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Crescimento físico e aptidão física relacionada à saúde de adolescentes de diferentes níveis sócio-econômicos

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Academic year: 2017

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CRESCIMENTO FÍSICO E APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE DE ADOLESCENTES DE DIFERENTES NÍVEIS SÓCIO-ECONÔMICOS

MILTON CEZAR DA SILVA

ORIENTADORA: Profª. Drª. MARIA FÁTIMA GLANER

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MILTON CEZAR DA SILVA

CRESCIMENTO FÍSICO E APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE DE ADOLESCENTES DE DIFERENTES NÍVEIS SÓCIO-ECONÔMICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação Física da Universidade Católica de Brasília como pré-requisito para obtenção do título de Mestre em Educação Física.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Fátima Glaner

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CRESCIMENTO FÍSICO E APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE DE ADOLESCENTES DE DIFERENTES NÍVEIS SÓCIO-ECONÔMICOS

MILTON CEZAR DA SILVA

TERMO DE APROVAÇÃO

Dissertação defendida e aprovada em 28 de julho de 2005, pela banca examinadora constituída pelos professores:

____________________________________

Profª. Drª. Maria Fátima Glaner Orientadora

____________________________________

Prof. Dr. João Carlos Bouzas Marins

___________________________________

Prof. Dr. Édio Luiz Petroski

(4)

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Arlindo e Lindarci, exemplos a seguir; aos meus irmãos Ivo, “Junior” e Francieli;

aos sobrinhos Philippe, Isabela e Gabriel;

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, o médico da Alma;

à Professora Drª. Maria Fátima Glaner, pela confiança e dedicação durante a orientação;

aos professores e demais colaboradores da UCB, pela presteza e desprendimento; aos professores da Banca examinadora, Prof. Dr. João Carlos Bouzas Marins e Prof. Dr. Édio Luiz Petroski, pelas contribuições e enriquecimento;

aos colegas/amigos da Secretaria Municipal de Educação e da Escola Monteiro Lobato – Objetivo, pelo apoio recebido e compreensão nas ausências;

aos professores Sérgio Henrique Louzada, Flávia Pinheiro Cabrini, Cleverson Rodrigues Teixeira, Larissa Bett Soratto, Carlos Rodrigues de Lima, Francisco Evandro Silva, Wilson Souza Lima, regentes das classes e, especialmente à Vânia Lurdes Cenci, pela importante contribuição durante a coleta de dados;

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Os Estatutos do Homem

...

Fica decretado que o homem Não precisará nunca mais Duvidar do homem.

Que o homem confiará no homem Como a palmeira confia no vento, Como o vento confia no ar,

Como o ar confia no campo azul do céu. O homem confiará no homem como Um menino confia em outro menino.

Fica decretado que os homens Estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a Couraça do silêncio

Nem a armadura das palavras. O homem se sentará à mesa Com seu olhar limpo

Porque a verdade passará a ser servida Antes da sobremesa.

Fica permitido

Que o pão de cada dia Tenha no homem O sinal do seu suor. Mas que, sobretudo, Tenha sempre O quente sabor Da ternura...

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RESUMO

Dissertação de Mestrado

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física Universidade Católica de Brasília – DF, Brasil

CRESCIMENTO FÍSICO E APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE DE ADOLESCENTES DE DIFERENTES NÍVEIS SÓCIO-ECONÔMICOS

AUTOR: MILTON CEZAR DA SILVA ORIENTADORA: MARIA FÁTIMA GLANER

Brasília, 28 de julho de 2005.

Este estudo teve como objetivos comparar: o crescimento físico através da massa corporal (MC), estatura e índice de massa corporal (IMC) entre gêneros e níveis sócio-econômicos (NSE) por idade; a aptidão física relacionada à saúde (AFRS) entre os gêneros e os NSE; a AFRS por gênero e NSE com os critérios-referenciado propostos pela AAHPERD (1988). A amostra foi composta por 191 rapazes e 212 moças, com idades entre 14,49 e 17,50 anos, auto-avaliada nos estágios 4 ou 5 de TANNER (1962), estudantes das redes pública e particular de Luís Eduardo Magalhães - BA. A classificação sócio-econômica foi feita pelo questionário da ANEP (1996), adaptado para os NSE alto, médio e baixo. Os componentes da AFRS foram mensurados pelos respectivos testes: gordura corporal (somatório da dobras cutâneas tricipital e panturrilha); aptidão cardiorrespiratória (correr/caminhar 1600m); força/resistência muscular da parte inferior do tronco (abdominal em 1 min); força/resistência muscular da parte e superior do tronco e braços (barra modificada) e flexibilidade (sentar e alcançar). A análise dos dados foi feita através da estatística descritiva, análise de variância one-way e o teste de post-hoc de Scheffé (p ≤ 0,05). Os resultados obtidos indicaram que, em todas as idades os rapazes apresentaram a MC e a estatura significativamente maiores (p ≤ 0,05) que as moças, e o IMC aos 17 anos. Os rapazes dos NSE alto e médio apresentaram a MC significativamente maior (p ≤ 0,05) em relação ao NSE baixo, aos 15 e 17 anos, respectivamente. Os rapazes de 17 anos, dos NSE alto e médio, e as moças de 15 anos, do NSE médio, apresentaram maiores (p ≤ 0,05) estaturas do que os respectivos pares do NSE baixo. A AFRS dos rapazes foi melhor (p ≤ 0,05) que a das moças; e, os rapazes do NSE alto são mais gordos do que os rapazes dos NSE médio e baixo. Aproximadamente 94% dos rapazes e 97% das moças não atenderam aos critérios-referenciado. Portanto, conclui-se que: os rapazes tendem a crescer mais do que as moças; estes diferem significativamente (p ≤ 0,05) das moças na AFRS e, os diferentes NSE parecem não influenciar esta; o crescimento físico pode ter sido influenciado negativamente pelo baixo NSE; somente 6% dos rapazes e 3% das moças não estão expostos ao possível desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis devidas à baixa AFRS.

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ABSTRACT

Marter’s Thesis

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física Universidade Católica de Brasília – DF, Brasil

PHYSICAL GROWTH AND HEALTH RELATED PHYSICAL FITNESS IN ADOLESCENTS OF DIFERENTS SOCIO ECONOMIC STATUS

AUTHOR: MILTON CEZAR DA SILVA ADVISOR: MARIA FÁTIMA GLANER

Brasília, July 28th, 2005.

This study had as objective to compare: the physical growth through the body mass (BM), stature and body mass index (BMI) between sex and socio-economic status (SES) for age; the health-related physical fitness (HRPF) between sex and SES; the AFRS for sex and SES with the criterion-referenced by AAHPERD (1988). The sample was composed for 191 boys and 212 girls, with ages between 14.49 and 17.50 years, self-evaluated in 4 or 5 TANNER (1962) stages, students from public and private school from Luis Eduardo Magalhães - BA. The SES classification was made by ANEP (1996) questionnaire, adapted for the high, intermediate and low NSE was used. The HRPF components was measured by the respective tests: body fat (sum of the tricips and calf skin folds); aerobic endurance (run/walk 1600m); muscular strength/endurance (abdominal in 1 min); upper body muscular strength/endurance (modified pull-up tests) and flexibility (sit and reach tests). The analysis of the data was made through the descriptive statistics, analysis of variance one-way and the Scheffé’s post-hoc test (p≤0.05). The results indicated that in all ages the boys showed a higher significantly MC and stature (p≤ 0.05) than the girls and the BMI to the 17 years, as well. The boys of the high and intermediate SES had presented MC as significantly bigger (p≤0.05) in relation to the low SES, to the 15 and 17 years, respectively. The 17 years boys, on the high and intermediate SES, and the15 years girls, on the intermediate SES, had presented greaters (p≤0.05) statures than the respective pairs of the low SES. The HRPF of the boys was better (p≤0.05) than the girls: the boys of the high SES have more fat mass than the boys of the intermediate and low SES. Approximately 94% of the boys and 97% of the girls had not reached the criterion-referenced. Therefore, one concludes that: the boys tend to grow more than the girls; both differ (p≤0.05) of the girls in the HRPF and, the different SES do not seem to influence in the HRPF; the physical growth may have been influenced negatively by the low SES; 6% of boys and 3% of the girls not only displayed to the possible development of chronic not-transmissible diseases.

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SUMÁRIO

RESUMO... vii

ABSTRACT... viii

SUMÁRIO... ix

LISTA DE TABELAS... xi

LISTAS DE QUADROS... xiii

LISTA DE FIGURAS... xiv 1. INTRODUÇÃO... 1

1.1. O problema e sua importância... 1

1.2. Relevância do estudo... 6

1.3. Delimitações... 8

1.4. Limitações ... 9 2. REVISÃO DE LITERATURA... 10

2.1. Crescimento físico, maturação e aspectos ambientais... 10

2.2. Indicadores de crescimento físico e aspectos sócio-econômicos da comunidade brasileira... 13

2.3. Aptidão física relacionada à saúde... 16

2.4. Medida e avaliação do crescimento físico e dos componentes da aptidão física relacionada à saúde... 19

3. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS...... 22

3.1. Características da população estudada...... 22

3.2. Coleta de dados... 23

3.3. Amostra... 24

3.4. Mensuração do nível sócio-econômico... 25

3.5. Variáveis de estudo... 26

3.6. Variáveis do crescimento físico... 27

3.7. Variáveis da aptidão física relacionada à saúde... 27

3.8. Critérios-referenciado para a aptidão física relacionada à saúde... 32

3.9. Controle da maturação sexual... 32

3.10. Tratamento estatístico... 33

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 35

4.1. Crescimento físico entre os gêneros e idade... 35

4.2. Crescimento físico entre diferentes níveis sócio-econômicos... 39

4.3. Aptidão física relacionada à saúde entre os gêneros ... 42

4.4.Aptidão física relacionada à saúde entre diferentes níveis sócio-econômicos 45 4.5. Proporção que atinge e não atinge os critérios-referenciado para uma recomendada aptidão física relacionada à saúde... 50

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6. SUGESTÕES...

60 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Valores médios, desvio-padrão e estatística F para as variáveis de crescimento físico entre os gêneros, por idade... 36 TABELA 2 - Comportamento anual das variáveis de crescimento físico (massa

corporal, estatura e índice de massa corporal) de rapazes e moças... 38 TABELA 3 - Valores médios, desvio-padrão e estatística F para a variável massa

corporal entre níveis sócio-econômicos (NSE), por idade e gênero... 39 TABELA 4 - Valores médios, desvio-padrão e estatística F para a variável estatura entre

níveis sócio-econômicos (NSE), por idade e gênero... 40 TABELA 5 - Valores médios, desvio-padrão e estatística F para o índice de massa

corporal (IMC) entre os níveis sócio-econômicos (NSE), por idade e gênero... 41 TABELA 6 - Valores médios, desvio-padrão, estatística F para os componentes da

aptidão física relacionada à saúde entre os gêneros... 43 TABELA 7 - Valores médios, desvio-padrão e estatística F para os componentes da

aptidão física relacionada à saúde de rapazes entre níveis sócio-econômicos (NSE)... 46 TABELA 8 - Valores médios, desvio-padrão e estatística F para os componentes da

aptidão física relacionada à saúde de moças entre níveis sócio-econômicos (NSE)... 48 TABELA 9 - Porcentagem que obtém escores acima e abaixo dos critérios-referenciado

estabelecidos pela AAHPERD (1988) para o índice de massa corporal, por gênero e NSE... 51

TABELA 10 - Porcentagem que obtém escores acima e abaixo dos critérios-referenciado

estabelecidos pela AAHPERD (1988) para o somatório das dobras cutâneas tricipital e panturrilha, por gênero e NSE... 53

TABELA 11 - Porcentagem que atende aos critérios-referenciado estabelecidos pela

AAHPERD (1988) para o teste de correr/caminhar 1600 m, por gênero e NSE... 54

TABELA 12 - Porcentagem que atende aos critérios-referenciado estabelecidos pela

AAHPERD (1988) para o teste de abdominal, por gênero NSE... 56

TABELA 13 - Porcentagem que atende aos critérios-referenciado estabelecidos pela

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LISTAS DE QUADROS

QUADRO 1 – Distribuição da amostra por idade e gênero... 24 QUADRO 2 – Porcentagem da população brasileira conforme divisão da ANEP (1996)

e da amostra do presente estudo por nível sócio-econômico adaptado... 25 QUADRO 3 – Distribuição da amostra por idade, gênero e nível sócio-econômico... 26 QUADRO 4 – Critérios-referenciado estabelecidos pela AAHPERD (1988), para uma

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LISTA DE FIGURAS

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1. INTRODUÇÃO

1.1. O problema e sua importância

As transformações causadas pela revolução tecnológica ocorrida nas últimas décadas são infinitamente maiores e mais rápidas que qualquer outra vista (NAHAS, 2003), desafiando a capacidade do homem de adaptar-se à nova realidade; o comportamento, os hábitos e rotinas foram substituídos por novos conceitos e atitudes, relegando a atividade física e o movimento a um status secundário e dispensável (GUEDES, D. 1994).

A rápida transformação certamente proporcionou inúmeros benefícios que facilitaram de sobremaneira a vida do homem e suas ações cotidianas. Entretanto, grandes transformações em um curto período de tempo têm dificultado e de certa forma impossibilitado ao homem alcançar as adaptações necessárias a este novo ambiente (NAHAS, 2003).

Associados aos benefícios, somaram-se também aspectos que influenciam de maneira negativa na saúde das pessoas, destacando-se um aumento significativo das doenças relacionadas a altos níveis de inatividade física ou doenças hipocinéticas. Entre estas, destaca-se a osteoporodestaca-se (MARCUS, 1996), cardiopatias (PAFFENBARGER & LEE, 1998), obesidade (KATZMARZYK et al., 2001), acidente vascular cerebral (AVC), câncer, diabetes e hipertensão (PATE, 1988; ACSM, 2000). Tais fenômenos são atribuídos principalmente às alterações nos hábitos de vida de modo geral (NIEMAN, 1999), sendo que este mesmo autor defende que a saúde e a aptidão física são qualidades positivas que estão relacionadas com a prevenção da maioria das doenças anteriormente citadas.

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indivíduo capaz de identificar e realizar as suas aspirações, de satisfazer suas necessidades ou adaptar-se ao meio ambiente (OMS, 1999). NAHAS (2003) destaca que além dos aspectos relacionados à saúde, outros fatores interferem diretamente sobre a qualidade de vida das pessoas como condições de moradia, transporte, emprego e relacionamentos. Esse conceito, porém, extrapolado pela ótica social, é defendido por PALMA (2000) como um processo que vai além do aspecto biológico de cada indivíduo, como a interação de grupos sociais, instituições, economia, política e cultura. NIEMAN (1999), por sua vez, defende o Continuum da Saúde, onde a adoção de comportamentos positivos aproxima o indivíduo de melhores condições de saúde, enquanto os comportamentos de risco fazem com que o indivíduo esteja posicionado mais próximo das doenças e, conseqüentemente, da morte.

A aptidão física, por sua vez, pode ser definida de várias formas, envolvendo uma série de componentes relacionados com o desempenho (ACSM, 2000). PATE (1988) define aptidão física relacionada à saúde (AFRS) como capacidade de realizar tarefas diárias com vigor, demonstrar traços e características que estão associadas a um baixo risco do desenvolvimento prematuro de doenças hipocinéticas. Assim, a aptidão física relacionada à saúde engloba os componentes morfológico, funcional, motor, fisiológico e comportamental (GLANER, 2002).

O componente morfológico diz respeito à composição corporal, com a divisão do corpo humano em dois componentes, massa de gordura e massa corporal magra (SIRI, 1961; BROZEK et al., 1963).

A função cardiorrespiratória refere-se ao componente funcional, compreendida como a eficiência do coração, pulmões e do sistema circulatório em fornecer oxigênio e nutrientes aos grandes grupos musculares (HEYWARD, 1997), mantendo-se em exercício em ritmo tal que permita uma média ou longa duração (ACSM, 2000).

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considerados moduladores do sistema músculo-esquelético (WILMORE & COSTILL, 2001), entendendo-se por força muscular a força máxima que um grupo muscular pode produzir e por resistência muscular a habilidade do músculo manter-se em níveis submáximos de força por um maior período de tempo (HEYWARD, 1997). Essa mesma autora explica a flexibilidade como a habilidade de mover fluentemente uma ou várias articulações em amplitude máxima de um movimento, podendo esta ser limitada por fatores ósseos, articulares, musculares e ligamentares.

Os componentes morfológico, funcional e motor sofrem alterações durante as diferentes fases do crescimento. A adolescência, por sua vez, caracteriza-se por um período em que ocorrem importantes transformações, onde o crescimento e a maturação se processam pela interação dos genes, hormônios e aspectos ambientais (MALINA & BOUCHARD, 2002). Esse período é marcado pelo segundo estirão de crescimento, aproximadamente aos treze anos para os meninos e onze anos para as meninas, sendo que a estatura tende a estabilizar-se próximo dos dezoito e dezesseis anos, respectivamente para meninos e meninas (GALLAHUE, 2003).

Levando em consideração os componentes da AFRS e considerando que populações jovens são menos acometidas por diversas doenças em relação às populações adultas e que estes fatores de risco presentes nessa fase se estendem por toda a vida (AAHPERD, 1988), pode-se afirmar que a inatividade física é responsável em grande parte pelo desenvolvimento de doenças hipocinéticas (MARCUS, 1996; ACSM, 2000; KATZMARZYK et al., 2001). Desse modo, pode-se concluir que o nível de aptidão física interfere diretamente na saúde das pessoas e, conseqüentemente, no bom funcionamento orgânico e nas tarefas diárias (GLANER, 2002).

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avanço na área social, conseqüência dos poucos recursos disponíveis diante da grande demanda (MONTEIRO & CONDE, 2000), aspectos estes característicos também de outros países em desenvolvimento (POPKIN, 2002), são fatores que podem influenciar nas variáveis de crescimento e da AFRS.

Nesse sentido, estudos têm sido realizados buscando esclarecer as relações entre as variáveis de crescimento e AFRS em diferentes níveis sócio-econômicos (NSE) dessas populações (OKANO et al., 2001; GUEDES, C. 2002; RONQUE, 2003). Investigando a tendência da obesidade e baixo peso em crianças e adolescentes do Brasil, Rússia, China e EUA, observou-se queda nos índices de desnutrição e aumento da obesidade no Brasil, China e EUA, enquanto na Rússia, esses índices tiveram comportamento contrário (WANG, MONTEIRO & POPKIN, 2002).

GORDON-LARSEN, ADAIR & POPKIN (2003) ao realizarem estudo com o objetivo de estabelecer a relação entre etnias, aspectos sócio-econômicos e renda familiar com a obesidade, utilizando o índice de massa corporal (IMC) em adolescentes americanos; para tanto, os adolescentes foram divididos em quatro grupos étnicos, quatro níveis sócio-econômicos e seus pais em quatro níveis de escolaridade. Os resultados apontaram pequenas variações da obesidade entre as etnias e em diferentes níveis de escolaridade e renda familiar para o gênero masculino. Já para o gênero feminino, as adolescentes brancas apresentaram diminuição significativa de obesidade à medida que aumentava a escolaridade e a renda, de 33,3% para 13,8%, sendo que esse fenômeno foi observado discretamente para as hispânicas e negras. Por outro lado, comportamento inverso foi encontrado entre as asiáticas, aumentando de 3,7% de obesas, na classe social com menor escolaridade e renda para 10,9% a classe mais privilegiada.

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CONDE, 2000). Ainda na cidade de São Paulo, ALBANO & SOUZA (2001) encontraram prevalência de sobrepeso de 21% e, 11,3% com baixo peso, em adolescentes de média e baixa renda, entre 11 e 17 anos. Nesta mesma cidade, verificou-se risco de sobrepeso e sobrepeso de 19,6% em adolescentes de baixa renda, entre 10 a 14 anos (GARCIA, GAMBARDELLA & FRUTUOSO, 2003).

Investigando a prevalência de obesidade na cidade de Salvador-BA, SOUZA et al. (2003) constataram que entre os obesos 39,3% eram oriundos da classe social alta, 26,2% de classe média e, 34,4% de classe social baixa; ao investigar nível de atividade física em adolescentes pelo questionário International Physical Activity Questionnaire (IPAQ - versão curta), MATSUDO et al. (2002), encontraram 55% de sedentários na classe “A” e 60% da classe “E”, enquanto para as classes “B”, “C” e “D” as porcentagens ficaram entre 42 e 49 %.

A adiposidade corporal foi verificada em adolescentes de diferentes NSE com idades entre 14 e 16 anos, na cidade de Florianópolis - SC e, não foram encontradas diferenças significativas entre as classes sociais (ARAÚJO, PETROSKI & BLANK, 2004). Em Londrina – PR, para uma amostra de baixo nível sócio-econômico, verificou-se 5,2% e 9,7% abaixo do P3 do National Center for Health Statistics (NCHS), respectivamente para massa e

estatura corporal (MIGLIORANZA et al., 2002), enquanto para uma amostra de escolares de alto nível sócio econômico, o crescimento foi similar aos propostos pelo National Center for Health Statistics (RONQUE, 2003).

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contribuído para atrair pessoas sem recursos financeiros ou qualificação profissional, acarretando grandes diferenças na distribuição de renda entre as classes sociais.

Diversos estudos têm sido realizados na tentativa de explicar possíveis influências dos aspectos regionais, étnico-culturais e sócio-econômicos relacionados ao crescimento físico e aptidão física relacionada à saúde (GLANER, 2002; GUEDES, C. 2002; RONQUE, 2003; PIRES & LOPES, 2004; FARIAS & SALVADOR, 2005). A grande extensão territorial, diferenças étnico-culturais e sócio-econômicas são fatores que impedem, até então, a existência de padrões referenciais de crescimento para a população brasileira.

Sendo assim, destaca-se a importância de mensurações com propósitos de acompanhamento de populações com características regionais diferenciadas, como a de Luís Eduardo Magalhães - BA, possibilitando novas descobertas acerca do crescimento físico e aptidão física relacionada à saúde, com objetivos de preencher as lacunas existentes em tais populações.

Nesse sentido, este estudo teve os seguintes objetivos: analisar o crescimento físico de adolescentes entre gêneros e diferentes NSE, por idade; analisar a AFRS de adolescentes entre os gêneros e diferentes NSE; comparar a AFRS, por gênero e NSE, com os critérios-referenciado propostos pela AAHPERD (1988).

1.2. Relevância do estudo

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diferentes classes sócio-econômicas. GUEDES et al. (2002) encontraram baixas porcentagens de adolescentes que atendem a todos os componentes da AFRS, enquanto que OEHLSCHLAEGER et al. (2004) observaram prevalência de sedentarismo de 54,4% para moças e 22,2% para rapazes.

Embora o Brasil ainda seja considerado um país em desenvolvimento (PNUD, 2001), grande parte da população convive cotidianamente com os avanços proporcionados pela revolução tecnológica. Nesse contexto de grandes transformações, a inatividade física e o sedentarismo tornam-se cada vez mais freqüentes e, conseqüentemente, a baixa aptidão física caracteriza-se como fator de risco que pode contribuir em até 60 % para o surgimento de cardiopatias (ACSM, 2000) e pelo aumento progressivo das doenças hipocinéticas (PAFFENBARGER & LEE, 1998). Além disso, o sobrepeso e a obesidade em crianças devem ser vistos como uma preocupação na área de saúde pública (GUEDES, D. 1994; BRACCO et al., 2003) e, ainda, baixos níveis de aptidão física de adolescentes são evidenciados em vários estudos (GUEDES, C. 1994; GLANER, 2002; GUEDES, C. 2002). Assim, investigar a AFRS pode indicar possíveis caminhos e estratégias a serem seguidas, no sentido de minimizar os fatores de risco provenientes de uma baixa aptidão física.

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A Organização das Nações Unidas, através do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), resultante da distribuição de renda, escolaridade e expectativa de vida, classifica o Brasil em 65º lugar entre 170 países, com IDH de 0,772 em 2002, sendo que as diferenças internas oscilam de 0,633 em Alagoas a 0,844 no Distrito Federal; já o estado da Bahia apresenta índice de 0,688. Embora o Brasil esteja numa posição intermediária e em ascensão, há, ainda, necessidade de melhorias na distribuição de renda, índices de educação e longevidade (PNUD, 2001).

Diante das peculiaridades que o Brasil apresenta, como a diversidade étnico-cultural, a transição demográfica e as diferenças de distribuição de renda entre as classes sociais também são características marcantes no município de Luís Eduardo Magalhães, que surgiu a partir da expansão das fronteiras agrícolas no cerrado do oeste baiano.

Estes fatos associados a fenômenos crescentes de atividades sedentárias (GUEDES & GUEDES, 2001) e a população adolescente com sobrepeso e obesidade em crescimento (VASCONCELOS & SILVA, 2003; GIUGLIANO & CARNEIRO, 2004), torna-se pertinente investigar o crescimento físico e a AFRS, bem como verificar as possíveis diferenças dessas variáveis em NSE distintos em adolescentes de Luís Eduardo Magalhães – BA. Nesse sentido, a realização deste estudo pode contribuir com descobertas acerca da aptidão física e saúde para esta população, visto que nesta região estudos dessa natureza ainda não foram realizados.

1.3. Delimitações

Este estudo está delimitado à adolescentes dos gêneros masculino e feminino, com idades entre 14,50 e 16,49 anos. Portanto, as inferências a partir dos resultados encontrados deverão considerar estas características.

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1.4. Limitações

Para tornar possível a realização deste estudo, alguns aspectos não foram investigados ou controlados, tais como: a) hábitos alimentares; b) horários de realização dos testes; c) motivação para realização dos testes físicos. A impossibilidade de investigar tais aspectos são limitações do trabalho, já que estes podem influenciar nos resultados das variáveis de crescimento físico e nos componentes da AFRS.

(24)

2. REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo são apresentadas informações sobre o crescimento físico e as suas variáveis como massa corporal, estatura e IMC. São abordados, ainda, a importância da mensuração, a relação destas variáveis com os aspectos sócio-econômicos da sociedade brasileira e suas implicações na adolescência.

A aptidão física relacionada à saúde, por sua vez, será apresentada através dos seus componentes morfológico, funcional, motor e suas implicações na adolescência, seguida pela apresentação da mensuração e avaliação dos componentes da AFRS e suas implicações para adolescentes.

2.1. Crescimento físico, maturação e aspectos ambientais

Os fenômenos do crescimento físico assumem papel de grande importância sob a ótica de saúde, visto que muitos hábitos e comportamentos dessa fase podem refletir na vida adulta (AAHPERD, 1988; GLANER, 2002). Para MARCONDES (1994), existe uma relação entre as ações de crescimento e desenvolvimento, embora existam divergências conceituais. Este mesmo autor enfatiza que o processo de crescimento e desenvolvimento acontece sob aspectos biológicos e psicossociológicos. Embora indissociáveis, o primeiro aspecto é objeto principal deste estudo.

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ambiente que podem afetar ou alterar o aparecimento de várias características no decorrer do processo de aprendizado (MALINA & BOUCHARD, 2002).

O período da adolescência, que acontece entre os dez e vinte anos, é marcado por um período de aumento acelerado da massa e estatura corporal, sendo que o seu início, duração e intensidade variam de indivíduo para indivíduo. Parte integrante desse processo, a maturação diz respeito às alterações qualitativas que capacitam o indivíduo a progredir para os níveis mais altos de funcionamento (GALLAHUE, 2003).

Sendo assim, o crescimento e maturação são alcançados pela interação de genes, hormônios, nutrientes e aspectos ambientais (MALINA & BOUCHARD, 2002). MARCONDES (1994) define as características genéticas do indivíduo como nível filogenético, sendo o crescimento possível a partir da instrução genética na molécula do ácido desoxirribonucléico (DNA). O nível ontogenético, por sua vez, refere-se à gama de experiências que um indivíduo consegue acumular desde a concepção até o final do crescimento, enquanto o potencial genético só se completa quando as condições ambientais são favoráveis. Desse modo, a associação entre filogênese e ontogênese é que determinam a velocidade e magnitude do aumento das células (ARRUDA, 1990).

A maturação, por sua vez, pode apresentar oscilações e não ocorrer necessariamente na mesma idade cronológica, mas, obedecer ao relógio biológico de cada indivíduo, que regula seu progresso em direção ao amadurecimento biológico (MALINA & BOUCHARD, 2002).

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estatura máxima próximo aos dezoito e dezesseis anos, respectivamente para meninos e meninas (GALLAHUE, 2003).

Sendo a adolescência um período de importantes transformações (MALINA & BOUCHARD, 2002), e em tempos em que há um aumento substancial da inatividade física e um aumento da população adolescente com sobrepeso e obesidade destaca-se a importância de acompanhar o crescimento físico e sua evolução (GLANER, 1998). Embora algumas características sejam definidas geneticamente, a forma e o grau de atuação que se manifestam durante o crescimento são influenciados pelas condições sociais, econômicas e culturais, podendo ser ampliadas, restringidas ou anuladas durante diferentes fases do crescimento (MARCONDES, 1994).

Outro aspecto importante a ser destacado é que os diferentes NSE podem interferir no ritmo e na magnitude do crescimento físico (MALINA & BOUCHARD, 2002), fato este comprovado por vários estudos e em com diferentes populações. Ao comparar o crescimento de crianças e adolescentes latino-americanos, oriundos de comunidades rurais carentes e de famílias com melhores condições sócio-econômicas, MALINA (1990) observou que os meninos com nível sócio-econômico mais alto se mostraram mais pesados, mais altos e com maior altura tronco-cefálica, enquanto que estas diferenças não foram significativas entre as meninas. Concluindo que, nesse caso, os homens são mais suscetíveis às mudanças ambientais do que as mulheres. Por outro lado, em estudo realizado com adolescentes sulistas, rurais e urbanos, não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes (GLANER, 2002).

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al. (2004), em eslovacos por GECKOVÁ et al, (2003) e em brasileiros por FARIAS JUNIOR & LOPES (2003) e OEHLSCHLAEGER et al. (2004). Ao mesmo tempo em outros estudos não foram observadas tais diferenças em belgas (LEFREVE et al., 2002) e brasileiros (GUEDES, C. 2002).

Levando em conta tais possibilidades e constatações, monitorar os fenômenos do crescimento e as transformações ocorridas nesse período pode contribuir para adoção de hábitos e atitudes que permitam minimizar prejuízos futuros à saúde.

Entre os diferentes métodos que podem ser utilizados para acompanhar e monitorar o crescimento, o antropométrico é confiável, de baixo custo e pode ser utilizado em grandes populações (MALINA & BOUCHARD, 2002), permitindo acompanhar a evolução da massa corporal, estatura e IMC, recomendado pela AAHPERD (1988), ACSM (2000) e NCHS (2002).

Assim, é pertinente desenvolver estudos com adolescentes oriundos de diferentes NSE, com intuito de esclarecer possíveis diferenças e as relações entre estes, em razão das evidências já explicitadas em vários estudos.

2.2. Indicadores de crescimento físico e aspectos sócio-econômicos

da comunidade brasileira

O Brasil ainda hoje é um país em desenvolvimento e como tal, fica evidenciada a diferença entre as classes sócio-econômicas. Mesmo que nos últimos anos os aspectos sociais tenham sido favoráveis e apresentem uma tímida melhoria das condições econômicas se comparado às décadas anteriores (IBGE, 2000), muitos são os desafios a serem enfrentados.

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falta de condições básicas de sobrevivência; por outro, a inatividade física crescente, associada, muitas vezes, com uma alimentação desregrada, podem ser responsáveis por um aumento da massa corporal além dos níveis toleráveis para a saúde (GUEDES & GUEDES, 2001; VASCONCELOS & SILVA, 2003; BRACCO et al., 2003; GIUGLIANO & CARNEIRO, 2004).

A causa da subnutrição crônica é atribuída em grande parte pela má distribuição dos alimentos, vindo a interferir no crescimento e maturidade das crianças. Aos seis meses estas crianças são menores quando oriundas de NSE mais baixos. Entre os dois e três anos de idade essa tendência é mantida, causando atraso no estirão de crescimento e deixando-o com menor magnitude em relação aos NSE mais elevados (MALINA, 1990). MONTEIRO & CONDE (2000) afirmam que a desnutrição na infância ainda constitui um dos maiores problemas enfrentados pelos países em desenvolvimento, devendo-se a isso ao tímido avanço na área social, conseqüência dos poucos recursos disponíveis diante da grande demanda social.

A subnutrição, as doenças infecciosas e a soma destes fatores acentuam as diferenças entre crianças pobres e ricas. As condições sanitárias precárias e o consumo de água não-potável favorecem hábitos de higiene muito abaixo das condições mínimas, favorecendo o desenvolvimento de várias doenças (MALINA, 1990). Esta situação pode ser verificada em comunidades que não têm acesso aos serviços de saneamento básico, localizadas em bolsões de pobreza das cidades ou em localidades de difícil acesso. Tal realidade se confirma pelos 29% da população brasileira (quase 50 milhões) que vivem em condições de pobreza, atingindo 49,5% da população do estado da Bahia (IBGE, 2000).

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Estudo realizado em São Paulo com crianças e adolescentes de diferentes estratos sócio-econômicos, encontrou déficit de 2,3 % para as variáveis de massa corporal e estatura de um estrato para outro, de acordo com o proposto pelo NCHS, indicando um bom controle da desnutrição (MONTEIRO & CONDE, 2000). Essa tendência também foi observada por SOUZA et al. (2003), em estudo realizado na cidade de Salvador – BA, envolvendo crianças entre 05 a 10 anos de ambos os gêneros. Utilizando o IMC, encontraram 15,6% de obesos, sendo que deste total 39,3% eram de nível sócio-econômico alto, 26,2% de nível médio e 34,4% de nível baixo.

Investigando tendências de crescimento e estado nutricional em duas classes sócio-econômicas, utilizando a relação massa corporal/estatura, VEIGA et al. (1992), encontraram prevalência de obesidade associada à baixa estatura em 36% das meninas entre 11 e 18 anos, oriundas de baixo nível sócio-econômico. Por outro lado, ao investigar prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes entre 15 e 18 anos, da cidade de São Paulo, PIMENTA (2000) não constatou diferenças entre os NSE utilizando o IMC, mas quando utilizou impedância bioelétrica, encontrou maior porcentagem de gordura naqueles oriundos de nível sócio-econômico mais baixo, em ambos os gêneros.

MATSUDO et al. (2002), através do IPAQ – versão curta, investigaram diferentes níveis de atividade física de adolescentes entre 14 e 17 anos, classificando como sedentários 55% dos adolescentes da classe sócio-econômica “A” e 60% da classe “E”, enquanto nas classes “B”, “C” e “D”, por sua vez, o sedentarismo atingiu níveis entre 42 e 49%.

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tais informações com outros estudos regionais e, ainda, com padrões referenciais.

2.3. Aptidão física relacionada à saúde

A aptidão física relacionada à saúde tem se tornado, recentemente, foco de muitos estudos, motivada pela evidente diminuição de atividades diárias, acarretando o aparecimento precoce de várias doenças crônicas não-transmissíveis. A AFRS é definida como capacidade de realizar tarefas diárias com vigor, demonstrar traços e características que estão associadas a um baixo risco do desenvolvimento prematuro de doenças hipocinéticas (PATE, 1988) e está vinculada, portanto, aos componentes morfológico, funcional, motor, fisiológico e comportamental (GLANER, 2002).

Por outro lado, a transição demográfica e a crescente urbanização ocorrida no Brasil, o acesso às mais variadas tecnologias (FLORINDO, 2002), mudanças de comportamentos que dizem respeito à atividade física e dietas (BRACCO, et al., 2003), tem estimulado o lazer sedentário, a inatividade física, tornando o homem do futuro um sujeito inoperante e obeso (GLANER, 2002).

As opções de lazer e recreação dos nossos pais e avós sempre foram atividades realizadas nas ruas, quintais e em amplos espaços de área verde, enquanto as opções de lazer das crianças e adolescentes de hoje praticamente se resumem a jogos eletrônicos e outras atividades de lazer passivo, diminuindo o gasto energético diário.

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Diante das evidências que indivíduos ativos apresentam menores riscos de desenvolvimento prematuro das doenças crônicas não-transmissíveis (NIEMAN, 1999) e que a aptidão física interfere diretamente na saúde das pessoas, no bom funcionamento orgânico para realização das tarefas diárias (GLANER, 2002), a AAHPERD (1988) estabeleceu critérios para avaliar a AFRS de crianças e adolescentes.

Conforme GLANER (2002), a AFRS e seus componentes são muito mais dependentes do nível de atividade física do que do potencial genético, sofrendo uma influência maior da atividade física habitual. Desse modo, independente do potencial genético, a AFRS pode ser melhorada em níveis suficientes, diminuindo as chances de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, disponibilizando mais energia para o trabalho, lazer e demais ocupações diárias (NAHAS, 2003).

Para o estudo da composição corporal, componente morfológico da AFRS, é adotado o modelo de dois componentes, onde o corpo humano é dividido em gordura corporal e massa corporal magra (SIRI, 1961; BROZEK et al., 1963). NIEMAN (1999) destaca que estudar a gordura corporal é de fundamental importância, devido à sua relação com diversas doenças crônicas não-transmissíveis, como osteoartrite, hipertensão arterial e diabetes. Além disso, é evidente a associação entre a obesidade na infância e o aumento de todas as causas de mortalidade por doenças cardiovasculares e por câncer de colo na idade adulta (DIETZ, 1998).

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2001).

A associação de uma baixa aptidão cardiorrespiratória com as cardiopatias, como obesidade, altos níveis de colesterol e hipertensão, é destacada por vários pesquisadores (PAFFENBARGER & LEE, 1998; LEE & BLAIR, 2002). Uma boa aptidão cardiorrespiratória está associada diretamente a menores riscos de desenvolvimento de cardiopatias (ACSM, 2000) e, os fatores de risco presentes na cardiorrespiratória adolescência têm grande chance de perdurar por toda a vida (AAHPERD, 1988).

Em estudo realizado com americanos do gênero masculino, com idades entre 40 e 87 anos, foi observada relação inversa entre aptidão cardiorrespiratória e morte por derrame cerebral (LEE & BLAIR, 2002). Nesse mesmo país, foi constatado, em amostra de brancos e negros de ambos os gêneros, que a aptidão cardiorrespiratória e a gordura são bons preditores para os fatores de riscos de cardiopatias (KATZMARZYK at al., 2001). Já para adolescentes irlandeses, essa relação foi confirmada apenas quando comparada à gordura corporal, e não para aptidão cardiorrespiratória (BOREHAM et al., 2001).

Os componentes motores da AFRS envolvem a força/resistência muscular e flexibilidade e são considerados moduladores do sistema músculo-esquelético (WILMORE & COSTILL, 2001). Entende-se por força muscular a força máxima que um grupo muscular pode produzir, enquanto resistência muscular é a habilidade do músculo em manter-se em níveis submáximos de força por um maior período de tempo (HEYWARD, 1997).

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(ACSM, 2000). Fica evidenciada a importância deste componente para a saúde, para melhorar o bem-estar, diminuindo as dores lombares e menor risco de lesões, sem afetar a vida profissional e social (NIEMAN, 1999; GLANER, 2002).

2.4. Medida e avaliação do crescimento físico e dos componentes da aptidão

física relacionada à saúde

As possibilidades de mensuração do crescimento físico e da aptidão física e seus diferentes componentes são cada vez maiores em razão do desenvolvimento de equipamentos e dos métodos de campo. Estes últimos apresentam vantagens tais como o baixo custo operacional, por serem de fácil aplicação e se mostrarem com boa acuracidade, tanto nos testes que integram programas para atletas de alto rendimento como para pessoas que buscam manutenção ou melhoria das condições de saúde.

As variáveis do crescimento físico, massa corporal e estatura, são medidas simples e que expressam as oscilações e diferentes velocidades nas várias fases do crescimento (GLANER, 2002), sendo, ainda, dependentes das variações ambientais (MALINA, 1990; MARCONDES, 1994). Na tentativa de se estabelecer a normalidade do crescimento, é possível, ainda, a utilização de padrões referenciais como os propostos por MARCONDES (1994) e NCHS (2002).

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A composição corporal também pode ser estimada com diferentes técnicas, sendo que algumas envolvem equipamentos sofisticados e de alto custo, como tomografia computadorizada, ressonância magnética, impedância bioelétrica, pesagem hidrostática e absortometria de raio-X de dupla energia. A antropometria, que utiliza dobras cutâneas, perímetros, diâmetros, massa e estatura corporal, tem sido muito aceita por ser de baixo custo, não ser invasiva, ser de fácil mensuração e por correlacionar-se bem com outras técnicas (GLANER, 2002).

A utilização do IMC tem sido recomendada pela AAHPERD, (1988), ACSM (2000) e NCHS (2002) em estudos epidemiológicos e populacionais, muito embora este não apresente um fracionamento dos diferentes componentes corporais. Assim, o IMC pode classificar como obesa uma pessoa com grande quantidade de massa magra e como ideal ou abaixo do peso ideal alguém como falsa magra; dessa maneira, procedimentos mais acurados como as medidas das dobras cutâneas são os mais recomendados (GLANER, 2002).

Para o teste de força/resistência de membros superiores o teste de barra modificada descrito por PATE et al., apud GUEDES, D. (1994) é o mais indicado, visto que os testes de barra tradicionais com freqüência podem apresentar o escore zero. Com tal modificação, o avaliado não precisa suspender toda sua massa corporal e, dessa maneira, a possibilidade de realização de pelo menos uma repetição é maior. Apesar de ter boa aceitação, o teste necessita de mais estudos, visto que o mesmo ainda não possui critérios de referência para avaliar a força/resistência (GLANER, 2002).

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com uma boa amplitude das articulações da coluna lombar e dos músculos posteriores da coxa possuem maior resistência às lesões, dores musculares, diminuição do risco de lombalgias e de outras dores de coluna (NIEMAN, 1999).

A AAHPERD (1988) estabeleceu critérios para os componentes da AFRS, apresentando de maneira objetiva e de fácil entendimento os escores ideais por idade e gênero, através da bateria de testes Physical Best. No Brasil, vários estudos têm sido realizados utilizando a bateria Physical Best, como os de GUEDES, D. (1994), OKANO et al., (2001), GUEDES et al. (2002), GLANER, (2002), RONQUE (2003) e PRISTA et al. (2003).

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3. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

Este capítulo apresenta de maneira detalhada as características da população e amostra envolvida no estudo, os procedimentos técnicos referentes à coleta de dados, delineamento da pesquisa, bem como a descrição da mensuração e avaliação das variáveis de crescimento físico (CF), AFRS, o controle da maturação sexual e as possíveis influências dos diferentes NSE diante dessas variáveis.

3.1. Características da população estudada

O município de Luís Eduardo Magalhães está situado na região oeste do estado da Bahia (FIGURA 1), distante 990 km de Salvador - BA e 550 km de Brasília - DF.

Luís Eduardo Magalhães

550 km

Distrito Federal

FIGURA 1 - Localização geográfica de Luís Eduardo Magalhães – BA.

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gênero masculino e 9.789 do gênero feminino (IBGE, 2000).

Em razão da forte migração observada nos últimos anos, o Censo realizado pelo IBGE (2000) dispõe informações defasadas. Evidências dão conta de que a população atual é de aproximadamente 35.000 habitantes, visto que a rede municipal de ensino possui 10.500 alunos entre seis e quatorze anos de idade e, ainda, 21.800 eleitores participaram das eleições municipais de 2004, devidamente recadastrados pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia.

3.2. Coleta de dados

Este estudo atendeu aos critérios éticos em pesquisa envolvendo seres humanos, definidos pela resolução nº 196/96, “Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos” e foi aprovado pelo do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília (ANEXO 1). Após esses procedimentos, os estabelecimentos de ensino selecionados foram visitados para apresentação do projeto de pesquisa às suas respectivas direções, explicitando-se objetivos, propósitos, procedimentos e aspectos legais e éticos. Em seguida foi solicitada a assinatura do termo de autorização para a realização da pesquisa (ANEXO 2). Após assinatura da autorização, foi mantido contato com os professores de Educação Física para detalhamento de todos os procedimentos para a realização da pesquisa.

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3.3. Amostra

Luís Eduardo Magalhães possui sete escolas de ensino fundamental (ciclos 3 e 4) e médio na zona urbana, sendo três da rede municipal, duas da rede estadual e duas da rede particular. Destas, seis foram escolhidas para realização da pesquisa, já que uma da rede estadual encontrava-se em fase de implantação no período da coleta de dados e ainda não possuía infra-estrutura necessária para realização dos testes.

A amostra foi composta por 403 voluntários, entre 15 a 17 anos, nascidos nos anos de 1987, 1988 e 1989, matriculados nos períodos matutino e vespertino, totalizando 18,3% dos 2200 matriculados nas sete escolas urbanas (MEC, 2003), distribuídos por idade e gênero conforme o QUADRO 1.

QUADRO 1 – Distribuição da amostra por idade e gênero. Idade (anos) Rapazes Moças Total

15 122 136 258

16 42 46 88 17 27 30 57 Total 191 212 403

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3.4. Mensuração do nível sócio-econômico

As classes sócio-econômicas foram definidas pelo questionário critério de classificação econômica Brasil (ANEP, 1996) – ANEXO 4 A, adaptado para três níveis sócio-econômicos, da seguinte maneira: nível sócio-econômico baixo - classificados como classes D e E pela ANEP, famílias com rendimento estimado de até R$ 424,00; nível sócio-econômico médio - classificados como classes B1, B2 e C pela ANEP, famílias com rendimento estimado entre R$ 425,00 e R$ 2.804,00; alto nível sócio-econômico, classificadas como classes A1 e A2 pela ANEP, famílias com rendimentos estimados acima de R$ 2.805,00. A classificação sócio-econômica da população brasileira (ANEP, 1996) e da amostra deste estudo com suas porcentagens correspondentes são apresentadas no QUADRO 2. O fato das porcentagens serem muito aproximadas permite a inferência para a população brasileira quanto às variáveis investigadas.

QUADRO 2 - Porcentagem da população brasileira conforme divisão da ANEP (1996) e da amostra do presente estudo por nível sócio-econômico (NSE) adaptado.

A1 e A2 B1, B2 e C D e E Classe Social e NSE

correspondente Alto NSE Médio NSE Baixo NSE Total

ANEP (1996) 6,0% 59% 35% 100%

Presente estudo 9,9% 63,3% 26,8% 100%

A1, A2, B1, B2, C, D e E: classificação sócio-econômica segundo ANEP (1996).

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QUADRO 3 – Distribuição da amostra por idade, gênero e nível sócio-econômico (NSE). Alto NSE Médio NSE Baixo NSE Total Total Idade

(anos) masc. fem. masc. fem. masc. fem. masc. fem. Total geral

15 16 6 70 101 36 29 122 136 258

16 5 6 29 22 8 18 42 46 88

17 6 1 15 18 6 11 27 30 57

Total 27 13 114 141 50 58 191 212 403

3.5. Variáveis de estudo

Para a realização deste estudo foram consideradas como variáveis independentes: a idade, gênero e os diferentes NSE. Como variáveis dependentes o crescimento físico e os componentes da AFRS, enquanto a maturação sexual foi considerada variável de controle. Excetuando-se o teste de aptidão cardiorrespiratória, os demais procedimentos e testes foram realizados em uma sala de aula, organizada de maneira a atender todas as necessidades.

As informações das variáveis antropométricas e os componentes da AFRS foram registradas na ficha individual (ANEXO 5).

Para garantir a qualidade das informações, um projeto piloto foi desenvolvido antes da coleta de dados; além do responsável pelo estudo, participaram da coleta de dados mais dois profissionais de educação física, sendo um do gênero masculino e outro do feminino e, para tal, treinamento prévio foi realizado, sendo que cada um dos avaliadores cumpriu funções específicas.

(41)

a auto-avaliação da maturação sexual foram realizados pelo responsável pela pesquisa e pelos dois mensuradores.

3.6. Variáveis do crescimento físico

As variáveis do crescimento físico, massa corporal, estatura e IMC foram mensurados conforme os procedimentos descritos a seguir.

Para a mensuração da massa corporal, o avaliado posicionou-se em pé, no centro da plataforma da balança, procurando não se movimentar (PETROSKI, 1995). O cursor da escala foi movido até que houvesse equilíbrio. A massa corporal foi obtida utilizando uma balança da marca Filizola, mecânica, modelo 31, com capacidade para 150 kg e divisões de 100 gramas.

A estatura foi mensurada a partir da distância compreendida entre a planta dos pés e o ponto mais alto da cabeça (vértex). O avaliado permaneceu descalço ou usando meias finas, em ângulo reto com o estadiômetro (SECA Bodymeter 208), procurando colocar em contato com o aparelho de medida os calcanhares, a cintura pélvica, a cintura escapular e a região occipital. A cabeça, por sua vez, orientada no plano de Frankfurt (PETROSKI, 1995). A medida foi registrada em 0,10 cm, estando o indivíduo em apnéia após inspiração profunda.

O IMC foi calculado a partir da divisão da variável da massa corporal pela estatura², conforme a seguinte expressão: IMC = MC (kg)

ES² (m)

3.7. Variáveis da aptidão física relacionada à saúde

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al., apud GUEDES, D. (1994), todos descritos a seguir.

Para o componente de gordura corporal foram mensuradas as dobras cutâneas do tríceps e panturrilha medial (TR+PA), utilizando um adipômetro Lange (Lange Beta Technology Incorporated, Cambridge, Maryland), com divisão de 1,0 mm e resolução de 0,05 mm.

A dobra cutânea do tríceps foi mensurada no braço direito, no ponto médio entre o acrômio da escápula e o olécrano da ulna. O ponto médio foi medido na parte posterior do braço. O avaliado permaneceu ereto, com seu braço relaxado e os pés voltados para frente. O avaliador pinçou a dobra no sentido vertical com o dedo polegar e o indicador a 1 cm acima do ponto médio do braço e, em seguida, mensurou a dobra (AAHPERD, 1988).

A dobra cutânea da panturrilha foi mensurada na parte interior, no ponto de maior circunferência. O avaliador apanhou a dobra acima do maior ponto de circunferência, usando os dedos polegar e o indicador médio de modo que o compasso fosse colocado no ponto de maior circunferência da panturrilha. O avaliado colocou o pé direito em um banco com o joelho flexionado a 90°, no momento da mensuração da dobra da panturrilha (AAHPERD, 1988).

Todos os procedimentos de mensuração das dobras cutâneas foram realizados três vezes alternados, utilizando-se a média das três mensurações (AAHPERD, 1988), sendo que a leitura foi realizada dois segundos após a borda do compasso ter pinçado a dobra.

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em repouso e após o teste não foi controlada devido à inexistência de instrumentos e a dificuldade de fazê-lo manualmente. Desse modo, não se pôde afirmar com exatidão o nível ou porcentagem de esforço de cada avaliado, sendo esse aspecto, um limitante do referido teste.

A força resistência/muscular da parte superior do tronco e braços foi mensurada utilizando o teste de barra modificada, que consiste em uma armação de madeira especialmente construída para que possa haver fixação da barra metálica, com dimensões de 110 x 50 cm na base e tábuas laterais de 15 cm, acoplados à base para suporte. As tábuas laterais que servem de suporte para a barra possuem altura de 140 cm, com orifícios a cada 15 cm, para que a barra possa ser ajustada, de acordo com o comprimento dos braços do avaliado. Uma tábua de 15 cm de largura por 1,5 cm de espessura foi fixada acima das tábuas laterais de suporte, evitando que a armação possa movimentar-se quando da realização dos movimentos. A barra de metal utilizada mede 130 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro. A estrutura de madeira foi, ainda, posicionada em área plana, com piso adequado para que a armação de madeira não se movimentasse quando da realização do teste.

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resultados deste teste foram apenas comparados a resultados de outros estudos realizados no Brasil.

Para a mensuração da força/resistência muscular da parte inferior do tronco (abdominal), o avaliado foi orientado a permanecer em decúbito dorsal, com os joelhos flexionados, pé no solo, calcanhar entre 30 e 45 cm das nádegas e braços cruzados no peito, com as mãos voltadas para lados opostos. Os pés foram segurados por outro adolescente no intuito de mantê-los fixados ao solo durante a realização do teste, sendo que o avaliador posicionou-se de tal modo a observar o movimento como um todo. Ao comando, o avaliado executou o movimento para a posição sentada, mantendo os braços em contato com o tronco. Uma repetição foi considerada completa quando os cotovelos tocaram as coxas, retornando à posição inicial até encostar pelo menos a metade anterior das escápulas no solo. O avaliado foi incentivado a realizar o máximo de repetições possíveis durante um minuto, sendo registradas apenas as repetições corretas. O avaliado foi informado que poderia descansar entre as repetições, na posição inferior ou na ascendente, sem interferência no registro final das repetições (AAHPERD, 1988). O teste foi realizado dentro de uma sala de aula, devidamente organizada e preparada para a realização deste.

O teste de “sentar e alcançar” foi realizado para mensurar a flexibilidade. Para a realização deste, foi utilizada uma caixa de madeira especialmente construída para esta finalidade, com dimensões de 30,5 x 30,5 cm na sua base e, sendo a parte superior plana e com 56,5 cm de comprimento, na qual foi fixada uma escala em centímetros; esta escala foi colocada na caixa de tal forma que a marca de 23 cm estivesse no mesmo nível dos pés do avaliado, apoiados, na posição inicial do teste e, com limite mínimo de 2,0 cm e máximo de 52,5 cm.

(45)

contato com a extremidade da caixa. Em seguida, o avaliado executou o movimento de inclinação do tronco à frente, deslizando as mãos à frente, ao longo da escala, com as palmas das mãos voltadas para baixo e sobrepostas, com os dedos de ambas as mãos alinhados. Foram realizadas três tentativas e em cada uma delas o avaliado tentou alcançar a maior distância possível, permanecendo no ponto máximo por no mínimo dois segundos. Quando o tempo não foi observado ou os joelhos permaneceram flexionados ou, ainda, as mãos se deslocaram em desigualdade, foi considerada uma tentativa inválida. Sem aplicar a resistência, o avaliador colocou uma mão nos joelhos do avaliado (AAHPERD, 1988), sendo utilizado o melhor escore entre as três tentativas.

Para o período preparatório da realização dos testes de aptidão cardiorrespiratória, força/resistência muscular inferior de tronco, superior de tronco e braços e de flexibilidade foi adotado um procedimento padronizado de alongamento, envolvendo grandes grupos musculares, com duração entre oito e dez minutos, orientados por um dos avaliadores já mencionados.

Os procedimentos durante a coleta de dados obedeceram à seqüência descrita a seguir: a) preenchimento da ficha com informações pessoais e questionário

sócio-econômico;

b) mensurações antropométricas;

c) testes de flexibilidade e força/resistência muscular; d) teste de aptidão cardiorrespiratória;

e) auto-avaliação da maturação sexual.

(46)

3.8. Critérios-referenciado para a aptidão física relacionada à saúde

Os componentes da AFRS, descritos anteriormente, foram avaliados conforme os critérios-referenciado da AAHPERD (1988), apresentados a seguir, de acordo com o QUADRO 4, respectivamente para rapazes e moças.

QUADRO 4 – Critérios-referenciado estabelecidos pela AAHPERD (1988), para uma desejável aptidão física relacionada à saúde para rapazes e moças.

Rapazes

Idade Componentes da AFRS

(anos) 1600 m TR + PA IMC Sentar e Abdominal

(min.) (mm) (kg/m²) alcançar (cm) (no rep. /1 min.)

15 7:30 12 - 25 17 - 24 25 42

16 7:30 12 - 25 18 - 24 25 44

17 7:30 12 - 25 18 - 25 25 44

Moças

Idade Componentes da AFRS

(anos) 1600 m TR + PA IMC Sentar e Abdominal

(min.) (mm) (kg/m²) alcançar (cm) (no rep. /1 min.)

15 e 16 10:30 16 - 36 17 - 24 25 35

17 10:30 16 - 36 17 - 25 25 35

3.9. Controle da maturação sexual

(47)

Entre os diferentes métodos que permitem a avaliação da maturação biológica, a auto-avaliação da maturação sexual por meio de fotos é confiável, de fácil aplicabilidade e não exigir investimento financeiro (MALINA & BOUCHARD, 2002).

Desse modo, as características sexuais secundárias foram controladas de acordo com o proposto por TANNER (1962), através da auto-avaliação por meio de fotos, considerando os estágios de 1 a 5 para desenvolvimento de seios e pilosidade pubiana para gênero feminino e, desenvolvimento de genitália e pilosidade pubiana para o gênero masculino (ANEXO 6 “A” e “B” ). Se após a auto-avaliação os estágios de tamanho dos seios e pilosidade para as moças, ou entre o tamanho das genitálias e pilosidade para os rapazes não coincidiram, o estágio de maturação sexual foi definido levando em consideração apenas a pilosidade pubiana para ambos os gêneros.

Sendo os estágios 4 e 5 da escala utilizada correspondentes ao final da maturação biológica, participaram deste estudo apenas aqueles que se auto-avaliaram em um destes estágios. Para evitar constrangimentos, a auto-avaliação foi realizada individualmente, em ambiente reservado, onde cada avaliado teve acesso apenas à ficha com as fotos do respectivo gênero e, após ter recebido orientações de um avaliador do mesmo gênero. Ao final, foram excluídos 04 rapazes e 05 moças que não se auto-avaliaram nos estágios 4 ou 5 de TANNER (1962).

3.10. Tratamento estatístico

(48)
(49)

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados são apresentados na mesma seqüência dos objetivos propostos, discutidos de maneira simultânea para melhor compreensão. Inicialmente são abordados os comportamentos observados nas variáveis de crescimento físico dos adolescentes, por gênero e nível sócio-econômico. Em seguida, as variáveis da AFRS são apresentadas e discutidas entre os gêneros e os NSE e, ainda, conforme as proporções de quem atingiu e não atingiu os critérios-referenciado da AAHPERD (1988), por gênero e nível sócio-econômico.

4.1. Crescimento físico entre os gêneros e idade

(50)

TABELA 1 – Valores médios, desvio-padrão e estatística F para as variáveis de crescimento físico entre os gêneros, por idade.

* p ≤0,05.

Massa corporal (kg) Estatura (cm)

Idade

(anos) Rapazes Moças F* Rapazes Moças F*

15 54,88 ± 10,15 52,14 ± 8,14 5,77 166,25 ± 8,08 160,27 ± 6,35 43,98 16 56,77 ± 12,65 50,09 ± 6,23 10,14 168,76 ± 8,11 160,15 ± 4,51 38,67 17 64,24 ± 10,45 52,46 ± 6,91 25,69 171,60 ± 8,73 160,91 ± 6,93 26,39

Índice de massa corporal - IMC (Kg/m²)

Rapazes Moças F

15 19,75 ± 2,70 20,28 ± 2,84 2,31

16 19,77 ± 3,06 19,52 ± 2,26 0,19

17 21,73 ± 2,65 20,29 ± 2,66 4,17*

Na estatura corporal também são verificadas diferenças estatisticamente significantes nas três idades, em favor dos rapazes (TABELA 1). O mesmo comportamento pode ser observado nos estudos de GUEDES, D. (1994), GLANER (2002), WALTRICK & DUARTE (2000) e PIRES & LOPES (2004), todos realizados na região sul do Brasil, enquanto que para adolescentes entre 11 e 15 anos, de Porto Velho-RO, diferenças estatísticas são observadas aos 13 e aos 15 anos (FARIAS & SALVADOR, 2005).

Os resultados referentes ao IMC do presente estudo demonstram semelhança entre os rapazes e as moças, aos 15 e 16 anos. Aos 17 anos os rapazes obtêm médias significativamente superiores às moças. O estudo de GUEDES, D. (1994) não demonstra diferenças significativas para o IMC, entre rapazes e moças. Por outro lado, diferenças aos 15 e aos 16 anos são verificadas em favor das moças estudadas por GLANER (2002). Como o IMC é decorrente das informações da massa corporal e estatura, diferenças entre gêneros e idades podem ser decorrentes de possíveis oscilações que estas variáveis sofrem dos fatores genéticos, ambientais ou, ainda, diferentes fases de maturação biológica.

(51)

GLANER (2002), aos 15 e 16 anos, com ligeira superioridade dos pares deste estudo aos 17 anos. Valores quase idênticos aos deste estudo também são observados por EISENMANN, PIVARNIK & MALINA (2001) com americanos e de DEHEEGER, BELLISLE & ROLLAND-CACHERA (2002) com franceses. No estudo de WALTRICK & DUARTE (2000) e de PIRES & LOPES (2004), os rapazes catarinenses apresentam superioridade entre 3% e 12% em todas as idades, enquanto que nos moçambicanos estudados por PRISTA et al. (2003), nota-se inferioridade próxima de 8%, todos comparados ao presente estudo.

Considerando a estatura corporal, as variações observadas são menores que 1% entre as mesmas idades quando este estudo foi comparado aos de GUEDES, D. (1994) e GLANER (2002), realizados na região sul do Brasil e aos de PRISTA et al. (2003), em moçambicanos, enquanto que para os estudos de WALTRIK & DUARTE (2000) e PIRES & LOPES (2004) em catarinenses, EISENMANN, PIVARNIK & MALINA (2001) em americanos e DEHEEGER, BELLISLE & ROLLAND-CACHERA (2002) em franceses, as médias de estatura corporal são superiores às do presente estudo, entre 2% e 3,5%.

O IMC dos rapazes deste estudo são praticamente idênticos aos achados de GUEDES, D. (1994), GLANER (2002) e DEHEEGER, BELLISLE & ROLLAND-CACHERA (2002) e, discretamente superiores aos de PRISTA et al. (2003).

(52)

anos, comparadas ao presente estudo.

Ao observar a estatura corporal, nota-se que as moças do presente estudo possuem médias similares a vários estudos realizados na região sul do Brasil, como GUEDES, D. (1994), WALTRIK & DUARTE (2000), GLANER (2002) e PIRES & LOPES (2004) e, ainda, com as francesas de DEHEEGER, BELLISLE & ROLLAND-CACHERA (2002) e as moçambicanas de PRISTA et al. (2003), com variações máximas de 2,5 cm entre os diferentes estudos.

O IMC das moças, apresentado na TABELA 1, também demonstra ligeiro equilíbrio entre as médias, quando comparado aos estudos de GUEDES, D. (1994), GLANER (2002), DEHEEGER, BELLISLE & ROLLAND-CACHERA (2002) e de PRISTA et al. (2003).

A TABELA 2 apresenta o comportamento anual das variáveis do crescimento físico de rapazes e moças. Estes resultados apontam para uma discreta evolução entre os rapazes, na massa corporal, estatura e IMC e, aumento de aproximadamente 15% na massa corporal dos rapazes entre 16 e 17 anos. Essa tendência também pode ser observada nos estudos de GUEDES, D. (1994) e GLANER (2002).

TABELA 2 – Comportamento anual das variáveis de crescimento físico (massa corporal – MC, estatura e índice de massa corporal – IMC) de rapazes e moças.

Rapazes Moças

Idade (anos) MC (kg) Estatura (cm) IMC (kg/m²) MC (kg) Estatura (cm) IMC (kg/m²) 15-16 1,90 2,50 0,01 -2,05 -0,11 -0,80

16-17 7,50 2,85 2,00 2,40 0,75 0,80

(53)

sujeitos de cada grupo ser muito diferente entre as idades (ver QUADRO 1 – página 24). Diante dessas evidências, confirma-se a tendência de estabilização da estatura corporal próxima de dezesseis anos para as moças, enquanto os rapazes tendem a atingir a estabilidade aproximadamente aos dezoito anos GUEDES, D. (1994), WALTRIK & DUARTE (2000), GLANER (2002), GALLAHUE (2003) e PIRES & LOPES (2004).

4.2. Crescimento físico entre diferentes níveis sócio-econômicos

O comportamento das variáveis do crescimento físico entre os NSE, por idade e gênero é apresentado a seguir. Na TABELA 3 pode ser observado que a massa corporal os rapazes difere estatisticamente aos 15 anos, entre os NSE alto e baixo e, aos 17 anos, entre os NSE médio e baixo, com variação de 18% e 15%, respectivamente. Os rapazes aos 16 anos e as moças nas três idades não apresentam diferenças estatísticas entre os NSE.

TABELA 3 – Valores médios, desvio-padrão e estatística F para a variável massa corporal entre níveis sócio-econômicos (NSE), por idade e gênero.

Rapazes Idade

(anos) Alto NSE Médio NSE Baixo NSE F

15 61,42a ± 10,23 54,78ab ± 10,30 52,16b ± 8,67 4,90 16 63,10a ± 12,98 57,40a ± 13,36 50,52a ± 7,19 1,69 17 66,58ab ± 9,29 67,10a ± 8,69 54,78b ± 11,47 3,86

Moças 15 54a,75 ± 5,40 52,58a ± 8,41 50,04 a ± 7,40 1,42

16 48a,70 ± 8,01 50,75a ± 6,55 49,74a ± 5,44 0,29 17 61a,00** 52,36a ± 7,28 51,84a ± 6,39 0,49 **Apenas uma moça foi classificada como NSE alto pelo questionário da ANEP (1996).

ab letras iguais não indicam diferenças estatísticas (p >0,05).

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do presente estudo seguem a tendência evidenciada por MALINA (1990) para crianças latino-americanas, por GUEDES, C. (2002) para adolescentes gaúchos e PIRES & LOPES (2004), em estudo realizado em adolescentes de Santa Catarina, oriundos de escola pública e particular.

Por outro lado, considerando que a MC é a variável do crescimento físico que pode sofrer alterações mais evidentes dos aspectos ambientais, decorrentes principalmente dos níveis de atividade física e hábitos alimentares, pode-se inferir que os NSE não interferem em intensidade ou magnitude suficientes para que haja diferenças.

A estatura corporal de rapazes e moças é apresentada na TABELA 4, entre os NSE, por idade. As diferenças estatísticas são verificadas nos rapazes aos 17 anos, entre os NSE alto e médio em relação ao NSE baixo e, para as moças, aos 15 anos entre os NSE médio e baixo, enquanto o NSE alto não difere dos demais.

Os rapazes aos 15 e 16 anos e as moças aos 16 e 17 anos, mesmo não apresentando diferenças estatísticas, demonstram médias de estatura corporal superiores no NSE alto e médio, quando comparados ao NSE baixo, superioridade esta entre 2% e 8% entre os rapazes.

TABELA 4 – Valores médios, desvio-padrão e estatística F para a variável estatura entre os níveis sócio-econômicos (NSE), por idade e gênero.

Rapazes Idade

(anos) Alto NSE Médio NSE Baixo NSE F

15 168,50a ± 7,33 167,00a ± 8,55 163,79a ± 7,00 2,65 16 173,20a ± 5,92 169,59a ± 8,11 163,00a ± 6,88 3,23 17 173,08a ± 6,81 175,50a ± 5,11 160,38b ± 8,84 12,08

Moças

Alto NSE Médio NSE Baixo NSE F

15 161,16ab ± 3,29 161,10a ± 6,35 157,19b ± 6,02 4,56 16 163,41a ± 6,18 160,06a ± 4,62 159,18a ± 3,38 2,08 17 167,00* 162,27a ± 6,25 158,13a ± 7,59 1,11 **Apenas uma moça foi classificada como NSE alto pelo questionário da ANEP (1996).

(55)

Essa tendência é observada em estudo com adolescentes gaúchos (GUEDES, C. (2002), com catarinenses de escola pública e particular (PIRES & LOPES, 2004), confirmando que as crianças e adolescentes de NSE mais baixo tendem a crescer menos que as demais (MALINA, 1990). Embora MALINA & BOUCHARD (2002) atribuam forte influência genética ao crescimento estatural, no presente estudo, especificamente, parece que o NSE não influenciou essa variável, para os rapazes de 15 e 16 anos e para as moças nas três idades).

Na TABELA 5 é apresentado o comportamento do IMC, entre os NSE, por idade e gênero. Os rapazes apresentam diferenças estatísticas apenas aos 15 anos, entre os NSE alto e baixo; estas diferenças podem ser explicadas porque a discrepância da massa corporal no NSE alto e baixo é proporcionalmente maior do que a discrepância da estatura para os mesmos NSE. Para os demais rapazes e todas as moças não foi verificada nenhuma diferença estatística.

TABELA 5 – Valores médios, desvio-padrão e estatística F para o índice de massa corporal (IMC) entre os níveis sócio-econômicos (NSE), por idade e gênero.

Rapazes Idade

(anos) Alto NSE Médio NSE Baixo NSE F

15 21,61a ± 3,17 19,52ab ± 2,54 19,37b ± 2,52 4,62 16 20,95a ± 3,76 19,80a ± 3,30 18,91a ± 1,19 0,67 17 22,32a ± 3,71 21,74a ± 2,25 21,12a ± 2,79 0,28

Moças

Alto NSE Médio NSE Baixo NSE F

15 21,07a ±1,97 20,24a ±2,92 20,24a ±2,72 0,24 16 18,14a ±1,90 19,80a ±2,41 19,63a ±2,11 1,32 17 21,87* 19,90a ±2,78 20,78a ±2,56 0,14 **Apenas uma moça foi classificada como NSE alto pelo questionário da ANEP (1996).

ab letras iguais não indicam diferenças estatísticas (p >0,05).

Imagem

FIGURA 1 - Localização geográfica de Luís Eduardo Magalhães – BA.
TABELA 1 – Valores médios, desvio-padrão e estatística F para as variáveis de crescimento  físico entre os gêneros, por idade
TABELA 2 – Comportamento anual das variáveis de crescimento físico (massa corporal –  MC, estatura e índice de massa corporal – IMC) de rapazes e moças
TABELA 3 – Valores médios, desvio-padrão e estatística F para a variável massa corporal  entre níveis sócio-econômicos (NSE), por idade e gênero
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