MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA
2ª Fase
João Filipe Toscano Salgado Pereira Alves
Nº Aluno 2013412 Turma 2
ÍNDICE
INTRODUÇÃO...1
CORPO DE TRABALHO - Actividades desenvolvidas...2
Medicina Interna...2
Cirurgia...2
Medicina Geral e Familiar...3
Pediatria...3
Ginecologia e Obstetrícia...4
Saúde Mental...4
Actividades extra-curriculares...5
REFLEXÃO CRÍTICA FINAL...6
INTRODUÇÃO
“Um objecto é frequentemente invisível se não se souber como vê-lo, mesmo sem existir
qualquer défice do órgão da visão...” Richard Holmes, 2008, The age of Wonder. A mente deve estar preparada
para aquilo que se vai ver, sem o qual continuará obscura.
Sendo esta preparação da mente o curso de Medicina, o despertar do Lobo occipital para
o exercício da Medicina será o 6º ano, pois é o período da formação pré-graduada em que nos
é dada a oportunidade de realizar estágios clínicos que visam a integração prática e aplicação
dos conhecimentos, gestos e atitudes adquiridos nos anos precedentes do Mestrado Integrado
de Medicina.
Este relatório tem como objectivo apresentar sucintamente as actividades desenvolvidas
ao longo deste ano lectivo. Para esse fim pretendo realizar uma análise retrospectiva focando
as actividades desenvolvidas em cada estágio parcelar, terminando com uma perpectiva global.
Pretendo ainda identificar quais foram os objetivos principais do estágio e reflectir sobre
quais atingi ou não e o porquê, realizando uma autoavaliação e consciencialização das
possíveis fraquezas para futuramente poder investir nelas.
Para tal inicio com esta Introdução. De seguida, no Corpo de Trabalho, exponho de forma
sintética e objectiva as actividades desenvolvidas em cada estágio por ordem de realização e,
de seguida as actividades extracurriculares. Termino com uma Reflexão Crítica Final, onde
realizo um pequeno ensaio com especificação dos meus objectivos e expectativas para os
estágios, analisando o cumprimento ou não dos mesmos e o porquê. Nesta secção apresento
ainda uma análise auto-avaliativa, onde tento reconhecer as minhas falhas e desta forma
praticar o exercício de autocrítica e apurá-lo para os dias vindouros. Anexo ainda um certificado
CORPO DE TRABALHO - Actividades desenvolvidas
Medicina Interna
O estágio de Medicina Interna, decorreu de 15/09/2014 a 07/11/2014, na unidade
funcional de Medicina 1.2 do Hospital de São José, tendo como tutora a Dra. Alexandra Raposo,
integrando a equipa da Dr.ª Isabel Batista. Foi o meu primeiro estágio, o que me permitiu obter
muitas das bases necessárias para os outros estágios e especialidades. Ao longo das oito
semanas de estágio, fui integrado como um colaborador profissional, acompanhando a restante
equipa na realização das suas actividades, procurando orientação sempre que necessário e
sendo estimulado a desenvolver a minha autonomia. Participei nas diversas actividades do
Serviço, que incluiram a Enfermaria, Urgência Externa, Consulta Externa de Medicina Interna e
Reuniões e sessões de formação e discussão clínica, tendo apresentado uma comunicação oral
subordinada ao tema “Derrame pleural: uma abordagem prática”.
Cirurgia
O estágio teve lugar no Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Beatriz Ângelo, dirigido pelo
Prof. Doutor Rui Maio, de 10/10/2014 – 16/01/2015. Estive integrado na equipa constituída pelo
meu tutor Dr. Paulo Oliveira e pelo Dr. Pedro Amado. Este período formativo integrou 4
componentes diferentes: sessões teóricas e teórico-práticas; Serviço de Urgência; Estágio
opcional de Cuidados Intensivos, onde tive a oportunidade de avaliar os doentes, realizar e
acompanhar a execução de alguns gestos clínicos não muito comuns, tais como: dialise lenta
extensa (SLED) ou colocação do catéter de Swan-Ganz; e Estágio de Cirurgia Geral, com várias
actividades como: enfermaria, visita clínica, consulta externa, banco, bloco operatório e
mini-congresso, onde apresentei em conjunto com os meus 2 colegas, um caso clínico sobre
“Lesões Quísticas Pancreáticas”.
Medicina Geral e Familiar
O estágio de Medicina Geral e Familiar (de 26-01-2015 a 20-02-2015) foi realizado na
Durante o estágio, pude acompanhar a minha tutora em actividades como a consulta de
saúde de adultos, saúde materna, saúde infantil e de planeamento familiar, assim como
participar em actividades decorrentes na USF e de realizar domicílios. Destaco a importância
deste estágio, na medida em que fez aperceber da necessidade e relevância desta
especialidade na rede de cuidados primários, e da importância da educação para a saúde, com
os cuidados na vigilância, e na prevenção da doença.
Dada a multidisciplinaridade da especialidade, aprendi a importância da partilha de
informação entre os diversos profissionais de saúde, nomeadamente médicos, enfermeiros e
psicólogos, na tomada de decisões.
Pediatria
O estágio de Pediatria foi realizado no Hospital Dona Estefânia tendo como tutor o Dr.
João Farela Neves no período de 23/02/2015 – 20/03/2015. O estágio integrou uma
complementação de componentes teórico-práticas (sessões clínicas, reuniões de serviço e
aulas teóricas) e práticas (actividades de enfermaria, serviço de urgências, consultas externas).
Foi um estágio muito diversificado, assim como a especialidade assim o dita, tendo-me
permitido o contacto com outras especialidades pediátricas pela frequência de outras consultas
e internamentos (Imunoalergologia, Cardiologia Pediátrica no Hospital de Santa Marta) e ainda
a frequência da unidade de Infecciologia e a Unidade de Cuidados Intensivos de Pediatria.
Realizei uma história clínica e, juntamente com os meus colegas, apresentei um trabalho sobre
“Infecções Profundas do Pescoço”.
Ginecologia e Obstetrícia
O estágio de Ginecologia e Obstetrícia decorreu na Maternidade Alfredo da Costa
(23/03/2015 – 24/04/2015) e foi dividido em duas semanas de Obstetrícia sob a tutoria da Dra.
Tânia Meneses e duas semanas de Ginecologia com a orientação do Dr. Bruno Carrilho, tendo
acompanhado ambos tutores nos seus bancos. Assisti a consultas de patologia do 1º trimestre;
consultas de gravidez de alto risco, enfermaria do Serviço de Medicina Materno-Fetal e
Planeamento Familiar em que coloquei dois Implanons, bloco operatório de Obstetrícia;
ecografias ginecológicas e histerosalpingografias. Tive oportunidade de assistir a cirurgias
ginecológicas por dois dias. Numa das reuniões de Serviço de Obstetrícia que presenciei, eu e
os meus colegas realizámos uma apresentação subordinada ao tema “Sindrome de Alport”.
Saúde Mental
O estágio de Saúde Mental decorreu no Serviço de Pedopsiquiatria do HSFX (de 27 de
Abril a 22 de Maio de 2015), sob orientação do Dr. Volker Dieudonné. O estágio iniciou-se com
as aulas de carácter formativo teórico-prático leccionadas pelo Prof. Doutor Miguel Xavier.
Na parte integrante do estágio de Saúde Mental acompanhei o Dr. Volker Dieudonné na
realização de consultas de seguimento, integrando a equipa de Pedopsiquiatria do Hospital são
Francisco Xavier onde tive a oportunidade de fazer uma 1ª consulta, colhendo todos os dados
necessários e elaborando uma história clínica. Acompanhei ainda o meu tutor em chamadas de
pedopsiquiatria de ligação. Assisti a sessões clínicas e apresentação de trabalhos, onde
apresentei juntamente com a minha colega Carlota Veiga de Macedo um trabalho sobre
“Perturbações Somatoformes em Pedopsiquiatria” .
Tive ainda a oportunidade de acompanhar a Drª Joana Macieira por duas vezes no
Serviço de Urgência do Hospital Dona Estefânia.
Actividades extra-curriculares
Curso de Suporte Avançado de Vida (9 e 10 de Dezembro de 2014) no Centro de
Simulação Biomédica dos Hospitais Universitários de Coimbra no qual fui aprovado (em anexo
REFLEXÃO CRÍTICA FINAL
Tal como recentemente o astrofísico Neil deGrasse Tyson referiu publicamente, o
significado da vida somos nós que o criamos, aprendendo mais todos os dias, de forma a nos
aproximarmos do conhecimento absoluto, sem nunca, claro, atingirmos uma milionésima parte
dessa infinitude.
Nesta busca de conhecimento e de significado, desde muito cedo me apercebi da
possibilidade do meu sentido de vida ser o de tentar ajudar os outros. De acordo com vários
acontecimentos marcantes que experenciei e que me moldaram, optei por me tornar um
profissional de saúde, de forma a poder contribuir de forma mais específica e directa para o
bem estar do próximo.
Iniciei este percurso logo na escolha da área da saúde no ensino secundário e depois
como Médico-Dentista durante alguns anos. Senti-me parcialmente completo, estando
profissionalmente satisfeito e com sucesso (dentro dos padrões socio-económicos actualmente
aceites). Satisfeito com a qualidade de vida que devolvia a muitos dos doentes, pois
especializei-me na área da reabilitação oral em que se consegue recuperar os doentes de
ausências de capacidade mastigatória, complexos estéticos e disfunções do aparelho
estomatognático. Mas porém sentia-me incapaz de ajudar em questões mais sistémicas e
globais que afligiam as pessoas com quem me deparava. Como tal enverdei pelo estudo da
Medicina, que correspondeu por completo às minhas expectativas.
Sendo este estágio profissionalizante do 6º ano o colmatar do ciclo de ensino
pré-graduado em Medicina, os meus objectivos para este estágio prenderam-se então com os da
minha formação em Medicina. Como tal projectei consolidar os meus conhecimentos das
ciências básicas e clínicas bem como obter as aptidões necessárias ao exercício da Medicina.
Pretendia ficar mais capaz de utilizar uma abordagem bio-psicosocial abrangente na avaliação e
tratamento dos doentes, tendo em consideração as suas crenças culturais, atitudes e
comportamentos, interagindo e comunicando eficazmente com os doentes, famílias, pessoal
enfatizar a prevenção da doença. Saber comunicar em saúde, quer com doentes, colegas ou
outros profissionais. Pretendia ainda conseguir conservar a minha curiosidade natural e
auto-aprendizagem ao longo da vida, identificar e explorar diferentes oportunidades para adquirir
experiência e formação em investigação (adaptado de “O licenciado Médico em Portugal”, e de “The
Tunning Project - Learning Outcomes/Competences for Undergraduate Medical Education in Europe”).
Mais especificamente pretendia obter as competências indispensáveis ao exercício profissional
da Medicina (como colheita de dados nas várias situações clínicas, elaboração do raciocínio
clínico de forma a proceder à formulação de diagnósticos provisórios e definitivos e tomada de
decisões clínicas de forma sustentada).
Durante todo o percurso desta aprendizagem pré-graduada de Medicina e, mais
especificamente neste estágio, apercebi-me que a principal escolha que temos de fazer é a do
tempo: que tempo alocar para cada actividade que queremos desenvolver. Isto foi determinante,
pois como trabalhador-estudante, a exercer num local distante de Lisboa, neste ano de
convergência e de consolidação de conhecimentos prévios e novos, numa vertente mais clínica
e de estudo paralelo para a prova nacional de seriação, tornou-se por vezes muito exigente e,
só mesmo com muita dedicação minha e entre-ajuda dos que me são mais próximos e da
maioria dos tutores o consegui levar avante com sucesso.
Sei que, com mais tempo disponível, me poderia ter dedicado a mais actividades
extra-curriculares, sendo que mesmo assim realizei a formação que achei indispensável: de suporte
avançado de vida, pois acho por demais importante, como finalista de Medicina ser capaz de
socorrer o próximo em situações que ameacem a vida.
Penso que consegui sistematizar e organizar-me de forma a poder obter uma
aprendizagem mais frutuosa por ser trabalhador-estudante, principalmente por exercer numa
área Médica, em que me permitiu aplicar por muitas vezes os conhecimentos obtidos no
estágio, no exercício da Medicina Dentária e vice-versa.
Após este ano começo-me então a sentir mais completo e, como tal considero que atingi
exercício da Medicina, e também mais consciente que os bons médicos são trabalhadores em
equipa, uma vez que os cuidados de saúde são complexos e ninguém sabe tudo. Tenho que
manter-me humilde e saber reconhecer este facto, de forma a sustentar o príncipio “primum non
nocere”.
O alcance dos objectivos também se deveu à autonomização promovida pelos meus
tutores que ao me proporcionarem um ambiente clínico integrado com a equipa de profissionais
me estimularam o desenvolvimento e aprofundamento intensivo dos conhecimentos através de
estudo de áreas que me sentia menos à vontade. Para além disso, o contacto repetido com
situações clínicas comuns, assim como com as mais intensas emocionalmente, inclusive a
morte, permitiram-me obter mecanismos sistematizados e mais eficazes de abordar os doentes
e os seus cuidadores e familiares de forma mais segura e tranquila, proporcionando-lhes maior
conforto e a mim maior confiança. Não consegui atingir o objectivo em relação à investigação,
por falta de oportunidade e tempo, o que desejo rapidamente colmatar de forma a poder
também eu contribuir para o desenvolvimento da Medicina.
Em relação aos estágios parcelares considero que todos eles contribuiram para atingir os
meus objectivos, directa ou indirectamente. Apercebi-me da influência que os tutores têm sobre
o decorrer dos estágios apesar de depender de nós o esmero final depositado na
aprendizagem. Neste aspecto confirmei da extrema importância da comunicação em saúde, não
somente com os doentes mas também entre os diferentes profissionais de saúde.
Em jeito de autoavaliação, reconheço agora que poderia ter sido mais interventivo num
ou outro estágio, mas por me sentir assoberbado por ter que estudar para a prova nacional de
seriação e concomitntemente exercer a minha profissão que me sustenta, posso apenas ter
cumprido o que seria esperado e não mais. Sendo que na maioria dos estágios me dediquei de
corpo e alma e, por vezes com prejuízo profissional, por gosto na aprendizagem e pelos
momentos clínicos que me proporcionaram.
No decurso do curso e do estágio consolidei a opinião que quanto mais conhecimento se
doentes aos quais presto assistência de procurar estar sempre actualizado e fazer exercício da
empatia e assertividade em face das suas fragilidades.
Sei no entanto que esta não é uma etapa encerradora, mas sim apenas um primeiro
degrau na escada da aprendizagem da Medicina, tendo apenas aberto uma porta para um
longo caminho muito exigente, mas igualmente recompensador.
Na maioria dos estágios, como no de Medicina Interna, Pediatria, Ginelologia-Obstetrícia,
Psiquiatria ou mesmo no opcional de Cirurgia Maxilo-Facial, não me senti de todo aluno, mas
sim como um profissional integrante nas equipas, tendo mesmo evoluido muito por esse motivo.
Saliento o papel dos meus tutores nos estágios de Pediatria, Medicina Interna, Psiquiatria
e de Ginecologia que, apesar de me encontrar esfomeado, não me deram o peixe, mas sim me
ensinaram a pescar, tendo-me proporcionado muitos momentos de aprendizagem clínica de
qualidade, incentivando a minha intervenção ao invés de uma atitude apenas observacional.
Sugiro, sabendo que pode ser utópico pelas dificuldades apresentadas pela quantidade
de alunos e de indisponibilidade de tempo de alguns tutores, que no início do ano lectivo, os
profissionais que irão ser tutores, recebam uma formação prévia breve das formas de actuar
perante o aluno, com definição prática dos objectivos dessa tutoria, de forma a padronizar um
pouco os diferentes modos da sua orientação.
Agradeço a oportunidade que a forma como este estágio foi organizada me proporcionou,
assim como aos TUTORES que para sempre me guiarão pois, como já o referi me fizeram
sentir mais próximo do meu sentido de vida por me sentir útil e muito mais capaz na ajuda do
próximo, sendo que com um sentido de responsabilidade ainda mais elevado para com os
doentes de ser o melhor Médico e o melhor ser Humano possível.
Agradeço ainda às Marias da minha vida e à minha sócia e amiga que tanto me ajudaram
ANEXOS
Dr(ª):
JOÃO FILIPE TOSCANO SALGADO PEREIRA ALVES concluiu com sucesso o
CURSO:
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA - SAV
ACÇÃO: ao abrigo da parceria CSB/SPA/ANEM
Data:
9 e 10 Dezembro 2014
Horas Formativas:
36
O Director do Centro de
Simulação Biomédica de Coimbra
Clarinda Loureiro, Drª
O Coordenador do Curso
Inês Mesquita, Drª
www.simcoimbra.org