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OS NOMES DO PRAZER material para maiores Vizente Besteirol OS NOMES DO PRAZER

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Academic year: 2018

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OS NOMES DO PRAZER.

O desafio me veio de fazer um estudinho sobre a nossa linguagem erótica. Logo ao esboçar seus inícios, caí em mim: como comentar mais de 4000 registros dos dicionários, especializados ou não, sobre a matéria? Iríamos a um tratado – e de modo algo precipitado. Convinha e convém que limitemos o campo. Amorosa, sensual, lasciva, obscena, licenciosa, fescenina, pornográfica, devassa, pornofônica, libidinosa, cupidínea, cupidinosa, voluptuosa, luxuriosa, dissoluta, corrupta, libertina, chula e celestemente (...do céu islâmico, pelo menos...) – fiquemos com (e em torno de) a máquina-de-fazer-menino.

Uma das mais freqüentes imagens, no substantivo mesmo, é a de receptáculo, estojo, bainha, entrada (como já o é no latim vagina mesmo): arapuca-de-caçar-pinto, arca-conana (já em Gregório de Matos), bainha, bainha-de-homem, barroca (ó), baú, boca-de-baixo, de-bicho, de-cabelo, de-jacaré, de-sapo, boca-do-mato, boca-do-corpo, boca-em-pé, boca-sem-dentes, boceta/buceta (sobre a qual se fala adiante), boeta (variante pouco freqüente da anterior), bolsa-de-valores, brecha, buraco-de-minhoca, caixinha-de-segredos, caneco-de-couro, canoinha, carteira, cartola, castelo-do-amor, caverna, chincha (= canoa, canoinha), concha, cova, loca, engole-cobra, engole-espada, fenda, forno, furna, gaveta, grota, greta, gruta, gretagarbo, gruta-do-amor, goelão, enxu (= vespeiro, colmeia), lance (de lancetar), lanho, lasca, lascão, lascadinha, lascada, mealheiro (= cofre), moente (= moedor = moedouro, sendo moer = "copular"), ninho-de-piroca, ninho-de-rola, olha (ôlha = panela, já em Gregório de Matos), panela-rachada (empregada em carta familiar pelo patriarca José Bonifácio para sua filha recém-nascida), pichéu/pichel (= vasilha de vinho), porteira-do-mundo, racha, rachadura, rego, rego-de-mijar, samburá (= cesta), tabaqueira (donde "tirar o tabaco, da [tabaqueira]"= deflorar), tabaco, tigela-com-pêlos, vaso, vaso dianteiro, vão...

Com Carga Afetiva.

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geral pênis), perereca, periquita/priquita, pomba, pombinha, rata, rola, rolinha, sapo, sururu, tatu, ursa... Cor, pêlos, fugitividade, beleza, rechonchudez, hediondez fazem os ambientes para as conotações desiderativas, carinhosas, despeitadas, pejorativas, nobilitativas...

Certas metáforas são de expressiva evidência, através de nexos associativos ricos de cargas afetivas e desafetivas, libidinosas ou ilibidinosas. Eis algumas: áfrica (alusão ao negrume do cabelo pixaim, dominante entre nós, malgrado as louras e as falsas louras), almofada, aposentos privativos, balceira (onde nas áreas em que a palavra é empregada, todos sabem que balça é "mata espessa"), bigode, bisegre (por sua função, como utensílio de sapateiro, de só ser eficaz se bem esfregado), bombril (idem), cachimbo (já aqui como prazer de pitar, ver antes), caiçara (no sentido de recesso ou mata espessa onde o caçador se embosca), cara-preta, cara-de-sapo, casco-de-veado, casco-de-veadinho, (alusão à forma, quando protuberante), cuscuz (uma abundância de sentidos: duplo, doce, múltiplo para as chamadas partes, para os seios, para as ancas, para as nádegas), engenho-d’água, entre-pernas (puro locativo), fábrica-de-fazer-boneco (funcional), fábrica-de-fazer-menino (idem), ferida (visual), fidel-castro (pelas barbas), fonte, gramado (pelas ervas-pêlos), ilha-negra, ímã-do-mundo, isqueiro (porque se incendeia e incendeia), lambedeira (= lambedouro, lugar onde se lambe, cunilinga), nascedouro (onde se nasce), mapa-múndi (variação da mesma pretensão de ímã-do-mundo, ver acima), máquina-de-fazer-menino, mata, mata-homem, meio e meios (locativo), microfone-cabeludo (alusão ao cunilinga), mijador, carne-mijada, mijadeiro, nascedouro, olho-d’água, países-baixos, pé-de-barriga, jóia, joinha (infantil), prendas, rocinhas (pelas ervas-pêlos), segredo, segredinho (infantil), tira-prova-de-homem, touceira, triângulo...

Menbro com Nome Próprio.

Já se notou que, na linguagem intermasculina, não poucos interlocutores se referem, picaramente, ao seu próprio membro viril por meio de um nome próprio que não seja o do seu nome mesmo; assim um João pode falar do seu Francisco, que é o membro, pura e simplesmente. Destarte, alguns se consolidaram sem função conotativa, como zezinho. É possível que o fato ocorra também interfemininamente. Seja como for, registramos para vulva-vagina os seguintes (pelo menos) prenomes: chiquita, greta-garbo (motivado, eufemisticamente, por greta), laurinha, paranho, margarida (pode ser também a flor), tereza, zezinha...

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Na flora também, se sugerem aspectos visuais, palatais e olfativos denotativos de vulva-vagina: barbiana, cebola-quente, flor, flor-de-maracujá, maçã (que no plural são seios), margarida (meninesca, ver supra), papoula, romã, rosa, rosinha (meninesca), tapioca... Menos freqüentemente, ocorrem denotações com conotações olfativas e palatais, como podem ser vários casos da série acima, ademais dos seguintes: cheiro-de-bacalhau, filé, língua-de-vaca, nhaca, pão-crioulo, xexéu (=bodum). Nas relações figurativas acima, nesta primeira tentativa de depreender motivações comparativas em grupo, é possível que mais de um denotador tenha sido mal colocado. O campo é extenso e fluido, por demais. Somente quando as averbações ou pesquisas de campo forem acompanhadas de abonações que elucidem pressuposições, contextos e interlocutores, é que se poderá avançar no conhecimento da matéria. Há, ademais, estruturações fonético-fonológicas que parecem motivadas entre si: ninguém ignora a força expressiva de palavras infantis (e, por conseguinte, impregnantes) como pipi, xixi. Será por acaso que, ao lado de pipi, com o mesmo sentido, quase que em jogo, ludicamente, ocorram denotativos (não metaforicamente motivados) como pichita, pililio, pitio, pixana, pixéu/pichéu, prexeta,

prexexa e, caindo no motivador xi, xe, xo, se passe a xerecas, xereia, xeréia, xexeca, xexéu (que "significa", vimos acima), xiba, xibio, xinxa, xinim, xiranha, xiri, xiricas, xiruba, xixim, xota, xoxota, bixota, bixoxota, pachecha, pachuda, pachada, pachocho, pachucha – muitas das quais ficam para ter fixada sua ortografia, se em x ou ch?

Os Termos Locais.

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Referências

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