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Bioconstrução

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Academic year: 2020

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Engenharia

Bioconstrução

Edifícios - Ambiente Interior e Saúde

Tiago Santos Freire

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

(Ciclo de estudos integrado)

Orientador: Prof. Doutor João Carlos Gonçalves Lanzinha

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Dedicatória

Dedico este trabalho às pessoas mais importantes da minha vida Aos meus pais e à minha irmã Inês, pelo apoio, encorajamento, amor e pelos ensinamentos que formaram os

alicerces da minha história. Aos meus amigos, por todo o apoio, compreensão e pela companhia ao longo da trajetória que me levou à concretização deste sonho.

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Agradecimentos

Esta tese só foi possível graças à contribuição e apoio de algumas pessoas, às quais exprimo a minha sincera gratidão:

 Ao Professor Doutor João Carlos Gonçalves Lanzinha, orientador de mestrado, por toda a orientação pessoal e científica durante este trabalho, pelo tempo despendido para o meu acompanhamento, pela disponibilidade e generosidade reveladas ao longo destes anos, assim como pelas críticas, correções e sugestões relevantes à concretização desta dissertação.

 Ao Sr. Albino Alves, pela disponibilidade e ajuda prestadas no decorrer dos ensaios e medições que foram realizadas neste trabalho.

 Ao Laboratório de Saúde na Edificação da Universidade da Beira Interior (LABSED) pela disponibilização do equipamento.

 Aos meus amigos, pelo apoio incondicional, incentivo e amizade que sempre me dedicaram durante a realização deste trabalho e que contribuíram de forma fundamental para que este objetivo fosse concretizado.

 À minha família pela formação que me permitiu ter. Pela paciência e incentivo demonstrado durante este longo caminho percorrido até chegar aqui. O carinho, a compreensão e o encorajamento manifestados foram essenciais.

 A todos os colegas da UBI agradeço o apoio, palavas de incentivo constantes, carinho e amizade, pela oportunidade de crescimento académico e também pessoal.

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Resumo

Sob o título “Bioconstrução – Edifícios - Ambiente Interior e Saúde”, este trabalho tem como centro de pesquisa as condições ideais para uma habitação saudável, abordando os conceitos de qualidade do ar interior, a energia, os materiais, os equipamentos, a forma construtiva e a sua relação com a saúde.

O recente e rápido desenvolvimento da indústria da construção, a mutação constante das famílias atuais, a organização da atual sociedade associada à criação de lugares públicos para formação (infantários e escolas) e cuidados dedicados à terceira idade (lares de idosos) devido à necessidade de toda a família ativa ter rendimentos, a crise financeira e económica mundial, as necessidades mais exigentes de conforto ambiental dos edifícios, são premissas fundamentais para a realização deste trabalho. A abordagem de conceitos relativos à qualidade do ar interior, ambiente interior, conforto térmico, acústico e visual, sustentabilidade energética dos edifícios e saúde são igualmente fundamentais. A utilização adequada das soluções construtivas e equipamentos mais eficientes dotam os edifícios de sustentabilidade energética, aumentando o conforto e diminuindo os sintomas de doença dos seus ocupantes. Assente numa identificação de todos estes conceitos e na análise dos dados recolhidos, apresentam-se algumas conclusões identificativas dos problemas de conforto do ambiente interior dos edifícios e sua relação com a saúde dos seus ocupantes. O conforto é um parâmetro muito complexo e de quantificação difícil porque depende não só de diversos parâmetros externos, mas também da sensibilidade e tipo de reações dos indivíduos, do seu comportamento e atividade.

Este trabalho procura demonstrar que existem condições para a melhoria da saúde dos ocupantes dos edifícios, quando os intervenientes no projeto, construção e manutenção, arquiteto, engenheiro, etc., agem de forma a proporcionar sustentabilidade e conforto ambiental interior através da implementação de medidas e soluções de eficiência energética, acústica e visual.

No final identificam-se alguns dos problemas detetados em três edifícios distintos e apresentam-se comparações entre aspetos construtivos e diferentes utilizações. Também são propostas algumas sugestões para a sua melhor utilização.

Palavras-chave

Bioconstrução, Habitação Saudável, Saúde, Qualidade do Ar Interior, Sustentabilidade energética.

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ix

Abstract

Under the title “Bioconstruction – Buildings – Indoor Environment and Health”, this work has as the center of the research the ideal conditions for a healthy housing, addressing the concepts of indoor air quality, energy, materials, equipment, constructive aspects and its relationship to health.

The recent and rapid development of the construction industry, the constant changes of the current families composition, the organization of the new society associated with the creation of public places for education (kindergarens and schools) and dedicated care for the elderly (nursing homes) due to the need of all active family members have income, the global financial and economic crisis, the most demanding needs of environmental comfort in buildings are key assumptions for this work. The approach of concepts relating to indoor air quality, and environment thermal, acoustic and visual comfort, energetic sustainability and health of the building, are also crucial. Proper use of more efficient equipment and constructive solutions provide buildings with energy sustainability, increasing comfort and reducing the symptoms of disease of its occupants.

Based on an identification of all of these concepts and the analysis of collected data, we present some identifiable conclusions of the problems of comfort in the indoor environment of buildings and their relationship to the health of its occupants. Comfort is a very complex and difficult parameter to quantify because it depends not only on various external parameters, but also of the sensitivity and kind of individuals reactions, behaviour and activity.

This dissertation seeks to demonstrate that the conditions for improving the health of occupants of buildings exist, when the participants in the project, construction and maintenance, architect, engineer, etc. acts to provide sustainability and indoor environmental comfort through the implementation of policies and solutions of energetic, accoustic and visual efficiency.

In the end it is identified some of the problems detected in three separate buildings and are presented comparisons between constructively aspects and different uses, also some suggestions are proposed for the better use.

Keywords

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xi

Índice

1 | Introdução 1 1.1 Apresentação do Problema 3 1.2 Objetivos e Metodologia 5 1.3 Estrutura da Dissertação 7 2 | Investigação Habitacional 9

2.1 Casa e Evolução Histórica 11

2.2 Qualidade na Habitação 19

2.3 Ecossistema Urbano 25

2.4 Construção e Saúde 27

2.5 Evolução da Bioconstrução 29

2.6 Regulamentação Existente 31

3 | Qualidade do Ambiente Interior e Saúde 37

3.1 Qualidade do Ambiente Interior 39

3.1.1 Qualidade do Ar Interior 40

3.1.2 Conforto Térmico 51

3.1.3 Conforto Acústico 53

3.1.4 Conforto Visual 55

3.2 Relação entre patologias na construção e efeitos na saúde 59

3.3 Método Inglês 63

4 | Caso de Estudo 73

4.1 Metodologia 75

4.2 Regulamentação de Lares de Idosos e Infantários 77

4.3 Caracterização dos Edifícios 79

4.3.1 Localização e Identificação 79

4.3.2 Caracterização dos espaços 85

4.3.3 Sistema de produção de águas quentes 99

4.3.4 Sistema de climatização 99 4.3.5 Ventilação 99 4.3.6 Iluminação 100 4.3.7 Manutenção 100 4.4 Descrição do método 101 4.5 Equipamentos de medição 113 4.6 Análise de resultados 117 4.6.1 Lar de Idosos 117 4.6.2 Infantário 1 142 4.6.3 Infantário 2 156 5 | Conclusões 179 5.1 Considerações Finais 181

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5.2 Sugestão para trabalhos futuros 185

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xiii

Lista de Figuras

Figura 1-1 - Exemplos de aproveitamento de matérias-primas [1] [2] 3 Figura 2-1 - Gruta de Le Lazaret em Nice, com mais de 300 000 anos 11 Figura 2-2 - Tendas à 15 000 anos, nas zonas frias do norte europeu 12 Figura 2-3 - Habitações de forma retangular, à cerca de 6 000 anos a.C. 12 Figura 2-4 - Casas circulares, Khirokitia (Chipre), 6 000 anos a.C. 13

Figura 2-5 - Exemplo de uma Palafita 13

Figura 2-6 - Exemplo de uma casa romana 14

Figura 2-7 - Casas de apartamento, séc. III, Roma 14

Figura 2-8 - Casas em adobe, América do Sul 15

Figura 2-9 - Casas e castelos na Idade Média 16

Figura 2-10 - Revolução industrial, Londres 16

Figura 2-11 - Nova Iorque, séc. XXI 17

Figura 2-12 - Densidade de ocupantes neste tipo de edifícios [8] [9] 22 Figura 2-13 - Exemplo de poluentes e desperdícios nos meios urbanos [11] 25 Figura 2-14 - Utilização de energias renováveis em habitação [12] [13] 26

Figura 2-15 – Rua de Londres durante a revolução industrial 27

Figura 2-16 - Evolução da Bioconstrução [17] [18] 30

Figura 2-17 - Evolução legislativa em Portugal [26] 34

Figura 3-1 - Esquema sobre Qualidade do Ambiente Interior 39

Figura 3-2 - Classificação dos aparelhos em função do tipo de exaustão [31] 41

Figura 3-3 - Infiltração do radão em edifícios 49

Figura 3-4 – Demonstração de valores de conforto térmico, Projeto QUAMIS [29] 51 Figura 3-5 - Relação entre níveis de ruído e bem-estar, adaptado de [29] 54

Figura 3-6 - Iluminação comercial de loja [41] 56

Figura 3-7 - Iluminação de sala de estar [41] 56

Figura 4-1 - Localização dos edifícios; Lar de Idosos (A), Infantário 1 (B), Infantário 2 (C) 79

Figura 4-2 - Alçado principal do Lar de idosos 81

Figura 4-3 - Alçado principal do Lar de idosos 81

Figura 4-4 - Alçado principal do Infantário 1 82

Figura 4-5 - Alçado principal do Infantário 2 83

Figura 4-6 - Alçado posterior do Infantário 2 83

Figura 4-7 - Sala de convívio do Lar de idosos 85

Figura 4-8 - Sala de convívio do Lar de idosos 86

Figura 4-9 - Refeitório do Lar de idosos 87

Figura 4-10 - Refeitório do Lar de idosos 87

Figura 4-11 - Quarto triplo do Lar de idosos 88

(14)

xiv

Figura 4-13 - Sala de atividades do Infantário 1 90

Figura 4-14 - Sala de atividades do Infantário 1 90

Figura 4-15 - Refeitório do Infantário 1 91

Figura 4-16 - Dormitório do Infantário 1 92

Figura 4-17 - Dormitório do Infantário 1 92

Figura 4-18 - Sala de atividades do Infantário 2 93

Figura 4-19 - Sala de atividades do Infantário 2 94

Figura 4-20 - Sala de atividades do Infantário 2 94

Figura 4-21 - Refeitório do Infantário 2 95

Figura 4-22 - Refeitório do Infantário 2 96

Figura 4-23 - Berçário do Infantário 2 97

Figura 4-24 - Berçário do Infantário 2 97

Figura 4-25 – Planta do Quarto e Sala de convívio do Lar de idosos 104

Figura 4-26 - Planta do Refeitório do Lar de idosos 105

Figura 4-27 - Planta da Sala de atividades do Infantário 1 106

Figura 4-28 - Planta do Refeitório do Infantário 1 107

Figura 4-29 - Planta do Dormitório do Infantário 1 108

Figura 4-30 - Planta da Sala de atividades do Infantário 2 109

Figura 4-31 - Planta do Refeitório do Infantário 2 110

Figura 4-32 - Planta do Berçário do Infantário 2 111

Figura 4-33 – Sonda de temperatura e humidade relativa Extech RH520 113

Figura 4-34 - Sonda multifunções VelociCalc 9565 114

Figura 4-35 - Sonda de medição de COV's Photovac 2020ppbPRO 114

Figura 4-36 - Equipamento de medição de HCOH Formaldemeter htV-M 115

Figura 4-37 - Luxímetro Testo 540 115

Figura 4-38 - Sonda Extech RH520 na Sala de Convívio do Lar de Idosos 117

Figura 4-39 - Utilização das sondas de medição de COV's 123

Figura 4-40 - Utilização da sonda Photovac 2020ppbPRO no quarto 123 Figura 4-41 - Formaldemeter htV-M exibindo uma leitura de concentração HCOH 137

Figura 4-42 - Utilização do equipamento de medição de HCOH 137

Figura 4-43 - Luxímetro exibindo uma leitura em lux 140

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xv

Lista de Tabelas

Tabela 3-1 - Principais fontes de origem [33] 44

Tabela 3-2 – Concentrações máximas de referência [33] 45

Tabela 3-3 - Efeitos na saúde por exposição a formaldeído 47

Tabela 3-4 - Valores limites segundo Seifert B. (1990) 48

Tabela 3-5 – Intensidade da atividade metabólica em função do tipo de atividade humana [40] 52 Tabela 3-6 – Efeito de isolamento proporcionado pelos tipos de vestuário, McCullough and

Jones, 1984 52

Tabela 3-7 - Relação entre fontes sonoras e nível de ruído [29] 53 Tabela 4-1 – Parâmetros climáticos do concelho da Covilhã e dos edifícios 80 Tabela 4-2 - Parâmetros em análise segundo o SCE (D.L. 118/2013) 101 Tabela 4-3 – Parâmetros e concentrações máximas permitidas pelo SCE (D.L. 118/2013) [33] 101 Tabela 4-4 - Número mínimo de pontos de análise por compartimento 102

Tabela 4-5 - Período de medições por local 103

Tabela 4-6 - Resultados das medições de concentrações de formaldeído no Lar de idosos 138 Tabela 4-7 - Resultados das medições de luminosidade no Lar de idosos 141 Tabela 4-8 - Resultados das medições de concentrações de formaldeído no Infantário 1 154 Tabela 4-9 - Resultados das medições de luminosidade no Infantário 1 155 Tabela 4-10 - Resultados das medições de concentrações de formaldeído no Infantário 2 173 Tabela 4-11 - Resultados das medições de luminosidade no Infantário 2 175 Tabela 4-12 - Classificação dos espaços conforme os resultados obtidos 177

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xvii

Lista de Gráficos

Gráfico 4-1 - Registos de temperatura e humidade na sala de convívio do Lar de Idosos 118 Gráfico 4-2 - Registos de temperatura e humidade no refeitório do Lar de Idosos 119 Gráfico 4-3 - Registos de temperatura e humidade no quarto triplo do Lar de Idosos 120 Gráfico 4-4 - Registo de temperaturas exteriores na Covilhã durante Fevereiro de 2014 121 Gráfico 4-5 - Registo de temperaturas exteriores na Covilhã durante Março de 2014 121 Gráfico 4-6 - Registo de temperaturas exteriores na Covilhã durante Abril de 2014 121 Gráfico 4-7 - Medições de COV's no ponto 1 da Sala de convívio do Lar de idosos com a sonda

Photovac 2020ppbPRO 124

Gráfico 4-8 – Medições de COV’s no ponto 2 da Sala de convívio do Lar de idosos com a sonda

Photovac 2020ppbPRO 124

Gráfico 4-9 - Medições de COV's no ponto 3 da Sala de convívio do Lar de idosos com a sonda

Photovac 2020ppbPRO 125

Gráfico 4-10 - Medições de COV's no ponto 1 do Refeitório do Lar de idosos com a sonda Photovac

2020ppbPRO 125

Gráfico 4-11 – Medições de COV’s no ponto 2 do Refeitório do Lar de idosos com a sonda

Photovac 2020ppbPRO 126

Gráfico 4-12 – Medições de COV’s no ponto 3 do Refeitório do Lar de idosos com a sonda

Photovac 2020ppbPRO 126

Gráfico 4-13 – Medições de COV’s no ponto 1 do Quarto triplo do Lar de idosos com a sonda

Photovac 2020ppbPRO 127

Gráfico 4-14 – Medições de COV’s no ponto 1 da Sala de convívio do Lar de idosos com a sonda

VelociCalc 9565 127

Gráfico 4-15 - Medições de COV's no ponto 2 da Sala de convívio do Lar de idosos com a sonda

VelociCalc 9565 128

Gráfico 4-16 - Medições de COV's no ponto 3 da Sala de convívio do Lar de idosos com a sonda

Velocicalc 9565 128

Gráfico 4-17 - Medições de COV's no ponto 1 do Refeitório do Lar de idosos com a sonda

VelociCalc 9865 129

Gráfico 4-18 - Medições de COV's no ponto 2 do Refeitório do Lar de idosos com a sonda

VelociCalc 9565 129

Gráfico 4-19 - Medições de COV's no ponto 3 do Refeitório do Lar de idosos com a sonda

VelociCalc 9565 130

Gráfico 4-20 - Medições de COV's no ponto 1 do Quarto do Lar de idosos com a sonda VelociCalc

9565 130

Gráfico 4-21 - Medições de CO2 no ponto 1 da Sala de convívio do Lar de idosos com a sonda

(18)

xviii

Gráfico 4-22 - Medições de CO2 no ponto 2 da Sala de convívio do Lar de idosos com a sonda

VelociCalc 9565 132

Gráfico 4-23 - Medições de CO2 no ponto 3 da Sala de convívio do Lar de idosos com a sonda

VelociCalc 9565 133

Gráfico 4-24 - Medições de CO2 no ponto 1 do Refeitório do Lar de idosos com a sonda VelociCalc

9565 133

Gráfico 4-25 - Medições de CO2 no ponto 2 do Refeitório do Lar de idosos com a sonda VelociCalc

9565 134

Gráfico 4-26 - Medições de CO2 no ponto 3 do Refeitório do Lar de idosos com a sonda VelociCalc

9565 134

Gráfico 4-27 - Medições de CO2 no Quarto triplo do Lar de idosos com a sonda VelociCalc 9565 135 Gráfico 4-28 - Registos de temperatura e humidade na sala de atividades do Infantário 1 143 Gráfico 4-29 - Registos de temperatura e humidade no refeitório do Infantário 1 144 Gráfico 4-30 - Registos de temperatura e humidade no dormitório do Infantário 1 145 Gráfico 4-31 - Registo de temperaturas exteriores na Covilhã durante Março de 2014 146 Gráfico 4-32 - Registo de temperaturas exteriores na Covilhã durante Abril de 2014 146 Gráfico 4-33 - Medições de COV's na Sala de atividades do Infantário 1 com a sonda Photovac

2020ppbPRO 148

Gráfico 4-34 - Medições de COV's no Refeitório do Infantário 1 com a sonda Photovac

2020ppbPRO 148

Gráfico 4-35 - Medições de COV's no Dormitório do Infantário 1 com a sonda Photovac

2020ppbPRO 149

Gráfico 4-36 - Medições de COV's na Sala de atividades do Infantário 1 com a sonda VelociCalc

9565 149

Gráfico 4-37 - Medições de COV's no Refeitório do Infantário 1 com a sonda VelociCalc 9565 150 Gráfico 4-38 - Medições de COV's no Dormitório do Infantário 1 com a sonda VelociCalc 9565 150 Gráfico 4-39 - Medições de CO2 na Sala de atividades do Infantário 1 com a sonda VelociCalc

9565 152

Gráfico 4-40 - Medições de CO2 no Refeitório do Infantário 1 com a sonda VelociCalc 9565 152 Gráfico 4-41 - Medições de CO2 no Dormitório do Infantário 1 com a sonda VelociCalc 9565 153 Gráfico 4-42 - Registos de temperatura e humidade na sala de atividades do Infantário 2 157 Gráfico 4-43 - Registos de temperatura e humidade no refeitório do Infantário 2 158 Gráfico 4-44 - Registos de temperatura e humidade no berçário do Infantário 2 159 Gráfico 4-45 - Registo de temperaturas exteriores na Covilhã durante Abril de 2014 160 Gráfico 4-46 – Registo de temperaturas exteriores na Covilhã durante Maio de 2014 160 Gráfico 4-47 - Medições de COV’s no ponto 1 da Sala de atividades do Infantário 2 com a sonda

(19)

xix Gráfico 4-48 - Medições de COV's no ponto 2 da Sala de atividades do Infantário 2 com a sonda

Photovac 2020ppbPRO 162

Gráfico 4-49 - Medições de COV's no ponto 1 do Refeitório do Infantário 2 com a sonda Photovac

2020ppbPRO 163

Gráfico 4-50 - Medições de COV's no ponto 2 do Refeitório do Infantário 2 com a sonda Photovac

2020ppbPRO 163

Gráfico 4-51 - Medições de COV's no ponto 3 do Refeitório do Infantário 2 com a sonda Photovac

2020ppbPRO 164

Gráfico 4-52 - Medições de COV's no Berçário do Infantário 2 com a sonda Photovac 2020ppbPRO 164 Gráfico 4-53 - Medições de COV's no ponto 1 da Sala de atividades do Infantário 2 com a sonda

VelociCalc 9565 165

Gráfico 4-54 - Medições de COV's no ponto 2 da Sala de atividades do Infantário 2 com a sonda

VelociCalc 9565 165

Gráfico 4-55 - Medições de COV's no ponto 1 do Refeitório do Infantário 2 com a sonda VelociCalc

9565 166

Gráfico 4-56 - Medições de COV's no ponto 2 do Refeitório do Infantário 2 com a sonda VelociClac

9565 166

Gráfico 4-57 - Medições de COV's no ponto 3 do Refeitório do Infantário 2 com a sonda VelociCalc

9565 167

Gráfico 4-58 - Medições de COV's no Berçário do Infantário 2 com a sonda VelociCalc 9565 167 Gráfico 4-59 - Medições de CO2 no ponto 1 da Sala de atividades do Infantário 2 com a sonda

VelociCalc 9565 169

Gráfico 4-60 - Medições de CO2 no ponto 2 da Sala de atividades do Infantário 2 com a sonda

VelociCalc 9565 169

Gráfico 4-61 - Medições de CO2 no ponto 1 do Refeitório do Infantário 2 com a sonda VelociCalc

9565 170

Gráfico 4-62 - Medições de CO2 no ponto 2 do Refeitório do Infantário 2 com a sonda VelociCalc

9565 170

Gráfico 4-63 - Medições de CO2 no ponto 3 do Refeitório do Infantário 2 com a sonda VelociCalc

9565 171

Gráfico 4-64 - Medições de CO2 no Berçário do Infantário 2 com a sonda VelociCalc 9565 171

(20)
(21)

xxi

Lista de Acrónimos

ASHRAE American Society of Heating, Refrigeration and Air-Conditioning Engineers COV Compostos Orgânicos Voláteis

COVT Compostos Orgânicos Voláteis Totais

EPA Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos HVAC Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado IARC International Agency for Research on Cancer

LABSED Laboratório de Saúde na Edificação da Universidade da Beira Interior OMS Organização Mundial de Saúde

QAI Qualidade do Ar Interior

RCCTE Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios RECS Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços REH Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação RGEU Regulamento Geral de Edificações Urbanas

RSECE Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios SCE Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios SED Síndrome do Edifício Doente

UBI Universidade da Beira Interior

Lista de Unidades

°C Grau Celsius

Bq Becquerel

clo Isolamento proporcionado pelo vestuário

dB Decibel g Grama K Kelvin L Litro m Metro m2 Metro quadrado m3 Metro cúbico

met Intensidade da atividade física realizada

mg Miligrama

min Minuto

ppb Fração molar em partes por bilião ppm Fração molar em partes por milhão

s Segundo

UFC Unidades Formadoras de Colónias

W Watt

μg Micrograma

(22)
(23)

1

1 | Introdução

“ O estudo é a valorização da mente ao serviço da felicidade humana. ” François Guizot

(24)

2

1 | Introdução

1.1 Apresentação do Problema

1.2 Objetivos e Metodologia

1.3 Estrutura da Dissertação

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3

1.1 Apresentação do Problema

Princípios de sustentabilidade cada vez mais orientam a construção civil, considerado um dos sectores que causa mais impactos no meio ambiente devido ao alto consumo de materiais, energia e geração de resíduos. As empresas têm investido na chamada responsabilidade ambiental e muitas delas encontram-se a especializar-se em bioconstrução, uma modalidade da arquitetura, engenharia e da construção civil cujo princípio é reunir tecnologias milenares e inovadoras tecnologicamente por forma a garantir a sustentabilidade não só do processo construtivo mas também do período pós-ocupação de casas e apartamentos.

Alguns exemplos concretos de práticas de sustentabilidade são o uso de matérias-primas, recicladas ou naturais, disponíveis no local da obra; gestão e economia de água tais como reuso ou aproveitamento da água da chuva; fontes alternativas de energia como aquecimento solar ou energia eólica; recolha seletiva e reciclagem de lixo; técnicas construtivas baseadas na utilização do barro, palha ou bambu.

Figura 1-1 - Exemplos de aproveitamento de matérias-primas [1] [2]

A bioconstrução abrange uma série de tecnologias e aspetos como a viabilidade ecológica, económica e social da sua aplicação que dependem, principalmente, da avaliação do local da obra. A bioconstrução tira também partido das técnicas passivas para aquecimento e arrefecimento, através da correta orientação do edifício, das áreas envidraçadas, da inércia térmica, dos sombreamentos nos meses quentes, da ventilação natural, etc.

Associados à gestão eficaz dos recursos e à utilização de materiais de baixo impacto ambiental, outros aspetos estão relacionados com a bioconstrução. Por exemplo, a construção de espaços públicos que favoreçam as relações de vizinhança, a mobilidade, a segurança, a beleza, o aproveitamento eficaz das qualidades naturais do lugar, o desenho arquitetónico energeticamente saudável inspirado em formas orgânicas e em geometria sagrada, a ocupação ética do solo e a minimização da sua impermeabilização, a autossuficiência local ao nível de energia, economia e produção alimentar biológica, a proteção contra o ruído, a qualidade do ar interior, a minimização da contaminação eletromagnética, etc.

(26)

4

Pretende-se neste trabalho demonstrar a influência de alguns dos aspetos supracitados que afetam a saúde dos ocupantes, em três edifícios existentes e em funcionamento.

(27)

5

1.2 Objetivos e Metodologia

O presente estudo baseia-se num conjunto de preocupações construtivas e ambientais relacionadas com a saúde dos ocupantes de espaços públicos interiores, conhecimentos e recolha de dados em diversos espaços de ocupação pública, adquiridas não só a partir de investigação e estudo, dos trabalhos de projeto, mas também, através de diversos contactos com espaços públicos interiores de lares de Idosos e crianças (creches e jardins de infância na cidade de Covilhã).

Tentou-se que a abordagem ao tema fosse significativa e esclarecedora. Procurou-se usar um discurso claro e conciso, e tentou-se reunir no mesmo estudo, a caraterização dos espaços, a identificação dos diversos conceitos de analise da qualidade da habitação, os riscos para a saúde dos seus ocupantes, a identificação dos ensaios realizados e resultados obtidos, assim como, novas preocupações na elaboração dos projetos de engenharia.

Pretendeu-se provar que com a adoção de diversas soluções construtivas projetamos os espaços públicos interiores com maior conforto ambiental. Este conforto está cada vez mais presente na nossa sociedade e noutras culturas por necessidade.

Desejou-se que este estudo fosse mais do que um simples somatório de folhas. Pretendeu-se que fosse um ponto de consulta e reflexão. A metodologia adotada parte de um conjunto abrangente e teórico, para posterior aplicação de conhecimentos.

Procura-se, com a adoção de diversos conceitos relacionados com a qualidade ambiental de um espaço público interior, projetar, tanto hoje, como a médio e longo prazo, espaços que respondam às procuras emergentes e que acompanhem a evolução da sociedade nas exigências da saúde. Procura-se estudar a capacidade de adaptação do espaço público interior e uso de materiais tecnologicamente evoluídos, garantindo a qualidade ambiental dos mesmos a qualquer ser humano nos níveis máximos de saúde e conforto.

É neste sentido, que se pretende investigar e clarificar os valores e conceitos importantes que interferem na qualidade ambiental dos espaços públicos, associando a uma maior polivalência e versatilidade aos modos de vida dos utentes.

Pretende-se, então, abordar a temática numa vertente marcadamente mais prática e técnica, realizando medições, in situ, e apresentando resultados e análises de valores recolhidos em diversos ambientes e com diferentes ocupações.

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Espera-se contribuir para clarificar a importância destes parâmetros no dimensionamento e utilização destes espaços, definir objetivos de qualidade ambiental a atingir e desenvolver recomendações para a concretização dos objetivos.

Esta informação técnica será utilizada para conceber espaços residenciais mais adequados às necessidades presentes e futuras dos utilizadores. A aplicação de resultados deste estudo poderá contribuir para um melhor entendimento dos desafios que se colocam essencialmente no terceiro setor1, um aumento da satisfação dos seus utentes e uma redução dos impactos ambientais.

Em conclusão, pretende-se contribuir para o desenvolvimento e maximização da qualidade ambiental residencial pública, que assegure boas condições de vida e de conforto hoje e nos anos vindouros.

1 Terceiro setor é uma terminologia sociológica que dá significado a todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil

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1.3 Estrutura da Dissertação

O Capítulo 1, intitulado de Introdução, procura explicar ao leitor a estrutura do trabalho, bem como a sua composição. Não obstante, não se resume a apresentar o trabalho, mas parte para uma explicação do fundamento do título deste trabalho "Bioconstrução - Edifícios – Ambiente Interior e Saúde".

A primeira ação do estudo, Capítulo 2, consiste na investigação habitacional de raiz técnica, ou seja, na definição dos parâmetros da qualidade ambiental, ecossistemas urbanos, construção e saúde, evolução da bioconstrução e limitações da regulamentação em vigor.

Foram consultados diversos Planos de Ação da Direção Geral da Saúde, leitura de recomendações na conceção de espaços de utilização pública, a constatação de factos históricos narrativos da saúde pública resultantes da fraca qualidade ambiental dos espaços e também o registo pontual da legislação em vigor relacionada com os espaços públicos. Partindo destas fontes bibliográficas, entre outras, foram articuladas muitas das ideias nelas implícitas, apropriando-se aos objetivos específicos do presente documento.

O Capítulo 3 consiste na análise dos parâmetros definidores da qualidade do ambiente interior e saúde. Pretende-se descrever e caracterizar a qualidade do ambiente interior, do ar interior, conforto térmico, acústico e visual. Pretende-se, questionar a relação das diversas patologias com a saúde pública utilizando diversos métodos e ensaios.

A partir deste ponto pode-se dizer que finalizamos uma parte do estudo mais teórica e continuamos no Capítulo 4 com uma abordagem mais técnica, objetiva e matemática, descrevendo os objetos de estudo e apresentando a metodologia, os equipamentos e os resultados das medições realizadas.

O Capítulo 5 apresenta algumas conclusões. É o somatório de todos os conceitos e à análise de todos os valores, baseados na recolha de dados dos casos práticos apontados. A evolução dos materiais de construção civil, assim como, a mutação das doenças nos seres humanos, obriga que este tema seja sempre objeto de análise continua e estudo com parametrização de valores que influem nos espaços públicos.

Tentámos demonstrar uma nova perspetiva e forma de abordar a qualidade ambiental e sua relação a saúde. Equacionamos diversos parâmetros fundamentais que influenciam a qualidade ambiental dos espaços públicos. As notas finais explicam que este estudo pode ser o início de uma nova investigação, ou de uma nova forma de projetar, se assim se pode chamar.

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As notas bibliográficas foram colocadas no final do documento, conforme as Normas de Formatação de Teses de Mestrado da Universidade da Beira Interior.

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2 | Investigação Habitacional

“ As casas são construídas para que se viva nelas, não para serem olhadas. ” Francis Bacon

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2 | Investigação Habitacional

2.1 Casa e Evolução Histórica

2.2 Qualidade na Habitação

2.3 Ecossistema Urbano

2.4 Construção e Saúde

2.5 Evolução da Bioconstrução

2.6 Regulamentação Existente

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2.1 Casa e Evolução Histórica

“Desde sempre o Homem sentiu a necessidade de criar um abrigo contra os perigos, como qualquer outro animal. Mas, enquanto os animais construíam sempre o mesmo tipo de abrigo com os mesmos materiais, o Homem foi aperfeiçoando a sua habitação com materiais e técnicas diversas, sempre de acordo com os meios disponíveis e o tipo de vida que levava, sedentário ou nómada.” [3]

O espaço habitável a que o Homem chama “casa” teve uma evolução com o passar dos tempos. No início, o homem abrigava-se em abrigos naturais como cavernas e grutas, estes abrigos tinham alguns inconvenientes porque eram fixos e por vezes mal situados. Durante o Paleolítico abrigou-se em grutas de onde expulsou os animais, protegendo a entrada com uma fogueira. Já no Paleolítico Superior construiu cabanas dentro das próprias grutas.

Figura 2-1 - Gruta de Le Lazaret em Nice, com mais de 300 000 anos

Como o homem era nómada e esses abrigos nem sempre estavam disponíveis começou a construir abrigos artificiais com madeira, ramos de árvores e todo o tipo de materiais que tinha disponíveis na altura e no ambiente. Aparecem assim as primeiras tendas que eram feitas de peles de animais cosidas entre si, estendidas sobre uma armação de madeira ou de ossos de grandes animais.

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Figura 2-2 - Tendas à 15 000 anos, nas zonas frias do norte europeu

Com o evoluir dos tempos o homem começou a melhorar as técnicas e os utensílios, o que permitiu uma melhor construção, que era melhor dominada por certos grupos. Estes grupos foram-se apercebendo e adquirindo uma noção de planeamento e arquitetura em função das atividades económicas, do género de vida e dos padrões culturais que existiam naquele tempo. Este tipo de habitação era muito influenciada pela geografia onde se encontrava porque os habitantes tinham um contacto direto com a natureza, aproveitando todo o tipo de materiais que lhes era facultado por esta. As mais simples utilizavam materiais vegetais praticamente como eram encontrados, sem os trabalharem, eram constituídas por troncos e ramos de árvores entrelaçados e amarrados por fios, forrados ou não com barro ou folhas, as coberturas eram feitas de palha, folhas ou, nas zonas mais evoluídas, telha. Esta habitação não servia apenas de abrigo mas também era local de trabalho e de armazenamento de produtos ou animais. Durante o Neolítico apareceram as habitações de forma retangular em pedra polida e barro, com paredes em argila, aplicada sobre estruturas de madeira. Casas de um só compartimento, tendo por vezes, um alpendre. Eram sempre cobertas de colmo com coberturas de duas águas.

Figura 2-3 - Habitações de forma retangular, à cerca de 6 000 anos a.C.

Imitando as cabanas primitivas, encontramos as casas com base circular em pedra calcária com paredes de lama seca ou tijolo cru, que terminavam em cúpula, fazendo lembrar as cabanas circulares.

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Figura 2-4 - Casas circulares, Khirokitia (Chipre), 6 000 anos a.C.

O homem do Neolítico que vivia junto aos rios, lagos e pântanos construía as palafitas, que eram cabanas que estavam ligadas a terra firme por um passadiço. Feitas de madeira, suportadas por estacas e estavam cobertas de materiais vegetal, sendo uma proteção e facilitando a pesca.

Figura 2-5 - Exemplo de uma Palafita

As casas de pedra existiram em todos os continentes, embora fossem mais predominantes na zona europeia em volta do mediterrâneo, isto deve-se à geografia e disponibilidade de materiais, não é por acaso que no nosso país existe grande quantidade de habitações em pedra. Ao longo dos séculos foram evoluindo os materiais disponíveis e as técnicas de construção, uma prova dessa evolução foi o aparecimento das casas romanas, que já ofereciam algum conforto. O centro da casa, chamada de “atrium”, era uma espécie de pátio a céu aberto, pavimentado e com um lago central. Em redor existiam salas, galerias e salas de banho privado. O chão era

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em mármore ou mosaico, as paredes exibiam pinturas e as portas eram de correr. Estas já apresentavam alguma preocupação, por parte do Homem, em existir conforto e funcionalidade. O modelo da casa romana acabou por ser adotado pelo Árabes.

Figura 2-6 - Exemplo de uma casa romana

No século III, devido à abundancia de pessoas nos centros urbanos, surgem na Roma as primeiras casas de apartamento. A escada que dava acesso aos pisos superiores que, por lei, não podia ter mais de cinco pisos, abria para a rua.

Figura 2-7 - Casas de apartamento, séc. III, Roma

“É necessário adequar a evolução das casas às características específicas de cada local e à sua respetiva evolução gradual, como território vivo, objeto da intervenção urbanística.” [4]

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15 A partir de uma certa altura os edifícios deixaram de ser semelhantes em todo o mundo durante as mesmas épocas. Estes dependiam dos materiais encontrados para as construir e das posses dos seus proprietários. Na América do Sul, antes da influência europeia, as casas eram de adobe, ou pedra unida com barro e tinham a forma de fortificações. As pequenas janelas eram viradas para o pátio interior e a entrada para as habitações fazia-se por aberturas nos terraços superiores, recorrendo-se a escadas de madeira que, em caso de ataque, podiam ser retiradas.

Figura 2-8 - Casas em adobe, América do Sul

Posteriormente, na época medieval, as pessoas passavam muito pouco tempo em casa. Os pobres trabalhavam do nascer ao pôr-do-sol e os nobres viajavam a maior parte do tempo. A vida era levada ao ar livre e a habitação não passava apenas de um dormitório ou um refúgio contra os perigos ou frio do Inverno.

A habitação na Idade Média consistia num grande e único recinto, sem divisões internas. Esta configuração era usada tanto na casa camponesa como nos imponentes castelos dos nobres, o que gerava problemas graves principalmente na saúde. Este era composto por poucas peças de mobiliário (como alguns assentos e baús) e por uma lareira que geralmente era localizada no centro. Todas as atividades eram realizadas e compartilhadas neste recinto único (alimentação, dormida, trabalho, etc.). As casas rurais e as urbanas diferiam bastante mas a superposição de funções por divisão era comum.

Os ambientes húmidos e enfumados, bem como a falta de privacidade facilitavam a transmissão de doenças. Neste tipo de ambiente, quando um membro da família adoecia era praticamente impossível evitar o contágio, até porque na cama, quando ela existia, era comum dormirem de duas a oito pessoas. Estas cidades medievais eram locais com elevada densidade populacional, com esgotos a céu aberto, as doenças rodeavam a vida das pessoas. Era difícil obter água limpa para beber e cozinhar porque o conteúdo das fossas infiltrava-se no solo e contaminava os poços.

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Figura 2-9 - Casas e castelos na Idade Média

Ao longo do século XVIII, a partir do processo de industrialização, a habitação foi sendo modificada gradualmente. A casa não abrigava mais o trabalho e viviam juntas as pessoas ligadas por estreitos laços de parentesco, consolidando a família como é o habitual modelo familiar de hoje.

Depois da Segunda Guerra Mundial, com a influência da cultura norte-americana a tornar-se referência da sociedade moderna, a habitação tornou-se um espaço de consumo, a partir deste momento a casa foi sectorizada por funções específicas (social, íntima, serviços, etc.). A sala, área de prestígio, situava-se na parte nobre da casa, geralmente a parte da frente. Cozinhas, instalações sanitárias e áreas de serviço ficavam nos fundos. Os quartos, que compunham a área íntima da casa, ficavam longe do olhar de estranhos.

A população pobre que não tinha posses para este tipo de habitações tinha espaços pequenos, com muita gente e sem ventilação ou iluminação naturais. Os que não tinham condições de morar próximo dos seus trabalhos acabavam ocupando a periferia.

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17 Com o evoluir dos tempos, a necessidade de construir mais e melhor e a falta de espaço nos grandes centros urbanos adotou-se outros tipos de materiais industrializados, como o tijolo, cimento, betão armado, ferro, alumínio, etc. Tudo isto adaptado a novas técnicas de construção considerando a zona geográfica e climatérica. Como a falta de espaço para construção era cada vez mais escassa deixaram de existir casas e passaram a aparecer os conhecidos “arranha-céus”.

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2.2 Qualidade na Habitação

Quando se abordam aspetos relativos à qualidade habitacional é-se confrontado com a própria noção de “habitar”. [5]

Habitar, v. tr. (do lat. Habitare). Ocupar como residência; viver, morar, residir em./

Frequentar./Povoar./v. intr. Viver, morar, residir, estar domiciliado. [6]

Habitar é antes de tudo o estabelecer de uma relação entre um dado ambiente e o homem. A procura social da qualidade na habitação, assim como o conteúdo das exigências dos indivíduos relativamente à sua habitação, depende das efetivas condições existentes no campo habitacional e das expectativas face ao comportamento da oferta habitacional.

“A satisfação da qualidade reside na melhor adequação entre as necessidades e aspirações manifestadas na procura individual e social da qualidade habitacional e a oferta que os meios técnicos e institucionais da sociedade são capazes de oferecer” [7]

A importância da definição do conceito de habitar e os conceitos da qualidade na habitação prende-se com a influência direta que estes exercem sobre os objetivos deste estudo, mas também para a definição da procura de qualidade, não esquecendo que, personalizar, ser diferente, é uma característica intrínseca ao ser humano.

A habitação influencia de forma determinante e sobre múltiplos aspetos o dia-a-dia dos moradores, marcando profundamente a sua qualidade de vida e as suas expectativas e possibilidades de desenvolvimento, definindo uma entidade complexa e composta por um conjunto de fatores arquitetónicos, culturais, económicos, sociodemográficos, psicológicos e políticos que mudam ao longo dos tempos.

A saúde e o bem-estar das pessoas, assim como as atitudes humanas e valores, são relativos e mutáveis. O significado da habitação, do lar, da casa, varia de pessoa para pessoa, entre grupos sociais e através de culturas.

A qualidade poderá ser definida por um conjunto de características variáveis de qualidade que tornam um determinado produto apto ao uso para o qual foi concebido — adequação das características do produto às necessidades do utilizador/recetor. De um modo geral, qualidade é adequação das características de qualquer produto às necessidades dos utentes, possível de verificar pela conformidade com as especificações de qualidade aplicáveis. A qualidade na habitação, de acordo com o conceito geral de qualidade, define-se como adequação da habitação e sua envolvente às necessidades do habitante. No entanto, a habitação é um produto

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com características particulares, pelo que a definição de qualidade na habitação deve incorporar:

1. Uma perspetiva de adequação a longo prazo, que permita responder à alteração das necessidades dos moradores durante o prazo de vida útil previsto. A adequação das características de habitação aos modos de vida, à evolução da sociedade, solicitando respostas de oferta sociotécnica no domínio da organização espacial;

2. Uma perspetiva de adequação social e cultural, que permita compatibilizar os interesses e necessidades individuais a cada morador com os restantes moradores e da própria sociedade. As evoluções dos modos de vida dos utentes são condicionadas pelos valores dominantes num dado momento e num dado ambiente cultural;

3. Uma perspetiva de inovação, que incentive a opção ponderada por soluções inovadoras, que possam traduzir-se numa melhoria das condições oferecidas e estimular o desenvolvimento, não abandonando a dimensão estética.

De forma simplificada pode dizer-se que a satisfação da qualidade residencial resulta da melhor adequação entre as necessidades e aspirações manifestadas na procura individual e social da qualidade habitacional e a oferta que os meios técnicos e institucionais da sociedade são capazes de oferecer.

Quando abordamos o tema da “qualidade” na habitação, abordamos um tema vasto onde podemos destacar dois tipos de qualidade com mais presença, ou com maior ponderação, no nosso quotidiano, como sejam, a qualidade ambiental e a qualidade construtiva.

De modo sucinto, podemos entender a qualidade ambiental como adequação do habitante em termos de conforto ambiental (visual, acústico, qualidade do ar, térmico, etc.).

Em Portugal, o conforto ambiental é, nos nossos dias, uma vertente esquecida, embora se comece a sentir um esforço para um avanço deste sector. Está intimamente ligado à racionalização de soluções e delas depende por exemplo o cumprimento dos objetos de sustentabilidade em termos de redução dos consumos de energia na fase de utilização do edifício.

A qualidade construtiva prende-se à correção das soluções de materialização arquitetónica. Depende de fatores como a qualidade de materiais e dos acabamentos e a qualidade dos elementos e processos de construção.

De entre vários fatores de qualidade ambiental, distinguimos para este estudo que tem um âmbito de conforto ambiental (a espacialidade, a capacidade e funcionalidade, o conforto visual, conforto acústico, qualidade do ar, térmico, etc.).

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21 Associamos à espacialidade a área e volume de um espaço e da relação que este tem com o uso que deve suportar.

A capacidade é um fator que qualifica o âmbito interior da habitação ou do edifício referindo-se à relação contentor e conteúdo. A possibilidade de um dado ambiente acolher pessoas por um lado, e mobiliário ou equipamento por outro, permite estabelecer a distinção entre capacidade programática e capacidade material.

No âmbito do fator capacidade, consideram-se normalmente boas soluções habitacionais as que adotam um programa de espaços adequados à evolução da estrutura das famílias nucleares tradicionais. Associa-se à capacidade do alojamento o espaço ocupado ou não pelo mobiliário, nas famílias mais tradicionais o mobiliário associado ao património, ou ausência total de móveis e equipamentos.

A funcionalidade qualifica as organizações residenciais, os seus espaços e os equipamentos que possibilitam o desempenho das atividades e funções residenciais.

Os indicadores de funcionalidade e as boas práticas de projeto para a habitação apontam para um adequado desenvolvimento das funções de uso. Esta qualidade pode ser controlada pela ponderação de conflitos de uso e desempenho, pelo correto dimensionamento dos espaços e pela localização adequada dos equipamentos e elementos de construção.

Definir os melhores sistemas de iluminação para o seu ambiente também faz parte do trabalho do engenheiro. Esta preocupação é de extrema importância, já que a obra projetada deve proporcionar conforto visual, com uso adequado de cores, texturas e contrastes para evitar, inclusive, acidentes de trabalho ou domésticos.

Entende-se como conforto visual o conjunto de qualidades do ambiente que o tornam agradável, do ponto de vista da iluminação e à compreensão do espaço.

O conforto acústico ambiental de um recinto pode ser entendido como a avaliação das exigências humanas. A quantificação do conforto acústico ambiental de uma edificação pode ser feita pelo reflexo de satisfação de um usuário, em relação a um dado ambiente. A sensação de conforto varia conforme o estado das condições ambientais locais e a atividade que ele está desempenhando neste. Assim, desenvolver uma edificação que satisfaça as necessidades de conforto acústico ambiental e bem-estar dos usuários acaba por minimizar os gastos energéticos da edificação, gerando mais satisfação do produto e um menor custo de funcionamento. Quando abordamos a qualidade do ar interior, analisamos as suas características químicas, físicas e biológicas que possam afetar o conforto ou saúde dos ocupantes.

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O ar ambiente interior de um edifício resulta da interação da sua localização, do clima, do sistema de ventilação do edifício, das fontes de contaminação (mobiliário, fontes de humidade, processos de trabalho e atividades, e poluentes exteriores), e do número de ocupantes do edifício.

A qualidade do ar interior (QAI) tem-se tornado um tema ambiental de grande relevância. O número de queixas relacionadas tem crescido nos últimos anos com o aumento da densidade de edifícios, o crescente uso de materiais sintéticos, e as medidas de conservação da energia que reduzem a quantidade de ar exterior fornecido. Os equipamentos dos edifícios modernos (por exemplo, fotocopiadoras, impressoras laser, computadores), produtos de limpeza, e a poluição do ar exterior, também podem aumentar os níveis de contaminação do ar interior. As reações a estes agentes podem conduzir ao fenómeno conhecido como Síndroma do Edifício Doente (SED)2.

Figura 2-12 - Densidade de ocupantes neste tipo de edifícios [8] [9]

Os ocupantes deste tipo de edifício apresentam por vezes sinais e sintomas associados a situações agudas de desconforto, nomeadamente:

 Astenia/fadiga  Cefaleias

 Dificuldade de concentração  Hipersensibilidade a odores

 Irritação ocular, nasal e/ou faríngea  Náuseas e tonturas/vertigens  Prurido cutâneo e/ou pele seca  Tosse seca

2 O termo “síndroma dos edifícios doentes (SED)” é usado para descrever situações de desconforto laboral e/ou de problemas agudos de saúde referidos pelos trabalhadores, que parecem estar relacionados com a permanência no interior de alguns edifícios

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23 Com o conforto térmico, pretende-se um estado de espírito no qual a pessoa sente satisfação com o ambiente térmico. Os fatores que afetam o conforto térmico são a temperatura do ar, a temperatura radiante média, a estratificação, o movimento do ar, a humidade relativa, o nível de atividade e o vestuário. O conforto térmico é, em linhas gerais, obtido por trocas térmicas que dependem de vários fatores, ambientais ou pessoais, governados por processos físicos, como convecção, radiação, evaporação e eventualmente condução.

A temperatura do ar afeta a perda de calor convectivo do corpo humano e a temperatura do ar expirado. Assim, a perda de calor pelo aquecimento e humidificação do ar expirado é influenciada pela temperatura do ar. Uma temperatura elevada é um verdadeiro obstáculo à dissipação de calor por convecção do corpo humano.

A humidade do ar é outro fator meteorológico que influencia o conforto térmico. A mesma interfere diretamente em três mecanismos de perda de água do corpo humano, a saber: a difusão de vapor de água através da pele (transpiração impercetível), a evaporação do suor da pele e a humidificação do ar respirado. Por exemplo, à medida que a temperatura do meio se eleva e a perda de calor por condução e convecção é prejudicada, há um aumento na eliminação de calor por evaporação, fazendo com que a transpiração se torne percetível. Se o ar estiver saturado essa evaporação não é possível, caso em que a pessoa ganha calor enquanto a temperatura do ambiente mantém-se superior a da pele. Caso contrário, sob um ar seco, a perda de calor pelo corpo ocorre mesmo em altas temperaturas. Em todos os casos, entretanto, a perda de água ocorre na forma gasosa. O resultado final é a perda de calor pelo corpo humano. Assim como a temperatura do ar, a velocidade do vento é determinante na troca de calor por convecção entre o corpo e meio ambiente. Quanto mais intensa for a ventilação, maior será a quantidade de calor trocada entre o corpo humano e o ar, consequentemente menor será a sensação de calor.

A temperatura média radiante corresponde à temperatura média das superfícies opacas visíveis que participam no balanço radiativo com a superfície exterior do vestuário. Este termo é particularmente difícil de definir com exatidão quer pela dificuldade em corretamente avaliar os fatores de forma, quer pela influência da componente refletiva.

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2.3 Ecossistema Urbano

“Desde a Idade Média, cidades e vilas estiverem no centro do desenvolvimento social, cultural e económico na Europa. No século XXI, as cidades continuam a gerar a grande maioria da riqueza dos países. No entanto, as pequenas ruas e caminhos das cidades medievais deram lugar a congestionamento de tráfico e a autoestradas urbanas. Catalisados pela Revolução Industrial, as populações migraram em grandes quantidades de zonas rurais para áreas urbanas, forçando as cidades a se expandirem para acomodarem este influxo. O desenvolvimento urbano resultante é o ponto de partida das tradicionais povoações humanas e não está ainda totalmente compreendida em termos dos seus impactos positivos e negativos na saúde.” [10]

Ao longo da história tem existido uma preocupação constante com o espaço habitável pelo ser humano, refletido pelos vários problemas que se desencadearam nos ambientes urbanos, como a concentração da população, a implantação das atividades económicas e industriais e a expansão do espaço construído.

As cidades são o ambiente mais próximo da maioria da população mundial que cada vez está mais concentrada nestes centros urbanos e nos seus arredores, tendência que vai sendo crescente ao longo dos anos. Estes espaços são constituídos por maior densidade de construção, com edifícios de habitação, edifícios de comércio e serviços, centros culturais e de reunião, espaços verdes e de circulação, etc. e por consequência também estão repletos de desperdícios, ruídos, stress, poluentes, etc.

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Grande parte deste ambiente é feito de espaços interiores, onde a população passa a maior parte do seu tempo e que muitas vezes não tem as condições adequadas de higiene e conforto. A conexão entre espaços exteriores e interiores é feita pelos edifícios. São estes criadores do ambiente interior, que estabelecem uma relação com o espaço envolvente, os maiores consumidores de energia, o que os torna numa das maiores causas de degradação ambiental. Os edifícios não devem ser vistos como espaços apenas funcionais mas também como parte integrante da paisagem porque estes apesar de serem utilizadores de materiais e recursos ambientais (energia, água, etc.) também são a causa de problemas ambientais (lixo, poluição, etc.). Cria-se uma necessidade destes serem observados por uma perspetiva ambiental que tente conhecer e corrigir as causas e não apenas as consequências.

“A poluição, pelo ar, água e ruído, tem em todos os casos efeitos adversos na saúde. As cidades, como centros populacionais e de atividade económica, geram uma quantidade desproporcionada da poluição mundial. Os efeitos de saúde associados incluem doenças respiratórias, cardiovasculares, cancro e irritações da pele e dos olhos.” [10]

A energia e restantes recursos, como a água, que são utilizadas nos edifícios têm como destino as cozinhas, higiene, iluminação, comunicações, lazer e conforto térmico (aquecimento, arrefecimento, ventilação). Esta última necessidade tem feito aumentar o consumo energético dos edifícios e a utilização de aparelhos de ar condicionado e outros métodos de controlar a térmica interior. Atualmente já existem formas de consumo energético mais económicas (painéis solares, energia eólica) mas são ainda pouco utilizadas.

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2.4 Construção e Saúde

No século XIX foram postas em prática algumas iniciativas de saúde pública referentes à habitação. Estas apenas foram iniciadas devido às assustadoras taxas de doenças infeciosas e preocupação comum de que estas estavam concentradas nos edifícios. A razão desta preocupação partia do princípio que estes tinham sido fracamente construídos, com materiais fracos e que não permitiam que o ar e a luz natural circulassem. Teorias propunham que o resultado do ar fétido e pesado conduzia a doenças como a malária.

Subjacente a estas teorias existia uma visão moral em que o responsável era o pobre que precisava de melhorar a sua higiene, para isto, precisava de ser ensinado a limpar a sua casa e a não sobrelotar a habitação.

Alguns escritores da altura adotaram visões mais radicais sobre as consequências da má construção para a saúde. Friedrich Engels através da taxa de mortalidade e de registos municipais conseguiu calcular o rácio dos vivos para os mortos categorizando as pessoas não só pela qualidade da sua habitação mas também pela classe da rua onde viviam. O “rácio de sobrevivência” era maior nas melhores habitações das melhores ruas da cidade de Londres. [14]

Figura 2-15 – Rua de Londres durante a revolução industrial

“A história da humanidade é a história da luta de classes.” (Friedrich Engels)

“Na juventude, (Friedrich Engels) fica impressionado com a miséria em que vivem os trabalhadores das fábricas de sua família. Fruto dessa indignação, Engels desenvolve um detalhado estudo sobre a situação da classe operária na Inglaterra.” [15]

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Estas teorias do século XIX têm os seus homólogos mais tarde no século XXI. Sendo que hoje em face dos desenvolvimentos científicos e tecnológicos e da evolução do conhecimento existe um determinado número de aspetos da habitação que se conhece que têm um impacto direto na saúde humana, a estrutura da habitação, as suas condições interiores como a humidade, a temperatura e qualidade do ar e também o comportamento dos seus ocupantes. Também são vistos cada vez com mais importância aspetos mais indiretos, como o estatuto social e os efeitos da vizinhança.

As condições das habitações têm sido cada vez mais referidas como um fator importante para a saúde pública. Além disso, melhorias sistemáticas nas habitações podem melhorar a saúde dos ocupantes.

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2.5 Evolução da Bioconstrução

“Bioconstrução – (biologia da construção) Estuda as relações globais do ser humano com a sua envolvente edificada residencial e laboral.” [16]

Ao longo do tempo, a preocupação do ser humano para com a sua envolvente foi evoluindo, sendo inicialmente apenas uma necessidade de ter um abrigo. Nos dias de hoje já existe uma preocupação com os acabamentos e qualidade do edifício como os efeitos que esta envolvente pode causar na sua saúde. Esta preocupação tem apenas alguns anos, sendo que apenas no início do século XXI se observou um desenvolvimento de investigação em “construção saudável”.

Nos finais dos anos 70 foram observados alguns sintomas em habitantes de edifícios recém-construídos, habitações, escritórios e creches. O termo “Síndrome de Edifício Doente” (SED) foi imposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1986, quando também foi observado que entre 10 a 30% dos edifícios de escritórios recém-construídos no Ocidente tiveram problemas de qualidade do ar interior.

Este termo representa um conjunto de sintomas que afetam um determinado número de ocupantes de um edifício durante um determinado tempo, no qual são identificados problemas no seu ambiente, causados por agentes químicos, físicos e biológicos.

Na década de 90 foi realizada uma extensa pesquisa sobre este fenómeno de “Edifício Doente”, vários fatores físicos e químicos foram examinados em edifícios habitacionais e laborais. Foi desencadeada uma comparação entre “Edifícios Doentes” e “Edifícios Saudáveis”, onde eram comparados os conteúdos químicos dos materiais de construção. Muitos fabricantes tentaram melhorar os seus produtos substituindo os químicos que eram apontados como prejudiciais. Também era defendido que o aspeto mais importante era um bom sistema de ventilação. Outros defendiam uma construção ecológica consistindo em materiais naturais e técnicas simples de construção.

Com o passar dos anos, os materiais de construção têm vindo a evoluir para respeitar essas potenciais emissões e químicos presentes na sua constituição. Também foram observadas grandes melhorias relativas à qualidade do ambiente e ar interior.

Em Portugal, existe desde Outubro de 1997 a Rede Portuguesa de Cidades Saudáveis (RPCS) que integra um conjunto de municípios comprometidos com os princípios e estratégias do Projeto Cidades Saudáveis da Organização Mundial de Saúde (OMS). Este projeto tem como objetivo colocar a promoção da saúde e atuar nos condicionantes que influenciam a saúde e bem-estar das pessoas nas cidades, porque a saúde das pessoas é fortemente condicionada pelas suas

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condições de vida e trabalho, pelo seu ambiente habitacional e pela qualidade e acessibilidade dos serviços de saúde.

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2.6 Regulamentação Existente

Como foi referido anteriormente, a preocupação do homem na relação da construção da sua envolvente com a saúde tem vindo a ser cada vez maior. Desde cedo que o direito público se vem preocupando com o fenómeno urbano, não apenas na perspetiva das novas construções e da observância das exigências de segurança, estética e salubridade, como também na perspetiva da sua conservação, beneficiação e demolição para garantia dos referidos interesses públicos.

O Regulamento de Salubridade das Edificações Urbanas, aprovado pelo Decreto de 14 de Fevereiro de 1903, concedeu significativos poderes de polícia administrativa das edificações urbanas às câmaras municipais. Apesar dos objetivos deste regulamento serem estranhos ao sentido de tornar as edificações urbanas salubres, construir com os exigidos requisitos de solidez, defesa contra o risco de incêndio e ainda de garantir condições mínimas de natureza estética, foi um princípio para a necessidade de atualizar as disposições para o regulamento seguinte.

No Regulamento Geral de Edificações Urbanas (RGEU), Decreto-Lei n.º 38 382 de 7 de Agosto de 1951, apesar de se encontrar um pouco desatualizado de acordo com a realidade da construção dos dias de hoje, existiam já algumas orientações sobre a salubridade na construção. [19]

 Art.º 15: “Todas as edificações, seja qual for a sua natureza, deverão ser construídas com perfeita observância das melhores normas da arte de construir e com todos os requisitos necessários para que lhes fiquem asseguradas, de modo duradouro, as condições de segurança, salubridade e estética mais adequadas à sua utilização e as funções educativas que devem exercer”;

 Art.º 23: “As paredes das edificações serão constituídas tendo em vista não só as exigências de segurança, como também as de salubridade, especialmente no que respeita à proteção contra a humidade, as variações de temperatura e a propagação de ruídos e vibrações”;

 Art.º 35: “Na constituição dos pavimentos das edificações deve atender-se não só as exigências da segurança, como também as de salubridade e à defesa contra a propagação de ruídos e vibrações”;

 Título III, Capítulo I, Salubridade dos terrenos;

 Art.º 58: “A construção ou reconstrução de qualquer edifício deve executar-se para que fiquem assegurados o arejamento, iluminação natural e exposição prolongada à ação direta dos raios solares, e bem assim o seu abastecimento de águas potável e a evacuação inofensiva dos esgotos”;

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 Título III, Capítulo VI, Evacuação dos fumos e gases. (Algumas orientações sobre ventilação)

O Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) [20], aprovado pelo Decreto-Lei n.º 40/90, de 6 de Fevereiro, foi o primeiro instrumento legal que, em Portugal, impôs requisitos ao projeto de novos edifícios e de grandes remodelações por forma a salvaguardar a satisfação das condições de conforto térmico nesses edifícios sem necessidades excessivas de energia, quer no Inverno, quer no Verão.

Em 2006 foi aprovado o Decreto-Lei 78/2006 de 4 de Abril que aprova o Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios (SCE). A certificação energética permite aos futuros utentes obter informações sobre os consumos de energia no caso de novos edifícios construídos ou no caso de edifícios existentes sujeitos a grandes intervenções de reabilitação e dos seus consumos reais ou aferidos para padrões de utilização típicos. [21]

O Decreto-Lei 79/2006 de 4 de Abril, Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE) veio definir um conjunto de requisitos aplicáveis a edifícios de serviços e de habitação dotados de sistemas de climatização, os quais, para além dos aspetos relacionados com a envolvente e da limitação dos consumos energéticos, abrange também a eficiência e manutenção dos sistemas de climatização dos edifícios, impondo a realização de auditorias energéticas periódicas aos edifícios de serviços. [22]

Juntamente com o SCE e RSECE, o Decreto-Lei 80/2006 de 4 de Abril, Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) veio estabelecer requisitos de qualidade para os novos edifícios de habitação e para pequenos edifícios de serviços sem sistemas de climatização, nomeadamente ao nível das características da envolvente, limitando as perdas térmicas e controlando os ganhos solares excessivos. Este regulamento veio impor limites aos consumos energéticos para climatização e produção de águas quentes, num claro incentivo à utilização de sistemas eficientes e de fontes energéticas com menor impacto em termos de energias primárias. Esta legislação impôs a instalação de painéis solares térmicos e valorizar a utilização de outras fontes de energia renovável. [23]

Para assegurar a qualidade do ar interior os edifícios devem ser ventilados em permanência, sendo definido neste RCCTE uma taxa mínima de renovação de ar de 0,6 h-1, em condições médias de funcionamento. Como solução de referência, para assegurar a qualidade do ar interior e a eficiência energética é considerado um sistema de ventilação natural com uma taxa de renovação de ar de 0,6 h-1 a 0,8 h-1.

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Figura 3-5 - Relação entre níveis de ruído e bem-estar, adaptado de [29]
Figura 4-25 – Planta do Quarto e Sala de convívio do Lar de idosos
Figura 4-38 - Sonda Extech RH520 na Sala de Convívio do Lar de Idosos
Gráfico 4-3 - Registos de temperatura e humidade no quarto triplo do Lar de Idosos
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Referências

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