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O problema nas Olimpíadas

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Academic year: 2019

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A Revolução Chinesa de 1949

A Revolução Chinesa, ocorrida em 1949, provocou profundas transformações na China que até hoje se faz presente no cotidiano de seu povo. Para entender essa revolução, devemos nos voltar para a situação da China do século XIX. Naquele período, o país sofreu com a dominação imperialista promovida pelas nações capitalistas européias, principalmente, da Inglaterra.

Nas primeiras décadas do século XX, a população chinesa passava por intensas dificuldades econômicas que pioraram drasticamente as condições de vida do povo chinês. Mediante um movimento contra a presença estrangeira no país, a dinastia Manchu deu fim ao governo imperial e criou um novo governo: a República da China. Mesmo com tal mudança, ainda em 1915, o país foi politicamente dominado pelo governo japonês.

Insatisfeitos com a dominação nipônica, uma grande mobilização política do povo chinês promoveu, em 1921, a criação do Partido Comunista Chinês. Devido seu forte apelo popular, o novo partido foi visto como uma ameaça à ordem governamental e, por isso, seu líderes e participantes passaram a ser perseguidos pelas autoridades do país.

Impedidos de participarem das questões políticas de seu país, os comunistas chineses, sob a liderança de Mao Tse-tung, começaram a mobilizar as populações camponesas atraídas pela promessa do uso coletivo das terras e a criação de um sistema político igualitário. Contando com o apoio dos camponeses, Mao Tse-tung criou o Exército Vermelho, que entre os anos 30 e 40 lutou contra o governo chinês.

Após esse período de batalhas, os comunistas dominaram Pequim, em 1949, e Mao Tse-tung foi aclamado como novo líder da República Popular da China. Inicialmente apoiado pelo governo comunista soviético, o governo comunista chinês criou um grande projeto de transformação político-econômico chamado Grande Salto para Frente. Pouco depois, em 1966, surgiu um programa de controle cultural, político e ideológico chamado de Revolução Cultural. Com a morte de Mao Tse-tung, em 1976, a Revolução Cultural teve seu fim e as políticas econômicas do país se abriram para a economia mundial.

A (falta de) liberdade de expressão na China

Quando criada, a internet prometia conhecimento ilimitado acerca de tudo o que pudesse acontecer no mundo todo. Para a China, a chance de conhecer um mundo “não-chinês” foi banida por uma muralha – desta vez digital – que censura quase todo o conteúdo acessado pelos chineses.

Esta muralha tem nome: Jin Dun (“escudo de ouro”, em chinês). Este sistema custou ao Partido Comunista Chinês (PCC), governo absoluto da China, US$ 29 bilhões que mantêm 640 mil computadores e 30 mil funcionários – duas vezes mais que os membros da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos.

Google, Youtube e Wikipedia não são para eles assim como são para nós. O conteúdo é restrito e os sites de busca só retornam com resultados permitidos pelos censores. Buscar por “Praça Tiananmen” ou “Tibete” não trará em nenhum resultado o massacre dos estudantes ou os protestos mundo afora. Sites chineses que questionam as ações do PCC também são rapidamente censurados.

O Jin Dun lista palavras e termos que não devem ser acessados e aí quando algum chinês clica no tal termo o site bloqueia na hora. Quem insiste em subverter a lei pode ser penalizado desde a suspensão do serviço de internet até a uma “visitinha” policial.

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Para conter a ira dos repórteres, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou em 1º de agosto que fez um acordo com a China para recuar a censura e liberar a internet, o que foi conseguido em parte. Sites como o Human Rights Watch e o Anistia Internacional foram liberados, mas outros como “Free Tibet”, sítios que mostram o massacre da Praça da Paz Celestial, que citam a seita espiritual Falun Gong ou os católicos que se recusam a seguir ordens do PCC continuam bloqueados.

Fora da China virtual

O cerceamento não está só na internet. O PCC havia prometido ao COI que os chineses teriam o direito de protestar durante as Olimpíadas, o que não aconteceu. Os interessados deveriam pedir autorização nas delegacias de Pequim para protestar em um dos três parques destinados às manifestações públicas (Ritan, Zizhuyuan e Shijie), todos bem longe do Complexo Olímpico.

O fato é que pelo menos dois chineses que queriam protestar pela demolição de sua casa (assim como aconteceu com milhares de chineses para a construção do Estádio Ninho do Pássaro) foram presos no momento em que se inscreviam para manifestar.

O governo chinês não dá brechas e mente descaradamente sobre suas atitudes em relação aos tratamentos submetidos à sua população. Para eles, críticas não são aceitáveis.

Que o diga Hu Jia, condenado a três anos e meio de prisão por publicar um manifesto intitulado “A verdadeira China e as Olimpíadas”, no qual denuncia as desapropriações ocorridas em Pequim para a construção do Complexo Olímpico, a perseguição a ativistas dos direitos humanos, as prisões, torturas e penas de morte, além dos abortos forçados e da proibição de praticar qualquer religião.

Os estudiosos sobre este país acreditam que, mesmo em crescente desenvolvimento comercial e futura potência do mundo, o sistema comunista da China não será balançado antes de 2025. Isto, porque os métodos de desencorajar a população perpassam por processos de tortura física e psicológica, além de propaganda (quase nazista) que convence os chineses inconscientemente de como o partido comunista é essencial para a China.

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China: um mundo a ser descoberto

Datada como uma das mais antigas civilizações do mundo, a China passou por diversas transformações de âmbito social, político, econômico e cultural até chegar ao estado por nós hoje conhecido. Os primeiros relatos sobre a China de que se tem notícia estão datados entre 2.500 e 2.000 A.C. e fazem referência às regiões norte e central do atual território chinês.

Contando com uma história tão extensa, a civilização chinesa também é marcada por um intenso processo de migração e pela incorporação de outras civilizações. Seu sistema de crenças, filosofia, escrita e organização política são algumas das características que fazem da China uma cultura bastante peculiar. A partir daí, podemos entender o porquê das diferenças entre o povo chinês e, principalmente, a civilização ocidental.

Atualmente, novas pesquisas tentam reavaliar os documentos e relatos que fazem referência à história do povo chinês. Até o século passado, a trajetória do povo chinês era feita por historiadores oficiais que se limitavam a falar sobre a trajetória política das dinastias e governos que dominaram o país. Um dos temas mais recentes, por exemplo, discute as relações da China com outras culturas orientais como a coreana, japonesa e vietnamita.

Nos últimos anos, o processo de globalização da economia proporcionou a ampliação do contato entre a China e as outras civilizações do planeta. Em 2008, a realização dos jogos olímpicos na cidade de Pequim será uma nova oportunidade de diminuir essas “distâncias” entre os chineses e o restante do mundo. A China, mais do que uma antiga civilização, é um mundo ainda a ser descoberto.

Made in China: Como a China virou potência?

Desde a época do surgimento da civilização chinesa, há 4 mil anos, até o ano de 1978, muitas coisas aconteceram. A China tornou-se um grande império no século II a.C., quando iniciou a construção da Grande Muralha para se defender dos mongóis. No século XIII, o país começou a ter contato com o mundo ocidental. Na Guerra do Ópio, os chineses lutaram contra o imperialismo inglês, contudo acabaram perdendo o território de Hong Kong. Para os franceses, perderam o Vietnã; os russos conquistaram áreas do norte de seu território; e o Japão anexou a Coréia e Taiwan. Os chineses também viram os japoneses ocuparem a Manchúria; tal situação só se findou com a derrota do Japão na 2ª Guerra Mundial.

Em 1949, os comunistas, sob a liderança de Mão Tse-tung, tomaram o poder e realizaram inúmeras mudanças, estatizando as empresas e as propriedades fundiárias e promovendo a ditadura. Em 1950, a China se aproximou da União Soviética, entrando também, na Guerra da Coréia. Após a morte de Tse-tung, em 1976, Deng Xiaoping e seus aliados assumiram o poder e colocaram o país em outros trilhos.

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outros mercados, dando para o país, uma fantástica competitividade no mercado internacional. Quem nunca encontrou a famosa frase “Made in China” em algum produto? O Estado procurou acelerar ainda mais o crescimento econômico por meio de fortes investimentos na construção de portos, aeroportos, pontes, ferrovias, etc.

Atualmente, com um nível de crescimento econômico assustador, a China encontra novos desafios. O principal deles talvez seja, justamente, o de diminuir a dependência em relação ao comércio exterior, das multi-nacionais, e tentar elaborar uma economia semelhante à ocidental, baseada no consumo interno, na tecnologia de ponta e nos serviços. Mesmo assim, essa "revolução econômica" serviu para tirar 400 milhões de pessoas da pobreza. A verdade é que ninguém sabe, ao certo, até onde os chineses podem chegar.

Rede de lanchonetes americana

O governo chinês promoveu a abertura da economia a partir de 1970, doravante o sistema capitalista foi sendo introduzido na essência da política chinesa. Após a abertura econômica o capitalismo, aos poucos, foi demonstrando sinais claros de suas características, esses são percebidos no arranjo espacial do país, pois para alavancar o sistema se faz necessário a realização de grandes construções que irão abrigar escritórios de grupos empresariais e também um dos símbolos do capitalismo, os shoppings centers.

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Além disso, a maioria das residências não possui garagem e não existe estacionamento nas ruas para abrigar os carros, assim tal mudança provoca rapidamente um verdadeiro caos no trânsito das principais metrópoles do país.

A abertura da economia não proporcionou somente mudanças financeiras, mudanças também na vida das pessoas, até mesmo em antigos hábitos da população chinesa. Um exemplo disso são as roupas, anteriormente o governo socialista obrigava o uso de roupas de cor cinza e azul-marinho, no entanto, isso mudou, pois está difundindo o uso de tecidos coloridos e também o jeans.

Com todas essas mudanças uma grande parcela da população chinesa alcançou melhoria na qualidade de vida, pois tiveram acesso a melhores moradias, alimentação mais balanceada, além de poder adquirir bens de consumo (celular, computadores, fogões, geladeiras, televisores, automóveis, entre outros).

Porém, esse processo provocou o consumo no país, tornando algo comum por parte dos chineses, dessa forma difundiu enormemente o uso do cartão de crédito, celular, carros e marcas famosas que atualmente oferece status às pessoas. Tais fatos evidenciam que a China mudou e continua mudando a serviço do capitalismo.

O fator demográfico da China

O governo impõe um rigoroso controle de natalidade

A China tem destaque em relação ao número de pessoas que habitam o seu território, pois atualmente o país é o mais populoso do mundo. O número estimado da população chinesa é de 1,3 (um bilhão e trezentos milhões) de habitantes.

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que já têm um filho.

Por meio de todos esses métodos, alguns deles questionáveis, o governo alcançou uma diminuição de 2,6% para 0,6%, dessa forma evitou que milhares de pessoas agregassem à enorme população chinesa.

O lado negativo do controle de natalidade

Para colocar em prática o controle de natalidade muitas crianças morrem, quase sempre do sexo feminino, uma vez que existe preconceito em relação a esse sexo na China. Teoricamente o governo não aprova meios cruéis para o controle de natalidade, no entanto, na realidade o que ocorre é o inverso, os funcionários responsáveis por fiscalizar o controle do governo são forçados através de fortíssima pressão a retirar as mulheres grávidas de suas casas e as prenderem para executar o aborto.

Muitas mães são mortas por não aceitarem o aborto, outras têm seus filhos escondidos e suas famílias são torturadas para dizer o paradeiro da gestante, além de ter sua casa incendiada. Muitos casais vendem seus filhos para casais estéreis, para não sofrerem as punições do governo chinês.

Protesto de manifestantes favoráveis à autonomia do Tibet.

O Tibet é uma região localizada ao sudoeste da China cercada por um conjunto de países vizinhos. Índia, Mianmar, Butão e Nepal fazem fronteira com a região sul tibetana. Na parte oeste, faz limite com a conflituosa região de Jammu e Caxemira. Originária de uma antiga dinastia militar, o Tibet, desde o século VII, forma um império pacífico guiado pelos preceitos religiosos budistas. O principal cargo político tibetano é ocupado por um Dalai-lama, que acumula funções religiosas e políticas.

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Acordo dos 17 Pontos, definindo as relações entre China e Tibet, parecia direcionar as questões políticas para uma solução diplomática. No entanto, a orientação militar ofensiva da China arrastou este problema por mais de meio século, tornando a autonomia política do Tibet uma verdadeira incógnita.

Em 1959, o general chinês Chiang Chin-wu convocou o Dalai-lama para acompanhar uma festividade das autoridades chinesas na cidade de Lhasa, capital do Tibet, desde que o mesmo não contasse com nenhum tipo de segurança pessoal. O conhecimento público do estranho convite representou uma ameaça velada à integridade física do dalai-lama. Em resposta, o Dalai pediu asilo às autoridades indianas. Esse foi um breve exemplo das tensões que envolveram, no último século, a China e o Tibet.

Ao longo da História, a região do Tibet sofreu com a ocupação de diversos povos e impérios. Na dinastia sino-mongol Yuan (1279-1368), estabelecida pelos reis guerreiros Gengis Khan e Kublai Khan, firmaram-se acordos para que a autonomia política da região fosse preservada. Depois de manter relações mornas com a dinastia Ming (1386-1644), o Tibet contou com a proteção militar chinesa desde a ascensão do culto budista na dinastia Quing (1644-1911). Com o fim da era imperial chinesa, em 1911, a região tibetana preservou sua independência política. Um dos mais claros exemplos desta soberania foi notado durante os conflitos da Segunda Guerra Mundial. Mesmo com a pressão imposta pelos Aliados (China, França, Inglaterra, União Soviética e Estados Unidos), o governo tibetano recusou-se a permitir a passagem de tropas, material militar e utensílios em seus territórios. Em 1963, tendo oficialmente ganhado o status de Região Autônoma, o Tibet ainda viveu outras situações de conflito com a China. No fim dos anos de 1980, o massacre na Praça da Paz Celestial e a entrega do prêmio Nobel da Paz ao Dalai-Lama fizeram com que a questão da autonomia do Tibet tivesse repercussão internacional. Entretanto, desde a década de 1990, a China tenta justificar a ocupação ao território devido o crescimento econômico oferecido à região nos últimos dez anos e à presença massiva de chineses da etnia han no local.

No decorrer da política opressiva dos chineses, vários tibetanos passaram a buscar o exílio. Cerca de 120 mil tibetanos vivem em países estrangeiros, sendo que a grande maioria se encontra em território indiano. As autoridades políticas do Tibet também vivem em situação de exílio. O chamado “governo no exílio” conta com três poderes e tem sua sede fixada na cidade de Dharamshala, região norte da Índia.

A situação do Tibet abarca um confronto de perspectivas contrárias entre autoridades tibetanas e chinesas. Por um lado as autoridades chinesas reivindicam sua intervenção pelo progresso e benefícios materiais concedidos ao Tibet. Em contrapartida, os líderes tibetanos temem que a inflexibilidade política chinesa ameace as tradições religiosas e a liberdade do povo tibetano.

Referências

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