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Aula 00 Tortura Lei nº 9.455/1997. Prof. Henrique Santillo. Legislação Penal Extravagante para PM MT. Legislação Penal Extravagante para PM MT

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Aula 00 – Tortura – Lei nº 9.455/1997.

Legislação Penal Extravagante para PM MT

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Sumário

LEI Nº 9.455/1997 (CRIMES DE TORTURA). 3

NOÇÕES GERAIS 4

CRIME DE TORTURA 5

Tortura-prova, Tortura Para a Prática de Crime e Tortura Discriminatória (Art. 1º, I) 6

Tortura-castigo 10

Tortura do Preso ou de Pessoa Sujeita à Medida de Segurança 12

Omissão em Tortura ou Tortura-omissão 15

FORMAS QUALIFICADAS 17

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 19

EFEITOS DA CONDENAÇÃO 21

OUTRAS DISPOSIÇÕES 22

LISTA DE QUESTÕES 27

GABARITO 40

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 41

RESUMO DIRECIONADO 78

LEI Nº 9.455/1997 (TORTURA) 82

(3)

Lei nº 9.455/1997 (crimes de tortura).

Minhas saudações a você, guerreiro/a!

Hoje vamos prosseguir com o estudo da seguinte lei esparsa exigida pelo edital:

Lei nº 9.455/1997 (Crimes de Tortura)

Trata-se de um tópico bastante explorado pelas bancas em concursos da área policial, tendo sido cobrado

nos últimos concursos!

Contudo, considerando a forma como a banca cobra o tópico, sugiro que observe bem o quadrinho abaixo:

Vamos lá?

O que priorizar?

→Distinção entre as modalidades do crime de tortura e suas respectivas penas

→Causas de aumento de pena

→Omissão em Tortura

→Efeitos da Condenação

(4)

Noções Gerais

Você, assim como eu, deve imaginar cenas horripilantes quando lê a palavra “tortura” ...

Os métodos de tortura causam dor e/ou sofrimento ao torturado, sendo aplicados ao longo dos séculos com diferentes propósitos: como meio de prova, como fator de intimidação, como aplicação de pena ou castigo e até mesmo para satisfazer o próprio torturador!

Veja só um caso fictício da prática de tortura, extraído do enunciado de uma questão contida na prova para ingresso na carreira de Delegado Federal, cujo concurso foi promovido e organizado pela banca CESPE:

(CESPE – PF – 2018 – Adaptada) Cinco guardas municipais em serviço foram desacatados por dois menores. Após breve perseguição, um dos menores evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas conduziram o menor apreendido para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram- no, além de submetê-lo a choques elétricos. Os outros três guardas deram cobertura.

Como se trata de um ato totalmente repugnante, a Constituição Federal proibiu expressamente a prática da tortura, equiparando-lhe a crime hediondo:

Constituição Federal. Art. 5º (...) III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

(...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Veja que a Constituição Federal não definiu nem tipificou conduta que representasse tortura – o que ela fez foi determinar que o legislador punisse a prática da tortura!

Isso mesmo! A Constituição não criminaliza a conduta, mas “manda” o legislador fazê-lo!

Dito e feito: o Congresso editou o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) que, em um de seus dispositivos, tipificou como o crime a prática de tortura contra crianças e adolescentes:

Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997

Pena - reclusão de um a cinco anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

§ 1º Se resultar lesão corporal grave: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : Pena - reclusão de dois a oito anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

§ 2º Se resultar lesão corporal gravíssima: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : Pena - reclusão de quatro a doze anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

(5)

§ 3º Se resultar morte: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Pena - reclusão de quinze a trinta anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Em 1997, entretanto, entra em vigor a Lei nº 9.455/97 – a Lei da Tortura – que, além de revogar o art. 2331 do ECA e criminalizar a prática da tortura, tipifica a omissão daqueles que deveriam evitá-la ou apurá-la!

Vamos iniciar com uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

O crime de tortura contra pessoa menor de 18 (dezoito) anos não mais se encontra previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.

RESOLUÇÃO:

Item corretíssimo. É isso mesmo! A Lei de Crimes de Tortura também se aplica aos atos de tortura praticados contra crianças e adolescentes, tendo revogado expressamente o art. 233 do ECA:

Lei nº 9.455/1997. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.

Crime de Tortura

Como havíamos dito, o crime de tortura foi definido pela Lei nº 9.455/97.

Na realidade, como vamos observar, o crime de tortura comporta várias espécies. Leia comigo:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

1 Lei nº 9.455/1997. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.

(6)

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá- las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Agora vou deixar esses dispositivos bem claros para você, rs.

Vamos à primeira espécie do crime de tortura:

Tortura-prova, Tortura Para a Prática de Crime e Tortura Discriminatória (Art. 1º, I)

O art. 1º, inciso I, nos apresenta três modalidades do crime de tortura, as quais se diferenciam apenas pela motivação do agente torturador (dolo específico):

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Vamos agora analisar o núcleo do tipo do crime do art. 1º, inciso I:

Constranger

o agente obriga a vítima a fazer algo contra a sua vontade, provocando-lhe sofrimento físico e/ou mental e retirando a sua liberdade de autodeterminação.

Para isso, ele deve se valer de dois meios:

Violência (socos, chutes, choques elétricos, chicotadas, afogamento temporário etc.).

Grave ameaça (ameaça de morte, de estupro, de lesões etc.)

Quando pensamos em tortura, logo nos vêm à cabeça atos violentos, sanguinários...

Contudo, ATENÇÃO: o crime de tortura pode ser cometido também com o emprego de grave ameaça, sem o uso da violência, o que caracteriza a tortura psicológica.

(7)

Além disso, o agente deverá constranger a vítima com a finalidade de alcançar um dos seguintes objetivos, os quais constituem espécies autônomas do crime do art. 1º, II:

A. Para obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa (tortura-prova)

Não importa a natureza da informação que o torturador deseja obter: pode ser pessoal, criminosa, comercial etc.

Vou te adiantar algo: a consumação do crime de tortura-prova vai ocorrer independentemente do fornecimento da informação, declaração ou confissão pela vítima ou pelo terceiro.

Infelizmente, essa modalidade de tortura está presente na conduta de alguns agentes policiais – ouso dizer que seja a modalidade mais praticada desse crime!

Exemplos:

1) Credor chicoteia o devedor para que ele assine um termo de confissão de dívida

2) Policial militar dá choques no suspeito para que ele confesse a prática de determinado crime.

3) Esposa coloca uma arma na cabeça do filho na presença do marido para que ele confesse traição – típico caso de tortura para que terceiro confesse.

B. Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa (tortura para a prática de crime)

Por meio de violência ou grave ameaça, o agente constrange a vítima a praticar algum crime comissivo ou omissivo.

Exemplos:

1) O chefe de uma organização criminosa tortura um membro para que ele pratique determinado crime.

2) A enfermeira que tortura o colega médico para ele que não preste socorro ao paciente X, inimigo mortal da profissional da saúde

A vítima NÃO responderá pela prática do crime!

Isso porque o torturador, por meio de coação moral, retira da vítima a exigibilidade de conduta diversa, excluindo a sua culpabilidade.

Veja o que diz o Código Penal:

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

(8)

C.

Em razão de discriminação racial ou religiosa (tortura discriminatória)

Nesse caso, o agente, mediante sofrimento físico ou mental, provoca sofrimento na vítima levado por sentimento discriminatório, por puro preconceito em razão de sua raça ou de sua religião!

Membros de um grupo racista empregam violência contra uma mulher negra, causando-lhe sofrimento físico, discriminando-a sob o argumento de que “a raça negra é inferior”.

Ao contrário das outras duas espécies, na tortura discriminatória

NÃO

se exige a prática de nenhuma conduta ou omissão por parte da vítima.

A tortura-discriminação não abrange outros motivos, como preferência política, situação econômica etc.

Disposições comuns aos crimes do art. 1º, inciso I

Os crimes de tortura do art. 1º, inciso I são formais, ou seja, se consumam com a prática do constrangimento, pouco importando se o agente atingiu o objetivo pretendido!

Como o crime é formal, não é necessário que o sujeito ativo atinja o objetivo pretendido (obtenção da informação, declaração ou confissão almejadas (tortura-prova); realização da ação ou omissão criminosa pelo torturado (tortura-crime); ou do comportamento em razão da discriminação racial ou religiosa (tortura-discriminatória).

Trata-se de crimes comuns, pois não se exige condição especial do sujeito ativo!

Isso mesmo! Cuidado especialmente com questões que afirmem ser próprio o crime de tortura para obtenção de informação, declaração ou confissão!

Vimos que ele pode ser cometido tanto pelo particular (inclusive por você!), quanto pelos agentes públicos – incluindo aí os policiais militares, policiais civis, delegados, juízes, promotores de justiça etc.

Não haverá tortura se o agente obrigar a vítima a praticar CONTRAVENÇÃO PENAL!

Isso porque a lei fala expressamente em ação ou omissão de natureza CRIMINOSA.

Poderíamos cogitar, no caso, a prática do crime de constrangimento ilegal (Código Penal):

Art. 146 - Constranger alguém, medianteviolênciaougrave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, detrês meses a um ano,ou multa.

(9)

Resolva comigo esta questão:

(CESPE – PF – 2009) Julgue os itens seguintes, relativos a crimes de tortura e ambientais.

A prática do crime de tortura torna-se atípica se ocorrer em razão de discriminação religiosa, pois, sendo laico o Estado, este não pode se imiscuir em assuntos religiosos dos cidadãos.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois se o agente, mediante sofrimento físico ou mental, provocar sofrimento na vítima levado por sentimento discriminatório, por puro preconceito em ração de sua raça ou de sua religião, restará configurado o crime de tortura-discriminação:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Olha só uma questão:

(IBFC – PM/BA – 2017) Assinale a alternativa correta considerando as previsões da Lei federal n°

9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura) sobre a pena aplicável no caso da conduta de constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa.

a) Detenção, de quatro a oito anos b) Reclusão, de três a oito anos c) Detenção, de dois a dez anos d) Reclusão, de dois a oito anos e) Reclusão, de cinco a dez anos.

RESOLUÇÃO:

A pena prevista para o crime de tortura-prova é de 2 a 8 anos de reclusão:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Resposta: D

(10)

Veja mais uma questão:

(FCC – MP/PE – 2014 – Adaptado) Quanto aos crimes de tortura, julgue o item abaixo.

Todos são classificados como próprios, segundo expressa disposição legal.

RESOLUÇÃO:

Ainda não vimos as outras modalidades, mas podemos considerar o item incorreto: acabamos de estudar três modalidades do crime de tortura que não exigem condição especial do sujeito ativo.

São, portanto, comuns os crimes do art. 1º, inciso I, alíneas a, b e c (tortura-prova, tortura para a prática de crime e tortura discriminatória).

Tortura-castigo

Também chamada de tortura-punição, estamos diante da conduta do agente que, por meio de violência ou de grave ameaça, tem por objetivo aplicar:

→ Castigo

Medida de caráter preventivo

(para evitar comportamentos indesejados)

Submetendo pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade a INTENSO sofrimento FÍSICO ou MENTAL

Veja só:

Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

A tortura do art. 1º, II é crime próprio, exigindo condição especial do:

Sujeito ativo: só pode ser autor desse crime aquele que tiver a guarda da vítima ou exercer sobre ela algum tipo de poder ou autoridade, momentâneo ou permanente.

Sujeito passivo: por outro lado, só pode ser vítima aquele que está sob a guarda, poder ou autoridade do sujeito ativo!

Exemplos: o pai contra o filho; o professor contra o aluno, o cuidador de idosos contra o idoso, tutor contra o tutelado; professor em relação ao aluno, carcereiro em relação ao preso etc.

(11)

O crime de tortura-castigo é caracterizado pelo INTENSO sofrimento físico ou mental.

Se o sofrimento causado for leve ou moderado, devemos considerar a ocorrência de outras figuras típicas, como o crime de maus-tratos:

Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

Mais uma vez: o intenso sofrimento mental causado para fins de aplicação de castigo ou medida preventiva também configura o crime de tortura-castigo.

Ah, é importante que você visualize as duas elementares dos crimes de tortura do art. 1º:

O dolo específico do crime de tortura-castigo é o animus corrigendi – vontade de aplicar castigo ou medida preventiva!

Dessa forma, não responderá pelo crime de tortura-castigo o pai que, apenas por sadismo, submete o filho a intenso sofrimento físico mediante o uso de violência.

Sadismo é uma perversão caracterizada pelo prazer com a dor alheia.

Inciso I

Tortura-prova, Tortura-crime e

Tortura- discriminação

Exige "apenas"

sofrimento físico ou mental

Inciso II

Tortura-castigo

Exige INTENSO sofrimento físico

ou mental

(12)

Vamos a uma questão?

(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes de tortura, julgue o item seguinte.

A babá que, mediante grave ameaça e como forma de punição por mau comportamento durante uma refeição, submeter menor que esteja sob sua responsabilidade a intenso sofrimento mental não praticará crime de tortura por falta de tipicidade, podendo ser acusada apenas de maus tratos.

RESOLUÇÃO:

Opa! Veja que a conduta da babá se amolda perfeitamente ao crime de tortura-castigo, pois:

Submeteu menor sob sua responsabilidade...

Mediante grave ameaça A intenso sofrimento mental

Como forma de punição por mau comportamento Confere comigo:

Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item incorreto.

Tortura do Preso ou de Pessoa Sujeita à Medida de Segurança

Trata-se da conduta daquele que sujeita o preso ou pessoa que cumpre medida de segurança a determinado comportamento não previsto em lei, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. (...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

O crime do art. 1º, §1º não exige uma finalidade específica, bastando o dolo simples para a sua configuração.

Contudo, a presença de alguma finalidade (como o castigo) não desconfigura o crime.

(13)

Ao contrário das outras modalidades de tortura que vimos, NÃO é necessário haver o emprego de violência ou grave ameaça.

A vítima será submetida a sofrimento físico ou mental pela prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal!

É o caso do carcereiro que submete o preso a cela escura ou solitária ou que deixa o preso sem alimentos por vários dias.

Além disso, o carcereiro também responderá por esse crime quando colocar o preso em regime disciplinar diferenciado sem autorização judicial.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, embora normalmente figurem como autores o carcereiro, o agente penitenciário, o diretor do estabelecimento prisional etc.

Contudo, o crime é considerado próprio em relação ao sujeito passivo, que deverá ser sempre pessoa presa ou sujeita a medida de segurança!

Exemplo: pode ser sujeito ativo desse crime um grupo de presos que submete outro detento, que pertence à facção rival, a sofrimento físico e mental.

Vamos resolver?

(CESPE – PC/ES – 2011) Com relação à legislação especial, julgue o item que se segue.

No crime de tortura em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal, não é exigido, para seu aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando, portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta descrita no tipo objetivo.

RESOLUÇÃO:

É isso aí! O crime do art. 1º, §1º não exige uma finalidade específica, bastando o dolo simples de praticar a conduta descrita no tipo objetivo para a sua configuração:

Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

(...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item correto.

(14)

Como o meu maior desejo é a sua aprovação, montei um quadro-resumo com as principais características das modalidades de tortura que estudamos até aqui:

Sujeito Ativo e Passivo

Meio de execução

Resultado Finalidade

(Dolo Específico)

Art. 1º, inc I

Crime comum Qualquer pessoa

Violência ou grave ameaça

Sofrimento físico ou mental

a) Tortura-prova b) Tortura para a prática

de crime

c) Tortura-discriminação Art. 1º, inc II

(Tortura-castigo)

Crime próprio Sujeito ativo E passivo (relação de guarda, poder

ou autoridade)

Violência ou grave ameaça

INTENSO sofrimento físico

ou mental

Aplicação de castigo ou medida de caráter

preventivo

Art. 1º, § único (tortura do preso)

Crime próprio quanto ao sujeito passivo, que deve

ser preso ou cumprir medida de segurança.

Pratica de ato não previsto em lei ou em medida legal

Sofrimento físico

ou mental

NÃO

exige finalidade específica

Veja como é importante a compreensão do esqueminha:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

O agente que deixa de agir em face do crime de tortura, quando era possuidor do dever jurídico de apurar o ilícito ou de evitar o seu advento, incorre na pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção.

RESOLUÇÃO:

É isso mesmo! O item enunciou corretamente o crime de omissão em tortura, cuja pena prevista é de 1 a 4 anos de detenção.

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-LAS ou APURÁ- LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Item correto.

(15)

Veja mais uma questão:

(CESPE – DEPEN – 2013) Em cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base no disposto na Lei n.º 4.898/1965 e na Lei n.º 9.455/1997.

Um agente penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia, permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-se, como forma de castigo, já que José havia cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar.

Nessa situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de violência ou grave ameaça contra José.

RESOLUÇÃO:

Fica evidente que o agente cometeu o crime de tortura contra o preso, que não exige o emprego de violência ou grave ameaça para a sua configuração; na realidade, basta a prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal (permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-se).

Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

(...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Professor, ele não cometeu o crime de tortura-castigo?

Não, pois não houve o emprego de violência ou de grave ameaça, elementares desta modalidade de tortura:

Art. 1º Constitui crime de tortura: (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item correto.

Omissão em Tortura ou Tortura-omissão

Vimos, bem no comecinho da nossa aula, que a Constituição Federal estabeleceu que responderá também pela prática da tortura aquele que se omitiu, quando poderia tê-la evitado!

A Lei nº 9.455/97 foi além e determinou o seguinte:

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ- LAS ou APURÁ-LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

(16)

É sujeito ativo do crime de omissão em tortura:

O agente que tinha o dever de EVITÁ-LA (omissão imprópria)

Temos aqui um típico caso de crime comissivo por omissão, em que será responsabilizado criminalmente o agente que figura na qualidade de garantidor da integridade da vítima e que, sendo possível, deveria ter agido para evitar a tortura contra ela, mas não o fez.

Exemplo: Eduardo passou a morar com Marilene, que possuía 3 filhas de outro pai.

Eduardo, exercendo autoridade sobre as meninas, passou a lhes aplicar um método de correção cruel, amarrando-as em uma árvore e queimando partes do corpo com cigarros em brasa.

Mesmo estando a par de toda essa crueldade, a mãe das vítimas deixou de tomar qualquer providência para evitar o resultado.

Quero que você perceba que Marilene será punida (detenção, de 1 a 4 anos) não por efetivamente ter praticado ato de tortura, mas por ter se omitido, permitindo que o outro a realizasse!

O agente que tinha o dever de APURÁ-LA (omissão própria)

Nesse caso, o agente ficou da sabendo da tortura, mas “deu de ombros” e, mesmo devendo, não determinou a sua apuração e investigação.

Exemplo: a mãe de um suspeito relatou ao Delegado de Polícia que um dos agentes lotados na delegacia praticou tortura contra o seu filho.

Se a autoridade policial tomar conhecimento do fato e não determinar a investigação para a apuração da prática do crime, ela responderá pelo crime do art. 1º, §2º.

ATENÇÃO! A omissão em tortura NÃO é crime equiparado a hediondo!

Isso porque a Constituição Federal equiparou a crime hediondo a PRÁTICA da tortura, o que não se observa no crime do art. 1º, §2º!

Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Resolve pra mim esta questão:

(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes de tortura, julgue o item seguinte.

(17)

O delegado que se omite em relação à conduta de agente que lhe é subordinado, não impedindo que este torture preso que esteja sob a sua guarda, incorre em pena mais branda do que a aplicável ao torturador.

RESOLUÇÃO:

É isso aí! Muito embora não seja punido com a pena dos crimes de tortura (reclusão, de dois a oito anos), o delegado estará sujeito à pena do crime de omissão em tortura, cuja pena é mais branda:

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Veja mais uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

O agente que deixa de agir em face do crime de tortura, quando era possuidor do dever jurídico de apurar o ilícito ou de evitar o seu advento, incorre na pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção.

RESOLUÇÃO:

É isso mesmo! O item enunciou corretamente o crime de omissão em tortura, cuja pena prevista é de 1 a 4 anos de detenção.

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-LAS ou APURÁ- LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Item correto.

Formas Qualificadas

A Lei nº 9.455/97 estabeleceu dois resultados que aumentam a pena prevista em abstrato para o crime de tortura, tornando-a mais grave que a modalidade simples:

Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta MORTE, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

TORTURA QUALIFICADA

PELO RESULTADO

Lesão corporal GRAVE ou GRAVÍSSIMA

4 a 10 anos (reclusão)

MORTE 8 a 16 anos

(reclusão)

(18)

Professor, quer dizer então que se o agente tem a intenção de tortura e matar, ele vai responder pela tortura qualificada?

NÃO!

O § 3º é uma forma preterdolosa do crime de tortura!

Isso quer dizer que, nas formas qualificadas pelo resultado, o dolo ou a vontade do agente é de somente torturar a vítima – as lesões ou a morte decorrem de culpa, ou seja, o agente não as queria!

Se o agente queria praticar tortura como meio de provocar a morte da vítima, ele poderá responder pela prática do crime de homicídio qualificado pela tortura, cuja pena é bem mais “salgada”: reclusão, de 12 a 30 anos!

CÓDIGO PENAL Homicídio qualificado Art. 121 (...) § 2° Se o homicídio é cometido:

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Questão!

(CESPE – TJDFT – 2014 – Adaptada) Considerando a lei de trata da tortura, julgue o item abaixo.

O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima é punível conforme as penas previstas para esse delito, acrescidas das referentes ao delito de lesão corporal grave ou gravíssima.

RESOLUÇÃO:

O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima será punido a título de tortura preterdolosa, cuja pena em abstrato é de reclusão, de 4 a 10 anos:

Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Item incorreto.

(19)

Causas de Aumento de Pena

A Lei de Tortura estabeleceu algumas causas que fazem aumentar a pena de um sexto a um terço:

Art. 1º (...) 4º Aumenta-se a pena de UM SEXTO ATÉ UM TERÇO:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

Dentre essas causas, a do inciso I merece alguns comentários:

Tortura cometida por agente público

Vimos que, de forma geral, não se exige do sujeito ativo do crime de tortura a condição de agente público – ela será causa de aumento de pena!

É considerado agente público o funcionário público do art. 327 do Código Penal:

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

Quer uma questão?Então toma!

(Instituto AOCP – AGEPEN/CE – 2017) Assinale a alternativa correta acerca do que trata a Lei 9.455/1997 em relação aos crimes de tortura.

a) O tipo legal de tortura aplica-se somente às condutas que causam lesões físicas, não enquadrando no tipo as moléstias mentais.

b) O crime de tortura é imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.

c) Se o crime de tortura for cometido por agente público, a pena será aplicada pela metade, acarretando ainda a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo prazo de 5 (cinco) anos.

d) Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo, constitui crime de tortura.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. O tipo legal de tortura aplica-se também às condutas que causam moléstias mentais.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: (...) b) INCORRETA. O crime de tortura não é imprescritível. Lembre-se sempre de que a Constituição Federal instituiu apenas dois crimes imprescritíveis em nosso ordenamento:

(20)

Constituição. Art. 5º XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

c) INCORRETA. Por ser mais reprovável, a tortura cometida por agente público faz a pena aumentar de 1/6 a 1/3.

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público.

d) CORRETA. Perfeito! O enunciado descreveu perfeitamente o crime de tortura-castigo:

Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Resposta: d)

Mais uma:

(FCC – AGEPEN/BA – 2010) NÃO constitui causa de aumento da pena prevista para o crime de tortura ser este cometido

a) contra portador de deficiência e adolescente.

b) contra criança, gestante e maior de sessenta anos.

c) mediante sequestro.

d) por agente público.

e) contra pessoa sob custódia do Estado.

RESOLUÇÃO:

Dentre as hipóteses apresentadas, a única que não aumenta a pena do crime de tortura é a da alternativa ‘e’ – cometido contra pessoa sob custódia do Estado.

Art. 1º (...) 4º Aumenta-se a pena de UM SEXTO ATÉ UM TERÇO:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

Resposta: e)

(21)

Vamos esquematizar?

Efeitos da Condenação

Além de ver a sua pena aumentada de 1/6 a 1/3, o agente público que for condenado pelo crime de tortura

“sentirá na pele” os seguintes efeitos:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a INTERDIÇÃO para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.

É muito importante que você memorize o esquema abaixo, pois o §5º é muito cobrado em provas:

Causas de Aumento

de Pena

1/6 a 1/3

Cometido por Agente Público

Cometido Contra

CRIANÇA GESTANTE

PORTADOR DE DEFICIÊNCIA ADOLESCENTE

MAIOR DE 60 ANOS

Cometido Mediante Sequestro

Efeitos da Condenação

PERDA do cargo/emprego/função pública

INTERDIÇÃO para o seu exercício

peloDOBRO (2x) da pena

aplicada

(22)

É isso aí: a condenação do agente público pela prática de tortura deixa clara a grave violação de seus deveres funcionais, de forma que a sociedade e o Estado perderam totalmente a sua confiança!

Por esse motivo, além de ser “extirpado” da Administração Pública, a Lei de Tortura ainda estabelece contra ele a impossibilidade de ocupação de qualquer cargo público (em sentido amplo) pelo DOBRO do prazo da pena aplicada – policial militar condenado a 6 anos de reclusão por praticar tortura: ele vai perder o seu cargo e vai ficar proibido de ingressar nos quadros da Administração Pública pelo prazo de 12 anos!

ATENÇÃO!

Para o STJ, a perda do cargo, função ou emprego público é EFEITO AUTOMÁTICO da condenação pela prática do crime de tortura!

Sendo assim, não é necessário que o juiz fundamente de forma concreta para que tal efeito seja aplicado!

RECURSO ESPECIAL. PENAL. TORTURA. POLICIAL MILITAR. PERDA DO CARGO PÚBLICO.

EFEITO AUTOMÁTICO. VIOLAÇÃO DOS DEVERES FUNCIONAIS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.

RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO. (...) 3. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, uma vez reconhecida a prática do crime de tortura, de acordo com a legislação especial aplicável a este delito, a perda do cargo público é efeito automático e obrigatório da condenação. 4. Embora fosse dispensável na hipótese, o Juízo de origem fundamentou concreta e pormenorizadamente a necessidade da imposição da sanção de perda do cargo público em razão da violação dos deveres do funcionário estatal (policial militar) para com a Administração Pública. (STJ, REsp nº 1.762.112/MT - 2018/0218898-8)

Veja só uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

Para que a condenação por crime de tortura possa importar na perda do cargo público, o juiz deve fazer constar tal efeito na sentença condenatória.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois a perda do cargo, função ou emprego público é EFEITO AUTOMÁTICO da condenação pela prática do crime de tortura, não sendo necessário que o juiz o aplique, de forma fundamentada, na sentença.

Outras disposições

O §6º estabeleceu algumas vedações:

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Bom, esse dispositivo vai ao encontro do que estabelece a Constituição Federal e a Lei de Crimes Hediondos (não se esqueça de que a prática da tortura é crime equiparado a hediondo):

(23)

Constituição Federal. Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Lei de Crimes Hediondos. Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:

I - anistia, graça e indulto;

II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

Professor, a Lei da Tortura não veda a concessão do indulto...

O STF entende que a palavra “graça”, na Constituição Federal, abrange o indulto!

Confere aí a decisão:

O inciso I do art. 2º da Lei n. 8.072/90 retira seu fundamento de validade diretamente do art. 5º, XLII, da Constituição Federal. III — O art. 5º, XLIII, da Constituição, que proíbe a graça, gênero do qual o indulto é espécie, nos crimes hediondos definidos em lei, não conflita com o art. 84, XII, da Lei Maior.

STF — HC 90.364, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 31/10/2007, public.

30/11/2007, p. 29).

Além disso, o §7º determina que o condenado por tortura (exceto por tortura imprópria ou omissiva) deverá iniciar o cumprimento da pena em regime fechado:

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

O STF e STJ entendem que não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena em regime fechado.

Assim, o juiz deverá levar em conta as circunstâncias judiciais para estabelecer o regime inicial de cumprimento da pena, que poderá ser o aberto, o semiaberto ou o fechado.

DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA.

Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997 – lei que define os crimes de tortura e dá outras providências – que “O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”. Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP. Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput e § 1º, da Lei 8.072/1990, é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada ao crime de tortura,

(24)

sendo o caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que possui a mesma disposição da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar essa posição, não se está a violar a Súmula Vinculante n.º 10, do STF, que assim dispõe: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”. De fato, o entendimento adotado vai ao encontro daquele proferido pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário submeter tal questão ao Órgão Especial desta Corte, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: “Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão”. Portanto, seguindo a orientação adotada pela Suprema Corte, deve-se utilizar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ e 719 do STF. Confiram-se, a propósito, os mencionados verbetes sumulares: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.” (Súmula 440 do STJ) e “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.” (Súmula 719 do STF). HC 286.925-RR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014.

Por fim, temos duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, já que a Lei de Tortura será aplicada até mesmo a atos de tortura praticados no exterior, desde que:

→ A vítima seja brasileira

OU

→ O agente esteja em local sujeito à jurisdição brasileira

Lei nº 9.455/1997

Regime inicial fechado

OBRIGATÓRIO

Jurisprudência dominante (STF e STJ)

Regime inicial fechado

NÃO é

OBRIGATÓRIO

(25)

Pelo princípio da territorialidade, a lei brasileira deve ser aplicada aos crimes cometidos no território nacional.

Contudo, a Lei nº 9.455/97 será aplicada nos casos em que o crime de tortura não for cometido no Brasil, mas a vítima é brasileira, ou quando o crime não for cometido no Brasil, mas o torturador vem

“passar férias” no Brasil.

Confere:

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Resolve comigo:

(AOCP – AGEPEN/CE – 2017) Assinale a alternativa correta acerca do que trata a Lei 9.455/1997 em relação aos crimes de tortura.

a) O tipo legal de tortura aplica-se somente às condutas que causam lesões físicas, não enquadrando no tipo as moléstias mentais.

b) O crime de tortura é imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.

c) Se o crime de tortura for cometido por agente público, a pena será aplicada pela metade, acarretando ainda a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo prazo de 5 (cinco) anos.

d) Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo, constitui crime de tortura.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. O tipo legal de tortura aplica-se tanto às condutas que causam lesões físicas (sofrimento físico), as que causam moléstias mentais (sofrimento mental).

Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: (...)

b) INCORRETA. O crime de tortura é INAFIANÇÁVEL e insuscetível de graça ou anistia:

Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

c) INCORRETA. Se o crime de tortura for cometido por agente público, a pena será AUMENTADA de 1/6 a 1/3, acarretando ainda a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada:

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

(26)

(...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

d) CORRETA. A alternativa descreveu o crime de tortura-castigo. Confere aí:

Art. 1º Constitui crime de tortura: II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Resposta: D

Veja comigo esta questão para encerrarmos nossa aula!

(FGV – PC/RJ – 2009) Com relação ao crime de tortura, previsto na Lei 9.455/97, analise as afirmativas a seguir:

I. A condenação pelo crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

II. Constitui crime de tortura submeter alguém sob sua guarda, com emprego de grave ameaça, a intenso sofrimento mental como forma de aplicar medida de caráter preventivo.

III. O disposto na Lei de Tortura (Lei 9.455/97) aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira.

Assinale:

a) se nenhuma afirmativa estiver correta.

b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

RESOLUÇÃO:

Vamos analisar as afirmativas:

I. Isso mesmo! Os condenados por tortura, se agentes públicos, ficam sujeitos a dois efeitos:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a INTERDIÇÃO para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.

II. Também está correta, pois a grave ameaça e o intenso sofrimento mental configuram a tortura- castigo, se cometida contra pessoa sob guarda do agente:

Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

III. Perfeito! A Lei nº 9.455/97 também se aplica aos casos de tortura cometidos no exterior contra vítima brasileira:

Todas as afirmativas estão corretas.

(27)

Lista de Questões

1.

(FGV – PC RN – 2021)

A Lei nº 9.455/1997 tipifica o crime de tortura e aponta as suas diversas espécies. Sobre o delito em questão, analise as afirmativas a seguir.

I. admite tentativa;

II. é insuscetível de graça ou anistia, mas permite o indulto;

III. pode ser praticado por conduta comissiva ou omissiva.

Está correto somente o que se afirma em:

a) I;

b) III;

c) I e II;

d) I e III;

e) II e III.

2.

(FGV – OAB/XXX – 2019)

Zélia, professora de determinada escola particular, no dia 12 de setembro de 2019, presencia, em via pública, o momento em que Luiz, nascido em 20 de dezembro de 2012, adota comportamento extremamente mal-educado e pega brinquedos de outras crianças que estavam no local.

Insatisfeita com a omissão da mãe da criança, sentindo-se na obrigação de intervir por ser professora, mesmo sem conhecer Luiz anteriormente, Zélia passa a, mediante grave ameaça, desferir golpes com um pedaço de madeira na mão de Luiz, como forma de lhe aplicar castigo pessoal, causando-lhe intenso sofrimento físico e mental.

Descobertos os fatos, foi instaurado inquérito policial. Nele, Zélia foi indiciada pelo crime de tortura com a causa de aumento em razão da idade da vítima. Após a instrução, confirmada a integralidade dos fatos, a ré foi condenada nos termos da denúncia, reconhecendo o magistrado, ainda, a presença da agravante em razão da idade de Luiz.

Considerando apenas as informações expostas, a defesa técnica de Zélia, no momento da apresentação da apelação, poderá, sob o ponto de vista técnico, requerer

a) a absolvição de Zélia do crime imputado, pelo fato de sua conduta não se adequar à figura típica do crime de tortura.

b) a absolvição de Zélia do delito de tortura, com fundamento na causa de exclusão da ilicitude do exercício regular do direito, em que pese a conduta seja formalmente típica em relação ao crime imputado.

c) o afastamento da causa de aumento de pena em razão da idade da vítima, restando apenas a agravante com o mesmo fundamento, apesar de não ser possível pugnar pela absolvição em relação ao crime de tortura.

d) o afastamento da agravante em razão da idade da vítima, sob pena de configurar bis in idem, já que não é possível requerer a absolvição do crime de tortura majorada.

(28)

3.

(FGV – OAB/XIX – 2016)

Durante uma operação em favela do Rio de Janeiro, policiais militares conseguem deter um jovem da comunidade portando um rádio transmissor. Acreditando ser o mesmo integrante do tráfico da comunidade, mediante violência física, os policiais exigem que ele indique o local onde as drogas e as armas estavam guardadas.

Em razão das lesões sofridas, o jovem vem a falecer. O fato foi descoberto e os policiais disseram que ocorreu um acidente, porquanto não queriam a morte do rapaz por eles detido, apesar de confirmarem que davam choques elétricos em seu corpo molhado com o fim de descobrir o esconderijo das drogas.

Diante desse quadro, que restou integralmente provado, os policiais deverão responder pelo crime de a) lesão corporal seguida de morte.

b) tortura qualificada pela morte com causa de aumento.

c) homicídio qualificado pela tortura.

d) abuso de autoridade.

4.

(FGV – TJ/PI – 2015)

Ressalvada a situação daquele que se omite, quando tinha dever de evitar ou apurar, os condenados por crime de tortura, na forma da Lei nº 9.455/97, devem cumprir a pena em regime:

a) integralmente fechado;

b) inicialmente fechado;

c) inicialmente semiaberto;

d) inicialmente semiaberto, no caso de tortura vindicativa;

e) aberto.

5.

(FGV – OAB/III – 2011)

A tortura, conduta expressamente proibida pela Constituição Federal e lei específica,

a) pode ser praticada por meio de uma conduta comissiva (positiva, por via de uma ação) ou omissiva (negativa, por via de uma abstenção).

b) é crime inafiançável, imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.

c) exige, na sua configuração, que o autor provoque lesões corporais na vítima ao lhe proporcionar sofrimento físico com o emprego de violência.

d) se reconhecida, não implicará aumento de pena, caso seja cometida por agente público.

6.

(FGV – PC/RJ – 2008)

Em relação aos atos que podem constituir crimes de tortura, assinale a afirmativa incorreta.

a) constranger alguém com emprego de violência ou ameaça, causando-lhe sofrimento físico com o fim de obter informação

(29)

b) constranger alguém com emprego de violência ou ameaça, causando-lhe sofrimento físico para provocar ação ou omissão de natureza criminosa

c) constranger alguém com emprego de violência ou ameaça, causando-lhe sofrimento físico em razão de discriminação racial ou religiosa

d) submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou ameaça, a intenso sofrimento mental, como forma de aplicar castigo pessoal

e) constranger alguém sem emprego de violência nem ameaça, para que faça algo que a lei não obriga.

7.

(CRS – PM MG – 2019)

Considerando as disposições trazidas pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e pela Lei nº 9.455/97, a qual dispõe sobre os crimes de tortura, marque a alternativa INCORRETA:

a) A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, por eles respondendo os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

b) É suficiente para que ocorra o crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental.

c) Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.

d) A condenação pelo crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

8.

(CRS – PM MG – 2018)

Analise as assertivas e marque a alternativa CORRETA, com base na Lei n. 9.455/97 que define os crimes de tortura.

a) Constitui, também, crime de tortura, constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa.

b) O crime de tortura é inafiançável, hediondo, imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.

c) A condenação pelo crime de tortura acarretará a suspensão não remunerada, até o cumprimento total da pena, do cargo, função ou emprego público.

d) O condenado por crime de tortura, na conduta comissiva, iniciará o cumprimento da pena em regime semiaberto sem direito a progressão inicial de regime.

9.

(CRS – PM MG – 2017)

Acerca da Lei n. 9.455, de 7 de abril de 1997, que define os crimes de tortura e dá outras providências, marque a alternativa CORRETA:

a) O crime de tortura é imprescritível, inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

b) Aquele que se omite em face do crime de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção, enquanto o agente que comete a tortura incorre na pena de reclusão.

(30)

c) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o objetivo de subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel.

d) A condenação acarretará a suspensão do cargo, função ou emprego público por prazo equivalente ao da pena aplicada.

10.

(IDECAN – CBM MG – 2015)

Nos termos da Lei nº 9.455/1997, que define os crimes de tortura, “submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo” sujeita-se à pena de

a) detenção e multa.

b) reclusão, de dois a oito anos.

c) detenção, de um a dois anos.

d) prestação de serviços à comunidade.

11.

(IDECAN – PM PB – 2015)

Quanto à Lei nº 9.455/1997, é correto afirmar que

a) o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

b) o crime de tortura é punido com pena de detenção de dois a oito anos.

c) se o crime é cometido por agente público, a pena será reduzida de um terço.

d) se o crime de tortura é cometido mediante sequestro, a pena é acrescida de um terço.

12.

(AOCP – PC/ES – 2019)

A respeito dos Crimes de Tortura, regulados pela Lei nº 9.455/1997, assinale a alternativa correta.

a) A pena prevista para o crime de tortura consistente em submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo, é de reclusão de dois a cinco anos.

b) A pena prevista para aquele que se omite em face de condutas que caracterizam crimes de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, é de um a três anos.

c) O agente público que pratica uma das condutas que caracterizam crimes de tortura terá a pena aumentada em dois terços.

d) O agente público condenado por crime de tortura perderá o cargo, função ou emprego público e sofrerá interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

e) O crime de tortura é insuscetível de fiança ou graça, mas é suscetível de anistia.

13.

(AOCP – AGEPEN/PA – 2018)

De acordo com a Lei nº 9.455/1997, se do crime de tortura resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de

(31)

a) quatro a dez anos.

b) seis a doze anos.

c) um a quatro anos.

d) dois a oito anos.

e) seis a vinte anos.

14.

(FUNDEP – CBM/MG – 2018) Analise o caso a seguir.

Um determinado agente público, como forma de obter uma confissão, constrange um adolescente, mediante emprego de violência, causando-lhe sofrimento físico e mental.

Considerando a situação apresentada e o que prescreve a lei, é correto afirmar que

a) a conduta descrita caracteriza crime de tortura, que, embora inafiançável, é suscetível de graça ou de anistia.

b) o fato de o autor ser agente público é causa de aumento da pena aplicável ao crime descrito.

c) o fato de a vítima ser adolescente não interfere na fixação da pena.

d) a condenação pela prática do crime não acarreta a perda do cargo ou emprego público do agente.

15.

(FUNDEP – CBM/MG – 2010)

A condenação de agente público pela prática de crime de tortura pode acarretar a) a perda do cargo, função ou emprego público.

b) a perda dos direitos políticos.

c) a interdição definitiva de exercício de cargo público.

d) a suspensão do direito de contratar com a Administração Pública.

16.

(VUNESP – PC/SP – 2013)

Quanto ao crime de tortura, é correto afirmar que

a) a lei brasileira que comina pena para o crime de tortura não se aplica quando o crime foi cometido fora do território nacional, mesmo sendo a vítima brasileira.

b) o condenado pelo crime de tortura cumprirá todo o tempo da pena em regime fechado.

c) é afiançável, mas insuscetível de graça ou anistia.

d) na aplicação da pena pelo crime de tortura, não serão admitidas agravantes ou atenuantes.

e) a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

17.

(VUNESP – TJM/SP – 2016)

Considere a seguinte situação hipotética: João, agente público, foi processado e, ao final, condenado à pena de reclusão, por dezenove anos, iniciada em regime fechado, pela prática do crime de tortura, com resultado morte, contra Raimundo. Nos termos da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, essa condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público

(32)

a) e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

b) e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo da pena aplicada.

c) e a interdição para seu exercício pelo tempo da pena aplicada.

d) desde que o juiz proceda à fundamentação específica.

e) como efeito necessário, mas não automático.

18.

(VUNESP – TJ/RJ – 2016)

Maximilianus constantemente agredia seu filho Ramsés, de quinze anos, causando-lhe intenso sofrimento físico e mental com o objetivo de castigá-lo e de prevenir que ele praticasse “novas artes". Na última oportunidade em que Maximilianus aplicava tais castigos, vizinhos acionaram a polícia ao ouvirem os gritos de Ramsés. Ao chegar ao local os policiais militares constataram as agressões e conduziram ao Distrito Policial Maximilianus, Ramsés e Troia, mãe de Ramsés que presenciava todas as agressões mas, apesar de não concordar, deixava que Maximilianus “cuidasse" da educação do filho sem se “intrometer".

Diante da circunstância descrita, é correto afirmar que

a) Maximilianus e Troia incorreram, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de co-autores.

b) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, e que Troia, porém, não poderá ser responsabilizada, pois não concorreu para a prática do crime.

c) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, assim como Troia também teria incorrido no mesmo crime mas com base na omissão penalmente relevante prevista no Código Penal.

d) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, sendo que Troia será responsabilizada pela prática do crime de omissão em face da tortura praticada por Maximilianus, também previsto na Lei n° 9.455/97, tendo em vista que tinha o dever de evitá-la.

e) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, e que Troia também será responsabilizada pela prática do mesmo crime, porém na condição de partícipe.

19.

(VUNESP – PC/CE – 2015)

O crime de tortura (Lei no 9.455/97) tem pena aumentada de um sexto até um terço se for praticado a) ininterruptamente, por período superior a 24 h.

b) em concurso de pessoas c) por motivos políticos.

d) contra mulher e) por agente público.

20.

(VUNESP – PC/SP – 2014)

Marlene, na qualidade de cuidadora de dona Ana Rosa, uma senhora de 77 anos de idade e que necessita de cuidados especiais, foi filmada, por câmeras colocadas no quarto da idosa, causando-lhe sofrimento físico durante

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