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O PROCESSO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS - A EXPERIÊNCIA DE MINAS GERAIS (2003 – 2008)

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Universidade Federal de Ouro Preto

Programa de Pós-Graduação e

Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental Mestrado em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental

DISSERTAÇÃO

O PROCESSO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

INDUSTRIAIS - A EXPERIÊNCIA DE MINAS GERAIS

(2003 – 2008)

Autor: Renato Teixeira Brandão

(2)

ii

Universidade Federal de Ouro Preto

Programa de Pós-Graduação e

Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental Mestrado em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental

Renato Teixeira Brandão

O PRCESSO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS

- A EXPERIÊNCIA DE MINAS GERAIS (2003 – 2008)

Orientador: Prof. Dr. Arnaldo Freitas de Oliveira Júnior

Coorientadora: Profª. Drª. Maria Eleonora Deschamps Pires Carneiro

Ouro Preto, MG 2011

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iii Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br

B817p Brandão, Renato Teixeira.

O processo de gestão de resíduos sólidos industriais [manuscrito] : a experiência de Minas Gerais (2003-2008) / Renato Teixeira Brandão. – 2011. xiv, 125f. : il., color.; grafs.; tabs.; mapas.

Orientador: Prof. Dr. Arnaldo Freitas de Oliveira Júnior.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental.

Área de concentração: Resíduos sólidos

1. Resíduos sólidos - Teses. 2. Resíduos industriais - Aspectos ambientais - Teses. 3. Gestão ambiental - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

CDU: 502:628.54(815.1)

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v

AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares por estarem sempre ao meu lado. Em especial à minha esposa pela compreensão e carinho.

Ao meu orientador professor Arnaldo pela sabedoria e ensinamentos. À minha coorientadora professora Eleonora pela sua grande contribuição tanto neste trabalho quanto na minha formação profissional.

Aos meus colegas da FEAM por serem presença constante de colaboração e apoio nessa trajetória. Em especial aos companheiros Antônio Carlos, Bruno, Karine, Álvaro e Vandineia por todas as colaborações e considerações.

(6)

vi

RESUMO

Em 2002, com a publicação da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) № 313, o Estado de Minas Gerias deu início ao trabalho de elaboração de seu

primeiro Inventário de Resíduos Sólidos Industriais, que veio a ser publicado em outubro de 2003. Após a elaboração desse Inventário e sua exposição ao COPAM – Conselho de Política Ambiental, foi apresentada e aprovada a Deliberação Normativa № 90 de 2005 que

dispõe sobre a declaração de informações relativas às diversas fases de gerenciamento dos resíduos sólidos industriais no Estado de Minas Gerais. Assim, em 2008 foi criado o sistema on-line para o encaminhamento das informações referentes ao inventário. Os dados obtidos no inventário da Fundação Estadual do Meio Ambiente, ano base 2007, para as empresas classes 3, 4, 5, e 6, apresentaram várias inconformidades quando comparados àqueles das vistorias preliminares. A partir destas constatações, foi proposto esse trabalho que tem o objetivo de avaliar se as informações prestadas pelos empreendimentos no inventário de resíduos sólidos industrias de Minas Gerais está em conformidade com a realidade observada nas vistorias. Das 854 empresas que preencheram o inventário em 2007, foram realizadas vistorias em duas empresas que mais geraram resíduos por tipologia, totalizando 47 empresas. Nas vistorias foi preenchido um questionário para avaliação das inconsistências com relação aos dados do inventário. Dos empreendimentos vistoriados, cerca de 61,70% das empresas não apresentaram todos os resíduos gerados no processo produtivo; 36,17% não apresentaram todos os resíduos administrativos; e 34,04% não apresentaram resíduos de manutenção. As empresas, que, de acordo com as vistorias, apresentaram todos os resíduos, representam somente 21,28%, sendo dez empresas no total. Os resultados apresentados neste trabalho apontam distorções significativas relacionadas a todas as etapas de declarações do inventário, quando comparados aos dados apresentados e os observados nas vistorias. Assim, essas distorções podem comprometer e interferir de forma negativa no planejamento e na execução de políticas relacionadas aos resíduos sólidos industriais.

(7)

vii

ABSTRACT

In 2002, with the publication of the Resolution of the National Environmental Council (CONAMA) № 313, the State of Minas Gerais began the work of preparing its first

Industrial Waste Inventory, which came to be published in October 2003. After the preparation of the inventory and its exposure to COPAM - Environmental Policy Council, was presented and adopted the Normative Deliberation № 90 in 2005 which provides for

the declaration of information on the various phases of industrial solid waste management in the State of Minas Gerais. Thus, in 2008 created the online system for routing information pertaining to the inventory. The data in the inventory of the State Foundation on the Environment, base year 2007, for business classes 3, 4, 5 and 6 showed several mismatches when compared to those of the preliminary surveys. From these findings, it was proposed that this work aims to assess whether the information provided by enterprises in the inventory of solid waste industries of Minas Gerais is consistent with the observed reality in surveys. Of the 854 companies that completed the inventory in 2007, surveys were conducted in two companies that generate waste by type, comprising 47 companies. A questionnaire was fill out the surveys to assess inconsistencies with respect to inventory data. Of the projects surveyed, approximately 61.70% of companies did not provide all the waste generated in the production process; 36.17% did not have all the administrative waste, and 34.04% had no maintenance waste. The companies, which, according to the surveys showed all residues, representing only 21.28%, with ten companies in total. The results presented here show significant distortions related to all stages of the inventory statements, when compared to the data presented and seen in surveys. Thus, these distortions can compromise and interfere negatively in planning and implementation of policies related to industrial solid waste.

(8)

viii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ... ix

LISTA DE TABELAS ... xi

LISTA DE TABELAS ... xi

LISTA DE QUADROS ... xii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ... xiii

1 INTRODUÇÃO ... 15

2 OBJETIVOS ... 19

2.1 Objetivo geral ... 19

2.2 Objetivos específicos ... 19

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 20

3.1 Resíduos sólidos ... 20

3.2 Classificação dos resíduos ... 20

3.3 Políticas de Resíduos Sólidos ... 25

3.3.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ... 25

3.3.2 Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) ... 28

3.4 Inventários de resíduos sólidos industriais ... 31

3.4.1 Inventários Nacionais de Resíduos Sólidos Industriais – A Experiência de Portugal. ... 32

3.4.2 Inventários Nacionais de Resíduos Sólidos Industriais – A Experiência do Brasil ...35

3.5 Inventário de Resíduos Sólidos Industriais – A experiência de Minas Gerais ... 37

3.5.1 Inventário 2003 ... 37

3.5.2 Inventário 2007 ... 46

3.5.3 Inventário 2008 ... 55

3.6 Tipos de destinação final dos resíduos sólidos ... 66

3.6.1 Reciclagem ... 66

3.6.2 Incineração... 67

3.6.3 Coprocessamento ... 68

3.6.4 Compostagem ... 69

3.6.5 Aterros ... 70

3.6.6 Barragens de rejeito ... 73

3.7 Normas Técnicas para classificação, armazenamento e destinação de resíduos .. 74

4 METODOLOGIA ... 75

4.1 Seleção do banco de dados ... 75

4.2 Seleção das empresas a serem vistoriadas ... 77

4.3 Procedimentos das vistorias ... 81

5 Resultados e discussão ... 82

5.1 Processo Produtivo, insumos e produtos ... 82

5.2 Geração de Resíduos ... 85

5.3 Armazenamento de Resíduos ... 94

5.4 Destinação ... 95

5.5 Resíduos gerados em anos anteriores ... 98

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ... 100

(9)

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 - Fluxograma geral para a caracterização e classificação de resíduos. ... 24

Figura 3.2 - Concepção geral da metodologia do Inventário de Portugal. ... 34

Figura 3.3 - Mapa das Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e respectivas sedes. ... 40

Figura 3.4 - Percentual de resíduos perigosos e não perigosos em 2003. ... 42

Figura 3.5 - Percentual de resíduos por formas de destinação em 2003. ... 43

Figura 3.6 - Empresas inventariadas por SUPRAM em 2007. ... 48

Figura 3.7 - Porcentagem de resíduos perigosos e não perigosos 2007. ... 50

Figura 3.8 - Porcentagem de resíduos perigosos por SUPRAM 2007. ... 51

Figura 3.9 - Relação dos tipos de destinos de resíduos 2007. ... 51

Figura 3.10 - Destinos dos resíduos encaminhados a destinação interna 2007. ... 52

Figura 3.11 - Relação dos tipos de destino 2007 excluindo pilhas, cavas e barragens. ... 52

Figura 3.12 - Destinos dos resíduos encaminhados a destinação externa 2007. ... 53

Figura 3.13 - Destinos dos resíduos encaminhados a destinação interna 2007 exceto pilhas, cavas e barragens. ... 54

Figura 3.14 - Empresas inventariadas por SUPRAM em 2008. ... 58

Figura 3.15 - Porcentagem de resíduos industriais por classe 2008. ... 59

Figura 3.16 - Porcentagem de resíduos minerários por classe 2008. ... 59

Figura 3.17 - Porcentagem de rejeito por classe 2008. ... 60

Figura 3.18 - Porcentagem de estéril por classe 2008. ... 60

Figura 3.19 - Relação dos tipos de destinos de resíduos indústrias 2008. ... 63

Figura 3.20 - Destinos dos resíduos indústrias encaminhados à destinação interna 2008. . 63

Figura 3.21 - Destinos dos resíduos industrias encaminhados à destinação externa 2008. . 65

Figura 3.22 - Relação dos tipos de destinos de resíduos industriais 2008... 65

Figura 4.1 - Mapa de distribuição dos municípios que tiveram empresas vistoriadas no Estado de Minas Gerais. ... 79

Figura 5.1 – Porcentagem de empresas que apresentaram os insumos no seu processo produtivo. ... 82

Figura 5.2 - Número de empresas que não apresentaram 1, 2, 3 ou mais insumos. ... 83

Figura 5.3 - Porcentagem de empresas que apresentaram os produtos no seu processo produtivo. ... 83

(10)

x Figura 5.5 – Número de empresas por tipo de problema na apresentação das etapas do

processo produtivo. ... 85

Figura 5.6 - Principais problemas com a quantificação dos resíduos. ... 87

Figura 5.7 - Relação de consistência da classificação de resíduos pelas empresas. ... 88

Figura 5.8 - Relação de empresas quanto à apresentação dos laudos... 89

Figura 5.9 - Número de empresas que não declararam seus resíduos, divididos por setor. 90 Figura 5.10 - Número de tipos de resíduos não declarados, divididos por setor. ... 90

Figura 5.11 - Número de empresas que não apresentaram 1, 2, 3 ou mais resíduos. ... 91

Figura 5.12 - Número de resíduos perigosos e não perigosos não declarados do processo produtivo. ... 92

Figura 5.13 - Porcentagem de resíduos perigosos e não perigosos não declarados. ... 93

Figura 5.14 - Empresas que não declararam a quantidade de lâmpadas, pilhas e baterias e outros resíduos gerados. ... 93

Figura 5.15 - Número de áreas que apresentaram ou não estrutura adequada para armazenamento dos resíduos. ... 94

Figura 5.16 - Porcentagem de destinação DE, DI e SDD... 95

Figura 5.17 - Porcentagem de empresas que apresentaram ou não todos os destinos dos resíduos. ... 96

Figura 5.18 – Tipos de resíduos com DE por tipo de destinação. ... 96

Figura 5.19 - Tipos de resíduos com DI por tipo de destinação. ... 97

Figura 5.20 – Número de empresas que não declararam os resíduos: lâmpadas, pilhas e baterias e óleos lubrificantes... 98

(11)

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Trabalho de campo do Inventário de Portugal ... 35

Tabela 3.2- Geração de Resíduos por Estado no Brasil no período de 2001 a 2005. ... 36

Tabela 3.3 - Empresas inventariadas em 2003 por regional ... 41

Tabela 3.4 - O percentual dos dez resíduos mais gerados em 2003. ... 41

Tabela 3.5 - Empresas inventariadas em 2007 por atividade ... 47

Tabela 3.6 - Resíduos mais gerados em 2007 ... 49

Tabela 3.7 - Resíduos mais gerados, excluindo estéril e rejeito, em 2007 ... 49

Tabela 3.8 - Empresas minerárias inventariadas por atividade em 2008 ... 56

Tabela 3.9 - Indústrias inventariadas por atividade em 2008 ... 57

Tabela 3.10 - Resíduos mais gerados pelas indústrias 2008... 61

Tabela 3.11 - Resíduos mais gerados pelas minerações 2008 ... 62

Tabela 4.1 - Relação do números de empresas e geração de resíduos por atividade nos aos de 2007 e 2008 ... 76

Tabela 4.2 - Relação entre o total de resíduos inventariados no ano de 2007 e o total de resíduos vistoriados por atividade ... 78

(12)

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1.1 - Atividades que devem preencher o Inventário segundo a DN № 90/2005 .... 17

(13)

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AR Aviso de Recebimento

BDA Banco de Dados Ambientais

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COPAM Conselho de Política Ambiental

DI Destino Interno

DE Destino Externo

DM Dentro da Mineração

DN Deliberação Normativa

EPA Environmental Protection Agency

FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente

FIEMG Federação das Indústrias de Minas Gerais

FNMA Fundo Nacional do Meio Ambiente

GERES Gerência de Resíduos Sólidos

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

INE Instituto Nacional de Estatística

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia e Normalização e Qualidade Industrial

LDR Land Disposal Restrictions

MMA Ministério do Meio Ambiente

NBR Norma Técnica Brasileira

PERS Política Estadual de Resíduos Sólidos

(14)

xiv PROSAM Programa de Saneamento Ambiental

RIB Resíduos Industriais Banais

RIP Resíduos Industriais Perigosos

SDD Sem Destino Definido

SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

SIAM Sistema de Informação Ambiental

SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente

SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

SUASA Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária

SUPRAM Superintendência de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

(15)

15

1

INTRODUÇÃO

Desde o início do processo de industrialização da sociedade até há algumas décadas , a poluição era considerada consequência inevitável das atividades industriais, causando, assim, impactos negativos em várias regiões do mundo, tendo como principal preocupação os relacionados à saúde humana. Os órgãos ambientais surgiram com a preocupação de fiscalizar as empresas e impor padrões de atendimento e as empresas, por sua vez, se preocupavam somente em atender a esses limites.

O mundo atual é marcado por uma sociedade extremamente consumista, estruturada na massificação do consumo de bens e produtos para atender as suas necessidades básicas, bem como à satisfação de seus desejos pelo supérfluo. Segundo Silva (2005), quanto mais consumista for uma sociedade maior volume de resíduos ou dejetos ela produzirá.

O avanço tecnológico e industrial não nos trouxe apenas o desejado. Junto com os novos produtos vieram os diversos tipos de poluição ambiental, os agravos à saúde humana e aos sistemas ecológicos. Para completar, tal avanço trouxe, também, o aumento da capacidade do homem para explorar os recursos naturais.

Os problemas ambientais que ocorrem hoje no mundo poderiam, em sua maioria, ser evitados se a educação ambiental e a consequente conscientização ecológica fizessem parte das preocupações das sociedades desenvolvidas desde a revolução industrial. O desconhecimento dos efeitos ambientais de certas ações está na origem de grandes desastres ecológicos. Parece ser consensual a necessidade de disseminar, entre todos, desde a infância, uma nova consciência e mudança de atitudes, visando à construção de um desenvolvimento sustentável (MISSIAGGIA, 2002).

A resolução dos problemas ambientais na sua origem facilita a compatibilização dos procedimentos e práticas ambientalmente aceitos, com o conceito de desenvolvimento sustentável.

(16)

16 crescente de geração de resíduos sólidos que, aliado à evolução econômica , aumenta, ainda mais, as dificuldades para o gerenciamento desses resíduos.

Neste contexto, o gerenciamento de resíduos sólidos industriais tem sido alvo de preocupação em todo o mundo. O grande potencial de contaminação do meio ambiente pelo homem levou a elaboração de acordos internacionais, sendo o mais conhecido na área de resíduos a Convenção da Basileia, emitido em 1989. Esse acordo traça diretrizes para o controle de movimentação transfronteiriças de resíduos sólidos perigosos e sua disposição (TANIMOTO, 2004).

Em todas as áreas de atividades humanas, resíduos são gerados de acordo com os métodos de produção e práticas de consumo, apresentando variação quanto à composição e volume. Os resíduos perigosos são particularmente importantes, pois, quando incorretamente gerenciados, podem causar danos à saúde humana e ao meio ambiente.

Em 2002, com a publicação da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) № 313, o Estado de Minas Gerais deu início ao trabalho de elaboração de

seu primeiro Inventário de Resíduos Sólidos Industriais, que veio a ser publicado em outubro de 2003. A partir dos dados obtidos foi possível fazer uma primeira caracterização do gerenciamento dos resíduos sólidos industriais.

Após a elaboração do Inventário de Resíduos Sólidos Industriais e sua apresentação no COPAM (Conselho de Política Ambiental), foi apresentada e aprovada a Deliberação Normativa № 90 de 2005 que dispõe sobre a declaração de informações relativas às

diversas fases de gerenciamento dos resíduos sólidos industriais no Estado de Minas Gerais. Essa Deliberação Normativa discrimina quais as tipologias (Quadro 1.1) previstas na Deliberação Normativa № 74/2004 devem apresentar as informações sobre

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17 Quadro 1.1 - Atividades que devem preencher o Inventário segundo a DN № 90/2005.

Código DN № 74 Descrição da atividade DN №74

A-01 Lavra subterrânea

A-02 Lavra a céu aberto

B-01 Indústria de produtos minerais não metálicos

B-02 Siderurgia com redução de minério

B-03 Indústria metalúrgica - metais ferrosos

B-04 Indústria metalúrgica - metais não ferrosos

B-05 Indústria metalúrgica – fabricação de artefatos

B-06 Indústria metalúrgica - tratamentos térmicos,

químicos e superficial

B-07 Indústria mecânica

B-08 Indústria de material eletroeletrônico

B-09 Indústria de material de transporte

B-10 Indústria da madeira e de mobiliário

C-01 Indústria de papel e papelão

C-02 Indústria da borracha

C-03 Indústria de couros e peles

C-04 Indústria de produtos químicos

C-05 Indústria de produtos farmacêuticos e

veterinários

C-07 Indústria de produtos de matérias plásticas

C-08 Indústria têxtil

C-09 Indústria de vestuário, calçados e artefatos de tecidos em couros

C-10-03-0 Fabricação de próteses

C-10-04-9 Fabricação de materiais fotográfico,

cinematográfico ou fonográfico

C-10-05-7 Fabricação de instrumentos e material ótico C-10-09-1 Fabricação de outros artigos de plástico,

borracha, madeira ou outros materiais (exclusive metais), não especificados ou não classificados.

D-02-08-9 Destilação de álcool

F-05 Processamento, beneficiamento, tratamento

e/ou disposição final de resíduos

Fonte: (FEAM, 2008)

(18)

18 Na elaboração do Inventário de 2007 foram compilados os dados de 854 empresas que se dividiam em 24 tipologias (2 não apresentaram empresas). Uma das conclusões e recomendações do Inventário é que 346 (42%) das empresas apresentaram até 4 resíduos gerados, o que indica que grande parte das empresas não tem conhecimento da quantidade de resíduos que geram.

Em 2008 a Gerência de Resíduos Sólidos (GERES) da FEAM começou a realizar vistorias em algumas empresas que apresentaram o Inventário para a verificação dos dados apresentados e do sistema de gerenciamento de resíduos. A partir dessas vistorias observaram-se incompatibilidades entre os dados apresentados pelos empreendimentos e as verificações nas vistorias.

É muito importante para a indústria conhecer a caracterização dos resíduos por ela gerados, principalmente quanto à sua periculosidade, além da formas adequadas de armazenamento, transporte e disposição (GALVÃO FILHO& ASSUNÇÃO, 2003). Para o Estado, o conhecimento da situação atual do gerenciamento de resíduos em seu território é de suma importância para a definição de políticas públicas que objetivem o melhoramento da sua gestão dos resíduos.

(19)

19

2

OBJETIVOS

2.1

Objetivo geral

Avaliar se as informações prestadas pelos empreendimentos no inventário de resíduos sólidos industrias de Minas Gerais está em conformidade com a realidade observada nas vistorias.

2.2

Objetivos específicos

• Selecionar o banco de dados com maior representatividade em relação ao estado;

• Selecionar as empresas a serem vistoriadas;

• Definição de metodologia para a avaliação;

• Elaborar questionário a ser aplicados nas vistorias;

• Realizar vistorias nas empresas selecionadas;

(20)

20

3

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta uma conceituação sobre os resíduos e suas classificações; faz uma apresentação do inventário de resíduos sólidos em outros países, no Brasil e em Minas Gerais apresentando a evolução dos dados para o Estado; descreve pontos relevantes para o gerenciamento de resíduos industriais dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos e da Política Estadual de Resíduos Sólidos; apresenta as formas de tratamento e disposição final de resíduos mais utilizadas e identifica uma lista de normas aplicáveis a resíduos sólidos industriais.

3.1

Resíduos sólidos

A Norma Técnica Brasileira (NBR) 10.004 (ABNT, 2004), bem como as Políticas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos, define resíduos sólidos como todos os resíduos no estado sólido ou semi-sólido que resultam de atividades industriais, domésticas, hospitalares, comerciais, agrícolas, de serviços e de varrição, incluindo os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas características tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água ou que exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face de melhor tecnologia disponível. Segundo Missiaggia (2002) resíduos sólidos são os restos das atividades humanas, considerados como inúteis, indesejáveis ou descartáveis.

3.2

Classificação dos resíduos

Os resíduos sólidos podem ser classificados de várias formas possíveis, sendo as duas principais: o primeiro por risco à saúde pública e ao meio ambiente e o segundo pela origem.

(21)

21

domiciliar: aquele originado na vida diária das residências, constituído por

restos de alimentos (casca de frutas, verduras, sobras, etc.), produtos deteriorados, jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros itens. Contém, ainda, alguns resíduos que podem ser tóxicos.

comercial: aquele originado nos diversos estabelecimentos comerciais e de

serviços, tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes, etc.

O lixo desses locais tem grande quantidade de papel, plásticos, embalagens diversas e resíduos de asseio dos funcionários, tais como papel-toalha, papel higiênico, etc.

público: aquele originado dos serviços de:

o limpeza pública urbana, incluindo-se todos os resíduos de varrição das

vias públicas; limpeza de praias; limpeza de galerias, córregos e terrenos; restos de podas de árvores; corpos de animais, etc.

o limpeza das áreas de feiras livres, constituído por restos vegetais

diversos, embalagens, etc.

serviços de saúde e hospitalares: constituem os resíduos sépticos, ou seja,

aqueles que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos, oriundos de locais como: hospitais, clinicas, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde, etc. Trata-se de agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e tecidos removidos, meios de culturas e animais usados em testes, sangue coagulado, luvas descartáveis, remédios com prazo de validade vencido, instrumentos de resina sintética, filmes fotográficos de raios X, etc.

Os resíduos assépticos desses locais, constituídos por papéis, restos da preparação de alimentos, resíduos de limpezas gerais (pós, cinzas, etc.) e outros materiais, desde que coletados segregadamente e não entrem em contato direto com pacientes ou com os resíduos sépticos anteriormente descritos, são semelhantes aos resíduos domiciliares.

portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários: constituem os

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22 ferroviários. Basicamente, constituem-se de materiais de higiene, asseio pessoal, e restos de alimentos, os quais podem veicular doenças provenientes de outras cidades, estados e países.

Também neste caso, os resíduos assépticos desses locais, desde que coletados segregadamente e não entrem em contato direto com os resíduos sépticos anteriormente descritos, são semelhantes aos resíduos domiciliares.

• industrial: aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como metalúrgica, química, petroquímica, papelaria, alimentícia, etc.

O lixo industrial é bastante variado podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papéis, madeiras, fibras, borrachas, metais, escórias, vidros e cerâmica, etc. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria de resíduos considerados tóxicos (Classe I).

agrícola: São resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária. Incluem

embalagens de fertilizantes e de defensivos agrícolas, rações, restos de colheita, etc.

Em várias regiões do mundo, esses resíduos já constituem uma preocupação crescente, destacando-se as enormes quantidades de esterco animal geradas nas fazendas de pecuária intensa.

As embalagens de agroquímicos, geralmente altamente tóxicos, têm sido alvo de legislação específica quanto aos cuidados na sua destinação final. A tendência mundial, neste particular, é para a corresponsabilização da indústria fabricante nesta tarefa.

entulho: resíduos da construção civil, composto por materiais de demolição,

restos de obras, solos de escavações diversas, etc. O entulho é geralmente um material inerte, passível de reaproveitamento, porém geralmente contém uma vasta gama de matérias que podem lhe conferir toxicidade, com destaque para os restos de tintas e de solventes, peças de amianto e metais diversos, cujos componentes podem ser remobilizados caso o material não seja disposto adequadamente.

Para a classificação dos resíduos quanto ao risco à saúde pública e ao meio ambiente utiliza-se a Norma da ABNT № 10.004, de 2004, na qual esses resíduos são divididos

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23 Classe II apresenta duas subdivisões: Classe II A para os resíduos não inertes e Classe II B para os resíduos inertes.

Os resíduos Classe I são definidos como aqueles cujas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas possam acarretar riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Para que um resíduo seja apontado como Classe I, este deverá constar nos anexos A ou B da NBR 10.004/2004 ou apresentar uma ou mais das seguintes características: corrosividade, reatividade, inflamabilidade, toxicidade ou patogenicidade.

Os resíduos da Classe II B inertes são quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10.007/2004, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10.006/2004, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G (ABNT 10.004, 2004).

Já os resíduos da Classe II A são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos da Classe I - Perigosos ou de resíduos da Classe II B - inertes, nos termos dos itens anteriores. Os resíduos da Classe II A – não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

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24 Figura 3.1 - Fluxograma geral para a caracterização e classificação de resíduos.

(25)

25 A NBR10.004 foi atualizada no fim de 2004, quando passou por uma mudança conceitual na qual, na antiga versão, o foco principal era a classificação dos resíduos para a disposição em aterros. A nova versão apresenta como objetivo principal a classificação para o gerenciamento adequado dos resíduos, englobando as etapas de manuseio, armazenamento e transporte. A utilização dos resíduos pode ser determinada em função de vários fatores de acordo com o tipo de destinação.

Para a classificação do resíduo deve ser apresentado laudo contendo a indicação da origem do mesmo, descrição do processo de segregação e descrição do critério adotado na escolha de parâmetros analisados, quando for o caso, incluindo os laudos de análises laboratoriais elaborados por responsáveis técnicos habilitados. Quando o resíduo consta nas listagens dos anexos A ou B da NBR10.004/2004, o laudo pode apresentar somente a identificação do processo produtivo.

3.3

Políticas de Resíduos Sólidos

3.3.1

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

A Política Nacional de Resíduos Sólidos – recentemente sancionada pelo Presidente da República em 2 de agosto de 2010, por meio da Lei 12.305/10 – teve um longo histórico de tramitação no Congresso Nacional que se iniciou em 1991com a apresentação do Projeto de Lei – PL 203 e, posteriormente, apensadas 74 proposituras relacionadas ao assunto. Essa lei dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.

(26)

26 gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos; além da definição de gestãointegrada de resíduos sólidos – conjunto de ações que visam a soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável.

Dentro dos princípios instituídos da lei, alguns já foram anteriormente estabelecidos como os da prevenção e da precaução e do poluidor-pagador até princípios novos como o da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

Os inventários, o sistema declaratório de resíduos sólidos e os planos de resíduos sólidos são considerados, na Lei, como uns de seus instrumentos.

Conforme o artigo 20 dessa Lei, estão sujeitos à elaboração do plano de gerenciamento de resíduos sólidos:

I - os geradores de resíduos sólidos previstos nas alíneas "e", "f", "g" e "k" do inciso I do art. 13;

II - os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que: a) gerem resíduos perigosos;

b) gerem resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua natureza, composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal;

III - as empresas de construção civil, nos termos do regulamento ou de normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama;

IV - os responsáveis pelos terminais e outras instalações referidas na alínea "j" do inciso I do art. 13 e, nos termos do regulamento ou de normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e, se couber, do SNVS, as empresas de transporte;

V - os responsáveis por atividades agrossilvopastoris, se exigido pelo órgão competente do Sisnama, do SNVS ou do Suasa.

(27)

27 geradores de resíduos sólidos de serviços públicos de saneamento básico, resíduos indústrias, resíduos de serviços de saúde e resíduos de mineração.

O artigo 21 define os requisitos mínimos que deverão ser apresentados no plano de gerenciamento de resíduos sólidos:

I - descrição do empreendimento ou atividade;

II - diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados, contendo a origem, o volume e a caracterização dos resíduos, incluindo os passivos ambientais a eles relacionados;

III - observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa e, se houver, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos:

a) explicitação dos responsáveis por etapa do gerenciamento de resíduos sólidos;

b) definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do gerador;

IV - identificação das soluções consorciadas ou compartilhadas com outros geradores; V - ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de gerenciamento incorreto ou acidentes;

VI - metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de resíduos sólidos e, observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, à reutilização e reciclagem;

VII - se couber, ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, na forma do art. 31;

VIII - medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos; IX - periodicidade de sua revisão, observado, se couber, o prazo de vigência da respectiva licença de operação a cargo dos órgãos do Sisnama.

(28)

28 O artigo 27 define a responsabilidade do gerador dos resíduos dos empreendimentos obrigados a realizar o plano de gerenciamento de resíduos sólidos contemplados no artigo 20 desta lei, independentemente das contratações de serviços de coleta, armazenamento, transporte, transbordo, tratamento ou destinação por danos que vierem a ser provocados pelo gerenciamento inadequado dos respectivos resíduos ou rejeitos.

A instalação e o funcionamento de empreendimento ou atividade que gere ou opere com resíduos perigosos somente podem ser autorizados ou licenciados pelas autoridades competentes se o responsável comprovar, no mínimo, capacidade técnica e econômica, além de condições para prover os cuidados necessários ao gerenciamento desses resíduos.

Ficam proibidas, ainda, as seguintes formas de destinação ou disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos:

I - lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;

II - lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração;

III - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para essa finalidade;

3.3.2

Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS)

Anterior à Política Nacional de Resíduos, a Política Estadual de Resíduos Sólidos – amparada pela Lei 18.031 e sancionada pelo Governador em doze de janeiro de 2009 – apresenta muitas definições em comum com a Política Nacional.

A definição de resíduos sólidos utilizada na PERS é apresentada conforme a NBR 10.004/2004. Os rejeitos apresentam a mesma definição nas duas políticas: são os resíduos sólidos que, depois de esgotadas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos viáveis econômica e ambientalmente, se destinem à disposição final ambientalmente adequada.

(29)

29 montagem e manipulação de produtos acabados, inclusive aqueles gerados em áreas de utilidade, apoio, depósito ou administração das referidas indústrias ou similares.

A gestão integrada de resíduos sólidos é definida como o conjunto articulado de ações políticas, normativas, operacionais, financeiras, de educação ambiental e de planejamento desenvolvidas e aplicadas aos processos de geração, segregação, coleta, manuseio, acondicionamento, transporte, armazenamento, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos.

O artigo 2.º da Lei determina a aplicação das normas homologadas pelos órgãos do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, do Instituto Nacional de Metrologia e Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO e da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Esse artigo formaliza a utilização das normas da ABNT pelo Estado de Minas Gerais, com a aplicação de todas as referentes a resíduos.

Os princípios adotados na política são apresentados na seguinte ordem: I - a não geração;

II - a prevenção da geração; III - a redução da geração;

IV - a reutilização e o reaproveitamento; V - a reciclagem;

VI - o tratamento;

VII - a destinação final ambientalmente adequada; VIII - a valorização dos resíduos sólidos.

A Política Estadual define como competência dos geradores de resíduos das atividades industrial e minerária a responsabilidade pelo seu gerenciamento, desde a sua geração até a destinação final, incluindo:

I - a separação e a coleta interna de resíduos de acordo com suas classes e características;

II - o acondicionamento, a identificação e o transporte interno, quando for o caso;

(30)

30 IV - a apresentação de resíduos para coleta externa, quando for o caso, de acordo com as normas pertinentes e na forma exigida pelas autoridades competentes;

V - o transporte, o tratamento e a destinação final dos resíduos, na forma exigida pela legislação pertinente.

O gerenciamento deverá ser realizado por meio do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e integrará os documentos que comporão o processo de licenciamento. Esse processo apresenta um levantamento da situação, naquele momento, do sistema de manejo dos resíduos sólidos, a pré-seleção das alternativas mais viáveis e o estabelecimento de ações integradas e diretrizes relativas aos aspectos ambientais, educacionais, econômicos, financeiros, administrativos, técnicos, sociais e legais para todas as fases de gestão dos resíduos sólidos, desde a sua geração até a destinação final.

Ressaltam-se como instrumentos da política os seguintes itens:

I - os indicadores para o estabelecimento de padrões setoriais relativos à gestão dos resíduos sólidos;

II - os Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, elaborados com base em padrões setoriais, com definição de metas e prazos;

V - o inventário estadual de resíduos sólidos industriais, instituído pela Resolução Conama n.º 313, de 2002;

VII - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios destinados a atividades que adotem medidas de não geração, redução da geração, reutilização, reaproveitamento, reciclagem, geração de energia, tratamento ou disposição final de resíduos sólidos;

VIII - o controle e a fiscalização;

IX - os programas de incentivo à adoção de sistemas de gestão ambiental pelas empresas;

X - os incentivos para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias ligadas à gestão de resíduos sólidos.

(31)

31 perigosos no Estado dependem de prévia autorização dos órgãos ambientais competentes. O artigo 46 em seu parágrafo único ressalta que a importação e a exportação de resíduos perigosos deverão ser comunicadas ao Conselho Estadual de Política Ambiental – Copam; porém, esse item não dá a prerrogativa ao COPAM de proibir a entrada de resíduos perigosos no Estado.

3.4

Inventários de resíduos sólidos industriais

Tanto no âmbito estadual quanto na esfera nacional, há limitação de informações precisas acerca do universo de indústrias geradoras de resíduos por tipologia; quanto à localização; características e quantificação desses resíduos; e identificação das áreas de risco, com passivos ambientais por disposição final inadequada.

O controle efetivo dos resíduos industriais com características de periculosidade é uma preocupação de toda a sociedade e depende da manutenção dos dados atualizados de geração e destinação final, de modo a possibilitar a avaliação da fonte poluidora e a identificação da real necessidade de cada ramo industrial aperfeiçoar o seu gerenciamento.

Uma das ferramentas básicas recomendadas para avaliar o cenário dos resíduos sólidos é a realização prévia do inventário – instrumento que, por meio da obtenção de dados cadastrais e de pesquisa de campo das fontes geradoras, sistematiza as informações sobre a geração, acondicionamento, transporte, armazenamento e destino final. Essas avaliações podem ser empregadas em importantes trabalhos de planejamento das ações de controle da poluição industrial, auxiliando, por exemplo, na priorização dessas ações, ao considerar o cruzamento das potencialidades da poluição por geração de resíduos sólidos no planejamento de usos do solo e no planejamento empreendido pelos órgãos estaduais de meio ambiente, visando ao desenvolvimento industrial sustentado (FEPAM, 1997). Assim, o inventário é o início do planejamento para o gerenciamento dos resíduos, uma vez que todas as ações seguintes usarão como base as informações geradas nessa fase.

(32)

32

• possibilidade de identificar a magnitude do impacto no meio ambiente a fim de facilitar a aplicação de medidas mais adequadas por parte das fontes poluidoras e das autoridades ambientais para a coleta, o transporte, tratamento e armazenamento temporário ou final dos resíduos;

• conhecer e caracterizar os resíduos com a finalidade de buscar formas mais eficientes e seguras de reutilização, reciclagem, tratamento e destinação final;

• incentivar o desenvolvimento de tecnologias industriais “mais limpas” que contribuam para a redução de resíduos produzidos;

• permitir a criação de uma base de dados quantitativa e qualitativa dos resíduos produzidos para outros estudos;

• planejar corretamente a criação e manutenção de aterros e depósitos controlados;

• classificar os resíduos de acordo com a legislação vigente;

• identificar os reais riscos à saúde e segurança pública;

• Identificar, controlar e fiscalizar os sítios de impactos;

• estabelecer corretos mecanismos de base para a atualização dos aspectos legais, como a definição das Leis atuantes sobre o tema;

• viabilizar novos empreendimentos de gerenciamento e reutilização dos resíduos que contribuem indiretamente para a criação de emprego e renda.

3.4.1

Inventários Nacionais de Resíduos Sólidos Industriais – A

Experiência de Portugal

O trabalho realizado em Portugal foi um dos primeiros no âmbito nacional para os resíduos sólidos industriais. O processo de inventariação teve com objetivo obter informações sobre a produção de resíduos industriais banais (RIB) e perigosos (RIP) produzidos em 2001. Esse projeto fez parte do desenvolvimento e atualização da política de gestão de resíduos industriais naquele país. O trabalho de campo e as análises dos resultados foram realizados por seis grandes universidades portuguesas distribuídas pelo território.

(33)

33 de mapas anuais de registro de resíduos disponível, mas também das deficiências detectadas no respectivo preenchimento. Adicionalmente, o carregamento em base de dados daqueles mapas (referentes a 2001), à data do início do estudo, era parcial, o que, necessariamente, implicava dificuldades inultrapassáveis em um curto espaço de tempo. No entanto, o aspecto determinante, relativo à informação disponível, centrou-se, como referido, na carência de representatividade e consistência dos dados existentes, inviabilizando a respectiva utilização dentro de margens de erro aceitáveis. Assim, e considerando:

(i) que o preenchimento presencial de mapas de resíduos acrescentaria qualidade à informação a obter;

(ii)que o Instituto Nacional de Estatística (INE) não dispunha de informação da produção industrial suficientemente desagregada por produtos, nem regionalizada e

(34)

34 Figura 3.2 - Concepção geral da metodologia do Inventário de Portugal.

Fonte: (Instituto dos Resíduos, 2003)

Este estudo foi desenvolvido a partir de quatro fases, assim divididas (Instituto dos Resíduos, 2003):

Fase 1 – Preparação do Inventário - Esta Fase, preparatória do estudo a desenvolver,

incluiu as seguintes atividades: a) identificação de entidades (Câmaras Municipais, Associações Industriais, Associações Setoriais e outras) pertinentes à realização do estudo; b) sensibilização das entidades referidas em (a) e recolhimento de informações disponíveis sobre produção de RIB e RIP; c) verificação da implantação geográfica de unidades industriais, no âmbito de intervenção do estudo; d) planejamento da realização do estudo; e) recrutamento e seleção de pessoal para realização de trabalho de campo; f) formação do pessoal selecionado; g) concepção e estabelecimento de uma estrutura para planejamento e coordenação do trabalho de campo; h) contratação de meios necessários à execução do estudo.

Fase 2 – Trabalho de Campo – Execução de Trabalho de Campo. Consistiu nas

(35)

35 Tabela 3.1 - Trabalho de campo do Inventário de Portugal.

Universidade Unidades Industriais Visitantes

Porto 2581

Nova de Lisboa 2006

Minho 2414

Aveiro 1680

Algarve 1219

Total 9900

Fonte: (Instituto dos Resíduos, 2003)

Fase 3 – Desenvolvimento de Indicadores de Produção RIB e RIP - Essa Fase

correspondeu ao desenvolvimento de indicadores de produção de RIB e RIP (Fatores de Emissão), ou seja, do estudo e proposta de tipos e quantidades de resíduos produzidos por unidade de produto, de forma a permitir extrapolar a produção de resíduos com base em produtos produzidos no país. O desenvolvimento dos mencionados indicadores baseou-se na informação obtida por meio das seguintes atividades:

• pesquisa bibliográfica;

• análise da produção de RIB e RIP em unidades industriais especialmente representativas do(s) setor(es) em observação e eventual preenchimento dos correspondentes mapas de resíduos, para ratificar a informação.

Fase 4 – Tratamento das Informações – Tratamento dos dados obtidos na Fase 2, para

estimativa de quantidades de RIB e RIP, por setor e por produto, visando à aplicação de indicadores desenvolvidos .

3.4.2

Inventários Nacionais de Resíduos Sólidos Industriais – A

Experiência do Brasil

Para a realização da um inventário de resíduos no âmbito nacional, o CONAMA publicou em julho de 1988 a Resolução № 006, a qual estabelecia que, no processo de

(36)

36 A publicação da Resolução № 313 de 2002 do CONAMA, conforme constate no

Anexo I, revogou a Resolução № 006 e instituiu o Inventário Nacional de Resíduos

Sólidos Industriais que visa coletar informações sobre geração, características, armazenamento, transporte e destinação dos resíduos sólidos gerados por determinadas tipologias industriais no parque industrial brasileiro, por meio dos órgãos estaduais de meio ambiente. Essa regulamentação iniciou os trabalhos de compilação dos dados estaduais que tiveram apoio do Ministério do Meio Ambiente – MMA.

Segundo Abrelpe (2009), os Estados Acre, Amapá, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul apresentaram seus inventários entre os anos de 2001 e 2005; São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro utilizaram dados do Panorama das Estimativas de Geração de Resíduos Industriais – ABETRE/FGV, como mostra a Tabela 2.2.

Tabela 3.2- Geração de Resíduos por Estado no Brasil no período de 2001 a 2005.

UF Perigosos (t/ano) Não Perigosos (t/ano) Total (t/ano)

AC 5.500 112.765 118.265

AP 14.341 73.211 87.552

CE 115.238 393.831 509.069

GO 1.044.947 12.657.326 13.702.273

MG 828.183 14.337.011 15.165.194

PE 81.583 7.267.930 7.349.513

RS 182.170 946.899,76 1.129.070

PR 634.543 15.106.393 15.740.936

RJ 293.953 5.768.562 6.062.515

SP 535.615 26.084.062 26.619.677

Total 3.736.073 82.747.991 86.484.064

(37)

37

3.5

Inventário de Resíduos Sólidos Industriais – A experiência de

Minas Gerais

3.5.1

Inventário 2003

O Inventário Estadual de 2003 foi o primeiro realizado em Minas Gerias e teve como principal embasamento legal a Resolução CONAMA № 313 de 2002 e o apoio Fundo

Nacional do Meio Ambiente – FNMA do Ministério do Meio Ambiente – MMA.

Para a seleção das indústrias foram utilizados três bancos de dados: o primeiro (Primário) e o terceiro (Têxtil) provenientes de pesquisas no sistema da FEAM; o segundo (PROSAM) obtido a partir da listagem das empresas selecionadas no Programa de Saneamento Ambiental das sub-bacias do Arrudas e Onça, totalizando 1305 indústrias, como mostrado no Quadro 2.5.

Quadro 3.1 - Número de indústrias por banco de dados utilizados no inventário 2003.

Banco de Dados Número de Indústrias

Primário 932

Prosam 160

Têxtil 213

Total 1305

Fonte: (FEAM, 2003)

(38)

38 As empresas foram convocadas, por meio de ofício encaminhado via correio, com Aviso de Recebimento – AR. Os representantes das empresas foram convidados para reuniões momento em que foi apresentado o programa de informática utilizado, explicando o preenchimento do formulário, por meio do Manual de Instruções desenvolvido especialmente para esse fim, procurando, dessa forma, dirimir as dúvidas e questões gerais sobre o Inventário. Para o desenvolvimento do Inventário foi utilizado o programa-base disponível pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), desenvolvido especialmente para fins de obtenção de dados de resíduos sólidos industriais nos Estados que utilizam como ferramenta de banco de dados o Microsoft Access. O período de execução do Inventário foi de agosto de 2002 a outubro de 2003.

O Inventário contou com duas formas de retorno dos formulários: relatório impresso, gerado pelo próprio programa, emitido, conferido e assinado por responsável da empresa; formulário eletrônico, enviado por e-mail para a Central de Atendimento, que permaneceu dez meses em funcionamento para esclarecimentos e orientações para o preenchimento do formulário (RIBEIRO, 2005). Os dados apresentados pelas empresas compreenderam um período de 12 meses, sendo a data limite inicial de julho de 2001.

Os formulários foram avaliados individualmente, com o objetivo de se verificar a consistência entre as quantidades de resíduos geradas e destinadas, além de erros em quantificação, classificação dos resíduos e exclusão dos resíduos não coerentes, como exemplo, os resíduos líquidos. Os contatos para as correções desses dados eram feitos por meio de contato telefônico. Quando não era possível contatar a empresa para efetuar as alterações, procurava-se, na medida do possível, preservar os dados iniciais apontados.

(39)

39 Quadro 3.2 - Empresas inventariadas em 2003 por atividade.

CÓDIGO ATIVIDADE DESCRIÇÃO EMPRESAS № DE

13 Extração de minerais metálicos (incluídas indústrias com beneficiamento)

1

14 Extração de minerais não metálicos (incluídas indústrias com beneficiamento)

3

17 Fabricação de produtos têxteis 73

18 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 3

19 Fabricação de couros e artefatos de couro, artigos de viagem e calçados

31

20 Fabricação de produtos de madeira 5

21 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 22

22 Edição, impressão e reprodução de gravações 4

23 Fabricação de coque, refino de petróleo, produção de álcool 1

24 Fabricação de produtos químicos 69

25 Fabricação de artigos de borracha e plástico 31

26 Fabricação de produtos de minerais não metálicos 82

27 Metalurgia básica 84

28 Fabricação de produtos de metal – exclusive máquinas e equipamentos

47

29 Fabricação de máquinas e equipamentos 17

30 Fabricação de máquinas e equipamentos de informática 1

31 Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 32 32 Fabricação de material eletrônico e de aparelhos e

equipamentos de comunicações 7

33 Fabricação de equipamentos de instrumentação médico- hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetro e relógios

1

34 Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias

43

35 Fabricação de outros equipamentos de transporte 3

36 Fabricação de móveis e indústrias diversas 14

37 Reciclagem 6

45 Construção 1

50 Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas

3

93 Tinturaria 2

Fonte: (FEAM, 2003)

(40)

40 apresentaram o maior número de empresas inventariadas, representando juntas mais de 50% do total das empresas.

As empresas foram divididas de acordo com a localização no Estado obedecendo a divisão das Superintendências de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SUPRAMs (Figura 3.3). A regional Central apresenta 42,15%, seguida pela Sul de Minas com 23,55% e a regional Alto São Francisco, com 13,48%. As demais regiões do estado apresentaram porcentagem inferior a 10% das empresas inventariadas (Tabela 3.3).

Figura 3.3 - Mapa das Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e respectivas sedes.

(41)

41 Tabela 3.3 - Empresas inventariadas em 2003 por regional.

REGIÃO

GEOGRÁFICA NUMERO DE EMPRESAS % RELAÇÃO AOTOTAL

Alto São Francisco 79 13,48

Central 247 42,15

Jequitinhonha 2 0,34

Leste Mineiro 27 4,61

Norte de Minas 14 2,39

Sul de Minas 138 23,55

Triângulo Mineiro 33 5,63

Zona da Mata 46 7,85

TOTAL 586 100

Fonte: (FEAM, 2003)

As 586 empresas geraram um total de 15.165.193,65 toneladas de resíduos, considerando o ciclo de doze meses (data limite inicial de julho/2001).

A tabela 3.4 mostra os dez resíduos mais gerados que representam 80% do total, apresentando como maiores destaques as escórias de alto-forno/aciaria, fosfogesso e resíduos minerais não metálicos.

Tabela 3.4 - O percentual dos dez resíduos mais gerados em 2003.

Resíduo Quantidade (t) % Total

Escória alto-forno/aciaria 4.328.146 28,54

Fosfogesso 2.365.770 15,60

Res. minerais não metálicos 2.338.472 15,42

Sucata de metais ferrosos 1.079.761 7,12

Rejeito da flotação 643.004 4,24

Res. emis. gas. não tóxico 429.174 2,83

Resíduos de bauxita 98.844 2,63

Res. past. ETE não tóxico 236.577 1,56

Lama terciária 163.784 1,08

Finos de minério de ferro 141.036 0,93

Total 12.124.572 80

Fonte: (FEAM, 2008)

(42)

42 Figura 3.4 - Percentual de resíduos perigosos e não perigosos em 2003.

Fonte: (FEAM, 2003)

Os resíduos gerados foram classificados segundo três opções de destino (FEAM, 2003):

1) Sem Destino Definido (SDD) – resíduos gerados no período do inventário que não tiveram destino definido até a data de término do período de referência do inventário, encontrando-se, portanto, armazenados na área da indústria;

2) Destino Interno (DI) – resíduos gerados no período de referência que foram destinados à própria planta industrial, seja para tratamento, disposição ou reutilização;

3) Destino Externo (DE) – resíduos gerados no período de referência, que receberam algum tipo de tratamento, reutilização, reciclagem ou disposição final fora da unidade industrial.

(43)

43 Figura 3.5 - Percentual de resíduos por formas de destinação em 2003.

Fonte: (FEAM, 2003)

Dentre as formas de destinação DI, as principais são listadas a seguir (RIBEIRO, 2005): - outras formas de disposição (37%);

- reutilização / reciclagem interna (29,07%); - aterro industrial próprio (23,82%);

- incorporação em solo agrícola (3,34%);

- utilização em forno industrial (exceto fornos de cimento) (2,33%).

As principais formas de DE apontadas foram (RIBEIRO, 2005): - coprocessamento em fornos de cimento (55,82%);

- outras formas de reutilização/reciclagem/recuperação (19,31%); - incorporação em solo agrícola (11,67%).

- Ssucateiros intermediários (7,99%); - aterro industrial próprio (4,32%);

Dentre as conclusões e recomendações do inventário destacam-se:

(44)

44 - elaboração de proposta de política estadual para os resíduos sólidos industriais, tendo como base os princípios da não geração, redução, reutilização, reaproveitamento, tratamento e disposição final, em função do perfil dos resíduos gerados no Estado, incentivando alternativas que possam minimizar os impactos produzidos;

- estímulo à implementação de sistema de gestão de resíduos permanente nas empresas.

Os primeiros dados sobre resíduos sólidos industriais no Estado de Minas Gerais foram amplamente divulgados nas várias reuniões do COPAM e em outros fóruns de meio ambiente, tendo tido como consequência a aprovação, pelo próprio COPAM, da Deliberação Normativa № 90, de setembro de 2005, que dispõe sobre a declaração de

informações relativas às diversas fases de gerenciamento dos resíduos sólidos industriais no Estado de Minas Gerais. Essa declaração tem como base a Resolução CONAMA № 313.

A DN № 90/2005 discrimina quais as tipologias previstas na Deliberação Normativa №

74/2004 que devem apresentar as informações sobre geração, características, armazenamento, transporte, tratamento e destinação dos resíduos sólidos industriais, estabelecendo periodicidade de entrega e demais providências, e essas informações deveriam ser apresentada de acordo com o Anexo I dessa Deliberação.

A DN №74/2004 classifica os empreendimentos de acordo com o porte e o potencial

poluidor da atividade, tendo sido enquadrados nas classes de 1 a 6 (Quadro 3.3).

Quadro 3.3 - Quadro de determinação da classe a partir do potencial poluidor e do porte. Potencial poluidor/degradador geral da atividade

P M G

Porte do P 1 1 3

Empreendimento M 2 3 5

G 4 5 6

Fonte: (DN №74, 2004)

A DN № 90/2005 define que as empresas enquadradas nas classes 5 e 6 deverão

apresentar os dados anualmente, enquanto as de atividade classe 3 e 4 a cada dois anos.

(45)

45 com os automonitoramentos realizados pelas empresas dentro do processo de licenciamento delas.

Em 2006, por meio do Decreto Estadual 44.343, a FEAM assumiu novas atribuições e estrutura, surgindo, assim, a Gerência de Resíduos Sólidos – GERES que apresenta as seguintes atribuições:

I - ampliar, sistematizar, atualizar e divulgar os dados do inventário de resíduos sólidos industriais e minerários;

II - fomentar e participar de programas e projetos de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico referentes à geração e disposição final adequada de resíduos sólidos, de forma a proteger a saúde humana e o meio ambiente;

III - fomentar o desenvolvimento de ações que resultem na prevenção, minimização, reutilização, reciclagem e tratamento e disposição final de resíduos de forma a proteger a saúde e o meio ambiente; e

IV - apoiar as ações do Centro Mineiro de Referência em Resíduos, em especial às relativas à redução, reúso e reciclagem de resíduos sólidos industriais e minerários.

A primeira dificuldade apurada quando das tentativas iniciais de compilação dos dados encaminhados pelas empresas, referentes ao ano de 2006, foi a diferença nas formas de apresentação desses dados que, em muitas vezes, não estavam contidos nas informações solicitadas na DN № 90/2005; além disso, havia, também, a dificuldade da própria

compilação dos dados, por se encontrarem disseminados nos processos de licenciamento.

(46)

46

3.5.2

Inventário 2007

Em janeiro de 2008, ficou disponível no site da SEMAD e da FEAM o formulário eletrônico referente às informações do Inventário de Resíduos Sólidos Industriais( ano 2007) e realizada divulgação na Federação das Indústrias de Minas Gerais – FIEMG que repassou, por e-mail, a informação para todos os seus associados. Além disso, foi realizado contato telefônico com as empresas cadastradas no Sistema de Informação Ambiental – SIAM que se enquadravam dentro das atividades listadas na DN №

90/2005.

Foram contempladas 854 empresas para terem os dados tabulados em planilhas e submetidas a um processo de análise de consistência, que resultou na exclusão de 48 empresas, por não serem passíveis de apresentarem o inventário; e na inclusão de outras dezoito, por se enquadrarem após revisão (FEAM, 2008).

As empresas foram divididas de acordo com as atividades definidas na DN № 90/2005

(47)

47 Tabela 3.5 - Empresas inventariadas em 2007 por atividade.

Tipologia Quantidade de empresas %

A-01 – Lavra subterrânea 6 0,70

A-02 – Lavra a céu aberto 113 13,23

B-01 – Ind. de prod. minerais não metálicos 147 17,21

B-02 – Siderurgia com redução de minério 61 7,14

B-03 – Ind. metalúrgica- metais ferrosos 40 4,68

B-04 – Ind. metalúrgica - metais não ferrosos 27 3,16

B-05 – Ind. metalúrgica - fáb. de artefatos 42 4,92

B-06 – Ind. metalúrgica - tratamentos térmicos, químicos

e superficial 5 0,59

B-07 – Ind. mecânica 21 2,46

B-08 – Ind. de materiais eletroeletrônico 13 1,52

B-09 – Ind. de material de transporte 47 5,50

B-10 – Ind. de madeira e de mobiliário 24 2,81

C-01 – Ind. de papel e papelão 9 1,05

C-02 – Ind. de borracha 18 2,11

C-03 – Ind. de couros e peles 22 2,58

C-04 – Ind. de produtos químicos 63 7,38

C-05 – Ind. de produtos farmacêuticos e veterinários 12 1,41 C-07 – Ind. de produtos de materiais plásticos 18 2,11

C-08 – Indústria têxtil 47 5,50

C-09 – Ind de vestuários, calçados e artefatos de tecidos

em couro 56 6,56

C-10-03 – Fabricação de próteses 1 0,12

C-10-09-1– Fabricação de outros artigos de plástico, borracha, madeira ou outros materiais (exclusive metais),

não especificados ou não classificados. 3 0,35

D-02-08-9 – Destilação de álcool 19 2,22

F-05 – Processamento, beneficiamento, tratamento e ou

disposição final de resíduos 40 4,68

Total de empresas 854 100,00 Fonte: (FEAM, 2008)

(48)

48 Figura 3.6 - Empresas inventariadas por SUPRAM em 2007.

Fonte: (FEAM, 2008)

O Estado apresentou um total de 402.951.816,99 toneladas de resíduos inventariados, considerando-se o ciclo de doze meses – janeiro de 2007 a dezembro de 2007. Comparando-se este valor com o total de resíduos inventariados em 2003, igual a

15.165.193,65 toneladas, evidencia-se uma grande diferença entre eles, o que se

justifica pela inserção em 2007 da tipologia A-02 Lavra a Céu Aberto, que contribuiu com 83,06% do total de resíduos gerados. Vale destacar que essa tipologia é geradora de vultosos quantitativos em termos de resíduos classificados como estéril e rejeitos (FEAM, 2008).

(49)

49 Tabela 3.6 - Resíduos mais gerados em 2007.

Código Resíduos Quantidade (t) relação ao % em

total

1 Estéril de jazida de minério de ferro 139.777.790,499 34,688

2 Estéril (demais jazimentos) 132.145.198,510 32,794

3

Rejeito do beneficiamento do minério de

ferro 43.008.541,860 10,673

4 Estéril do decapeamento da mina 19.016.082,000 4,719

5 Rejeito (diversos) 16.612.347,000 4,123

6 Rejeito arenoso 7.199.352,000 1,787

7 Vinhaça 5.477.256,470 1,359

8 Água de lavagem de cana + água do lavador de gases 4.707.063,100 1,168

9 Escória de alto forno 4.188.741,090 1,040

10 Bagaço de cana 3.889.020,210 0,965

Total de resíduos gerados no Estado 402.951.916,990 93,320

Fonte: (FEAM, 2008)

Quando se retira da relação dos resíduos o estéril e o rejeito, observa-se que os dez resíduos mais gerados correspondem a um percentual de apenas 65% devido a uma diversidade de resíduos muito maior. As escórias apresentam-se como resíduo com a maior geração, conforme demonstrado na Tabela 3.7.

Tabela 3.7 - Resíduos mais gerados, excluindo estéril e rejeito, em 2007.

Resíduo Quantidade (t) % total

Escória de alto-forno/aciaria 5.622.945 12,5

Vinhaça 5.477.256 12,1

Água de lav. cana e gases 4.707.063 10,4

Bagaço de cana 3.889.020 8,6

Prod. fora especificação 2.551.012 5,6

Fosfogesso 2.126.348 4,7

Sucata de metais ferrosos 1.843.741 4,0

Res. sol. metais não tóxicos 1.336.108 3,0

Resíduo pastoso calcário 868.357 1,9

Res. emissões gas. não tóxico 783.238 1,7

Total Geral 45.120.068 65,0

Fonte: (FEAM, 2008)

Imagem

Tabela 3.2- Geração de Resíduos por Estado no Brasil no período de 2001 a 2005.
Figura  3.3  -  Mapa  das  Superintendências  Regionais  de  Meio  Ambiente  e  Desenvolvimento Sustentável e respectivas sedes
Figura 3.7 - Porcentagem de resíduos perigosos e não perigosos 2007.
Figura 3.9 - Relação dos tipos de destinos de resíduos 2007.
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Referências

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