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As religiões lusoafrobrasileiras em Portugal: consão e performances

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A s r e l i g i õ e s l u s o - a fr o - b r a s i l e i r a s e m P o r t u g a l :

c o n v e r s ã o e p e r fo r m a n c e s

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Ismael Pordeus Jr Universidade Federal do Ceará

:lliSUMO:

Tratar da expansão das religiões afro-brasileiras em seu processo de transnacionalidade para

~ Europa e, mais particularmente para Portugal, onde este fenômeno se encontra

intrin-secamente relacionado à migração feminina portuguesa é o objetivo deste ensaio. Otexto

arra primeiramente a sistematização da Umbanda no Brasil e seu processo de

transnacio-aalidade. Analisa o papel das mulheres na instalação da Umbanda e, em seguida, procura ostrar a difusão da mesma em todo o país. Em um terceiro momento, recorre à descrição emográfica de um rirual, com o objetivo de mostrar a manifestação dei n t e r r i t u a l i d a d e s e as

oerformances umbandistas com as práticas do catolicismo português, mostrando assim, a

o r i c o l a e e m d o i m a g i n d r i o r e l i g i o s o .Após um quarto de século, essas manifestações religiosas

luso-afro-brasileiras passaram a fazer parte do universo social, como uma religião dediáspora,

em vias de se construir no campo religioso, ao mesmo tempo em que foi inventada a sua própria tradição, conduzindo o português ao transe.

ABSTRACT:

This essay deals with Afro- Brazilian religions in their rransplantarion process related

parti-cularly to Portugal where rhe phenomenon is found in dose relationship with Portuguese

remale migration. The text initially makes an assessrnent of the systematization process of

- e Umbanda in Brazil and its installation in Portugal, analyzing the role of Portuguese

. omen in the effort to divulge it in the country. In a third approach, the text explores eth-ographic descriptions aiming at demonstrating the manifestation of overlapping rituals and

;>erformance ofUmbanda and Portuguese Catholicism in order to show theb r i c o l a g e process

:ound in the creation of an imaginary religious world. After some time those religious

Afro-razilian-Portuguese manifestations will shape themselves as part of a social environment - a diaspora religion in the process of establishing itself as a recognized instirution while

-. nting its ownrradicíon, and leading the Portuguese to rhe trance.

Tenho como objetivo tratar da expansão das religiões afro-brasileiras

_ seu processo de transnacionalidade para a Europa e, mais particularmente

- ra Portugal, onde este fenômeno se encontra intrinsecamente relacionado

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à migração feminina portuguesa. São as mulheres que se destacam como

mães-de-santo! ou como iaôs! nos rerreiros'. As migrantes pós-segunda

guerra mundial, ao retomarem para a sua terra natal, trouxeram consigo

a Umbanda" e, em seguida, o Candomblé. Na recomposição do campo

religioso", após a Revolução dos Cravos (25 de abril de 1974), criaram

tanto comunidades de terreiro como de atendimento privado. Após um

quarto de século, essas manifestações religiosas passaram a fazer parte do

universo social, como uma religião de diáspora, em vias de se construir no

campo religioso português, ao mesmo tempo em que foi inventando a sua

própria tradição".

Organizo meu texto narrando primeiramente a sistematização da

Umbanda no Brasil e seu processo de transnacionalidade. Analiso, ainda,

o papel das mulheres na instalação da Umbanda e, em seguida, procuro

mostrar a difusão da mesma em todo Portugal. Em um terceiro momento,

recorro àdescrição etnográfica de rituais a fim de organizar uma tipologia

destas manifestações e suas

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i n t e r r i t u a l i d a d e s com as performances mágicas

das práticas do catolicismo português.

Compreendo a i n t e r r i t u a l i d a d e como a recomposição de rituais

distintos, oriundos de matrizes diferentes. No caso desse estudo, a junção

das práticas do catolicismo português com as práticas afro-brasileiras, em

uma fusão formando um outro, um terceiro, integrado as performances

da Umbanda. Assim temos a possibilidade de perceber a b r i c o l a g e m d o

i m a g i n á r i o r e l i g i o s o .

Proponho, pois, que esses ritos sejam pensados como i n t e r r i t u a

-l i d a d e s , inspirando-me na noção de intertextualidade, tal como a constrói

Júlia Kristeva? em seus comentários sobre a obra de Bakhtin, na qual

esta-belece um paralelo entre o estatuto da palavra e do texto: como a palavra

que pertence, ao mesmo tempo, ao sujeito e ao destinatário, orienta-se em

enunciados anteriores e contemporâneos. O texto é sempre o cruzamento de

outros textos: "Tout texte se construir comme une mosaíque de citations,

tout texte est absorption et transformation d'un autre texto". O texto é

um combinatório, o local de uma constante troca entre fragmentos que a

escrita redistribui, construindo um novo texto a partir de novos textos mais

ou menos reconhecíveis de fórmulas anônimas, de citações inconscientes

ou automáticas, constituindo-se, assim, a intertextualidade, um

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um mosaico de performances, um combinatório de troca de fragmentos

de outros rituais, reagrupados e resemantizados, formando assim as

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i n t e r

-r i t u a l i d a d e s performáticas.

ARELIGIÃO DO TRANSE URBANO

A religião de Umbanda é sistematizada no Brasil, na década de

trinta do século passado, no Rio de Janeiro, procurando marcar sua

diferen-ça das práticas religiosas urbanas designadas genericamente de macumba.

Ela se inspira na própria ideologia da formação da sociedade brasileira, no

caso específico, nas práticas religiosas das três bases culturais formadoras

da nacionalidade: indígena, africana, católica, dentro de uma perspectiva

espírita kardecista.

Noradamente a partir dos anos 1950, a Umbanda utiliza os meios

de comunicação - jornais, livros, programas de rádio - e vai ser divulgada

por todo o Brasil, assumindo-se como uma religião brasileira. Outro aspecto

que deve ser destacado é que ela não é uma religião dogmática, o que se

comprova por sua capacidade de antropofagizar as crenças e práticas religiosas

existentes nos locais onde ela se instala, integrando-as em suas performances,

como veremos mais àfrente.

Penso que a idéia de transnacionalidade, compreendida em termos

de produção e de representação, dá conta do problema relativo àpresença

das religiões afro-brasileiras em Portugal. Tomada em sentido restrito, a

transnacionalidade designa a adoção generalizada de formas culturais em

m o u v e n c e . O domínio religioso é por excelência adepto do transcultural. A

transferência entre comunidades, seja qual for a relação de dominação, não

ocorre em um único sentido: as próprias relações sociais se modificam pela

ação da transnacionalidade. Os elementos passam de uma a outra cultura,

logo podem existir nas duas, estendendo-se em um sentido bem mais amplo

como que a designar as vias de passagem e a permitir o fenômeno de uma

terceira via, uma hibridização da produção de componentes culturais: uma

terceira entidade, em constante recomposição, aparecendo, freqüentemente,

nas culturas das sociedades coloniais e pós-coloniais".

A religião de Umbanda, a partir da década de 1960, consolida-se

em seu processo de divulgação no território brasileiro e passa por um novo

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especifica-mente para países do Rio da Prata (Argentina e Uruguai). Na década de

70, atravessa o Atlântico e chega a Portugal. Hoje pode ser encontrada na

Espanha, Bélgica, Itália, França, Alemanha e nos Estados Unidos.

O que eu penso ser sociologicamente importante é o fato de os

praticantes serem, em sua maioria, autóctones desses países. De igual

importância, é o Brasil ter-se tornado a matriz onde vão ser buscadas as

inspirações desse imaginário religioso. Estabelece-se, assim, um vaivém

entre os dois pólos e um deles torna-se local de peregrinação para aqueles

que demandam a "pureza religiosa", principalmente as cidades do Rio de

Janeiro, São Paulo e Salvador.

De um modo geral, as questões relativas à identidade religiosa são

bastante intrigantes e instigantes para os pesquisadores das ciências sociais,

pois dessas questões emergem outras que afetam a política, a história, a

filosofia, a sociologia e a antropologia. A crise da modernidade dilui as

fronteiras, abre os horizontes para repensar a tradição, a memória e a cultura.

Em Portugal, procurei ouvir as vozes geradoras dessas mutações e avaliar

suas conseqüências sobre uma sociedade estruturada em classes, regi da pela

rnesriçagern? e pelo hibridismo cultural" que se manifestam na recomposição

do campo religioso, mais especificamente através das religiões afro-brasileiras

que utilizam, como técnica de comunicação com o sagrado, a possessão de

seus fiéis por personagens que compõem um panteâo.

A identidade é um sistema de representação, de sentimentos, de

estratégias organizadas para a defesa conservadora de seu objeto, mas

tam-bém para seu controle, sua mobilização, sua mobilidade idealizada. Por um

lado, um sistema esrruturado, diferenciado e ancorado, ao mesmo tempo,

numa mobilidade passada, com suas raízes e permanências. Por outro, em

condutas atuais, projetos ideais e valores, como chama atenção Stuart Hall!'

na discussão da identidade cultural na pós-rnodernidade. A identidade atua

na coordenação da multiplicidade associada às pessoas ou aos grupos. Todas

essas questões remetem à dimensão individual dos atores sociais. A migração,

o deslocamento, a passagem desses atores para os diferentes grupos religiosos

e desses para o individual é por mim considerada o cerne das questões para

as quais as ciências sociais têm procurado respostas ao longo do tempo.

Deve ser levada em conta a fluidez desses atores, seus

desloca-mentos em direção ao imaginário religioso que assimila novas adesões em

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religioso em sua performance ritualísrica", demonstrando uma

necessi-dade não encontrada em outros campos sociais, como bem notam meus

informantes urnbandistas.

A noção de performance é utilizada como instrumento operacional

na tentativa de se pensar a conversão de portugueses e seus deslocamentos

em direção aos imaginários de uma pertença outra. A conversão aos novos

valores da Umbanda, em suas performances ritualísticas, manifestaria o

fervor das emoções nos cultos destas comunidades. Além disso, a

perfor-mance permite que se pense sobre o fenômeno da possessão em seu caráter

coletivo em contraposiçâo àsua variante individual. Ao mesmo tempo, essa

noção considera questões relativas àvoz e ao corpo nas religiões de transe,

de um modo geral. A performance representa o momento principal de um

encadeamento de operações distintas, na qual se ressalta a produção de

movimentos singulares como gestos, danças, cantos, palavras e possessão.

A transmissão, a recepção, a conservação e a repetição permitem, assim,

várias composições da prática da religião. A noção de performance procura

dar conta, ainda, de todo um ritual etnográfico designado classicamente

de trabalho de campo, incluindo minhas andanças, olhares, observações,

participações, entrevistas realizadas e até mesmo as histórias de vida e as

reflexões emergentes da pesquisa aqui narrada e texrualizada, onde se

des-tacam os princípios de oralidade.

Quando de minha estada em Lisboa, em 1998, tornei-me um ávido

leitor dos anúncios das rubricas

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c i ê n c i a s o c u l t a s dos jornais, principalmente

do C o r r e i o d a M a n b â ' " , pois esses anúncios servem como o veículo de

apre-sentação da oferta de serviços mágico-religiosos buscados pela população. A

oferta destes serviços na imprensa faz desmoronar a idéia de que, no meio

urbano, teria havido um processo de abandono de práticas mágico-religiosas

consideradas arcaicas e tradicionais, próprias da vida aldeã", de um mundo

rural que já não existe mais. A oferta desses serviços de mediação mágica

cobre um leque de necessidades do cotidiano, como abertura de caminhos

financeiros, negócios, política, trabalho, problemas sentimentais,

atendi-mento ag a y s , lésbicas, amarrações, problemas sexuais como impotência,

entes falecidos, doenças espirituais, desfazirnento de bruxedos da intrusa,

inveja, mau-olhado, tabaco e alcoolismo. Essa oferta é feita por profissionais

como médiuns africanos auto-proclamados professores, videntes, astrólogos,

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tipo de atividade chega até mesmo a levar os padres do Santuário de Na.S. Aparecida em Lisboa a oferecer seus serviços de exorcismo para resolver todos

os problemas espirituais, disputando um mercado que eles, por experiência

própria, conhecem desde sempre.

MÃEs-DE-SANTO EM LISBOA

A migração feminina portuguesa encontra-se intrinsecamente

relacionada ao processo de transnacionalização da Umbanda em Portugal.

A trajetória de Dona Fernanda e Dona Georgete - duas irmãs de Santarérn,

Riba Tejo - que foram para o Brasil na década de 50, é exemplar dentro deste

processo de transnacionalidade das religiões afro-brasileiras para Portugal.

Eram de família católica praticante, fizeram catecismo, a comunhão, mas

sempre se sentiam mal quando chegavam à igreja, com dores de cabeça

e desmaios. A mãe mandava que uma senhora, a madrinha, rezasse nelas

contra o "quebrante", inveja, "olho-grande", ciúmes. A igreja tinha uma

energia pesada. Com oito anos de idade, uma delas foi acometida de febre

tífóide e a outra teve angina. Ficaram boas com uma promessa da mãe ao

Senhor dos Passos. Cursaram até a 4a série e ainda estudaram um ano no

Areneu (curso de comércio). Dona Georgete foi trabalhar numa firma de

roupa e Dona Fernanda na casa Veloso. Foi a partir da doença que elas

começaram a "ouvir ruídos" e a "verem". As visóes eram relacionadas ao

imaginário católico.

Foram para o Brasil em 1957 (Dona Fernanda) e em 1958 (Dona

Georgere). Dona Fernanda recebeu da madrinha uma "carta de chamada",

pois no tempo de Salazar só era permitido sair do país com essa carta, que

garantisse trabalho e residência. Foi ser babá em Copacabana, no Rio de

Janeiro. Depois conseguiu um emprego no comércio e foi trabalhar em

Ipanerna. Nessa firma conheceu o Sr. José, que havia chegado ao Brasil em

1952, com quem veio a casar. esse tempo, Dona Georgete chega ao Brasil

e se instala em Botafogo.

Dona Fernanda conheceu um taxista, cuja esposa lhe falou que ela

deveria ir a um centro espírita, necessidade decorrente de seus dons

mediúni-cosoAcabou indo e um senhor a aconselhou muito a acreditar no espiritismo.

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médium e devia trabalhar. No prédio onde as duas irmãs passaram a morar,

sempre encontravam uma senhora que afirmava que elas eram médiuns,

que estavam passando dificuldades de saúde e que aquilo era consequência

dos guias. Essa senhora tinha um centro no próprio apartamento, no andar

superior. Às quartas e sábados havia sessão e elas ouviam os pontos cantados,

acompanhados por palmas. O Sr. Francisco, marido de Dona Georgete,

chegava do trabalho passando mal, e por aí outros acontecimentos foram.

se sucedendo. Em casa, Dona Georgete começou a receber entidades. Às

vezes, quando estava realizando algum trabalho doméstico, saía do ar, depois

sabia o que tinha feito pela irmã. Um dia estava estendendo as fraldas do

sobrinho, quando sentiu um puxão bem forte na saia e deu um grito. Era

dia 27 de setembro. Falou, então, que ia tirar a prova. Saiu, subiu as escadas

e entrou no apartamento onde estava havendo a sessão. Mal entrou, caiu

durinha no chão. Vó Tereza estava com o caboclo incorporado e ele falou que

a deixassem no chão, que ela se levantaria, pois estava incorporada de um

caboclo. Depois, Dona Georgete recebeu uma criança, já que a festa, naquele

dia, era dedicada às crianças. Isso foi, mais ou menos, em 1963. O caboclo

da Vó Tereza dizia que Georgete devia trabalhar na prática da caridade.

Ela começou, então, a receber caboclo e preto- velho. No ano seguinte, no

mesmo dia 27 de setembro, Dona Fernanda recebeu também uma criança.

O filho Fernando também via e dizia: "Tá aí o avô a dar adeus". Ele estava a

ver o preto velho. Continuaram a freqüentar o centro da Vó Teresa. Ficaram

trabalhando, dando consulta até 1968. Voltaram a Portugal em 1975 e se

instalaram no endereço atual, onde as duas fazem a festa de Ogum. Passaram

a receber os guias nas quartas e sábados, depois só no sábado. Chegaram a

atender 30 pessoas em uma mesma sessão. As pessoas traziam flores para as

entidades. Dona Fernanda trabalhava com Vovô Ambrósio e Pai Embalê e

Dona Georgete com Vovó Cipriana e Pai Pena Vermelha. Explicaram que

os pontos cantados foram se adaptando ao próprio sotaque e à musicalidade

da língua lusitana. Atenderam de 1975 até 1998.

Essas duas irmãs, durante todo esse período, com seus pretos-velhos

e caboclos, tiveram um papel importante na divulgação da Umbanda em

Portugal, com suas práticas performáticas, embora nunca tivessem

consegui-do abrir um terreiro. O filho biológico de uma delas - Fernanconsegui-do - o único

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rituais iniciáticos, deu continuidade ao abrir um terreiro em Cacém, dentro

de um apartamento e, posteriormente, em Simpatia, distrito de Sintra. Esse

terreiro foi batizado de Pai Oxalá, Mãe Iemanjá.

A primeira mãe-de-santo da Umbanda, em Portugal, é Dona

Virgínia Albuquerque. Tendo migrado com os pais para o Rio de Janeiro

em 1950, casou com um patrício e começou a freqüentar o Espiritismo de

Umbanda, começando a trabalhar nas giras. Voltou a Portugal em 1972

para visitar os parentes e resolveu ficar e atender pessoas com pretos-velhos

e exus. Até que, finalmente, com pessoas de sua clientela, resolveu abrir o

primeiro terreiro em 1974, na Calçada Salvador Correia de Sá, na 1, na

Bica, em Lisboa.

Quando abri meu terreiro e comecei a fazer sessão de Preto Velho, todas

às quartas-feiras, a notícia logo se espalhou e vinha gente de todos os lados

para ver a novidade. Os interessados na religião também apareceram cedo e comecei a fazer bori, coroei santo de alguns filhos".

Fez a iniciação de quatro mulheres em Portugal: Mariazinha,

Conceição, Mariana e Albertina. O percurso dessas filhas-de-santo é

bas-tante peculiar e irá reproduzir-se ao longo dos últimos anos. Conceição e

Albertina abrem, depois das obrigações de sete anos, seus próprios terreiros

em Almada. Conceição começa a dar consultas e atender uma clientela e a

iniciar filhas e filhos-de-santo. Mariana foi para o Candomblé e abriu casa

em Quinta do Brasileiro.

Albertina foiàbusca do Candomblé. Conheceu uma mãe-de-santo

do Rio de Janeiro e faz sua iniciação. Depois foi àBahia fazer obrigações

no Candomblé com Olga de Alaketo. Ao retomar a Portugal com Nilson,

filho carnal de Olga, instala o primeiro terreiro de Candomblé, na década de

1990. Começam a recolher iaôs e fazer iniciações. O terreiro fica no Monte

da Caparica. Hoje é muito conhecida como Mãe Tina, tendo anúncios em

revistas oferecendo seus serviços mágico-religiosos. São inúmeros os casos

de pessoas que relatam verdadeiros "milagres" ocorridos após a primeira

consulta com esta Mãe de Santo:

Os Orixás, com a sua energia, sempre me permitiram alcançar na

vida tudo o que desejava. O meu terreiro e o espaço das consultas têm

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em dizer que a maior parte dos casos foram resolvidos, num curto espaço de tempo".

Mariazinha, depois das obrigações, opta por ter um terreiro sozinho

para ela e a mãe. Falando das dificuldades encontradas diz:

... tradicionalmente em Portugal não usavam Umbanda. O que existia

era o Alan Kardec, portanto, centros espíritas. Era preciso que as pessoas

fossem de noite, às escondidas, e as pessoas chamavam de bruxaria,

feiti-çaria. O povo curvava-se (se submetia) um bocado nesse aspecto, não sei se por causa do regime em que se vivia. Sei que não deixavam, portanto,

as pessoas atenderem em casa. Tinha que dizer que era da parte de não

sei quem. Só se atendia quem era recomendado por outras pessoas. Por

isso tinha gente que chegava lá, batia na porta e dizia: "Olha, eu preciso disto" ou "estou aflito" ou não sei o quê. As vezes se recusava atender, porque se pensava que era a polícia.

Hoje Mariazinha já não faz giras e nem rituais de iniciação. Atende

uma clientela no jogo de búzios, realizando trabalhos de solução das aflições

do cotidiano. Entra na categoria do que designo como anti

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

c o m r n u n i t a s , onde

a prática religiosa deixa de ser coletiva, na perspectiva de Victor Turner.

Dona Virgínia resolveu, então, sair também à procura de um

novo espaço. Para isso alugou um subsolo em Benfica - no ano de 1988 - e

comprou um terreno em Polima, onde construiu um terreiro com uma

área bastante ampla para assentar o panteâo da Umbanda de Omolocô:

"Continuei a iniciar filhas e filhos-de-santo, que depois saem do Terreiro,

vão para outros ou vão trabalhar sozinhos dando consultas com o que

aprenderam". Junto com a fundação do TUOM, no bairro do Benfica, em

Lisboa, Dona Virgínia começou a pôr na escrita os fundamentos religiosos

e suas práticas. Essas publicações, que passaram a ser designadas de livros,

são vendidas entre a clientela e os neófitos. Até 2005, o seu terreiro era o

único registrado no Ministério da Justiça, pois foi organizado anteriormente

à lei sobre religião em Portugal, que "não deixou espaço para registro de

novas religiões". Em meu livro U m a c a s a l u s o - a fr o - b r a s i L e i r a c o m c e r t e z a ,

destaquei a produção desses textos como uma forma de assentamento da

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Em Maia, próximo ao Porto, existe o Terreiro Templo de Umbanda

Pai Oxalá e Mamãe lansã. Localizei-o através do

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s i t e do provedor Sapo. A

mãe-de-santo é Dona EIsa que, havendo migrado para São Paulo em 1988,

converteu-se à Umbanda. Ao voltar para Portugal, procurou um terreiro

onde pudesse continuar seus trabalhos medi únicos. Foi encontrar em Sintra

o Templo Erxaury, o qual freqüentou, durante algum tempo, até abrir seu

próprio terreiro em 2002, onde hoje dirige um grupo de 25 filhas e

filhos-de-santo. Mantêm relações estreitas com sua casa matriz em São Paulo, para

onde retoma todos os anos.

Desejo chamar atenção para alguns aspectos em relação às

mães-de-santo. Em primeiro lugar, destaca-se a importância do espaço religioso

luso-afro-brasileiro que representa um importante canal de comunicação,

enfatizando a condição social da mulher, na medida em que esta assume o

s t a t u s de mediadora entre o cotidiano e o n u m i n o s o . Em segundo lugar, a

predisposição social do transe tanto na cultura portuguesa como no Brasil.

Sustento a idéia de que, em Portugal, a emergência dessas práticas como

fenômeno social foi possível, após o 25 de abril, pela perda da hegemonia

religiosa do catolicismo aliado ao Estado. Como argumenta José Machado

Pais!", em um país predominantemente católico é compreensível que os

poderes eclesiásticos impusessem movimentos de interiorizaçâo religiosa,

controlando os processos de exteriorizaçâo. Embora esse aspecto seja

perce-bível, como diz o autor deS o u z a M a r t i n s e s u a s m e m ó r i a s s o c i a i s , o "povo",

pelas suas próprias necessidades, busca maneiras adequadas de exprimir a

simbologia dos seus modos de vida. Nesse sentido, o fenômeno restrito da

possessão individual, percebido de maneira negativa, posto na categoria de

bruxedos, encontra um novo espaço onde pode desabrochar: os terreiros das

religiões afro-brasileiras, que irão, ao longo dos anos, tornar-se uma instância

social onde as pessoas passam a ter contato com o sagrado de maneira direta,

sem interrnediaçâo outra senão a do próprio corpo.

Nesse processo de diluição de fronteiras, diasporização,

globaliza-çâo, a Umbanda ombreia na virtualidade des i t e sna i n t e r n e t com as grandes

religiões como o islamismo, o catolicismo e o judaísmo - para me referir às

religiões mais próximas - não ficando distante das religiões afro-americanas

encontradas no G o o g l e : 800 000 s i t e s para Santeria, 661 000 para o

Can-domblé e 596 000 para o Espiritismo de Umbanda. A Umbanda torna-se,

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virtual. No provedor Sapo foram encontradas referências a oito

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s i t e s

portu-gueses, pertencentes às comunidades de terreiro ".

As

INTERRITUALIDADES E PERFORMANCES

DA SEXTA-FEIRA SANTA NA UM BANDA

Escolho a descrição etnográfica de um ritual na tentativa de

mostrar o aspecto da performance do grupo. Chamo atenção para a i n

-t e r r i -t u a l i d a d e com o catolicismo. Assim pode-se perceber a permanência

do imaginário do catolicismo onde a Umbanda encontra um terreno fértil

ao seu florescimento.

Fui convidado a participar de uma cerimônia no Terreiro de

Um-banda Ogum Megê, em Benfica, Lisboa. O "lava-pés" da Sexta-Feira Santa,

no campo das religiões afro-brasileiras, é uma tradição específica do

Espiritis-mo de Umbanda em Portugal, partindo da idéia de que a Umbanda é uma

religião sistematizada a partir de uma b r i c o l a g e m d e c r e n ç a s " pré-existentes

no Brasil. Tem razão Paul Connertorr? quando diz que qualquer início traz

nele um elemento de recordação. Quando um grupo social faz um esforço

para começar de um ponto de partida inteiramente novo, como se saísse do

nada, sua ação pode ser percebida como completamente arbitrária, se for

considerada a própria natureza de qualquer início assim intentado.

O ritual do "lava-pés" encontra-se no imaginário cristão

rela-cionado à Última Ceia, quando Cristo lavou e enxugou os pés dos seus

discípulos. Geralmente a cena é identificada como um ato de humildade

de Jesus. Encontrar esse ritual fora do catolicismo é bastante

interessan-te, não fora essa performance ser realizada em Portugal, onde já pude

detectar vários fragmentos de práticas do catolicismo incorporados nas

performances umbandistas.

Tenho chamado insistentemente a atenção sobre esse aspecto de se

criar a tradição da Umbanda em Portugal, pois parece-me ser uma forma

de fazer com que as novas práticas e crenças não entrem em contradição

com o que já é conhecido, como se a Umbanda, a nova religião, absorvesse

as crenças e práticas existentes.

Considero, ainda, dentro desse processo de transnacionalizaçâo='

das religiões afro-arnericanas na Europa e particularmente em Portugal, ter

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religiões, como também as adaptações que vão sofrendo em decorrência

da cultura religiosa existente e de todo o movimento de mudança social e

cultural por que passam essas sociedades nacionais no processo de babei

i-zaçâo " desencadeado pelo mundo globalizado. Perguntei a Mãe Virgínia

como havia surgido esse ritual e ela falou vagamente da existência dele no

Rio de Janeiro. Estava escrito em um dos seus manuais.

Os trabalhos foram abertos como de praxe, cantando-se para Exu,

depois para Pombagira e, em seguida, para todos os orixás masculinos

-Oxalá, Ogum, Oxossi e Xangô - e femininos - Nanam, lemanjá, Oxum,

lansã - como habitualmente é feito nas fest-as dos terreiros. Desta vez, não

houve toque de atabaque, que foi substituído por palmas. As

filhas-de-santo dançavam duas a duas. Como todo ritual do afro-brasileiro, o início

é feito puxando-se os cantos para Exu. A litania vai se repetindo a cada

novo canto. A memória é incorporada ao movimento dos corpos, dos pés

e das mãos que acompanham o ritmo da narração mírica, manifestada

nessa performance. Em seguida, vieram os pontos do Preto Velho e das

entidades que iriam "baixar" e presidir a cerimónia do "lava-pés". Duas

filhas-de-santo recebem seus pretos-velhos e passam a dançar com seus

passos claudicanres, enfatizando assim, pela performance, a idade avançada

das entidades. Banquinhos foram-lhes oferecidos para que se sentassem,

após terem riscado seus pontos, acendidos suas velas e posto ao lado um

copo-d'água e a cabaça com sua bebida. As

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c a m b o n o s ' ? acenderam-lhes os

cachimbos, de onde foram tiradas grandes baforadas. Começou, então, a

parte da performance específica do "lava-pés". O preto-velho lavava cada

um dos pés das pessoas, enxugava e fazia uma cruz na parte de cima do pé

com pernba'" branca. Depois a pessoa, ainda com os pés descalços, saía e se ajoelhava diante do preto que a "cruzava" na testa com o mesmo tipo de

pemba. Concluída essa performance, cantava-se um ponto, o de despedida

dos pretos-velhos, encerrando-se a possessão. O preto e algumas

filhas-de-santo dirigiam-se a uma parte reservada do terreiro, onde se localizavam os

"assentamentos" de Exu e das Almas. Depois de algum tempo os mesmos

traziam, nas mãos, uma sopeira branca, protegida por um pálio, sustentado

por quatro filhas-de-santo que seguravam os cabos de madeira do pano

branco, o

ALá

de Oxalá, como se vê nas procissões católicas. Rodearam o

espaço ritualístico restrito aos filhos-de-santo, sempre dois passos a frente

(13)

em cima de uma toalha branca, estendida no piso. Com todos ajoelhados,

uma filha entregou ao pai-de-santo um pombo enrolado em uma toalha

branca. O pai-de-santo cobriu os olhos do pombo com uma massa e depois

retirou algumas plumas do pescoço, dando-lhe a seguir um pequeno golpe

que fez o sangue jorrar dentro da sopeira onde se encontrava o Ota27 de

Oxalá. Posteriormente, a cabeça do pombo foi separada e colocada também

dentro da sopeira, protegendo-a com a tampa. Um pouco do sangue foi

posto em um pires que, em seguida, foi utilizado pelo pai-de-santo para

"cruzar" a testa de todos os presentes com uma pena. Essa era uma forma de

todos participarem, através da inscrição no seu próprio corpo, do sacrifício

realizado e assim concretizar a própria

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c o m m u n i t a s .

O corpo do pombo foi disposto em um prato, ao lado de um

copo com água e uma vela foi acesa. Foram trazidas, então, duas travessas

brancas com um arroz de coco (comida de Oxalá), que foi distribuído aos

presentes, que o comeram com a mão. Cada um, ao terminar de comer sua

porção, limpou a mão no próprio corpo para conservar o Axé. A cerimônia

foi concluída.

Toda esta ernografia respondeu ao prósito de tornar visível o que

falei anteriormente, ou seja, a invenção da tradição, na medida em que não

exite no Brasil nenhum ritual semelhante na Sexta-feira Santa dentro da

Umbanda, nem em nenhuma das religiões de matriz afro-brasileira. Eis a

questão relativa ai n t e r r i t u a l i d a d e : a utilização de dossel sob o pai de santo

enquanto conduz a vasilha sacrificial e o próprio "lava-pés", criando um

climax não só para os que diretamente contribuem com a performance, mas

para toda a comunidade presente aprisionada ao sentimento de pertença

no processo sacrificial.

Em Portugal - apesar da hegemonia de uma visão de mundo

deno-minado racional, do processo de laicização pós Revolução dos Cravos, da

decomposição do mundo rural, da desarticulação das comunidades aldeãs e

da laicização da cultura, provocando a dissolução dos laços e a desritualização

das práticas sociais tradicionais do mundo rural, culminando na integração

do país àComunidade Econômica Européia - a modernidade não conseguiu

se desfazer das performances mágico-religiosas do seu imaginário, que

res-surgem no ambiente cultural sob novas práticas revitalizadas. A experiência

.de campo evidencia que, nas performances das religiões afro-brasileiras que

(14)

no campo religioso, talvez pela concretizaçáo imaginária de uma sociedade

ainda náo existente, porém desejada, aqui e agora, onde a mulher exerce o

papel mais relevante, levando um certo Portugal ao transe.

NOTAS

1 Mãe-de-santo: nome da líder feminina do grupo religioso afro-brasileiro.

2 Iaô: nome de iniciada feminina.

3 Terreiro é a designação do local onde se pratica a religião.

4 Utilizo a designação "Umbanda" tal como os próprios crentes portugueses e não

"Espiritismo de Umbanda" como registro em meus trabalhos realizados sobre o Brasil.

5 HERVIEU-LEGER, D.

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

L e P e l ê r a i n e t l e C o n v e r t i . Paris: Édition

Fla-marion, 1999.

6 HOBSBAW, E. E RANGER, T. A i n v e n ç ã o d a s t r a d i ç õ e s . R i o de Janeiro: Paz e

Terra, 1994.

7 KRISTEVA, Julia. S e m é i o t i k ê . R e c h e r c h e s p o u r u n e s é m a n a l y s e . Paris: Seuil,

1969; BAKHTIN, Míkhail. E s t h é t i q u e e t t h é o r i e d u r o m a n o Paris: Gallimard,

1978; TODOROV, Tzvetan. M i k h a i l B a k h t i n e , l e p r i n c i p e d i a l o g i q u e . Paris:

Seuil, 1981.

8 BASTOS,

c.,

ALMEIDA, MV, FELDMAN-BIANCO, B. Coord. T r â n s i t o s

c o l o n i a i s : d i á l o g o s c r í t i c o s l u s o - b r a s i l e i r o s . Lisboa: ICS. UL. 2.002

9 FREYRE, Gilberto. C a s a g r a n d e e s e n z a l a . Rio de Janeiro: Editora José

Olympio, 1974.

10 BHABHA, H. Homi. O l o c a l d a c u l t u r a . Belo Horizonte: Editora

UFMG,2002.

11 HALL, Stuart. D a D i d s p o r a . I d e n t i d a d e e m e d i a ç õ e s c u l t u r a i s . Belo Horizonte:

Editora UFMG, 2003.

12 AUSTIM, J. L.Q u a n d d i r e , c ' e s t t a i r e . Paris: Seuil, 1991; ZUMTHOR, P. La

leme et Ia voix. Paris: Seuil 1987 ; Dupont, F.H o m ê r e e t D a l l a s . I n t r o d u c t i o n

à u n e c r i t i q u e a n t h r o p o l o g i q u e . Paris, Hachetce, 1991; CHARTIER, R. T e x t e s p e r fo r m a n c e p u b l i q u e . Lyon: Lyon2, 1995.

13 Correio da Manhã é o jornal diário de maior circulação em Portugal.

14 PINTO DA COSTA, A. L.A l t o D o u r o : t e r r a d e v i n h o e d e g e n t e . Lisboa: Edições

Cosmo, 1997.

15 PORDEUS Jr., L U m a c a s a l u s o - a fr o - b r a s i l e i r a c o m c e r t e z a . Emigrações e

me-tamorfoses da Umbanda em Portugal. São Paulo: Terceira Margem, 2000.

1 6 T i n a - M ã e d e s a n t o c o m p r o v a d a c u r a d e m a l e s d o c o p o e d a a l m a . BOA ESTRELA,

(15)

17 A Constituição da República aprovou, após a "Revolução dos Cravos" (25 de

abril de 1974), a criação, em Portugal, de um sistema jurídico onde é muito

clara a separação entre o Estado e as igrejas. O Parlamento aprovou uma "lei

da liberdade religiosa" em 2004, em que se atribui um estatuto de

"reconheci-mento oficial" a outras religiões mas, na prática, apenas confirmará o regime

privilegiado da Igreja Católica Romana no país. As "autoridades públicas" não

se embaraçam em promover os mais diferentes eventos confessionais católicos,

missas ou outras demonstrações religiosas. Como falou um pai-de-santo: "A lei

beneficiou mesmo foi os padres da Igreja Católica",

18 PORDEUS Jr., I.

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

L i s b o a d e c a s o c o m a U m b a n d a . In: R e v i s t a d a U S P : Dossiê

magia. São Paulo, v. 31, p. 90-103, 1989.

19 PAIS, José Machado. S o u z a M a r t i n s e s u a s m e m ó r i a s s o c i a i s . S o c i o l o g i a d e u m a c r e n ç a p o p u l a r . Lisboa: Gradiva, 1994

20 PORDEUS Jr., I. A u m b a n d a p o r t u g u e s a n o S a p o . Lisboa: Congresso

da APA, 2006.

21 HERVIEU-LEGER, Daniêle, Op e r e g r i n o e o c o n v e r t i d o : a r e l i g i ã o e m m o v i m e n t o .

Lisboa: Gradiva, 2005.

22 CONERFTON, P. Q u a n d o a s s o c i e d a d e s r e c o r d a m . Oeiras. PT: Celta, 1993.

23 CAPONI, S.L a d i J fu s i n d ê s r e l i g i o n s a fr o - a m e r i c a i n e s e n E u r o p e . In

Psycoparho-logie africaine, vol XXXI, n? 1,2001-2002.

24 ZUMTHOR, P.B a b e i o u o i n a c a b a m e n t o . U m a r e fl e x ã o s o b r e o m i t o d e B a b e i .

Lisboa: Editora Bizâncio, 1998.

25 Cambono: assistente do médium.

26 Pemba: giz usado para riscar pontos que identificam a linha víbratória a qual a

entidade pertence.

Referências

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