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VI ANÁLISE DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE EDUCANDOS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DA CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB

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Academic year: 2021

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VI-042 - ANÁLISE DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE EDUCANDOS DO

ENSINO FUNDAMENTAL EM ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DA

CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB

Monica Maria Pereira da Silva(1)

Bióloga pela Universidade Estadual da Paraíba. Especialista em Educação Ambiental/UEPB. Mestre em Gerenciamento Ambiental pelo PRODEMA/UFPB/UEPB. Professora da UEPB/CCBS/DFB-NEEA.

Valderi Duarte Leite

Engenheiro Civil/UFPB. Mestre em Engenharia Civil. Doutor em Engenharia Civil -EESC/USP. Professor da UEPB/CCT/DQ.

Endereço(1): Rua Maria Barbosa de Albuquerque, 690 Bodocongó II Campina Grande -PB - CEP: 58108-320 - Brasil - Tel: (0xx83) 333-1436 - e-mail: monicam@cgnet.com.br

RESUMO

A percepção ambiental consiste na forma como o ser humano ver o meio ambiente, como compreende as leis que o regem. Esse ver acontece através de uma tela, que é resultante de conhecimentos, experiências, crenças, emoções, cultura e ações. O ser humano de alguma forma tem conhecimento sobre o meio ambiente e esse deve ser o ponto de partida para a realização de um programa de Educação Ambiental. Por isso, o presente trabalho teve por objetivo: identificar a percepção ambiental dos educandos de duas escolas públicas municipais do Ensino Fundamental, localizadas no bairro das Malvinas em Campina Grande/PB, e a partir dessa identificação construir estratégias metodológicas que possibilitassem a realização de Educação Ambiental nas escolas de forma permanente e contínua, motivando o aprender com prazer. Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram: questionários, entrevista não estruturada, matriz cromática, análise de desenhos, cartazes e textos e mediante a realização de encontros de sensibilização: aula de campo, festival de arte e cultura, aulas de vídeo, gincana, palestras, entre outros. Tomando-se por base a classificação do MEC de meio ambiente natural e construído, a maioria dos educandos entende o meio ambiente como ambiente natural (61%), e mesmo nas representações de meio ambiente construído são apresentadas poucas modificações neste ambiente. Quando da utilização da classificação proposta por SAUVÉ, citado por SATO (1997), identifica-se inicialmente as concepções de meio ambiente como lugar para se viver, como problema e como natureza, predominando última visão. Após a intervenção, foram identificadas outras concepções: meio ambiente como biosfera, como recurso e como tudo que nos rodeia. Em relação aos problemas ambientais citados após a intervenção, os educandos incorporaram os aspectos sociais, culturais, econômicos e éticos, em substituição a visão puramente ecológica. De posse da percepção ambiental foram construídas estratégias que promoveram a realização de Educação Ambiental de forma contínua e permanente: o tema meio ambiente pe o tema meio ambiente permeou todas as disciplinas e conteúdos, encontros de sensibilização, atividades artísticas, físicas e lúdicas, aula de campo, passeio no campo, oficina ecológica, participação dos pais e celebração ecumênica. Enfim, a percepção ambiental como processo dinâmico sofreu visível evolução, relevando a construção de uma visão crítica, e preocupação com o exercício da cidadania. Portanto, é imprescindível identificar a percepção ambiental antes de intervir na comunidade.

PALAVRAS-CHAVE: Percepção Ambiental, Educação Ambiental, Intervenção, Estratégias e Mudanças.

INTRODUÇÃO

Quando se pretende intervir em determinada comunidade é fundamental identificar qual a percepção ambiental que a mesma tem do meio ambiente. Isso se refere tanto às escolas quanto às comunidades. Haja visto o ser humano agir na natureza de acordo com os seus conhecimentos, suas crenças, experiências, emoções, culturas e desejos. gerando discrepâncias entre as imagens culturais da natureza e a organização real da mesma. Mesmo entre as crianças já existem tais discrepâncias. Todavia, as crianças são mais acessíveis ao novo. É

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Neste sentido, este trabalho teve por objetivo: identificar a percepção ambiental dos educandos de duas escolas públicas municipais do ensino fundamental, localizadas no bairro das Malvinas da cidade de Campina Grande/PB para a partir dela, construir estratégias metodológicas que possibilitassem a realização da Educação Ambiental nas escolas de forma permanente e contínua, motivando o aprender com prazer.

METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado no período de agosto de 1998 a dezembro de 1999, com 300 educandos do segundo ciclo de duas escolas do Ensino Fundamental da Rede Pública Municipal de Campina Grande, estado da Paraíba, Brasil: Grupo Escolar Advogado Otávio Amorim e Grupo Escolar Lafayete Cavalcanti, ambas localizadas no Conjunto Álvaro Gaudêncio, popularmente denominada de Malvinas. A faixa etária dos educandos variou de 8 a 15 anos.

A cidade de Campina Grande está situada a 120 km da capital do Estado da Paraíba, João Pessoa (7° 13’ 11” sul, 35°52’ 31” oeste, a 550m acima do nível do mar), na Serra da Borborema, o que lhe confere um clima agradável durante todo o ano. Apresenta área urbana de 140 Km2 e população de 360 mil habitantes.

Campina Grande atualmente, dispõe de amplas, diversificadas e sólidas bases em suas atividades econômicas, agropecuárias, industriais e comerciais, sendo atualmente o maior polo comercial das cidades de porte médio da região Nordeste do país.

A cidade possui um pioneiro e sofisticado parque educacional e tecnológico. O sistema educacional público municipal possui 165 escolas, destas duas estão localizadas no bairro das Malvinas. A cidade também conta com duas universidades, destacando-se como principal centro educacional do interior do Nordeste.

O bairro das Malvinas apresenta uma população de quarenta mil habitantes, cerca de 12% da população do município e a média salarial encontra-se em torno de 1 a 5 salários mínimos nacional.

Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram: questionários, entrevista não estruturada, matriz cromática, análise de desenhos, cartazes e textos e mediante a realização de encontros de sensibilização: aula de campo, festival de arte e cultura, aulas de vídeo, gincana, palestras, entre outros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com as observações iniciais da percepção e do diagnóstico ambiental, os educandos mostravam-se, em geral, despreocupados com o meio ambiente. Havia desperdício de água, resíduos sólidos no chão das salas de aula e dos pátios, carteiras e paredes riscadas, distância entre educandos educadoras e educandos -educandos, E muita violência nas escolas.

Para obtenção dos resultados da percepção ambiental dos educandos baseada na classificação do MEC citado por SATO(1997), executou-se técnica de produção de desenhos.

Ao analisar os desenhos produzidos pelos educandos referentes à proposição: através de desenho represente o meio ambiente, constatou-se que 61% dos educandos representou o meio ambiente natural e 39% meio ambiente construído, conforme pode observar na Tabela 1. O ser humano apareceu incluso em 60% das representações. Entre os educandos predominou a visão de meio ambiente natural. Todavia, verifica-se substancial crescimento no percentual para o meio ambiente construído em relação às educadoras (SILVA & LEITE, 2000), como também para a representação do ser humano inserido no meio ambiente, isto em decorrência da interferência das educadoras, que ao participar de encontros de formação de educadores ambientais passaram a construir novos conhecimentos, modificando a percepção em relação ao meio ambiente, passando assim para seus educandos (SILVA & LEITE,2000). Ressaltando então, o que menciona BUSCAGLIA (1998) “a educação é um constante processo de modificação e a maior aventura do mundo é

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TABELA 1 - Percepção Ambiental dos educandos baseada na classificação do MEC, citado por SATO (1997)

Classificação de Meio Ambiente Percentual (%)

Natural 61

Construído 39

Verificou-se também através dessa análise que as crianças apresentavam visão antropocêntrica destruidora e dominadora da relação ser humano - meio ambiente, pois a maioria ao desenhar o ser humano no ambiente, mostrava-o derrubando árvores, poluindo rios, o ar e o solo e nas frases apresentadas o ser humano aparece como ser vivo superior, capaz de dominar a natureza. Mas para BERNA (1995) na natureza não há espécie mais importante do que outra, porque por mais maravilhosa que ela seja não consegue sobreviver sozinha. Esta visão de ser humano dominador é uma das causas de alguns problemas ambientais, pois, o ser humano pensa poder dominar a natureza e o seu semelhante.

Objetivando identificar a percepção ambiental dos educandos baseada na classificação de SAUVÉ apud SATO (1997), empregou-se a técnica de construção de frases, tomando como referência a abordagem: o que é meio ambiente para você? Constatando-se três concepções de meio ambiente dos educandos: como natureza, como lugar para se viver e como um problema. Na percepção dos educandos predominou a concepção de meio ambiente como natureza, compreendendo 57% da amostra pesquisada. Meio ambiente como um problema correspondeu a 29% da amostra e somente 14% da amostra percebem meio ambiente como lugar para se viver. Como “a percepção ambiental envolve sentimentos, leitura da realidade, imaginário e representação social” (LIMA,1998), ela não é estática e o resultado encontrado da percepção ambiental de um determinado grupo não pode servir de referência para outro grupo. Cada grupo tem sua percepção em relação ao meio ambiente. Portanto, analisando a Figura 1 pode-se constatar esta afirmação.

Mais uma vez, ressalta-se a necessidade de se identificar a percepção ambiental do grupo envolvido nos projetos ou programas de Educação Ambiental. Nesse contexto O MEC, através dos PCNs (1997), estabelece que são as representações bem como suas modificações ao longo do tempo que importam, são nelas que se busca intervir quando se trabalha o tema meio ambiente. O que se percebe é que a concepção que predomina entre os educandos não é a mesma das educadoras. A maioria das educadoras (52%) percebe meio ambiente como um lugar para se viver (SILVA & LEITE, 2000), enquanto que a maioria dos educandos (57%) percebe meio ambiente como natureza, para ser preservada. Mesmo diante dessa divergência, a visão puramente ecológica continua também entre os educandos. Grande parte dos educandos considera o meio ambiente intocável, sagrado e puro.

FIGURA 1: Resultado comparativo da percepção ambiental das educadoras e dos educandos baseada na classificação de SAUVÉ (1996) citado por SATO 1997.

Na fase final deste trabalho foi aplicada outra vez aos educandos a técnica de construção de frases, dessa vez com a finalidade de verificar a evolução da concepção de ambiente. Como resultado foram identificados três

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evoluem ao passo que os conhecimentos são construídos e reconstruídos. Essa construção e reconstrução não indica memorização, até porque as concepções foram diversificadas e ampliadas. Este é um dos papéis da educação, como explica ARAÚJO (1997,p.25) “a educação é uma prática que tem como função criar

condições para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para construir instrumentos de compreensão da realidade e de participação”.

Ainda nos estudos das frases construídas pelos educandos foi visto que, em geral eles passaram a usar a palavra proteção ao invés de preservação: “é aquilo que é nosso lar, por isso a gente tem que proteger o meio

ambiente”. E algumas transmitiam mudanças de atitudes em relação ao meio ambiente: “O ambiente é muito bom para todos. Antes eu jogava lixo nos rios, mas agora eu não jogo, porque o rio fica poluído”.

Logo, de posse dos resultados da percepção e do diagnóstico ambiental foram construídas estratégias metodológicas para a realização de Educação Ambiental com os educandos, foram elas: sensibilização de educadores e educandos, o tema meio ambiente permeando todas as disciplinas a partir de planejamento escolar, realização de atividades artísticas (teatro, músicas danças, pinturas), lúdicas (jogos, estórias infantis, cantigas de roda, paródias, brincadeiras diversas) e físicas (ginástica, relaxamento, músicas com gestos), aulas de campo e de vídeo, palestras, oficina ecológica, festival de arte e cultura, gincana, passeio no parque, celebração ecumênica e utilização de várias dinâmicas de grupos. Estas estratégias proporcionaram várias mudanças nas escolas, as quais foram apontadas pelos próprios educandos, tais como: mudanças na metodologia de ensino, alegria em sala de aula, mudanças de hábitos e na organização e limpeza da escola. Os depoimentos dos educandos referendam estes resultados:

“Melhorou o jeito de explicar”. “Explicações mais clara”. “Muitas aulas diferentes”. “Um ótimo ensino”.

“O desempenho das crianças”. “Melhorou até a vida”. “Meu entendimento”.

“Melhorou o ensino, o professor e as atividades”. “Melhorou todas as matérias”.

“As crianças estão mais ativas”. “Aprendemos mais”.

“A colaboração das mães”. “As brincadeiras”.

“Os alunos aprenderam mais”. “Muitas coisas”.

“Tudo melhorou”.

“Nós mudamos porque os amigos sempre jogavam merenda fora”. “Não destruir a natureza”.

“Não colocar mais vidro misturados com comida”. “Ter amor ao meio ambiente”.

“Deixei de riscar as carteiras”. “Parei de mentir”.

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Portanto, a realização de Educação Ambiental de forma contínua e permanente permite várias mudanças, mas sua realização deve acontecer a partir da percepção ambiental dos atores envolvidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ARAÚJO, Symone Christine de Santana. Educação Ambiental no contexto Educacional Brasileiro. Dissertação. (Mestrado Desenvolvimento e Meio - PRODEMA). Universidade Federal de Sergipe. Aracaju, 1997

2. BERNA, Vilmar. Ecologia: para ler e pensar; Ética e educação ambiental para todas as idades. São Paulo: Paulus, 1994

3. BUSCAGLIA, Leo. Vivendo, amando e aprendendo. 22ª ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 1998

4. LIMA, Maria José de Araújo. Curso de educação ambiental. PRODEMA/UFPB/UEPB. João Pessoa, 1998

5. MINISTÉRIO da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais; Meio ambiente e saúde. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1997

6. SATO, Michele. Educação para o ambiente amazônico. Tese de Doutorado apresentada no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, da Universidade Federal de São Carlos. São Paulo, 1997

7. SILVA, Monica Maria Pereira da. Estratégias em Educação ambiental. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente/PRODEMA/UFPB. Campina Grande, 2000

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