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Contributo para a gestão dos serviços do ecossistema florestal no sector do Ngove

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS FACULDADE DE CIENCIAS AGRÁRIAS

CONTRIBUTO PARA A GESTÃO DOS SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA FLORESTAL NO SECTOR DO NGOVE

TESE APRESENTADA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS

Orientador: Doutor José Carlos Costa

Co-Orientador: Doutor Augusto Manuel Correia Co-Orientador: Doutor Joaquim Augusto Lauriano

JÚRI

Presidentes: Vogais:

HÉLIO NDEMBA VICENTE TIAGO Huambo

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UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS FACULDADE DE CIENCIAS AGRÁRIAS

CONTRIBUTO PARA A GESTÃO DOS SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA FLORESTAL NO SECTOR DO NGOVE

TESE APRESENTADA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS

Orientador: Doutor José Carlos Costa

Co-Orientador: Doutor Augusto Manuel Correia Co-Orientador: Doutor Joaquim Augusto Lauriano

JÚRI

Presidentes: Vogais:

HÉLIO NDEMBA VICENTE TIAGO Huambo

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha filha, Aimée Cristina António Tiago

e os meus país Filipe Tiago e Maria Arminda Vicente Tiago.

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AGRADECIMENTOS

Ao ISA- Instituto Superior de Agronomia; UTL- Universidade Técnica de Lisboa; FCA- Faculdade de Ciências Agrárias;

UJES- Universidade José Eduardo dos Santos

Dra. Virgínia Lacerda Quartim, pela sua inestimável ajuda, encorajamento.

Aos meus orientadores, Professor Dr. José Carlos Costa e Manuel Correia, pela inestimável dedicação, sabedoria e profissionalismo com o qual me conduziu durante todo o processo.

Á TODOS MUITO OBRIGADO! Hélio Ndemba Vicente Tiago

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CONTRIBUTO PARA A GESTÃO DOS SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA FLORESTAL NO SECTOR DO NGOVE

RESUMO

Os ecossistemas florestais, fornecem um conjunto notável de benefícios à sociedade. Neste trabalho são analisados os principais serviços de ecossistema florestal nesta região, adoptando a estrutura conceptual do Millennium Ecosystem Assessment. Descrevem-se resumidamente os serviços de suporte de biodiversidade, de produção de biomassa para energia, de produção de cogumelos e outros recursos não lenhosos, de regulação do CO2 atmosférico e do comportamento do fogo e ainda a biodiversidade enquanto património natural e cultural que as florestas encerram, bem como o bem-estar proporcionado pelos espaços verdes em ambiente urbanos. Debate-se a aplicação do conceito de serviço de ecossistema à prática e discutem-se alguns constrangimentos que a mesma apresentam no momento actual, nomeadamente em termos de valoração de serviços e do seu pagamento pela sociedade beneficiada; e no final propõe-se um modelo de gestão para o pagamento dos serviços deste ecossistema florestal.

Palavras-Chave: serviços de ecossistema, florestas, pagamentos de serviços, biodiversidade.

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ABSTRACT

Forest ecosystems, provide a remarkable range of benefits to society. In this work we analyze the principal of forest ecosystem services in this region by adopting the conceptual framework of the Millennium Ecosystem Assessment. Are described briefly support services of biodiversity , production of biomass for energy production of mushrooms and other non-timber resources, regulating atmospheric CO2 and fire behavior and biodiversity while still natural and cultural heritage that forests enclose as well as the welfare provided by green spaces in urban environment. Debate is applying the concept of ecosystem services and the practice discuss some constraints that the same feature at the moment, particularly in terms of valuation services and payment for the benefit of your company; and in the end we propose a management model for payment for services of this forest ecosystem .

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ÍNDICE

RESUMO ... II DEDICATÓRIA ... III AGRADECIMENTOS ... IV LISTA DAS TABELAS ... VII LISTA DE ANEXOS ... VIII LISTA DE ABREVIATURAS ... VIII I. INTRODUÇÃO ... 1.1. Problemas e Justificação do Estudo ... II. OBJECTIVOS ... III. SISTEMATIZAÇÃO DE CONCEITOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Sequestro Florestal de Carbono ... Biomassa ... IMPORTANCIA DAS FLORESTAS………...

CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL FLORESTAL DE

ANGOLA………...

MEDIDAS DE POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE PARA LIDAR COM OS PROBLEMAS AMBIENTAIS………. BIO-REGIÃ E FITOSOCIOLOGIA DA FLORESTA DO MIOMBO………. FLORESTA DO SECTOR DO NGOVE……… FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA AMBIENTAL NO SECTOR DO NGOVE………. VI.METODOLOGIA……… Descrição da área de estudo ...

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Recolha de dados no Campo……… Processamento de dados ... DISCUSSÕES E RESULTADOS ... CONCLUSOES E PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS………. ÍNDICES DE FIGURAS………. Figura 1 – Estrutura da tese

XI. ÍNDICES DE QUADROS………. Quadro 1 – Caracterização dos inquiridos amostrados, por proveniência e género

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1-INTRODUÇÃO

A humanidade sempre dependeu dos serviços prestados pela biosfera e pelos seus ecossistemas, o Millennium Ecosystem Assessment (MEA) foi delineado com o envolvimento dos governos, do sector privado, de organizações não governamentais e de cientistas, com vista a fornecer uma avaliação integrada das consequências das alterações dos ecossistemas no bem-estar humano, e para analisar as opções disponíveis para a conservação dos ecossistemas e da sua contribuição para responder às necessidades humanas (Pereira et al., 2009). A biodiversidade refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos e a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos dentro dos ecossistemas. É já científica e politicamente reconhecido que as comunidades humanas não só fazem parte desta rede de diversidade biológica como dependem dela para a sua sobrevivência. O MEA destacou a importância dos serviços dos ecossistemas para o bem-estar humano e para o desenvolvimento económico. As suas conclusões constituem a primeira avaliação científica avançada sobre o estado e as tendências dos ecossistemas mundiais e dos serviços que os mesmos prestam, bem como a base científica para medidas de conservação e utilização sustentável. O MEA definiu quatro categorias de serviços: Serviços de produção: os bens e produtos extraídos dos ecossistemas tais como os alimentos, a água doce, a madeira e a fibra. Serviços de regulação: os benefícios obtidos pelo controlo de um ecossistema dos processos naturais tais como o clima, a doença, a erosão, os caudais da água e a polinização, bem como a protecção contra riscos naturais. O termo regulação: Neste contexto refere-se a um fenómeno natural e não deve ser confundido com políticas ou regulamentos governamentais. Serviços culturais: os benefícios não materiais obtidos através dos ecossistemas como a recreação, os valores espirituais e a satisfação estética. Serviços de suporte: os processos naturais tais como os ciclos de nutrientes e a produção primária que mantêm os outros serviços. Os beneficiários destes serviços podem ser à escala local, regional e/ou global e podem incluir gerações futuras. Por exemplo, uma floresta pode fornecer à população local alimentos selvagens, fibras naturais e lenha. Ao nível regional, pode evitar deslizamentos de terras, filtrar a água e proporcionar recreio para os habitantes de uma cidade próxima. Ao nível global, esta floresta pode fixar o dióxido de carbono – ajudando a regular as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera – e ser o

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habitat de uma planta rara com propriedades farmacêuticas que beneficie pessoas de todo o mundo (Hanson et al., [2010]).

A exploração agrícola e florestal é actualmente a principal ocupação do solo, sendo os ecossistemas fortemente moldados por estas actividades, que, por consequência, correspondem às actividades humanas com maior impacto sobre a biodiversidade. Uma agricultura sustentável pode ser os alicerces de sistemas ecológicos saudáveis e diversos. No entanto, estes mesmos sectores podem também constituir as principais ameaças à preservação da vida selvagem, da qualidade do solo e das águas (Campos, 2005).

Hoje em dia a agricultura tem um papel predominantemente destrutivo sobre a natureza; a agricultura é dependente dos espaços florestados para garantir a sua expansão (agricultura itinerante), reduz a biodiversidade selvagem e cultivar, erode os solos. Mas felizmente existem alternativas que consistem na criação de sistemas agrícolas adaptados localmente, à semelhança dos agroecossistemas tradicionais, que fazem um uso óptimo dos bens e serviços dos ecossistemas para os processos produtivos. Esta orientação é comum a todas as correntes de agricultura sustentável: agricultura biológica, permacultura e agricultura natural. No entanto, estas alternativas têm sido discriminadas ao nível da política agrícola, em favor da agricultura industrializada; já é tempo de mudar a orientação política, para que deixe de prosseguir as teorias económicas muitas vezes pouco racionais de aumento da competitividade, subordinadas ao dogma do crescimento económico ilimitado, em vez de proporcionarem bem-estar corrente às comunidades humanas e ecológicas (Campos, 2005).

No caso específico dos países africanos, a urbanização e o crescimento econômico têm incrementado o uso de lenha e do carvão vegetal. Esta situação preocupa os ambientalistas e os responsáveis pela gestão dos recursos florestais (GIRARD, 2002; STEIERER, 2011).

Angola é um país com uma grande diversidade de florestas naturais. A biomassa florestal desempenha um importante papel nas famílias pela sua dimensão ambiental, social e econômica. Segundo a extinta Secretaria do Estado de Energia e Àguas, cerca de 56,8% da população Angolana depende do combustível lenhoso para satisfazer as suas necessidades energéticas domésticas (IDF, 2010). A maior parte do carvão vegetal produzido para a comercialização provém das florestas naturais, e o seu processo de

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produção é caracterizado pela ausência das técnicas de maneio sustentável de florestas, o que ameaça a perpetuação destes recursos a médio e longo prazo (BILA, 2005; ALBERTO, 2006).

A ideia original para o inicio deste estudo, tinha como objectivo contribuir para construir um modelo conceptual de gestão de ecossistemas e de valorização do património florestal, sendo uma adaptação do paradigma dos serviços de ecossistema, tendo por base a listagem e os cenários prospectivos apresentados pelo MEA, usando um conceito lato de ecossistema que permite a sua aplicação não apenas aos ecossistemas naturais mas também aos semi-naturais e artificiais como sejam espaços agrícolas, sendo que no caso concreto o estudo incide no sector do Ngove, comuna do Cuima, Província do Huambo, dando prevalência à zona florestal. O MEA, define a zona Floresta como uma área de no mínimo 0,05-1,0 ha com cobertura de copa (ou densidade equivalente) de mais de 10-30%, com árvores com o potencial de atingir a altura mínima de 2-5 metros na maturidade in situ. Uma floresta pode consistir tanto de formações florestais fechadas (densas), onde árvores de vários estratos e suprimidas cobrem uma alta proporção do solo, quanto de florestas abertas. Povoamentos naturais jovens e todas as plantações que ainda atingirão densidade de 10-30% e uma altura entre 2 e 5 metros são incluídos como floresta, assim como áreas que normalmente fazem parte da área florestal e que estão temporariamente desflorestadas como resultado da intervenção humana, como a colheita ou causas naturais, mas cuja reversão da floresta é esperada."

A presente dissertação pretende também entre outras contribuir para melhorar a comunicação entre os diversos grupos profissionais envolvidos na gestão dos serviços dos ecossistemas florestais, discutindo conceitos, aplicando e aperfeiçoando metodologias, integrando áreas de conhecimento aparentemente desconexas na convicção que daí possam resultar formas mais eficientes e eticamente recomendáveis de gestão dos serviços dos ecossistemas florestais.

Assim as questões científicas fundamentais abordadas neste estudo serão:

1. Como avaliar os principais serviços do ecossistema florestal e quais os factores determinantes nesta avaliação?

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2. Pode uma análise fitossociológica detalhada da cobertura vegetal da floresta constituir uma fonte de informação necessária e suficiente para a gestão ecológica dessa floresta?

3. Pode a adopção de estratégias adequadas de gestão dos serviços do ecossistema florestal favorecer simultaneamente a gestão dos serviços e a conservação do valor ecológico e da fito diversidade das florestas?

Para poder dar resposta a estas questões haverá então que clarificar alguns conceitos e preparar um estudo de caso a partir do qual seja possível obter informação que permita investigar as questões acima apresentadas.

Consequentemente os trabalhos desenvolvidos no âmbito desta dissertação incluem:  Reflexões sobre o conceito de serviços do ecossistema florestais;

 Revisão bibliográfica sobre as metodologias de gestão dos serviços do ecossistema florestal;

 Aplicação de metodologias de avaliação dos serviços do ecossistema florestal, visando obter modelos espacialmente explícitos da sua gestão e também dos serviços prestados. Para tal será também necessário caracterizar a região em estudo quanto a alguns factores físicos, bióticos e culturais da floresta que influenciam directamente a sua gestão.

 Por fim, são discutidas estratégias de gestão dos serviços do ecossistema florestal que garantam a salvaguarda dos valores naturais em presença, num quadro de desenvolvimento económico consentâneo com a preservação da identidade cultural da região.

1.1 JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVOS

O autor da presente tese pretendeu com este trabalho explorar áreas de conhecimento aparentemente desconexas, mas que apresentam como elemento comum o seu objectivo de estudo primordial: os serviços do ecossistema florestal. Trata-se pois de um estudo em que o objectivo fundamental não é o de desenvolver novas metodologias de gestão dos serviços do ecossistema florestal, mais o de utilizar os resultados das aplicações efectuadas para investigar questões científicas relevantes para a gestão dos serviços florestais, tal como foi enunciado no subcapítulo anterior.

Foi também intenção do autor aproximar as áreas em que trabalha, por um lado na docência, por outro na investigação científica, pois a experiencia obtida no âmbito de

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ambas as actividades colocou em evidência a necessidade de tirar melhor partido dos modelos de interpretação da floresta a partir do estudo da sua cobertura vegetal e também de melhorar a comunicação entre os diversos grupos de interessados nos recursos florestais, quer estes sejam a população local, os representantes da administração local e central ou ainda os ambientalistas e população urbana da região. Adicionalmente é também fulcral para a correcta gestão da floresta que os referidos grupos de interessados discutam com base nos mesmos conceitos, partilhem a mesma visão no que se refere ao funcionamento da floresta e participem de modo informado e responsável no estabelecimento de directrizes de gestão eficiente, justas e adequadas à realidade.

Finalmente, sobre a escolha da área de estudo, esta fundamenta-se em vários factores: Desde logo pelo facto da floresta do miombo do planalto de Angola constituir uma área esteticamente apelativas, nas quais se reconhecem ainda valores naturais e culturais de excepcional qualidade, constituindo um precioso património nacional. Também porque nessa área se apresenta ainda como muito susceptível à existência de tensões entre os interesses do desenvolvimento socioeconómico e os da conservação do património natural, na convicção de que é possível concertar ambas as perspectivas numa estratégia integrada. Na perspectiva mais concreta da geobotânica, porque apesar da inexistência de de estudos sobre a área, a informação se apresenta ainda bastante fragmentada, sendo útil poder reunir, integrar e apresentar esta informação de forma sistematizada, acessível e actualizada.

1.2 ESTRUTURA DO DOCUMENTO

A presente tese encontra-se organizada em seis partes, materializadas nos seis grandes capítulos apresentados (Figura 1).

No primeiro capítulo encontram-se as peças introdutórias do estudo, apresentando as questões científicas que se pretende estudar e fundamentando as escolhas no que respeita às metodologias estudadas e à selecção da área de estudo.

No segundo capítulo são apresentados os resultados da revisão bibliográfica efectuada, repartida pelas duas grandes áreas do conhecimento abordadas, nomeadamente o estudo da qualidade ecológica e o estudo da qualidade dos serviços do ecossistema florestais. Estes capítulos permitirão ao leitor ter uma ideia concreta do estado da arte do conhecimento nas referidas áreas de conhecimento.

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Os capítulos terceiro e quarto correspondem à fase das aplicações metodológicas ao estudo dos serviços florestais. Nestes capítulos apresentam-se estudos concretos recorrendo a metodologia robusta dos serviços dos ecossistemas florestais, tanto na persspectiva de gestão como na perspectiva da qualidade ecológica.

No quinto capítulo é feito o encontro entre as duas abordagens, explorando os modos de integrar as análises anteriormente referidas nos procedimentos de planeamento e gestão da floresta.

Finalmente, no sexto capítulo são discutidas as principais conclusões obtidas e enunciadas algumas das possibilidades de desenvolvimento de trabalhos futuros de investigação, no seguimento da presente tese.

1 – INTRODUÇÃO

2 – SISTEMATIZAÇÃO DE CONCEITOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 O conceito de serviços florestais – discussão com recurso à abordagem ontológica

 Gestão dos serviços do ecossistema florestal

 A fitossociologia e a sua utilidade como ferramenta de estudo e gestão dos serviços florestais

3–CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL FLORESTAL DE ANGOLA

 Medidas de política de sustentabilidade para lidar com os problemas ambientais

4 - FLORESTA DO SECTOR DO NGOVE

 Funcionamento dos serviços do ecossistema florestal do sector do Ngove

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5 – TRABALHO EXPERIMENTAL

 Questões relevantes identificadas pelo estudo de caso  Importância da definição de propostas de intervenção

6 - RESULTADOS E DISCUSSÕES

7 - CONCLUSOES E PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS

Figura 1 – Estrutura da Tese Objectivo Geral

 Estimar o potencial dos serviços do ecossistema florestal no sector do Ngove.

Objectivo Específico

 Propor uma abordagem centrada na gestão sustentável dos serviços do ecossistema prestados;

 Equacionar a falha de mercado existente no pagamento de alguns serviços;  Encorajar o fabrico do carvão vegetal através da utilização sustentável dos

recursos florestais.

Hipótese

Apesar de apelativo e de ampla utilização, há diversas questões relacionadas com o conceito de serviço de ecossistemas, principalmente ao nível da sua aplicação, que permanecem sem solução satisfatória, todas elas são relevantes no caso do sector do Ngove. Sendo assim é fundamental quantificar alguns bens de produção sem preço de mercado (por exemplo a suavidade climática, sequestro de carbono, protecção e conservação da micro flora e fauna do solo, etc.).

2-SISTEMATIZAÇÃO DE CONCEITOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A análise da dimensão económica, social e ambiental dos sistemas florestais é cada vez mais baseada no conceito de serviço de ecossistema e nas metodologias empregues na

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sua quantificação e valoração. Serviços de ecossistema são os benefícios que as sociedades obtêm directa ou indirectamente dos ecossistemas, ligados a funções e processos particulares desses ecossistemas (Costanza et al., 1997; Hassan et al., 2005). O conceito de serviço de ecossistema provém da economia ecológica, ambiental ou dos recursos naturais, onde a valoração da natureza (incluindo os serviços) é um componente essencial. É relativamente recente, com desenvolvimentos a partir de meados dos anos 60, mas o conceito em si e as práticas inerentes à sua implementação adquiriram grande popularidade na última década à escala mundial e na generalidade dos sectores da sociedade ligados aos recursos naturais. Observa-se actualmente actividade científica e técnica muito significativa no campo da avaliação, valoração e monitorização de um número crescente de serviços e dos ecossistemas que os produzem (Pereira et al., 2009).

Os serviços são habitualmente classificados de forma a permitir a sua valoração e monitorização a partir da identificação de funções e processos particulares associados aos ecossistemas. Costanza et al. (1997) utilizaram na sua análise do valor e capital natural dos ecossistemas da Terra uma tipologia simplificada de bens e serviços com base em 17 funções. de Groot et al. (2002) expandiram o número de funções para 23, repartidas por 4 classes: regulação, habitat, produção e informação.

A iniciativa Millennium Ecosystem Assessment (MEA) propôs, entretanto, as tipologias de serviços presentemente mais generalizadas: suporte, produção, regulação e serviços culturais (Hassan et al., 2005; Pereira et al., 2009a).

Os serviços de suporte dizem respeito aos serviços necessários ao fornecimento dos restantes serviços dos ecossistemas. Incluem processos físicos, biológicos e ecológicos fundamentais como a formação de solo, circulação de nutrientes, suporte de biodiversidade ou produtividade primária, entre outros (Proença et al., 2009).

Os serviços de produção dizem respeito à produção de bens como alimentos, água,

madeira, lenha, fibras, cogumelos, plantas medicinais ou outros (Martins et al., 2004; Garcia et al., 2006).

Os serviços de regulação referem-se aos benefícios resultantes de processos de regulação associados aos ecossistemas, nomeadamente a regulação da composição da

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atmosfera, do clima, da qualidade e regularidade da água ou de perturbações e catástrofes naturais (Azvedo et al., 2011).

Os serviços culturais são os benefícios não materiais obtidos dos ecossistemas

incluindo a apreciação estética e emocional dos ecossistemas ou seus componentes, actividades de recreio e educação ou património cultural, e religiosa (Carvalho, 2010; Gonçalves et al., 2010; Fonseca et al., 2010).

Segundo Proença et al (2009), as florestas são dos sistemas ecológicos mais importantes no fornecimento de serviços à sociedade. Estes serviços são essenciais não só para a manutenção dos sistemas social e económico, como também incontornáveis na perspectivação de desenvolvimento a várias escalas. A manutenção do provisionamento dos seus serviços depende da manutenção da estrutura das florestas (diversidade incluída) e dos processos verticais e horizontais relacionados com o seu funcionamento e dinâmica.

Em Angola a abordagem às florestas com base no conceito de gestão do serviço de ecossistema não se encontra ainda devidamente estudada, não tendo por isso sido explorada em trabalhos de referência como o capítulo dedicado à floresta na avaliação angolana do MEA.

No presente trabalho serão analisados alguns dos serviços de ecossistema florestal associados ao sector do Ngove. Os tipos de florestas existentes e as actividades económicas que justificam a dedicação de um trabalho desta natureza exclusivamente a esta região.

Sequestro do carbono no solo

Segundo FAO (2004), o ciclo global do Carbono é afectado pelos efeitos da degradação do solo e da desertificação. As alterações no uso do solo encontram-se em primeiro lugar na perda da cobertura vegetativa e a posterior perda de carbono orgânico nos solos e a qualidade dos solos. Os processos da produtividade das plantas, degradação do solo e o sequestro de carbono são profundamente ligados. Uma redução na qualidade do solo resulta na diminuição do carbono orgânico do solo, e um aumento na emissão de CO2 para a atmosfera. A queda da qualidade do solo e da sua estrutura leva a uma perda na capacidade de retenção da água, e por consequência na produtividade das plantas (FAO, 2004)

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De acordo com os dados da FAO (2004) o aumento da concentração de CO2 na atmosfera terrestre, foi o resultado da combustão de combustíveis fósseis e produção de cimento (67%) e a mudanças no uso do solo (33%). A mudança no uso de terra e a degradação dos solos são processos primordiais para a libertação de CO2 para a atmosfera. Neste âmbito, novas estratégias e políticas na organização internacional têm-se detêm-senvolvido para a implementação de práticas de gestão da agricultura e florestas que aumentem o sequestro do carbono tanto na biomassa como no solo.

O mesmo autor refere que, é imperioso compreender a importância destas actividades, na medida, em que, qualquer actividade desenvolvida para o sequestro do carbono na biomassa e nos solos, em geral aumentará o conteúdo da matéria orgânica nos solos, o que por sua vez terá um impacto positivo no aspecto ambiental, agrícola e da biodiversidade dos ecossistemas. Como consequências de um aumento no stock de Carbono do solo poderá melhorar sua fertilidade, produtividade da terra para a produção de alimentos, prevenção da degradação de terra com eventuais reflexos finais no processo de desertificação.

Biomassa

De acordo com Sitoe & Tchaúque (2007), a biomassa pode ser definida como a quantidade de material orgânico que constitui os seres de um ecossistema existente numa determinada área e que pode ser expressa em peso, volume, área ou número. Para estes autores uma das grandes vantagens de biomassa é a variabilidade de formas de sua utilização. Esta pode ser usada como combustível na forma de gases, líquidos, ou sólidos. Outra vantagem da biomassa refere-se ao facto de possuir um ciclo de reprodução extremamente curto quando comparado com as opções energéticas de origem fóssil, necessitando de pouco tempo para a sua produção.

Para Somogyi et al., (2006), quando o objectivo é estimar a biomassa vegetal, como é o caso de inventários de carbono, então o termo correcto a ser usado é “ fitomassa”. Seria também possível estimar a biomassa total de um ecossistema, se incluir também a fauna. Assim, segundo Pearson et al. (2007), a biomassa vegetal é a quantidade total de material orgânico que se encontra sobre a superfície de solo em árvores ou arbustos, expresso como peso seco na estufa por unidade de área (árvore, hectare, região, ou país). Esta é chamada densidade de biomassa quando expressa como massa por unidade de área, por exemplo, toneladas por hectare.

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Na maioria das florestas ou formações arbóreas, estimativas de densidade de biomassa estão baseadas só na biomassa de árvores com diâmetros maiores ou iguais a 10 cm que é o diâmetro mínimo habitualmente medido na maioria dos inventários de florestas. Contudo, para florestas ou árvores de estatura menor, como as das zonas áridas ou montanhosas, florestas degradadas, ou florestas secundárias, deveriam ser usados diâmetros mínimos mais baixos (Brown, 1997). Segundo o mesmo autor as estimativas de densidade de biomassa são extremamente relevantes, pois fornecem meios para calcular a quantidade de CO2 que pode ser removido da atmosfera pelas florestas durante a fotossíntese assim como são usados para complementarem outros estudos de ciclos biogeoquímicos globais como é o caso do azoto porque a quantidade de nutrientes nas florestas está relacionada com a quantidade da biomassa existente. Por outro lado, Tchaúque (2004), refere que o cálculo da biomassa lenhosa de uma determinada zona desempenha um papel importante na quantificação e estabelecimento do uso racional dos recursos florestais para vários fins tais como servir de base para elaboração de planos de maneio e prognosticar a sustentabilidade dos recursos. O cálculo da biomassa e o prognóstico da sua dinâmica é muito útil para prevenir a população dos riscos que podem advir do uso insustentável dos recursos e tomar medidas de restituição imediata assim como desenhar estratégias políticas de ligação entre o sector florestal e os outros sectores.

Principais Métodos de estudo de biomassa

A biomassa lenhosa pode ser estimada pelo método directo ou destrutivo e pelo método indirecto. Considera-se método directo quando ocorre a derruba de árvores, pesagem e quantificação dos componentes. Já o método indirecto consiste na interpretação das imagens satélite e fotografias aéreas caso existam, ou ainda usar dados de volume já existentes e a biomassa de cada componente é inferida a partir de relações alométricas (Sitoe & Tchaúque, 2007).

Brown (1997), reconhece a existência de dois métodos de estimação da biomassa das formações lenhosas baseadas em dados existentes de inventários florestais. O que no primeiro método consiste no uso de medidas existentes de estimativas de volume (m3/ha) convertido em biomassa (ton/ha) usando uma variedade de ferramentas. O segundo método estima directamente a quantidade de biomassa usando equações de regressão de biomassa. Estas equações são funções matemáticas que descrevem a

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biomassa seca por árvore como função de uma simples ou combinação de dimensões de árvores.

Segundo Somogy et al. (2006), a estimativa da biomassa vegetal usando métodos indirectos pode ser desenvolvido de duas maneiras, em que uma consiste na utilização de dados de volume de árvores ou talhões que depois são multiplicados por factores apropriados denominados factores de biomassa (BF) que convertem ou expandem as estimativas de volume em estimativas de biomassa. A outra forma de estimar biomassa é através de ajuste de equações pelo uso de técnicas de regressão.

No caso particular da área em estudo, uma das principais características de perda da biomassa, esta directamente relacionada com desaparecimento da massa vegetal devido ao facto dos agricultores desta região terem a tendência de cada vez mais, reduzir os campos de cultivo agrícola em detrimento da produção de carvão vegetal, que esta a aumentar o seu âmbito de exploração, sem o domínio de práticas sustentáveis, que tendem a diminuir os desperdícios de biomassa, durante o processo de fabrico de carvão; que marcadamente tem trazido um avanço significativo na desflorestação desta região, o que é pouco benéfico para o ambiente, perigando a segurança alimentar das famílias camponesas, tendo em conta os graves problemas agroecológicos que se registam nesta região, que por sua vez tornam a actividade agrícola menos produtiva reduzindo massivamente a fertilidade intrínseca destes solos, que já sofrem bastante com os fenómenos de lixiviação.

IMPORTANCIA DAS FLORESTAS Importância Ecológica das Florestas

As florestas são importantes ecologicamente por sua biodiversidade e pelos serviços ambientais que prestam. As florestas nativas são as maiores fontes de diversidade biológica ou biodiversidade, que é uma das maiores riquezas do país, e ainda pouco conhecida. Essa variedade de organismos vivos pode tornar-se bem econômico, como princípios activos de plantas, como fonte de alimentos e, ainda, fonte de tecnologia através de bio-mimetismo (tecnologia que imita a natureza). Devido a este alto valor da biodiversidade, o governo angolano vem criando inúmeras unidades de conservação (UC) para garantir a manutenção desse recurso (Marzoli.; 2007).

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Marzoli (2007), as florestas plantadas não são diversas como as nativas, ao contrário, em sua maior parte são monoculturas. Entretanto, tanto as florestas nativas quanto as plantadas oferecem outros inúmeros serviços ambientais, entre eles:

 regulação do clima;  sequestro de carbono;  conservação do solo;

 conservação dos recursos hídricos;  manutenção dos ciclos de chuva;

Importância Econômica das Florestas

Segundo Garlipp at al;. Foelkel, (2009), a importância económica das florestas, traduz no fluxo de bens e serviços directos (facilmente mensuráveis em termos económicos) e indirectos (dificilmente mensuráveis em termos monetários), que estes recursos proporcionam ao sector público, privado e a sociedade em geral, tais como:

(i) Ao sector Público: receitas arrecadadas através das licenças de exploração florestal, caça e cauções, taxas de entrada das pessoas e meios nos parques e reservas, taxas e impostos de exploração turística nos parques e reservas, taxas e imposto de exploração industrial e comercialização de produtos e subprodutos florestais e de fauna selvagem;

(ii) Ao sector Privado: receitas obtidas com a comercialização de madeira, animais selvagens (individual ou por quotas disponíveis para a caça), produção e venda de carne, peles, couro e outros despojos e oferta de serviços diversos aos turistas, fora e dentro das áreas de conservação (transporte, alojamento, alimentação e outros);

(iii) À sociedade ou Público em Geral: madeira, lenha, carvão, materiais de construção, carne de caça, peixe das águas interiores, mel e outros produtos silvestres comestíveis e não comestíveis utilizados pelos angolanos para auto consumo; postos de trabalho e rendimento por cada trabalhador ou empregado nas actividades de gestão e utilização da floresta, da fauna selvagem e áreas de conservação; uso dos recursos disponíveis para fins

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ambientais, estéticos, científicos, culturais, de lazer, educacionais, religiosos, tradicionais e outros.

Segundo os mesmos autores, no contexto actual, o papel dos recursos florestais na economia informal e de subsistência dos agregados familiares, fundamentalmente das áreas rurais e peri urbanas, é mais notório que a sua contribuição na economia formal, pois que mais de 60% da população do País vive no meio rural. Esta camada significativa da população angolana utiliza a lenha e o carvão como fontes de energia doméstica e, adicionalmente, para a obtenção de receitas.

Segundo IDF (2011), a procura anual de lenha e carvão é estimada em 6 milhões de m3/ ano, o que corresponde, a preços de mercado, a aproximadamente 132 milhões de Dólares dos Estados Unidos da América, não contabilizados no Produto Interno Bruto (PIB).

A exploração e comercialização da madeira em toro, tanto das florestas naturais como plantadas, em condições de sustentabilidade, poderão trazer uma contribuição anual de 47 milhões de Dólares Americanos à economia nacional, elevando-se a sua contribuição de 1 a 2% do actual PIB nacional, o que equivaleria a 8% do total do sector agrário (IDF, 2011).

Segundo Proença at al;. (2009), apesar disso, a lei não tem sido suficiente para evitar que essas áreas continuem a ser derrubadas e queimadas. O rápido esgotamento da terra e a necessidade de novas áreas de cultivo fazem com que produtores avancem sobre a floresta, vista como improdutiva e fora do sistema de produção da propriedade, enquanto não convertida a projectos agropecuários. Essa situação decorre, em grande parte, da política generalizada de ocupação e uso da terra, que descaracteriza o uso florestal da propriedade; produtores comercializam a madeira de suas propriedades a baixos preços, como forma de capitalização para outras actividades, queimando o restante da floresta.

Uma actividade económica para ser inserida de forma eficiente, no sistema de produção da pequena propriedade rural, deve ser capaz de fornecer ingressos constantes anuais e ao mesmo tempo ser compatível com as outras atividades sazonais que já são

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desenvolvidas durante o ano pelo proprietário, normalmente agricultura de subsistência e pecuária extensiva, que limitam a disponibilidade de mão-de-obra.

O sistema de produção de que trata este projecto tem por objectivo descrever um sistema de maneio para pequenas áreas de floresta com baixa utilização de tecnologia e insumos, capaz de avaliar a capacidade de suporte da floresta, planear as actividades de exploração e monitorar as respostas da floresta, fornecendo um ponto de partida para esses produtores na aplicação de técnicas de maneio florestal em pequenas propriedades (Proença at al., 2009).

Cadeias Produtivas Origem da matéria-prima

Lenha e carvão Florestas plantadas e nativas

Madeira sólida (serrarias)

Papel e celulose

Florestas plantadas

Painéis reconstituídos

Produtos não madeireiros Basicamente de florestas nativas

Serviços ambientais Florestas plantadas e nativas

Figura 2 – Sistema de Producão e Origem da Materia Prima

Importância Social das F

lorestas

Segundo Rappa (2011), em conjunto com outras associações vegetais, a floresta encerra uma grande biodiversidade e garante o necessário equilíbrio ecológico. Por isso, ela é cada vez mais reconhecida como um espaço de importância fundamental para a manutenção dos valores naturais e para a melhoria da qualidade de vida das populações.

O mesmo autor faz referência, que, as florestas cobrem cerca de 30% da superfície terrestre. É nas florestas e noutros cobertos vegetais que se realiza a fotossíntese da qual depende a vida: produção de oxigénio a partir do dióxido de carbono. Elas são depositárias de dois quintos de todo o carbono armazenado nos ecossistemas terrestres, sendo consideradas como “pulmões do mundo” ou “sumidouros de carbono”.

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Segundo Rappa (2011), além da indispensável função fotossintética, as florestas desempenham papéis extremamente relevantes, quer a nível ecológico, quer económico e mesmo social. Entre inúmeras funções, elas:

 São fonte de bens como madeiras, combustíveis, alimentos e matérias-primas (ex. resina, celulose, cortiça, frutos, bagas);

 Têm funções de protecção do solo contra e erosão, de controlo do ciclo e da qualidade da água;

 Concentram a maior parte da biodiversidade terrestre, nomeadamente, de espécies vegetais e animais;

 Têm um elevado valor paisagístico e recreativo.

CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL FLORESTAL DE ANGOLA

Segundo IFN (2009), o perfil das florestas de Angola tem potencial para se converter, a médio e longo prazo, numa das principais alavancas de desenvolvimento económico, social e ambiental do país. Existe uma grande quantidade de produtos e serviços providos pelas florestas, além da madeira, que, uma vez considerados nos balancetes de planificação económica e social, podem trazer aportes consideráveis no Produto Interno Bruto (PIB).

Dados actuais indicam que 60% da população (aproximadamente 8 milhões de pessoas) vive no meio rural e tem nos produtos florestais as suas principais fontes de subsistência e renda, com destaque na lenha, o carvão, a carne de caça, o mel, os insectos comestíveis, os frutos silvestres e os cogumelos comestíveis, bem como o peixe das águas interiores. Por outro lado, os produtos derivados das florestas são ainda a principal matéria – prima de construção e para instrumentos agrícolas, para a maioria da população rural (IFN, 2009).

Desta forma, as florestas que Angola ainda possui, representam uma base segura e importante para o desenvolvimento e crescimento rural, as quais, se utilizadas de forma sustentável, tem o potencial de proporcionar uma contribuição de longo – termo para o desenvolvimento nacional e redução da pobreza, através do aumento das actividades económicas e emprego nas áreas rurais onde existem poucas oportunidades realísticas de geração da renda e bem – estar (IFN, 2009).

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3.1 Florestas Naturais (indígenas)

Com uma superfície de 1,246,700 km2 e população calculada em aproximadamente 20 milhões de habitantes, Angola apresenta uma extensão de aproximadamente 53 milhões de hectares de florestas bastante diferenciadas, que correspondem a 43,3% da sua superfície territorial (IFN, 2009).

Em Angola, como na maior parte dos países africanos, as diferentes comunidades e os diferentes grupos étnicos tem tradicionalmente a floresta como parte importante da sua vida. Antes de qualquer outras fontes, é da floresta que tiram parte considerável dos recursos necessários para sua subsistência. Foi também da floresta onde se embrenharam e sobreviveram todos os patriotas africanos que lutaram contra a ocupação colonial que resultou nas Independências Nacionais, como a de Angola em 1975.

Romero Monteiro e Grandvaux Barbosa, (1970) classificaram a existência de 32 tipos de formações vegetais naturais em Angola, podendo ser agrupadas em sete grandes grupos, em função da sua composição florística e localização geográfica.

a) Floresta densa húmida, de alta produtividade, correspondente a cerca de 2% da área florestal total.

Reveste o relevo acidentado de aba atlântica, desde Cabinda ate ao rio Balombo, com acentuada expressão no alto Maiombe (norte de Cabinda) e nos Dembos (triangulo constituído pelas Províncias do Uíge, Bengo, e Kwanza Norte), de composição florística muito variada, com diversos estratos arbóreos mais elevados. Salienta-se diversas espécies de Albizia, Celtis, Ficus, Chorophora campanulata, Pycnantus angolensis, Combretodendron africanum e Sterculia purpurea. A floresta húmida do Maiombe é, por sua vez, mais rica em espécies arbóreas, onde se encontram a Gilbertiodendron ogoonense, Gossweileidendron balsamiferum, Pentadesma leptonema, Oxystigma oxyphyllum, (Grandvaux et al;. 1970).

b) Mosaico Savana Guineense, ocupa cerca da área total, caracterizando a parte setentrional e parte da zona húmida do território nacional.

O domínio é de savana do tipo guineano, com árvores e arbustos dispersos, mais frequentemente de Nauclea latifolia, Hymenocordia acida, Annonaarenaria,

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Maprouena africana, Psorospermum febrifugum e Piliostigma thonningii, alternando-se com floresta de galeria.

c) Floresta aberta de Miombo, ocupa cerca de 45,2% da superfície florestal total, dispersando por vastas zonas do pais.

Inclui as províncias da Huila, do Kuando Kubango, Moxico, Bié, Huambo, Malanje, Benguela e Kwanza Sul. Apresenta inúmeras associações dominantes, onde a mais frequente é constituída pelos géneros Isorbelinea – Brachysteria e Julbernardia. É de média produtividade em termos de madeira comercial, mas detém um alto valor social em termos de combustível lenhoso, materiais de construção, produtos alimentares e plantas medicinais.

d) Savana seca, com árvores e/ou arbustos, ocupa cerca de 24,2% da superfície total de florestas.

A Savana é uma vegetação típica de locais com estação seca bastante longa, queimadas constantes, e em regiões de clima tropical como transição para outros tipos de biomas (no Brasil, faz transição com todos os outros biomas excepto os pampas). Caracterizada basicamente por uma vegetação de gramíneas herbáceas e arbustos, a savana possui uma vegetação bastante resistente ao fogo. As gramíneas apresentam folhas compridas que aproveitam ao máximo as chuvas e rizomas resistentes à seca.

Segundo o mesmo autor, podemos classificar a savana em quatro tipos diferentes de acordo com a presença de árvores ou não, ou ainda, dos tipos de vegetais:

A savana arborizada aquela em que a quantidade de árvores é bastante expressiva, e arbórea, aquela que apresenta um certo número de árvores, porém, de maneira esparsa. A savana arbustiva é a savana sem presença de árvores, mas, com presença de arbustos, e a savana herbácea é aquela que possui só vegetais do tipo das gramíneas. As árvores da savana possuem os troncos espessos e duros, algumas delas armazenam água em seus trocos inchados, como o baobá e as árvores-garrafa. A maioria das árvores da savana apresenta a copa achatada. E as principais árvores da savana, além das já citadas, são as acácias (Grandvaux et al;. 1970).

Segundo Grandvaux (1970), muitas vezes a vegetação da savana é determinada mais por características do solo do que por condições climáticas, é o caso das regiões com

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solos arenosos ou muito rasos que não permitem o desenvolvimento de uma vegetação de alto porte. O mesmo ocorre com solos pobres em nutrientes ou muito rígidos, mas, é claro, que nenhum desses fatores age sozinho. A simples falta de nutrientes não justifica a ausência de árvores de grande porte, do contrário, se fosse assim não haveria a Floresta Amazónica, (esta existe em solo pobre de nutrientes através da reciclagem rápida e extremamente eficiente dos nutrientes devido às condições de humidade e temperatura).

O mesmo autor faz referência, que, as savanas podem ser encontradas na África, América do Sul e Austrália sendo que em cada região ela apresenta alguma peculiaridade. A savana brasileira e a australiana possuem como principal diferença da savana africana, a inexistência de animais de grande porte como os elefantes, muito embora ainda possuam exemplares extremamente grandes como a anta brasileira que é o maior animal terrestre das Américas podendo chegar a até 2 metros e 300 quilos, ou o canguru castanho australiano.

Na savana africana pode ser encontrado o maior animal terrestre do mundo, o elefante, assim como o mais alto, a girafa, e o maior predador terrestre, o leão. Todos eles são remanescentes da Megafauna (fauna composta por animais gigantes) que habitou a região (Gondwana) durante os períodos do Pleistoceno e Holoceno e foram extintas em todas as regiões do mundo exceto na África (Grandvaux et al;. 1970).

e) Formações vegetais do deserto (0,3%) bem como os mangais

A maioria das plantas do deserto é tolerante à seca e à salinidade, e como tal xerófitas. Algumas armazenam água em suas folhas, raízes e caules. Outras plantas do deserto tem longas raízes que penetram até o lençol freático, firmam o solo e evitam a erosão. Os caules e folhas de algumas plantas reduzem a velocidade superficial dos ventos que carregam areia, protegendo assim o solo da erosão (IDF; 2011).

Os desertos normalmente têm uma cobertura vegetal esparsa porém muito diversificada. O deserto de Sonora, no sudoeste americano, tem a vegetação desértica mais complexa da Terra. O gigantesco Cactus saguaro fornece ninhos às aves do deserto e funciona como "árvore". Esta planta cresce lentamente podendo viver duzentos anos. Aos nove anos, ele tem cerca de quinze centímetros de altura. Aos 75 anos, o cato desenvolve seus primeiros ramos. Quando totalmente adulto, o saguaro chega a quinze metros de altura e

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pesa quase 10 toneladas. Eles povoam o deserto de Sonora e reforçam a impressão de que os desertos são áreas ricas em catos (IDF; 2011).

Apesar dos Cactus serem normalmente considerados plantas dos desertos americanos, outros tipos de plantas adaptaram-se à vida em meio árido. Isto inclui plantas da família da ervilha e do girassol. Nos desertos africanos os Cactus normalmente são substituídos por Euphorbias xerófitas algumas delas espinhosas. Os desertos frios têm como vegetação predominante gramíneas e arbustos (IDF, 2011).

MEDIDAS DE POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE PARA LIDAR COM OS PROBLEMAS AMBIENTAIS

De Natureza Jurídica

Segundo MUA (2010), os princípios que regem esta Política baseiam-se nas opções nacionais e orientações internacionais expressas através de convenções e acordos jurídicos relacionados.

 Do ponto de vista das opções nacionais, os seguintes princípios são inspirados na Lei Constitucional (Lei n.º 23/92, de 16 de Setembro), na Lei de Bases do Ambiente (Lei n.°5/98, de 19 de Junho), na Lei de Terras (Lei n.º 9/04, de 9 de Novembro) e na Estratégia de Combate à Pobreza (Resolução n.º 15/03, de 22 de Julho).

 Os seguintes princípios guiam a orientação da Política Nacional de Florestas, Fauna Selvagem e Áreas de Conservação.

a) Da conservação e uso sustentável: os recursos florestais, faunísticos e Áreas de Conservação existentes no território nacional devem ser conservados e utilizados de uma forma que assegure a interligação entre os princípios de conservação e prevenção e as políticas de desenvolvimento económico e social, para garantir as necessidades no presente, sem comprometer os direitos das futuras gerações de angolanos;

b) Do desenvolvimento sustentável: os recursos florestais, faunísticos e as Áreas de Conservações devem servir para satisfazer as necessidades das gerações presentes e futuras;

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conservação existentes no território nacional são propriedade originária do Estado; d) Do mínimo de existência: o melhoramento da base de subsistência da população angolana deve ser a meta principal em todas as estratégias e acções do sector de forma a contribuir paraa redução da pobreza;

e) Da igualdade do género: não deve haver discriminação de sexo no acesso aos recursos florestais e faunísticos. A participação activa e afirmativa de todos os géneros, incluindo jovens e adultos, deve ser integrada no desenvolvimento do sector de florestas, fauna selvagem e áreas de conservação;

f) Do acesso e distribuição dos benefícios às comunidades locais: a conservação e utilização dos recursos florestais, faunísticos e áreas de conservação existentes no território nacional deve ter sempre em conta os direitos de acesso das comunidades locais a esses recursos para a sua subsistência e a obtenção de benefícios tangíveis resultantes da sua utilização, para melhorar as suas condições de vida e assegurar a responsabilidade dessas mesmas comunidades no uso sustentável e conservação de tais recursos;

g) Do respeito e protecção do conhecimento tradicional: todas as acções de conservação, prevenção e de desenvolvimento económico e social dos recursos florestais, faunísticos e áreas de conservação do país, devem ter sempre em conta a inventariação, registo e protecção do conhecimento tradicional e/ou intelectual sobre a utilização desses recursos;

h) Da cooperação institucional: estabelecer mecanismos institucionais estratégicos de cooperação com as Administrações Municipais e Comunais, Polícia Nacional, Forças Armadas, Autoridades Tradicionais e Organizações da Sociedade Civil na protecção e gestão dos recursos florestais, faunísticos e áreas de conservação para garantir a eficiência, transparência, profissionalismo e confiança de todos os actores;

i) Da participação do sector privado, comunitário, cooperativo e familiar: envolver os diferentes sectores de propriedade dos meios de produção na conservação, gestão e utilização dos recursos florestais, faunísticos e áreas de conservação, visando aumentar a contribuição destes recursos para o desenvolvimento sustentável, atribuindo maior

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valor acrescentado, e imprimindo maior desenvolvimento à sociedade angolana, em geral, e às comunidades locais, em especial;

j) Da participação dos cidadãos: envolvimento individual ou através das organizações da sociedade civil dos cidadãos na protecção e gestão sustentável dos recursos florestais, faunísticos e das Áreas de Conservação;

k) Da valorização dos recursos florestais e faunísticos: atribuir um valor contabilizável aos recursos florestais e faunísticos, utilizados de várias formas tanto como matéria-prima como matéria subsidiária, valor a ser incorporado no produto final; este valor deve ser sujeito a impostos e taxas cobrados a favor do Estado, para promover e garantir a gestão sustentável da fauna, das florestas;

l) Da promoção da investigação científica: deve ser promovida a criação de conhecimento sobre as espécies florestais e faunísticas nativas, raras ou em perigo de extinção, em aliança com as instituições de investigação e a divulgação da informação, por formas a que todos os intervenientes na conservação, gestão e utilização sustentável destes recursos desenvolvam uma base de conhecimentos que lhes permitam participar nas medidas de protecção a serem posteriormente tomadas pelo Governo e por toda sociedade angolana;

m) Da educação e formação: promover a informação da sociedade em geral e a formação das comunidades locais, facilitando a troca de experiências entre as mesmas, e visando motivá-las e capacitá-las sobre temas relacionados com a conservação, gestão e utilização sustentável dos recursos florestais e faunísticos; promover a formação de técnicos e profissionais a diferentes níveis para a conservação, gestão e utilização sustentável dos recursos florestais e faunísticos;

n) Da responsabilização: todo aquele que causar danos à flora, à fauna e Áreas de Conservação responde civil ou criminalmente pelos danos causados;

o) Da cooperação internacional: promover a procura de soluções concertadas com outros países, organizações sub-regionais, regionais e internacionais na conservação, gestão e utilização sustentável dos recursos florestais e faunísticos.

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Segundo MUA (2010), este eixo estratégico tem em vista a criação de mecanismos de reforço da capacidade institucional, com vista a garantir a eficiência, a transparência, o profissionalismo e a confiança no cumprimento do mandato relativo à gestão dos recursos florestais e faunísticos, bem como das áreas de conservação. Esta perspectiva será materializada através dos seguintes objectivos:

 Melhoria e harmonização das estruturas centrais de administração florestal, faunística e de Áreas de Conservação, para garantir a gestão integrada e sustentável dos recursos;

Estratégia de Implementação:

(i) Uma reforma profunda das instituições com responsabilidades sobre a gestão dos recursos florestais, faunísticos e áreas de conservação, para garantir a gestão integrada dos recursos naturais e a união de sinergias, evitando a dispersão e a duplicação de esforços, assegurando a eficiência, a transparência, o profissionalismo e confiança da sociedade nas medidas de gestão sustentável destes recursos;

(ii) Reforço da capacidade para a formulação de políticas, planificação, implementação e monitorização de programas e projectos do sector, dotando as instituições de quadros competentes e motivados para o efeito;

(iii) Criação do Conselho Nacional das Florestas e Fauna Selvagem, com o objectivo de contribuir para assegurar a coordenação institucional e assessorar o Governo na definição das políticas e programas relacionados com os recursos;

(iv) Constituição de um fundo autónomo de protecção e desenvolvimento florestal e faunístico, para assegurar o financiamento e a sustentabilidade a longo prazo das actividades de gestão dos recursos e permitir a adopção de estratégias e mecanismos financeiros adequados;

(v) Promoção e institucionalização da carreira específica do guarda-florestal e fiscal de caça, e adopção de incentivos que permitam o engajamentos dos técnicos e a participação de todos os agentes envolvidos no desenvolvimento do sector nas actividades de fiscalização, incluindo as comunidades locais;

(vi) Desenvolvimento e adopção de instrumentos legais inerentes à protecção, conservação e utilização dos recursos florestais, faunísticos e das Áreas de

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Conservação, incluindo a institucionalização de um sistema de quotas anuais de exploração florestal e faunística, com base na disponibilidade do recurso em cada província ou região.

 Fortalecimento da organização e capacitação das estruturas provinciais, municipais e comunais de administração florestal, faunística e de Áreas de Conservação, de acordo com as exigências de descentralização e gestão participativa dos recursos;

Estratégia de Implementação:

(i) Melhoramento da capacidade de planificação, implementação, controlo e avaliação das actividades de campo, dotando os orgãos locais de capacidades humana, material e financeiras adequadas às exigência do trabalho;

(ii) Reorganização e reforço da capacidade da fiscalização a vários níveis, de acordo com as exigências da protecção e controlo florestal, da fauna selvagem e áreas de conservação;

(iii) Estabelecimento e melhoramento do funcionamento das Comissões Mistas multilaterais de consulta e cooperação com as autoridades dos países vizinhos, no domínio da fiscalização, com vista a prevenção da caça furtiva, exploração e comércio ilegal de produtos florestais e faunísticos ao longo das fronteiras comuns;

(iv) Adopção de mecanismos institucionais estratégicos de cooperação com as Administrações Municipais e Comunais, Polícia Nacional, Forças Armadas, Alfândegas, Autoridades Tradicionais e Organizações da Sociedade Civil para garantir a eficiência, transparência, profissionalismo, confiança e comparticipação dos custos entre todos os actores na protecção e gestão dos recursos florestais, faunísticos e Áreas de Conservação;

 Formação e desenvolvimento das capacidades dos recursos humanos a todos os níveis.

Estratégia de Implementação

(i) Introdução nos sistemas de ensino básico, médio e universitário, em vigor no país, dos cursos relacionados com a gestão dos recursos naturais, ambiente,

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fundamentalmente de engenharia florestal e maneio da fauna selvagem e Áreas de Conservação;

(ii) Promoção e implementação de programas de formação em serviço e de actualização, para capacitar e orientar o pessoal de gestão florestal, fauna selvagem e áreas de conservação, a fim de executarem as suas tarefas e responsabilidades em conformidade com a política sectorial;

(iii) Promoção de cursos de pós-graduação nos domínios da flora e fauna selvagens e áreas de conservação, em parceria com instituições académicas e de investigação nacionais e estrangeiras.

De Natureza Técnica e social

Segundo MUA (2010), este eixo estratégico preconiza a criação de mecanismos de participação das comunidades locais, do sector privado e da sociedade civil organizada na gestão e partilha de benefícios resultantes da exploração e uso sustentáveis dos recursos florestais e faunísticos. Esta perspectiva será materializada através dos seguintes objectivos específicos:

 Promoção do envolvimento e participação plena das comunidades locais, organizações da sociedade civil e cidadãos, como actores directos na protecção, conservação e uso racional dos recursos florestais, da fauna selvagem e áreas de conservação;

(i) Estabelecimento de Conselhos Locais de Protecção das Florestas e da Fauna Selvagem, com a participação das autoridades tradicionais, autoridades administrativas municipais ou comunais, concessionários e organizações não-governamentais locais, com o objectivo de reforçar a capacidade de fiscalização e controlo sobre os recursos; (ii) Implementação através dos Conselhos Locais de Gestão Florestal e Faunística, de programas e acções de sensibilização e responsabilização dos cidadãos e das comunidades locais, para assegurar um maior envolvimento das mesmas, na prevenção e erradicação das práticas anárquicas na agricultura itinerante e das queimadas não controladas;

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(iii) Adopção e implementação de projectos pilotos para a criação de áreas comunitárias de gestão da fauna e daAdopção e implementação de projectos pilotos para a criação de áreas comunitárias de gestão da fauna e da

(iv) Organização e regulamentação da caça simples, tradicional ou de subsistência para as comunidades e

populações rurais em genuina necessidade, que dependem desta actividade para a sua sobrevivência;

(v) Adopção e implementação de projectos de fomento e criação de animais de pequeno porte, para o aumento das fontes alternativas de proteína animal e renda para as populações rurais, com vista à diminuição da pressão sobre os animais selvagens, associando tais projectos com medidas de controlo local da caça de subsistência ou da caça para fins comerciais.

Atualmente, devido às taxas de desmatamento e às preocupações com mudanças climáticas, existe uma forte tendência de valorar e remunerar economicamente os bens e serviços gerados pelas florestas, que constitui-se numa tarefa nada simples por seu valor subjetivo (por exemplo: valor cultural) e pelas limitações metodológicas e práticas para mensurá-los.

É importante ressaltar que bens e serviços não são exclusivos de florestas nativas, muitos deles sendo também fornecidos pelas florestas plantadas; refletem a sua importância nos âmbitos ecológico, econômico e social, refletindo para o benefício das comunidades que se encontram a montante ou a juzante dos locais onde são produzidos estes bens e serviços.

BIO-REGIÃO E FITOGEOGRAFIA DA FLORESTA DO MIOMBO

Segundo MUA (2006), em África, as florestas do miombo formam uma vasta cintura sul-central, que vai desde Angola a oeste, até à Tanzânia a leste. As bio-regiões são: matas angolanas de miombo; matas de miombo da Zambézia central (Angola, Burundi, República Democrática do Congo, Malawi, Tanzânia, Zâmbia); matas orientais de miombo (Moçambique e Tanzânia); matas meridionais de miombo (Malawi, Moçambique, Sul da Zâmbia, Zimbabwe).

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O miombo ocorre a partir das zonas de transição; encontramos o miombo anão de 2 a 5 m de altura, convivendo com algumas espécies de regime xerofítico como a Múcua, nas províncias de Benguela, Huila e Kwanza Sul, espalhando-se para o planalto central, nas províncias do Huambo, Huila, Bié, parte do Kuando Kubango, onde encontramos o miombo mediano, com alturas entre 7 e 15 m; terminando nas zonas sudeste e leste, correspondendo as províncias das Lundas, Moxico, parte do Kuando Kubango e parte do Uíge, onde encontramos o miombo alto, com alturas entre 15 e 25 metros (IDF, 2011).

“Miombo” é a palavra swahili, falada na região central de África, usada para designar Brachystegia, um género que inclui um grande número de espécies. A característica mais notável reside na homogeneidade do seu elenco florístico, de reduzido número de espécies, e na constância do seu porte” (Grandvaux, 1970).

A bio-região do miombo pode ser um espaço contínuo ou descontínuo, em África, ocorre somente ao sul do equador. O miombo é o principal tipo florestal de Angola e ocupa aproximadamente 2/3 da superfície total, com a designação de “mata de panda” (Grandvaux, 1970).

Composição e estrutura

A composição florestal do miombo, é semelhante à das florestas xerófilas caducifólias, as espécies dominantes são a Brachystegia speciformis e Jubernardia spp, estas desenvolvem-se bem em solos profundos e bem drenados, podendo atingir 27 metros de altura em miombo densos (IDF, 2011).

A floresta do miombo, geralmente, pode apresentar 2 a 3 estratos. Os estratos inferiores, em geral compõem-se de uma mistura de arbustos, árvores em regeneração, árvores jovens oprimidas pelas copas das árvores maiores, gramíneas e espécies forrageiras. No miombo em zonas húmidas podemos observar fetos (IDF, 2011).

5.5 Utilidade

Segundo IDF (2011), o miombo e utilizado para diversos fins, destacando-se para o aproveitamento de lenha, construções rurais, fibras, produção de mel, produtos medicinais, etc.

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De acordo com alguns dados da FAO (2004).

 A principal causa do desmatamento no país é a pressão humana que provoca as queimadas, colecta de lenha e produção de carvão.

 Há vários estudos que indicam que as principais causas de desmatamento são a extracção ilegal e insustentável de madeira e com menor medida, as queimadas florestais.

 Para além dos incêndios naturais, estão aqui expressas algumas das muitas acções do homem que concorrem para a degradação da floresta de miombo.  Essas acções têm importantes impactos nos índices de sobrevivência das

sementes e das plantas mais jovens, já que o período entre as queimadas foi reduzido drasticamente.

 Além disso, o baixo índice de crescimento da floresta de miombo faz com que as plantas sejam incapazes de atingir um tamanho seguro antes da próxima queimada.

 O corte ilegal de madeira está portanto generalizado.  Cortam as árvores com tamanho menor do diâmetro legal.

 O fogo é um elemento frequente e importante no miombo, quer como factor ecológico, mas também como um instrumento de maneio. Porém, o seu impacto depende muito da época e a frequência com que ele ocorre, da quantidade de combustível existente na floresta na altura da sua ocorrência.

PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS NO MIOMBO

Podemos diferenciar cinco ecossistemas no Miombo: florestas secas, várias espécies de bosque (baikiaea, mopane, acacia), que cobrem indiscutivelmente a maior parte da área, a pastagem, as terras húmidas e os rios (massas de água). Recorde-se que no planalto

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central estão situadas as nascentes e bacias hidrográficas de alguns dos grandes rios de Angola, como Kubango, Kwanza, Queve, Cunene (MUA, 2006

PRINCIPAIS SISTEMAS DE AGRICULTURA NO MIOMBO Agricultura Itinerante

Baseada na derrubada e queima de formações vegetais nativas buscando com isso o aumento das dimensões das terras a serem cultivadas. Sua principal desvantagem é de causar o empobrecimento do solo, pois através das queimadas, os nutrientes presentes na terra serão consumidos. Este tipo de agricultura é característico de "terraços", camadas sulcadas pela actividade do agricultor ao longo de encostas férteis dos montes, que permitem reduzir a erosão e facilitam a absorção da água pelo solo maior quantidade. Se, desde tempos remotos tal forma de cultivo de alimentos foi a chave do desenvolvimento do indivíduo e um passo ao progresso da civilização, hoje, as questões em torno deste tipo de agricultura são diferentes e certamente mais complexas. Relaciona-se a esta a questão da preservação racional do solo utilizado, no que fica eternizado nas teorias conservacionistas como desenvolvimento sustentável, ou seja, a utilização racional e não danosa dos recursos naturais, permitindo que estes continuem disponíveis infinitamente. Ao mesmo tempo, ao lado das preocupações conservacionistas envolvendo este veículo de sobrevivência tão caro a muitos seres humanos está a questão da produção e aproveitamento racional do solo, que, ao invés de privilegiar géneros de maior lucratividade, irá propiciar a outros que se beneficiem por meio da troca, servindo assim a este tipo de agricultura como fonte segura de abastecimento alimentar de comunidades mais necessitadas.

No continente africano, especialmente nas regiões onde predomina uma vegetação arbustiva e em que os solos são pobres, as populações recorrem frequentemente a práticas de agricultura itinerante. Em Angola, à semelhança de outros países africanos, as populações locais tentam tirar o maior partido possível da terra sem grande aptidão agrícola. As populações depois de escolher o local para o cultivo, cortam as árvores e ateia fogo à floresta arbustiva circundante; esta técnica designada por queimada, e que dá nome a este tipo de agricultura, permite fertilizar os solos com as cinzas da vegetação. No entanto, esta fertilização é muito limitada no tempo já que os solos ficam cada vez mais estéreis e ganham uma cor ferruginosa; ao fim de dois ou três anos, o solo está completamente estéril. A falta de utilização de métodos e técnicas adequadas,

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