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Aula 00 Lei nº 9.455/1997 (antitortura). Prof. Henrique Santillo. 1 de 71 Prof. Henrique Santillo Aula 00

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Texto

(1)

Aula 00 – Lei nº 9.455/1997

(antitortura).

(2)

Sumário

LEI Nº 9.455/1997 (CRIMES DE TORTURA). 3

NOÇÕES GERAIS 6

CRIME DE TORTURA 7

Tortura-prova, Tortura Para a Prática de Crime e Tortura Discriminatória (Art. 1º, I) 8

Tortura-castigo 12

Tortura do Preso ou de Pessoa Sujeita à Medida de Segurança 14

Omissão em Tortura ou Tortura-omissão 17

FORMAS QUALIFICADAS 19

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 20

EFEITOS DA CONDENAÇÃO 23

OUTRAS DISPOSIÇÕES 24

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 29

LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 56

GABARITO 66

RESUMO DIRECIONADO 67

(3)

Apresentação

Olá, amigo/a!

Caso você não me conheça, sou o professor

H

ENRIQUE

S

ANTILLO do

D

IREÇÃO

C

ONCURSOS e te acompanharei durante a sua caminhada rumo à aprovação.

Vamos falar um pouco sobre mim?

Sou advogado pós-graduado em Direito Processual. Graduei-me pela Universidade Federal de Goiás e obtive aprovação para os cargos de Analista Judiciário dos Tribunais Regionais Eleitorais da Bahia e do Paraná, Oficial de Justiça Avaliador Federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, bem como para Escriturário do Banco do Brasil, cargo para o qual fui nomeado, tendo optado por não tomar posse.

Neste tempo de muita luta e muito estudo, pude perceber que algumas técnicas de aprendizagem fazem toda a diferença, dentre elas o estudo direcionado, a resolução de muitas questões e a revisão periódica do conteúdo estudado.

Logo, vamos juntos desbravar as

L

EIS

P

ENAIS

E

SPECIAIS. Aplicarei na sua aprendizagem tudo aquilo que realmente faz a diferença na sua trajetória rumo à tão almejada aprovação.

Conte comigo para você aprender as leis penais de uma maneira leve e descontraída, com muitos exemplos e casos concretos durante o seu curso. Abaixo, você poderá ver como organizamos a aula do seu curso de

L

EGISLAÇÃO

E

SPECIAL

,

direcionado especialmente para o concurso de provimento dos cargos de

P

OLICIAL

P

ENAL DO

E

STADO DA

P

ARAÍBA

!

Na aula de hoje vamos estudar o seguinte tópico:

tortura

!

Como é a nossa primeira aula, faço questão de deixar claro a você, aluno/a, alguns conceitos que serão utilizados em outras aulas e que te deixarão mais familiarizados com a disciplina!

Nosso curso foi montado em conformidade com o edital lançado

para a Polícia Penal de Alagoas!

(4)

Neste material você encontrará:

Fique à vontade também para me procurar no Instagram ou em meu e-mail. Estarei à disposição para te atender sempre que for necessário:

Curso completo em VÍDEO

teoria e exercícios resolvidos sobre os pontos do edital

Curso completo escrito (PDF)

teoria e MAIS exercícios resolvidos sobre os pontos do edital

Fórum de dúvidas

para você sanar suas dúvidas DIRETAMENTE conosco sempre que precisar

@profsantillo

(5)

Lei nº 9.455/1997 (crimes de tortura).

Minhas saudações a você, guerreiro/a!

Hoje vamos prosseguir com o estudo da seguinte lei esparsa exigida pelo edital:

Lei nº 9.455/1997 (Crimes de Tortura)

Trata-se de um tópico frequentemente explorado em concursos da área policial!

Sugiro que se direcione para os seguintes tópicos:

Vamos lá?

→ Distinção entre as modalidades do crime

de tortura

→ Causas de aumento de pena

→ Efeitos da Condenação

(6)

Noções Gerais

Você, assim como eu, deve imaginar cenas horripilantes quando lê a palavra “tortura” ...

Os métodos de tortura causam dor e/ou sofrimento ao torturado, sendo aplicados ao longo dos séculos com diferentes propósitos: como meio de prova, como fator de intimidação, como aplicação de pena ou castigo e até mesmo para satisfazer o próprio torturador!

Veja só um caso fictício da prática de tortura, extraído do enunciado de uma questão contida na prova para ingresso na carreira de Delegado Federal, cujo concurso foi promovido e organizado pela banca CESPE:

(CESPE – PF – 2018 – Adaptada) Cinco guardas municipais em serviço foram desacatados por dois menores. Após breve perseguição, um dos menores evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas conduziram o menor apreendido para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram-no, além de submetê-lo a choques elétricos. Os outros três guardas deram cobertura.

Como se trata de um ato totalmente repugnante, a Constituição Federal proibiu expressamente a prática da tortura, equiparando-lhe a crime hediondo:

Constituição Federal. Art. 5º (...) III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

(...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Veja que a Constituição Federal não definiu nem tipificou conduta que representasse tortura – o que ela fez foi determinar que o legislador punisse a prática da tortura!

Isso mesmo! A Constituição não criminaliza a conduta, mas “manda” o legislador fazê-lo!

Dito e feito: o Congresso editou o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) que, em um de seus dispositivos, tipificou como o crime a prática de tortura contra crianças e adolescentes:

Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997

Pena - reclusão de um a cinco anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : § 1º Se resultar lesão corporal grave: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : Pena - reclusão de dois a oito anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

(7)

Pena - reclusão de quatro a doze anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : § 3º Se resultar morte: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Pena - reclusão de quinze a trinta anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Em 1997, entretanto, entra em vigor a Lei nº 9.455/97 – a Lei da Tortura – que, além de revogar o art. 2331 do

ECA e criminalizar a prática da tortura, tipifica a omissão daqueles que deveriam evitá-la ou apurá-la! Vamos iniciar com uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

O crime de tortura contra pessoa menor de 18 (dezoito) anos não mais se encontra previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.

RESOLUÇÃO: Item corretíssimo.

É isso mesmo! A Lei de Crimes de Tortura também se aplica aos atos de tortura praticados contra crianças e adolescentes, tendo revogado expressamente o art. 233 do ECA:

Lei nº 9.455/1997. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.

Crime de Tortura

Como havíamos dito, o crime de tortura foi definido pela Lei nº 9.455/97.

Na realidade, como vamos observar, o crime de tortura comporta várias espécies. Leia comigo: Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

(8)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Agora vou deixar esses dispositivos bem claros para você, rs. Vamos à primeira espécie do crime de tortura:

Tortura-prova, Tortura Para a Prática de Crime e Tortura Discriminatória (Art. 1º, I)

O art. 1º, inciso I, nos apresenta três modalidades do crime de tortura, as quais se diferenciam apenas pela motivação do agente torturador (dolo específico):

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Vamos agora analisar o núcleo do tipo do crime do art. 1º, inciso I:

Constranger →

o agente obriga a vítima a fazer algo contra a sua vontade, provocando-lhe sofrimento físico e/ou mental e retirando a sua liberdade de autodeterminação.

Para isso, ele deve se valer de dois meios:

Violência

(socos, chutes, choques elétricos, chicotadas, afogamento temporário etc.).

Grave ameaça

(ameaça de morte, de estupro, de lesões etc.)

Quando pensamos em tortura, logo nos vêm à cabeça atos violentos, sanguinários...

Contudo, ATENÇÃO: o crime de tortura pode ser cometido também com o emprego de grave ameaça, sem o uso da violência!

Além disso, o agente deverá constranger a vítima com a finalidade de alcançar um dos seguintes objetivos, os quais constituem espécies autônomas do crime do art. 1º, II:

(9)

A. Para obter

informação, declaração ou confissão

da vítima ou de terceira pessoa

(tortura-prova)

Não importa a natureza da informação que o torturador deseja obter: pode ser pessoal, criminosa, comercial

etc.

Vou te adiantar algo: a consumação do crime de tortura-prova vai ocorrer independentemente do fornecimento da informação, declaração ou confissão pela vítima ou pelo terceiro.

Infelizmente, essa modalidade de tortura está presente na conduta de alguns agentes policiais – ouso dizer que seja a modalidade mais praticada desse crime!

Exemplos:

1) Credor chicoteia o devedor para que ele assine um termo de confissão de dívida

2) Policial militar dá choques no suspeito para que ele confesse a prática de determinado crime.

3) Esposa coloca uma arma na cabeça do filho na presença do marido para que ele confesse traição – típico caso de tortura para que terceiro confesse.

B. Para provocar ação ou omissão de

natureza criminosa

(tortura para a prática de

crime)

Por meio de violência ou grave ameaça, o agente constrange a vítima a praticar algum crime comissivo ou omissivo.

Exemplos:

1) O chefe de uma organização criminosa tortura um membro para que ele pratique determinado crime. 2) A enfermeira que tortura o colega médico para ele que não preste socorro ao paciente X, inimigo mortal da profissional da saúde

A vítima

NÃO responderá pela prática do crime

!

Isso porque o torturador, por meio de coação moral, retira da vítima a exigibilidade de conduta diversa, excluindo a sua culpabilidade.

Veja o que diz o Código Penal:

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

(10)

C.

Em razão de discriminação

racial ou religiosa

(tortura discriminatória)

Nesse caso, o agente, mediante sofrimento físico ou mental, provoca sofrimento na vítima levado por sentimento discriminatório, por puro preconceito em ração de sua raça ou de sua religião!

Membros de um grupo racista empregam violência contra uma mulher negra, causando-lhe sofrimento físico, discriminando-a sob o argumento de que “a raça negra é inferior”.

Ao contrário das outras duas espécies, na tortura discriminatória

NÃO

se exige a prática de

nenhuma conduta ou omissão por parte da vítima.

A tortura-discriminação não abrange outros motivos, como preferência política, situação

econômica etc.

Disposições comuns aos crimes do art. 1º, inciso I

Os crimes de tortura do art. 1º, inciso I são formais, ou seja, se consumam com a prática do

constrangimento, pouco importando se o agente atingiu o objetivo pretendido!

Como o crime é formal, não é necessário que o sujeito ativo atinja o objetivo pretendido

(obtenção da informação, declaração ou confissão almejadas (tortura-prova); realização da

ação ou omissão criminosa pelo torturado (tortura-crime); ou do comportamento em razão da

discriminação racial ou religiosa (tortura-discriminatória).

Não haverá tortura

se o agente obrigar a vítima a praticar

CONTRAVENÇÃO PENAL!

Isso porque a lei fala expressamente em ação ou omissão

de natureza CRIMINOSA.

Poderíamos cogitar, no caso, a prática do crime de

constrangimento ilegal (Código Penal):

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave

ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro

meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei

permite, ou a fazer o que ela não manda:

(11)

Trata-se de crimes comuns, pois não se exige condição especial do sujeito ativo!

Isso mesmo! Cuidado especialmente com questões que afirmem ser próprio o crime de tortura para obtenção de informação, declaração ou confissão!

Vimos que ele pode ser cometido tanto pelo particular (inclusive por você!), quanto pelos agentes públicos – incluindo aí os policiais militares!

Olha só uma questão:

(IBFC – PM/BA – 2017 ) Assinale a alternativa correta considerando as previsões da Lei federal n° 9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura) sobre a pena aplicável no caso da conduta de constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. a) Detenção, de quatro a oito anos

b) Reclusão, de três a oito anos c) Detenção, de dois a dez anos d) Reclusão, de dois a oito anos e) Reclusão, de cinco a dez anos. RESOLUÇÃO:

A pena prevista para o crime de tortura-prova é de 2 a 8 anos de reclusão:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Resposta: D

Veja mais uma questão:

(FCC – MP/PE – 2014 – Adaptado) Quanto aos crimes de tortura, julgue o item abaixo. Todos são classificados como próprios, segundo expressa disposição legal.

RESOLUÇÃO:

Ainda não vimos as outras modalidades, mas podemos considerar o item incorreto: acabamos de estudar três modalidades do crime de tortura que não exigem condição especial do sujeito ativo. São, portanto, comuns os crimes do art. 1º, inciso I, alíneas a, b e c (tortura-prova, tortura para a prática de crime e tortura discriminatória).

(12)

Tortura-castigo

Também chamada de tortura-punição, estamos diante da conduta do agente que, por meio de violência ou de grave ameaça, tem por objetivo aplicar:

Castigo

Medida de caráter preventivo

(para evitar comportamentos indesejados)

Submetendo pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade a

INTENSO sofrimento FÍSICO ou MENTAL

Veja só:

Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

A tortura do art. 1º, II é crime próprio, exigindo condição especial do:

Sujeito ativo: só pode ser autor desse crime aquele que tiver a guarda da vítima ou exercer sobre ela algum tipo de poder ou autoridade, momentâneo ou permanente.

Sujeito passivo: por outro lado, só pode ser vítima aquele que está sob a guarda, poder ou autoridade do sujeito ativo!

Exemplos: o pai contra o filho; o professor contra o aluno, o cuidador de idosos contra o idoso, tutor contra o tutelado; professor em relação ao aluno, carcereiro em relação ao preso etc.

O crime de tortura-castigo é caracterizado pelo

INTENSO

sofrimento físico ou mental.

Se o sofrimento causado for leve ou moderado, devemos considerar a ocorrência de outras figuras típicas, como o crime de maus-tratos:

Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

Mais uma vez: o intenso sofrimento mental causado para fins de aplicação de castigo ou medida preventiva também configura o crime de tortura-castigo.

(13)

Ah, é importante que você visualize as duas elementares dos crimes de tortura do art. 1º:

O dolo específico do crime de tortura-castigo é o animus corrigendi – vontade de aplicar castigo

ou medida preventiva!

Dessa forma, não responderá pelo crime de tortura-castigo o pai que, apenas por sadismo, submete o filho a intenso sofrimento físico mediante o uso de violência.

Sadismo é uma perversão caracterizada pelo prazer com a dor alheia.

Vamos a uma questão:

(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes de tortura, julgue o item seguinte.

A babá que, mediante grave ameaça e como forma de punição por mau comportamento durante uma refeição, submeter menor que esteja sob sua responsabilidade a intenso sofrimento mental não praticará crime de tortura por falta de tipicidade, podendo ser acusada apenas de maus tratos. RESOLUÇÃO:

Opa! Veja que a conduta da babá se amolda perfeitamente ao crime de tortura-castigo, pois: Submeteu menor sob sua responsabilidade...

Mediante grave ameaça A intenso sofrimento mental

Como forma de punição por mau comportamento Confere comigo:

Inciso I

Tortura-prova,

Tortura-crime e

Tortura-discriminação

Exige "apenas"

sofrimento físico

ou mental

Inciso II

Tortura-castigo

Exige INTENSO

sofrimento físico

ou mental

(14)

Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso

sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item incorreto.

Tortura do Preso ou de Pessoa Sujeita à Medida de Segurança

Trata-se da conduta daquele que sujeita o preso ou pessoa que cumpre medida de segurança a determinado comportamento não previsto em lei, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. (...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

O crime do art. 1º, §1º

não exige uma finalidade específica

, bastando o dolo simples para a sua

configuração.

Contudo, a presença de alguma finalidade (como o castigo) não desconfigura o crime.

Ao contrário das outras modalidades de tortura que vimos,

NÃO

é necessário haver o emprego

de violência ou grave ameaça.

A vítima será submetida a sofrimento físico ou mental pela pratica de ato não previsto em lei ou

não resultante de medida legal!

É o caso do carcereiro que submete o preso a cela escura ou solitária ou que deixa o preso sem alimentos por vários dias.

Além disso, o carcereiro também responderá por esse crime quando colocar o preso em regime disciplinar diferenciado sem autorização judicial.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, embora normalmente figurem como autores o

carcereiro, o agente penitenciário, o diretor do estabelecimento prisional etc.

Contudo, o crime é considerado próprio em relação ao sujeito passivo, que deverá ser sempre pessoa presa ou sujeita a medida de segurança!

Exemplo: pode ser sujeito ativo desse crime um grupo de presos que submete outro detento, que pertence à facção rival, a sofrimento físico e mental.

(15)

Vamos resolver?

(CESPE – PC/ES – 2011) Com relação à legislação especial, julgue o item que se segue.

No crime de tortura em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal, não é exigido, para seu aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando, portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta descrita no tipo objetivo.

RESOLUÇÃO:

É isso aí! O crime do art. 1º, §1º não exige uma finalidade específica, bastando o dolo simples de praticar a conduta descrita no tipo objetivo para a sua configuração:

Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. (...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item correto.

Como o meu maior desejo é a sua aprovação, montei um quadro-resumo com as principais características das modalidades de tortura que estudamos até aqui:

Sujeito Ativo e

Passivo

Meio de

execução

Resultado

Finalidade

(Dolo Específico)

Art. 1º, inc I Crime comum Qualquer pessoa Violência ou grave ameaça Sofrimento físico ou mental a) Tortura-prova b) Tortura para a prática

de crime

c) Tortura-discriminação

Art. 1º, inc II

(Tortura-castigo)

Crime próprio Sujeito ativo E passivo

(relação de guarda, poder ou autoridade) Violência ou grave ameaça INTENSO sofrimento físico ou mental Aplicação de castigo ou medida de caráter preventivo Art. 1º, § único (tortura do preso) Crime próprio Sujeito passivo deve ser preso ou cumprir medida

de segurança.

Prática de ato não previsto em lei ou em medida legal

Sofrimento físico

ou mental

NÃO

exige finalidade específica

(16)

Veja como é importante a compreensão do esqueminha com uma questão:

(CESPE – DEPEN – 2013) Em cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base no disposto na Lei n.º 4.898/1965 e na Lei n.º 9.455/1997.

Um agente penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia, permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-se, como forma de castigo, já que José havia cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar.

Nessa situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de violência ou grave ameaça contra José.

RESOLUÇÃO:

Fica evidente que o agente cometeu o crime de tortura contra o preso, que não exige o emprego de violência ou grave ameaça para a sua configuração; na realidade, basta a prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal (permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que

pudesse beber água ou alimentar-se).

Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. (...)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Professor, ele não cometeu o crime de tortura-castigo?

Não, pois não houve o emprego de violência ou de grave ameaça, elementares desta modalidade de tortura:

Art. 1º Constitui crime de tortura: (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou

medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Item correto.

Mais uma questão:

(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes de tortura, julgue o item seguinte.

O crime de tortura admite qualquer pessoa como sujeitos ativo ou passivo; assim, pelo fato de não exigirem qualidade especial do agente, os crimes de tortura são classificados como crimes comuns. RESOLUÇÃO:

Opa! Item incorreto.

A questão errou ao generalizar, pois sabemos que existem crimes de tortura comuns e próprios. Sugiro que releia o quadro acima!

(17)

Omissão em Tortura ou Tortura-omissão

Vimos, bem no comecinho da nossa aula, que a Constituição Federal estabeleceu que responderá também pela prática da tortura aquele que se omitiu, quando poderia tê-la evitado!

A Lei nº 9.455/97 foi além e determinou o seguinte:

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-LAS ou APURÁ-EVITÁ-LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

É sujeito ativo do crime de omissão em tortura:

O agente que tinha o

dever de EVITÁ-LA

(omissão imprópria)

Temos aqui um típico caso de crime comissivo por omissão, em que será responsabilizado criminalmente o agente que figura na qualidade de garantidor da integridade da vítima e que, sendo possível, deveria ter agido para evitar a tortura contra ela, mas não o fez.

Exemplo: Eduardo passou a morar com Marilene, que possuía 3 filhas de outro pai.

Eduardo, exercendo autoridade sobre as meninas, passou a lhes aplicar um método de correção cruel, amarrando-as em uma árvore e queimando partes do corpo com cigarros em brasa.

Mesmo estando a par de toda essa crueldade, a mãe das vítimas deixou de tomar qualquer providência para evitar o resultado.

Quero que você perceba que Marilene será punida (detenção, de 1 a 4 anos) não por efetivamente ter praticado ato de tortura, mas por ter se omitido, permitindo que o outro a realizasse!

O agente que tinha o

dever de APURÁ-LA

(omissão própria)

Nesse caso, o agente ficou da sabendo da tortura, mas “deu de ombros” e, mesmo devendo, não determinou a sua apuração e investigação.

Exemplo: a mãe de um suspeito relatou ao Delegado de Polícia que um dos agentes lotados na delegacia praticou tortura contra o seu filho.

Se a autoridade policial tomar conhecimento do fato e não determinar a investigação para a apuração da prática do crime, ela responderá pelo crime do art. 1º, §2º.

ATENÇÃO! A omissão em tortura

NÃO

é crime equiparado a hediondo!

Isso porque a Constituição Federal equiparou a crime hediondo a PRÁTICA da tortura, o que não se observa no crime do art. 1º, §2º!

(18)

Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Resolve pra mim esta questão:

(CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes de tortura, julgue o item seguinte.

O delegado que se omite em relação à conduta de agente que lhe é subordinado, não impedindo que este torture preso que esteja sob a sua guarda, incorre em pena mais branda do que a aplicável ao torturador.

RESOLUÇÃO:

É isso aí! Muito embora não seja punido com a pena dos crimes de tortura (reclusão, de dois a oito anos), o delegado estará sujeito à pena do crime de omissão em tortura, cuja pena é mais branda:

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Veja mais uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

O agente que deixa de agir em face do crime de tortura, quando era possuidor do dever jurídico de apurar o ilícito ou de evitar o seu advento, incorre na pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção. RESOLUÇÃO:

É isso mesmo! O item enunciou corretamente o crime de omissão em tortura, cuja pena prevista é de 1 a 4 anos de detenção.

Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-LAS ou

APURÁ-LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

(19)

Formas Qualificadas

A Lei nº 9.455/97 estabeleceu dois resultados que aumentam a pena prevista em abstrato para o crime de tortura, tornando-a mais grave que a modalidade simples:

Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta MORTE, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Professor, quer dizer então que se o agente tem a intenção de tortura e matar, ele vai responder pela tortura

qualificada?

NÃO!

O § 3º é uma forma preterdolosa do crime de tortura!

Isso quer dizer que, nas formas qualificadas pelo resultado, o dolo ou a vontade do agente é de somente torturar a vítima – as lesões ou a morte decorrem de culpa, ou seja, o agente não as queria!

Se o agente queria praticar tortura como meio de provocar a morte da vítima, ele poderá responder pela prática do crime de homicídio qualificado pela tortura, cuja pena é bem mais “salgada”: reclusão, de 12 a 30 anos!

CÓDIGO PENAL Homicídio qualificado Art. 121 (...) § 2° Se o homicídio é cometido:

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Tortura

qualificada pelo

resultado

Lesão Corporal

GRAVE ou

GRAVÍSSIMA

4 a 10 anos

(reclusão)

MORTE

8 a 16 anos

(reclusão)

(20)

Questão:

(CESPE – TJDFT – Juiz – 2014 – Adaptada) Considerando a lei de trata da tortura, julgue o item abaixo.

O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima é punível conforme as penas previstas para esse delito, acrescidas das referentes ao delito de lesão corporal grave ou gravíssima.

RESOLUÇÃO:

O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima será punido a título de tortura preterdolosa, cuja pena em abstrato é de reclusão, de 4 a 10 anos:

Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Item incorreto.

Causas de Aumento de Pena

A Lei de Tortura estabeleceu algumas causas que fazem aumentar a pena de um sexto a um terço: Art. 1º (...) 4º Aumenta-se a pena de UM SEXTO ATÉ UM TERÇO:

I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

Dentre essas causas, a do inciso I merece alguns comentários:

Tortura cometida por agente público

Vimos que, de forma geral, não se exige do sujeito ativo do crime de tortura a condição de agente público – ela será causa de aumento de pena!

É considerado agente público o funcionário público do art. 327 do Código Penal:

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

Quer uma questão?Então toma!

(Instituto AOCP – AGEPEN/CE – 2017) Assinale a alternativa correta acerca do que trata a Lei 9.455/1997 em relação aos crimes de tortura.

a) O tipo legal de tortura aplica-se somente às condutas que causam lesões físicas, não enquadrando no tipo as moléstias mentais.

(21)

b) O crime de tortura é imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.

c) Se o crime de tortura for cometido por agente público, a pena será aplicada pela metade, acarretando ainda a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo prazo de 5 (cinco) anos.

d) Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo, constitui crime de tortura.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. O tipo legal de tortura aplica-se também às condutas que causam moléstias mentais.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: (...)

b) INCORRETA. O crime de tortura não é imprescritível. Lembre-se sempre de que a Constituição Federal instituiu apenas dois crimes imprescritíveis em nosso ordenamento:

Constituição. Art. 5º XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de

reclusão, nos termos da lei;

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem

constitucional e o Estado Democrático.

c) INCORRETA. Por ser mais reprovável, a tortura cometida por agente público faz a pena aumentar de 1/6 a 1/3.

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público.

d) CORRETA. Perfeito! O enunciado descreveu perfeitamente o crime de tortura-castigo:

Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Resposta: d)

Mais uma:

(FCC – AGEPEN/BA – 2010) NÃO constitui causa de aumento da pena prevista para o crime de tortura ser este cometido

a) contra portador de deficiência e adolescente. b) contra criança, gestante e maior de sessenta anos. c) mediante sequestro.

d) por agente público.

e) contra pessoa sob custódia do Estado. RESOLUÇÃO:

(22)

Dentre as hipóteses apresentadas, a única que não aumenta a pena do crime de tortura é a da alternativa ‘e’ – cometido contra pessoa sob custódia do Estado.

Art. 1º (...) 4º Aumenta-se a pena de UM SEXTO ATÉ UM TERÇO: I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60

(sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante sequestro. Resposta: e) Vamos esquematizar?

Causas de

Aumento

de Pena

1/6

a

1/3

Cometido por Agente Público

Cometido

Contra

CRIANÇA GESTANTE PORTADOR DE DEFICIÊNCIA ADOLESCENTE MAIOR DE 60 ANOS

(23)

Efeitos da Condenação

Além de ver a sua pena aumentada de 1/6 a 1/3, o agente público que for condenado pelo crime de tortura “sentirá na pele” os seguintes efeitos:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a INTERDIÇÃO para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.

É muito importante que você memorize o esquema abaixo, pois o §5º é muito cobrado em provas:

É isso aí: a condenação do agente público pela prática de tortura deixa clara a grave violação de seus deveres funcionais, de forma que a sociedade e o Estado perderam totalmente a sua confiança!

Por esse motivo, além de ser “extirpado” da Administração Pública, a Lei de Tortura ainda estabelece contra ele a impossibilidade de ocupação de qualquer cargo público (em sentido amplo) pelo DOBRO do prazo da pena aplicada – policial militar condenado a 6 anos de reclusão por praticar

tortura: ele vai perder o seu cargo e vai ficar proibido de ingressar nos quadros da Administração Pública pelo prazo de 12 anos!

ATENÇÃO!

Para o STJ, a perda do cargo, função ou emprego público é

EFEITO

AUTOMÁTICO

da condenação pela prática do crime de tortura!

Sendo assim, não é necessário que o juiz fundamente de forma concreta para que tal efeito seja aplicado! RECURSO ESPECIAL. PENAL. TORTURA. POLICIAL MILITAR. PERDA DO CARGO PÚBLICO.

EFEITO AUTOMÁTICO. (...) 3. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, uma vez reconhecida a prática do crime de tortura, de acordo com a legislação especial aplicável a este delito, a perda do cargo público é efeito automático e obrigatório da condenação. 4. Embora fosse dispensável na hipótese, o Juízo de origem fundamentou concreta e pormenorizadamente a necessidade da imposição da sanção de perda do cargo público em razão da violação dos deveres do funcionário estatal (policial militar) para com a Administração Pública. (STJ, REsp nº 1.762.112/MT - 2018/0218898-8)

Efeitos da

Condenação

PERDA

do cargo/emprego/função pública

INTERDIÇÃO

para o

seu exercício

pelo

DOBRO

(2x)

da pena

(24)

Veja só uma questão:

(IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo.

Para que a condenação por crime de tortura possa importar na perda do cargo público, o juiz deve fazer constar tal efeito na sentença condenatória.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois a perda do cargo, função ou emprego público é EFEITO AUTOMÁTICO da condenação pela prática do crime de tortura, não sendo necessário que o juiz o aplique, de forma fundamentada, na sentença.

Outras disposições

O §6º estabeleceu algumas vedações:

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Bom, esse dispositivo vai ao encontro do que estabelece a Constituição Federal e a Lei de Crimes Hediondos (não se esqueça de que a prática da tortura é crime equiparado a hediondo):

Constituição Federal. Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Lei de Crimes Hediondos. Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:

I - anistia, graça e indulto;

II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

Professor, a Lei da Tortura não veda a concessão do indulto...

O STF entende que a palavra “graça”, na Constituição Federal, abrange o indulto!

Confere aí a decisão:

O inciso I do art. 2º da Lei n. 8.072/90 retira seu fundamento de validade diretamente do art. 5º, XLII, da Constituição Federal. III — O art. 5º, XLIII, da Constituição, que proíbe a graça, gênero do qual o indulto é espécie, nos crimes hediondos definidos em lei, não conflita com o art. 84, XII, da Lei Maior. STF — HC 90.364

(25)

Além disso, o §7º determina que o condenado por tortura (exceto por tortura imprópria ou omissiva) deverá iniciar o cumprimento da pena em regime fechado:

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

O STJ entende que não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o

cumprimento da pena em regime fechado.

Assim, o juiz deverá levar em conta as circunstâncias judiciais para estabelecer o regime inicial de cumprimento da pena, que poderá ser o aberto, o semiaberto ou o fechado.

DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA. Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997 – lei que define os crimes de tortura e dá outras providências – que “O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”. Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP. Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput e § 1º, da Lei 8.072/1990, é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada ao crime de tortura, sendo o caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que possui a mesma disposição da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar essa posição, não se está a violar a Súmula Vinculante n.º 10, do STF, que assim dispõe: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”. De fato, o entendimento adotado vai ao encontro daquele proferido pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário submeter tal questão ao Órgão Especial desta Corte, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: “Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão”. Portanto, seguindo a orientação adotada pela Suprema Corte, deve-se utilizar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ e 719 do STF. Confiram-se, a propósito, os mencionados verbetes sumulares: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.” (Súmula 440 do STJ) e “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.” (Súmula 719 do STF). HC 286.925-RR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014.

(26)

Por fim, temos duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, já que a Lei de Tortura será aplicada até mesmo a atos de tortura praticados no exterior, desde que:

A vítima seja brasileira

OU

O agente esteja em local sujeito à jurisdição brasileira

Pelo princípio da territorialidade, a lei brasileira deve ser aplicada aos crimes cometidos no

território nacional.

Contudo, a Lei nº 9.455/97 será aplicada nos casos em que o crime de tortura não for cometido no Brasil, mas a vítima é brasileira, ou quando o crime não for cometido no Brasil, mas o torturador vem “passar férias” no Brasil.

Confere:

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Resolve comigo:

(AOCP – AGEPEN/CE – 2017) Assinale a alternativa correta acerca do que trata a Lei 9.455/1997 em relação aos crimes de tortura.

a) O tipo legal de tortura aplica-se somente às condutas que causam lesões físicas, não enquadrando no tipo as moléstias mentais.

b) O crime de tortura é imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.

c) Se o crime de tortura for cometido por agente público, a pena será aplicada pela metade, acarretando ainda a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo prazo de 5 (cinco) anos.

d) Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo, constitui crime de tortura.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. O tipo legal de tortura aplica-se tanto às condutas que causam lesões físicas (sofrimento físico), as que causam moléstias mentais (sofrimento mental).

Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe

sofrimento físico ou mental: (...)

(27)

Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

c) INCORRETA. Se o crime de tortura for cometido por agente público, a pena será AUMENTADA de 1/6 a 1/3, acarretando ainda a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada:

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público;

(...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo

dobro do prazo da pena aplicada.

d) CORRETA. A alternativa descreveu o crime de tortura-castigo. Confere aí:

Art. 1º Constitui crime de tortura: II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Resposta: D

Resolva esta questão:

(CESPE – MPCE – 2020) A respeito da Lei de Crimes de Tortura (Lei n.º 9.455/1997), julgue o próximo item.

A Lei de Crimes de Tortura, ao prever sua incidência mesmo sobre crimes que tenham sido cometidos fora do território nacional, estabelece hipótese de extraterritorialidade incondicionada.

RESOLUÇÃO:

Amigo/a, muito embora a regra seja a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no território brasileiro, o nosso sistema escolheu algumas situações em que há maior nível de reprovação, as quais é aplicada a legislação brasileira nos crimes praticados em outro território.

A Lei de Tortura prevê duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, tendo em vista que será aplicada aos crimes de tortura cometidos no exterior sem a exigência de qualquer outra condição: → quando a vítima for brasileira OU

→ quando o agente estiver em local sujeito à jurisdição brasileira (existe, neste último caso, polêmica

quanto à natureza da extraterritorialidade: se condicionada ou incondicionada – contudo, a maioria doutrinária adota a última corrente).

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira OU encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Mesmo se desconsiderássemos a polêmica, a questão permaneceria correta, eis que a lei efetivamente adotou hipótese de extraterritorialidade incondicionada.

(28)

Veja comigo esta questão para encerrarmos nossa aula!

(FGV – PC/RJ – 2009) Com relação ao crime de tortura, previsto na Lei 9.455/97, analise as afirmativas a seguir:

I. A condenação pelo crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

II. Constitui crime de tortura submeter alguém sob sua guarda, com emprego de grave ameaça, a intenso sofrimento mental como forma de aplicar medida de caráter preventivo.

III. O disposto na Lei de Tortura (Lei 9.455/97) aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira.

Assinale:

a) se nenhuma afirmativa estiver correta.

b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

RESOLUÇÃO:

Vamos analisar as afirmativas:

I. Isso mesmo! Os condenados por tortura, se agentes públicos, ficam sujeitos a dois efeitos:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a INTERDIÇÃO para

seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.

II. Também está correta, pois a grave ameaça e o intenso sofrimento mental configuram a tortura-castigo, se cometida contra pessoa sob guarda do agente:

Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. III. Perfeito! A Lei nº 9.455/97 também se aplica aos casos de tortura cometidos no exterior contra vítima brasileira:

Todas as afirmativas estão corretas.

(29)

Questões comentadas pelo professor

1.

(IDECAN – CBM MG – 2015)

Nos termos da Lei nº 9.455/1997, que define os crimes de tortura, “submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo” sujeita-se à pena de

a) detenção e multa.

b) reclusão, de dois a oito anos. c) detenção, de um a dois anos.

d) prestação de serviços à comunidade.

RESOLUÇÃO:

A prática da tortura deve ser combatida pelo Estado brasileiro, em todos os Poderes e níveis federativos.

Por representar crime gravíssimo e equiparado a hediondo, já podemos excluir “de cara” as alternativas que cominam pena de detenção e de prestação de serviços à comunidade, concorda?

Logo, a alternativa ‘b’ é o nosso gabarito, pois estabelece corretamente a pena de dois a oito anos de reclusão àquele que “submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo”:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso

sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Resposta: B

2.

(IDECAN – PM PB – 2015)

Quanto à Lei nº 9.455/1997, é correto afirmar que

a) o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. b) o crime de tortura é punido com pena de detenção de dois a oito anos.

(30)

c) se o crime é cometido por agente público, a pena será reduzida de um terço.

d) se o crime de tortura é cometido mediante sequestro, a pena é acrescida de um terço.

RESOLUÇÃO:

a) CORRETA. A lei e a Constituição afirmam que o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Art. 1º, § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Constituição Federal. Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da

tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

b) INCORRETA. A pena prevista para o crime de tortura é de dois a oito anos de reclusão:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

c) INCORRETA. Oi?! O agente público que pratica uma das condutas que caracterizam o crime de tortura terá a pena AUMENTADA de um sexto (1/6) a um terço (1/3):

Art. 1º, § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público;

d) INCORRETA. Se o crime de tortura for cometido mediante sequestro, a pena é aumentada de um sexto (1/6) a um terço (1/3):

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3: III - se o crime é cometido mediante sequestro

Resposta: A

3.

(AOCP – PC/ES – 2019)

A respeito dos Crimes de Tortura, regulados pela Lei nº 9.455/1997, assinale a alternativa correta.

a) A pena prevista para o crime de tortura consistente em submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo, é de reclusão de dois a cinco anos.

(31)

c) O agente público que pratica uma das condutas que caracterizam crimes de tortura terá a pena aumentada em dois terços.

d) O agente público condenado por crime de tortura perderá o cargo, função ou emprego público e sofrerá interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

e) O crime de tortura é insuscetível de fiança ou graça, mas é suscetível de anistia.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. A pena prevista para o crime de tortura-castigo é de dois a oito anos de reclusão:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

(...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

b) INCORRETA. A pena relativa ao crime de omissão em tortura é de um a QUATRO anos de detenção:

Art. 1º, § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de

detenção de um a quatro anos.

c) INCORRETA. O agente público que pratica uma das condutas que caracterizam crimes de tortura terá a pena aumentada de um sexto (1/6) a um terço (1/3):

Art. 1º, § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público;

d) CORRETA. O agente público condenado por crime de tortura sofrerá duas consequências bem “amargas”: → Perda do cargo, função ou emprego público

→ Interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do

prazo da pena aplicada.

e) INCORRETA. A lei afirma os crimes de tortura também são insuscetíveis de anistia:

Art. 1º, § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Resposta: D

4.

(AOCP – AGEPEN/PA – 2018)

De acordo com a Lei nº 9.455/1997, se do crime de tortura resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de

a) quatro a dez anos. b) seis a doze anos. c) um a quatro anos.

(32)

d) dois a oito anos. e) seis a vinte anos.

RESOLUÇÃO:

Olha a banca cobrando preceito secundário do tipo penal... Hehe.

A Lei nº 9.455/97 estabeleceu dois resultados que aumentam a pena prevista em abstrato para o crime de tortura, tornando-o mais grave que a modalidade simples:

Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta MORTE, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

A questão nos perguntou sobre a pena cominada ao crime de tortura qualificada pelo resultado "lesão corporal de natureza grave ou gravíssima" que, no caso, será de 4 a 10 anos de reclusão!

Resposta: A

5.

(FUNDEP – CBM/MG – 2018)

Analise o caso a seguir.

Um determinado agente público, como forma de obter uma confissão, constrange um adolescente, mediante emprego de violência, causando-lhe sofrimento físico e mental.

Considerando a situação apresentada e o que prescreve a lei, é correto afirmar que

a) a conduta descrita caracteriza crime de tortura, que, embora inafiançável, é suscetível de graça ou de anistia. b) o fato de o autor ser agente público é causa de aumento da pena aplicável ao crime descrito.

c) o fato de a vítima ser adolescente não interfere na fixação da pena.

d) a condenação pela prática do crime não acarreta a perda do cargo ou emprego público do agente.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

b) CORRETA. Perfeito, pois a pena será aumentada de 1/6 a 1/3 se o autor do crime de tortura for agente público.

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público;

c) INCORRETA. Trata-se de circunstância que aumentará a pena do crime de tortura:

Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;

(33)

Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

d) INCORRETA. A condenação pela prática do crime acarreta a perda do cargo ou emprego público do agente.

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Resposta: B

6.

(FUNDEP – CBM/MG – 2010)

A condenação de agente público pela prática de crime de tortura pode acarretar a) a perda do cargo, função ou emprego público.

b) a perda dos direitos políticos.

c) a interdição definitiva de exercício de cargo público.

d) a suspensão do direito de contratar com a Administração Pública.

RESOLUÇÃO:

Além de ver a sua pena aumentada de 1/6 a 1/3, o agente público que for condenado pelo crime de tortura “sentirá na pele” os seguintes efeitos:

→ a perda do cargo, função ou emprego público

→ a interdição pelo dobro da pena aplicada para o exercício de cargo, emprego ou função pública

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a INTERDIÇÃO para seu exercício

pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.

Resposta: A

Efeitos da

Condenação

PERDA

do cargo/emprego/função

pública

INTERDIÇÃO

para

o seu exercício

pelo

DOBRO

(2x)

da pena

aplicada

(34)

7.

(VUNESP – PC/SP – 2013)

Quanto ao crime de tortura, é correto afirmar que

a) a lei brasileira que comina pena para o crime de tortura não se aplica quando o crime foi cometido fora do território nacional, mesmo sendo a vítima brasileira.

b) o condenado pelo crime de tortura cumprirá todo o tempo da pena em regime fechado. c) é afiançável, mas insuscetível de graça ou anistia.

d) na aplicação da pena pelo crime de tortura, não serão admitidas agravantes ou atenuantes.

e) a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. A Lei nº 9.455/97 será aplicada nos casos em que o crime de tortura não for cometido no Brasil, mas a vítima é brasileira, ou quando o crime não for cometido no Brasil, mas o torturador se encontrar em local sob a jurisdição brasileira:

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima

brasileira OU encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

b) INCORRETA. O condenado por tortura iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Art. 1º (...) § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

c) INCORRETA. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

d) INCORRETA. Como não temos circunstâncias agravantes e atenuantes específicas da Lei de Tortura, serão aplicadas as previstas no Código Penal!

e) CORRETA. A prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na interdição para o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada:

Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Resposta: D

8.

(VUNESP – TJM/SP – 2016)

Considere a seguinte situação hipotética: João, agente público, foi processado e, ao final, condenado à pena de reclusão, por dezenove anos, iniciada em regime fechado, pela prática do crime de tortura, com resultado morte, contra Raimundo. Nos termos da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, essa condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público

Referências

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