Registro: 2013.0000626460 ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0003786-56.2011.8.26.0070, da Comarca de Batatais, em que é apelante/apelado ANGELO ANTONIO SOFIENTINI (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado/apelante CONDOMINIO COMERCIAL DO SHOPPINGH CENTER SANTA URSULA DE RIBEIRAO PRETO.
ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso do reu e negaram provimento ao recurso do autor. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores EDUARDO SÁ PINTO SANDEVILLE (Presidente sem voto), PAULO ALCIDES E FRANCISCO LOUREIRO.
São Paulo, 10 de outubro de 2013.
Percival Nogueira RELATOR Assinatura Eletrônica
Voto nº 19.306
Apelação Cível nº 0003786-56.2011.8.26.0070 Comarca: Batatais
Apelantes: ANGELO ANTONIO SOFIENTINI e OUTRO
Apelados: CONDOMÍNIO COMERCIAL DO SHOPPING CENTER SANTA ÚRSULA DE RIBEIRÃO PRETO e OUTRO
JUIZ: Leopoldo Vilela de Andrade da Silva Costa
RESPONSABILIDADE CIVIL INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL Agressão física por seguranças de centro comercial Prova produzida demonstrando a ocorrência das lesões Valor da indenização (R$ 10.000,00), porém, que se evidencia exagerado diante das características do caso concreto, mormente a agressividade demonstrada na ocasião pelo autor e a ausência de qualquer prova de eventual homofobia por parte dos prepostos do réu Redução em metade que se impõe Sentença reformada parcialmente Correção monetária corretamente fixada a partir do arbitramento, na forma da Súmula 362 do STJ, e honorários no mínimo Apelo do réu provido em parte e desprovido o do autor.
Trata-se de recursos de apelação tempestivamente interpostos, às fls. 224 e 229, por Angelo Antonio Sofientini e pelo Condomínio Comercial do Shopping Center Santa Úrsula de Ribeirão Preto, contra a r.
sentença de fls. 213/220, cujo relatório se adota, que julgou procedente a ação de reparação de dano moral, movida pelo primeiro contra o segundo, condenando-o ao pagamento de indenização no valor de R$ 10.000,00 (dez
mil reais), com acréscimos legais e verbas da sucumbência (honorária de 10% da condenação).
Alega o autor, em suma, que o valor da indenização foi ínfimo, diante da gravidade do ocorrido, não se prestando aos fins a que se destina, pleiteando majoração para o valor pedido na inicial, correspondente a cem salários-mínimos.
Pede também a correção da indenização desde a data dos fatos e a majoração da verba honorária para o patamar máximo (fls. 225/227).
O réu, por sua vez, afirma que a condenação é injusta, pois seus prepostos agiram no exercício legal de direito, diante do grau de agressividade do autor. Insurge-se também contra o valor da indenização, postulando sua redução (fls. 230/254).
Recebido os apelos em ambos os efeitos (fls. 257), foram apresentadas contrarrazões só pelo réu (fls. 258/271).
É o relatório.
A sentença só comporta reforma quanto ao valor da indenização. A prova dos autos, muito bem esmiuçada e analisada pela sentença, realmente evidencia a ocorrência das lesões padecidas pelo autor, causadas pelo excesso de força física utilizada pelos prepostos do réu no procedimento de afastá-lo (e ao seu amigo Edson) do local do entrevero com funcionários das Lojas Americanas.
Não merece crédito, por isolada no contexto probatório, a tese
defensiva que busca desmoralizar a constatação técnica das lesões sofridas pelo autor, mormente diante do teor do laudo de fls. 30. Logo, provadas as lesões e sua relação com a conduta dos prepostos do réu, acertada a condenação dele no pagamento da indenização pelo dano moral que sofreu o autor (desnecessárias maiores digressões a respeito).
Mas o valor se me afigura como exagerado, na medida em que o comportamento marcadamente agressivo do autor (e do seu amigo Edson) no recinto das Lojas Americanas acabou por contribuir decisivamente para a eclosão dos fatos e suas desagradáveis consequências.
Além disso, a gravidade dos fatos não autoriza, ao contrário do que pretende o autor, o arbitramento de quantia tão alentada, seja porque o emprego de força física exagerada se deu longe dos olhares do público em geral (ou seja, o autor não “apanhou” na frente de 'todo mundo'), seja porque nenhum traço de homofobia se constatou da análise da prova.
Diante disso, e aplicando os princípios da moderação e da proporcionalidade, costumeiramente usados pelos integrantes desta C.
Câmara na análise de casos similares, entendo cabível a redução da indenização em metade, chegando a valor mais justo e mais razoável para a espécie. Só para tal fim é que merece a sentença reforma parcial, acolhendo-se nessa parte o reclamo recursal do réu e rejeitado o do autor, pois, no mais, a correção monetária foi corretamente fixada a partir do arbitramento, na forma da Súmula de nº 362 do STJ, e os honorários também, já que, sem desdouro do brilhantismo do trabalho profissional
desenvolvido, nada justifica a pretendida majoração de tal verba.
Pelo exposto, meu voto nega provimento ao apelo do autor e dá parcial provimento ao do réu, apenas para, reformando em parte a sentença, reduzir a indenização ao valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), mantidas a correção monetária a partir do arbitramento (publicação do acórdão) e a distribuição dos ônus da sucumbência.
JOSÉ PERCIVAL ALBANO NOGUEIRA JÚNIOR Relator
(assinatura eletrônica)