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XIX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HIDRÍCOS PROPOSIÇÃO DE MUDANÇA DE VAZÃO DE REFERÊNCIA PARA A OUTORGA DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS NO ESPÍRITO SANTO

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XIX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HIDRÍCOS

PROPOSIÇÃO DE MUDANÇA DE VAZÃO DE REFERÊNCIA PARA A

OUTORGA DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS NO ESPÍRITO SANTO

André Luiz Sefione 1; Karina Luna Moura 2 & Ludimila Marvila Girondoli 3

RESUMO – A Companhia Espírito Santense de Saneamento tinha dificuldade em atender a

legislação ambiental referente à outorga de direito de uso de recursos hídricos. A vazão de referência adotada para quase todas as regiões hidrográficas do estado, no caso a Q7,10, estava se

mostrando restritiva uma vez que as vazões máximas disponíveis para outorga estavam consideravelmente baixas. Em consequência disso, cada vez mais, as solicitações de outorga para captação e lançamento de efluente eram indeferidas por “indisponibilidade hídrica”. O presente estudo analisou essa situação e forneceu subsídios técnicos para sensibilizar o órgão outorgante sobre a necessidade de se reavaliar o uso da Q7,10 e de buscar outra vazão de referência, de

preferência vazões de permanência, a exemplo dos órgãos ambientais de outros estados e da própria Agência Nacional de Águas. Foi então proposta a Q90.

ABSTRACT - Espirito Santo's Water Service Company was facing difficulties to meet water use

regulations. The reference flow considered on most part of the river basins (Q7,10) was proving to be

restrictive once the maximum flows available for use in each river were in levels considerable low. As a result, the number of water use requests denied grounded on "water unavailability" was growing. The present work examined this situation and provided technical inputs for changing the methodology used by the local environmental protection agency to estimate the reference flow. It was then proposed the use of Q90.

PALAVRAS-CHAVE – Outorga, Vazão de referência.

INTRODUÇÃO

O gerenciamento de recursos hídricos visa solucionar conflitos resultantesdos usos da água, advindos do crescimento econômico e populacional, bem como assegurar que a água se mantenha com oferta adequada e preserve as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas.

A Lei Federal 9.433/97 instituiu a outorga de direito de uso como um instrumento para o gerenciamento dos recursos hídricos, cujo objetivo é “assegurar o controle quantitativo e

qualitativo dos usos e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água”.

Com base na Lei Federal, o estado do Espírito Santo instituiu o instrumento outorga de direito de uso através da Política Estadual de Recursos Hídricos, regulamentada pela Lei 5.818/98. O Instituto Estadual do Meio Ambiente – IEMA, órgão outorgante estadual, através de Instruções

Companhia Espírito Santense de Saneamento - CESAN: Av. Governador Bley, 186, 3º andar, Centro, Vitória - ES, CEP: 29.010-150,

1 (27) 2127-50651, andre.sefione@cesan.com.br 2 (27) 2127-5061, karina.luna@cesan.com.br 3 (27) 2127-5061, ludimila.girondoli@cesan.com.br

(2)

Normativas, estabeleceu que os usos de recursos hídricos para captação e para lançamento de efluentes necessitam de outorga.

Nas Instruções Normativas foi definida a Q7,10 como vazão de referência no Estado, exceto

para os corpos d’água contidos nas regiões hidrográficas do Rio Itaúnas e São Mateus, na bacia hidrográfica do Rio Barra Seca e cursos de água intermitentes, nos quais utilizavam como vazão de referência a Q90. Foi estabelecido também que a vazão máxima disponível para outorga se restringe

a 50% da vazão de referência e nenhum usuário receberá outorga superior a 25% desta vazão para um mesmo uso, salvo os casos tecnicamente justificados pelo IEMA.

A CESAN, Companhia Espírito Santense de Saneamento, maior concessionária de saneamento básico do Espírito Santo, atendendo 52 dos 78 municípios do estado, encontrou dificuldades para atendimento da legislação ambiental referente à outorga de direito de uso, devido à restritividade da vazão de referência utilizada pelo órgão ambiental na análise dos processos de outorga.

Neste contexto, este trabalho teve como objetivo fornecer elementos técnicos de forma a subsidiar e sensibilizar o órgão ambiental outorgante para a necessidade de se reavaliar uso da Q7,10

e de buscar outra vazão de referência, de preferência vazões de permanência, para ser utilizada como critério de disponibilidade hídrica na análise dos processos de outorga.

MATERIAIS E MÉTODOS

Vários autores que estudam o tema da vazão de referência para outorga consideram as vazões de permanência mais adequadas do que a Q7,10. Nos itens a seguir, busca-se argumentar a

favor dessa idéia em termos conceituais: Defesa em Conceitos, com base na revisão bibliográfica realizada sobre o tema, e em termos práticos: Defesa em Números, com base em dados das estações fluviométricas do estado.

Defesa em Conceitos

A definição de critérios para a outorga dos direitos de uso da água passa, inicialmente, pela adoção de um valor de referência, que indicará o limite superior de utilização do curso d’água – vazão máxima outorgável (Pereira e Lanna,1996).

Normalmente, são utilizadas como vazão de referência a vazão mínima Q7,10 ou as vazões de

permanência Q90 ou Q95. Definida essa vazão de referência, um percentual desta é objeto de outorga

e se supõe que o restante seja destinada à vazão ecológica, a ser mantida no leito do rio para proteção do ecossistema. 1 0 , .   kQ sendo k Qoutorgável REF (1)

(3)

Onde: Qoutorgável é a vazão outorgável, ké o fator multiplicativo e QREFa vazão de referência

adotada.

A Q7,10 é uma vazão de referência associada a uma situação crítica do manancial, geralmente

caracterizada pela média histórica das vazões mínimas de 7 dias de duração com período de retorno de 10 anos. Já as vazões de permanência são obtidas por curvas de duração, também chamadas curvas de permanência, que relacionam a vazão com a porcentagem do tempo em que ela é igualada ou superada.

Segundo Mendes (2007), os estados, tanto os que adotam a vazão Q7,10 como referencial,

quanto os que adotam as vazões de permanência como base para a vazão outorgável, não apresentam em suas leis as justificativas que levaram à escolha de tais vazões, nem dos respectivos percentis, evidenciando ser este um critério essencialmente prático que não considera as especificidades naturais, sociais e econômicas de cada bacia hidrográfica.

No primeiro semestre de 2009, foram pesquisadas as legislações referentes à outorga em todos os estados da União, no Distrito Federal e na Agência Nacional da Água. A Figura 1 e a Tabela 1 apresentam o panorama das vazões de referências utilizadas para outorga no Brasil.

Figura 1 – Vazão de referência adotada em cada instituição outorgante do Brasil em 2009.

Observa-se que das 24 instituições outorgantes do Brasil (22 Estados, o Distrito Federal e a Agência Nacional da Água), que utilizam vazões de referência para a outorga de uso dos recursos hídricos, 18 adotam vazões de permanência, ou seja, Q90, Q95 ou Q98, representando 75% dos

(4)

Tabela 1 – Panorama das vazões de referência das outorgas de uso dos recursos hídricos nos estados do Brasil.

Reg

o

Estados Instrumentos Legais Órgão

Consultado Vazão de Referência

NO

RT

E

Amazonas Lei N° 2.712/2001 (vazões não

regulamentadas) IPAAM Outorga não implantada

Acre Lei N° 1500/2003 IMAC Outorga não implantada

Roraima (1) Lei N° 547/23 de 2006 e Decreto N° 8123-E

de 2007 FEMACT

"Q7,10 ou Q90" e até 90% da

Q7,10 para abastecimento.

Rondônia (2) Lei N° 255/2002 e Decreto N° 10.114/2002 SEDAM-RO 30% da Q95

Pará (3) Resolução CERH N.° 003/08 e Decreto N°

1.367/08 (vazões não regulamentadas) SEMA-PA 70% da Q95

Tocantins Decreto N° 2.432/2005 NATURATINS

75% da Q90 por bacia | 25%

individual | 75% da Q90

barragens

Amapá (4) Lei N° 686/2002 IMAP Outorga não implantada

CE NT RO -O E ST E

Mato Grosso Decreto N° 336/2007 - Resolução N°

12/2007 SEMA-MT

70% da Q95 | 20% da Q95 para

uso individual Mato Grosso

do Sul Lei N° 2.406/2002 IMASUL Outorga não implantada

Goiás

Resolução N° 09/04 e N° 11/07 (altera parag. 1º do Art 12 da Resol. N° 09/04 - 70 para

50% da Q95).

SEMARH-GO 50% da Q95

Distrito Federal

Decreto N° 22 359/01 (Resolução ADASA

N° 350/06 Art.7°) ADASA-DF

90% da Q7,10, Q90 ou Qmédia

mínima mensal p/

abastecimento (80% da Q7,10,

Q90 ou Qmédia mínima mensal) -

20% para uso individual

NO

RDES

T

E

Maranhão (5) Não foi regulamentado SEMA 80% da Q95 | 20% individual

Ceará Decreto N° 23.067/04 SRH-CE 90% da Q90

Rio Grande do

Norte Lei N° 6.908-96 e Decreto N° 13.283/97 SEMARH-RG 90% da Q90

Paraíba Decreto N° 19.260/1997 AAGISA-PB

90% da Q90. Em lagos

territoriais, o limite outorgável é reduzido a 1/3

Pernambuco (6) Lei N° 12.984 / 2005 SRH-PE

Q90 é utilizada como referência,

sendo o valor outorgado definido a partir de estudo de disponibilidade hídrica da bacia

Alagoas Decreto N° 06 de 23 de janeiro de 2001 -

Art.12° SEMARH-AL 90% da Q90

Sergipe Decreto N° 18.456/1999

SEPLANTEC-SE

100% da Q90 e 30% da Q90 para

cada usuário individual

Piauí (7) Decreto N° 11.341/2004 SEMAR-PI 50% da Q90 | 50% da Qpoço

Bahia Decreto N° 6.296/97; IN 01/07; Decreto N°

10.255/07 SRH-BA

80 até 95% Q90 para

abastecimento. 20% para cada usuário individual

(5)

Tabela 1 – Panorama das vazões de referência das outorgas de uso dos recursos hídricos nos estados do Brasil (Continuação).

Reg

o

Estados Instrumentos Legais Órgão

Consultado Vazão de Referência

SUDE

ST

E

Minas Gerais Portaria IGAM N° 10/98 e N° 07/99 IGAM-MG

30% da Q7,10 (para barramento,

deve ser mantido em todo o

tempo residual de 70% da Q7,10)

Espírito Santo Resolução CERH 05/05 e IN N°

19/2005_IEMA IEMA-ES 50% da Q7,10

São Paulo (8) Decreto N° 41.258/1996 (reg. Outorga)

alterado pelo Decreto N° 50.667/2006 DAAE-SP

50% da Q7,10 por bacia | 20%

individual.

Rio de Janeiro Portaria SERLA N° 307/02 | Portaria SERLA

N° 567/2007 SERLA-RJ 50% da Q7,10

SUL

Rio Grande do Sul

Lei N° 10 350 (não cita vazão referência) e Decreto N° 37 033/06 (não cita vazão

referência)

SEMA-RS Para as bacias: Sinos, Sta Maria

e Gravataí 90% da Q90

Paraná (9) Decreto N° 4.646/01

SUDERHSA-PR 50% da Q95

Santa Catarina Lei N° 9.748/94 (vazões não

regulamentadas), Portaria SDS Nº 36/2008 SDS

50% da Q98 | 20% individual,

podendo ser excedido para abastecimento público F E DE RAL ANA (10) Lei N° 9.984/00 Agência Nacional de Águas (ANA) 70% da Q95, podendo variar em

função das peculiaridades de cada região. 20% para cada

usuário individual Roraima (1): As vazões da referência utilizadas pela instituição outorgante constam em legislação (Decreto 8123-E/2007), porém não são utilizadas como referência pela FEMACT. As outorgas são emitidas sem critério definido. Rondônia (2): As vazões de referência utilizadas pela instituição outorgante não constam em legislação.

Pará (3): As vazões de referência utilizadas pela instituição outorgante não constam em legislação (decisão interna). Amapá (4): No presente momento o IMAP emite uma Declaração autorizando o uso do recurso hídrico, que objetiva a sensibilização e o cadastramento dos usuários.

Maranhão (5): As vazões da referência utilizadas pela instituição outorgante não constam em legislação sendo acordado entre os técnicos da ANA. No presente momento é emitida uma Autorização de Uso de Água, que objetiva a sensibilização e o cadastramento dos usuários.

Pernambuco (6): As vazões da referência utilizadas pela instituição outorgante não constam em legislação sendo acordado entre os técnicos da ANA.

Piauí (7): Não foi encontrada a legislação referente à regulamentação da outorga. As informações contidas provêm da SEMAR-PI.

São Paulo (8): As vazões de referência utilizadas pela instituição outorgante não constam em legislação.

Paraná (9): As vazões da referência utilizadas pela instituição outorgante não constam em legislação, mas constam no Manual de Outorga publicado pela mesma.

ANA (10): As vazões da referência utilizadas pela instituição outorgante não constam em legislação.

Observa-se, através da Tabela 1, que apenas o estado de Minas Gerais possui uma vazão de referência mais restritiva do que a do Espírito Santo: são 30% da Q7,10 naquele estado, contra 50%

da Q7,10, como vazão máxima outorgável.

Conforme descreve Ono (2006) citado por Mendes (2007), a utilização da Q7,10 originou-se na

caracterização do potencial de abastecimento de um curso d’água para suprimento das demandas de uma localidade. Fixou-se a duração de 7 dias para análise por ser este um intervalo de tempo que leva em conta as variações de consumo dos dias úteis e dos finais de semana, o que possibilitaria a operação dos reservatórios absorver o impacto das variações intra-semanais. O período de retorno

(6)

de 10 anos foi escolhido por ser considerado um risco adequado à localidade de estudo, ou seja, julgou-se aceitável que em todo ano houvesse 10% de chance da vazão ficar abaixo do valor mínimo exigido para o suprimento urbano.

Fica claro, portanto, o caráter de comodidade da adoção da Q7,10 como vazão de referência,

por ser um valor já tradicionalmente usado em dimensionamento de projetos.

No entanto, os valores de Q7,10 tendem a ser sempre mais conservadores do que, por exemplo,

os valores de Q90 e Q95 calculados para uma mesma seção em corpo hídrico como mostra Guerra

(2006) em análise das vazões de referência de 19 postos fluviométricos distribuídos ao longo do estado do Espírito Santo, onde em nenhuma das estações estudadas, os valores específicos de Q7,10

apresentaram-se superiores aos valores específicos do Q90.

Dessa forma, a utilização da Q7,10, dá maiores garantias de que não haverá falhas de

atendimentos às demandas, porém, na maior parte do tempo, uma vazão considerável não será utilizada, despertando em muitos usuários protestos no sentido de se ampliar as vazões outorgadas (Pereira e Lanna,1996) e a sensação de desperdício de água.

Outra questão que se coloca é o efeito do fator multiplicativo k sobre a Q7,10. Segundo

Mendes (2007), que analisou tal efeito no tempo de recorrência da vazão máxima outorgável para o rio Turvo no estado de São Paulo, concluiu que de acordo com a distribuição probabilística adotada, ocorre uma variação muito elevada no período de retorno. Além disso, concluiu também que distribuições que forneceram ajustes mais condizentes à realidade hidrológica da bacia apontaram probabilidades extremamente baixas de acontecer para 50% da Q7,10 e até mesmo nula para 30% da

Q7,10. Sendo assim, o período de retorno se eleva brutalmente ao multiplicá-la por um fator k < 1,

chegando mesmo a tender a T infinito.

Ainda de acordo com Mendes (2007), outra inconveniência que se pode associar à Q7,10 são as

imprecisões próprias das baixas vazões quando de sua determinação por meio da curva-chave. De acordo com Tucci (2004), as baixas vazões são mais sensíveis às alterações do processo de escoamento, em razão da rugosidade do leito ou da mobilidade do fundo. Essa mobilidade é a maior causa de alteração da curva-chave em rios cujo fundo se compõe de material aluvionar, e é comum ocorrer, por exemplo, após grandes cheias, ocasionando alterações na geometria da seção ou na declividade. Efeitos da erosão e do assoreamento ao longo do tempo também acarretam mudanças na geometria da seção e na característica do escoamento. Como conseqüência disso, ocorre uma ampla faixa de valores prováveis da vazão para o mesmo nível d’água. Ao se traçar a curva-chave, portanto, é inevitável incorrer neste erro que, por se tratar de valores baixos de vazão, não é desprezível. Todas essas alterações tanto mais afetam a relação cota-descarga quanto menor for a vazão.

(7)

Situação mais complexa é constatada quando o limite de utilização de 50% da Q7,10 já foi

atingido, como é o caso, por exemplo, das bacias do Rio Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), da bacia do Alto Tietê, da bacia do rio Pardo e da bacia do rio Turvo. Uma vez que o valor da Q7,10 é

exíguo, há bacias classificadas como críticas quanto à disponibilidade hídrica sem que seus cursos d’água tenham registrado vazões próximas da Q7,10 durante o ano. Além disso, ao se fixar a metade

da Q7,10 como limite de outorga, a referência deixa de se basear numa escassez de 10 anos de

recorrência e passa a refletir uma estiagem com períodos de retorno ainda maiores (Mendes, 2001). Já a vazão de permanência, está associada a níveis de garantia historicamente observados no curso d’água, refletindo melhor as condições do corpo hídrico.

Conforme cita Cruz (2001), a permanência pode ser interpretada como uma probabilidade de ocorrência ou um risco das vazões em um horizonte de planejamento, sendo, portanto, muito utilizada na avaliação do potencial de atendimento de uma seção fluvial.

As vazões de permanência usualmente empregadas como referência nas legislações brasileiras são a Q95, que indica um valor igualado ou superado durante 95% do tempo (ou um risco de não

acontecer em 5% do tempo), e a Q90, de permanência durante 90% do tempo (ou um risco de não

ocorrer em 10% do tempo).

Defesa em Números

O estado do Espírito Santo é dividido em 12 principais regiões hidrográficas: Itaúnas, São Mateus, Doce, Riacho, Reis Magos, Santa Maria da Vitória, Jucu, Guarapari, Benevente, Rio Novo, Itapemirim e Itabapoana.

Em uma seleção preliminar dos postos fluviométricos localizados nessas 12 regiões hidrográficas, verificou-se a disponibilidades de 63 estações. No entanto, a confirmação da qualidade e extensão dos dados dos postos fluviométricos só pôde ser analisada após a coleta, organização e sistematização desses dados.

Como critério de seleção, foram utilizados os dados dos postos localizados nas regiões hidrográficas onde utilizavam o Q7,10 como vazão de referência e com série de vazões com extensão

igual ou superior a 10 anos. Sendo assim foram selecionados 43 postos fluviométricos. A Tabela 2 apresenta os postos selecionados.

Os registros de vazões médias diárias das estações fluviométricas consideradas foram obtidos a partir da base de dados gerenciada pela Agência Nacional de Águas. Para a manipulação dos dados fluviométricos, foi utilizado o programa computacional HIDROS versão 1.1, programa de domínio público gratuitamente distribuído pela Agência Nacional de Águas.

(8)

Foram calculadas as vazões Q7,10, Q90 e a relação entre essas duas vazões para os 43 postos

estudados. O programa HIDROS utiliza a função estatística de Weibull para o cálculo da Q7,10.

Na seqüência, estimou-se, a partir da curva de permanência gerada pelo programa HIDROS, a probabilidade da ocorrência de uma vazão igual ou inferior a Q7,10, estimada anteriormente.

Por fim, contou-se na série histórica das vazões o número de dias em que a vazão era igual ou menor do que a vazão Q7,10, para que se tivesse a dimensão mais precisa do risco associado a esta

vazão.

É importante ressaltar que nas séries históricas, as falhas superiores há um ano ou que tenham acontecido entre os meses de abril a outubro, referentes à estiagem, não foram consideradas na contagem do tamanho das séries: número de anos.

(9)

Tabela 2 – Estações fluviométricas e período da série histórica de vazões estudada.

Ord. Código da

Estação Nome da Estação Corpo Hídrico Período da série (anos)

1 56990990 Afonso Claudio-Montante Rio Guandu 1965-1976

2 56991000 Afonso Claudio Rio Guandu 1965-1976

3 56991500 Laranja da Terra Rio Guandu 1967-2005

4 56992000 Baixo Guandu Rio Guandu 1941-2006

5 56992500 Barra do Mutum Mutum Preto 1952-1965

6 56993000 Itaguaçu Santa Joana 1965-1977

7 56993002 Itaguaçu-Jusante Santa Joana 1976-2005

8 56993551 Jusante Corrego da Piaba Santa Joana 1974-2005

9 56993600 Santa Joana Santa Joana 1939-1965

10 56994000 Santa Maria Santa Maria 1941-1967

11 56995000 Cachoeira do Oito Pancas 1944-1966

12 56995500 Ponte do Pancas Pancas 1965-2005

13 56997000 Barra de Sao Gabriel São José 1967-2005

14 57040000 Santa Teresa Timbuí 1956-1969

15 57040005 Valsugana Velha Timbuí 1960-1973

16 57040008 Valsugana Velha-Montante Timbuí 1984-2005

17 57130000 Santa Leopoldina Santa Maria da Vitória 1949-2006

18 57170000 Corrego do Galo Jucu-Braço Norte 1969-2005

19 57230000 Fazenda Jucuruaba Jucu 1968-2005

20 57250000 Matilde Benevente 1949-2005

21 57300000 Pau D'alho Novo 1970-2005

22 57320000 Iconha-Montante Iconha 1970-2006

23 57350000 Usina Fortaleza Braço Norte Esquerdo 1969-2005

24 57360000 Iuna Pardo 1952-2005

25 57370000 Terra Corrida-Montante Pardo 1969-2005

26 57400000 Itaici Braço Norte Esquerdo 1961-2005

27 57420000 Ibitirama Braço Norte Direito 1952-2005

28 57450000 Rive Itapemirim 1935-2001

29 57460000 Pacotuba Itapemirim 1984-2005

30 57476500 Fazenda Lajinha Castelo 1984-2005

31 57490000 Castelo Castelo 1937-2005

32 57550000 Usina Sao Miguel Castelo 1968-2006

33 57555000 Coutinho Itapemirim 1957-2005

34 57560000 Cachoeiro do Itapemirim Itapemirim 1935-1980

35 57580000 Usina Paineiras Itapemirim 1968-2005

36 57630000 Atilio Vivacqua Muqui do Norte 1935-1980

37 57650000 Fazenda Cacheta Muqui do Norte 1984-2005

38 57720000 Dores do Rio Preto Preto 1948-2005

39 57740000 Guacui Rio do Veado 1937-2005

40 57770000 Sao Jose do Calcado Calçado 1952-2005

41 57830000 Ponte do Itabapoana Itabapoana 1930-2005

42 57880000 Mimoso do Sul Muqui do Sul 1969-2005

(10)

RESULTADOS

As vazões Q7,10 e Q90 calculadas a partir das séries históricas das estações em estudo são

apresentados na Tabela 3, que também apresenta a relação entre essas vazões.

Tabela 3 – Cálculo da Q7,10 e Q90, a partir da série de vazões das estações e respectiva relação entre ambas.

Ord. Código da

Estação Nome da Estação Corpo Hídrico

Q7,10 (m3/s) Q90 (m3/s) Relação Q90/Q7,10

1 56990990 Afonso Claudio-Montante Rio Guandu 0,92 2,61 2,85

2 56991000 Afonso Claudio Rio Guandu 1,29 2,31 1,79

3 56991500 Laranja da Terra Rio Guandu 3,81 6,25 1,64

4 56992000 Baixo Guandu Rio Guandu 3,97 7,42 1,87

5 56992500 Barra do Mutum Mutum Preto 0,52 0,72 1,38

6 56993000 Itaguaçu Santa Joana 0,65 1,11 1,71

7 56993002 Itaguaçu-Jusante Santa Joana 0,19 1,14 6,00

8 56993551 Jusante Corrego da Piaba Santa Joana 0,52 1,55 2,96

9 56993600 Santa Joana Santa Joana 1,07 1,82 1,70

10 56994000 Santa Maria Santa Maria 0,23 1,14 4,89

11 56995000 Cachoeira do Oito Pancas 0,03 0,27 10,46

12 56995500 Ponte do Pancas Pancas 0,60 1,15 1,93

13 56997000 Barra de Sao Gabriel São José 0,87 2,96 3,40

14 57040000 Santa Teresa Timbui 0,33 0,58 1,78

15 57040005 Valsugana Velha Timbui 0,37 0,60 1,63

16 57040008 Valsugana Velha-Montante Timbui 0,25 0,50 1,96

17 57130000 Santa Leopoldina Santa Maria da Vitória 1,80 4,40 2,44

18 57170000 Corrego do Galo Jucu-Braço Norte 4,67 6,67 1,43

19 57230000 Fazenda Jucuruaba Jucu 7,74 11,10 1,43

20 57250000 Matilde Benevente 2,01 2,77 1,38

21 57300000 Pau D'alho Novo 1,28 2,73 2,13

22 57320000 Iconha-Montante Iconha 0,81 1,51 1,86

23 57350000 Usina Fortaleza Braço Norte Esquerdo 0,79 1,53 1,93

24 57360000 Iuna Pardo 1,57 3,10 1,97

25 57370000 Terra Corrida-Montante Pardo 2,81 4,18 1,49

26 57400000 Itaici Braço Norte Esquerdo 3,42 6,47 1,89

27 57420000 Ibitirama Braço Norte Direito 1,47 2,61 1,78

28 57450000 Rive Itapemirim 7,89 13,80 1,75

29 57460000 Pacotuba Itapemirim 8,02 14,30 1,78

30 57476500 Fazenda Lajinha Castelo 0,85 2,15 2,54

31 57490000 Castelo Castelo 2,14 4,44 2,07

32 57550000 Usina Sao Miguel Castelo 4,63 8,17 1,76

33 57555000 Coutinho Itapemirim 4,65 20,00 4,30

34 57560000 Cachoeiro do Itapemirim Itapemirim 10,20 23,70 2,32

35 57580000 Usina Paineiras Itapemirim 16,60 26,80 1,61

36 57630000 Atilio Vivacqua Muqui do Norte 0,43 1,11 2,59

37 57650000 Fazenda Cacheta Muqui do Norte 0,50 1,35 2,71

38 57720000 Dores do Rio Preto Preto 0,75 1,32 1,76

39 57740000 Guacui Rio do Veado 2,54 4,17 1,64

40 57770000 Sao Jose do Calcado Calçado 0,32 0,63 1,99

41 57830000 Ponte do Itabapoana Itabapoana 7,54 15,00 1,99

42 57880000 Mimoso do Sul Muqui do Sul 2,19 2,99 1,37

43 57930000 Santa Cruz Itabapoana 14,20 21,60 1,52

(11)

A Figura 2, obtida a partir da Tabela 3, permite a visualização de quanto os valores da Q90 são

maiores que os da Q7,10.

Figura 2 – Cálculo da Q7,10 e Q90, a partir da série de vazões das estações e respectiva relação entre ambas.

Através da Tabela 2 e da Figura 2 é possível observar que em todas as estações estudadas o valor de Q90 é superior a Q7,10. Além disso, é possível verificar quantas vezes o valor da Q90 é maior

do que o valor da Q7,10. Se excluirmos os dois maiores valores calculados (10,46 e 6,00), temos em

média os valores da Q90 duas vezes maiores que os valores da Q7,10 para as 41 estações restantes,

variando de 1,37 a 4,89 vezes.

A Tabela 4, apresenta a probabilidade de ocorrência de uma vazão igual a Q7,10 para cada uma

das estações. Apresenta também o número de dias em que a vazão era igual ou menor do que a vazão Q7,10 e o número de anos em que estas ocorrências aconteceram.

(12)

Tabela 4 – Probabilidade de ocorrência da Q7,10 com base na curva de permanência das séries de vazões.

Código da

Estação Nome da Estação Corpo Hídrico

Q7,10 (m3/s) Prob. ocorência com base na Curva de Permanência (%) Tamanh o da Série (anos) No Dias com vazão igual ou menor que Q7,10 No anos com ocorências (excluindo falhas)

56990990 Afonso Claudio-Montante Rio Guandu 0,98 0,70 11 2 1

56991000 Afonso Claudio Rio Guandu 1,29 0,70 11 25 2

56991500 Laranja da Terra Rio Guandu 3,81 0,70 38 42 3

56992000 Baixo Guandu Rio Guandu 3,97 0,50 65 59 1

56992500 Barra do Mutum Mutum Preto 0,52 0,20 13 209 2

56993000 Itaguaçu Santa Joana 0,65 0,80 12 31 2

56993002 Itaguaçu-Jusante Santa Joana 0,19 1,30 29 126 6 56993551 Jusante Corrego da Piaba Santa Joana 0,52 0,70 31 49 3

56993600 Santa Joana Santa Joana 1,07 0,90 26 67 3

56994000 Santa Maria Santa Maria 0,23 1,70 26 133 4

56995000 Cachoeira do Oito Pancas 0,03 0,80 22 46 3

56995500 Ponte do Pancas Pancas 0,60 0,80 40 96 2

56997000 Barra de Sao Gabriel São José 0,87 1,00 38 117 3

57040000 Santa Teresa Timbuí 0,33 1,00 13 5 1

57040005 Valsugana Velha Timbuí 0,37 0,50 13 10 1

57040008 Valsugana

Velha-Montante Timbuí 0,25 0,80 21 11 1

57130000 Santa Leopoldina Santa Maria da

Vitória 1,80 0,80 57 112 4

57170000 Corrego do Galo Jucu-Braço Norte 4,67 0,50 36 46 1

57230000 Fazenda Jucuruaba Jucu 7,74 0,70 37 35 2

57250000 Matilde Benevente 2,01 0,60 56 268 6

57300000 Pau D'alho Novo 1,28 0,90 35 65 4

57320000 Iconha-Montante Iconha 0,81 0,70 36 49 4

57350000 Usina Fortaleza Braço Norte

Esquerdo 0,79 0,90 36 63 4

57360000 Iuna Pardo 1,57 1,00 53 186 4

57370000 Terra Corrida-Montante Pardo 2,81 0,90 36 66 2 57400000 Itaici Braço Norte

Esquerdo 3,42 0,80 44 69 2

57420000 Ibitirama Braço Norte

Direito 1,47 0,90 53 49 4

57450000 Rive Itapemirim 7,89 0,92 66 187 4

57460000 Pacotuba Itapemirim 8,02 0,50 21 15 1

57476500 Fazenda Lajinha Castelo 0,85 0,80 21 30 2

57490000 Castelo Castelo 2,14 0,90 68 118 5

57550000 Usina Sao Miguel Castelo 4,63 0,80 38 72 5

57555000 Coutinho Itapemirim 4,65 0,70 48 76 4

57560000 Cachoeiro do Itapemirim Itapemirim 10,20 0,10 45 2 1 57580000 Usina Paineiras Itapemirim 16,60 0,50 37 34 4 57630000 Atilio Vivacqua Muqui do Norte 0,43 0,90 45 69 4 57650000 Fazenda Cacheta Muqui do Norte 0,50 0,90 21 43 4

57720000 Dores do Rio Preto Preto 0,75 1,70 57 343 5

57740000 Guacui Rio do Veado 2,54 1,30 68 352 6

57770000 Sao Jose do Calcado Calçado 0,32 1,60 53 277 3 57830000 Ponte do Itabapoana Itabapoana 7,54 0,94 75 244 5

57880000 Mimoso do Sul Muqui do Sul 2,19 0,92 36 47 2

57930000 Santa Cruz Itabapoana 14,20 0,80 36 43 1

Observa-se, na Tabela 4, que a maior probabilidade da vazão nos postos estudados ser igual ou inferior a Q7,10 é de 1,70% e a menor probabilidade é de 0,10%. A probabilidade média é igual a

(13)

A Figura 3, obtida a partir dos dados da Tabela 3, destaca o número de dias número de anos em que ocorreram vazões iguais ou inferiores a Q7,10. Sendo que no eixo das abscissas estão

representados os números de anos da série histórica ordenado de forma crescente.

Figura 3 – Números de dias e de anos de ocorrência de vazões iguais ou menores que a Q7,10.

As séries históricas de vazão para cada posto fluvimétrico estão representadas na Figura 4, complementar a Tabela 4. A barra verde indica início e fim da série histórica. Os anos em que ocorreram vazões iguais ou inferiores a Q7,10 estão indicados pelo número de dias que o evento

aconteceu naquele ano, não significando que sejam dias consecutivos.

Um exercício simples indica uma serie histórica média de 38 anos para as estações em análise e uma média de 3 dias por ano com vazões iguais ou inferiores a Q7,10.

(14)
(15)

CONCLUSÕES

Conforme observado anteriormente, apenas o estado de Minas Gerais possui uma vazão de referência mais restritiva do que a do Espírito Santo: são 30% da Q7,10 naquele estado, contra 50%

da Q7,10, como vazão máxima outorgável.

Os gráficos e os números apresentados dão uma idéia clara do quanto a Q7,10 é uma vazão rara,

e portanto extremamente restritiva quando utilizada como patamar para a outorga.

Os números e argumentos expostos anteriormente explicam, não apenas a dificuldade da CESAN em atender a legislação de outorga vigente com base na Q7,10, mas, a dificuldade do próprio

IEMA em conceder a outorga em situações que sabidamente poder-se-ia outorgar sem grandes riscos aos recursos hídricos.

A Q90 apresenta-se como uma alternativa interessante à Q7,10, sendo uma vazão menos

restritiva, ter-se-ia em média, a disponibilidade hídrica de outorga dobrada, com um impacto aceitável para os cursos d’água, uma vez que 90% do tempo, em média, as vazões nos rios seriam maiores que esta. Para o atual quadro de demanda do estado, entende-se como uma regra de disponibilização dos recursos hídricos bastante razoável, onde aceita-se o maior risco, sobre a disponibilidade da vazão de referência, em contrapartida ao aumento das oportunidades de crescimento sócio-econômico baseados na oferta hídrica.

Em 09 de dezembro de 2009 o Instituto Estadual de Meio Ambiente publicou a Instrução Normativa Nº 13/2009 aprimorando os critérios de outorga para uso de água em corpos de água do domínio do Estado do Espírito Santo. Através desse instrumento, a vazão de referência adotada para análise dos processos de outorga passou a ser a Q90.

BIBLIOGRAFIA

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conceituais”. Tese - Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Porto Alegre, 199 p.

GUERRA, M. J. P. (2006). “Avaliação do Critério de Outorga de Uso da Água Vigente no Estado

do Espírito Santo”. Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo. Vitória, 88 p.

MENDES, L. A.(2007). “Análise dos critérios de outorga de direito de usos consuntivos dos

recursos hídricos baseados em vazões mínimase em vazões de permanência”. Dissertação

Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. São Paulo, 187 p.

PEREIRA, J. S.; LANNA, A. E. L.(1996). “Análise de critério de outorga dos direitos de uso”. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Pesquisas Hidráulicas – IPH/UFRGS.

TUCCI, C.E.M. (2004). Hidrologia: ciência e aplicação. 3ª Ed. Porto alegre: Editora da UFRGS/ABRH, 943p.

Referências

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