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Condenação dos honorários sucumbenciais ao requerente beneficiário da justiça gratuita na atual perspectiva da justiça do trabalho

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Academic year: 2021

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PAULA LAZARIM DE CARVALHO

CONDENAÇÃO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS AO REQUERENTE BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA NA ATUAL PERSPECTIVA DA

JUSTIÇA DO TRABALHO

Tubarão 2019

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PAULA LAZARIM DE CARVALHO

CONDENAÇÃO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS AO REQUERENTE BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA NA ATUAL PERSPECTIVA DA

JUSTIÇA DO TRABALHO

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Linha de pesquisa: Justiça e Sociedade

Orientadora: Profª. Maria Nilta Richen Tenfen, MSc.

Tubarão 2019

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Dedico este trabalho ao meu pai que sempre sonhou em me ver advogada e lutando por causas nas quais ele sempre respeitou e lutou como um grande sindicalista que foi. Tenho a certeza que você esteve e estará sempre ao meu lado.

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AGRADECIMENTOS

Os últimos anos da minha vida foram, para mim e minha família, os mais intensos e definitivamente os mais importantes. Foi durante a faculdade de Direito que vivi grandes emoções. Perdi meu pai de forma bastante cruel, mas também ganhei o melhor presente que alguém podia ter na vida – minha filha.

Primeiro, tenho que agradecer a Deus por ter me dado força, coragem, persistência por que foram incontáveis às vezes que pensei em desistir.

Vou agradecer, especialmente, Luara, minha filha linda, por ter sido paciente e compreender minha ausência para concluir o curso. Foi angustiante ter que dividir o tempo com ela, com a faculdade, com o trabalho e na maioria das vezes o menor tempo era dela. Confesso que muitas vezes pensei em desistir para que ela não tivesse que passar por isso, mas em muitos momentos ela foi minha maior incentivadora para que eu continuasse essa batalha e vencesse.

Não tenho como pensar nesses anos sem falar da pessoa que esteve junto de mim durante todo o tempo. Só posso agradecer ao meu esposo Marcio, por tudo que passamos juntos, pela paciência, por entender minha ausência, por cuidar incansavelmente da nossa filha para eu estudar, por me puxar a orelha quando eu entrava em desespero porque achava que não ia dar conta e por não me deixar desistir.

Como esquecer a minha mãe! Ela mais uma vez estava lá, sempre pronta para me ajudar. Obrigada por estar comigo mais uma vez, por cuidar das minhas coisas e da minha filhota. Sem você nada disso seria possível.

Preciso agradecer minha cunhada Danielly e minha querida sogra que sempre estiveram prontas para cuidar com carinho da minha filha. Precisei muito do apoio delas para que meu objetivo fosse alcançado.

Um agradecimento muito especial será para uma amiga que a faculdade me deu: Tayná, sempre muito parceira e amiga. Mesmo distante, quero levar nossa amizade para a vida inteira.

Agradeço imensamente aos advogados do escritório de que trabalho a tantos anos, Dr. Ledeir e Dra. Beatriz, obrigada pelos apontamentos, o conhecimento e a disponibilidade em me ajudar foram essenciais para a conclusão deste trabalho.

Por fim, agradeço à minha orientadora, professora Maria Nilta Ricken Tenfen, que, com todo seu conhecimento e sabedoria me orientou a desenvolver este trabalho. Ao professor Vilson Leonel pela orientação científica que auxiliou na elaboração deste trabalho.

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“Não diga que a vitória está perdida, se é de batalhas que se vive a vida.” (Raul Seixas)

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RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo geral analisar se a condenação dos honorários sucumbenciais, ao requerente beneficiário da justiça gratuita, está de acordo com os princípios constitucionais que norteiam as relações de trabalho. Para tanto, o método de abordagem utilizado foi a forma qualitativa. Este trabalho teve como método de procedimento as pesquisas bibliográficas, em especial por doutrinas e legislação. A partir dos estudos realizados vislumbrou-se que a lei n. 13.467 de 13 de julho de 2017 trouxe para o Direito Processual do Trabalho inovações no campo material e no campo processual. A Reforma Trabalhista, assim conhecida popularmente, inseriu novas hipóteses de incidência dos honorários de sucumbência, o que fez pela inserção do art. 791-A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O ajuizamento de uma ação na Justiça do Trabalho implica em gastos muitas vezes inacessíveis para a maior parte dos trabalhadores brasileiros, em razão das dificuldades de natureza econômica por eles enfrentadas. Assim, o alto custo da ação judicial para buscar a satisfação dos direitos trabalhistas sonegados pode acarretar grave prejuízo no sustento do trabalhador e de sua família. Com base na doutrina e na legislação analisada, concluiu-se que a condenação dos honorários sucumbenciais ao requerente beneficiário da justiça gratuita, colide com os princípios constitucionais por cercear o acesso à justiça do trabalhador hipossuficiente, além de ferir diretamente os princípios que norteiam o Processo do Trabalho, em especial o protecionismo processual, razão pela qual, no entendimento da pesquisadora, o artigo 791-A da Lei n. 13.467/2017, deve ser declarado inconstitucional. Palavras-chave: Direito Processual. Acesso da Justiça. Advogados – Honorários.

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ABSTRACT

The purpose of the present study was to analyze if the condemnation in advocative hours for the beneficiaries of the free justice is in accordance with the constitucional principles that guide the labor relationships. Therefore, the method used was the qualitative form. The work had as a method of procedure the bibliographical researches, especially in doctrines and legislation. The studies showed that the statute nº 13.467 from 13 of July of 2017 brought to Labor Procedural Law innovations in the material and procedural field. The “Reforma Trabalhista”, as popularly known, inserted new hypotheses of incidence of the advocative hours through the art. 791-A of the “Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). To start an action in Labor Court imply expenses that often are inaccessible to most Brazilian workers, due to economic difficulties they face. The high cost to seek satisfaction of the evaded rights can lead to serious losses to the workers and their families. Based on the doctrine and legislation analyzed, the work concluded that the condemnation in advocatives hours for the beneficiaries of the free justice collides with the constitucional principle that guaranties the access to the justice of the hypossuficient worker, beside to directly injuring the principles that guide the Process, especially the procedural protectionism, so, according to the researcher, the article 791-A of the statute nº 13.467/2017, should be declared unconstitutional.

Keywords: Procedural Law. Access to Justice . Advocatives hours.

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CLT – Consolidação das Leis Trabalhista CPC – Código de Processo Civil

CF – Constituição Federal de 1988 TST – Tribunal Superior do Trabalho ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade TRT – Tribunal Regional do Trabalho MPT – Ministério Público do Trabalho

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ... 11

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA...13 1.3 HIPÓTESE...14 1.4 CONCEITOS OPERACIONAIS...14 1.5 JUSTIFICATIVA...14 1.6 OBJETIVOS...15 1.6.1 Geral ...15 1.6.2 Específicos...16 1.7 DELINEAMENTO DA PEQUISA...16 1.8 ORGANIZAÇÃO CAPITULAR...17

2 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO...19

2.1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO, CONCEITO, FINALIDADE E AUTONOMIA...19

2.1.1 História e Evolução no Brasil...19

2.1.2 Conceito...22

2.1.3 Finalidade e Objetivo...23

2.1.4 Autonomia...25

2.2. PRINCIPIOS APLICAVÉIS AO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO...26

2.2.1 Protecionista Processual...27

2.2.1.1 In dubio pro operário...29

2.2.1.2 Aplicação da norma mais favorável x Prevalência da condição mais benéfica...30

2.2.2 Informalidade...31

2.2.3 Isonomia...32

2.2.4 Acesso à justiça do trabalho...33

2.2.5 Assistência judiciária integral e gratuita...34

2.2.6 Não retrocesso social...36

2.2.7 Função Social...37

3 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS À LUZ DA REFORMA TRABALHO. ...39

3.1 DO BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA E DO ACESSO A JUSTIÇA...39

3.1.1 Das Garantias Constitucionais do Acesso à Justiça e da Assistência Jurídica Integral...39

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3.1.2 Benefício da Justiça Gratuita: Processo Civil versus Processo do Trabalho...41

3.1.3 Impacto da Reforma Trabalhista no Beneficio da Justiça Gratuita...44

3.2 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS...46

3.2.1 Conceito e Espécies de Honorários Advocatícios...47

3.2.2 Evolução Histórica dos Honorários Sucumbências até a Reforma Trabalhista...49

4 APLICABILIDADE DA CONDENAÇÃO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO E OS POSICIONAMENTOS ADOTADOS APÓS A REFORMA TRABALHISTA...53

5 CONCLUSÃO ... 63

REFERÊNCIAS ... 65

ANEXO A - ADI N. 5.766 - VOTO DO MINISTRO EDSON FACHIN...72

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca analisar se a condenação dos honorários sucumbenciais, ao requerente beneficiário da justiça gratuita, está de acordo com os princípios constitucionais que norteiam as relações de trabalho.

Para elaboração de uma análise mais precisa sobre a constitucionalidade da condenação dos honorários sucumbenciais, o trabalho monográfico fará um breve estudo da história, conceitos, finalidade do direito processual do trabalho, bem como dos princípios que norteiam esse ramo do direito, sem deixar de fazer uma análise acerca do entendimento doutrinário adotado após a reforma trabalhista acerca da condenação dos honorários sucumbenciais ao requerente beneficiário da justiça do trabalho.

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

O direito do trabalho bem como o direito processual do trabalho sofreu mudanças significativas com a Reforma Trabalhista – Lei nº 13.467/2017. Ainda assim, o direito processual do trabalho é conceituado como um conjunto de princípios, normas e instituições que regem a atividade da Justiça do Trabalho, objetivando o acesso do trabalhador para que ocorra uma efetiva resolução do conflito trazido por ele.

Schiavi, (2017, p.12) define:

O Direito do Trabalho visa a proteção do trabalhador e à melhoria de sua condição social (art.7°, caput, da CF), o Direito Processual do Trabalho tem sua razão de existência em propiciar o acesso dos trabalhadores à Justiça, tendo em vista garantir os valores sociais do trabalho, a composição justa do conflito trabalhista, bem como resguardar a dignidade da pessoa humana do trabalhador.

Desta forma, entende-se que o objetivo principal inerente ao Direito Processual e o Direito Material do trabalho é permitir o acesso do trabalhador a justiça para resolver seu conflito, garantindo a valorização social do trabalho.

Ainda que o direto processual do trabalho analogicamente esteja mais próximo do direito processual civil e sofra impactos dos princípios constitucionais do processo, resta importante reconhecer alguns princípios do Direito Processual do Trabalho, os quais acabam tornando-se autônomos. (SCHIAVI, 2017, p.12)

Deste modo, não há, no Direito Processual do Trabalho, unanimidade quanto aos princípios aplicados. Seguem, em regra, os princípios gerais do processo, havendo, porém, princípios voltados diretamente ao processo do trabalho.

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No entendimento de Delgado (2017, p. 47)

Sendo o Direito Individual do Trabalho um campo jurídico que busca concretizar os diversos princípios constitucionais humanísticos e sociais no mundo laborativo, inclusive o princípio da igualdade em sentido material, torna-se lógico e natural que o Direito Processual do Trabalho ostente regras e princípios que visem garantir, realmente, o amplo acesso à justiça à pessoa humana trabalhadora e lhe assegurar, no plano processual, condições de efetiva igualdade material, reequilibrando a lancinante desigualdade que existe entre as partes trabalhistas no plano concreto da vida socioeconômica e laborativa.

Contudo, há dentre os princípios do processo do trabalho um caráter de proteção para garantir o acesso do trabalhador a justiça do trabalho de forma justa.

A Lei nº 13.467/17, denominada Reforma Trabalhista, provocou várias modificações no direito individual, coletivo e no processo do trabalho. Mas, não se pode esquecer que o direito do trabalho existe pela necessidade de proteção ao empregado, diante de uma relação desigual entre ele e o seu empregador.

No que concerne as alterações na Consolidação das Leis Trabalhista, Schiavi (2017, p.14) se posiciona:

Apesar de ter realizado alterações na CLT, não foi suficiente para tornar o processo trabalhista mais justo e efetivo. De outro lado, em muitos aspectos, a lei trouxe retrocessos, criando entraves ao acesso do economicamente fraco à justiça, tais como: comprovação de insuficiência econômica para a gratuidade judiciária, pagamento de despesas processuais, prescrição intercorrente, e limitação de responsabilidade patrimonial.

Para Delgado (2017, p.48) a Lei da Reforma Trabalhista veio para restringir o acesso à justiça de forma abrupta, e ainda fazer do processo judicial um risco eminente ao trabalhador que tenta resolveu seu conflito trabalhista.

A condenação dos honorários sucumbenciais ao beneficiário da justiça gratuita configura uma das alterações mais significativas da nova legislação. Esta alteração acaba, portanto, alterando o princípio do protecionismo processual que é um dos pilares de sustentação do processo trabalhista, o que impede de forma temerosa o acesso à justiça da parte economicamente hipossuficiente.

Neste vértice acrescenta-se:

O primeiro aspecto a ser destacado diz respeito à grave restrição ao princípio constitucional do acesso a justiça às pessoas humanas trabalhadoras no País promovidas pela Lei da Reforma Trabalhista. De um lado, a descaracterização do instituto jurídico da justiça gratuita, que ostenta, conforme se conhece, manifesto assento constitucional (art. 5°, LXXIV, CF). O instituto, pela nova lei, é remodelado de maneira muito mais desfavorável ao ser humano economicamente hipossuficiente do que ocorre seja no Direito Processual Civil, seja nas relações regidas pelo Código do Consumidor. (DELGADO, 2017, 48-49)

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A controversa Reforma Trabalhista foi mais além, inovando a obrigação do pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. Tem-se que o pagamento será devido ainda que a parte vencida seja beneficiária da justiça gratuita, sendo que as obrigações ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade, conforme determina o parágrafo 4° do artigo 791-A da CLT supracitado:

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo,

ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. (BRASIL, 2017)

O texto legal determina que, da mesma forma do disposto sobre os honorários sucumbenciais, a obrigação de pagamento surgirá mesmo que a parte vencida na pretensão usufrua da justiça gratuita.

A perversidade legal estende-se aos honorários advocatícios devidos pelo beneficiário da justiça gratuita. [...] o beneficiário da justiça gratuita sucumbente em honorários advocatícios mantém-se, pela nova lei, como efetivo devedor (novo parágrafo 4°do art. 791-A da CLT). Mais do que isso: não havendo tais créditos, a pessoa humana beneficiaria da justiça gratuita poderá ser excutido nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que certificou a referida obrigação, se o advogado credor demonstrar “que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade” (novo parágrafo 4° do art. 791-A da CLT). (DELGADO, 2017, p. 50)

O receio gerado com a reforma trabalhista ofende o direito constitucional de petição, já que, na incerteza de um resultado positivo em uma sentença, o autor da pretensão prefere não ajuizar o pedido, já que existe a possibilidade do ônus sucumbencial.

Contudo, surge a necessidade de se buscar alternativas para que o trabalhador tenha segurança ao demandar o judiciário naquilo que lhe é de direito.

Ante o exposto, pode-se fazer o seguinte questionamento sobre o tema: A condenação dos honorários sucumbenciais ao requerente beneficiário da justiça gratuita está de acordo com os princípios constitucionais que norteiam as relações de trabalho?

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

A condenação dos honorários sucumbenciais, ao requerente beneficiário da justiça gratuita, está de acordo com os princípios constitucionais que norteiam as relações de trabalho?

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1.3 HIPÓTESE

A condenação dos honorários sucumbenciais ao requerente beneficiário da justiça gratuita configura decisão inconstitucional já que fere o princípio constitucional da proteção. 1.4 CONCEITOS OPERACIONAIS

Tem-se como relevantes a definição dos conceitos operacionais para que se possa compreender melhor a pesquisa e os temas a serem estudados. Os pontos importantes foram conceituados através de composição e adoção, conforme explanado logo abaixo:

Direito do Trabalho: São leis que asseguram os direitos dos empregados e

empregadores perante uma relação de trabalho, com o objetivo de se manter uma segurança jurídica.

Direito Processual do Trabalho: Tem sua razão de existência em propiciar o

acesso dos trabalhadores à justiça, tendo em vista garantir os valores sociais do trabalho, a composição junta do conflito trabalhista, bem como resguardar a dignidade da pessoa humana do trabalhador. (SCHIAVI, 2017, p. 12)

Princípios Constitucionais: Os princípios têm a função de sistematização do

ordenamento processual do trabalho, dando-lhe suporte, sentido, harmonia e coerência. Os princípios dão equilíbrio ao sistema jurídico, propiciando que este continue harmônico toda vez que há alteração de suas normas, bem como em razão das mudanças da sociedade. (SCHIAVI, 2017, p. 20)

Honorários Sucumbenciais: Sucumbência: é o princípio pelo qual a parte

perdedora no processo é obrigada a arcar com os honorários do advogado da parte vencedora. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Considerado verba alimentar do advogado.

Beneficiário da justiça gratuita: Isenção de despesas processuais, como: custas,

emolumentos, etc., às pessoas que não possuem condições financeiras de suportá-las. (TEIXEIRA FILHO, 2017, p.75)

1.5 JUSTIFICATIVA

O tema em questão possui relevância jurídica e social, pois existem inúmeros obstáculos e até resistência quanto ao reconhecimento, por membros do Judiciário e demais

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carreiras jurídicas, às prerrogativas profissionais do advogado, não sendo raro verificar ofensas contra os princípios constitucionais inerentes ao direito do trabalho.

Importante salientar que o tema despertou acalorada discussão devido à antinomia jurídica estabelecida entre a nova regra instituída no art. 791-A, §4°, da CLT introduzida pela Lei nº 13.467/2017 com as garantias fundamentais do acesso à justiça, a gratuidade judiciária, bem como os princípios do respeito à dignidade da pessoa e da isonomia.

Com a aprovação da reforma, muitos cidadãos brasileiros poderão ser atingidos direta ou indiretamente e inúmeras demandas trabalhistas ou conflitos sociais poderão acontecer. Vale destacar que a Justiça do trabalho surgiu para garantir ao trabalhador, vulnerável economicamente, acessar o judiciário com paridade de forças em relação à parte mais forte sob o ponto de vista econômico e não gerar mais conflitos e perdas na busca de seus direitos.

Desta forma faz-se indispensável discutir se os direitos conquistados, ao longo dos anos, não estão sendo usurpados com as alterações impostas na CLT. Contudo salienta-se a importância da análise do tema, pois, deve-se ter consciência que:

Quando alguém pegar com suas mãos o texto das leis trabalhistas de um país, saiba que ali estão séculos de sofrimentos calados ou de revoltas e que aquelas páginas, nas entrelinhas da composição em linotipo, foram escritas a sangue e fogo, porque, até hoje, infelizmente, nenhuma classe dominante abriu mão de seus privilégios apenas por ideais, por fraternidade ou por espírito ou por amor aos homens. (RUSSOMANO, 1984, p.11)

Sendo assim, o tema em questão é de suma relevância, pois a discussão que se alarga no Supremo Tribunal Federal poderá pôr fim a toda uma história e direitos já conquistados ao longo dos anos.

Deste modo, justifica-se o presente trabalho no fato de expor aos operadores de direito, principalmente aos advogados, a problemática que se trouxe com a reforma trabalhista no que se refere à condenação dos honorários sucumbenciais ao reclamante beneficiário da justiça gratuita.

Tendo em vista todo o exposto, o presente trabalho terá como tema a condenação dos honorários sucumbenciais ao requerente beneficiário da justiça gratuita na atual perspectiva da justiça do trabalho.

1.6 OBJETIVOS

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Analisar se a condenação dos honorários sucumbenciais, ao requerente beneficiário da justiça gratuita, está de acordo com os princípios constitucionais que norteiam as relações de trabalho.

1.6.2 Específicos

Demonstrar de maneira breve a história e evolução do direito processual do trabalho, bem como seu conceito, finalidade e autonomia;

Estudar os princípios constitucionais que sustentam o direito processual do trabalho e as suas relações;

Identificar os requisitos necessários para o beneficiário da justiça gratuita na atual perspectiva da justiça do trabalho;

Analisar a aplicabilidade da condenação aos honorários sucumbenciais na justiça do trabalho e o entendimento doutrinário adotado após a reforma trabalhista;

1.7 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Na caracterização básica da pesquisa é necessário detalhar:

a) O futuro trabalho monográfico utilizará a pesquisa exploratória, onde “o principal objetivo da pesquisa é proporcionar maior intimidade com o objeto de estudo” (MOTTA et al., 2013, p. 106). Sendo assim, é necessário “desencadear um processo de investigação que identifique a natureza do fenômeno e aponte as características essenciais das variáveis que se quer estudar” (KOCHE, 1997, p. 126 apud MOTTA et al., 2013, p. 106).

b) O corpus da pesquisa é a Lei n. 13.467/2017 que trata da reforma trabalhista. c) O processo de levantamento será realizado através do estudo bibliográfico, no qual se baseia em fontes secundárias para a coleta de dados, entre as quais podemos destacar: livros, artigos científicos, publicações periódicas, enciclopédias, dentre outras. Assim conceitua Gil (2002, p.44): “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.

A pesquisa bibliográfica obedecerá ao seguinte roteiro: 1º) escolha do tema – “A escolha do tema, na realização de uma pesquisa bibliográfica deve, entre outros, considerar os seguintes fatores: interesse pelo assunto, existência de bibliografia especializada e familiaridade com o assunto” (MOTTA et al., 2013, p. 116); 2º) elaboração do plano de desenvolvimento da pesquisa – “O plano de desenvolvimento é apresentado na forma de

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divisões e subdivisões, formando aquilo que se considera um sumário provisório da pesquisa” (MOTTA et al., 2013, p. 117); 3º) identificação, localização das fontes e obtenção do material – “Com o plano de assunto em mãos, o próximo passo consiste em localizar as fontes que poderão fornecer respostas adequadas ao que se propõe pesquisar” (MOTTA et al., 2013, p. 118); 4º) Após a leitura do material para fins de conhecimento e entendimento, passará a quarta e última etapa: redação do trabalho – Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002), os elementos que compõem a redação do trabalho são: a) pré-textuais; b) textuais e c) pós-textuais. “[...] pré-textuais são apresentados antes da introdução [...] textuais compõem a estrutura do trabalho [...] pós-textuais apresentam informações que complementam o trabalho” (MOTTA et al., 2013, p. 121).

Através desse método, serão estudadas e analisadas diversas obras que abordam a respeito do tema em questão.

d) No que tange a abordagem, será feita de forma qualitativa, pois se tem como objeto de estudo a ser analisado e investigado um dos aspectos que sofreu reforma na Lei n. 13.467/2017. Na forma qualitativa a pesquisadora visa analisar a qualidade do conteúdo estudado, a fim de estudar e compreender o conteúdo abordado. “O pesquisador envolve-se com o processo” (MOTTA et al., 2013, p. 113). Do mesmo modo, “o principal objetivo da pesquisa qualitativa é o de conhecer as percepções dos sujeitos pesquisados acerca da situação-problema, objeto da investigação” (MOTTA et al., 2013, p. 112).

1.8 ORGANIZAÇÃO CAPITULAR

O desenvolvimento deste trabalho está organizado em quatro capítulos. O primeiro capítulo se refere a introdução, na qual expõe-se o tema que será trabalhado, descrição da situação problema, formulação do problema, hipótese, definição dos conceitos operacionais, justificativa, objetivo geral, objetivos específicos e delineamento da pesquisa.

No segundo capítulo serão abordados o direito processual do trabalho em sua história e evolução, conceito, finalidade, bem como sua autonomia. Os princípios aplicáveis ao Direito processual do Trabalho também serão abordados neste capítulo.

No terceiro capitulo abordar-se-á os honorários sucumbenciais à luz da reforma trabalhista, demonstrando quem são os beneficiários da justiça gratuita, bem como o conceito de honorários advocatícios, suas espécies e evolução histórica.

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Por fim, com o objetivo de alcançar o verdadeiro objeto desse trabalho, no quarto e último capítulo será abordado a aplicabilidade da condenação dos honorários sucumbenciais na justiça do trabalho e os posicionamentos adotados após a reforma trabalhista.

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2 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

O Direito Processual do Trabalho é ramo do direito público que tem como objeto de estudo reger as atividades dos órgãos da Justiça do Trabalho para a solução de conflitos individuais e coletivos nas relações entre empregado e empregador.

2.1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO, CONCEITO, FINALIDADE E AUTONOMIA

Para iniciar a discussão sobre o tema, neste capítulo, serão abordados os aspectos históricos e evolução, o conceito, finalidade, bem com a autonomia do direito processual do trabalho.

2.1.1 História e Evolução no Brasil

Neste tópico, buscar-se-á delinear brevemente o percurso histórico e evolutivo que ocorreu no Brasil acerca do Direito Processual do Trabalho, bem como as conquistas atingidas ao longo do caminho.

A história do Direito Processual do Trabalho no Brasil está vinculada às formas de solução dos conflitos de trabalho, a saber: a autodefesa, a autocomposição e a hetecomposição.

No dizer de Leite (2013), o Direito Processual do Trabalho é um instrumento de realização do Direito do Trabalho, sob esta perspectiva, é com o aparecimento (direito do trabalho) deste que se pode falar no surgimento daquele (direito processual do trabalho).

Sendo assim o Direito Processual do Trabalho surge para que o Direito do Trabalho possa ser efetivado na solução de conflitos ocorrido nas lides que tratam das relações de trabalho. Já que o processo do trabalho é aplicável também das relações de trabalho, não somente nas de emprego.

De tal modo que, se o Direito do Trabalho somente surge com o regime do assalariado, implantado pela Revolução Industrial, é a partir desse momento que se inicia a história do direito processual do trabalho. (LEITE, 2013, p. 121).

Nas palavras de Leite (2013, p.121):

É pois, com a Revolução Industrial que aparecem os conflitos de interesses entre os proprietários das fábricas e os operários, os quais, em virtude da ideologia do Estado Liberal que era abstencionista e alheio a tais conflitos, geraram os movimentos de

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paralisação (autodefesa) pelos trabalhadores, geralmente com depredações do patrimônio das empresas.

Com a Revolução Industrial, a partir do momento em que passaram a ser utilizadas máquinas na produção, começaram a surgir novas condições de trabalho. Houve aumento de mão de obra disponível, causando, em consequência, a diminuição dos salários pagos aos trabalhadores. A partir desse momento, os operários passaram a reunirem-se para reivindicar novas condições de trabalho e melhores salários, surgindo os conflitos trabalhistas, principalmente os coletivos. (LEITE, 2013, p. 121)

A evolução histórica do direito processual do trabalho no Brasil é dividida em três fases, sendo elas a institucionalização, a constitucionalização e a consolidação.

Explica Nascimento (1996, p. 162-221) que a história do direito processual do trabalho no Brasil passou por três fases distintas. A primeira fase, vem com três períodos de institucionalização caracterizados por um apoio na solução dos conflitos trabalhistas. A segunda fase, marcada pelo período de constitucionalização, em que se instaura o memorável debate entre Waldemar Ferreira e Oliveira Viana. A terceira fase é caracterizada pela consolidação da justiça do trabalho como órgão do Poder Judiciário. Por último, surge a fase contemporânea, que se inicia no final do século XX e tem como problema central a efetividade do processo do trabalho.

A primeira fase histórica do direito processual do trabalho, diz respeito aos três períodos de sua institucionalização. No primeiro período destacam-se os Conselhos Permanentes de Conciliação e Arbitragem (1907) que foram instituídos pela Lei n. 1637, de 5.11.1907, sendo que os processos de conciliação seriam regulados pelo regimento interno do próprio Conselho, enquanto a arbitragem observaria as disposições do Direito Comum; em ambos se verificavam a conciliação e a arbitragem facultativas, mas sequer foram implantados. (LEITE, 2013, p.124)

No segundo período os Tribunais Rurais de São Paulo, criados pela Lei n. 1.869/1922, surgiram para solucionar contratos de locação de serviços agrícolas. Esses órgãos foram os primeiros a se voltar apenas para lides de natureza trabalhista, sendo compostos por um juiz de direito, um locador e outro locatário (MAIOR, 1996, p.170).

Finalmente, no terceiro período, passar a existir as Comissões Mistas de Conciliação e as Juntas de Conciliação e Julgamento (1932). As primeiras tinham competência para conciliar os dissídios coletivos. Já às juntas de conciliação e julgamento competiam conciliar e julgar os dissídios individuais entre trabalhadores e empregados. (LEITE, 2013, p.124)

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Na sequência veio a segunda fase histórica do Direito Processual do Trabalho caracterizada pela constitucionalização da justiça do trabalho, porquanto as Constituições brasileira de 1934 e 1937 passaram a dispor, expressamente, sobre a Justiça do Trabalho, embora como órgão não integrante do Poder Judiciário.

A Constituição de 1934 estabeleceu que, para dirimir questões entre empregados e empregadores, regidas pela legislação social, foi instituída a Justiça do Trabalho, à qual não se aplica o disposto no capítulo que trata do poder judiciário (art.122) mostrando que a Justiça do trabalho não era órgão do Poder Judiciário. (MARTINS, 2012, p.14)

A Constituição de 1937 repete em certos aspectos a redação da Norma Ápice anterior, estabelecendo que a Justiça do Trabalho iria dirimir os conflitos oriundos das relações entre empregadores e empregados, regulados na legislação social, porém sua regulamentação, seria feita por lei e à qual não se aplicavam as disposições daquela Lei Maior relativas a competência. Continuava a Justiça do Trabalho, portanto, a ser um órgão administrativo, não fazendo parte do Poder Judiciário. (MARTINS, 2012, p.14). Nesta época houve um debate entre Waldemar Ferreira e Oliveira Viana a respeito do Poder Normativo da Justiça do trabalho no sentido de que o juiz teria ou não função criativa e de colaborador na construção de normas jurídicas, não se limitando a ser mero intérprete gramatical dos textos legais. (LEITE, 2013, p.125)

O reconhecimento da Justiça do Trabalho como órgão integrante do Poder Judiciário se deu na terceira fase histórica do direito processual do trabalho. Isso se deu pelo Decreto-Lei n. 9.777/1946, que dispôs sobre sua organização. Assim, a Justiça do Trabalho passou a ser composta pelos seguintes órgãos: I – Tribunal Superior do Trabalho; II – Tribunais Regionais do Trabalho; III – Juntas ou Juízes de Conciliação e Julgamento. (LEITE, 2013, p.125)

Quanto a introdução da justiça do trabalho no Poder Judiciário, Nascimento (1996, p.36) explica:

A integração da Justiça do trabalho ao Poder Judiciário, é consequência natural da evolução histórica dos acontecimentos. Na sociedade empresarial, as controvérsias entre trabalhadores e empresários assume especial significado. O Estado, intervindo na ordem econômica e social, não pode limitar-se a dispor sobre matéria trabalhista. Necessita, também, de aparelhamento adequado para a solução dos conflitos de interesses, tanto no plano individual como no coletivo. Assim, a existência de um órgão jurisdicional do estado para questões trabalhistas é o resultado da própria transformação da ideia de autodefesa privada em processo judicial estatal, meio característico de decisão dos litígios na civilização contemporânea.

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Por fim, a última fase e denominada de consolidação, se dá com a integração da Justiça do Trabalho ao Poder Judiciário por meio da Constituição de 1946, estando esta integração ocorrendo até os dias de hoje.

No entendimento de Leite (2013, p.125) existe ainda a fase contemporânea relacionada ao problema político, econômico, social e jurídico da multiplicação dos conflitos trabalhistas. Nessa fase, o direito processual do trabalho passa a ter um importante papel, principalmente em função da ausência de celeridade dos processos trabalhistas que compromete a efetividade dos direitos sociais garantidos aos trabalhadores.

Enfim, a justiça e o processo do trabalho são instrumentos utilizados para que as relações de trabalho caminhem de forma isonômica e respeitosa, pelo menos no aspecto econômico, já que o desequilíbrio de classes no Brasil ainda é muito grande, bem como a exploração do trabalho é revoltante.

2.1.2 Conceito

O direito processual do trabalho é um conjunto de princípios, regras e instituições, destinado a regular a atividade dos órgãos jurisdicionais na solução de conflitos nos dissídios, individuais e coletivos relacionadas as relações de trabalho, bem como nas relações entre empregado e empregador.

Sobre o conceito de direito processual do trabalho Schiavi, (2017, p.11), observa:

[...]conjunto de princípios, normas e instituições que regem a atividade da Justiça do trabalho, com o objetivo de dar efetividade à legislação trabalhista e social, assegurar o acesso do trabalhador à Justiça e dirimir, com justiça, o conflito trabalhista.

O processo é um complexo de atos e termos por meio dos quais se materializa a prestação jurisdicional, através de um instrumento chamado “ação”, que se origina de conflitos trabalhistas, ou seja, é o meio pelo qual se utiliza para satisfazer um dano que eventualmente tenha tido da relação do trabalho, conforme ensina Barros (2009, p.481)

O direito processual, também conhecido como direito instrumental ou formal, constitui o sistema de princípios e normas legais regulamentadoras do exercício da função jurisdicional, que é função soberana do Estado e consiste em administrar a justiça. Em caso de violação de direito, o titular deste poderá protegê-lo por meio do processo, conforme exposto. Assim, o Direito do Trabalho é um direito material ou substancial, ou seja, define as hipóteses em que uma pessoa física ou jurídica (o empregador) deve o pagamento de salário a outra (o empregado) e o Direito processual do trabalho disciplina o instrumento (o processo) através do qual se obrigará o empregador a lhe pagar as verbas que lhe são garantidas pelo direito material.

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Schiavi (2017, p.11) traz a definição de cada característica do conceito de Direito Processual do trabalho:

Os princípios são as diretrizes básicas, positivadas, ou não, que norteiam a aplicação do Direito Processual do Trabalho. As normas são condutas processuais que dizem o que deve ser e o que não deve ser positivado no sistema jurídico pela Lei, pelo costume, pela jurisprudência ou pelos próprios princípios. As instituições são entidades reconhecidas pelo direito encarregadas de aplicar e materializar o cumprimento do Direito Processual do Trabalho.

A Justiça do trabalho é o órgão estatal do Poder Judiciário incumbido de aplicar as regras processuais trabalhistas. As instituições determinadas pela legislação é que irão dirimir as controvérsias existentes entre as partes, quer nos dissídios individuais, quer nos coletivos, por intermédio das Varas do Trabalho, Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunais Superiores do Trabalho. (MARTINS, 2012, p. 19)

Importante mencionar que se têm, no direito processual do trabalho, diversas regras que versam sobre a matéria, sendo grande parte dela, contida na CLT. (BARROS, 2009, p. 481). Entretanto, quando a CLT for omissa, as regras aplicadas do Código de Processo Civil podem ser fonte subsidiária e supletiva no direito processual do trabalho. Ademais a norma contida no CPC tem que ser compatível com as regras e princípios que regem o processo do trabalho. Segundo Schiavi, (2015, p. 2):

Desse modo, conjugando-se o artigo 15 do CPC com os artigos 769 e 889, da CLT, temos que o CPC se aplica ao processo do trabalho da seguinte forma: supletiva e subsidiariamente, nas omissões da legislação processual trabalhista, desde que compatível com os princípios e singularidades do processo trabalhista.

Em suma, o direito processual do trabalho é um conjunto de princípios e regras reguladas pela CLT, supletiva e subsidiariamente pelo CPC. Considerado pela doutrina, como já mencionado, um instrumento que existe para dar efetividade ao direito material do trabalho facilitando o acesso do trabalhador a justiça por meio da Justiça do Trabalho.

2.1.3 Finalidade e Objetivo

Assim como o direito do trabalho visa à proteção do trabalhador e à melhoria de sua condição social (art. 7º, caput, a CF), o direito processual do trabalho tem sua razão de existência em propiciar o acesso dos trabalhadores à Justiça, tendo em vista garantir os valores sociais do trabalho, a composição justa do conflito trabalhista, bem como resguardar a dignidade da pessoa humana do trabalhador. (SCHIAVI, 2017, p.12)

O objetivo principal do direito processual do trabalho no entendimento de Leite (2013, p.93), é promover a concretização dos direitos sociais fundamentais individuais,

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coletivos e difusos dos trabalhadores e a pacificação justa dos conflitos decorrentes direta ou indiretamente das relações de emprego e de trabalho, bem como regular o funcionamento dos órgãos que compõem a Justiça do Trabalho.

Para tanto, o ordenamento jurídico brasileiro prevê uma justiça especializada, composta por juízes também especializados em causas trabalhistas e preparados para julgar as ações provenientes da relação de trabalho.

Barros (2009) aponta que o direito processual tem o objetivo de evitar a desordem e garantir o Estado à ordem para solucionar qualquer pendência e impondo uma decisão entre as partes litigantes. Nesse particular, o direito processual do trabalho é uma divisão do direito processual que se destina a solução dos conflitos trabalhistas. É ele quem regra a atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos dissídios.

Da mesma forma ensina Schiavi (2017, p.12):

[...] a função do processo do trabalho, na modernidade, além de assegurar o acesso à justiça ao trabalhador, é pacificar, com justiça, o conflito trabalhista devendo considerar as circunstâncias do caso concreto e também os direitos fundamentais do empregador ou do tomador de serviços.

Embora o direito processual do trabalho, hoje esteja mais próximo do direito processual civil e sofra os impactos dos princípios constitucionais do processo, não há como se deixar de reconhecer alguns princípios peculiares do direito processual do trabalho, os quais dão autonomia e o distinguem do direito processual comum. (SCHIAVI, 2017, p.12)

Schiavi, (2017, p.13) acrescenta:

Embora alguns princípios do direito material do trabalho, tais como primazia da realidade, razoabilidade, boa-fé, sejam aplicáveis também ao Direito Processual do trabalho, a nosso ver, os princípios do direito material do trabalho não são os mesmos do processo, uma vez que o processo tem caráter instrumental e os princípios constitucionais da isonomia e imparcialidade, aplicáveis ao processo do trabalho, impedem que o direito processual do trabalho tenha a mesma intensidade de proteção do trabalhador própria do direito material do trabalho. Não obstante, não há como negar um certo caráter protecionista no Direito processual do Trabalho, que para alguns é principio peculiar do processo do trabalho e para outros, características do procedimento trabalhista, para assegurar o acesso efetivo do trabalhador à justiça do trabalho e também a uma ordem jurídica justa.

Enfim, o direito processual do trabalho tem por finalidade impulsionar o cumprimento da legislação trabalhista, já que não se ocupa só do trabalho subordinado, mas do trabalhador, ainda que não tenha um vínculo de emprego, porém, que vive de seu próprio trabalho. Assim como o direito do trabalho visa à proteção do trabalhador e à melhoria de sua condição social (art. 7º, caput, da CF), o direito processual do trabalho existe para propiciar o acesso dos trabalhadores à justiça, tendo em vista a garantia dos valores sociais do trabalho, a

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composição justa do conflito trabalhista, bem como resguardar a dignidade da pessoa humana do trabalhador.

2.1.4 Autonomia

Importante mencionar, primeiramente, que há uma acirrada discussão na doutrina quanto à autonomia do direito processual do trabalho.

Sobre este aspecto, há duas teorias que versam sobre a autonomia do direito processual do trabalho: a monista afirmando unidade (minoritária) e a dualista afirmando a dualidade de setores (majoritária), conforme ensina Barros (2009, p. 492):

a) teoria monista: assume a posição de que o Direito Processual do Trabalho não está regido por leis próprias, que seria apenas um capitulo do Código de Processo Civil, afirmando que o Direito Processual é um só. O direito processual seria um só, governado por normas que não diferem substancialmente a ponto de justificar-se o desdobramento e a autonomia do direito processual penal, do direito processual civil e do direito processual do trabalho. Entende-se, ainda, que o Direito Processual do Trabalho não conseguiu ainda, se separar do direito processual.

Leite (2013) afirma que o direito processual do trabalho é, portanto, constituído por um sistema de normas, princípios, regras e instituições próprias, pois são esses elementos que o diferenciam do direito processual penal e civil, conferindo-lhe autonomia.

Barros (2009, p. 492), continua:

b) teoria dualista: é a que sustenta a autonomia do Direito Processual do Trabalho e é a que mais reúne adeptos, não só no Brasil, mas também em outros países. A Lei processual trabalhista é uma lei especial, na sua aplicação e na sua finalidade, tanto no ponto de vista social, como econômico.

Schiavi (2017, p.13), defende que milita em prol da autonomia do direito processual do trabalho no Brasil o fato de possuir um ramo especializado do judiciário para resolver as lides trabalhistas, uma legislação própria que disciplina o processo do trabalho, um objeto próprio de estudo e vasta bibliografia sobre a matéria. O que não impede, é claro, que o direito processual do trabalho se isole e se acomode.

Vale ressaltar, diante o exposto, que é importante um constante diálogo entre o direito processual do trabalho e os outros ramos do direito processual, principalmente com os princípios fundamentais dos processos existentes na Constituição Federal.

O autor, Schiavi, (2017, p.13) reconhece que as ciências processuais devem caminhar juntas, e o processo do trabalho, em razão dos princípios da subsidiariedade, do acesso à justiça, da duração razoável do processo, pode se aproveitar dos benefícios obtidos pelo Processo Comum.

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No entendimento de Souto Maior (2015, p. 51):

[...] “o que se apresenta é uma oportunidade para que os estudos do processo do trabalho retornem à sua origem e se possa recuperar e reforçar a teoria jurídica específica das lides trabalhistas, extraindo da Justiça do Trabalho certo complexo de inferioridade, bastante identificado em alguns juízes que se sentem mais juízes quando citam em suas sentenças artigos do Código de Processo Civil, mesmo que já possuam nos 265 artigos da CLT as possibilidades plenas para a devida prestação jurisdicional.”

O Juiz do trabalho Souto Maior (2015) acredita que já chegou a hora de o direito processual do trabalho ter sua autonomia teórica, já que os procedimentos do processo do trabalho estão lançados na jurisprudência trabalhista favorecendo a efetividade processual, aprimorando-as, sempre com o respeito necessário ao princípio do contraditório.

Percebe-se, portanto que existem discussões sobre a necessidade de um Código de Processo do Trabalho que atualizaria a direito processual trabalhista, entendendo que esta mudança poderia trazer uma efetividade à sua jurisdição e também maior segurança jurídica na aplicação das suas normas específicas.

2.2 PRINCIPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Os princípios, na forma como serão a seguir expostos, são direcionados àqueles que servem de alicerce ao direito processual do trabalho, a saber: o protecionista processual, informalidade, isonomia, acesso a justiça do trabalho, assistência judiciária integral e gratuita, não retrocesso social e por fim o princípio da função social. Os princípios em geral, bem como os acima mencionados servem como meio lógico-racional, auxiliando na validade do ordenamento jurídico, bem como um instrumento que concebe coerência e harmonização a todo um sistema.

Martins (2004, p. 69) define princípios como proposições básicas que fundamentam as ciências, informando-as e orientando-as. Para o Direito, o princípio é o seu fundamento, a base que irá informar e inspirar as normas jurídicas.”

Schiavi (2017, p.23) acredita que:

Atualmente os princípios e normas do Direito Processual do Trabalho devem ser lidos em compasso com os princípios constitucionais do processo, aplicando-se a hermenêutica da interpretação conforme a Constituição. Havendo, no caso concreto, choque entre um princípio do Processo do Trabalho previsto em norma infraconstitucional e um princípio constitucional do processo, prevalece este último.

Na mesma linha de pensamento Delgado (2007, p. 187), define princípio como “proposições fundamentais que informam a compreensão do fenômeno jurídico. São diretrizes

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centrais que se inferem de um sistema jurídico e que, após inferidas, a ele se reportam, informando-o”.

Ensina Mello (1997, p. 573) que princípio é por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.

Portanto, com base neste entendimento que se propôs alguns princípios que interferem de alguma forma no resultado deste estudo.

2.2.1 Protecionista Processual

Para seguir com o trabalho, cabe ressaltar que o princípio em questão se refere ao âmbito processual, não se confundindo, embora possua relações inegáveis, com o princípio protetivo inerente ao direito material do trabalho. Neste vértice tratar-se-á a proteção como princípios que defendem a facilidade na instrumentalização do processo do trabalho em favor do trabalhador, presumidamente hipossuficiente na relação que estão inseridos.

Neste sentido é o que afirma Schiavi (2009, p.91):

Não se trata do mesmo princípio da proteção do Direito Material do Trabalho, e sim uma intensidade protetiva, vista sob o aspecto instrumental, ao trabalhador a fim de lhe assegurar algumas prerrogativas processuais para compensar eventuais entraves que enfrenta ao procurar a Justiça do Trabalho, devido à sua hipossuficiência econômica e, muitas vezes, da dificuldade em provar suas alegações, pois, via de regra, os documentos da relação de emprego ficam na posse do empregador.

O que se observa, então, é que o protecionismo processual caminha lado a lado com o princípio da igualdade da pessoa humana, visto que se deve observar sempre a relação dos dois princípios para que a proteção do trabalhador se materialize. Sem a diferença no tratamento processual na relação jurídica do trabalho, consuma-se uma verdadeira disparidade social.

É o que explica Martins (2017, p.134) ao afirmar que:

Como regra, deve-se proporcionar uma forma de compensar a superioridade econômica do empregador em relação ao empregado, dando a este último superioridade jurídica (Galart Folch, 1936:16). Esta é conferida ao empregador no momento em que se dá ao trabalhador a proteção que lhe é dispensada por meio da lei. O princípio protetor pode ser uma forma de justificar desigualdades, de pessoas que estão em situações diferentes. O princípio protetor protege o empregado e não qualquer trabalhador.

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Buscando balancear esta disparidade, o direito processual do trabalho, através da CLT, traz diversas amostras de preceitos que visa o equilíbrio da desigualdade das partes.

É essencial que o Juiz do Trabalho seja sempre imparcial, que dirija o processo com equilíbrio e razoabilidade, buscando uma decisão justa e que seja apta a pacificar o conflito. (SCHIAVI, 2017, p. 24).

Na legislação processual trabalhista, o autor Mauro Schiavi demostra diversos exemplos que consagram o protecionismo processual: o art. 844 da CLT que prevê hipóteses de arquivamento da reclamação trabalhista em caso de ausência do reclamante, mas se ausente o reclamado, haverá a revelia; inversão do ônus da prova em favor do empregado; existência do jus postulandi da parte (art.791 da CLT); gratuidade processual; exigência de depósito recursal para o reclamado poder recorrer (art. 899 da CLT) entre outros. (SCHIAVI, 2017, p. 24)

Corroborando com as ideias anteriores Barros (2016, p.122) pontua que:

O princípio da proteção é substanciado na norma e na condição mais favorável, cujo fundamento se subsume à essência do direito do trabalho. Seu propósito consiste em tentar corrigir desigualdades, criando uma superioridade jurídica em favor do empregado, diante da sua condição de hipossuficiente.

A materialização do direito reconhecida em sentença, além de ser um interesse próprio do reclamante que vence a ação, é também do Estado, já que geralmente o bem da vida tutelado nas ações trabalhistas é considerado verba de natureza alimentar, responsável direto pela subsistência do trabalhador, repercutindo nas políticas econômicas e sociais.

No entanto, num primeiro momento, o princípio da proteção do trabalhador pode ter impressão de estar ferindo a isonomia das partes, bem como contaminando a imparcialidade do juiz e desequilibrando a paridade das armas. Não obstante, com bastante clareza, Giglio (2005, p.85) nos ensina o inverso, afirmando que:

[...] objetam alguns que o Direito Processual não poderia tutelar uma das partes, sob pena de comprometer a própria ideia de justiça, posto que o favorecimento afetaria a isenção de ânimo do julgador. Não lhes assiste razão, pois justo é tratar desigualmente os desiguais na mesma proporção em que se desigualam, e o favorecimento é qualidade da lei e não defeito do juiz, que deve aplica-la com objetividade, sem permitir que suas tendências pessoais influenciem em seu comportamento. Em suma: trabalhador protegido pela lei, e não pelo juiz.

Neste sentido Schiavi (2017, p. 24) reafirma a existência fundamental do protecionismo e eleva os preceitos de igualdade quando diz:

De nossa parte, o Processo do Trabalho tem característica protetiva ao litigante mais fraco, que é o trabalhador, mas sob o aspecto da relação jurídica processual (instrumental) a fim de assegurar-lhe algumas prerrogativas processuais para

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compensar eventuais entraves que enfrenta ao procurar a Justiça do Trabalho, devido à sua hipossuficiência econômica e, muitas vezes, à dificuldade em provar suas alegações, pois, via de regra, os documentos da relação de emprego ficam na posse do empregador. De outro lado, o processo do trabalho deve observar os princípios constitucionais do processo que asseguram equilíbrio aos litigantes. Por isso, denominamos essa intensidade protetiva do processo do trabalho de princípio da proteção temperada ao trabalhador

Importante destacar, que o protecionismo processual é fonte essencial para a manutenção da justiça do trabalho, principalmente pela função social que o processo do trabalho exerce sobre as lides trabalhistas, já que procura de forma proporcional contrabalancear a capacidade processual das partes, para o deslinde processual, primando pela verdade real.

Necessário destacar que os autores descrevem três vertentes que tiveram origem a partir deste princípio, sendo ele expostos a seguir:

2.2.1.1 In dubio pro operário

In dubio pro operário foi criado para resguardar a parte mais frágil na relação de trabalho, no caso os trabalhadores em geral, quando verificado que determinado preceito seja passível de diferentes interpretações. (RODRIGUEZ, 2000, p. 107)

Basile (2014, p. 19) ensina:

Na verdade, o princípio do in dubio pro operário não deve ser traduzido somente como “na dúvida, para o operário”, mas também “na dúvida, em favor do vínculo empregatício”. Vale dizer que servirá tanto para interpretar uma norma jurídica de alcance controvertido (leis, regulamentos da empresa ou o próprio contrato de trabalho) como a relação jurídica das partes em si, tomando como exemplo o trabalhador que se fez substituir eventualmente por outrem na prestação dos serviços (ferindo o requisito da pessoalidade) ou deteve algum tipo de poder de organização sobre seu trabalho (contrariando a regra básica da subordinação), devendo ser reconhecido o vínculo empregatício, pois a dúvida decorrente da identificação esporádica de características estranhas ao emprego não pode gerar a presunção de existência de um trabalho impessoal, eventual, autônomo ou voluntário.

Historicamente, o direito do trabalho surgiu como consequência das diferentes formas de exploração decorrentes da liberdade contratual existente entre o proprietário do meio de produção e o trabalhador, bem como, principalmente, em razão da desigualdade da capacidade econômica e social entre estes (trabalhador e proprietário do meio de produção). O legislador inclinou-se para uma compensação de desigualdade econômica desfavorável ao trabalhador com uma proteção jurídica favorável a ele respondendo, fundamentalmente, ao propósito de nivelar desigualdades. (RODRIGUEZ, 2000, p. 85)

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Sobre este aspecto há opiniões divergentes sobre a aplicação da regra do in dubio pro operário na esfera processual, apontando autores com ideias desarmônicas, apesar de que suas exposições se refiram à interpretação mais favorável ao trabalhador, e que questionam, na verdade, a vigência de todo esse princípio protetor. (RODRIGUEZ, 2000, p. 90).

Em crítica mais aprofundada, Delgado (2007, p.196) insiste que:

Tal princípio, entretanto, apresenta dois problemas: o primeiro, menos grave, essencialmente prático, consistente no fato de que ele abrange dimensão temática já acobertada por outro princípio justrabalhista específico (o da norma mais favorável). O segundo problema, muito grave, consistente no fato de que, no tocante à sua outra dimensão temática, ele entra em choque com o princípio jurídico geral da essência da civilização ocidental, hoje, e do Estado Democrático de Direito: o princípio do juiz natural.

Schiavi (2010) defende o uso do princípio afirmando que no caso da prova dividida, por exemplo, o juiz deve primeiramente se basear pelas regras de experiência e somente depois de esgotados todos os meios de avaliar a melhor prova é que o julgador poderia optar pelo critério de aplicabilidade ou não do princípio in dubio pro operário.

Observa-se que este princípio deve ser seguido em todos os aspectos da norma, firmando sempre que o trabalhador é parte hipossuficiente da relação e deve, portanto, ser respeitado em sua posição como parte frágil da relação do trabalho.

2.2.1.2 Aplicação da norma mais favorável X Prevalência da condição mais benéfica

Na possibilidade de dois dispositivos normativos distintos, prevalecerá aquele que se revelar mais favorável ao trabalhador, independente da sua hierarquia. (BASILE, 2014, p. 19). O princípio da norma mais favorável garante ao trabalhador, as inserções de diversos benefícios ou a ampliação dos já constituídos.

Este princípio dispõe que o operador do direito do trabalho deve optar pela regra mais favorável ao trabalhador em três situações: “no instante de elaboração da regra, no contexto de confronto entre regras concorrentes ou, no contexto de interpretação das regras jurídicas (DELGADO, 2016, p. 202)

Sendo assim, a existência de duas ou mais normas é o fundamento do princípio da norma mais favorável, tendo em vista que a preferência na aplicação de uma ou outra norma é tema de grande discussão. (BARROS, 2016, p. 123) Este princípio autoriza sua aplicação, independente de hierarquia, ou seja, após o confronto das normas objeto de comparação, dá-se preferência a norma mais favorável ao trabalhador.

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Quando da ocorrência de conflitos entre as condições ou cláusula estipuladas entre empregador e empregado, deve-se proteger sempre as situações mais vantajosas ao trabalhador, por força do próprio contato, de forma expressa ou tácita consistente esta última em fornecimentos habituais de vantagens que não poderão ser retiradas, sob pena de violação ao art. 468 da CLT. Este princípio é baseado no direito adquirido resguardado no art. 5º, inciso XXXXVI, da CF de 1988. (BARROS, 2016, p.123).

Já a condição mais benéfica ao trabalhador deve ser entendida como o fato de que vantagens já conquistadas, que são mais benéficas ao trabalhador, não podem ser modificadas para piorar. É a aplicação da regra do direito adquirido (art. 5º, XXXVI, da CF), do fato de o trabalhador já ter conquistado certo direito, que não pode ser modificado, no sentido de se outorgar uma condição desfavorável ao obreiro (art. 468, CLT).

No intuito de diferenciar os dois princípios Rodriguez (2000, p. 107) ensina:

[...] b) a regra da norma mais favorável determina que, no caso de haver mais de uma norma aplicável, deve-se optar por aquela que seja mais favorável, ainda que não seja a que corresponda aos critérios clássicos de hierarquia das normas.; e c) a regra da condição mais benéfica: critério pela qual a aplicação de uma nova norma trabalhista nunca deve servir para diminuir as condições mais favoráveis em que se encontrava um trabalhador.

Conclui-se, pelo exposto, que os princípios mencionados, aplicação da norma mais favorável e da prevalência da condição mais benéfica, apesar de distintos conceitualmente, são similares quanto à sua função. Tais princípios são derivados de um princípio maior, que é o princípio da proteção.

2.2.2 Informalidade

O processo do trabalho apresenta diversos procedimentos, uns mais complexos e completos, e outros mais céleres e simples. Portanto, o princípio da informalidade permite que não ocorra excessivo rigor aos atos praticados nos seus procedimentos, de modo que não sejam tão solenes e rígidos quanto os demais, com o objetivo de garantir o acesso à justiça.

Conforme Pereira (2014),vale ressaltar que essa informalidade não é absoluta, e sim relativa, uma vez que dependerá da documentação do procedimento. Este procedimento, de forma escrita, é fundamental para a observância do princípio constitucional do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF), ou seja, deve respeitar os limites legais.

Neste sentido, Schiavi (2009) pondera que embora o procedimento seja de certa forma informal, algumas formalidades devem ser observadas, inclusive sobre a documentação do procedimento, já que o procedimento escrito é uma garantia da seriedade do processo.

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A materialização do princípio da informalidade ocorre, por exemplo, pela outorga do jus postulandi, comunicação postal dos atos processuais, nomeação de perito único, eliminação da fase de avaliação dos bens penhorados, concentração dos atos em audiência una, oralidade, etc. (GIGLIO, 2005, p. 86).

Observa-se, então que a informalidade é considerada enfoque na Justiça do Trabalho convalidando as pequenas imperfeições formais quando atingido. Ou seja, tudo o que for desnecessário ou que possa ser feito de maneira menos trabalhosa ou morosa não passa pelo crivo do princípio da informalidade.

Ademais, o princípio da informalidade do Processo do Trabalho, significa que o sistema processual trabalhista é menos burocrático, mais simples e mais ágil que o sistema do processo comum, com linguagem mais acessível ao cidadão que não conhece o direito, bem como a prática de atos processuais, propiciando maior participação das partes, celeridade no procedimento e maiores possibilidades de acesso à justiça ao trabalhador mais simples. (SCHIAVI, 2017, p. 26)

Simplicidade é a relação que se pode ter com o princípio da informalidade, já que defende a uma atuação de forma simples, ou seja sem apresentar amarras com a dificuldade, a vagarosidade e ineficiência.

2.2.3 Isonomia

O princípio da isonomia tem como garantia constitucional de que todos, homens e mulheres, possuem igualdade em direitos e obrigações.

Este princípio também chamado de princípio da igualdade está previsto no art. 5º, caput, da CF, que assim dispõe: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...].” (BRASIL, 1988)

O princípio da igualdade na CF de 1988 encontra-se representado, exemplificativamente, no artigo 4º, inciso VIII, que dispõe sobre a igualdade racial; do artigo 5º, I, que trata da igualdade entre os sexos; do artigo 5º, inciso VIII, que versa sobre a igualdade de credo religioso; do artigo 5º, inciso XXXVIII, que trata da igualdade jurisdicional; do artigo 7º, inciso XXXII, que versa sobre a igualdade trabalhista; do artigo 14, que dispõe sobre a igualdade política ou ainda do artigo 150, inciso III, que disciplina a igualdade tributária.

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Muito embora o princípio da isonomia prega que haverá igualdade ou isonomia quando houver tratamento igual entre igual, por outro lado, a isonomia deve ser aplicada em um sentido mais amplo, ou seja, haverá isonomia, quando houver desigualdade e proporcionarmos tratamento igual a desiguais, sob pena de ferir este preceito basilar protegido pela CF/88, em seu artigo 5º, caput.

O artigo 5º, caput, da CF assegura uma igualdade formal perante a lei, bem como, uma igualdade material que se baseia em determinados fatores. O que se busca é uma igualdade proporcional, já que não se podem tratar igualmente situações provenientes de fatos desiguais.

Moraes (2005, p.31) ensina: “o que se veda são as diferenciações arbitrárias, as discriminações absurdas, pois, o tratamento desigual dos casos desiguais na medida em que se desigualam, é exigência tradicional do próprio conceito de Justiça.”

Enfim, com base no princípio da igualdade, a lei não deve ser fonte de privilégios nem de perseguições, mas um instrumento que regula a vida em sociedade, tratando de forma justa todos os cidadãos.

O princípio em estudo determina a equivalência real, caso a caso, para não se correr o risco de tratar com disparidade os iguais, ou os desiguais com igualdade, o que seria distinção evidente, e não igualdade substancial.

2.2.4 Acesso à Justiça do Trabalho

O princípio do acesso à justiça possibilita a todos os cidadãos a faculdade de comparecer em juízo para a defesa de seus direitos que julguem estar sendo lesados ou ameaçados. Essa garantia constitucional decorre do disposto no artigo 5º, inciso XXXV, o qual dispõe que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciária lesão ou ameaça a direito” (BRASIL, 1988).

Barros (2009, p. 489) pontua que este princípio se destina ao legislador, que está proibido de criar norma jurídica que impeça o acesso aos órgãos do Judiciário, e ao juiz, que tem o dever de prestar uma tutela jurisdicional adequada.

Trata-se de mais uma das garantias importantes para o cidadão, uma vez que, modernamente, a acessibilidade ao judiciário é um direito fundamental de qualquer pessoa para efetivação de seus direitos. De outro lado, não basta apenas a ampla acessibilidade ao judiciário, mas também que o procedimento seja justo e que produza resultados (efetividade). (SHIAVI, 2017. p.15)

Referências

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