural para regiões secas e 1m de altura para regiões muito úmidas.

Assentamento dos adobes

Depois de curados os adobes podem ser assentados, uns sobre os outros para a execução das paredes, com a mesma terra usada da fabricação dos próprios

tijolos. Caso esta terra não tenha proporções ideais de areia e argila, deve se estabilizá-la antes de usar para assentamento dos adobes.

Massa de assentamento adobes (camadas com máximo de 1 cm de espessura) Para terras muito argilosas podemos usar:

1 terra argilosa + 4 de areia + 1 de esterco fresco (ou cal hidratada) Para terras muito arenosas podemos usar:

2 terra arenosa + 1 terra argilosa + 1 esterco fresco (ou cal hidratada)

(IMAGEM TRAÇO ASSENTAMENTO COM BALDES P MISTURA)

Reboco de revestimento dos adobes

Depois de assentados, os adobes devem receber acabamento e revestimentos adequados para o BIO’S ficar bonito e protegido.

Rebocar as paredes antes de pintar é o ideal para a boa conservação do BIO’S. Devemos lembrar que o reboco a base de cimento não deve ser usado nas paredes de adobe. A terra e o cimento não se combinam bem e com o tempo pode danificar a construção e “descolar” totalmente das paredes.

O reboco é essencial para garantir a integridade e a durabilidade das paredes executadas de tijolos de adobe. Além de proteger os tijolos de adobes do sol e da chuva, o reboco também deixará todos os banheiros mais bonitos, e também impedirá que qualquer inseto (inclusive o barbeiro da doença de Chagas, o famoso “chupão”) se esconda nas frestas e buracos que podem se formar na massa de assentamento e nos tijolos de adobe.

Massa para rebocar as paredes de adobe (camadas com máximo de 1 cm de espessura)

Para terras muito argilosas 1ª - Opção

Única Camada: 5 areia + 1 terra argilosa + 1 cal hidratada + 1 esterco fresco 2ª - Opção

1ª. Camada: 1 terra argilosa + 1 areia

2ª. Camada: 1 terra argilosa + 1 cal hidratada + 3 areia 3ª. Camada: 1 cal hidratada + 2 areia*

Para terras muito arenosas

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Tinta de terra para acabamento das paredes de adobe

Depois de rebocadas, as paredes já podem ser pintadas com tinta a base de terra ou cal.

Devemos lembrar que as tintas convencionais à base de PVA, látex, acrílico e outros, não devem ser usadas nas paredes de adobe e nem em rebocos a base de terra. Alem de emitirem gases tóxicos, essas tintas impermeabilizam as paredes, plastificando as superfícies a ponto de não deixá-las respirar. Como sabemos todas as paredes são como nossa 2ª pele e devem respirar para fazer trocas de ar e umidade com o meio ambiente. Principalmente as paredes de adobe precisam respirar, para que durem bom tempo e possam deixar o ambiente interno sempre confortável com temperaturas amenas. (como a cola branca é base de PVA devemos usá-la para fabricar tinta de terra somente quando tivermos aditivos naturais)

Massa para preparo da Tinta de terra Pintura para exterior

08 kg terra argilosa ou de formigueiro (cor da tinta) + 6 litros de sumo de cactos + 1 kg de cal hidratada + 400 ml de óleo de linhaça

Pintura para interior

08 kg terra argilosa ou de formigueiro (cor da tinta) + 6 litros de sumo de cactos ou grude + 1 kg de cal hidratada

8 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPBELL, S. Manual de Compostagem para Hortas e Jardins. 1995. BUENO, Mariano. Como hacer um buen compost. 2003.

LENGEN, V. Johan. Manual do arquiteto descalço. 2004 SÁNCHEZ, Cristian. Abonos orgânicos e lombricultura. 2003

JENKINS, Joseph. The humanure hand book, A Guide to Composting Human Manure.1999.

PORTO, D. David. STEINFELD, Carol. The Composting Toilet System Book. 2000.

9 – FICHA TÉCNICA

Autoria – Flávio Pereira Dias Duarte

10 - CONTATOS

BIOhabitate – Saúde Ambiental e Arquitetura Viva

Fone:+55 (31) 98235259

www.biohabitate.com.br

/

contato@biohabitate.com.br

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Referências

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