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Sumário. Tribunal da Relação de Guimarães Processo nº 5861/15.6T8BRG.G1

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Tribunal da Relação de Guimarães Processo nº 5861/15.6T8BRG.G1 Relator: RAQUEL BATISTA TAVARES Sessão: 26 Abril 2018

Número: RG

Votação: UNANIMIDADE Meio Processual: APELAÇÃO Decisão: IMPROCEDENTE

SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO DENÚNCIA

RESOLUÇÃO DO CONTRATO

RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL

Sumário

I - A Sociedade em Conta de Participação é regulada pelos artigos 991º e seguintes do Código Civil Brasileiro e caracteriza-se por a actividade

constitutiva do objecto social ser exercida apenas pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, por apenas o sócio ostensivo se obrigar perante terceiros, a sua constituição não depender de qualquer formalidade e poder provar-se por todos os meios, não ter

personalidade jurídica e nem património próprio, constituindo a contribuição do sócio participante, conjuntamente com a do sócio ostensivo, património especial, objecto da conta de participação relativa aos negócios sociais,

produzindo a especialização patrimonial efeitos apenas em relação aos sócios.

II - A Sociedade em Conta de Participação significa para o sócio participante uma boa forma de investimento, tanto mais que tem a sua responsabilidade limitada ao valor dispendido no negócio, pois que perante terceiros apenas se obriga o sócio ostensivo e, pode significar para o sócio ostensivo uma boa forma de financiamento e captação de recursos.

III - O artigo 1011º do Código Civil Brasileiro (relativo à Sociedade Simples, aplicável à Sociedade em Conta de Participação por força do artigo 996º) determina que “O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas

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funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios.”

IV - Ao sócio ostensivo incumbe por isso gerir com cuidado e diligência os negócios da Sociedade em Conta de Participação, não podendo deixar de aproveitar oportunidades de negócios de interesse da sociedade, devendo actuar com o objectivo de atingir o objecto social delineado entre as partes.

V - O dever de diligência corresponde a obrigações de meio e não de resultado e nas obrigações de meio para que se gere a obrigação de indemnizar não é suficiente ficar demonstrada a não verificação do resultado, antes se tornando necessário demonstrar a inobservância do dever de diligência.

Texto Integral

ACORDAM NO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE GUIMARÃES I. Relatório

P. LDA intentou a presente acção de processo comum contra SM & FILHOS, S.A. e SM ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO, LDA pedindo seja considerado o incumprimento definitivo do contrato celebrado entre a Autora e as Rés e, em consequência:

A. A título principal:

(i) Serem as Rés condenadas a indemnizar a Autora no montante que a mesma deixou de auferir em consequência do incumprimento do contrato que

celebraram - €290.692,47 (contravalor em euros de R$ 844.200) - acrescido da devolução do montante investido no valor de €51.651,11 (contravalor em

euros de R$ 150.000), o que perfaz €342.343,58;

B. A título subsidiário:

(ii) Serem as Rés condenadas a indemnizar a Autora no montante com que a mesma contribuiu nos termos do contrato que celebraram no valor de

€61.100,00, acrescido dos custos que teve de suportar com a sua constituição e manutenção no valor de €15.769,48, o que perfaz €76.869,48;

C. Em qualquer caso:

(i) Serem as Rés condenadas a indemnizar a Autora nos custos que esta

haverá de ter de despender com o patrocínio forense que, não sendo possíveis

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de determinar senão em sede de execução de sentença, se fixam

provisoriamente nos termos do disposto nos artigos 569º do Código Civil e do art. 556º, nº 1 al. b) do Código de Processo Civil em montante não inferior a € 40.000,00 acrescido de IVA à taxa legal;

(ii) Serem as Rés condenadas nos juros até efectivo e integral pagamento das importâncias em que vierem a ser condenadas à taxa comercial.

Alegou para o efeito que no âmbito da actividade comercial, para que foi

exclusivamente constituída, celebrou com as Rés, em 13 de Junho de 2012, um contrato denominado de “Constituição de Sociedade em Conta de

Participação”, sucedendo que o dinheiro por ela investido foi desviado para outros fins, mormente afectas a outros projectos, quando se destinavam ao pagamento dos contratos de consultoria imobiliária e de gestão e cessão de direitos associados à entrada de 2ª Ré na Sociedade, e, por outro lado, a 2ª Ré não assumiu formalmente o projecto imobiliário em causa, porquanto não assinou o contrato de Cessão de Direitos e Obrigações, e, consequentemente, nele não é possível edificar, e, por fim, as Rés já manifestaram expressamente que não iriam cumprir o acordado.

Alega ainda que foi celebrado um contrato de agência comercial (assessoria comercial e intermediação) entre a 2ª Ré e um terceiro, sucedendo que aquela não paga os serviços por este prestados e, por isso, esse terceiro não avança com a ulterior fase de preparação e entrega do projecto de arquitectura, o mesmo sucedendo com o pagamento dos serviços de topografia e arquitectura, o que torna impossível o cumprimento dos contratos celebrados com a Autora e inviabiliza qualquer hipótese de implementar o dito projecto imobiliário.

Acrescenta que o negócio em causa, porque realizado no âmbito do “Programa Minha Casa Minha Vida” e face ao conteúdo deste, era um negócio sem risco, pelo que a receita do empreendimento em causa era certa, correspondendo o não recebimento dessa receita a um lucro cessante, só subsidiariamente se devendo considerar o dano emergente (valores despendidos na execução dos contratos).

As Rés contestaram defendendo-se por impugnação e por excepção, invocando a incompetência territorial do tribunal e a cessação dos contratos juntos aos autos com a petição inicial por denúncia operada pela Ré SM & Filhos, Lda.

através de carta datada de 07/01/2014, a anulabilidade dos mesmos, por usurários, a verificação da condição resolutiva prevista na cláusula 6ª do contrato junto a fls. 24 a 27 - por ausência de comunicação quanto à

verificação do previsto aumento do capital da P. - e a existência de um limite indemnizatório fixado na cláusula 8ª, nº 3, do primeiro dos aludidos contratos (que prevê a faculdade de a parte não faltosa exigir indemnização fixada, como cláusula penal, em €25.000,00).

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A Autora veio responder às excepções pugnando pela improcedência da excepção de incompetência territorial e impugnando o alegado para aquele efeito, argumentando ainda, quanto à suposta denúncia de 07/01/2014 que a mesma corresponde a resposta interpelações anteriores por ela efectuadas e ocorre depois de incumprimento contratual por parte das Rés, e, quanto ao limite indemnizatório resultante de cláusula penal fixada no contrato

correspondente ao doc. nº 4, que o mesmo se refere ao contrato prévio àquele que a Autora alega ter sido incumprido para fundar o seu pedido.

Foi realizada a audiência prévia na qual foi proferido despacho saneador e julgada improcedente a excepção de incompetência territorial.

Foi ainda proferido despacho indicando o objecto do litígio e enunciando os temas da prova.

Veio a efectivar-se a audiência de discussão e julgamento com a prolação de sentença nos seguintes termos, no que concerne à parte dispositiva:

“Pelo exposto, julgo a presente ação improcedente e, em consequência, absolvo as Rés dos pedidos.

Custas pela Autora”.

Inconformada, apelou a Autora da sentença concluindo as suas alegações da seguinte forma:

“CONCLUSÕES

A. Na Douta Sentença recorrida, o Tribunal a quo interpreta incorrectamente os factos e aplica erradamente o Direito, violando, entre outros os artigos 236º, 237º, 562º, 563º, 564º n.º 1, 566º n.º 1 e 2, 798º e 801º todos do Código Civil, os artigos 5º, 607º e 608º, nº2 do Código de Processo Civil e os artigos 991º e ss. do Código Civil Brasileiro.

B. Nestes autos era apenas e tão só exigível que o Tribunal analisasse o contrato de Constituição de Sociedade em Conta de Participação que tem a Apelante como sócia participante, a 2ª Apelada como sócia ostensiva e a 1ª Apelada como sócia garante com vista a desenvolverem um projecto

imobiliário no Rio de Janeiro, Brasil ao abrigo do programa Federal “Minha Casa, Minha Vida” da Caixa Económica Federal Brasileira, para atentos os factos relatados e provados considerar, ou não, se existiu cumprimento do respectivo programa contratual pelas partes e, em caso negativo, condenar as Apeladas na indemnização pelo incumprimento.

C. Entende a Apelante que o esforço analítico, cuja necessidade se não discute, prejudicou irremediavelmente a visão de conjunto. A hermenêutica

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jurídica levou à desconsideração da vida real, da situação de facto em julgamento e das circunstâncias em que ocorreu.

D. No esforço exegético que o Tribunal a quo teria de ter levado a efeito, era mister que tivesse contextualizado as circunstâncias de tempo e motivação e o estado financeiro em que tal contrato foi celebrado e incumprido. Era-lhe, designadamente, imposto – até porque o conhecia por ter julgado o processo nº 113/14.1T8BRG em que é Autora M. - Investimentos Financeiros, Lda e ter acesso aos autos de procedimento cautelar apenso àqueles e a estes, que houvesse considerado, o que não fez ou fez erradamente, pelo menos os seguintes factos cuja prova resultou abundante da instrução:

i) Que as Apeladas são o denominador comum não de um mas de, pelo menos três investimentos feitos por investidores nacionais com vista ao desenvolvimento de empreendimentos imobiliários no Brasil entre 2011 e 2012 ao abrigo do programa estadual “Minha Casa, Minha Vida” – a) o tratado nestes autos; b) o da já referida sociedade M. – Investimentos Financeiros, Lda e c) aquele em que são investidores António, José e Manuel;

ii) Que a iniciativa dos três investimentos foi sempre da firma portuguesa IL Lda., que, por si ou como representante da empresa de direito brasileiro W. - Representação e Comércio Exportação, Ltda, os propôs à primeira Apelada (SM & Filhos, S.A) que se mostrou interessada pelos mesmos mas que manifestou, desde logo, que não tinha interesse ou capacidade económica para realizar os investimentos, pretendendo encarregar-se apenas da

execução das obras no Brasil através da sua participada, a 2ª Apelada. Foi só após a manifestação de indisponibilidade da 1ª Apelada de afectar recursos financeiros que a IL buscou e logrou obter investidores que acompanhassem as Apeladas naquele projecto.

Este facto, desmistifica uma pretensa colagem que o Tribunal a quo, sem se perceber em que fundamentos a sustenta, fez entre a IL e a Apelante quando tal proximidade, a existir, se verificará entre as Apeladas e essa IL;

iii) Que, atentas as dezenas de acções judiciais em que era Ré, a 1ª Apelada, pouco antes da data em que estes investimentos foram realizados, requereu junto do Tribunal Judicial de Vila Verde, Processo Especial de Recuperação (PER), que ali correu termos sob o n.º 743/12.6TBVVD, sendo mais de 100 os respectivos credores reclamantes, em que a conta de clientes ascendia à astronómica quantia de € 18.391.740,00, em que o seu capital próprio foi reduzido de € 5.407.452,77 em 2010 para € 583.328,61 em 2011 - redução de cerca de € 5 milhões - e que ostentava em 2011 prejuízos transitados no

impressionante montante de € 8.949.296,46;

iv) Que a testemunha Eng. B. S., que a 1ª Apelada, por imposição legal de ter um administrador ali residente, enviou para o Brasil para ser administrador da

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2ª Apelada, afirmou dois factos com decisiva relevância para o julgamento da causa: a) que antes do contrato dos autos ter sido celebrado, avisou o

administrador executivo da 1ª Apelada (e administrador de facto da 2ª Apelada) – Eng. Sérgio – que os projectos de investimento, apesar de

aparentarem ter retornos muito interessantes - eram absolutamente inviáveis não tendo este Eng. Sérgio de tal dado conta aos investidores, antes tendo aceite que estes realizassem os investimentos e transferido os montantes para a esfera patrimonial das Apeladas, o que estes não haveriam feito caso

soubesse que assim era, e b) que, por temer responsabilidades pessoais, sempre se recusou a movimentar a conta bancária da 2ª Apelada aberta junto do Banco B e que se recusou peremptoriamente a assinar os contratos de investimento, tendo-lhe os mesmos sido entregues, posteriormente aos seus avisos, já consumados, ou seja, assinados ou pelo Eng. Sérgio ou pelo outro administrador da 2ª Apelada, Senhor A. C.;

v) Que em todos estes três investimentos as Apeladas receberam os montantes aportados pelos investidores, aliciados que foram por retornos muito

interessantes dos seus investimentos, e em nenhum deles os projectos imobiliários foram desenvolvidos nem, tão pouco, os montantes investidos foram devolvidos pelas Apeladas àqueles.

E. Destes factos, entende a Apelante que se não era possível tirar a ilação, e até entende que o seria, era no mínimo exigido que o Tribunal a quo tivesse tido uma leitura crítica ou céptica susceptível de questionar e resolver a dúvida sobre se estes contratos não foram uma forma encontrada pelas Apeladas de se financiarem num momento em que tinham uma situação financeira muito delicada, através do aliciar, com perspectivas de retornos muito interessantes, investidores para projectos que sabia de antemão inviáveis.

F. A Douta Sentença recorrida interpreta incorrectamente os factos quando dá como provados os factos constantes dos pontos n.ºs 2, 3 (segunda parte), 19, 32, 33, 34 (segunda parte) e 35 (segunda parte) e, bem assim, quando dá como não provados, os factos constantes dos pontos n.ºs 1, 5, 6, 7 e 8 da fundamentação de facto.

G. Tendo a acção sido proposta exclusivamente contra SM & Filhos, S.A. (1ª Apelada) e a SM Engenharia e Construção, Ltda (2ª Apelada) - inexiste

qualquer 3º Réu, pelo que se impõe a supressão da parte final do ponto 2 dos factos provados.

H. A SM Engenharia e Construção, Ltda – 2ª Apelada - não é participada pela Apelante: é-o em 75% pela 1ª Apelada, em 24,999% pela M. - Investimentos Financeiros, Lda e em 0,001% por A. C..

I. Foi incorrectamente julgado o facto elencado sobre ponto n.º 19, pois jamais

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se poderia considerar provado que a aquisição pela 2ª Apelada da posição contratual da IL no Instrumento Particular de Opção de Compra e Venda do terreno de Barbuda em Magé estivesse dependente da aprovação do projecto de arquitectura pela Prefeitura de Magé. Da instrução da causa resultou inequívoco não só: a) que o contrato de opção de compra foi debatido e aceite pelas Apeladas e b) que a IL – que não tinha nenhum interesse próprio na aquisição do terreno - actuou como promitente adquirente meramente em representação da 2ª Apelada e por uma questão de conveniência prática.

J. Mas, ainda que assim não tivesse sido, era exclusivamente à 2ª Apelante que competia praticar todos os actos necessários ou convenientes ao pleno cumprimento do programa contratual, designadamente, no caso concreto praticar os actos necessários à aprovação do projecto de arquitectura na dita Prefeitura. Pelo que se a 2ª Apelada entendeu não dar andamento às

regularizações registrais, à realização do levantamento topográfico e à elaboração do projecto de arquitectura – para o que, naturalmente, teria de suportar os respectivos encargos, então foi ela quem tornou inviável a

execução do projecto de investimento e por isso tem de ser responsabilizada.

É o que resulta não só das obrigações contratualmente plasmadas no contrato junto como doc. nº 5 à Petição Inicial mas também do disposto no artigo 991º do Código Civil Brasileiro que dispõe que “a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes” (sublinhados nossos).

K. Deve pois o facto constante do ponto n.º 19 da fundamentação de facto ser alterado no sentido de ser considerado provado que o contrato de cessão de Direitos e Obrigações decorrentes do Instrumento Particular de Opção de Compra e Venda do terreno de Barbuda em Magé celebrado em 01/07/2013 entre a IL e a 2ª Apelada deveria ter ocorrido imediatamente após a

celebração deste.

L. Incorrecto é também o julgamento do facto elencado sobre ponto n.º 32 da fundamentação de facto no exacto sentido em que não pode ser considerado provado que a Apelante entendeu o conteúdo da carta das Apelantes de 07/01/2014 como uma denúncia contratual válida e, menos ainda, se pode omitir que as Apeladas tenham entendido as cartas da Apelante de 22 de

Novembro de 2013 e de 12 de Dezembro de 2013 como, respectivamente, uma interpelação para cumprimento e uma declaração de incumprimento.

M. Verifica-se incompleto julgamento do facto constante do ponto n.º 33 da matéria de facto dada como provada pois que, lido isoladamente, é

contraditório com o que consta do ponto n.º 10 da matéria de facto não

provada. Ou seja, a ocupação parcial por terceiros não era impedimento a que

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no terreno se desenvolvesse o empreendimento imobiliário contratualizado entre as partes. Importará ainda dar como provado que, a ocupação por terceiros não só não era legítima como poderia ser resolvida e,

fundamentalmente, concluir que essa ocupação se dava numa faixa diminuta do terreno que em nada obstava a que na parte restante se pudesse edificar o projectado. Ademais, foi sabendo da irrelevância de tal limitação que foi

acordado entre as partes desenvolver ali o projecto naquele terreno.

N. Foi incorrectamente julgada a segunda parte do ponto n.º 34 da matéria de facto. Efectivamente, julgado correctamente que foi que a Apelante foi

constituída unicamente com o propósito de participar neste investimento e que com isso suportou os normais custos de constituição e manutenção, estando juntos aos autos documentos comprovativos dos montantes

despendidos e tendo sido prestadas declarações de parte a confirmá-los, não podia o Tribunal deixar de os relevar e contabilizar sob pena de negar

validade àqueles meios de prova que, saliente-se, foram impugnados pelas Apeladas não por falsidade mas por M. desconhecimento. As regras da experiencia convocam pois que o Tribunal ad quem considere provados os montantes que a Apelante custeou com a sua constituição e funcionamento e condene as Apeladas a ressarcir a Apelante.

O. Foi incorrectamente julgada a segunda parte do ponto n.º 34 da matéria de facto pois que os montantes peticionados pela Apelante como custos que terá de suportar com a presente demanda em honorários de mandatários judiciais, não apenas foram explicados pelo legal representante da Apelante, como se afiguram razoáveis à luz dos critérios estabelecidos no Estatuto da Ordem dos Advogados, como ainda são os que a experiência evidencia como adequados à mesma. Concluindo pela razoabilidade do seu montante e a adequação à praxe, fazendo uso da experiência esse Venerando Tribunal fixá-los-á,

seguramente, no montante peticionado pela Apelante e condenará as Apeladas a ressarcir a Apelante.

P. Foram incorrectamente julgados os factos constantes dos pontos 1, 5, 6, 7 e 8 da matéria de facto dada como não provada. Efectivamente, a prova

produzida e o contexto em que o contrato trazido a juízo foi celebrado demandam:

i) Que seja considerado provado que as Apeladas afectaram as verbas

disponibilizadas pela Apelante a outros projectos, entre os quais, o projecto do Condomínio C. Private Vilage, em Camboriú, Santa Catarina, Brasil. Tando mais que as Apeladas nunca devolveram tais montantes à Apelante;

ii) Que seja considerado provado a realização de serviços de topografia bem como serviços de arquitectura. Desde logo, foi elaborado um pré-projecto de arquitectura por parte da IL que foi realizado tendo por base um levantamento

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topográfico previamente efectuado;

iii) Repugna às regras da experiencia que devendo, como se provou, o

processo de autorização do projecto de arquitectura pela Prefeitura de Magé ser instruído com o levantamento topográfico e com o projecto de arquitectura propriamente dito, que se tenha considerado como não provado que a

realização de tais serviços não tivesse como contrapartida pagamento do honorários aos seus executantes.

Q. Apesar de estarem preenchidos os 5 requisitos que fundam a

responsabilidade civil e a obrigação de indemnizar, a Sentença em crise desconsidera-os pois interpreta, erradamente, o contrato de Constituição de Sociedade de Conta em Participação como sendo um contrato de prestações duradouras continuadas – tipo fornecimento de água ou luz – em que é licito a uma das partes denunciá-lo a qualquer tempo.

R. Para além de só muito forçadamente se poder interpretar a carta das Apeladas de 07 de Janeiro de 2014 à Apelante como correspondendo a uma denúncia contratual, tal interpretação, ignorando que as anteriores cartas da Apelante às Apeladas de 22 de Novembro de 2013 e 12 de Dezembro de 2013 correspondem, respectivamente, a interpelação admonitória para

cumprimento e declaração de incumprimento, conduz a um resultado iníquo que possibilita que uma das partes num contrato em que não cumpriu as suas prestações contratuais e já foi até colocada em situação de incumprimento possa furtar-se às suas responsabilidades rescindindo-o unilateralmente.

Principalmente quando a parte cumpridora já havia realizado na íntegra as prestações a que estava adstrita.

S. A interpretação levada a efeito pelo Tribunal recorrido quanto àquela troca de correspondência não tem qualquer suporte de direito ou de facto, viola frontalmente as mais elementares regras de interpretação das declarações negociais e conduz a um injusto desequilíbrio contratual. Não se duvida que esse Venerando Tribunal reporá a justiça, interpretando aquelas declarações por forma a conduzi-las ao maior equilíbrio das prestações (art. 237º do CC).

T. Em suma, tendo a Apelante cumprido na íntegra as prestações contratuais a que estava obrigada e tendo as Apelantes descumprido as suas, tem a

primeira a haver das segundas a correspectiva indemnização, com o que se reporá o contratado e a legalidade dos normativos violados.

U. Indemnização essa que, havendo de considerar-se que o negócio não comportava risco, corresponderá aos lucros cessantes (interesse contratual positivo) ou, no menos, à reposição da Apelante na situação em que estaria não fora a violação contratual das Apeladas”.

Pugna a Recorrente pela integral procedência do recurso, com a consequente revogação da sentença recorrida e sua alteração por outra que condene a 1ª e

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a 2ª Apeladas no pedido principal contra elas deduzido nos presentes autos, ou, caso assim não se entenda, no pedido subsidiário.

Ré SM & Filhos, S.A., contra-alegou pugnando pela improcedência do recurso e confirmação da sentença recorrida.

Colhidos os vistos legais, cumpre decidir.

***

II. DELIMITAÇÃO DO OBJECTO DO RECURSO

O objecto do recurso é delimitado pelas conclusões da alegação do recorrente não podendo este tribunal conhecer de matérias nelas não incluídas, sem prejuízo das de conhecimento oficioso (artigo 639º do CPC).

As questões a decidir, tendo em conta o teor das conclusões formuladas pelo Recorrente, são as seguintes:

1 – Saber se houve erro no julgamento da matéria de facto, concretamente quanto aos pontos 2, 3 (2ª parte), 19, 32, 33, 34 e 35 dos factos provados e 1, 5, 6, 7 e 8 dos factos não provados;

2 – Saber se houve erro na subsunção jurídica dos factos.

***

III. FUNDAMENTAÇÃO

3.1. Os factos

Factos considerados provados em Primeira Instância:

1. A Autora é uma sociedade que se dedica à actividade de gestão por conta própria e por conta de outrem de investimentos em activos financeiros e activos imobiliários; administração de imóveis por conta própria e por conta de outrem.

2. A 1ª Ré, “SM & Filhos S.A.”, é uma sociedade cujo objecto se prende com a construção civil, empreitadas de obras públicas, indústria de serração de madeiras, carpintaria e serralharia, comércio de materiais de construção e compra e venda de imóveis, cuja Administração pertence a Sérgio, aqui 3º Réu.

3. A 2ª Ré, “SM Engenharia e Construção, Lda.”, é uma empresa de direito brasileiro que tem como actividade económica principal a prestação de serviços de engenharia e como actividades económicas secundárias a

incorporação de empreendimentos imobiliários, a construção de edifícios e a administração de obras, e é participada em 75% pela 1ª Ré, em 24,999% pela 1ª Autora, e, no restante (uma quota), por A. C..

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4. Em 25.05.2012, Autora e Rés celebraram o contrato junto sob doc. 4 da pi (fls. 24 a 36-verso), cujo teor se dá aqui por integralmente reproduzido, do qual, para além do mais, constam os seguintes considerandos e cláusulas:

“Considerando que:

A. Através da Sociedade de Propósito Específico (doravante SPE) a constituir entre a SM Brasil e empresa com conceituação de risco de crédito (GERIC) junto à Caixa Econômica Federal Brasileira, as partes pretendem desenvolver um projecto imobiliário ao abrigo do Programa Federal Minha Casa Minha Vida da Caixa Econômica Federal Brasileira, no segmento 0 a 3 salários mínimos, composto por 304 apartamentos em terreno localizado na Av. …, no Município do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, com a área de

16.165,87 m2, dando a P. o seu consentimento a que a SM Brasil substitua o empreendimento imobiliário referido por outro sito no Município do Rio de Janeiro, desde que os prazos estabelecidos para a execução do mesmo se mantenham e desde que o retorno económico para a P. seja igual ou superior ao estabelecido.

B. Independentemente da participação que a SM Brasil tenha na SPE a constituir, e cuja minuta de instrumento particular de contrato de sociedade constitui o Anexo I ao presente contrato e que dele faz parte integrante, será entre ela e a empresa com conceituação de risco de crédito, celebrado um contrato de sociedade em conta de participação pela qual, 95% da receita gerada pelo projecto imobiliário referido no considerando anterior pertencerá à SM Brasil, conforme minuta de instrumento particular de contrato que constitui o Anexo II ao presente contrato e que dele faz parte integrante.

C. Por forma a que a SM Brasil possa participar nesse projecto imobiliário tem necessidade que a P. lhe forneça fundos monetários para o efeito e, bem assim, que lhe preste a sua colaboração no desenvolvimento da promoção do projecto imobiliário.

D. A P. está disposta a contribuir com $R150.000,00 para a SM Brasil por forma a que esta possa participar no projecto imobiliário referido no considerando A supra.

E. Em contrapartida da contribuição monetária da P. na SM Brasil e da

colaboração daquela na promoção do projecto imobiliário, a SM Brasil, com o acordo da SM e a P., comprometem-se a celebrar um contrato de sociedade em conta de participação pelo qual a P. terá direito ao reembolso do montante com que contribuirá nos termos do considerando anterior acrescido de R

$844.200,00 (oitocentos e quarenta e quatro mil e duzentos reais brasileiros).

É livre e esclarecidamente celebrado o presente contrato que se rege pelos

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considerandos que antecedem e pelas cláusulas seguintes:

Cláusula 1ª

(Celebração do contrato de sociedade de conta em participação)

1.Pelo presente contrato, com o acordo da SM [1ª Ré], a SM Brasil [2ª Ré], como sócia ostensiva, e a P. [Autora], como sócia participante, comprometem- se reciprocamente a celebrar um contrato de sociedade em conta de

participação em virtude do qual serão repartidas as receitas/lucros que a SM Brasil receba da SPE que desenvolverá o projecto imobiliário referido no considerando A supra, nos termos da minuta de instrumento particular de contrato que constitui o Anexo III ao presente contrato e que dele faz parte integrante e donde constará que a P. terá direito ao reembolso do montante com que contribuirá nos termos do Considerando D supra anterior acrescido de R$844.200,00 (oitocentos e quarenta e quatro mil e duzentos reais

brasileiros).

2.O contrato de sociedade de conta em participação, reger-se-á pelo previsto no supra referido anexo III e em tudo o omisso os artigos 991º e seguintes do Código Civil Brasileiro e será formalizado no prazo máximo de 10 (dez) dias após a data em que a SM Brasil comprove por escrito ter nada mais obstar à aquisição de todos os direitos de construção relativos àquele projecto, que não apenas o pagamento dos montantes com que a P. se compromete a contribuir.

Cláusula 2ª

Contribuição de Fundos pela P. na SM Brasil

Pelo presente contrato, e com o exclusivo propósito de que a SM Brasil os utilize para pagamento dos contratos de consultoria imobiliária e de gestão e cessão de direitos associados à entrada da SM Brasil na SPE que desenvolverá o projecto imobiliário referido no Considerando A supra, a P. obriga-se a

entregar à SM Brasil a quantia de R$ 150.000 (cento e cinquenta mil reais brasileiros) nas seguintes datas:

a) R$ 70.000 (setenta mil reais brasileiros) no prazo de 10 (dez) dias após a data em que for formalizado o contrato de sociedade em conta de participação entre a SM Brasil e a P..

b) R$ 80.000 (oitenta mil reais brasileiros) no prazo de 30 (trinta) dias após a formalização do contrato de sociedade em conta de participação entre a SM Brasil e a P..

2. (…).

(…)

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Cláusula 4ª

(Participação no programa Minha Casa Minha Vida)

1. A SM Brasil obriga-se a proceder a todos os actos necessários ou

convenientes a que seja cumprido o projecto identificado no Considerando A supra e com base nos rendimentos, receitas ou lucros desse projecto, proceder a todos os actos necessários ou convenientes a que a P. receba da SM Brasil a quantia correspondente a 5,64% das receitas que a SM Brasil obtenha com o projecto identificado no considerando A), equivalente ao montante de R

$844.200 (oitocentos e quarenta e quatro mil e duzentos reais brasileiros), acrescida do valor de R$150.000 referentes ao reembolso da contribuição da P. no contrato de sociedade em conta de participação ora prometido celebrar.

(…)

Cláusula 5ª

(Utilização dos fundos aportados pela segunda contraente à Sociedade) A SM Brasil compromete-se a tudo fazer no sentido de que a SPE não utilize as quantias entregues pela P. senão para pagamento dos contratos de

consultoria imobiliária e de gestão e cessão de direitos associados à entrada da SM Brasil na SPE que desenvolverá o projecto imobiliário referido no Considerando A supra.»

5. Em 18.06.2012, a Ré SM, através do seu representante Sérgio, declarou, para os efeitos do previsto no nº 2 da cláusula 1ª do contrato promessa

referido no ponto 5., “nada tem a obstar à aquisição dos direitos de construção relativos ao projecto a que o referido contrato alude, que não apenas o

pagamento dos montantes com que a P. se compromete a contribuir”.

6. Em 13 de Junho de 2012, a Autora e as Rés, celebraram um contrato que denominaram de “Constituição de Sociedade em Conta de Participação”, cuja cópia se mostra junta a fls. 37-verso a 41 -frente, na qual a Ré SM Engenharia e Construção, Lda. é designada como “Sócia Ostensiva”, a ora Autora é

designada como Sócia Participante e a SM & Filhos S.A. como “Sócia Garante”, com o seguinte teor:

“Considerando que,

A - A Sócia Ostensiva juntamente com a empresa com geric a designar, empresa que possui conceituação de risco de crédito (GERIC) junto à Caixa Económica Federal e apresenta condições de celebrar contratos com aquela

(14)

instituição para execução de residências pelo programa federal denominado de “Minha Casa Minha Vida”, constituirão uma sociedade de propósito

específico, a denominar, destinada a desenvolver um projecto imobiliário ao abrigo do Programa Federal Minha Casa Minha Vida da Caixa Económica Federal Brasileira, no segmento 0 a 3 salários mínimos, composto por 304 apartamentos em terreno localizado na Av. …, no Município do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, com a área de construção de 16.165,87 m2.

B - Por forma a que a Sócia Ostensiva possa participar nesse projecto imobiliário tem necessidade que a Sócia Participante lhe forneça fundos monetários para o efeito e, bem assim, que lhe preste a sua colaboração no desenvolvimento da promoção do projecto imobiliário.

C - Para o efeito entre a Sócia Ostensiva e a Sócia Participante é constituída uma sociedade em conta de participação.

É livre e esclarecidamente celebrado o presente contrato de constituição de sociedade em conta de participação que se rege pelos considerandos que antecedem e pelas cláusulas seguintes:

I - DA IDENTIFICAÇÃO, SEDE, OBJETO E FUNDOS SOCIAIS DA SOCIEDADE

(…)

1.3 DO OBJETO - O objecto da sociedade é a actividade de execução de obras e de promoção do empreendimento imobiliário referido no Considerando A supra.

1.3.1 A Sócia Participante autoriza que a Sócia Ostensiva substitua o

empreendimento imobiliário referido no Considerando A supra por outro sito no Município do Rio de Janeiro desde que os prazos estabelecidos para a execução do mesmo se mantenham e desde que o retorno económico para a Sócia Participante seja igual ou superior ao estabelecido.

1.4 DOS FUNDOS SOCIAIS - Os Fundos da SOCIEDADE serão compostos pela participação de cada sócio na SOCIEDADE, a serem pagos juntamente com as despesas de implantação desta, tendo cada quota o valor de R$ 1,00 (um real).

(…)

1.4.1.- Para os fins do presente instrumento aos sócios serão atribuídas 10.000 (dez mil) quotas, conforme o quadro abaixo, conforme segue:

Sócios Participação em % Quotas Sócia Ostensiva 94,36% 9438 Sócia Participante 5,64% 564

(15)

II - DAS OBRIGAÇÕES DA SÓCIA PARTICIPANTE

São obrigações da Sócia Participante:

II.1 - A operação imobiliária deverá ser contratada com a Caixa Económica Federal pela Sociedade de Propósito Específico constituída entre Sócia Ostensiva e a empresa com geric a designar.

II.2 - A Sócia Participante apoiará a gestão e o desenvolvimento da promoção do projecto imobiliário.

II.3 - As obras serão executadas efectiva e directamente sob a

responsabilidade da Sociedade de Propósito Específico constituída entre Sócia Ostensiva e a empresa com geric a designar.

(…)

II.5.- A Sócia Participante, com o exclusivo propósito de que a Sócia Ostensiva os utilize para pagamento dos contratos de consultoria imobiliária e de gestão e cessão de direitos associados à entrada da SM Brasil na SPE que

desenvolverá o projecto imobiliário referido no Considerando A supra, obriga- se a entregar à Sócia Ostensiva a quantia de R$ 150.000 (cento e cinquenta mil reais brasileiros) nas seguintes datas:

a) R$ 70.000 (setenta mil reais brasileiros) no prazo de 10 (dez) dias contar da presente data;

b) R$ 80.000 (oitenta mil reais brasileiros) no prazo de 30 (trinta) dias após a presente data.

II.6 (…)

II - DOS DIREITOS DA SÓCIA PARTICIPANTE

III.1 - A Sócia Ostensiva obriga-se a proceder a todos actos necessários ou convenientes a que seja cumprido o projecto identificado no Considerando A supra e com base nos rendimentos, receitas ou lucros desse projecto, proceder a todos os actos necessários ou convenientes a que a Sócia Participante

receba da Sócia Ostensiva a quantia correspondente a 5,84% das receitas (já deduzidas do valor de 5% a pagar à empresa com geric a designar), que a Sócia Ostensiva obtenha com o projecto identificado no Considerando A), equivalente ao montante de R$ 844.200,00, acrescido do valor de R$ 150.000 referentes ao reembolso da contribuição da Sócia Participante no presente contrato de sociedade em conta de participação.

III.2 - A Sócia Ostensiva obriga-se a proceder a todos actos necessários ou

(16)

convenientes a que, por conta da quantia que a Sócia Participante tem direito a receber, lhe sejam entregues a título de adiantamento (...).

III.3 (…) III.4 (…)

III.5 - A Sócia Garante assume responsabilidade solidária por todas e quaisquer obrigações que para a Sócia Ostensiva decorram do presente contrato, incluindo, sem limitar, os pagamentos à Sócia Participante estabelecidos nos números anteriores da presente cláusula.

IV - DAS OBRIGAÇÕES DA SÓCIA GARANTE

São obrigações do SMP:

IV.1- Promover, manter e administrar todos os serviços necessários às operações que constituem o objecto da SOCIEDADE;

IV.2 - Responsabilizar pelo pagamento de qualquer débito ou passivo próprio, mantendo a sócia participante indene quanto a qualquer perda, dano, prejuízo, obrigação da sua responsabilidade, seja ou não de natureza judicial ou legal;

IV.3 - Manter, na sua sede ou em outro local por ela designado, escrituração contábil e fiscal específica das operações da Sociedade, em livros adequados, segundo as normas de escrituração comercial e elaborar, em 31 de Dezembro de cada ano, Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados, que serão apresentados às sócias no prazo de 150 (cento e cinquenta) dias do final do exercício;

IV.4 - Todas as obrigações perante terceiros, que forem necessárias para a consecução das operações objeto da SOCIEDADE, serão assumidas por esta, que não terá poderes para constituir obrigações em nome da Sócia

Participante, mantendo-se.

V. DA VIGÊNCIA

V.1- O presente Contrato entrará em vigor na data da sua assinatura e assim permanecerá por prazo indeterminado e até ao último recebimento da Caixa Econômica Federal relativa ao projecto imobiliário referido no Considerando A.

VI - DENÚNCIA ANTECIPADA DO CONTRATO

VI.1- O presente contrato poderá ser rescindido por qualquer das partes, a qualquer tempo, mediante o envio de notificação nesse sentido, com no

(17)

mínimo, 60 (sessenta) dias de antecedência da data prevista para a rescisão.

VI.2 - Ocorrendo a rescisão do presente contrato, as partes se obrigam a proceder aos acertos de contas devidos, com a finalidade de efectivar a rescisão e a quitação de quaisquer obrigações advindas da presente Sociedade.

VII.- RESCISÃO DE PLENO DIREITO

VII.1 - Sem prejuízo dos direitos assegurados em lei e do disposto neste instrumento, a parte que descumprir qualquer das suas cláusulas será notificada pelo outro contratante de que, ao término do prazo de 30 (trinta) dias a contar do recebimento da notificação, estará o Contrato rescindido, respondendo o faltoso por perdas e danos. Na hipótese de o contratante faltoso sanar o inadimplemento, cessarão os efeitos da notificação, permanecendo o Contrato em vigor.

(…)

IX.6 - Em tudo o omisso aplicar-se-ão as disposições pertinentes dos artigos 991º e seguintes do Código Civil Brasileiro.

X - Foro

X.1- (…) e convencionam que o presente contrato é regido pela lei portuguesa, salvo quando expressamente seja aplicável a lei estrangeira.

X.2 - Correrão por conta da parte faltosa todas as despesas judiciais ou extra judiciais que a parte não faltosa venha a suportar para garantia e/ou cobrança dos créditos emergentes deste contrato e/ou do contrato prometido. Incluindo honorários de advogados e solicitadores”.

7. Na sequência da celebração dos contratos celebrados e acima melhor descritos, a Autora transferiu para a 2ª Ré, as seguintes verbas:

a) € 28.000,00, em 11 de Julho de 2012;

b) € 32.000,00, em 12 de Julho de 2012;

c) € 1.100,00, em 20 de Setembro de 2012.

8. No dia 13 de Junho de 2012, foi outorgado pela SM Engenharia e

Construção L.da e pela SG - Serviços e Gestão L.da um denominado “Contrato de Prestação de Serviços”, cuja cópia consta a fls. 213 a 215, que aqui se dá por integralmente reproduzido, através do qual a primeira declarou contratar a segunda, o que esta declarou aceitar, no âmbito das suas actividades de

(18)

assessoria na promoção e consultoria de gestão relativos ao empreendimento imobiliário referido no Considerando A, mediante a contrapartida do

pagamento à SG das seguintes quantias:

a) O valor de R$ 20.000 após recepção dos fundos relativos à 1ª tranche do SCP celebrado com P. - Investimentos , Lda;

b) O valor de R$ 30.000 após recepção dos fundos relativos à 2ª tranche do SCP celebrado com P. - Investimentos , Lda;

c) O valor correspondente a 3,5% das receitas mensais que a SM Brasil obtenha com o empreendimento imobiliário referido no Considerando A).

9. No referido contrato, para além do mais, mostram-se lavrados os seguintes considerandos:

“A. Por contrato a celebrar entre a primeira contraente e a empresa com geric a designar ser constituída uma Sociedade de Propósito Específico, com a

finalidade de construir um empreendimento imobiliário no âmbito do

Programa Minha Casa Minha Vida da Caixa Económica Federal Brasileira, no segmento 0 a 3 salários mínimos, composto por 304 apartamentos em terreno localizado na Av. …, no Município do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, com a área de construção de 16.165,87 m2, podendo este empreendimento imobiliário ser substituído sito no Município do Rio de Janeiro, desde que os prazos para a execução dos mesmos se mantenham.

B. A segunda contraente presta serviços de assessoria na promoção e

consultoria de gestão especialmente vocacionados para a alienação de activos imobiliários, bem como serviços de assessoria financeira e de estruturação de capitais e ainda consultoria na gestão de projectos e de coordenação de

recursos;

C. A primeira contraente está interessada em recorrer aos serviços da

segunda contraente para que esta preste serviços de assessoria na promoção e consultoria de gestão, bem como serviços de assessoria financeira e de estruturação de capitais e ainda consultoria na gestão de projectos e de coordenação de recursos relativamente ao empreendimento imobiliário referido no considerando A);”

10. No dia 13 de Junho de 2012, foi outorgado pela SM Engenharia e Construção L.da e pela IL L.da um denominado “Contrato de Prestação de Serviços de Consultoria de Arquitectura”, cuja cópia consta a fls. 215-verso a 217, que aqui se dá por integralmente reproduzido, através do qual a primeira declarou contratar a segunda, o que esta declarou aceitar, no âmbito das suas actividades, prestar consultoria sobre estudos e projectos técnicos de

arquitectura relativos ao empreendimento referido no Considerando A, e em

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contrapartida dos serviços prestados pagar à IL as seguintes quantias:

a) O valor de R$ 20.000 após recepção dos fundos relativos à 1ª tranche do SCP celebrado com P. - Investimentos, Lda;

b) O valor de R$ 30.000 após recepção dos fundos relativos à 2ª tranche do SCP celebrado com P. - Investimentos, Lda;

c) O valor correspondente a 3% das receitas mensais que a SM Brasil obtenha com o empreendimento imobiliário referido no Considerando A)

11. No referido contrato, para além do mais, mostram-se lavrados os seguintes considerandos:

“A. Por contrato a celebrar entre a primeira contraente e a empresa com geric a designar ser constituída uma Sociedade de Propósito Específico, com a finalidade de construir um empreendimento imobiliário no âmbito do

Programa Minha Casa Minha Vida da Caixa Económica Federal Brasileira, no segmento 0 a 3 salários mínimos, composto por 304 apartamentos em terreno localizado na Av. …, no Município do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, com a área de construção de 16.165,87 m2, podendo este empreendimento imobiliário ser substituído sito no Município do Rio de Janeiro, desde que os prazos para a execução dos mesmos se mantenham.

B. A segunda contraente é uma empresa especializada em arquitectura e elaboração de projectos e está habilitada a desenvolver consultorias, gerenciar e coordenar equipas multidisciplinares nas diversas etapas que compõem o processo de elaboração de um projecto arquitectónico;

C. A primeira contraente está interessada em recorrer aos serviços da

segunda contraente para que esta preste serviços de consultoria de gestão, no âmbito do processo de elaboração do projecto arquitectónico relativo ao

empreendimento imobiliário referido no considerando A);”

12. No âmbito dos contratos referidos em 8. a 11., foi paga, pela 2ª Ré, à SG - Serviços à Gestão Lda., a quantia de R$ 50.000 e, à IL Lda., igual quantia.

13. Após a celebração contratual de 25 de Maio de 2012 ocorreram problemas quanto à efectiva implementação do projecto imobiliário Minha Casa Minha Vida no local originalmente previsto.

14. Em Maio de 2013, surgiu a oportunidade de desenvolver o projeto, num outro terreno, apelidado de “Barbuda em Magé”.

15. Em 01.07.2013, entre C. S. e “IL, L.da” foi celebrado um denominado

“instrumento particular de opção de compra e venda”, cuja cópia consta a fls.

75 a 81 e que aqui se dá por integralmente reproduzido, através do qual a primeira declarou conceder à segunda opção de compra do imóvel ali descrito, sito em Mage, Rio de Janeiro, nas condições e de acordo com as cláusulas

(20)

estipuladas no referido instrumento, sendo a sua validade de 180 dias contados a partir da data em que o projeto de edificação, a que se refere a cláusula 2º - empreendimento imobiliário composto de unidades habitacionais, no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida” - fosse aprovado pela

Prefeitura do Município de Mage, Rio de Janeiro.

16. Na cláusula 1ª do referido “instrumento”, a propósito do imóvel, consta o seguinte:

“A Promitente Vendedora é legítima proprietária de uma área de uma área de terra constituída pelo do lote de nº 38 da Rua …, da planta de

desmembramento da antiga Fazenda …, remanescente, zona urbana do 1º Distrito de Mage/RJ, (…), declara-se herdeira única do terreno acima citado, por conta do falecimento do seu pai, ocorrido em 14 de julho de 1963 (…) cujo processo de inventário transcorre no Forum da Comarca de Mage/RJ.

Parágrafo Primeiro: em face da referida área acima ter sofrido invasão territorial de forma involuntária provocada por terceiros, se fará necessário um novo levantamento topográfico do terreno, a fim de redefinir o que real de fato existe em metros quadrados, para uma nova averbação documental junto do Cartório de Registros de Imóveis, da cidade de Mage/RJ, e a emissão de um novo documento oficial.”

17. O referido “instrumento particular de opção de compra e venda” cuja cópia consta a fls. 75 a 81 foi “validado” pela Autora e pelas Rés;

18. Posteriormente, foi proposto e aceite entre a Autora, as Rés e a sociedade IL, Lda. a celebração de um contrato de cessão de Direitos e Obrigações da última sociedade à 2ª Ré, através do qual a IL se comprometia a ceder à 2ª Ré a titularidade de todos os direitos e obrigações decorrentes do referido

“contrato de opção de compra e venda”.

19. As partes acordaram que a aludida cedência de direitos da IL para a 2ª Ré só ocorreria quando o projecto de arquitectura relativo ao citado terreno estivesse aprovado na Prefeitura de Magé;

20. A 2ª Ré não assinou o referido contrato de Cessão de Direitos e Obrigações.

21. Em 2 de Fevereiro de 2013, entre W. R., como Contratado, e a 2ª Ré, como Contratante, foi celebrado um acordo, denominado de “contrato de agência comercial”, tendo por objecto a assessoria comercial e intermediação pelo Contratado, visando a construção, pela 2ª Ré, de um empreendimento imobiliário, no âmbito do programa Minha Casa Minha Vida, em terreno propriedade de R. N., situado na Rua … do município de Tanguá do estado do Rio de Janeiro, assim como conduzir e aconselhar e assessorar em todos os passos necessários tais como: obtenção de documento de opção de compra ou

(21)

promessa de compra e venda entre o proprietário do terreno e a Contratante, levantamento topográfico, elaboração do projecto de arquitectura e sua

aprovação na Prefeitura, estabelecimento de parceria com empresa

construtora gericada, formação de demanda de compradores para aquisição para aquisição de residências habitacionais através dos Termos de Ajustes, elaboração do processo documental visando a aprovação e a contratualização do empreendimento com a Caixa Econômica Federal, e outros que se julguem necessários, até à aprovação final pelos órgãos federal, estadual e municipal que regulam a matéria, ali se prevendo que em 02 de Agosto de 2013

deveriam estar concluídas as acções acabadas de referir (cfr. cláusula primeira e segunda do aludido contrato).

22. A cláusula terceira, sob a epígrafe “Preço e Forma de Pagamento”, do supra citado contrato de agência, estipulava o seguinte:

«3.1 A CONTRATANTE [2ª Ré] pagará ao CONTRATADO [W. R.] pelos serviços objecto deste Contrato, a que se refere o item 1.1 da Clausula Primeira supra e anexo, de acordo com a conclusão dos processos estabelecidos no

cronograma anexo, nomeadamente:

1.Assinatura do presente contrato R$3.000

2.Assinatura do Instrumento Particular de Promessa de Opção de Compra e Venda com Anexo I R$3.000

3.Contratualização do Instrumento Particular de Opção de Compra e Venda R

$6.000

4.Entrega formal completa do projecto na Prefeitura R$3.000 5.Aprovação pela Prefeitura do projecto de arquitectura R$3.000 6.Contratualização de SPE/SCP com empresa gericada R$3.000

7.Entrega do dossier final completo para aprovação na CEF/BB (Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil) R$6.000

8.Aprovação final e assinatura do contrato com CEF/BB (nota: este valor vai receber com o 1º pagamento da CEF/BB) R$6.000

Pagamento a efectuar no prazo máximo de uma semana após a respectivas conclusão através de depósito bancário de acordo com o estabelecido no item 3.2.1 deste instrumento, a título de serviços prestados.

3.2 Para efectivação do pagamento a que se refere o item 3.1

supramencionado, o CONTRATADO deverá apresentar ao CONTRATANTE a correspondente Nota Fiscal de Serviços ou recibo RPA – Recibo de Pagamento de Autônomo, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas antes da data de vencimento.

(…)»

23. O referido Anexo I correspondia a minuta de contrato denominado

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“Instrumento Particular de Promessa de Opção de Compra e Venda” relativo a um terreno situado na rua …do município de Tanguá do estado do Rio de Janeiro - RJ, conforme cópia junta a fls. 443 e 444, cujo teor aqui se dá por integralmente reproduzido.

24. No âmbito do contrato cuja cópia consta a fls. 83 a 86, verbalmente

transposto pelas partes para o terreno de Magé, W. R. prestou à Ré SM Brasil serviços referentes à assessoria ao projecto “Minha Casa Minha Vida”, tendo as partes acordado que, com a Opção de Compra relativa a este terreno, lhe seria pago o montante de R$ 4.500.

25. A 2ª Ré não procedeu ao pagamento do referido valor;

26. O referido W. R. não emitiu a nota fiscal relativa ao referido pagamento;

27. A 2ª Ré não procedeu ao pagamento de serviços de topografia, alegadamente ascendentes a 5.000 R$.

28. Através de email remetido em 19.09.2013, cuja cópia consta a fls. 58-verso a 59, P. P. comunicou a “SM/Sérgio”, entre o mais, que:

“No seguimento do acompanhamento aos projectos e contratos celebrados no âmbito da SM - Engenharia e Construção, Ltda. SMB, no Brasil, após esforço considerável da nossa parte, conseguiu-se recuperar em 2013 um

posicionamento de concretização dos 2 porjetos que dizem respeito à M., Lda.

e à P., Lda.

1- M.

Por razões que eu nunca entendi, chegou-se a uma situação de incumprimento total da W. para com a SMB e que originou uma formalização da situação de incumprimento desta para com aquela, datada de Setembro de 2012 - há já um ano.

Como é do seu conhecimento, desde a última visita do João ao Rio de Janeiro, de meador de Julho de 2013 - há já 10/12 semanas -, conseguimos abertura do proprietário do terreno de Heliópolis para estudar e implementar uma

parceria que será claramente benéfica para a SMB e M., mas que para avançar está pendente de uma cópia do contrato celebrado em 2011 entre a SMB e a W. que o Sérgio ainda não disponibilizou. Afim de o João e o W. R.

evoluírem com a sua indicação no estabelecimento de parceria com o dono do terreno - Manoel e o seu advogado - Silvio.

Relembro que o contrato celebrado entre M. e SMB/SM/Sérgio está com um atraso de implementação de cerca de 2 anos.

2- P.

Após a celebração contratual de Junho de 2012, fomos sofrendo revezes na efectiva disponibilidade de terrenos adequados e aptos à implementação do

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projecto, o que já induziu um atraso de mais de um ano ao projecto inicialmente contratado.

O João com o W. R., celebraram um Contrato de Opção de compara e venda, validado por nós todos (Sérgio incluído), na última deslocação do João ao Rio de Janeiro - em Junho/Julho de 2013.

Entretanto, foi proposto e aceite pelo Sérgio um contrato de cessão de Direitos e Obrigações da IL à SMB, que está para assinatura.

Ao longo destes meses de acompanhamento destes projectos, foi estabelecido de comum acordo e formalmente aceite que a SMB assumiria este projecto para a sua implementação, logo que estivesse celebrada uma opção de compra - situação que foi atingida.

Como também é do seu conhecimento, este projecto está parado desde

meados de Julho de 2013 - há cerca de 7/8 semanas, pois a SMB não liquida a nota de honorários ao W. R., pelo valor de cerca de R$ 4.500; creio que o Sérgio já estabeleceu pelo menos 3 datas para proceder a esse pagamento e ao que sei, não está pago.

Há um conjunto de acções a implementar pelo João /W. R. que não conseguem avançar devido a este não pagamento, tal como indicado nos meus mails recentes.

(…)

Peço pois ao Sérgio para marcar reunião logo após o seu regresso de Angola, se possível logo na 2ª feira dia 23.09.13, e antes da partida do João para o Brasil, afim de analisarmos estes pontos e lhes darmos sequência de forma distinta à que temos dado ao longo destes meses.”

29. Por carta de 22.11.2013, em documento timbrado da SG - Serviços e Gestão, Lda., cuja cópia consta de fls. 59-verso a 61, que aqui se dá por

integralmente reproduzida, P. P. comunicou a Sérgio e SM Filhos, S.A., entre o mais, o seguinte:

“Assunto: Contratos celebrados pela M.-Investimentos Financeiros e Imobiliários, Lda. e pela P., Investimentos Lda., com a SM - Engenharia e Construção Lda., com a SM & Filhos, S.A., com o Engenheiro Sérgio e com a participação dos senhores Augusto e Fernando.

(…)

2 - Em 25 de Maio de 2012 a P. - Investimentos, Lda. (P.) celebrou uma relação contratual com as entidades acima referidas.

2.1 - A identificação concreta de um projecto a assumir sofreu atrasos na intervenção directa de outras partes, mas em Maio de 2013 foi identificado e

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aceite um projecto - Barbuda em Magé.

2.2 - Desde então, mesmo tendo o Sérgio assumido o compromisso e assumir pessoalmente a “posse” e liderança do projecto, após a celebração de opção de compra, o Sérgio tem induzido um atraso sistemático à sua implementação, através de procedimentos dilatórios e outros, relativos a pagamentos e

tomadas de decisão. O atraso induzido pelo Sérgio é de, pelo 6 a 10 meses.”

(…)

Até ao dia 16 de Dezembro terei de prestar contas junto dos meus sócios, em que poderei ser forçado a apresentar uma de duas soluções possíveis:

A) De continuidade:

. Justificar as dificuldades

. Credibilizar a relação e empenho

Apresentar uma nova forma credível de gerir projectos . Oferecer uma compensação financeira.

B) De ruptura:

. Não há vontade.

. Não há credibilidade.

. Não há condições.

Para tal, preciso de ter uma posição clara até ao dia 09 de dezembro de 2013.

(…)

Aguardo por uma posição clara da sua parte e em representação das

entidades acima indicadas que permita abordar os pontos acima indicados e que permita evoluirmos no sentido de continuidade, com outra abordagem.

A partir da data indicada e sem posição formal, não terei opção que não a de prestar contas aos meus sócios, com toda a clareza e todos os detalhes do processo, tendo a clara convicção que iremos para uma situação de roptura com todas as consequências que daí advirão”.

30. Por carta, em documento timbrado da SG - Serviços e Gestão, Lda., cuja cópia consta de fls. 68 a 69, que aqui se dá por integralmente reproduzida, P.

P., nas qualidades e com poderes de sócio gerente de SG - Serviços e Gestão Lda., P. e Gerente de M., comunicou a SM - Engenharia e Construção Lda. e Engenheiro Sérgio, entre o mais, o seguinte:

Assunto: Contratos celebrados pela M.-Investimentos Financeiros e Imobiliários, Lda. e pela P., Investimentos Lda., com a SM - Engenharia e

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Construção Lda., com a SM & Filhos, S.A., com o Engenheiro Sérgio e com a participação dos senhores Augusto e Fernando.

(…)

Ex.mo Sr.

No passado dia 22 de Novembro de 2013, enviamos comunicação sobre este assunto que anexamos.

Tentamos também o contato por mail e por telemóvel como o Eng. Sérgio.

Ontem recebemos breve mail, dano conta que receberíamos uma resposta brevemente.

Uma vez mais, a pouca informação que recebemos e a posição que percebemos é a de indefinição, extensão no tempo, não compromisso.

Mais informamos, que nos vemos forçados a interpretar este adiamento

constante da parte de V. Exas. como a evidência da falta de qualquer interesse ou motivação em, construtivamente, encontrar uma solução para todos os problemas criados com a vossa condução destes dossiers e destas relações contratuais.

Pela presente vimos formalizar junto de V. Exas., que a entidades acima indicadas:

SM - Engenharia Construção Lda., SM & Filhos, S.A.

Engenheiro Sérgio Augusto

Fernando.

Estão em incumprimento contratual, perante: M.-Investimentos Financeiros e Imobiliários, Lda.

P., Investimentos Lda.

E demais parceiros envolvidos directa ou indirectamente nestes contratos.

Ficamos na expectativa de com urgência, obter uma posição formal, clara, comprometida e credível que permita repor a posição comercial, contratual e societária numa situação construtiva de cumprimento pleno.”

31. Por carta datada de 07.01.2014, cuja cópia consta de fls. 130 e 130-verso, que aqui se dá por integralmente reproduzida, a Ré SM & Filhos, S.A.

comunicou à M. - Investimentos Financeiros e Imobiliários, Lda. e P. - Investimentos Lda.:

“Em resposta aos V/ofícios datados de 22 de Novembro e de 12 de Dezembro de 2013, no qual V.Exas expõem diversas situações relacionadas com o

Investimento em projetos no Brasil e após leitura atenta às questões que nos

(26)

coloca, cumpre-nos dar resposta:

I. Contrato celebrado entre a M.-Investimentos e SM & Filhos, S.A.:

1. Refere V. Exa. que existe incumprimento da SM nos compromissos assumidos com a M. - Investimentos Imobiliários Lda.

2. No entanto, verifica-se que grande parte dos compromissos assumidos foram cumpridos e, os que não foram deveu-se a motivos imprevistos, como infra passaremos a justificar.

3. Desde logo, a SM & Filhos S.A., procedeu conforme acordado ao aumento do capital social da sociedade SM - Engenharia e Construção Lda., para 155.000 R$.

4. Nessa senda, a sociedade sua representada passou a deter 38.749 quotas, representativa de 24,99% do capital da sociedade, o que ainda se mantém.

5. Mais, foram alteradas cláusulas do contrato da sociedade em consonância com o acordado.

6. Apenas e tão só, não foi possível realizar o investimento no programa

“Minha Casa Minha Vida” por motivos que são do vosso inteiro conhecimento r que se prende com o facto de a sociedade de consultoria imobiliária

denominada W. - Representação e Comércio Exportação LTDA., ter desaparecido do mercado, sem qualquer rastro ou justificação.

7. O que só nos leva a crer de que fomos todos enganados por esta sociedade.

8. Uma vez que, a mesma apoderou-se da quantia que lhe havia sido entregue de forma a desenvolver o projecto supra identificado.

9. Pelo que, quanto a isto não pode acusar a SM, SM - Construção e Engenharia Ltda., ou o Sérgio de não acautelarem convenientemente os interesses destas sociedades ou da sociedade sua representada, pois todos os esforços foram desenvolvidos para levar o projecto a “bom porto”, que não se verificou, não por qualquer causa imputável a estas entidades, mas sim por factos alheios a estas, as quais até constituirão factos criminosos.

10. Esta situação, a que todos fomos alheios, faz com que efectivamente este projecto não tenha viabilidade.

II - Do contrato celebrado com a P. - Investimentos L.da.

1. O investimento neste projecto estava previsto em 150.000,00$, dos quais só 50.00,00$ foi efetivamente gasto por conta destes, tendo 50.00,00$ sido

entregues ao intermediário IL e os restantes 50.00,00$, ficado em V. poder.

2. Acontece que, surgiram algumas desconfianças quanto à exequibilidade deste do projecto que estava por base na celebração deste contrato e, por esse

(27)

motivo propõe-se a desistência deste de forma a que, não aconteça situação idêntica à mencionada no ponto I, antecedente.

(…)

Assim, a título de conclusão informamos que não estão reunidas as condições para a continuidade de ambos os projetos, tanto o relacionado com a M., como o relacionado com a P.-Investimentos, Lda.”

32. A posição constante da carta que antecede foi assumida por ambas as Rés e como tal entendida pela Autora.

33. O terreno objecto do referido “instrumento de opção de compra” era um terreno que havia sido parcialmente ocupado por terceiros.

34. A Autora foi constituída com o único propósito de participar no projecto referido no contrato de fls. 24 a 27, tendo gasto, com a sua constituição e manutenção, quantia não concretamente apurada.

35. A Autora despenderá com o presente processo e honorários com advogados e solicitadores quantia não concretamente apurada.

***

Factos considerados não provados em Primeira Instância:

1. As verbas disponibilizadas pela Autora tenham sido afectas a outros projectos, tais como o projecto imobiliário da construção das casas no

Condomínio C. Private Village, em Camboriú, Santa Catarina, Brasil - projecto executado pela 2ª Ré;

2. A 2ª Ré tivesse direito a receber, com a execução do projecto em causa, o montante de R$ 2.399.735,60.

3. Tenha sido proposto e aceite entre a Autora, as Rés e a sociedade IL, Lda.

que a celebração do contrato de cessão de Direitos e Obrigações referido nos

“Factos provados” sucederia imediatamente após a celebração do dito

“contrato de opção de compra e venda”.

4. A Autora tenha entregue verbas (para além das referidas nos Factos Provados) para pagamento dos serviços do referido W. R..

5. O referido W. R. não tenha avançado com a ulterior fase de preparação e entrega do projecto de arquitectura na Prefeitura de Magé por não lhe serem efectuados os aludidos pagamentos.

6. Tenham sido prestados serviços de topografia no montante de R$ 5.000.

7. Tenham sido prestados serviços pelo arquitecto do projecto imobiliário no montante de R$ 10.000.

8. A realização dos referidos pagamentos fosse indispensável à instrução do projecto imobiliário a entregar para aprovação na Prefeitura de Magé.

9. Os pagamentos à IL e à SG tenham sido efectuados por exigência da Autora e sem que aquelas sociedades tivessem prestado quaisquer serviços à 2ª Ré.

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10. O terreno objecto do referido “instrumento de opção de compra” fosse um terreno sem capacidade construtiva, sendo essa a razão que levou a 2ª Ré a decidir não avançar para a outorga do contrato de cessão dos direitos de opção de compra e venda.

11. À data da negociação dos contratos juntos a fls. 24 a 27 e 37-verso a 41, as Rés, representadas pelo seu administrador Sérgio, não tinham experiência alguma na negociação e celebração de contratos comerciais, designadamente de contratos semelhantes aos dos autos.

12. Ao celebrar os contratos juntos a fls. 24 a 27 e 37-verso a 41, a Autora tenha querido explorar a alegada inexperiência das Rés.

***

3.2. Da modificabilidade da decisão de facto

Sustenta a Recorrente nas suas conclusões que houve erro no julgamento da matéria de facto quanto aos pontos 2, 3 (2ª parte), 19, 32, 33, 34 e 35 dos factos provados e 1, 5, 6, 7 e 8 dos factos não provados.

Decorre do n.º 1 do artigo 662º do Código de Processo Civil que a Relação deve alterar a decisão proferida sobre a matéria de facto, se os factos tidos como assentes, a prova produzida ou um documento superveniente impuserem decisão diversa.

E a impugnação da decisão sobre a matéria de facto é expressamente admitida pelo artigo 640º, n.º 1 do Código de Processo Civil, segundo o qual o

recorrente deve obrigatoriamente especificar, sob pena de rejeição, os pontos de facto que considera incorrectamente julgados, os concretos meios de prova, constantes do processo ou de registo ou gravação nele realizada, que

impunham decisão diversa e a decisão que, no seu entender, deve ser proferida sobre essas questões de facto.

No caso concreto, a Recorrente cumpriu satisfatoriamente o ónus de impugnação da matéria de facto.

Analisemos então os motivos da sua discordância apreciando em primeiro lugar os pontos 2 e 3 (2ª parte) os quais têm a seguinte redacção:

“2. A 1ª Ré, “SM & Filhos S.A.”, é uma sociedade cujo objecto se prende com a construção civil, empreitadas de obras públicas, indústria de serração de madeiras, carpintaria e serralharia, comércio de materiais de construção e compra e venda de imóveis, cuja Administração pertence a Sérgio, aqui 3º Réu.

3. A 2ª Ré, “SM Engenharia e Construção, Lda.”, é uma empresa de direito brasileiro que tem como actividade económica principal a prestação de serviços de engenharia e como actividades económicas secundárias a

(29)

incorporação de empreendimentos imobiliários, a construção de edifícios e a administração de obras, e é participada em 75% pela 1ª Ré, em 24,999% pela 1ª Autora, e, no restante (uma quota), por A. C.”.

A Recorrente fundamenta a sua discordância no facto de inexistir qualquer 3º Réu na presente acção e no facto de constar no ponto 3) que a Ré “SM

Engenharia e Construção, Lda.” é detida pela Autora quando dos documentos juntos aos autos resulta ser detida pela sociedade M.-Investimentos

Financeiros Lda.

Assiste inequivocamente razão à Recorrente quando refere que inexiste nos presentes autos um 3º Réu e que a referida Ré não é detida pela Autora; o que aliás é reconhecido pela Ré SM & Filhos, S.A. nas suas contra-alegações, nas quais requereu a rectificação de tais erros de escrita ou lapsos manifestos.

Na verdade, e conforme refere a Recorrida SM & Filhos, S.A., não se tratará verdadeiramente de erro na apreciação da prova produzida, mas antes de lapsos manifestos decorrentes seguramente do facto (alegado pela própria Recorrente na petição inicial e nas alegações) de existir uma outra acção com o nº 113/14.1T8BRG onde figura como Autora a referida sociedade M.-

Investimentos Financeiros Lda e na qual inicialmente era também autora a aqui Recorrente mas que por força da excepção de coligação activa ilegal viria a prosseguir apenas do lado activo com aquela sociedade, mas também da pendência do procedimento cautelar invocado pela Recorrente, instaurado por esta e por aquela sociedade em coligação contra a 1ª Ré mas também contra o seu administrador Sérgios e outros (ex-administradores).

De todo o modo, e face aos lapsos existentes importa proceder às necessárias rectificações passando os pontos 2) e 3) a ter a seguinte redacção:

“2. A 1ª Ré, “SM & Filhos S.A.”, é uma sociedade cujo objecto se prende com a construção civil, empreitadas de obras públicas, indústria de serração de madeiras, carpintaria e serralharia, comércio de materiais de construção e compra e venda de imóveis, cuja Administração pertence a Sérgio.

3. A 2ª Ré, “SM Engenharia e Construção, Lda.”, é uma empresa de direito brasileiro que tem como actividade económica principal a prestação de serviços de engenharia e como actividades económicas secundárias a

incorporação de empreendimentos imobiliários, a construção de edifícios e a administração de obras, e é participada em 75% pela 1ª Ré, em 24,999% pela sociedade M.-Investimentos Financeiros Lda , e, no restante (uma quota), por A. C.”.

Quanto ao ponto 19) dos factos provados tem a seguinte redacção:

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