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Apoio Multicritério à Decisão no Processo de Seleção de Fornecedores

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ISSN 2179-5037

Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013

APOIO À TOMADA DE DECISÃO MULTICRITÉRIO AO PROCESSO DE SELEÇÃO DE FORNECEDORES DE UMA INDÚSTRIA DO RAMO DE TINTAS DO

RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

Renan Felinto de Farias Aires1 José Camelo Silveira Neto2 Camila Cristina Rodrigues Salgado3 Afrânio Galdino de Araújo4 Ciliana Regina Colombo5 RESUMO: O objetivo deste estudo é apoiar o processo de seleção de fornecedores de dióxido de titânio para uma grande indústria do ramo de tintas do Rio Grande do Norte – RN. O método empregado foi o ELECTRE II, em razão do atendimento das premissas requeridas do problema analisado. Para a realização do estudo de caso foram coletados e analisados dados de 13 empresas fornecedoras a partir de cinco critérios. O resultado do estudo é apresentado por meio de um ranking das alternativas estudadas.

Palavras-chave: seleção de fornecedores; multicritério; Método Electre.

Multicriteria decision aid in supplier selection process

ABSTRACT: The aim of this study is to support the process of selecting suppliers of titanium dioxide for an industry of paint sector of Rio Grande do Norte - RN. The method employed was the ELECTRE II, due to the attendance of the assumptions required of the analyzed problem. To conduct the case study were collected and analyzed data from 13 suppliers relative for five criteria. The results of the study are presented by means of a ranking the alternatives studied.

Keywords: supplier selection; multicriteria; Electre Method.

1

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - PPGA/UFRN. renanffa@hotmail.com

2

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - PPGA/UFRN. jcsneto20@hotmail.com

3

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - PEP/UFRN. adm.camilarodrigues@hotmail.com

4

Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - PPGA/UFRN. afranioga@gmail.com

5

Professora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - PEP/UFRN.cilianacolombo@gmail.com

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013

1 INTRODUÇÃO

A seleção de fornecedores representa uma das mais importantes funções a serem executadas pelos departamentos de compras das empresas (ARAZ; OZKARAHAN, 2007; KONG; ZHANG; LIU, 2008; BIRGÜN; CIHAN, 2010), e tem gerado grande interesse de pesquisadores. Por se tratar de um problema clássico de multiplicidade de critérios, tem sido alvo principalmente de pesquisadores de áreas como a de Pesquisa Operacional (PO) e de Análise de Decisão (AD). Um panorama disto pode ser visto no estudo de Ho, Xu e Dey (2010), que levou em consideração 78 artigos internacionais no período de tempo entre 2000-2008, e, mais recentemente, no estudo de Chai, Liu e Ngai (2013), em que foram coletados 123 artigos internacionais nas principais bases de dados acadêmicas (Science Direct, Emerald, Springer-Link Journals, IEEE Xplore, Academic Search Premier e World Scientific Net) no espaço de tempo de 2008-2012.

Esse grande interesse é justificado em grande parte pelo fato de que uma escolha correta de fornecedores pode ocasionar em, por exemplo, redução de custos e melhora no lucro (PITCHIPOO; VENKUMAR; RAJAKARUNAKARAN, 2012), além de, possivelmente, evitar uma deterioração financeira e de toda a cadeia de suprimentos (ARAZ; OZKARAHAN, 2007). Neste sentido, no setor de tintas, a seleção de fornecedores é um fator crucial, tendo em vista, principalmente, o grande volume de compra demandada e o preço de cada matéria-prima em questão. Partindo deste pressuposto, o objetivo deste estudo é apoiar o processo de seleção de fornecedores de matérias-primas de uma grande indústria do ramo de tintas do Rio Grande do Norte – RN. Especificamente, serão analisados os fornecedores de dióxido de titânio, por se tratar de uma das matérias-primas mais custosas para a elaboração de tintas.

Para tanto, será utilizado o método ELECTRE II, tendo em vista a finalidade do estudo de apresentar os resultados através de um ranking e as informações utilizadas, que neste caso são reais, obtidas diretamente junto aos fornecedores por meio da empresa estudada. Além disso, foi constatado, através da análise dos estudos já supracitados de Ho, Xu e Dey (2010) e Chai, Liu e Ngai (2013), que são poucos os trabalhos que fazem uso deste método, sendo encontrados apenas quatro dos 201 artigos analisados nestes estudos. Assim, este artigo está

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estruturado da seguinte forma: em primeiro lugar discute os aspectos relacionados à problemática da seleção de fornecedores; em seguida faz considerações acerca do Apoio Multicritério a Decisão (AMD) e do Método ELECTRE II; depois apresenta o estudo de caso; e, finalmente, tece a conclusão do estudo, demonstrando que seu objetivo foi alcançado de forma satisfatória.

2 SELEÇÃO DE FORNECEDORES

No ambiente competitivo atual, caracterizado por pequenas margens de lucro, alta expectativa por produtos de qualidade e prazos de entrega curtos, é preciso que as empresas considerem todas as dimensões que envolvem a sua cadeia de abastecimento, desde a entrega do produto, qualidade e flexibilidade até o tempo de resposta, visto que estas são forçadas a tirar vantagem de qualquer oportunidade de otimizarem seus processos de negócio (KONG; ZHANG; LIU, 2008; YAYLA; YILDIZ; ÖZBEK, 2012).

Neste sentido, visando a redução de custos de compra e a melhora da qualidade de produtos e serviços, entre outros, as empresas dão grande atenção para a seleção de fornecedores (OZKOK; TIRYAKI, 2011). Através de uma correta seleção de fornecedores é possível reduzir custos, melhorar o lucro global e a competitividade, e aumentar a satisfação do cliente (PITCHIPOO; VENKUMAR; RAJAKARUNAKARAN, 2012). Além disso, com uma correta escolha, evita-se uma possível deterioração financeira e de toda a cadeia de suprimentos (ARAZ; OZKARAHAN, 2007), tendo em vista que há cada vez mais uma dependência da organização para com seus fornecedores, e uma má tomada de decisão tornar-se-ia ainda mais grave (DE BOER; LABRO; MORLACCHI, 2001).

Logo, no contexto da gestão da cadeia de suprimentos, a seleção de fornecedores representa uma das mais importantes funções a serem executadas pelos departamentos de compras (ARAZ; OZKARAHAN, 2007; KONG; ZHANG; LIU, 2008; BIRGÜN; CIHAN, 2010), desempenhando um papel fundamental na cadeia de abastecimento e influenciando os compromissos de longo prazo e o desempenho da empresa (OZKOK; TIRYAKI, 2011; YAYLA; YILDIZ; ÖZBEK, 2012).

Geralmente, neste processo de seleção, as empresas classificam seus fornecedores em relação a vários critérios ou fatores conflitantes (KESKIN; ILHAN;

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OZKAN, 2010; BIRGÜN; CIHAN, 2010), sejam eles qualitativos e/ou quantitativos (PITCHIPOO; VENKUMAR; RAJAKARUNAKARAN, 2012). Devido a esta natureza de multiplicidade de critérios, um método de classificação multicritério pode ser uma eficiente ferramenta para a classificação, comparação e identificação do desempenho dos fornecedores (ARAZ; OZKARAHAN, 2007), tentando principalmente responder o principal problema em questão, qual seja: qual fornecedor deve ser escolhido? (OZKOK; TIRYAKI, 2011).

Por conta disto, nos últimos anos a temática da seleção de fornecedores com a utilização de métodos multicritérios ganhou grande importância, sendo tratada tanto por pesquisadores acadêmicos como também por profissionais de negócios (OZKOK; TIRYAKI, 2011). Sobre isto, podem-se citar três grandes estudos de revisão de literatura, quais sejam: o estudo de De Boer, Van der Wegen e Telgen (1998), que fez uma revisão dos métodos de sobreclassificação como suporte para a seleção de fornecedores; o segundo, de Ho, Xu e Dey (2010), que fez uma revisão de literatura mais ampla que a anterior, considerando em sua análise todas as abordagens de decisão multicritério e não apenas as de sobreclassificação, utilizando-se de 78 artigos de revistas internacionais no período de tempo de 2000-2008; e o terceiro e mais recente, de Chai, Liu e Ngai (2013), que partiram do mesmo princípio do estudo de Ho, Xu e Dey (2010), mas levando em consideração o período de tempo de 2008 a 2012.

Sobre o último, especificamente, em que foram analisados 123 artigos internacionais, pode-se dizer que foi o único que identificou a utilização de algum dos Métodos da família ELECTRE, método utilizado neste estudo e descrito na seção 3, como apoio a decisão de seleção de fornecedores. No total, o estudo identificou apenas quatro estudos com essa abordagem, todos desenvolvidos nos últimos cinco anos, quais sejam: Montazer, Saremi e Ramezani (2009); Sevkli (2010); Vahdani, Jabbari, Roshanaei e Zandieh (2010); e Liu e Zhang (2011).

3 APOIO MULTICRITÉRIO A DECISÃO (AMD) E O MÉTODO ELECTRE II

O apoio multicritério à decisão tem como princípio buscar o estabelecimento de uma relação de preferências entre as alternativas, em face de vários critérios no processo decisório, atuando como uma ferramenta que possibilita a resolução de um

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problema com segurança e redução da possibilidade de erro (BELTON; STERWART, 2002). Nesta perspectiva, existe um vasto número de ferramentas disponíveis, e a escolha da mais adequada deve considerar, entre outros fatores, a característica de compensação que pode existir entre os critérios da situação problemática estudada. Sobre isso, os métodos multicritérios tradicionalmente são classificados quanto a sua característica de compensação em dois grupos: os métodos compensatórios e os não compensatórios.

No grupo dos métodos compensatórios, tem-se uma ideia de compensar um menor desempenho de uma alternativa em um dado critério por meio de um melhor desempenho em outro critério (ALMEIDA, 2011), enquanto que no grupo dos métodos não compensatórios há uma requisição por uma informação intercritério correspondente à importância relativa entre os critérios, evitando o favorecimento de ações que possuem um excelente desempenho em um critério, mas que sejam fracas nos demais (ALMEIDA; COSTA, 2003). Neste grupo, os métodos das famílias PROMETHEE e ELECTRE são os mais utilizados, sendo o grupo ELECTRE utilizado como um procedimento para redução do conjunto de alternativas explorando o conceito de dominância (SOARES DE MELLO et al., 2005).

Sobre o ELECTRE II especificamente, tem-se que é um método específico para problemas de ordenação, baseado em critérios verdadeiros (GOMES; GOMES, 2012) e utiliza os conceitos de concordância e discordância para construir as relações de sobreclassificação forte e fraca, em um conjunto de alternativas. Logo, dada uma alternativa Aa e uma alternativa Ab, diz-se que Aa sobreclassifica Ab (AaSAb) se há argumentos suficientes em relação aos critérios de avaliação sobre estes dois elementos para decidir se Aa é, ao menos, tão boa quanto Ab. Em outras palavras, se AaSAb, significa que “Aa” não tem um desempenho inferior ao definido pelo limite de “Ab”, ao passo que se AbSAa, significa que o limite “Ab” não tem um desempenho inferior ao da alternativa “Aa”.

Para isso, são utilizados os conceitos de matriz de concordância e de discordância para ordenar o conjunto de alternativas, em que o primeiro mede a vantagem relativa de cada alternativa sobre todas as outras e o segundo mede a relativa desvantagem. Para que seja feita a análise dessas matrizes, são definidos valores de referência p e q, pertencentes ao intervalo de variação entre 0 e 1, em que os valores de concordância desejada deverão ser superiores ou iguais a p e que

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q definirá a máxima discordância tolerável. A partir das matrizes obtidas, é realizado o procedimento de ordenação, composto por dois estágios de pré-ordenação, geralmente chamados de sobreclassificação forte e fraca.

A partir destas duas pré-ordenações obtidas, cabe ao agente de decisão a escolha entre realizar uma média entre elas, que resultará na ordenação final, ou caso contrário, redefinir o problema e reaplicar o método (MIRANDA; ALMEIDA, 2004; CHAVES et al., 2010; PINTO JUNIOR; SOARES DE MELLO, 2013).

4 ESTUDO DE CASO

Como já citado, o objetivo deste estudo é apoiar o processo de seleção de fornecedores de matérias-primas, especificamente de fornecedores de dióxido de titânio, de uma grande indústria do ramo de tintas do Rio Grande do Norte – RN. Para isso, primeiramente, foram definidos os critérios de avaliação dos fornecedores a partir de um brainstorming com três diretores da empresa estudada, relacionados à área de qualidade, finanças e de produção, além do diretor presidente, que também participou da reunião. Com isso, os critérios utilizados neste estudo, assim como sua descrição e função são descritos na Tabela 1.

Tabela 1 - Critérios Utilizados

Critério Descrição Tipo de Função do

Objetivo

C1 – Qualidade Qualidade do Produto Maximização

C2 - Prazo de

Pagamento Prazo médio (em dias) para o pagamento do produto Maximização

C3 – Custo Custo de Aquisição do Produto (por kg) Minimização

C4 – Imposto Alíquota do Imposto ICMS cobrado Minimização

C5 – Frete Custo do frete (por kg) Minimização

Fonte: Elaboração Própria (2013)

Em seguida, ainda na reunião de brainstorming com os diretores da empresa, foi pedido para que estes opinassem em relação à importância relativa de cada um dos critérios, para a determinação dos pesos que foram utilizados neste estudo. Neste sentido, os pesos finais de cada um dos critérios, além da discriminação dos pesos dados por cada diretor, estão descritos na Tabela 2. Como alternativas, foi realizado pelos autores, juntamente com os representantes da empresa, um levantamento dos valores para cada um dos critérios estudados de 13

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empresas fornecedoras (Tabela 3), que por razões de confidencialidade não terão seus nomes revelados.

Tabela 2 - Peso dos Critérios

Critério Diretor de Finanças

Diretor de

Qualidade Diretor Presidente

Diretor de

Produção Peso Final

C1 0,30 0,50 0,40 0,40 0,4 C2 0,15 0,08 0,05 0,15 0,1075 C3 0,35 0,25 0,30 0,30 0,3 C4 0,10 0,08 0,15 0,07 0,1 C5 0,10 0,09 0,10 0,08 0,0925 Soma 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0

Fonte: Elaboração Própria (2013)

Tabela 3 - Valores das Alternativas

Alternativa Critérios C1 C2 C3 C4 C5 A1 0,5 28,0 7,63 0,12 0,18 A2 1,0 34,67 12,05 0,12 0,0 A3 1,0 34,67 11,85 0,07 0,58 A4 0,0 34,67 10,44 0,07 0,58 A5 0,0 40,25 11,45 0,12 0,0 A6 0,0 38,5 5,95 0,07 0,56 A7 0,0 35,0 7,33 0,07 0,56 A8 1,0 40,0 8,68 0,07 0,57 A9 1,0 38,5 10,2 0,07 0,57 A10 1,0 38,5 10,2 0,12 0,57 A11 0,0 40,0 6,47 0,07 0,56 A12 1,0 28,0 11,25 0,12 0,2 A13 0,5 34,7 6,65 0,07 0,56

Fonte: Elaboração Própria (2013)

Vale salientar que, no critério “C1 – Qualidade”, foi realizada uma translação de escalas de valores nominais para numéricos (Tabela 4), levando em consideração a própria classificação do mercado dos representantes da empresa, e no critério “C2 – Prazo de Pagamento”, foi feita uma média entre os prazos de pagamentos dos fornecedores (Tabela 5), já que elas trabalham com pagamentos parcelados. Com base no tipo de função objetivo de cada critério apresentado na Tabela 1 e a partir dos valores das alternativas da Tabela 3, foi realizada uma conversão de maximização para os três critérios (C3 – Custo; C4 – Imposto; C5 – Frete) de função minimização, resultando na Tabela 6. Para isso, foi utilizada a Fórmula 1.

( − á )

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Tabela 4 - Translação de Escalas do Critério C1

Escala Verbal Escala Numérica

A 1,0

B 0,5

C 0,0

Fonte: Elaboração Própria (2013)

Tabela 5 - Média de Prazos de Pagamentos dos Fornecedores

Fornecedor Prazo de Pagamento Média

A1 21/28/35 28 A2 28/35/42 34,67 A3 28/35/42 34,67 A4 28/35/42 34,67 A5 28/35/42/56 40,25 A6 28/35/42/49 38,50 A7 35 35 A8 30/40/50 40 A9 28/35/42/49 38,50 A10 28/35/42/49 38,50 A11 30/40/50 40 A12 21/28/35 28 A13 28/35/42 34,67

Fonte: Elaboração Própria (2013)

Tabela 6 - Conversão para Maximização

Alternativa Critérios C3 C4 C5 A1 0,725 0,0 0,690 A2 0,0 0,0 1,0 A3 0,033 1,0 0,0 A4 0,264 1,0 0,0 A5 0,098 0,0 1,0 A6 1,0 1,0 0,034 A7 0,774 1,0 0,340 A8 0,552 1,0 0,017 A9 0,303 1,0 0,017 A10 0,303 0,0 0,017 A11 0,915 1,0 0,034 A12 0,131 0,0 0,655 A13 0,885 1,0 0,034

Fonte: Elaboração Própria (2013)

Feito isto, a partir dos valores das alternativas para os critérios C1 e C2 da Tabela 3 e dos valores das alternativas para os critérios C3, C4 e C5, foi realizada a normalização dos valores, utilizando-se para isso a divisão do valor de cada alternativa em cada critério pela soma de cada alternativa em cada critério. Os valores normalizados são apresentados na Tabela 7. Após a normalização, é realizado, em primeiro lugar, o cálculo dos índices de concordância em que é feita uma análise de superação das alternativas duas a duas, somando os valores de

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pesos dos critérios quando a primeira alternativa supera a segunda e não somando os valores em caso contrário. A partir dos resultados obtidos com este procedimento, é apresentada a matriz de concordância (Tabela 8). Em seguida, os índices de discordância são calculados a partir da Fórmula 2.

, =

∈ , á . − (2)

: = á . , ∈ á . − , = 1, … , .

Tabela 7 - Valores Normalizados

Alternativa Critérios C1 C2 C3 C4 C5 A1 0,071 0,06 0,121 0,0 0,18 A2 0,143 0,074 0,0 0,0 0,261 A3 0,143 0,074 0,006 0,125 0,0 A4 0,0 0,074 0,044 0,125 0,0 A5 0,0 0,086 0,016 0,0 0,261 A6 0,0 0,083 0,167 0,125 0,009 A7 0,0 0,075 0,129 0,125 0,089 A8 0,143 0,086 0,092 0,125 0,004 A9 0,143 0,083 0,051 0,125 0,004 A10 0,143 0,083 0,051 0,0 0,004 A11 0,0 0,086 0,153 0,125 0,009 A12 0,143 0,06 0,022 0,0 0,171 A13 0,071 0,074 0,148 0,125 0,009

Fonte: Elaboração Própria (2013)

Tabela 8 - Matriz de Concordância

A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13

A1 0,3 0,393 0,793 0,7 0,493 0,493 0,393 0,393 0,393 0,493 0,393 0,093 A2 0,600 0,093 0,493 0,4 0,493 0,493 0,093 0,093 0,093 0,493 0,2 0,493 A3 0,608 0,4 0,400 0,500 0,4 0,4 0,0 0,0 0,1 0,4 0,208 0,4 A4 0,208 0,4 0,3 0,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,508 0,0 A5 0,2 0,408 0,5 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 A6 0,508 0,508 0,5 0,5 0,4 0,408 0,393 0,393 0,493 0,3 0,508 0,408 A7 0,508 0,508 0,5 0,5 0,4 0,093 0,393 0,393 0,493 0,093 0,508 0,2 A8 0,608 0,508 0,5 0,9 0,8 0,508 0,508 0,408 0,508 0,4 0,508 0,508 A9 0,608 0,508 0,5 0,9 0,8 0,4 0,508 0,0 0,1 0,4 0,508 0,508 A10 0,508 0,408 0,5 0,9 0,7 0,4 0,508 0,0 0,0 0,4 0,408 0,508 A11 0,508 0,508 0,5 0,5 0,4 0,108 0,408 0,393 0,5 0,6 0,508 0,408 A12 0,4 0,3 0,393 0,493 0,7 0,493 0,493 0,093 0,093 0,093 0,493 0,493 A13 0,508 0,4 0,393 0,793 0,8 0,4 0,7 0,393 0,393 0,493 0,4 0,508

Fonte: Elaboração Própria (2013)

Com os índices de discordância calculados a partir da fórmula supracitada é realizada a matriz de discordância (Tabela 9). Tendo em vista os limiares definidos e apresentados na Tabela 10, para que ocorra uma sobreclassificação forte, os índices de concordância par a par devem ser maiores ou iguais ao índice C1 e os

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índices de discordância par a par devem ser inferiores ou iguais ao índice D1; e para a sobreclassificação fraca, os índices de concordância par a par devem ser maiores ou iguais ao índice C2 e os índices de discordância par a par inferiores ou iguais ao índice D2. Com a realização dessas análises, são gerados os grafos das matrizes de sobreclassificação forte (Figura 1) e fraca (Figura 2).

Tabela 9 - Matriz de Discordância

A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13

A1 0,31 0,48 0,48 0,31 0,48 0,48 0,48 0,48 0,274 0,48 0,274 0,48 A2 0,465 0,48 0,48 0,063 0,641 0,497 0,48 0,48 0,194 0,587 0,084 0,568 A3 0,69 1,0 0,148 1,0 0,62 0,475 0,333 0,173 0,173 0,566 0,655 0,547 A4 0,69 1,0 0,548 1,0 0,472 0,340 0,548 0,548 0,548 0,418 0,655 0,398 A5 0,402 0,548 0,548 0,48 0,579 0,48 0,548 0,548 0,548 0,524 0,548 0,505 A6 0,656 0,966 0,548 0,0 0,966 0,306 0,548 0,548 0,548 0,012 0,621 0,35 A7 0,35 0,66 0,548 0,0 0,660 0,145 0,548 0,548 0,548 0,09 0,548 0,274 A8 0,673 0,983 0,0 0,0 0,983 0,287 0,323 0,0 0,0 0,017 0,638 0,017 A9 0,673 0,983 0,0 0,0 0,983 0,447 0,323 0,16 0,0 0,393 0,638 0,373 A10 0,673 0,983 0,48 0,48 0,983 0,48 0,48 0,48 0,48 0,48 0,638 0,48 A11 0,656 0,966 0,548 0,0 0,966 0,055 0,306 0,548 0,548 0,548 0,621 0,274 A12 0,381 0,345 0,48 0,48 0,345 0,557 0,48 0,48 0,48 0,11 0,503 0,484 A13 0,656 0,966 0,274 0,0 0,966 0,074 0,306 0,274 0,274 0,274 0,044 0,621 Fonte: Elaboração Própria (2013)

Tabela 10 - Limiares de Concordância e Discordância

Limiares de Concordância Limiares de Discordância

C1 C2 D1 D2

0,7 0,6 0,3 0,4

Fonte: Elaboração Própria (2013)

Figura 1 - Grafo de Sobreclassificação Forte

Fonte: Elaboração Própria (2013)

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 Fonte: Elaboração Própria (2013)

Finalmente, para a definição do ranking final do estudo, foi realizado o método de concordância e discordância pura. Este método gera dois rankings. O primeiro calcula a diferença entre a soma da linha de uma alternativa menos a soma da coluna da mesma alternativa a partir da matriz de concordância, fazendo o mesmo procedimento para as demais alternativas, gerando o primeiro ranking, em que a ordenação é do valor maior para o menor. O segundo calcula a diferença entre a soma da linha de uma alternativa menos a soma da coluna da mesma alternativa a partir da matriz de discordância, fazendo o mesmo procedimento para as demais alternativas, gerando o segundo ranking, em que, diferentemente do ranking anterior, a ordenação é feita do valor menor para o maior. Por fim, gera-se o ranking final a partir das médias das posições encontradas nos dois rankings criados. A Tabela 11 apresenta todos os rankings supracitados.

Tabela 11 - Rankings Parciais e Final

Alternativa Ranking Final Concordância Pura Ranking Parcial Discordância Pura Ranking Parcial A9 3,5 -0,542 1 -1,957 6 A8 4,5 -1,219 5 -4,691 4 A13 5 -1,256 3 1,446 7 A2 5,5 -5,456 10 4,617 1 A1 6 -4,192 9 -2,967 3 A12 6 1,331 7 1,232 5 A5 7 -0,53 12 0,123 2 A10 7 1,545 2 -1,506 12 A6 7,5 2,874 6 -0,134 9 A11 7,5 1,974 4 3,352 11 A7 8 1,675 8 1,922 8 A3 10,5 -0,528 11 -1,416 10 A4 13 1,962 13 -0,021 13

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Com isso, chega-se ao seguinte resultado: a alternativa A9 é considerada a melhor opção para o fornecimento do dióxido de titânio para a empresa estudada, seguida das alternativas A8, A13 e A2. Além disso, foram constatados três casos em que as alternativas obtiveram um empate no ranking, como o caso das alternativas A1 e A12, por exemplo. Portanto, pode-se inferir que os resultados apresentados neste estudo apoiam de forma detalhada o processo de seleção de fornecedores.

4.1 Análise de Sensibilidade

No método ELECTRE II é recomendável variar os limiares de concordância e discordância para verificar o comportamento do modelo quanto a tais variações. Por conta disso, foi realizada uma análise com a diminuição do limiar de concordância fraca de 0,6 para 0,5, o que equivale a menor exigência para o índice de concordância, e manteve-se o limiar de discordância fraca em 0,4. Com esta análise foram obtidas algumas variações em termos de sobreclassificações das alternativas estudadas, que são apresentadas na Figura 3. Logo, com a análise de sensibilidade, 14 novas sobreclassificações ocorreram, o que demonstra a grande importância deste tipo de análise. Vale salientar que não foi feita uma diminuição dos limiares de concordância e discordância fortes, pois culminaria nos atuais limiares de concordância e discordância fracas, sendo inútil tal análise.

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5 CONCLUSÃO

Este artigo demonstrou que o método multicritério ELECTRE II pode ser uma excelente ferramenta para apoiar o processo de seleção de fornecedores para empresas do ramo de tintas. A partir deste método, indicado para a problemática de ordenação, foi possível obter um ranking das alternativas de solução, permitindo uma análise de forma mais criteriosa do processo de escolha da melhor empresa fornecedora de dióxido de titânio, contribuindo para a melhoria de tomada de decisão pelos gestores.

Dessa forma, os resultados mostraram que a alternativa A9 é considerada a melhor fornecedora, levando em consideração os cinco critérios utilizados no estudo e as opiniões do decisores da empresa estudada. Além disso, foram constatados três casos em que as alternativas obtiveram um empate no ranking, o que demonstra a complexidade da escolha de fornecedores e enfatizando a importância de um modelo multicriterial para uma correta seleção. Portanto, os resultados obtidos foram considerados satisfatórios e a análise de sensibilidade realizada ratificou a robustez dos resultados. Finalmente, a continuidade deste trabalho inclui o aprimoramento do estudo para que se possa tratar um número maior de

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alternativas e de critérios, assim como realizar tal análise em outros setores, segmentos de mercado ou países.

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Recebido em 10/07/2013. Aceito em 05/10/2013.

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Tabela 2 - Peso dos Critérios
Tabela 5 - Média de Prazos de Pagamentos dos Fornecedores
Tabela 8 - Matriz de Concordância
Tabela 11 - Rankings Parciais e Final

Referências

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