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Análise das políticas de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno em bebês prematuros internados em UTI neonatal no município de Foz do Iguaçu

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Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n.2, p. 70-83, 2020. Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)

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ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E

APOIO AO ALEITAMENTO MATERNO EM BEBÊS

PREMATUROS INTERNADOS EM UTI NEONATAL NO

MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU

ANALYSIS OF THE PROMOTION, PROTECTION AND

SUPPORT POLICIES FOR BREASTFEEING IN PREMATURE

BABIES IN THE NEONATAL ICU AT CITY OF FOZ DO

IGUAÇU

ANÁLISIS DE LAS POLÍTICAS DE PROMOCIÓN,

PROTECCIÓN Y APOYO PARA LA LACTANCIA EN BEBÉS

PREMATUROS EN LA UCI NEONATAL EN LA CIUDAD DE

FOZ DO IGUAÇU

Mariana Lima Guedes de Santana Ana Paula Araujo Fonseca

Resumo: Foram analisados documentos de iniciativas em nível federal que preconizam o aleitamento materno, e norteiam para execução e manutenção de práticas competentes ao município.

Na ausência de documentos sobre tais práticas, foi realizada visita à coordenadora do Banco de Leite Humano, e realizaram-se ligações para todas as unidades básicas de saúde do município questionando a existência de atividade de acolhimento à gestante e lactante, dessemelhantes ao pré-natal.

Com isto conclui-se que ainda que inexista programa orientador a todas as unidades de saúde, há intenção de promovê-lo. Esta carência impossibilitou o objetivo de descrever as políticas específicas ao aleitamento de prematuros.

Palavras-chave: Aleitamento Materno. Prematuros. Banco de Leite Humano. UTI-Neonatal.

Abstract: Documents from federal level initiatives that advocate breastfeeding were analyzed and guide the execution and maintenance of competent practices for the municipality.

In the absence of documents on such practices, a visit was made to the coordinator of the Banco de Leite Humano, and calls were made to all basic health units in the municipality, questioning the existence of welcoming activities for pregnant and lactating women, dissimilar to prenatal care.

This concludes that even though there is no guiding program for all health units, there is an intention to promote it. This lack made it impossible to describe specific policies for breastfeeding premature infants.

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Resumen: Se analizaron documentos de iniciativas a nivel federal que abogan por la lactancia materna y guían

la ejecución y mantenimiento de prácticas competentes para el municipio.

En ausencia de documentos sobre tales prácticas, se realizó una visita al coordinador del Banco de Leite Humano, y se realizaron llamadas a todas las unidades básicas de salud en el municipio, cuestionando la existencia de actividades de bienvenida para mujeres embarazadas y lactantes, diferentes a la atención prenatal. Esto concluye que apesar de que no existe un programa de orientación para todas las unidades de salud, existe la intención de promoverlo. Esta falta hizo imposible describir políticas específicas para amamantar a los bebés prematuros.

Palabras-clave: Lactancia materna. Prematuro. Banco de leche humana. UCI neonatal.

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Introdução

Esta pesquisa de cunho exploratório descritivo buscou acesso a documentos sobre políticas e programas de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno para bebês prematuros internados na cidade de Foz do Iguaçu. Com o propósito de construir um diagnóstico sobre as ações favorecedoras do aleitamento materno para esse público específico que é considerado vulnerável e mais suscetível à mortalidade infantil ou problemas de desenvolvimento decorrentes da condição de prematuridade, sobretudo quando são prematuros extremos (de 24 a 30 semanas de gestação) ou moderados (entre 31 e 36 semanas de gestação).

Para tanto, foram analisadas as políticas, programas e ações implementados na atenção básica (pré-natal e seguimento pós-alta) e no período de internação hospitalar igual ou superior a quinze dias na UTI neonatal no município de Foz do Iguaçu.

O objetivo pretendido era contribuir com a criação de novas estratégias de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno em prematuros, em consonância com as políticas em nível estadual e federal. Qualificou-se, portanto, necessária e pertinente, uma investigação a fim de mapear a operação do conjunto de políticas e programas que incentivem o aleitamento materno, especificamente em prematuros hospitalizados, neste município, durante o período de internação e após a alta.

Sendo assim, o objetivo desta Iniciação Científica foi o de analisar e descrever como o município de Foz do Iguaçu está promovendo o aleitamento materno em bebês prematuros internados em UTI neonatal. Combatendo à mortalidade materno- infantil, que é uma meta à ser alcançada também pelo município, já que até o ano de 2015, vinha sofrendo um aumento desta taxa, em desnível com outros municípios do estado do Paraná, e também à nível nacional (PMFI, 2015).

Também são objetivos desta pesquisa mapear programas de incentivo ao aleitamento materno adotados especificamente na atenção básica durante o pré-natal e puericultura; mapear programas específicos que promovam o aleitamento materno em recém-nascidos prematuros durante a internação hospitalar no Hospital de Referência do município; Analisar e descrever as aproximações e distanciamentos entre as políticas, programas e ações do munícipio de Foz do Iguaçu em comparação com o que é

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preconizado pelas Políticas Públicas de incentivo ao aleitamento materno e cuidados com o recém-nascido do Ministério da Saúde.

Referencial Teórico

De acordo com relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2012, o Brasil estaria em décimo lugar entre os países onde nascem mais recém nascidos pré-termo. Este estudo estima ainda que 15 milhões de bebês nascem antes do tempo ideal em todo o mundo durante o ano (BRASIL, 2013). A prematuridade, definida como nascimento anterior as 37 semanas de gestação, é considerada a segunda causa de morte em crianças com menos de cinco anos, estando na retaguarda apenas da pneumonia.

Para o Ministério da Saúde, essa crescente taxa de prematuridade desperta uma grande preocupação para a saúde pública, pois pode representar um elevado índice na morbidade e mortalidade neonatal (BRASIL, 2013).

As Nações Unidas estabeleceram os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio nos anos 2000, tendo a melhora na saúde das gestantes e a redução da mortalidade infantil como objetivos a serem alcançados até o ano de 2015. O Brasil é signatário desses objetivos e vem buscando reduzir a mortalidade infantil como uma das principais prioridades das políticas sociais de saúde por várias décadas.

Entre 1990 e 2007 houve queda importante na mortalidade infantil em todas as regiões do Brasil, especialmente entre a população mais pobre, devido à melhoria das condições socioeconômicas, de infraestrutura urbana e de saúde. A melhora na estrutura da assistência perinatal ajuda a evitar muitos óbitos infantis, o que fez com que o Ministério da Saúde implantasse uma estratégia em 2011, a Rede Cegonha (BRASIL, 2011), uma rede de atenção que garante acesso e resolutividade durante o pré-natal, o parto e o período neonatal.

Em consonância com os princípios da Rede Cegonha, a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil resultou da integração das ações da Rede Amamenta Brasil e da Estratégia Nacional de Promoção da Alimentação Complementar Saudável (ENPACS), que foram lançadas em 2008 e 2009, respectivamente, com a finalidade de promover a reflexão da prática da atenção à saúde de crianças de 0 a 2 anos de idade e a capacitação dos

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profissionais de saúde, por meio de atividades participativas, incentivando a troca de experiências e a construção do conhecimento a partir da realidade local.

O Ministério da Saúde conta também com uma estratégia que vem sendo aplicada desde 2007, o Método Canguru, que busca promover a atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso por meio de estratégias que devem ser adotadas por Unidades Médico-Assistenciais integrantes do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2013b).

Espera-se que as equipes de saúde realizem várias atividades com as famílias de bebês prematuros, dentre elas que encorajem o aleitamento materno. O conjunto de práticas das equipes de saúde que trabalham com o Método Canguru objetiva trazer para os prematuros e suas famílias subsídios para futuras reflexões sobre como contribuir para o processo de formação dos laços afetivos entre os pais e seu bebê pré-termo.

A Política Nacional de Aleitamento Materno, que desde a sua criação em 1989 já sofreu muitas alterações, destaca alguns pontos específicos para a manutenção de práticas que estimulam o aleitamento materno em recém-nascidos prematuros, que são: valorizar o bebê como sujeito, facilitando a relação equipe-família; oferecer atenção humanizada ao recém-nascido prematuro e sua família, estimulando o contato pele a pele, aumentando as taxas de aleitamento e fortalecendo vínculos afetivos; contribuir para a mudança de postura dos profissionais, visando a humanização da assistência ao recém-nascido de baixo peso (SALVIANO, 2008).

Estudos indicam que o leite materno, além de proporcionar proteção contra infecções e alergias, estimula ainda o desenvolvimento adequado do sistema imunológico, bem como a maturação dos sistemas digestivo e neurológico (WEFFORT, 2013). O Ministério da Saúde destaca que “o leite das mães de recém-nascidos prematuros contém mais proteínas, lipídeos e calorias que o de mãe de bebês a termo” (BRASIL, 2013).

O nascimento do prematuro acomete sua capacidade de absorção e digestão, pois este ainda está numa fase de imaturidade gastrintestinal que se deve ao fato de ter nascido antes do tempo previsto, o que leva ao agravamento de sua condição clínica. Nesta situação é recomendável a prática do aleitamento materno como forma de promover o crescimento e desenvolvimento do bebê prematuro. (SANTOS, DITTZ; DA COSTA, 2012).

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Os benefícios resultantes do aleitamento materno para a criança e a mãe são conhecidos e comprovados cientificamente. O valor nutricional, a proteção imunológica e o menor risco de contaminação contribuem para a redução da morbimortalidade infantil por diarreia e por infecção respiratória; evidência crescente também sugere que a amamentação pode proteger contra o excesso de peso e diabetes mais adiante na vida (VICTORA et al., 2016). A amamentação promove, ainda, adequado desenvolvimento da cavidade oral, resultado do exercício que a criança faz para retirar o leite da mama (GIUGLIANI, 2000). Há também evidências de que a amamentação está associada ao melhor desempenho em teste de inteligência, repercutindo em maiores níveis de escolaridade e maior renda na idade adulta (VICTORA et al., 2016).

Xavier (1991) considera importante salientar em seu estudo sobre prevalência do

aleitamento materno em recém-nascidos de baixo peso, que é de suma importância o estímulo da participação da mãe ativamente na alimentação de seu recém-nascido, mesmo nas fases em que não está sendo alimentado no seio, pois esse envolvimento pode promover de forma positiva à manutenção da lactação, que é extremamente difícil nesta população.

Após muitos anos de promoção é possível perceber no Brasil a diminuição de resistência contra o ato de amamentar (FILHO, 2008). Algumas medidas foram tomadas para que o aleitamento materno fosse discutido e tratado de forma que pudesse desmistificar a prática da amamentação, muito embora alguns mitos ainda hoje são perpetuados no cotidiano de mulheres, como, por exemplo, o leite fraco demais, mito esse que já teve forte influência dos meios de comunicação (FILHO, 2008). Uma das ações pioneiras para isso foram mudanças altamente positivas nas políticas de propaganda dos leites artificiais, com a implantação do código de propaganda de alimentos substitutivos do leite humano, sendo estritamente supervisionado para que as pessoas não pudessem se equivocar (FILHO, 2008).

Além deste, o Brasil adotou Programas de Incentivo ao Aleitamento Materno, tais como: Incentivo ao Aleitamento Materno para Crianças em Idade escolar, Pré Natal,

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Iniciativa Hospital Amigo da Criança, Amamentação na Sala de Parto, Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação, Método de Aconselhamento e Bancos de Leite Humano.

Para as famílias que tem um bebê prematuro hospitalizado esse desafio é ainda maior, pois ainda há mais objeções que dificultam o aleitamento materno para além da vulnerabilidade deste bebê internado em UTI Neonatal, que tem impedida a sucção direta ao seio da mãe, muito tempo de internação, estresse da mãe que, geralmente recebe alta hospitalar antes que o seu bebê e tem alterada toda a sua rotina para a ida diária ao hospital, o que dificulta a aproximação e a intimidade entre mãe-bebê (DELGADO, 2009).

No Brasil já foram adotadas algumas políticas e programas que promovem o aleitamento materno, entre eles a Política Nacional de Aleitamento Materno, onde se incorporam as particularidades das famílias de bebês prematuros. Portanto, é a partir destas políticas que esta pesquisa busca entender como o munícipio de Foz do Iguaçu contribui para a promoção do aleitamento materno em prematuros em situação de internação igual ou superior a quinze dias, por meio de análise documental sobre as políticas, programas e ações de saúde em vigência no município desde a publicação da Portaria nº 1.920, de 5 de setembro de 2013, que institui a Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no Sistema Único de Saúde (SUS) – Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil.

Tal pesquisa se justifica pela necessidade de construção de diagnóstico sobre a condição do bebê prematuro na cidade de Foz do Iguaçu no que diz respeito às práticas favorecedoras de aleitamento materno durante seu período de internação e após a alta. A principal maternidade e unidade de referência em UTI neonatal do munícipio possui selo da Iniciativa Hospital Amigo da Criança. Para a obtenção deste selo conferido pelo Ministério da Saúde, os hospitais precisam atender um conjunto de critérios que devem ser aplicados na assistência materno infantil, entre eles os “10 Passos Para o Sucesso do Aleitamento Materno”, instituídos pela UNICEF e OMS (UNICEF, 2008).

Segundo relatório do Comitê de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal de Foz do Iguaçu, publicado em 2017, de 2012 para 2013, os óbitos de crianças com até um ano de idade subiram de 43 para 63. Em 2014 esse número se manteve alto (61 óbitos) e no ano de 2015 o número foi superior a 2012, chegando a 67 óbitos. Em 2016 houve redução

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de óbito infantil, sendo 48 no total. Segundo o mesmo Comitê de Mortalidade Materna e Infantil, esta queda demonstra-se representativa e é um reflexo de diversas estratégias adotadas nos processos de trabalho no âmbito da saúde materno-infantil do município.

Tendo em vista que os índices de mortalidade materna e infantil na cidade de Foz do Iguaçu são elevados, que a taxa de prematuridade tem crescido no Brasil e que o aleitamento materno é considerado uma das estratégias para redução de mortalidade infantil e promoção de saúde não somente na infância, mas também na vida adulta (BRASIL, 2017), essa pesquisa pretende contribuir com a ampliação de conhecimento a respeito do bebê prematuro e auxiliar na tomada de decisão das equipes de saúde para planejamento de estratégias articuladas em todos os níveis de atenção, incluindo pré-natal, parto e internação hospitalar até a alta com seguimento ambulatorial.

Considerou-se, portanto, necessária e pertinente uma investigação a fim de mapear a operação do conjunto de políticas e programas que incentivem o aleitamento materno, especificamente em prematuros hospitalizados neste município.

Método

A fim de alcançar o objetivo dessa pesquisa, foi traçado um plano de trabalho onde almejou-se acessar documentos do município que se referissem às ações de programas de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. Após isto, destacar práticas de acolhimento de bebê prematuro internado em UTI neonatal. As buscas foram feitas pelos principais portais da prefeitura municipal de saúde, e secretaria da saúde, além de Banco de Leite Humano, e portal do Hospital e maternidade Ministro Costa Cavalcante. Como alternativa foram coletados dados secundários a respeito do que se encontrou nos locais de busca.

Com o propósito de ampliar também a análise para a prática no campo da atenção básica, foram realizadas ligações para as vinte e oito Unidades Básicas de Saúde de Foz do Iguaçu, onde a pesquisadora fazia a seguinte pergunta: “Além do Pré- Natal e Puericultura, é realizada alguma atividade de acolhimento à gestante e a lactante em que recebam orientações e possam tirar dúvidas acerca do processo gestação- puerpério- lactação?”. Das vinte e oito unidades básicas de saúde consultadas, vinte e uma responderam o questionamento, três

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unidades não tinham telefone atualizado, em uma das unidades a recepcionista solicitou aguardar uma ligação da gerente, e outras quatro unidades de saúde não responderam sob a alegação de que não poderiam responder este tipo de questão.

Resultados e Discussão

A partir das buscas realizadas pelos portais da prefeitura municipal de Foz do Iguaçu, Secretaria municipal de saúde, e hospital Ministro Costa Cavalcanti, foi possível encontrar apenas uma iniciativa de prática adotada exclusivamente a nível municipal. Denominado “Projeto Nascer Cidadão”, publicado em junho de 2015, pelo portal de notícias no site do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, o projeto que é uma parceria entre Secretaria Municipal de Saúde, Diretoria de Atenção Básica, Hospital Ministro Costa Cavalcanti e Rotary Clube Foz, destaca como maior prioridade à redução da mortalidade infantil, que neste ano era de 9,7 para cada mil nascidos vivos. O objetivo principal, segundo o ex diretor da Atenção Básica era o de proporcionar uma melhor qualidade de vida às mães e bebês da cidade.

“Cabe ao Banco de Leite realizar visitas diárias ao

Alojamento Conjunto do HMCC, para orientar as mães sobre a seriedade da amamentação, mas principalmente, para colher dados pessoais e residenciais para que seja possível realizar o agendamento da primeira consulta de puericultura na Unidade Básica mais próxima.”(Assessoria de comunicação CS)

Sem sucesso na busca pela base documental que institui o projeto, realizou-se uma reunião com a enfermeira e gerente do Banco de Leite Humano, que informou que o Projeto já não era mais executado, e que sua duração foi curta. Informação essa que não consta em nenhum dos portais pesquisados nesta pesquisa. Segundo a informante, o projeto já não mais acontece por falta de profissionais, já que o Banco de leite tem uma grande demanda de atendimento.

Na segunda parte desta busca, a fim de entender a relação da atenção básica com as gestantes e puérperas, no que diz respeito a oferecer um serviço multiprofissional para além das consultas de pré natal e puericultura, foi realizada uma investigação em cada unidade de

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saúde, através de telefonema, com a seguinte pergunta “Além do Pré-Natal e Puericultura, é realizada alguma atividade de acolhimento à gestante e a lactante em que recebam orientações e possam tirar dúvidas acerca do processo gestação-puerpério-lactação?”

O município de Foz do Iguaçu conta com cinco distritos sanitários, sendo distrito nordeste com cinco unidades básicas de saúde; distrito norte com sete; distrito leste com seis; distrito oeste com cinco; e distrito sul que conta com cinco. Totalizando vinte e oito unidades de saúde distribuídas pelo município.

No distrito nordeste quatro das cinco unidades de saúde responderam a pergunta. Sendo unidade nordeste-1: “Sim, realizando semanalmente grupo de gestantes e lactantes conduzido pela equipe dos profissionais Estratégia Saúde da Família (ESF), e residentes do programa de residência multiprofissional UNILA”; Unidade nordeste-2: “Sim, grupo de gestantes e lactantes, realizado quinzenalmente conduzido pelas enfermeiras da ESF, equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), e residentes multiprofissionais da UNILA”;

unidade nordeste-3: “Não, mas há intenção para começar grupos de gestantes, ainda neste ano”; na Unidade nordeste-4 o telefone nunca foi atendido.

Distrito norte na unidade de saúde norte-1: “Não, somente orientações de rotina nas consultas de pré natal e puericultura”; Unidade norte-2: “Não, mas pretende pensar em alguma prática, após a reorganização das equipes”; Unidade norte-3: “Não”; Unidade

norte-4: “Sim, mensalmente é realizado um grupo com gestantes, cada encontro reúne gestantes do primeiro, segundo ou terceiro trimestre da gravidez, que recebem orientações gerais para cada fase da gestação. O grupo é conduzido por membros da ESF e residentes multiprofissionais, de todas as áreas que possui o programa”; Unidade norte-5: “Não”;

Unidade norte-6: “Não, mas já teve, e temos a intenção de voltar a fazer grupos com gestante e puérperas”; Unidade norte-7: “Não”.

Distrito Leste, na unidade leste-1: “Não”; Unidade leste-2: “Não”; Unidade leste-3: “Sim, acontece com a nutricionista do NASF que faz um grupo de atendimento com gestantes e lactantes, sob agendamento, ela atende até cinco mulheres por grupo uma vez ao mês”;

unidade leste-4: “Não”; Unidades Jardim leste- 5 e 6 responderam que não poderiam passar

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Distrito Oeste, unidade oeste-1:“Sim, grupo semanal com orientações gerais para

gestantes e lactantes”; na unidade oeste-2 a recepcionista solicitou aguardar um retorno da

gerente da unidade, que não entrou em contato. Unidade oeste-3 informou que não passa essas informações por telefone. Unidade oeste-4: “Não”; unidade oeste-5 nunca atendeu a chamada.

Distrito Sul na Unidade sul-1: “Não”; Unidade sul-2: “Sim, com previsão para iniciar dia 29 de Agosto, grupo de gestantes e lactantes sem cronograma definido por enquanto, mas a idéia é definir com as próprias participantes”; unidade sul-3: “Sim, grupo aberto para gestantes e lactantes uma vez ao mês”. Nas unidades sul-4 e 5 não atenderam as chamadas.

Os resultados encontrados nesta pesquisa sugerem que há uma tentativa de engajamento de promoção de práticas adotadas pelo município, em relação ao que preconiza a Política Nacional de Aleitamento Materno. Considerando também que a maternidade de referência é signatária da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, impulsionar práticas que acolham o recém-nascido e mãe/família não só é um benefício, como também uma responsabilidade do Hospital Ministro Costa Cavalcanti e Secretaria Municipal de Saúde, e outros sujeitos envolvidos à nível municipal tendo como exemplo Banco de Leite Humano, Universidades e toda a rede de atenção básica, no que se refere a população.

Da mesma maneira que assegura a PORTARIA Nº 1.820, DE 13 DE AGOSTO DE 2009, no art. 7°, que diz: “Toda pessoa tem direito à informação sobre os serviços de saúde e aos diversos mecanismos de participação. § 2º Os órgãos de saúde deverão informar as pessoas sobre a rede SUS mediante os diversos meios de comunicação[...]”. Quando no site

do Hospital Ministro Costa Cavalcanti é divulgado o Projeto Nascer Cidadão, está cumprindo suas obrigações frente à legislação, porém um agravante é encontrado quanto a não divulgação sobre a descontinuidade do projeto, e os motivos pelos quais trouxeram este fim.

Ainda que tenha tido muito empenho para que esta pesquisa cumprisse o seu principal objetivo, que era o de mapear as Políticas de Promoção, Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno em Bebês Prematuros Internados em UTI neonatal, não foi possível obter sucesso nas buscas quando se trata deste público em específico, pois esta dificuldade se soma à falta da disseminação de informação, e a publicização de documentos que são de base para certos programas. Exemplo é o Projeto Nascer Cidadão que, em si, poderia conter uma abrangência diferenciada para este público, porém em contato com a Diretoria de

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Atenção Básica e atores responsáveis que encabeçaram este projeto, não tivemos o retorno esperado.

Desde o primeiro semestre de 2016 até dezembro de 2018, a orientadora desta pesquisa coordenou o projeto de extensão “Grupo de Apoio Sobre Gestação, Parto e Aleitamento Materno na Rede de Atenção Básica de Foz do Iguaçu”, realizado em algumas unidades básicas de saúde do município, em parceria com o Banco de Leite Humano e com a Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Unila. Nesse projeto de extensão favoreceu-se a oportunidade de discussões e orientações a respeito do aleitamento materno, tanto para famílias como para profissionais de saúde que atuam nas unidades de saúde envolvidas. No entanto, não foi incomum encontrarmos participantes que relataram experiências frustradas para amamentar seus filhos exclusivamente com leite materno pelo período mínimo de seis meses, conforme preconizado pela Organização Mundial da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (OMS/UNICEF) (BRASIL, 2013).

O que podemos observar como pontos positivos na busca por desfechos desta pesquisa é que grupos de gestantes e lactantes são iniciativas encabeçadas por equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) e programa de residência Multiprofissional em Saúde da Família UNILA. Independentemente de projeto de extensão, duas das unidades do distrito nordeste onde eram executadas as ações de extensão entre 2016 e 2017, continuam realizando grupos, e uma do distrito norte “norte-6”, demonstra interesse em voltar a realizar, agora sem a equipe do projeto de extensão da UNILA. Isto posto, pode-se observar a importância de uma Universidade atuante em conjunto com a comunidade fortalecendo vínculos entre saúde e educação.

Considerações Finais

Nesse sentido pode-se depreender que o Município de Foz do Iguaçu tem muito a desempenhar no que se refere a Promoção, Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno. Esta pesquisa propôs investigar este processo com bebês prematuros, e contar com o apoio do Banco de Leite Humano, importante ator para o cuidado com esta população, foi de suma

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importância. Porém é necessário que se organize de forma efetiva e eficaz um trabalho onde se deposite muito estímulo de todos os atores competentes para a realização de ações em conjunto para intensificar a importância do aleitamento materno e, a partir daí, desdobrar em práticas que se refiram ao bebê prematuro, tanto em nível hospitalar como no seguimento ambulatorial após a alta.

REFERÊNCIAS

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