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O SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO EM GRUPO NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE MANDAGUARI: a experiência no projeto Maria Bonita

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O SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO EM GRUPO NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE MANDAGUARI: a experiência

no projeto “Maria Bonita”

Adriéli Volpato Craveiro1 Bruna Eloise Souza Vettor2 Franciele Holanda de Moura3

1. INTRODUÇÃO

Muito se há discutido, nos últimos anos, acerca da atuação profissional do assistente social nos mais diversos espaços sócio-ocupacionais postos para os profissionais. Diante disso, o texto que se apresenta é resultado satisfatório de uma atuação profissional enriquecida dentro de um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) vinculado à Política Pública de Assistência Social, que está organizada em proteção social básica e proteção social especial. Na proteção social básica encontramos o CRAS como principal porta de entrada desta política pública, ofertando serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais voltados a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social, com o intuito de possibilitar melhorias na qualidade de vida, fortalecer os vínculos familiares e comunitários, estimular a autonomia e o protagonismo social e contribuir com o exercício da cidadania.

No ano de 2016, no CRAS do município de Mandaguari, por meio do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), foi iniciado um projeto socioeducativo em formato de grupo, denominado “Maria Bonita”, que é voltado para o atendimento e acompanhamento de mulheres em situações de vulnerabilidade, risco social e com os vínculos familiares fragilizados.

Frente a isso, o assistente social, ao desempenhar ações conferidas ao seu exercício profissional e por responder atribuições pautadas no Projeto Ético-Político do Serviço Social, toma a frente do Projeto “Maria Bonita” e desenvolve intervenções por

1 Orientadora do artigo. Assistente social do Ministério Público do estado do Paraná. Mestre em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina. Doutoranda em Sociedade, Cultura e Fronteiras pela Universidade do Oeste do Paraná. E-mail: adrielivolpato20@gmail.com

2 Assistente social do Centro de Referência de Assistência Social de Mandaguari. Especialista em Serviço Social na Sociedade Contemporânea: direção social, instrumentais e política social. E-mail:

brunavettor@gmail.com

3 Assistente social do Conselho da Comunidade de Execuções Penais da Comarca de Maringá.

Docente do curso de Serviço Social da Faculdade Metropolitana de Maringá – FAMMA. Especialista em Saúde Mental. Especialista em Serviço Social na Sociedade Contemporânea: direção social, instrumentais e política social. E-mail:francielehmoura@gmail.com

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meio do trabalho em grupos, tendo por objetivo atuar em uma perspectiva coletiva com o propósito de viabilizar e assegurar o acesso à cidadania e aos direitos sociais às mulheres e suas famílias.

Com o propósito para que todos conheçam a experiência do Serviço Social no trabalho com grupo desenvolvido por meio do Projeto “Maria Bonita” no CRAS do município de Mandaguari – região noroeste do Paraná, o presente artigo foi contemplado e dividido da seguinte forma: inicialmente realizamos uma discussão teórica em torno da Política Pública de Assistência Social, bem como sobre o CRAS. Em seguida, uma breve contextualização sobre o Serviço Social como profissão. Após, concretizamos o relato de experiência da atuação do assistente social com trabalho em grupo no Projeto “Maria Bonita”. Apresentamos nossas considerações finais.

2. A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Na trajetória histórica do Brasil, com a promulgação da Constituição Federal em 1988 que foi conquistada num período marcado por reivindicações da classe trabalhadora, ocorreram novos arranjos que possibilitaram a elaboração e instauração de políticas públicas de proteção social.

Ao discutirmos sobre a proteção social é importante que tenhamos a compreensão de que,

[...] a proteção social se dá por meio de políticas sociais, se estruturando a favor da disseminação e do desenvolvimento do capitalismo, sendo alterada de acordo com a necessidade desse sistema como estratégia para sua manutenção e expansão. Ela é utilizada para “minimizar” as expressões da questão social, resultantes do sistema de produção capitalista, atendendo os “excluídos socialmente” (OLIVEIRA; VETTOR, 2014, p. 18).

Um dos principais avanços no campo da intervenção estatal ocorreu com o surgimento do sistema de seguridade social que visa à proteção social na perspectiva da concretização dos direitos sociais e de cidadania, como responsabilidade do Estado. Este sistema busca garantir a proteção integral com a saúde como direito universal, a previdência social de caráter contributivo e a assistência social prestada a quem dela necessitar independentemente de contribuição.

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A assistência social, antes relacionada à benemerência, caridade, filantropia e troca de favores, foi a política pública última do tripé da seguridade social a adquirir visibilidade como política social e ser reconhecida como direito para todos que necessitarem, regulamentada pela Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS4, n.º 8.742 de 1993.

É preciso considerar que,

a tardia institucionalização da política de assistência acontece num ambiente onde o tratamento da questão social centrado no combate à pobreza focalizada só fez aprofundar o processo de desconstrução simbólica e ideológica da Seguridade como base para pensar e construir as políticas sociais, dificultando justamente o caráter intersetorial que tal política deveria ter com as demais políticas públicas (MAURIEL, 2010, p. 177).

Ainda em relação ao seu reconhecimento como política de direito, em 2004 houve a consolidação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), que define seu caráter de política de proteção social ligada às demais políticas de seguridade social; a criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em 2004; em seguida, no ano de 2005, a aprovação da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS), que tem como função a gestão descentralizada e participativa da Política Pública de Assistência Social no campo da proteção social brasileira; e em 2009 a aprovação da Tipificação dos Serviços Socioassistenciais.

Brasil (1993) destaca que a assistência social é organizada por níveis de proteção social e suas complexidades: proteção social básica e especial, ofertadas pela rede socioassistencial.

Segundo Brasil (2009), os serviços de proteção social básica reúnem ações no sentido da proteção proativa e na atenção às famílias em situação de vulnerabilidade social. Na proteção social especial é concretizado o atendimento das famílias em situação de risco pessoal e social que necessitam de intervenções com um caráter mais especializado devido à violação de direitos. Tais proteções são ofertadas pela rede socioassistencial, sendo as principais instituições governamentais que as ofertam: a proteção social básica no CRAS e a proteção social especial no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

4 De acordo com o Artigo 1º da LOAS: “a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada por meio de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas” (BRASIL, 1993, p.01).

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O CRAS é uma instituição pública estatal responsável pela garantia da proteção social básica, oferta serviços de caráter protetivo, preventivo e proativo. De acordo com Brasil (2004, p. 33), tal nível de proteção atende a “população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços) [...] e/ou fragilização de vínculos afetivos”. Ainda sobre a caracterização dos serviços da proteção social básica, Brasil (2004, p. 29) enfatiza que:

São considerados serviços de proteção social básica de assistência social aqueles que potencializam a família como unidade de referência, fortalecendo seus vínculos internos e externos de solidariedade, por meio do protagonismo de seus membros e da oferta de um conjunto de serviços locais que visam à convivência, à socialização e ao acolhimento, em famílias cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos, bem como a promoção de integração ao mercado de trabalho [...].

A proteção social básica tem como objetivos “prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades, aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários” (BRASIL, 2004, p. 33). É efetivada por meio da rede socioassistencial com serviços, programas, projetos e benefícios que atuam articulados entre as unidades de proteção social, de acordo com a necessidade de seu usuário.

Os serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica deverão se articular com as demais políticas públicas locais, de modo a garantir a sustentabilidade das ações desenvolvidas e o protagonismo das famílias e indivíduos atendidos, de modo a superar as condições de vulnerabilidade e a prevenir as situações que indicam risco potencial. Deverão ainda se articular aos serviços de proteção especial, garantindo a efetivação dos encaminhamentos necessários (BRASIL, 2004, p. 34-35).

É importante esclarecer que a proteção social básica não envolve somente serviços, programas, projetos e benefícios. De acordo com Brasil (2004), a proteção social básica também se constitui como espaço para viabilizar a participação dos sujeitos como protagonistas e propiciar o controle social “como instrumento de efetivação da participação popular no processo de gestão político-administrativa-financeira e técnico- operativa, com caráter democrático e descentralizado” (BRASIL, 2004, p. 44).

Os serviços socioassistenciais desenvolvidos no CRAS ocorrem por meio de ações continuadas, sendo eles: o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família

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(PAIF), o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)5 e o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas6.

O PAIF constitui-se como o principal serviço da proteção social básica às famílias, possui “[...] caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida” (BRASIL, 2009, p. 06).

São objetivos do PAIF conforme Brasil (2009, p. 7):

Fortalecer a função protetiva da família, contribuindo na melhoria da sua qualidade de vida; prevenir a ruptura dos vínculos familiares e comunitários, possibilitando a superação de situações de fragilidade social vivenciadas; promover aquisições sociais e materiais às famílias, potencializando o protagonismo e a autonomia das famílias e comunidades;

promover acessos a benefícios, programas de transferência de renda e serviços socioassistenciais, contribuindo para a inserção das famílias na rede de proteção social de assistência social; promover acesso aos demais serviços setoriais, contribuindo para o usufruto de direitos; apoiar famílias que possuem, dentre seus membros, indivíduos que necessitam de cuidados por meio da promoção de espaços coletivos de escuta e troca de vivências familiares.

Conforme observamos na citação acima, o PAIF busca fortalecer os vínculos familiares e comunitários na perspectiva da proteção integral com direcionamento voltado à defesa dos direitos sociais por meio, inclusive, de ações de natureza socioeducativas.

O CRAS, com seus profissionais, tem como responsabilidade desenvolver ações em seu território de abrangência que contribuam à superação de situações de vulnerabilidade e risco social. Para isso, o trabalho interdisciplinar e intersetorial é fundamental, buscando nesse sentido atender a população usuária numa perspectiva de proteção e viabilização dos direitos básicos essenciais para o atendimento das necessidades humanas presentes na vida em sociedade.

5 “Serviço realizado em grupos, organizado a partir de percursos, de modo a garantir aquisições progressivas aos seus usuários, a fim de complementar o trabalho social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de risco social. Forma de intervenção social planejada que cria situações desafiadoras, estimula e orienta os usuários na construção e reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no território. [...] Possui caráter preventivo e proativo, pautado na defesa e afirmação dos direitos e no desenvolvimento de capacidades e potencialidades, com vistas ao alcance de alternativas emancipatórias para o enfrentamento da vulnerabilidade social” (BRASIL, 2009, p. 9).

6 “O serviço tem por finalidade a prevenção de agravos que possam provocar o rompimento de vínculos familiares e sociais dos usuários. Visa à garantia de direitos, ao desenvolvimento de mecanismos para a inclusão social, a equiparação de oportunidades e a participação e o desenvolvimento da autonomia das pessoas com deficiência e pessoas idosas a partir de suas necessidades e potencialidades individuais e sociais, prevenindo situações de risco, a exclusão e o isolamento” (BRASIL, 2009, p. 16).

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Entre os profissionais requisitados para compor a equipe de referência do CRAS encontram-se os assistentes sociais, sendo sobre essa profissão que discutiremos a seguir.

3. A PROFISSÃO DO SERVIÇO SOCIAL

O processo do desenvolvimento do capitalismo ocasionou um aumento das desigualdades sociais e o acirramento das expressões da questão social7. Nesse contexto, a classe trabalhadora ingressou no cenário político e, por meio de manifestações, passa a exigir melhores condições de vida, de trabalho e o seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado (IAMAMOTO; CARVALHO, 2014). Nesse contexto, evidencia-se a contradição existente entre capital e trabalho, passando então a questão social a ser reconhecida pelas classes dominantes e pelo Estado (MENEGHETTI, 2015).

Diante das consequências advindas do antagonismo entre as classes sociais, o Estado é chamado para intervir diretamente nas relações existentes entre o empresariado e a classe trabalhadora. Nessa relação o Estado atua como árbitro e é capturado pela hegemonia burguesa (YAZBEK, 2009). Nesse sentido, o Estado passou a necessitar de serviços especializados para proporcionar respostas às expressões da questão social no capitalismo monopolista.

Durante esse período, o Serviço Social afirmou-se como um tipo de especialização do trabalho coletivo e se inseriu como profissão no conjunto das relações sociais oriundas da sociedade capitalista em seu estágio monopolista (IAMAMOTO, 2008).

Segundo Netto (2011), é apenas na ordem societária guiada pelos monopólios que surgem as condições necessárias na divisão social e técnica do trabalho para os assistentes sociais. Neste contexto, os profissionais irão desenvolver ações que contribuirão no processo de reprodução das relações capitalistas.

O Serviço Social, como profissão, atuará no cerne da reprodução das relações sociais, sendo esta considerada “a reprodução da própria sociedade, da totalidade do processo social, da dinâmica tensa das relações entre as classes” (IAMAMOTO, 2008, p.

99).

7 “[...] a questão social pode ser entendida como a manifestação política de expressões da desigualdade social – mediadas por relações desiguais de gênero e étnico-raciais – decorrentes do processo de produção/acumulação capitalista e da sua inerente contradição entre capital e trabalho, em que a riqueza socialmente produzida é apropriada pelos possuidores dos meios de produção, como amplos contingentes de trabalhadores, que dependem da venda de sua força de trabalho, não têm acesso a meios dignos de subsistência” (MENEGHETTI, 2015, p. 157).

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A reprodução das relações sociais não se reduz, pois, à reprodução da força viva de trabalho e dos meios materiais de produção. Não se trata, apenas, da reprodução material no sentindo amplo: produção, consumo, distribuição e troca de mercadorias. Refere-se à reprodução das forças produtivas e das relações de produção na sua globalidade, envolvendo, também a reprodução espiritual: isto é, das formas de consciência social, jurídicas, filosóficas, artísticas, religiosas. Mas é também a reprodução das lutas sociais, das relações de poder e dos antagonismos de classes (IAMAMOTO, 2008, p. 99).

Diante da reprodução das relações sociais é preciso pensar o Serviço Social como uma realidade vivida e representada pela consciência de seus agentes, além de tudo uma profissão socialmente determinada. Portanto, com o agravamento das expressões da questão social, ocorreu a necessidade de o Estado incorporar parte das reivindicações, o que resultou na criação de legislações no âmbito social e de políticas sociais. Nesse sentido, o Estado impulsionou a profissionalização dos assistentes sociais.

[...] gradativamente, o Estado vai impulsionando a profissionalização do assistente social e ampliando seu campo de trabalho em função das novas formas de enfrentamento da questão social. Esta vinculação com as Políticas Sociais vai interferir também no perfil da população-alvo para a qual se volta a ação do Serviço Social, que se amplia e alcança grandes parcelas de trabalhadores, principal foco das ações assistenciais do Estado (YAZBEK, 2009, p. 10).

A intervenção do Estado na realidade social como instrumento para a manutenção da ordem hegemônica existente possibilitou o mercado de trabalho para o Serviço Social, proporcionando à profissão o seu reconhecimento e sua inserção na divisão social do trabalho.

A vinculação da atuação dos assistentes sociais com as políticas sociais impulsionou a ampliação do campo de trabalho a estes profissionais, principalmente com foco em ações assistenciais do Estado. Conforme Craveiro (2016), o Serviço Social apareceu na dinâmica da sociedade capitalista como uma profissão que contribuía para a reprodução das relações sociais, tendo em sua gênese o discurso voltado à ideologia burguesa, baseando-se em uma postura conservadora. Contudo, no decorrer da sua história, a profissão foi ganhando novas roupagens e novos direcionamentos, chegando à atualidade como profissão consolidada, com uma postura crítica perante a realidade e ao status quo existente.

Embora o Serviço Social seja constituído desde a sua origem para servir aos interesses do capital, conforme Iamamoto (2008), a profissão não se reproduz necessariamente com exclusividade para o capital. Participa também nas respostas para as necessidades da classe trabalhadora, tanto no âmbito coletivo quanto junto aos

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movimentos sociais, na busca de recursos que contribuam para a defesa dos direitos sociais.

Na sociedade contemporânea, o assistente social possui como objeto de trabalho as expressões da questão social, sendo que

Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade (IAMAMOTO; CARVALHO, 2007, p.77).

O Serviço Social contemporâneo demanda uma atuação de perspectiva totalizante, pois os profissionais em seu cotidiano deparam-se com consequências resultantes do sistema capitalista e precisam, nesse sentido, compreender as diferentes contradições inerentes a este modo de organização societária. Por isso, o conhecimento perante a realidade social, permeada por questões históricas, econômicas, políticas e sociais, é fundamental para uma atuação e intervenção social que possua um direcionamento crítico.

O assistente social, ao realizar uma leitura crítica da realidade, pode contribuir com o reconhecimento e o fortalecimento das lutas e organizações dos trabalhadores na defesa dos seus direitos.

A intervenção orientada por esta perspectiva crítica pressupõe a assunção, pelo/a profissional, de um papel que aglutine: leitura crítica da realidade e capacidade de identificação das condições materiais de vida, identificação das respostas existentes no âmbito do Estado e da sociedade civil, reconhecimento e fortalecimento dos espaços e formas de luta e organização dos/as trabalhadores/as em defesa de seus direitos; formulação e construção coletiva, em conjunto com os/as trabalhadores/as, de estratégias políticas e técnicas para modificação da realidade e formulação de formas de pressão sobre o Estado, com vistas a garantir os recursos financeiros, materiais, técnicos e humanos necessários à garantia e ampliação dos direitos (CFESS, 2011, p.18).

Seguindo a perspectiva crítica, o assistente social promove estratégias políticas e técnicas para contribuir com a modificação da realidade excludente. Ao fazer esse movimento, buscam executar as suas competências e suas atribuições com bases na Lei 8.662/1993 – Lei de Regulamentação da Profissão, guiados pelos princípios presentes no Código de Ética.

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Em cada espaço sócio-ocupacional, o assistente social desenvolverá determinado processo de trabalho que lhe é atribuído, tendo que compreender as normativas legais que regem a instituição em que está inserido. Nesse sentido, na Política Pública de Assistência Social é essencial que ele busque a

• apreensão crítica dos processos sociais de produção e reprodução das relações sociais numa perspectiva de totalidade; • análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as particularidades do desenvolvimento do Capitalismo no país e as particularidades regionais; • compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade; • identificação das demandas presentes na sociedade, visando formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando as novas articulações entre o público e o privado (CFESS, 2011, p.23 e 24).

Essas competências gerais do assistente social se fazem necessárias, pois permitem a análise crítica da realidade dentro de sua área (CFESS, 2011).

A assistência social tem sido um importante campo de trabalho para muitos profissionais do Serviço Social. Ao se inserir nessa política pública, seja na gestão ou no âmbito da execução da proteção social básica ou especial, o profissional atuará na perspectiva da viabilização do acesso aos direitos sociais, contribuindo com a proteção integral dos sujeitos.

As competências específicas dos assistentes sociais na assistência social abrangem diversas dimensões interventivas, e uma delas sendo complementar e indissociável é a dimensão

[...] que engloba as abordagens individuais, familiares ou grupais na perspectiva de atendimento às necessidades básicas e acesso aos direitos, bens e equipamentos públicos. Essa dimensão não deve se orientar pelo atendimento psicoterapêutico a indivíduos e famílias (próprio da Psicologia), mas sim à potencialização da orientação social, com vistas à ampliação do acesso dos indivíduos e da coletividade aos direitos sociais (CFESS, 2011, p.19).

No cotidiano da Política Pública de Assistência Social, os atendimentos individuais, familiares ou grupais são necessários para a ampliação do acesso aos direitos sociais. Para tanto, os assistentes sociais devem apropriar-se da dimensão técnico- operativa da profissão para responder as demandas sociais, buscando um direcionamento crítico no seu cotidiano de trabalho, estando alinhados ao seu Projeto Ético Político.

Conforme Guerra (2017), o caráter instrumental técnico-operativo da profissão busca responder as exigências postas ao assistente social, possibilitando uma intervenção

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direta na realidade. Assim, conforme Iamamoto (2001), para dar conta das múltiplas expressões da questão social e da garantia aos direitos sociais, o assistente social se apropria de um “arsenal de técnicas” para a sua ação profissional.

Os instrumentais mais utilizados pelos assistentes sociais na Política Pública de Assistência Social são: observação, entrevista, escuta qualificada, visita domiciliar, reunião, relatório social, estudo social, parecer social, acompanhamento social, encaminhamento, registro documental e desenvolvimento de grupos socioeducativos.

Os procedimentos, instrumentos e técnicas utilizados na atuação profissional no cotidiano das instituições, especificamente nos CRASs, são de caráter individual e coletivo. Para a viabilização dos serviços prestados, é necessário que o profissional possa utilizar os instrumentos já mencionados, tanto nos atendimento individuais com as famílias e usuários, quanto nos atendimentos coletivos, como nos atendimentos em grupos (TRINDADE, 2017).

Os atendimentos grupais são organizados pelos assistentes sociais tendo como critérios a existência de situações ou necessidades comuns, sem perder a dimensão macrossocietária que atinge os diferentes grupos. Por meio da articulação de sujeitos que possuem necessidades e situações de vida similares, o profissional desenvolve os grupos voltados à ampliação das possibilidades de compreensão e reflexão por parte dos próprios usuários em relação às problemáticas enfrentadas na vida em sociedade (TRINDADE, 2017). Por isso, a perspectiva de atuação do assistente social com grupos deve levar em consideração a dimensão coletiva vivenciada pelos seus integrantes, que possui ligação direta com a dinâmica econômica, política e social existente na organização da sociedade.

O atendimento em grupo com indivíduos ou famílias é o momento no qual o assistente social se apropria de seu objeto de intervenção profissional e realiza as devidas orientações e encaminhamentos, com o intuito de ampliar o acesso individual e coletivo aos direitos sociais. Tal atuação está disposta na Lei 8.662/1993, especificamente no art.

4º, inciso V, que nos esclarece a competência profissional em: “orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso deles no atendimento e na defesa de seus direitos” (BRASIL, 1993, p.2).

Nesse sentido, precisamos compreender que o trabalho com grupos pode ser realizado de diversas formas, porém sempre levando em consideração o (os) objetivo (s) que se pretende (m) alcançar. Além do mais, os grupos assumem diversas características e dentro do espaço de cada um há a necessidade de trabalhar de modo a corresponder as especificidades de cada sujeito.

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Dessa forma, é importante pontuar que o trabalho em grupos que o assistente social desenvolve nos CRASs, seja ele de caráter reflexivo ou até mesmo com o intuito de promover a troca de informações, o diálogo, a participação social e o compartilhamento de experiências, proporciona a função de informar, esclarecer e facilitar a adesão dos usuários nos serviços ofertados pela instituição, bem como promover a sua cidadania e a busca pela garantia de seus direitos sociais.

Segundo Afonso; Fadul (2015, p. 144),

As metodologias participativas têm o potencial de facilitar a escuta da demanda dos usuários e a construção de ações (setoriais e intersetoriais) para responder essa demanda. Podem colaborar com a formação para a cidadania, fortalecendo a capacidade dos atores sociais para atuar em seu contexto de vida.

Como já mencionado no tópico anterior, as equipes vinculadas ao CRAS desenvolvem por meio de ações continuadas o PAIF e o SCFV. Neste contexto, o assistente social realiza os grupos socioeducativos para facilitar o esclarecimento de informações sobre diversos temas, para o fortalecimento protetivo da família, prevenindo o rompimento de vínculos e possibilitando o acesso da população aos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais e também as demais políticas públicas.

O assistente social está à frente para intervir na realidade e ser um profissional capaz de proporcionar respostas às demandas individuais e coletivas, mesmo estas sendo desafiadoras e conflituosas. O Serviço Social, por ser uma profissão inserida na divisão social e técnica do trabalho, e tendo como base o Projeto Ético Político8da profissão, insere-se num arsenal de possibilidades para lutar por uma sociedade mais justa e igualitária.

É nessa perspectiva que surge o projeto “Maria Bonita”, um instrumento apropriado pelo assistente social para intervir na realidade e proporcionar o conhecimento, a informação, a defesa da cidadania e a viabilização de diretos sociais para as usuárias do CRAS do município de Mandaguari/PR, sendo esta temática que abordaremos no próximo tópico.

8 O Projeto Ético Político “é um projeto construído na trajetória da profissão em confronto com seu histórico conservadorismo, projeto que tenta claramente romper com ranços conservadores que impregnam a profissão no âmbito do seu significado social e da sua funcionalidade, das ideologias e teorias sociais que a subsidiam, das suas representações e autorrepresentações, dos valores de diferentes extrações que a sustentam, das formas clássicas e tradicionais de intervir na realidade” (GUERRA; FORTI, 2015 p. 40).

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4. O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROJETO “MARIA BONITA”

O profissional de Serviço Social insere-se no CRAS de Mandaguari9 por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, desde a implantação deste equipamento público, contribuindo com a viabilização de garantia e efetivação dos direitos à população e execução de ações voltadas à proteção social básica no município.

O CRAS foi introduzido no município de Mandaguari em 05 de dezembro de 2006, sendo a principal instituição pública governamental responsável pela organização e oferta de serviços da proteção social básica do SUAS nas áreas de vulnerabilidade e risco social. Possibilita o acesso de famílias à rede de proteção social. Esta unidade pública é referência para todos os serviços socioassistenciais de proteção social básica do território municipal.

O trabalho desenvolvido no CRAS deve estar articulado com a rede de atendimento do município, de modo a contribuir no atendimento de todas as demandas que requerem a intervenção pública estatal, por isso é fundamental a articulação dos profissionais inseridos neste órgão público com outros profissionais vinculados a diferentes instituições, entre os quais: CREAS, conselho tutelar, escolas, unidade básica de saúde, entidades não governamentais, entre outros.

Além dos serviços socioassistenciais que eram ofertados no CRAS, durante o ano de 2015 verificou-se a necessidade da realização do trabalho em grupo com mulheres a partir dos atendimentos individuais e visitas domiciliares realizados aos usuários do referido órgão público pela equipe técnica — assistente social e psicóloga. Constatou-se que havia um grande número de mulheres desempregadas, mas ao mesmo tempo eram as principais responsáveis pelo sustento das famílias, tinham baixa autoestima, desmotivadas, com vínculos familiares e comunitários fragilizados, possuíam um cotidiano sem convivência social, carência de conhecimento a respeito de seus direitos sociais e, por vezes, com históricos de violência doméstica e discriminação de gênero.

Diante da realidade apresentada por elas, verificou-se a imprescindibilidade de potencializar nas usuárias o questionamento quanto à dominação de gênero e classe a que estão submetidas por conta do contexto ideológico que se encontram, buscando com isso

9 O município de Mandaguari está localizado no norte do estado do Paraná. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010) no ano de 2010 possuía 32.669 habitantes, com estimativa de 34.425 habitantes para o ano de 2016.

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estratégias para que tenham a possibilidade de acessarem os seus direitos, contribuindo assim na superação das situações de vulnerabilidades e riscos sociais.

No início de 2016, o trabalho em grupo de caráter socioeducativo com mulheres passou a ser executado e denominado Projeto “Maria Bonita”, que foi planejado, criado e coordenado pela profissional de Serviço Social, juntamente com a profissional de Psicologia. Pensou-se na realização deste projeto com trabalho grupal, por este ser o instrumento que melhor corresponde à demanda apresentada pelas mulheres e possibilita mudanças em sua realidade. Assim, cabe mencionar que

O grupo socioeducativo para as famílias é um excelente espaço para trocas, para o exercício da escuta e da fala, da elaboração de dificuldades e de reconhecimento de potencialidades. Contribui para oferecer aos/às cidadãos/ãs a oportunidade de melhor viver os seus direitos dentro de um contexto de proteção mútua, desenvolvimento pessoal e solidariedade. Neste sentido os núcleos socioeducativos introduzem elementos de discussão, vivência e reflexão relacionados às etapas dos ciclos de vida familiar (BRASIL, 2005, p.25).

O projeto foi elaborado como parte das ações desenvolvidas pelo PAIF, pautado nos objetivos deste Programa.

Para planejar e posteriormente executar o projeto, no primeiro momento foi realizado um levantamento de mulheres pertencentes às famílias atendidas e acompanhadas pela equipe técnica do CRAS e também as beneficiárias eventuais e de programas sociais. A partir disso foram confeccionados convites manuais, que foram entregues às usuárias pelas técnicas, mediante visita domiciliar e atendimento individual realizado na instituição.

No primeiro ano do projeto10 os encontros se iniciaram no dia 31 de março de 2016, finalizaram no dia 1º de dezembro de 2016, totalizando vinte e seis encontros semanais, intercalando entre rodas de conversa e artesanato. Havia, em média, quinze mulheres por encontro, mantendo-as vinculadas ao projeto durante todo o ano, visto que um dos intuitos deste trabalho é a sua realização de caráter contínuo para que seja possível manter e fortalecer os vínculos e a convivência entre as participantes.

Como já mencionamos, a abordagem grupal foi utilizada na realização do projeto por ser um importante instrumental técnico-operativo do assistente social, além do mais,

10 O projeto ainda se encontra em execução, uma vez que, devido às consequências positivas resultantes da sua proposta, houve a necessidade da sua continuidade nos anos de 2017 e 2018.

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[...] pode ser considerado não somente em seus aspectos técnicos referentes ao “fazer” mas nas implicações sócio-políticas da prática da qual ele potencializa as ações, viabilizando uma intervenção que tem uma direção social situada no movimento contraditório da sociedade (TRINDADE, 2001, p. 22).

É mediante as abordagens grupais que os encontros são desenvolvidos por meio de rodas de conversas para possibilitar o diálogo e reflexão crítica, os quais são iniciados com a realização de dinâmicas de modo a provocar as discussões grupais, visando incentivar a autonomia, o empoderamento das mulheres, além de possibilitar um espaço democrático e participativo e promover convívio social e comunitário.

As integrantes do grupo conversam sobre a importância da coletividade, destaca- se a igualdade de acesso aos direitos e o respeito às diferenças sociais, além do compromisso de manter o sigilo quanto aos assuntos debatidos, de modo a propiciar a escuta das usuárias, a construção e reflexão crítica de conhecimentos coletivos e o reconhecimento delas como protagonistas na vida em sociedade.

Por meio do projeto também se busca possibilitar a proteção e a prevenção de vulnerabilidade e riscos sociais, pois, como já vimos no decorrer deste estudo, trata-se de um dos principais objetivos da proteção social básica, sendo trabalhados nos encontros, mediante orientações e dinâmicas, temas como direitos sociais e cidadania, família, igualdade de gênero, machismo, violência, abuso sexual etc.

Durante os encontros era possível esclarecer dúvidas e realizar orientações em relação aos direitos legalmente garantidos, além de serem concretizados diversos encaminhamentos de usuárias à rede de atendimento e políticas sociais quando era necessário, com vistas à viabilização da garantia de direitos.

Além das rodas de conversa, as oficinas de artesanato11 são desenvolvidas como estratégia para a convivência e fortalecimento de vínculos comunitários, sendo possível identificar, ao ser realizada concomitante às rodas de conversa, o diálogo, a criação de laços afetivos, empatia, amizade, solidariedade, respeito e confiança entre as participantes, além da ajuda mútua e cooperação presentes na realização das atividades.

Durante o desenvolvimento deste projeto, desde o planejamento à execução dos encontros e temas trabalhados, é preciso sinalizar a imprescindibilidade do trabalho interdisciplinar realizado entre o profissional de Serviço Social e de Psicologia, pois

11 Para a execução das oficinas de artesanato, contamos com o apoio e parceria de instrutores vinculados ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.

(15)

[...] as abordagens das profissões podem somar-se com o intuito de assegurar uma intervenção interdisciplinar capaz de responder demandas individuais e coletivas, com vistas a defender a construção de uma sociedade livre de todas as formas de violência e de exploração de classe, gênero, etnia e orientação sexual (CFESS, 2011, p.25).

A partir da interdisciplinaridade é possível potencializar a eficiência do trabalho coletivo diante dos problemas e intervenções necessárias numa perspectiva de totalidade, de modo a melhor corresponder as demandas apresentadas cotidianamente nos encontros e alcançar resultados mais efetivos.

Em avaliação feita pela equipe técnica com as usuárias, no mês de dezembro de 2016, para encerrar as atividades anual do grupo, foi possível verificar por meio das falas das participantes que o grupo possibilitou o sentimento de pertencimento por parte das mulheres como grupo construído mediante atividades coletivas, além de ter se tornado um espaço sem julgamentos alheios e de compreensão. Potencializou a autoestima, o fortalecimento de vínculos sociais e comunitários, o reconhecimento da importância da participação neste espaço, além do aprendizado sobre direitos sociais e demais conhecimentos de interesse social, o fortalecimento da autonomia, encorajamento, segurança, incentivo, igualdade e direito de expressão de opiniões.

De forma geral, notamos que o Serviço Social teve e tem papel central neste projeto, desde a sua criação até mesmo em relação à sua execução. Por meio do grupo, o assistente social busca contribuir para a fomentação da construção de um espaço coletivo que visa ao amadurecimento de um olhar ampliado frente às diferentes expressões da questão social que as participantes vivenciam em seu cotidiano. Nesse sentido, a abordagem dos assuntos ganha um direcionamento crítico e reflexivo que contribui para a desconstrução de ideias guiadas pelo senso comum e que naturalizava diversas situações, entre as quais a violência contra a mulher.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Projeto “Maria Bonita” tem significado um forte instrumento de trabalho para a atuação do Serviço Social frente à viabilização, efetivação dos direitos sociais das mulheres oriundas de famílias em situação de vulnerabilidade e risco social atendidas pelo CRAS do município de Mandaguari/PR.

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Verificamos que o trabalho realizado pelo assistente social inserido no CRAS de Mandaguari, por meio de grupos, pautado pelos princípios ético-político da profissão, vai além do que está posto na Política Nacional de Assistência Social e suas regulamentações.

O assistente social, ao intervir junto ao grupo, assume um papel importante pela viabilização de direitos, quando, de uma forma criativa, realiza a inserção de mulheres ao conhecimento, à reflexão, ao diálogo, ao lazer e à cultura, além de potencializar o fortalecimento dos vínculos sociais e o empoderamento individual e grupal.

Segundo Iamamoto (2001), as possibilidades são dadas para o assistente social em contato com a realidade. Assim, cabe aos profissionais apropriarem-se dessas possibilidades e, como sujeitos, desenvolvê-las. Destaca ainda que a atual conjuntura requisita um profissional propositivo, para além de um executor terminal de políticas sociais, que seja capaz de formular projetos de trabalhos e apresentá-los à instituição, defendendo sempre os princípios éticos do Serviço Social com vistas a contribuir na defesa da cidadania e viabilização dos direitos sociais.

Sem dúvida, a defesa da cidadania é considerada tarefa primordial na atuação do assistente social, sendo neste direcionamento que ele executa suas ações vinculadas ao Projeto “Maria Bonita”. Desde o atendimento individual ao trabalho em grupo, o assistente social busca proporcionar o direcionamento de sua atuação profissional na perspectiva da defesa intransigente dos direitos humanos, contribuindo na vivência, na cooperação coletiva e no fortalecimento de uma participação social que busca a conquista e a defesa dos direitos sociais.

6. REFERÊNCIAS

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