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O NÍVEL DE CONHECIMENTO DE USUÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE, SOBRE A UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS COMO RECURSO TERAPÊUTICO

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Revista de Iniciação Científica - UNIFEG, Guaxupé - nº 15 - 2015 Denise Alves Bueno1

denisealves.bueno@hotmail.com

Edvânio Ramos Rodrigues2 edvaniorodrigues@uol.com.br

RESUMO

Atualmente o uso de plantas medicinais como recurso terapêutico tem sido preconizado pelo Sistema Único de Saúde, através de programas apresentados pelo Ministério da Saúde, tendo em vista o baixo custo e seu uso disseminado na população. O objetivo do trabalho foi levantar informações sobre o nível de conhecimento de usuários da rede pública que frequentam a Clínica de Fisioterapia Maria de Almeida Santos na cidade de Guaxupé M.G, sobre a utilização de plantas medicinais como recurso terapêutico. A metodologia baseia-se em um modelo exploratório descritivo de caráter quali-quantitativo, realizado por meio de aplicação de questionário semiestruturado. Os resultados do estudo revelam que ainda permanece viva a cultura popular do cultivo e uso das plantas medicinais e que devido ao seu uso, seria interessante a inclusão de tal terapêutica em programas de atenção primária a saúde, nos serviço público. Entre as plantas mais citadas estão o hortelã (Mentha spp.) e a erva-cidreira (Melissa oficinalis L), que são utilizadas principalmente como chás. No entanto essa prática exige a aplicação um número maior de estudos científicos que comprovem sua eficácia, além de um trabalho de conscientização das pessoas quanto ao uso correto, pois muitas plantas possuem um mesmo nome popular, ocasionando confusões e muitas vezes expondo o usuário a reações adversas. Destaca-se a importância de conhecimentos sobre o tema para profissionais da saúde e neste sentido seria importante a inclusão destes conteúdos nas atividades de ensino, pesquisa e extensão dos cursos que formam tais profissionais.

Palavras-chave

Plantas medicinais, conhecimento popular, políticas públicas, profissionais de saúde

ABSTRACT

Currently the use of medicinal plants as a therapeutic resource has been recommended by the Unified Health System, through programs presented by the Ministry of Health, in view of its low cost and widespread use in the population. The objective was to gather information on the level of public knowledge of users who attend the clinic Maria de Almeida Santos Physiotherapy in the city of Guaxupé MG on the use of medicinal plants as a therapeutic resource. The methodology is based on a descriptive exploratory model of qualitative and quantitative approach, carried out through semi-structured questionnaire. The results of the study reveals that remains alive the popular culture of cultivation and use of medicinal plants and due to its use, the inclusion of such therapy in primary health programs would be interesting in the public service. Among the most cited plants are mint

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(Mentha spp.) And lemon balm (Melissa oficinalis L), which are mainly used as teas. However this practice requires the application of a greater number of scientific studies proving its effectiveness, as well as an awareness of the people about the correct use, because many plants have the same common name, causing confusion and often exposing the user to reactions adverse. It highlights the importance of knowledge on the topic for health professionals and in this sense it would be important to include these contents in teaching, research and extension courses that form such professionals.

Keywords

Medicinal plants, people's knowledge, public policy, health professional

1. INTRODUÇÃO

Segundo Ferro (2008), desde o início dos tempos o ser humano procura extrair da natureza recursos que possam melhorar suas condições de vida. As plantas foram testadas e observadas, e com isso pode-se perceber que a incorporação de tais elementos poderia gerar benefícios para o organismo, resultando na recuperação da saúde, toda essa informação foi passada de geração a geração, inicialmente de forma verbal e depois passou a ser escrita e guardada como um tesouro de grande valia.

O medicamento fitoterápico é composto unicamente de matérias-primas ativas vegetais. Sendo desconsiderado os que, em sua constituição, possuam substâncias ativas isoladas de outra origem. O fitomedicamento é o fitoterápico que após estudos clínicos, apresentam validade e garantia de uso (BRASIL, 2002).

A palavra Fitoterapia é caracterizada como um tratamento que utiliza plantas medicinais, sem a adição de substâncias ativas isoladas (ABRANCHES, 2012). Quando uma planta medicinal é industrializada na intenção de se obter um medicamento, a ela é dado o nome de fitoterápico (BRASIL, 2013).

Nosso país apresenta uma rica diversidade de cultura e etnia, detendo um valioso conhecimento sobre plantas medicinais. Portanto tem potencial para desenvolver pesquisas que tenham como resultados novas tecnologias e serviços terapêuticos (DUTRA, 2009).

A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos aprovada pelo decreto n° 5.813, de 22 de junho de 2006, tem como ideia inicial a conciliação entre os princípios de segurança, eficácia e desenvolvimento socioeconômico, conservando o meio ambiente e sempre respeitando as divergências regionais. Esse modelo de política tem como objetivo reconhecer e promover no Sistema Único de Saúde (SUS) as práticas de uso de plantas medicinais e fitoterápicos (BRASIL, 2006a).

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falta de priorização de ações pelos órgãos públicos quanto a essa terapêutica, e o pouco conhecimento dos profissionais de saúde a respeito do assunto (SILVELLO, 2010).

Observa-se que o uso de plantas medicinais é comum na população e que apesar de existirem programas do governo que incentivam essa prática no SUS, porém sua indicação ainda é restrita entre os profissionais de saúde. Uma pesquisa analisando o nível de conhecimento de usuários do sistema único de saúde sobre a utilização de plantas medicinais poderia ajudar no entendimento dessa prática como recurso terapêutico e auxiliar no futuro a conscientização dos profissionais de saúde quanto ao tema.

2. JUSTIFICATIVA

Atualmente o uso de plantas medicinais como recurso terapêutico tem sido preconizado pelo SUS, através de programas apresentados pelo Ministério da Saúde. Tendo em vista seu baixo custo e seu uso disseminado na população, alguns programas têm estimulado seu uso com a Farmácia Viva (BRASIL, 2010) e A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápico (BRASIL, 2006a).

Segundo Silvello (2010), os profissionais apontam algumas dificuldades na implementação do uso de plantas medicinais e fitoterápicos na rede pública de saúde, entre elas, poucos estudos científicos sobre o tema, pouco espaço para matérias desse tipo nas universidades, falta de priorização de órgãos públicos e o baixo nível de conhecimento dos profissionais de saúde a respeito de tal terapêutica.

Em estudo desenvolvido por Bueno e Rodrigues (2014) realizado com profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) quanto ao conhecimento sobre plantas medicinais, estes declararam ter pouco conhecimento na área e que faltam estudos de comprovação de eficácia e toxicidade, o que dificulta a adoção desta prática.

Nessa perspectiva, seria interessante a realização de uma pesquisa que contribuísse para o entendimento da relação de usuários da rede pública de saúde com a utilização de plantas medicinais como recurso terapêutico, a fim de buscar subsídios que incentivem a implementação de programas governamentais com esta temática.

3. OBJETIVO GERAL

Levantar informações sobre o nível de conhecimento de usuários do SUS que frequentam a Clínica de Fisioterapia Maria de Almeida Santos, mantida pelo Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé- UNIFEG, sobre a utilização de plantas medicinais como recurso terapêutico.

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

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- Verificar a incidência do uso de plantas medicinais para o tratamento de doenças; - Conhecer a forma de obtenção destas plantas;

- Buscar dados científicos referentes a indicação das plantas mais citadas na pesquisa.

5. REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 – Plantas medicinais

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declara que plantas medicinais são produtos de interesse terapêutico, obtidos através de espécies vegetais e empregados como remédio pela espécie humana (HARAGUCHI; CARVALHO, 2010).

O homem sempre procurou recursos que pudessem aumentar sua expectativa de vida, e encontrou na natureza uma aliada para a manutenção de sua saúde, tirando proveito dos recursos naturais disponíveis (BRASIL, 2006b).

O uso de plantas medicinais como tratamento de enfermidades foi observado desde a antiguidade. Já foi e continua sendo escrito muito sobre esse assunto, a fim de convencer e custear um maior número de estudos nessa área (CARVALHO, 2012).

Nosso país é um dos mais ricos em biodiversidade, se unir a cultura ao conhecimento tradicional vindo de seu povo sobre o uso de plantas medicinais, tem capacidade de desenvolver estudos com resultados em tecnologia e terapêutica associados a esse tipo de prática (BRASIL, 2006a).

5.2 – Fitoterápicos

O medicamento obtido de matéria prima especificamente ativas vegetais, é considerado fitoterápico. Excluindo de sua composição substâncias ativas isoladas, naturais ou sintéticas, e associações com extratos vegetais (BRASIL, 2013).

Os fitoterápicos estabelecem o uso de plantas medicinais na forma de extrato padronizado ou em outra forma, aliado a tecnologia farmacêutica, podendo chegar a um medicamento de alta qualidade, reunindo o antigo conhecimento etnobotânico aos conhecimentos modernos (CARVALHO, 2012).

Classificados como medicamentos, os fitoterápicos possuem controle de qualidade padronizado, sendo assim, eficácia e segurança de uso (HARAGUCHI; CARVALHO, 2010).

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É comum os desconhecedores confundirem medicamentos e os remédios homeopáticos, porém, a homeopatia é fundamentada no princípio de que “o semelhante é tratado pelo semelhante” e compreende a aplicação de pequenas doses de medicamentos, que, em doses maiores, geram sintomas em pessoas sadias, mimetizando os sintomas emitidos por pessoas doentes. Vários remédios homeopáticos são originados de plantas, já a fitoterapia utiliza o material seco ou extratos de partes de plantas em quantidade terapêutica para tratar sintomas (BARNES; ANDERSON; PHILLIPSON, 2012).

5.3 – O uso de plantas medicinais pela população

Cada vez mais a sociedade utiliza plantas medicinais, entre as famílias mais carentes, a uma busca por alternativas mais viáveis de promoção da qualidade de vida, e muitas vezes, encontra nas plantas uma solução curativa e de baixo custo (DUTRA, 2009).

Os usuários de plantas medicinais adquirem, quase sempre, conhecimento sobre essa terapêutica, por informações passadas de geração a geração, e atualmente por veículos de comunicação como rádio, televisão, etc. Sendo assim uma prática incorporada por toda população (HARAGUCHI; CARVALHO, 2010).

5.4 – Políticas públicas sobre o uso de plantas medicinais e fitoterápicos

A adoção da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, fez com que o conhecimento sobre plantas medicinais e fitoterápicos voltasse a ser discutido. É a oportunidade da junção do conhecimento popular com o saber técnico (BRASIL, 2006b).

Com a intenção de estabelecer regras para a atividade do governo na área e plantas medicinais e fitoterápicos, foi criado a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que se alicerçou como parte das políticas públicas de saúde, buscando alcançar melhoria na qualidade de vida do cidadão brasileiro (BRASIL, 2006a).

Nem sempre as indicações populares são validadas cientificamente, diante disso a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) elaborou uma lista de plantas, na RE n° 89/2004, onde constam seus nomes científicos, as partes utilizadas, sua indicação terapêutica, posologia e a frequência com que o medicamento deve ser administrado (BRITTO et al., 2007).

6. METODOLOGIA

O método é um conjunto de processos destinados à investigação e demonstração da verdade, onde erros são destacados e a decisão do cientista é auxiliada (ANDRADE, 2003).

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seguintes descritores: plantas medicinais, fitoterápicos, uso de plantas medicinais pela população, programas governamentais. Foi também aplicado um questionário semi-estruturado aos participantes da pesquisa, sendo este, adaptado da monografia de conclusão de curso de Sousa (2012). O estudo foi realizado em 2015, tendo como campo a Clínica de Fisioterapia Maria de Almeida Santos, e os participantes foram os usuários da mesma. A clínica é mantida pelo UNIFEG, na cidade de Guaxupé MG, que presta atendimento, por meio de convênio com a Secretaria Municipal de Saúde a pacientes do SUS. Foram selecionados um número de 100 participantes, sendo usado como critério de participação o indivíduo ter idade maior ou igual a dezoito anos. O critério de exclusão foi os indivíduos que não apresentaram capacidade cognitiva para responder o questionário.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do UNIFEG com protocolo nº 245. Somente participaram da pesquisa aqueles que previamente concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os dados coletados foram analisados por meio dos programas Excel e Word.

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a coleta, os dados foram analisados e interpretados. Para tanto após a tabulação estes foram organizados em gráficos e tabelas para melhor visualização e interpretação.

Referente ao grau de escolaridade, pode se observar que a maioria dos informantes possuem algum grau de escolaridade, sendo, 32% o 1° grau completo, 26% possuem o 2° grau completo, 22% o 1° grau incompleto, 14% o 3° grau completo e apenas 6% eram analfabetos.

O uso de plantas medicinais foi citado pela maioria dos participantes (92%), enquanto apenas 8% disseram não utilizar essa terapêutica. Os resultados mostraram-se compatíveis com pesquisa realizada no município Sobral que está situado na região noroeste do estado do Ceará, a 230 km da capital Fortaleza, onde também acontece uma grande utilização de plantas medicinais por parte dos usuários do SUS, em que 92,9% afirmou que já utilizou ou ainda faz uso regularmente de plantas medicinais para a cura de males, enquanto que apenas 7,1% dos entrevistados disseram não utilizá-las no seu dia-a-dia (NASCIMENTO, 2013).

A Figura 1, que contém os dados da pergunta sobre “o por que de utilizarem plantas medicinais?”, onde o entrevistado poderia marcar mais de uma alternativa, observa-se que a maior parte dos entrevistados (52%) utiliza plantas medicinas pelo fato de acharem que as mesmas não fazem mal a saúde, e 9% indicaram a opção “por ser mais barato”.

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Figura 1 – Distribuição dos entrevistados sobre o porquê de utilizarem plantas medicinais (%).

Fonte: elaborada pela autora.

Como pode ser observado na Figura 2, diante da pergunta sobre o modo de obtenção das plantas medicinais, com mais de uma alternativa assinalada, as respostas que mais se destacaram foram: 60% relataram cultivar em casa, 20% disseram que compram em supermercados, farmácias ou casas especializadas, 16% conseguem com amigos. Os resultados são similares aos encontrados por Veiga Junior (2008) em pesquisa realizada na região Serrana e Centro-Norte do Estado do Rio de Janeiro, onde 76,1% dos participantes relataram obter as plantas medicinais em sua própria residência. Apenas 16% dos entrevistados demonstraram ter um maior receio com a qualidade das plantas, e as compra em farmácias ou lojas específicas.

Figura 2 – Percentual do modo de obtenção das plantas medicinais (%).

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E mais barato não faz mal a saúde

Substituição aos fármacos industrializados

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Fonte: elaborada pela autora.

Quando perguntados a onde ou com quem aprenderam a utilizar as plantas para a melhora da saúde, questão na qual foram marcadas mais de uma opção como resposta, a maioria 77% responderam que esse conhecimento foi repassado pelos familiares, sendo passado de geração a geração, conforme apresentado na Figura 3. Badke (2008) destaca em seu estudo, realizado na zona urbana do município de Santa Maria-RS, que foi no espaço familiar a aquisição da maior parte do conhecimento e dos hábitos relacionados ao uso de plantas medicinais, tendo a figura do sexo feminino como a principal possuidora e propagadora desse saber.

Figura 3 – Distribuição dos entrevistados sobre onde ou com quem aprenderam a utilizar as plantas (%).

Fonte: elaborada pela autora.

Referente às partes mais utilizadas das plantas, 58% utilizam as folhas, seguido por toda a planta (11%), flor (10%), raiz (7%), semente (6%), caule e galho (4%), e por fim fruto e casca foram citados de maneira igual, sendo 2% cada. Também foi questionado o modo de preparo, no qual, 47% utilizam a fervura (decocção), em segundo lugar vem a infusão (chá) com 33%, outras respostas assinaladas foram, como, a maceração, 7%, o xarope (6%), outros (5%), e com 1% cada apareceram a tintura e a planta crua. Em estudos realizados por Medeiros, Fonseca e Andreata (2004),

observa-16 20

1

60

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Algum amigo Compra Em ambientes

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se também a ocorrência na utilização de folhas (83%) na preparação de remédios caseiros e o método mais utilizado também foi decocção.

Outro questionamento feito a população da pesquisa foi para qual (ou quais) distúrbios (doenças) é utilizada a planta medicinal, as respostas dadas foram: como calmante (25%), seguida de resfriado (24%), analgésico (15%), digestivo (12%), cólicas, diurético e outros ficaram com 6% cada, diabetes (2%) e por fim com 1% das citações ficaram hemorroidas, obesidade, vermífugo e depurativo, nenhum participante assinalou a resposta câncer. De acordo com Tomazzoni, Negrelle e Centa (2006), foram catalogadas 40 propriedades terapêuticas diversas ligadas ao uso de plantas medicinais em um estudo ocorrido no município de Cascavel – PR, as mencionadas com maior frequência foram: digestiva 76%, calmante 43%, analgésico 30%, etc. Destacando que vários entrevistados, no caso de doenças graves, procura o acompanhamento médico.

Sobre reações adversas obtidas com o uso de plantas medicinais, 95% responderam nunca ter observado nenhum efeito, enquanto 3% disseram que sim, sendo citado a erva doce (Foeniculum vulgare) e capim-cidreira (Cymbopogon citratus), que causaram diminuição da pressão arterial e a

capeba (Pothomorphe umbellata) que causou alergia em um participante da pesquisa. Apenas 2%

dos entrevistados não respondera essa questão. Em um estudo realizado em Fortaleza- CE, em uma Unidade Básica de Saúde da Família, mostra que 78,60% dos participantes não conhecem ninguém que teve problemas de saúde relacionados ao uso de plantas medicinais, na mesma pesquisa, 67,86% das pessoas acreditam que as plantas medicinais não causam problemas de saúde aos usuários (SILVEIRA, 2007).

A Figura 4 apresenta a relação de quem na sua casa dos participantes da pesquisa utiliza as plantas medicinais como recurso terapêutico. Dentre as respostas a que mais se destacou foi a opção de adultos, crianças e idosos com 49%, deixando claro que na maioria das casas dos entrevistados todas as faixas etárias fazem uso de plantas medicinais.

Figura 4 – Distribuição de quem utiliza as plantas medicinais no domicilio (%).

Fonte: elaborada pela autora.

4

12 11 11 11

49

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A Tabela 1 mostra as plantas citadas pela população e suas indicações na medicina popular de acordo com dados da literatura.

Observa-se que entre as plantas mais citadas estão a hortelã (Mentha spp.) e a erva-cidreira (Melissa oficinalis L), no estudo de Souza e Rodrigues (2012), estas também foram as plantas mais citadas.

No entanto, segundo Silva (2013), é preciso a obtenção de um maior conhecimento quanto a plantas utilizadas, pois muitas delas possuem um mesmo nome popular, ocasionando confusões e muitas vezes expondo o usuário a um risco de saúde.

Tabela 1 – Lista de plantas medicinais citadas pela população.

Nome Popular

Nome Científico

Indicação na medicina popular N° de

citação Fonte Bibliográfica Hortelã/ poejo Mentha spp./

Antiparasitário muito eficaz no tratamento das diarreias provocadas pela infestação intestinal

por ameba e/ou giárdia e de corrimentos vaginais causados por tricomonas.

74 FERRO, 2008 Erva- Cidreira (Folha) / Melissa Melissa oficinalis L.

Antiespasmódico, ansiolítico e sedativo leve. 68 ANVISA, 2011

Alfavaca/ Mangericão

Ocimum basilicum

Insônia, hipertensão arterial, antifúngico, sistema respiratório. 23 FERRO, 2008 Boldo Peumus boldus Molina. Antidispéptico 17 ANVISA, 2011

Erva- doce Pimpinella Anisum L.

Anti-inflamatório e antisséptico da cavidade oral 16 ANVISA, 2011

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Revista de Iniciação Científica - UNIFEG, Guaxupé - nº 15 - 2015 Guapo

Camomila Matricaria

recutita L.

Uso interno: antiespasmódico, ansiolítico e sedativo leve. Uso externo: anti-inflamatório em

afecções da cavidade oral.

13 ANVISA, 2011

Funcho Foeniculum

vulgaris Miller.

Dispepsias, espasmos gastrointestinais, flatulências, cólicas, secreções das vias aéreas,

superiores, em adultos e crianças.

9 FERRO, 2008

Elevante / Levante

Menta viridis Sistema respiratório 5 FERRO, 2008

Arruda Ruta

graveolens L.

Antibiótica, antifúngica, antioxidante, anti-inflamatória,

5 FERRO, 2008

Alecrim Rosmarinus

officinalisL.

Anti-inflamatório, anti-septico, estresse, enxaqueca, antiasmático, antifúngico.

4 FERRO, 2008

Fonte: elaborada pela autora.

8. Considerações finais

Neste trabalho, buscou-se levantar informações sobre o nível de conhecimento de usuários do SUS sobre a utilização de plantas medicinais como recurso terapêutico.

Considerando os dados obtidos, os usuários do SUS que frequentam a Clínica de Fisioterapia Maria de Almeida Santos, mantida pelo UNIFEG, utiliza-se de plantas medicinais para fins terapêuticos como forma alternativa para cura de suas enfermidades por serem recursos naturais e também devido a sua confiança nesses produtos. Os resultados do estudo revelam que ainda permanece viva a cultura popular do cultivo e uso das plantas medicinais, que tanto contribuiu e ainda contribui para a prática e desenvolvimento da medicina popular.

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importante desenvolver um trabalho de conscientização popular quanto ao uso correto desta terapêutica.

Destaca-se a importância do profissional de saúde na implantação e acompanhamento dos programas governamentais relacionados a plantas medicinais e fitoterápicos, seu uso, possíveis efeitos indesejáveis e interações medicamentosas. Neste sentido seria importante a inclusão de conteúdo relacionados ao tema na formação destes profissionais, para que os mesmos conheçam melhor essas práticas programas e aplicações e possam utiliza-las de maneira coerente visando melhoria na saúde da população.

9. REFERÊNCIAS

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Referências

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