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Centro de Integração para Refugiados e Pessoas em Vulnerabilidade Social

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Academic year: 2021

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CENTRO DE INTEGRAÇÃO

PARA REFUGIADOS

E PESSOAS EM

VULNERABILIDADE SOCIAL

ISABELA AMORIM VILANI

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CENTRO DE INTEGRAÇÃO

PARA REFUGIADOS

E PESSOAS EM

VULNERABILIDADE SOCIAL

ISABELA AMORIM VILANI

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Arquiteta e Urbanista.

Orientadora Arlis Buhl Peres Florianópolis

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus, que me deu toda força e confiança nessa jornada. À minha família que é a base de tudo, sem eles eu não seria nada.

À minhas amigas, companheiras de projetos e vida, que sempre estiveram comigo deste o começo da faculdade, incentivando e dando apoio.

Aos professores por todos os conhecimentos transmitidos ao longo do curso, em especial à minha orientadora Arlis Buhl Peres, pela dedicação e suporte.

Por fim, minha gratidão à todos que contribuíram de alguma forma para a execução deste trabalho.

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IN-TE-GRAR

VBP I 1. Passar a fazer parte de um grupo ou coletividade;

2. Sentir-se parte de alguma coisa;

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RESUMO

O presente trabalho apresenta o partido arquitetônico de um Centro de Integração para refugiados e pessoas em vulnerabilidade social, no centro da cidade de Florianópolis. Um equipamento público, voltado a inserção social, oferecendo cidadania e integração dos indivíduos.

A fim de alcançar os objetivos pretendidos, foram feitos estudos sobre a temática, através de dados sobre a imigração e a população em situação de rua.

Desta forma, o trabalho contextualiza e fundamenta o tema visando a importância deste equipamento na região.

Palavras-chave: Integração. Inserção social. Refugiados. Moradores em situação de rua.

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APRESENTAÇÃO

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

REFERENCIAIS

DIAGNÓSTICO DA ÁREA

1.1 Introdução I 6 1.2 Justificativa I 7 1.3 Objetivos I 8 1.3.1 Objetivos Gerais I 8 1.3.2 Objetivos Específicos I 8 1.4 Metodologia I 9 2.1 O Refúgio I 13 2.1.1 Panorama Geral I 13

2.1.2 Cenário do Refúgio no Brasil I 14 2.1.3 Refúgio em Santa Catarina I 16 2.2 População em Situação de Rua I 18 2.2.1 Contextualização I 18 2.2.2 Situação no Brasil I 19 2.2.3 Políticas Públicas I 19 2.2.4 Realidade Local I 20 4.1 Localização I 34 4.2 Histórico I 35 4.2.1 Contexto Atual I 37 4.3 Características Gerais do Terreno I 38 4.4 Mobilidade Urbana e Acessibilidade I 40 4.5 Uso do Solo I 42 4.6 Público - Privado I 44 4.7 Condicionantes Ambientais I 46 4.8 Legislação I 48 4.9 Síntese I 50 3.1 CIC do Imigrante I 25 3.2 Bud Clark Commons I 28

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PARTIDO GERAL

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

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5.1 Proposta I 54 5.2 Diretrizes Gerais I 55 5.3 Evolução da Forma I 56 5.4 Zoneamento I 57 5.5 Programa de Necessidades I 58 5.6 Implantação I 60 5.7 Plantas Esquemáticas I 62 5.8 Cortes Esquemáticos I 68 5.9 Perspectivas Gerais I 70 7.1 Referências

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FOTO

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1

APRESENTAÇÃO

1.1 Introdução 1.2 Justificativa 1.3 Objetivos 1.4 Metodologia

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1.1 INTRODUÇÃO

O tema desta pesquisa surge a partir da reflexão acerca da realidade de pessoas em vulnerabilidade social, ou seja, grupo de indivíduos que estão à margem da sociedade. Desta forma, o trabalha visa o enfoque a população refugiada e pessoas em situação de rua.

A questão do refúgio vem sendo amplamente discutida no mundo devido a migração de pessoas que deixam seus países de origem fugindo de conflitos armados, guerras, perseguições político-religiosas em busca de refúgio, oportunidades, boas condições de trabalho e melhor qualidade de vida em um novo lugar. Exigindo assim, melhores políticas públicas que abriguem esses indivíduos nos mais diversos países.

Paralelamente a isso, ao longo dos anos, constatou-se um aumento de uma parcela da população vivendo em situação de rua nas cidades, principalmente nos centros urbanos onde vivem em condições insalubres e desumanas.

Em virtude a essa grande quantidade de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade social, nota-se que as ofertas em abrigos e instituições de caridade acabam não sendo suficientes para suprir a demanda e, sem uma política pública de intervenção, esses indivíduos são arrastados cada vez mais para uma realidade de miséria e exclusão social.

Com isso, o presente trabalho busca

compreender a condição e necessidade dos mesmos, a fim de propor um projeto arquitetônico de um Centro de Integração, localizado no centro da cidade, com viés integrador e acolhedor voltado a esses indivíduos.

FLORIANÓPOLIS

CENTRO

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1.2 JUSTIFICATIVA

Diante de diversos eventos desencadeados por conflitos armados, perseguições político-religiosas, entre outros, o fluxo de migrantes aumentou consideravelmente nos últimos anos. De acordo com o relatório Tendências Globais, 68,5 milhões de pessoas estavam deslocadas por guerras e conflitos até o final de 2017 (ACNUR, 2018). O Brasil, devido a favorável política em relação a imigração, recebe parte dessa população, que busca melhores condições de vida.

Segundo o Ministério do Trabalho, dos 115,9 mil imigrantes que trabalhavam formalmente no Brasil no ano de 2016, 14,3 mil, estavam em Santa Catarina. Desta forma, o Estado acaba se tornando o destino de milhares de imigrantes refugiados de países em situação emergencial. Porém dados da Polícia Federal de 2018, indicam que em Santa Catarina, estão cerca de 50 mil estrangeiros de diversas nacionalidades, ou seja, ainda há uma grande parcela dessa população que vive em condições informais de trabalho, ou estão desempregadas.

Levando em consideração essa significativa quantidade de imigrantes e refugiados em Florianópolis, percebe-se que o Estado possui uma certa carência de instituições públicas ou privadas para tratar da temática, deixando muitas vezes essa população sem um atendimento humanitário e cidadão.

Paralelo a isso, de acordo com o Projeto Contagem da População em Situação de Rua (2016), constatou-se que há 421 pessoas em nesta situação no município de Florianópolis. Atualmente, a cidade conta com algumas estruturas essenciais para essa população, umas funcionam em período diurno, oferecendo serviços básicos, como higiene, alimentação, acompanhamento psicológico e etc, e outras, exercem funções de pernoite e moradia temporária.

Entretanto, observa-se a falta de integração física entre os devidos equipamentos socioassistenciais, com isso, o tema proposto visa a criação de um centro para acolhimento e integração de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Um equipamento que atenda essas demandas já existentes e que busca prover, as necessidades básicas dos usuários, a reinserção na sociedade e a sensação de pertencimento à cidade.

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

Elaborar o projeto arquitetônico de um Centro de Integração voltado aos refugiados e pessoas em vulnerabilidade social no centro da cidade de Florianópolis, em Santa Catarina.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Buscar informações relevantes sobre o panorama geral dos refugiados e moradores em situação de rua no Brasil e a condição dos mesmos em Florianópolis na atualidade;

- Pesquisar sobre as políticas públicas destinadas aos refugiados e moradores em situação de rua;

- Identificar e compreender as

necessidades dessas populações;

- Pesquisar e analisar referenciais teóricos para entender o contexto atual do assunto; - Estudar referenciais projetuais para conceber os espaços do Centro proposto;

- Realizar o diagnóstico da área de

intervenção, para melhor compreensão, tendo

em vista a legislação existente para o uso proposto no terreno;

- Elaborar um programa de necessidades baseado nos dados analisados e informações obtidas;

- Desenvolver o partido geral e

anteprojeto de um Centro de Integração voltado aos refugiados e pessoas em vulnerabilidade social em Florianópolis-SC.

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1.4 METODOLOGIA

Para o levantamento de informações, números e estatísticas inerentes ao tema, é necessária uma ampla pesquisa sobre o assunto, buscando dados em livros, jornais, órgãos e instituições responsáveis sobre a temática, como CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados) por meio do Ministério das Relações Exteriores, o Centro POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua), além da Polícia Federal e o Governo do Estado.

Pesquisas sobre a situação atual dessas populações também será necessária, desta forma será realizada visitas a instituições de acolhimento localizadas na cidade de Florianópolis, como o CRAI (Centro de Referência de Atendimento ao Imigrante), Centro POP e até mesmo ONGs e núcleos de apoios para os mesmos.

Será realizada análise de referenciais projetuais a fim de entender melhor o funcionamento das atividades realizadas nos locais e obter maiores conhecimentos sobre instuições com fins equivalentes ao tema proposto.

Além de visitas de campo ao terreno escolhido para implementação do projeto, a fim de melhor compreensão, juntamente com as devidas conexões que o mesmo possui com o entorno imediato. Levantamento de dados e análises de viabilidade técnica serão embasadas de acordo com o Plano Diretor

vigente da cidade de Florianópolis, assim como Código de Obras e demais informações relevantes obtidas na Prefeitura de Florianópolis.

Através da síntese das informações e problemática encontrada, será elaborado um programa de necessidades, desenvolvido por meio de esquemas e fluxogramas. Com isso, através do embasamento teórico e técnico, a partir dos conceitos definidos será realizado o partido arquitetônico e anteprojeto do projeto, com todos os métodos necessários para a compreensão da proposta, como esquemas, croquis, plantas baixas, cortes, perspectivas e fachadas.

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FUNDAMENTAÇÃO

2.1 O Refúgio

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2.1 O REFÚGIO

2.1.1 PANORAMA GERAL

O processo migratório ocorre no mundo desde a antiguidade, as principais razões que levaram o homem a migrar sempre foram voltadas à sobrevivência. São diversos os motivos que promovem os deslocamentos da população, como: problemas provenientes de conflitos armados, violência, violação de direitos humanos, perseguição político-religiosa, catástrofes ambientais, busca por trabalho, estudo e melhores condições de vida.

Porém, os conflitos políticos do século XX e XXI, principalmente com a Primeira Guerra Mundial foram responsáveis por intensificar diversos deslocamentos de pessoas, contudo, somente durante a Segunda Grande Guerra os problemas de refúgio tomaram proporções jamais vistas antes.

Desta forma começaram a surgir os primeiros órgãos voltados à populações refugiadas, como; o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), em 1951, vinculado a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo de Emergência para as Nações Unidas. De acordo com o ACNUR (2018), atualmente existem cerca de 68,5 milhões de pessoas deslocadas a força de seus locais de origem.

Segundo Milese e Carlet (2006), os refugiados “vulneráveis entre os vulneráveis”,

são os indivíduos que mais sofrem e são excluídos pela sociedade. São pessoas que não desejam se deslocar, contudo são forçadas a isso, o que diferencia do imigrante, que por sua vez, se descola voluntariamente. Neste contexto, pode-se considerar que existem variações referente ao tema; imigrante ilegal, legal e refugiado. Porém, em todos os casos, há um consentimento legal, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que prevê a migração como um direito a todos.

Dos refugiados no mundo, 57% vêm de apenas três países: Síria (6,3 milhões), Afeganistão (2,6 milhões) e Sudão do Sul (2,4 milhões). E os países que mais acolhem esses indivíduos são: Turquia (3,5 milhões), Paquistão e Uganda (1,4 milhões), Líbano (1,0 milhão) e República Islâmica do Irã (979.400) (ACNUR, 2018). Entretanto, apesar de inicialmente procurarem asilo em países próximos, muitos indivíduos buscam proteção e a possibilidade de um novo começo em outros países desenvolvidos, principalmente na Europa. De acordo com ACNUR (2018) houve um aumento no número de pedidos de asilo e refúgio na Espanha e Grécia.

No entanto, a migração pode causar uma série de problemas socioeconômicos, devido a isso algumas nações alteraram as políticas internas passando a controlar de maneira mais rígida o ingresso em seu território. Além disso, sabe-se que há uma variedade de

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barreiras enfrentadas pelos refugiados que vão além de uma solicitação de refúgio. A xenofobia é um grande fator a ser enfrentado, visto que parte desses seres humanos provém de países pobres, o que aumenta o preconceito com os mesmos.

Conforme Milese e Carlet (2006), a crise dos refugiados não é apenas o deslocamento de seres humanos, mas uma proposta humanitária que deve despertar à sociedade e os governos para uma revisão de valores e iniciativas concretas a favor da vida e da dignidade humana.

2.1.2 CENÁRIO DO REFÚGIO NO BRASIL

Historicamente o Brasil se desenvolveu em grande parte com a cultura da imigração, desde a antiguidade o país recebe milhares de pessoas de diversos lugares do mundo, o que contribuiu para o desenvolvimento social, cultural e econômico do mesmo. Atualmente houve uma mudança no perfil dos imigrantes e na nacionalidade, porém as motivações seguem sendo por melhores condições de vida, fugas de conflitos e guerras, perseguições político-religiosas, entre outras.

Com isso, percebeu-se que o Brasil tem desempenhado papel de destaque em relação aos refugiados. No âmbito regulamentar e

jurídico, foi o primeiro país do Cone Sul a ratificar a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951, em 1960 (ACNUR, 2019), e o primeiro a implementar uma lei específica a essa população, a Lei do Refúgio (nº 9.474) em 1997. De acordo com os dados do Comitê Nacional para Refugiados – CONARE (2018), os números de refugiados reconhecidos no Brasil são 10.264 e os que entraram com pedido de refúgio e aguardam decisão são 85.746. Os países com maior número de solicitações são: Venezuela, Haiti e Senegal (Refúgio em números – 3º edição).

Apesar de não ser o local de destino mais procurado em relação a outros, o Brasil é reconhecido mundialmente como país acolhedor e possui uma posição solidária oposta à atitude de muitos outros países que fecham as fronteiras aos refugiados, por isso a crescente preferência dos mesmos pelo país, além de outros fatores como: hospitalidade, diversidade étnica e cultural, condições climáticas favoráveis, etc.

Segundo a ONU, a legislação brasileira sobre o refúgio é considerada uma das mais modernas e abrangentes, pois contempla todos os quesitos de proteção internacional do refugiado e foi escrita levando em consideração os direitos humanos. Entretanto, apesar de todas as medidas legislativas e políticas, o país não tem capacidade de suportar uma grande demanda, há uma certa dificuldade de

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acesso a esses direitos, faltam políticas públicas eficientes para acolher e integrar os povos que aqui chegam. A falta de assistência adequada para que essas pessoas possam garantir autonomia na cidade, acabam gerando problemas, como isolamento social, barreiras de integração e antipatia da população local.

Nos últimos anos, o Brasil recebeu 126.107 solicitações de reconhecimento da condição de refugiado (Refúgio em números – 3º edição). Desta forma, nota-se que as políticas de apoio a esses seres humanos não têm acompanhado a evolução dos novos fluxos migratórios, com isso, é necessário rever e discutir o sistema que é implantado.

Fig. 02 - Principais nacionalidades das solicitações em trâmite.

Solicitações de refúgio recebidas Em tramitação

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000

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Recentemente, devido à crise na Venezuela, e a grande quantidade de venezuelanos que entraram no Brasil, começou-se uma discussão sobre a interiorização de refugiados e migrantes. Esse processo, organizado pela Casa Civil da Presidência da República e o ACNUR, visa desconcentrar e distribuir essa população para outros estados, visto que algumas cidades estão ficando sem recursos (Agência Brasil, 2018). Assim, a execução de um novo projeto de assistência no país se torna mais viável e necessário.

2.1.3 REFÚGIO EM SANTA CATARINA

O estado de Santa Catarina, não é o primeiro destino dos imigrantes que chegam ao país, porém nos últimos anos devido a migração interna, houve um aumento na quantidade de imigrantes e refugiados que vivem no estado, impulsionado principalmente pela busca de empregos e novas oportunidades.

Em 2014, o Sul foi a região com mais solicitações de refúgio no Brasil, cerca de 35% do total de solicitações (CONARE, 2014). Já dados de 2017 mostram que da região, Santa Catarina é o primeiro estado com mais solicitações, ficando atrás, Rio Grande do Sul e Paraná respectivamente (Refúgio em números – 3º edição).

Dados de 2017 mostram que da região, Santa Catarina é o primeiro estado com mais solicitações, ficando atrás, Rio Grande do Sul e Paraná respectivamente (Refúgio em números – 3º edição).

Segundo o Sistema de Cadastro de Registro de Estrangeiros (SINCRE), controlado pela Polícia Federal, foram registrados no início de 2018, 49,8 mil estrangeiros residentes no estado com registro ativo. Do total, 44,7 mil são estrangeiros permanentes, 4,4 mil temporários, 476 fronteiriços, 139 refugiados e 46 em condições adversas. Porém, sabe-se que ainda há uma certa quantidade de imigrantes e refugiados sem cadastro e trabalho formal, que necessitam de apoio estatal para integração na sociedade.

Levando em consideração a chegada Fig. 04 - Solicitações de asilo por região em 2014.

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significativa dos imigrantes e refugiados em Florianópolis, em 2014 surgiu a iniciativa da Arquidiocese de Florianópolis, que criou o Grupo de Apoio aos Imigrantes e Refugiados de Florianópolis e Região (GAIRF), um grupo composto por vários pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ONG’s e pessoas da sociedade civil, de forma voluntária que se organizaram com o intuito de promover apoio, acolhimento e integração aos imigrantes. Entretanto, somente em 2018, depois de vários pedidos de diversas instituições ligadas ao apoio de imigrantes, o Governo do Estado em parceria com o Ministério do Trabalho, inaugurou o Centro de Referência e Atendimento ao Imigrante (CRAI), órgão conveniado que funciona com recursos da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho e Habitação de Santa Catarina, em convênio com a Ação Social Arquidiocesana (ASA).

Os serviços oferecidos pelo CRAI são de assistência jurídica, orientação para regularizar documentos, encaminhamento para o mercado de trabalho, atendimento psicológico, além disso, há cursos de língua portuguesa, reuniões familiares e orientações quanto à saúde pública. O mesmo atende uma média de 30 pessoas por dia, e em fevereiro de 2019 completou um ano de funcionamento. Segundo a Arquidiocese de Florianópolis (2019), ao longo desse ano já foram atendidas

5.297 pessoas de 57 nacionalidades.

Ainda que a fundação do CRAI tenha sido um grande avanço na questão de apoio aos imigrantes e refugiados, há entraves como investimentos insuficientes devido a demanda necessária, e estrutura física adequada, o mesmo não possui um espaço capaz de acolher de maneira eficaz essa população, visto que está localizado em um edifício comercial no centro da cidade.

De acordo com Doyal e Gough (1994), em relação as necessidades básicas humanas, o indivíduo não necessita somente de abrigo e alimento, mas a necessidade de participação social no contexto que estão inseridos. Com isso, é essencial que o Estado e a sociedade continuem colaborando a favor dessas pessoas, para que elas possam vir a contribuir futuramente em favor da sociedade que vivem. Fig. 05 - Atual sede do CRAI em Florianópolis.

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2.2 POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

2.2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A pobreza sempre existiu nas sociedades do mundo, contudo a população em situação de rua surge nas cidades pré-industriais europeias, na qual camponeses foram desapropriados de suas terras e passam a trabalhar nas indústrias, porém a maioria não conseguiu se adaptar às mudanças e ficaram sem oportunidades de empregos. Devido à essa nova organização socioeconômica e ao aumento de falta de oportunidades de trabalhos, muitos começaram a usar a rua como forma de moradia e sobrevivência. De acordo com Silva “É neste contexto que se origina o fenômeno população em situação de rua. No seio do pauperismo, que se generalizou por toda a Europa Ocidental, ao final do século XVIII, compondo as condições necessárias à produção capitalista”. (SILVA, 2009, p 96)

No Brasil, a partir do final da década de 1980, com o começo da industrialização e devido as crises econômicas graves e prolongadas essa população começa a se intensificar. Segundo Brito (2006), estima-se que saíram do campo em direção às cidades quase 43 milhões de pessoas, com isso torna-se evidente que as cidades brasileiras não estavam preparadas para receber essa população recém-chegada do campo, o que fez com que muitos fossem morar nas ruas e favelas.

A partir desse momento, de uma forma geral, a situação de moradia de rua surge como reflexo da exclusão social, gerada em consequência ao capitalismo e a globalização que permeia o mundo atual, onde uma série de consequências negativas nas cidades se fez presente, agravam-se questões como o desemprego, o que faz com que cresçam os níveis de pobreza, aumentando dessa forma a falta de igualdade social entre as pessoas.

Nesse contexto, insere-se a população em situação de rua. Grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta e a falta de pertencimento à sociedade formal. São homens, mulheres, jovens, famílias inteiras, grupos, que têm em sua trajetória a referência de ter realizado alguma atividade laboral, que foi importante na constituição de suas identidades sociais. Com o tempo, algum infortúnio atingiu suas vidas, seja a perda do emprego, seja o rompimento de algum laço afetivo, fazendo com que aos poucos fossem perdendo a perspectiva de projeto de vida, passando a utilizar o espaço da rua como sobrevivência e moradia. (COSTA, 2005, p 3)

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2.2.2 SITUAÇÃO NO BRASIL

O Brasil não conta com dados oficiais sobre o número da população que atualmente vive em situação de rua. Devido à falta de residência fixa e documentação, as pesquisas oficiais que partem do domicílio como unidade básica de análise deixam de incluir esses indivíduos nas pesquisas e censos. As dificuldades do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em realizar pesquisas com indivíduos sem domicílios fixo estão relacionadas as metodologias de amostragem, logística de campo e abordagem do entrevistado bem distintas do padrão usual. Esta ausência de dados, entretanto, prejudica a implementação de políticas públicas voltadas para esta população e reproduz a invisibilidade social dos moradores de rua na esfera das políticas sociais.

Porém, um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2016, levando em consideração algumas variáveis, estimou que existam cerca de 101.854 pessoas em situação de rua no Brasil. Deste total, estima-se que 40,1% habitem municípios com mais de 900 mil habitantes e 77,02% habitem municípios de grande porte, com mais de 100 mil habitantes. Com isso, nota-se que a população em situação de rua se concentra na maior parte em municípios maiores.

2.2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS

A população em situação de rua permaneceu anos à margem do poder público no que se refere a políticas públicas de inclusão social, o que se deu a partir da década de 1990, quando surgiram as primeiras iniciativas por parte de algumas prefeituras municipais. Em 1993 foi criada a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que garante assistência social, direito do cidadão e o dever do Estado na criação de políticas públicas.

Contudo, somente a partir dos anos 2000 que houve uma transformação no modo como o Estado se relaciona com essa população, criando espaços de participação e controle social e ainda formulando políticas nacionais com o intuito de incluí-los socialmente. Com isso, Oliveira cita que “A partir dos anos 2000, com as reorientações nas políticas sociais, especificamente na

Sobressai-se a região Sudeste, que abriga as três maiores regiões metro-politanas do país e 48,89% da popula-ção em situapopula-ção de rua. Por sua vez, na região Norte, habitam apenas 4,32% da população nacional em situação de rua. (IPEA – Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil, CARVA-LHO NATALINO, 2016)

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política de assistência social, a questão da rua passa a ser debatida na ótica da exclusão e da vulnerabilidade”. (OLIVEIRA, 2016, p 68) Nesse contexto, destacam-se o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), fundado em 2004, que foi responsável pela implementação da Instituição da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), que assegura a cobertura da assistência social para moradores em situação de rua e as políticas públicas formuladas especificamente para esse público, como: o Consultório na Rua, em 2011 e o Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro Pop), em 2010. De acordo com o trecho do documento publicado pelo MDS:

2.2.4 REALIDADE LOCAL

De acordo com o Projeto Contagem da População em Situação de Rua, produzido pela Secretaria de Assistência Social de Florianópolis, publicado em fevereiro de 2016, foram identificadas 421 pessoas em situação de rua no município de Florianópolis, sendo que destas, 144 encontravam-se acolhidas em unidades de acolhimento ou casas de passagem e as demais pernoitando nas ruas.

Contudo, segundo o Diagnóstico Social Participativo da População em Situação de Rua na Grande Florianópolis, publicado em maio de 2017, realizado pelo Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM) e Movimento da População em Situação de Rua de Santa Catarina (MNPR-SC), foram identificadas 937 pessoas em situação de rua, sendo, 32 em Biguaçu, 141 em São José, 265 na Palhoça e 499 em Florianópolis. Com isso, nota-se a uma elevação significativa no número dessa população de um ano para o outro.

Os principais motivos pelos quais pessoas vivem nas ruas são: desemprego, rompimento dos vínculos familiares e problemas com drogas. Conforme a pesquisa, 77,8% da população em situação de rua é masculina, e 65% têm entre 30 a 49 anos de idade, 92% sabem ler e escrever, porém apenas 22% concluíram o ensino médio e 48% nunca A trajetória nos últimos anos retirou

definitivamente a população em situação de rua da invisibilidade, reconhecendo que se trata de um compromisso de Estado garantir a estes brasileiros seus direitos. Os desafios ainda são muitos e requerem o engajamento das diversas políticas, em um esforço coletivo envolvendo poder público e a sociedade civil organizada, com a participação fundamental dos representantes desse segmento. (BRASIL, 2011, p 4)

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tiveram acesso a nenhuma instituição profissionalizante ou de alfabetização de jovens e adultos. (Diagnóstico Social Participativo da População em Situação de Rua na Grande Florianópolis, 2017)

Ainda de acordo com o Diagnóstico Social Participativo (2017), contata-se que cerca de 88% da população em situação de rua são dependentes químicos, o que dificulta o processo de abordagem, fazendo com que poucos aceitem o auxílio de políticas públicas. Assim, percebe-se a necessidade não somente de moradias e cuidados físicos para essa população, mas uma assistência social voltada também para cuidados mentais e psicológicos.

O município conta com políticas de rua divididas em basicamente 3 áreas, sendo, serviços especializados de abordagem social, por meio do Centro de Referência Especializado de Assitência Social (CREAS), serviços especializados para pessoas em situação de rua pelo Centro POP, e serviços de acolhimento institucional pelas Casas de Abrigo e Passagem.

A cidade de Florianópolis conta com albergue noturno, na Avenida Hercílio Luz, que abre diariamente 50 vagas, e também na Passarela da Cidadania, que oferece um abrigo provisório com 80 vagas. Nos casos de outras vulnerabilidades, identificadas pelas equipes do Centro Pop, as pessoas são encaminhadas para a Casa de Passagem, na qual, além de atendimentos psicossociais, há oficinas para

currículos e encaminhamentos para mercado de trabalho.

Nota-se que por mais que haja políticas sociais voltadas para essa população, a cidade ainda conta com uma grande parcela da mesma sem atendimento específico, o que justifica a implantação de mais um local de assistência, voltado principalmente para a integração e a reinserção desses indivíduos na sociedade. Fig. 06 - Moradores de rua no centro de Florianópolis.

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3

REFERENCIAIS

3.1 CIC do Imigrante 3.2 Bud Clark Commons

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Os referenciais projetuais mencionadas ao longo do capítulo são edificações voltadas a integração social de imigrantes e pessoas em vulnerabilidade, que atuam de maneira positiva na inserção dessa população na sociedade. Os mesmos irão auxiliar na elaboração do programa de necessidades e desenho do Partido Arquitetônico.

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3.1 CIC DO IMIGRANTE

B Arquitetos + Escola da Cidade

Localização: Barra Funda, São Paulo – SP, Brasil Área: 1580,00 m²

Ano do projeto: 2016

O projeto do CIC do Imigrante (Centro de Integração da Cidadania) é um projeto voltado a atender os milhares de imigrantes que chegam e moram na cidade de São Paulo. O mesmo é um programa do Governo do Estado voltado para atendimento ao cidadão, em busca de informações, oportunidades de emprego e a possibilidade de melhor integração na sociedade. Fig. 08 - Praça central, juntamente com os Blocos B e C ao fundo.

Fig. 09 - Localização do CIC do Imigrante.

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De acordo com a equipe de projeto, o desafio do mesmo foi converter antigas edificações que eram depósitos ferroviários em espaço de reunião e acolhimento aos imigrantes. Localizado em uma antiga estação ferroviária, realizou-se o restauro de duas edificações que estão alinhadas à linha férrea do Complexo Barra Funda.

ESPAÇOS COLETIVOS

O projeto possui característica de um local de boas vindas, a praça em frente aos edifícios serve como recepção a quem chega e facilita a divisão dos fluxos de acordo com os diversos usos que acontecem no local. Além de que esse espaço público se desenvolve até o jardim linear existente que toma todo o limite com a ferrovia, se tornando desta forma um lugar adequado para realizações de festas, eventos e reuniões que os próprios imigrantes e refugiados promovem.

EDIFICAÇÕES

O primeiro edifício (Bloco B) – antigamente edifício de operações da ferrovia – foi convertido em espaço de apoio à praça, abrigando um café, além de ser recepção, local de informações e um espaço onde ocorre oficinas profissionalizantes.

O segundo edifício (Bloco C) – onde funcionava o antigo armazém – passou a abrigar o setor de atendimento, operado pela Polícia Federal, Defensoria Pública da União (regularização de documentos), Defensoria Pública do Estado, atendimento do Procon, Posto de Atendimento ao Trabalhador, elaboração de currículos, orientações de saúde e educação. Os postos de atendimentos seguem sequenciados ao longo dos quase 70 metros ocupados do edifício.

Para gerar mais articulação entre os dois blocos existentes e como solução para a compartimentação de usos, foi construído um mezanino em aço que ocupa parcialmente o espaço vazio dos dois edifícios e permite que as áreas de retaguarda dos serviços de atendimento fiquem isoladas das de acesso público, no nível superior, além de organizar os setores de atendimento e apoio no nível inferior.

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BLOCO B BLOCO B BLOCO C BLOCO C 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

PLANTA BAIXA PAV. TÉRREO SEM ESCALA

PLANTA BAIXA PAV. SUPERIOR SEM ESCALA

ZONEAMENTO

LEGENDA TRILHOS DO TREM LAZER MEZANINO INSTITUCIONAL SERVIÇO 01 ACESSO 02 PRAÇA 03 INFORMÁTICA 04 RECEPÇÃO 05 ATENDIMENTO 06 ATENDIMENTO 07 JARDIM 08 OFICINAS 09 TERRAÇO 10 ESCRITÓRIOS

Fig. 11 - Postos de atendimento documental. Fig. 12 - Integração interior e exterior.

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3.2 BUD CLARK COMMONS

O edifício Bud Clark Commons, está localizado em uma região de Portland – EUA, que possui muitos desabrigados, com isso o projeto torna-se um ponto de referência no bairro, pois o mesmo fornece uma diversidade de serviços como: saúde, habitação e recursos de aprendizagem, para população de rua e pessoas em vulnerabilidade social, de forma a auxiliá-los na transição para uma vida estável.

Holst Architecture

Localização: Portland, OR, EUA Área: 10.600,00 m²

Ano do projeto: 2011

Fig. 14 - Edifício Bud Clark Commons.

Fig. 15 - Localização do Bud Clark Commons.

NW Broadway

NW Irving St

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O projeto se organiza a partir de três elementos distintos, sendo: área de acesso livre durante o dia para os serviços oferecidos; um abrigo temporário com 90 leitos para moradores de rua; e 130 apartamentos tipo studio nos cinco andares superiores do prédio de oito andares. Estes são designados para mulheres e homens de baixa renda, que buscam moradia permanente. (Arch Daily, 2011)

EDIFICAÇÃO

Através das plantas baixas pode-se notar que o edifício possui três setores, o qual é dividido a partir dos diferentes acessos e circulações (Fig. 18). O pavimento inferior possui abrigos temporários, já o térreo e primeiro andar são voltados ao que é chamado de centro-dia, onde há armários, canis, além de um centro de higiene, barbearia, salas de aconselhamento, uma biblioteca, um centro de correio e computador, lavanderia e centro médico, com isso, os moradores em situação de rua recebem atividades pessoais e institucionais que buscam a recuperação dos mesmos. Nos demais pavimentos superiores estão localizados os abrigos permanentes, o que se justifica pelo fato de uma maior necessidade de privacidade.

Outro fator relevante que pode ser percebido através das plantas baixas é que a concepção estrutural e o layout foram

pensados como forma de permitir outros usos na edificação através dos anos, como hotel, abrigo para idosos, ou até mesmo moradia para estudantes.

Fig. 16 - Área de circulação abrigo temporário.

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ZONEAMENTO

01 02 03 04 05 06 05 07 08 08 09 10 10 PAV. INFERIOR SEM ESCALA PAV. TÉRREO SEM ESCALA 1º PAVIMENTO

SEM ESCALA 2º AO 6º PAVIMENTOSEM ESCALA

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 2122 23 24 25 26 27 28 28 28 29 28 30 31 32 33 33 33 33 34 35 36 LEGENDA ABRIGO TEMPORÁRIO CENTRO-DIA ABRIGO PERMANENTE 01 ACESSO DOAÇÕES 02 ACESSO ABRIGO T. 03 ÁREA COMUNITÁRIA 04 SALA DE EXERCÍCIOS 05 ESCRITÓRIOS 06 COZINHA 07 PÁTIO 08 DORMITÓRIOS 09 BANHEIROS 10 DEPÓSITOS 11 ACESSO ABRIGO P. 12 SERVIÇO 13 PÁTIO PÚBLICO 14 ACESSO CENTRO-D. 15 ÁREA COMUM 16 ESPAÇO MULTIUSO 17 COZINHA 18 BARBEARIA 19 SALA COMPUTAÇÃO 20 BIBLIOTECA 21 LAVANDERIA 22 CENTRO HIGIENE 23 VESTIÁRIO 24 ESCRITÓRIOS 25 SALA DE CÓPIA 26 SALA DE ARTES 27 VARANDA JARDIM 28 ADMINISTRAÇÃO 29 DEPÓSITO 30 SALA DE REUNIÃO 31 SALA DE DESCANSO 32 UNIDADE ACESSÍVEL 33 UNIDADE PADRÃO 34 ADMINISTRAÇÃO 35 LAVANDERIA 36 SALA COMUNITÁRIA

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CONCLUSÃO

O projeto CIC do Imigrante se justifica pelo fato de possuir itens em seu programa de necessidades que também se prevê para o projeto deste TCC, como serviços na área da defensoria pública, cursos de idiomas e atendimentos ao trabalhador. Além da integração com o urbano, e a inserção do projeto ser junto a uma praça, da mesma forma como se tem a intenção para o projeto em questão.

Já o Edifício Bud Clark Commons além de oferecer serviços voltados a pessoas em vulnerabilidade social, possui abrigos temporários e pontos no programa de necessidades como um centro de higiene com chuveiros, lavanderia, salas de aconselhamento e computadores, salas de aula, biblioteca e um centro médico, que também são previstos para o projeto, a fim de prover a integração e reinserção dos indivíduos na sociedade.

(38)
(39)

4

DIAGNÓSTICO

4.1 Localização 4.2 Histórico

4.3 Características Gerais do Terreno 4.4 Mobilidade Urbana e Acessibili. 4.5 Uso do Solo

4.6 Público - Privado

4.7 Condicionantes Ambientais 4.8 Legislação

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4.1 LOCALIZAÇÃO

urbano, usado como estacionamento privado. Com isso notou-se a necessidade de inserir no local um equipamento público qualificado voltado a atender as necessidades desses indivíduos.

Fig. 20 - Equipamentos públicos.

O terreno localiza-se no miolo de quadra fazendo ligação entre a Av. Hercílio Luz e a rua General Bittencourt, no centro histórico da cidade de Florianópolis.

O mesmo foi escolhido devido a privilegiada localização, próximo a edificações importantes, como o Instituto Estadual da Educação, o Ministério do Trabalho, o Terminal Urbano da Cidade, e ainda há uma gama de equipamentos públicos que podem auxiliar as pessoas em vulnerabilidade (Fig. 20). Além do mais fica próximo a entrada da cidade e nas proximidades há muitos moradores em situação de rua.

Hoje o mesmo é um grande vazio Fig. 19 - Localização do terreno.

Av. Hercílio Luz

Rua General B. Terreno I.E.E Albergue Municipal Centro POP Ministério do Trabalho Terminal Urbano UBS Centro CEJA TICEN Terminal Rodoviário

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4.2 HISTÓRICO

A formação histórica do centro de Florianópolis deu-se a partir de 1638, quando foi fundada a Capitania Nossa Senhora do Desterro, sendo povoada efetivamente apenas em 1662 com a chegada do bandeirante vicentista Francisco Dias Velho que concentrou um pequeno núcleo em uma área plana, na porção mais próxima ao continente. Edificou-se ali o centro cívico da cidade, junto à Catedral Metropolitana e à Praça XV.

A concepção urbana da cidade foi firmada sempre relacionada ao mar. Desta forma, o Mercado Público Municipal ficava à beira-mar, onde as transações comerciais da época eram praticadas, com isso foi estabelecido, ao seu lado, a Alfândega, junto ao porto da cidade. Assim, o centro econômico coincide com o centro histórico, o que faz com que a área central concentre a maior parte das pessoas em vulnerabilidade social.

Na área correspondente onde o terreno estudado encontra-se, há o Rio da Bulha, hoje canalizado e coberto pelo passeio central da Avenida Hercílio Luz. A canalização do mesmo teve início em 1910. (Corrêa, 2005)

Este rio recebia água de outros rios ou córregos, que na época eram locais de despejos de lixos, e desta forma tornou-se extremamente prejudicial, pois ficava com uma grande quantidade de sujeira parada nas margens. Em um dos seus trechos, nas proximidades do Instituto Estadual de

Educação, recebia o nome de “Beco Sujo”,pois era um local onde existia um conjunto de casas e cortiços habitados por população de baixa renda.

Devido a urbanização e as intervenções sanitaristas, foi preciso demolir casas que serviam como cortiço, pois a população pobre era vista como “avessos, rebeldes, apáticos” à higiene (Santos, 2009). As áreas em que vivia essa população, sofria com falta de recursos o que reforçava a política de expulsão e demolição imposta como medida sanitarista e o desejo de adiantamento urbano da elite.

Com isso, houve a canalização do rio e a construção de uma avenida, então chamada avenida do saneamento, depois Avenida Hercílio Luz em homenagem ao governador do Estado de Santa Catarina, Hercílio Pedro da Luz.

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Segundo Veiga (1993) a rua foi inaugurada em setembro de 1922, com grande divulgação jornalística pelo jornal “A República”. Assim, com as melhorias feitas a Avenida se tornou o logradouro predileto do público da classe média, a mesma passou a ter casas com fachadas diferenciadas, com aspecto mais limpo, o que melhorou desta forma a qualidade de vida dos habitantes.

Porém, somente no final de 2008, na gestão do prefeito Dário Berger o canal foi completamente fechado, criando assim um canteiro central, bem arborizado com ciclovia e bancos, que se estende ao longo de toda a avenida. Apesar de que com isso tenha se perdido a memória deste período.

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4.2.1 CONTEXTO ATUAL

De acordo com o contexto histórico, a área leste do centro foi bastante afetada ao longo dos anos pela degradação física e econômica advindas da descentralização da região. O perímetro no qual o terreno se localiza, passou por algumas transformações urbanas, demandadas pelo novo ciclo de desenvolvimento da cidade. Com isso, iniciou-se o processo de esvaziamento onde a circulação de pessoas foi diminuindo cada vez mais, visto que houve a transferência dos órgãos públicos para outros pontos da cidade e depois a mudança do Terminal Cidade de Florianópolis para o Terminal de Integração do Centro (TICEN).

Desse modo, somente nos últimos anos a área começou a ganhar atenção, em 2015 foi lançado o projeto Centro Sapiens, idealizado pelo Sapiens Parque em conjunto com a Prefeitura Municipal. O projeto visa a revitalização da região por meio da Economia Criativa, com foco em turismo, gastronomia, artes, design e tecnologia. Para isso, o mesmo prevê várias ações que incluem a criação de coworkings e incubadoras, incentivos fiscais para novas empresas, melhorias na estrutura urbana, restauração de prédios históricos e promoção de atividades que intensifiquem a circulação de pessoas no local.

No entanto, esses processos de revitalizações acabam vindo acompanhados por problemas como exclusão social, especulação

imobiliária e apropriação do espaço público para atender a interesses privados. Esses fenômenos estão vinculados com o conceito chamado de gentrificação.

Apesar de acontecer de modo diferente em cada local, o fênomeno segue basicamente a ideia de que uma região pouco valorizada se torna atrativa devido aos preços baixos, recebe melhorias e tudo passa a ficar mais caro. Consequentemente quem antes morava e frequentava o local se vê obrigado a buscar novos lugares por não conseguir pagar o novo valor.

Um dos debates pertinentes em relação ao Centro Sapiens é a preocupação que surge a partir da destinação que será dada aos prédios públicos que hoje estão abandonados. A associação Coletivo Ocupa Obarco fundada em 2015 por estudantes, tem como proposta ocupar temporariamente imóveis abandonados a fim de transformá-los em centros de educação, cultura, arte e transformação social, abertos para a comunidade. Assim, a destinação de alguns prédios a iniciativas desse tipo no processo de revitalização, e não somente a questão da Economia Criativa, é visto como forma de envolver e contemplar essa parcela da população no processo.

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4.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TERRENO

O terreno configura um espaço vazio no

miolo de quadra e está limitado por três vias: a Rua General Bittencourt, a Rua Victor Meirelles e a Avenida Hercílio Luz. Originalmente, este possuía aproximadamente 3 metros de desnível, porém devido aos usos ao longo dos anos o mesmo foi planificado, ficando no mesmo nível da Av. Hercílio Luz.

Sua área total é de aproximadamente 944,62 m².

Fig. 24 - Vista do terreno pela Av. Hercílio Luz.

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Fig. 25 - Dimensões do terreno.

31,77 m

26,22 m

36,33 m

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4.4 MOBILIDADE URBANA E ACESSIBILIDADE

Hoje a cidade enfrenta algumas

questões em relação a mobilidade urbana, principalmente nas mediações do centro. De acordo com análises feitas foi possível perceber que o automóvel, meio de transporte particular, ainda é priorizado nesta área, mesmo que os principais elementos de transporte coletivo estejam edificados no local, como, terminais metropolitanos e rodoviários.

Na área de estudo, é possível identificar que as ruas que margeiam o terreno escolhido possuem características distintas; a Avenida Hercílio Luz, possui um caráter de via principal, na qual dispõe uma função bastante importante, pois divide o fluxo da Avenida Mauro Ramos e faz conectividade do caminho para as pontes e para o túnel. Já a Rua General Bittencourt é definida como via local, a mesma possui pavimentação de pedra paralelepípedo para manter a velocidade dos veículos com uma velocidade até 40km por hora. A área possui uma certa diversidade de vias, sendo predominantemente a via de caráter local, visto que está localizado na parte central da cidade.

De forma geral, nota-se que a região possui boa acessibilidade de acesso em geral pela Av. Hercílio Luz e uma série de conexões importantes devido à proximidade aos terminais de ônibus.

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ÔNIBUS LOCAL

USO EXCLUSIVO PEDESTRE TERRENO

Fig. 26 - Mapa de vias.

PRINCIPAL COLETORA

0 30 15 60

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4.5 USO DO SOLO

O perímetro analisado possui uma gama diversificada de atividades predominantes como: comércio, instituições e habitação. Através da análise realizada com estudos dos tipos de usos nas edificações e visitas ao local, foi elaborado o mapa de uso do solo. Com isso, pode-se notar que a área possui um caráter comercial e institucional, visto que os edifícios de comércio e serviço possuem atividade mais intensa se comparados ao de uso misto e residencial, o que faz com que haja uma certa movimentação de pessoas durante a semana.

Porém, devido ao deslocamento do Terminal Urbano da Cidade para o Terminal de Integração do Centro (TICEN), gerou um esvaziamento na área ao longo dos anos, o que causou o abandono e fechamento de vários comércios.

Nas proximidades do terreno proposto o uso residencial faz-se pouco presente, o que causa uma baixa movimentação de pessoas aos finais de semana e durante o período noturno, quando o comércio encontra-se fechado, tornando assim, a área bastante insegura e perigosa, onde encontra-se um grande número de pessoas em situação de rua.

Contudo, atualmente em virtude ao projeto de ativação da porção leste da praça XV, muitos bares foram implementados na área, resgatando desta forma a vida noturna e trazendo um grande movimento de pessoas no local.

Nota-se ainda que os prédios institucionais possuem grande importância na movimentação de pessoas, o Instituto Estadual da Educação promove aproximadamente o descolamento de cinco mil alunos durante todo o dia. Nas proximidades há ainda o Ministério da Fazenda, Ministério do Trabalho, Proncon Estadual de Santa Catarina, entre outros.

Com isso, analisando a centralidade existente e a multiplicidade de comércios e instituições, é coerente o projeto do Centro de Integração nesta região, uma vez que a proximidade com esses serviços facilitará a integração de pessoas.

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RESIDENCIAL I.E.E

SERVIÇO TRIBUNAL DE CONTAS

INSTITUCIONAL MINISTÉRIO DA FAZENDA

MISTO

Fig. 27 - Mapa de uso do solo.

TERRENO 01 02 03 04 05 01 02 03 04 05 MINISTÉRIO DO TRABALHO MUSEU DA ESCOLA 0 30 15 60

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4.6 PÚBLICO - PRIVADO

O terreno está inserido em uma malha consolidada bem densificada em termos de ocupação de lote. Na região onde se localiza, no centro da cidade, dificilmente encontra-se uma área desocupada, sendo considerada apenas o passeio central da Avenida Hercílio Luz como espaço livre limitado.

Conforme o mapa, observa-se a predominância de espaço privado, o que apoia a ideia de que a cidade necessita de espaços públicos qualificados, no qual a passagem pelo lote qualifica a vivência da cidade e funciona como ponto de ativação para a área. Deste modo, o terreno possui um ponto importante, pois liga duas ruas pelo miolo da quadra.

Devido a área ser predominantemente privada, acredita-se que há uma necessidade em trabalhar um espaço público no terreno, buscando trazer para a região um equipamento qualificado, que mantenha a área viva e utilizavél para a população.

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Fig. 28 - Mapa de público e privado. PERMEABILIDADE PÚBLICO PRIVADO TERRENO 0 30 15 60

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4.7 CONDICIONANTES AMBIENTAIS

Florianópolis possui clima subtropical, a temperatura da cidade possui uma variação térmica que pode chegar até 10ºC, sendo a média do inverno de 16ºC e a do verão de 25ºC, estas condições juntamente com os períodos de chuva causam problemas para as pessoas em vulnerabilidade social que vivem nas ruas. Além disso, o centro da cidade é uma área urbana já bem estabelecida, caracterizada pela alta densidade de edificações e pela falta de áreas verdes e vegetação natural.

As ruas estreitas e edificações de gabarito considerável configuram paredões, como o da Avenida Hercílio Luz, onde são formados corredores de vento. Porém, a vegetação ali presente cria um espaço com clima mais ameno principalmente durante o verão, o que favorece a presença de pessoas e aumenta as possibilidades de integração no espaço.

As edificações adjacentes ao terreno possuem gabaritos baixos, não oferecendo riscos à insolação ou a presença de ventos. Os ventos frequentes são os do quadrante Norte-Nordeste e o Sul, que há uma necessidade maior de estudo, pois é um vento mais forte e pode provocar quedas de temperatura. Com isso, a partir das análises ambientais será levado em conta a necessidasde de salubridade dos ambientes do projeto.

No que diz respeito à poluição sonora, há distinções nas duas extremidades do lote.

Na frente voltada ao leste, há ruídos dos veículos que transitam pela Av. Hercílio Luz, visto que é uma via de caráter principal, enquanto que a noroeste os ruídos de veículos são menores, devido ao caráter de via local da rua General Bittencout, porém grande parte provém de pessoas que ali circulam durante o dia.

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Fig. 29 - Esquematização aspectos climáticos.

Vento Sul Vento Nordeste

0 30 15 60

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4.8 LEGISLAÇÃO

Conforme o Plano Diretor de Florianópolis vigente desde 2014, o terreno encontra-se em uma área classificada como Área Mista Central (AMC) 12.5, ou seja, podem ser construídos até 12 pavimentos. A classificação em AMC demostra o grande potencial em usos mistos presentes nesta região.

Visto que a urbanização da cidade iniciou-se a partir do centro, onde as construções chegavam até 4 pavimentos basicamente, pois possuiam caráter residencial ou pequenos comércios de uso misto. Nota-se que grande parte dessas edificações dispõem de valor histórico, e algumas até mesmo tombadas pelo patrimônio, acredita-se que esta quantidade máxima de pavimentos pode vir a prejudicar visualmente a paisagem local.

O projeto levará em consideração a contribuição à diversificação das atividades bem como com a criação de um espaço aberto qualificado.

O perímetro no qual o terreno se localiza, está próximo ao aterro da Baía Sul, no qual de acordo com o Plano Diretor está demarcado como Área Prioritária para Operação Urbana Consorciada.

Essas operações segundo o artigo 32 do Estatuto da Cidade, são um conjunto de intervenções coordenadas pelo poder público municipal, com a participação de proprietários, moradores, usuários e investidores privados, com o objetivo de alcançar transformações urbanísticas, melhorias sociais e valorização ambiental.

Desse modo, percebe-se que a iniciativa privada busca interesse por áreas atrativas no mercado imobiliário ou em novas áreas com potencial para especulação, onde as áreas realmente necessitadas não são contempladas nesse processo de intervenção, como é o caso da porção leste da Praça XV, portanto é uma oportunidade de adquirir fundos que viabilizem a proposta.

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AMC-12.5 AVL AVL AVL ACI ACI ACI ACI ACI ACI ACI ACI ACI ACI ACI AMC-12.5 AMC-12.5 ARP-12.5 AMC-12.5

Fig. 30 - Mapa de zoneamento.

DADOS GERAIS: CÁLCULOS URBANÍSTICOS DO TERRENO:

Nº MÁX. DE PAV. + ACRÉSCIMO POR TCD: 10+2. T.O (TAXA DE OCUPAÇÃO): 50%.

ÁREA MÍNIMA DO LOTE: 750 M².

I.A (COEF. DE APROVEITAMENTO MÁX.): 5,8.

0 30 15 60

T.O: 50% x 944,62 = 472,31 m² I.A: 5,8 x 944,62 = 5.478,8 m²

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4.9 SÍNTESE

A população existente na maior parte do perímetro é flutuante, visto que na porção leste da Praça XV os edifícios são em maioria comerciais/serviços e institucionais. Assim a população fixa se restringe à área residencial, que fica mais afastada do terreno. Desta forma, há uma necessidade de criação de pontos de referência, que sirvam para socialização da população através da realização de atividades e atrativos, para assim, solucionar o problema da falta de movimentação principalmente aos finais de semana.

Desse modo o terreno apresenta grandes potencialidades, visando um equipamento que traga vida para a região. Além da possibilidade de haver um térreo fluido com um espaço público qualificado, visto que o mesmo interliga duas ruas.

A preservação dos prédios históricos e tombados na região, importantes para a história da cidade, deve se correlacionar com a nova proposta prevista. Por isso, há uma preocupação na ideia do partido arquitetônico, para que o mesmo não interfira visualmente nos mesmos.

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Fig. 31 - Mapa síntese do diagnóstico. PRINCIPAIS FLUXOS EDIFICAÇÕES IMPORTANTES EDIFICAÇÕES TOMBADAS FLUXOS PEDESTRES 0 30 15 60

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(59)

5

PARTIDO GERAL

5.1 Proposta 5.2 Diretrizes Gerais 5.3 Evolução da Forma 5.4 Zoneamento 5.5 Programa de Necessidades 5.6 Implantação 5.7 Plantas Esquemáticas 5.8 Cortes Esquemáticos 5.9 Perspectivas Gerais

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5.1 PROPOSTA

O desenvolvimento inicial do partido arquitêtonico surge como resposta a todo o estudo prévio abordado neste trabalho, como embasamento teórico, análise de referenciais e diagnóstico da área de implantação do projeto.

A proposta é de um Centro de Integração para refugiados e pessoas em vulnerabilidade social, com o objetivo de promover a integração de pessoas, buscando a reinsersão dos mesmos na sociedade.

O projeto busca transformar o terreno, atualmente um vazio urbano, em um equipamento público que atenda às necessidades físicas e sociais dos indivíduos. Proporcionando espaços de uso público, atendimentos assistenciais e educacionais, além de romper com o isolamento social, sendo um local de encontro de diferentes culturas.

ACOLHIMENTO

ASSISTÊNCIA

EDUCAÇÃO

INTEGRAÇÃO LOCAL

Espaço para recepção, estadia e suprimento das necessidades básicas aos refugiados e moradores em situação de rua.

Atendimento social, jurídico e psicológico para direcionamento dos usuários, como regularização de documentos e tratamento de possíveis traumas.

Local para aulas de língua portuguesa e informática, além de atividades que propiciem a troca de aprendizado e cultura.

Praça central pública voltada à convivência de pessoas e espaços para exposição e manifestações culturais, como feiras gastronômicas e trocas de experiências.

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5.2 DIRETRIZES GERAIS

A partir das necessidades definidas, algumas diretrizes projetuais surgem com o intuito de conduzir o projeto a um melhor resultado final, direcionando desta forma as soluções arquitêtonicas propostas.

TÉRREO LIVRE

Devido ao terreno ser configurado como miolo de quadra, interligando duas ruas, optou-se por deixar parte do térreo livre, como forma de ativação da área, visto que há uma série de instituições próximas e há um certo número de pessoas que circula pelo local.

PRAÇA PÚBLICA CENTRAL

Criar espaços públicos a fim de tornar o terreno convidativo para o uso e apropriação da área, além da integração de pessoas, de forma a não segregar o espaço para apenas os usuários da edificação.

INSOLAÇÃO NATURAL

Uma boa qualidade de iluminação natural principalmente nos dormitórios foi relevante na elaboração do edifício, sendo assim, o bloco que recebe maior incidência solar nordeste foi trabalhado com volume de maior altura, propiciando desta forma um adequado conforto ambiental.

DIFERENTES USOS EM SETORES

A volumetria proposta surge a partir da ideia de dividir os principais usos em setores (Acolhimento, Assistência, Educacional e Abrigo temporário), sendo os serviços públicos de fácil acesso e os de habitação mais verticais por serem exclusivos aos usuários.

Fig. 32 - Esquematização da proposta.

ACESSO DE VEÍCULOS ACESSO DE PEDESTRES

EIXOS DE CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES

Rua General

Bittencourt

Av . Hercílio L

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5.3 EVOLUÇÃO DA FORMA

As primeiras ideias de volumetria e evolução da forma do projeto retratam a busca por uma arquitetura capaz de trazer o sentimento de pertencimento dos usuários ao local.

Ao analisar o terreno escolhido foi possível verificar que há condicionantes marcantes que nortearam o lançamento das primeiras ideias, como o fato de o mesmo fazer ligação entre duas ruas e o desnível presente da rua General Bittencourt.

A partir da relação com a morfologia do terreno e entorno, buscou-se trazer permeabilidade para o térreo, proporcionando espaço público para a população em geral, visto que na área há um certa carência.

Além disso, traçou-se eixos de conexão com o Instituto Estadual da Educação e demais equipamentos públicos ao local, iniciando um zoneamento básico, com o térreo voltado à integração local, servindo como ativador do área e demais funções dispostas nos pavimentos superiores.

Fig. 33 - Estudo da forma.

Volume inicial, massa densa. Parte do volume suspenso, térreo livre. Abertura central e permeabilidade.

Integração dos blocos, permite a insolação e ventilação natural dos espaços.

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5.4 ZONEAMENTO

Para melhor organizar os ambientes e desenvolver a proposta, foi elaborado um zoneamento básico, como forma de entender os fluxos e de acordo com os principais usos da edificação. Além da criação do programa de necessidades a seguir, que auxiliou no desenvolvimento das plantas baixas assim como na definição do fluxograma.

PÚBLICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO ADMINISTRATIVO ACOLHIMENTO

Térreo 0,00

Fig. 34 - Zoneamento do volume.

1º Pav. +3,20

2º Pav. +6,40

3º Pav. +9,60

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1 SUBSOLO QUANTIDADE ÁREA APROXIMADA 1.1 Garagem 01 861,90 m² 1.2 Circulação Vertical 01 23,15 m² 1.3 Serviço 01 24,95 m² Subtotal: 910 m² 2 ESPAÇO PÚBLICO 2.1 Café 01 23,73 m² 2.2 Brechó 01 14,90 m² 2.3 Doações 01 22,25 m² 2.4 Depósito 01 15,15 m² 2.5 Sanitários 01 20,77 m² 2.6 Recepção/Triagem 01 32,00 m² 2.7 Circulação Vertical 02 24,95 m² Subtotal: 153,75 m² 3 ASSISTÊNCIA 3.1 Psicológica 02 15,00 m² 3.2 Social 02 13,58 m² 3.3 Jurídica 01 22,29 m² 3.4 Sanitários 01 15,03 m² 3.5 Enfermaria 01 38,50 m² Subtotal: 132,98 m² 4 EDUCAÇÃO 4.1 Salas de Aula 02 15,00 m² 4.2 Informática 02 13,58 m² 4.3 Multiuso 01 22,29 m² 4.4 Biblioteca 01 57,75 m² 4.4 Leitura/Internet 01 57,75 m² 4.5 Sanitários 01 15,03 m² Subtotal: 209,98 m²

5.5 PROGRAMA DE NECESSIDADES

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QUANTIDADE ÁREA APROXIMADA 5 ADMINISTRAÇÃO 5.1 Depósito 01 9,17 m² 5.2 Copa 01 9,17 m² 5.3 Sala de Reuniões 01 14,00 m² 5.4 Administração 01 12,10 m² 5.5 Recepção 01 23,48 m² 5.6 Sanitários 01 15,03 m² Subtotal: 82,95 m² 6 ACOLHIMENTO 6.1 Centro Higiene 01 106,55 m² 5.1 Cozinha 01 38,50 m² 5.2 Refeitório 01 43,72 m² 5.3 Sanitários 01 20,77 m² 5.4 Lavanderia 01 28,00 m² 6.1 Sala de TV 02 16,25 m² 6.2 Sala Estar 02 12,65 m² 6.3 Sanitários 02 30,38 m² 6.4 Dormitórios 28 7,40 m² 6.9 Dormitórios Família 02 15,20 m² Subtotal: 593,70 m² TOTAL: 2.083,36 m²

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5.6 IMPLANTAÇÃO

A partir das premissas de projeto, a implantação se desenvolve em torno de uma praça central de uso público, proporcionando uma área propícia a encontros e manifestações culturais, na qual se torna um local convivência e permanência.

A mesma ainda se organiza a partir dos eixos norteadores de ligação entre as duas ruas que terreno faz conexão, sendo um dos acessos pela Av. Hercílio Luz, no qual o terreno possui o mesmo nível se mantendo plano, e o outro pela rua General Bittencout, onde foi implantando uma escadaria para vencer os 3 metros de desnível, que serve como arquibancada voltada para a praça central.

No térreo encontram-se ainda um café e um brechó, locados como forma de apoio à praça e voltados a proporcionar um equipamento para os usuários do entorno além das funções propostas.

CAFÉ BRECHÓ DOAÇÕES 01 02 03 04 05 DEPÓSITO RECEPÇÃO/TRIAGEM ACESSO PEDESTRES ACESSO VEÍCULOS

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Rua General Bittencourt Av . Hercílio L uz 0 5 10 01 02 03 04 05 0,00 +3,00

Fig. 35 - Implantação do partido. A

A

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5.7 PLANTAS ESQUEMÁTICAS

O programa foi distribuído de forma setorizada, de acordo com as premissas do projeto. Propôs-se um subsolo com 17 vagas de estacionamento direcionadas ao uso de funcionários e colaboradores do Centro. Além disso, um térreo fluido e permeável, voltado ao uso público, como foi explicado anteriormente.

Devido ao acesso da rua General Bittencourt está à 3 metros acima do nível do térreo, optou-se por fazer um entrada direta a edificação, sendo assim, no primeiro pavimento de um dos blocos, localizou-se o centro de higiene, destinado a pessoas em situação de rua, além de uma biblioteca e salas assistenciais (jurídica, social e psicológica).

No segundo pavimento foi locado a área administrativa, enfermaria e extensão da parte educacional, como salas de aula e espaço para acesso à internet e leitura. Com isso, percebe-se a intenção de locar os usos públicos nos primeiros pavimentos, como forma de trazer mais privacidade aos usuários que farão uso dos abrigos temporários, estes localizados nos demais pavimentos.

Desta forma, o terceiro pavimento é voltado a uso comum dos usuários, sendo cozinha e refeitório, além de uma lavanderia. Já os pavimentos superiores, são direcionados para o uso de abrigo temporário, onde o quarto e quinto pavimentos são destinados a pessoas em situação de rua e o sexto e sétimo aos refugiados.

Fig. 36 - Planta baixa esquemática.

SUBSOLO -2,60

0 5 10

Foram dispostos 8 quartos em cada pavimento referente a pessoas em situação de rua, totalizando 16, onde atende até 32 pessoas. Já em cada pavimento referente aos refugiados, 7 quartos, totalizando 14, no qual 2 desses são voltados à famílias, sendo assim, suportam até 32 pessoas.

(69)

0 5 10

A

A

B B

PRIMEIRO PAVIMENTO +3,20

Fig. 37 - Planta baixa esquemática.

ASSIST. PSICOLÓGICA SANITÁRIOS

ASSIST. SOCIAL ASSIST. JURÍDICA BIBLIOTECA

ACESSO PELA RUA GENERAL B. CIRCULAÇÃO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO ACOLHIMENTO 06 06 08 07 09 08 10 11 07 12 06 07 08 09 10 GUARDA VOLUME BARBEARIA 11 12

(70)

0 5 10

A

A

B B

SEGUNDO PAVIMENTO +6,40

Fig. 38 - Planta baixa esquemática.

SALAS DE AULA SANITÁRIOS SALAS INFORMÁTICA SALA MULTIUSO INTERNET/LEITURA CIRCULAÇÃO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO ACOLHIMENTO 13 13 15 14 16 15 17 18 22 14 13 14 15 16 17 ENFERMARIA DEPÓSITO 18 19 ADMINISTRATIVO 21 19 20 23 COPA SALA REUNIÕES ADMINISTRAÇÃO RECEPÇÃO 20 21 22 23

(71)

0 5 10

A

A

B B

TERCEIRO PAVIMENTO +9,60

Fig. 39 - Planta baixa esquemática.

COZINHA SANITÁRIOS REFEITÓRIO LAVANDERIA CIRCULAÇÃO ACOLHIMENTO 24 25 24 25 26 27 27 26

(72)

0 5 10

A

A

B B

QUARTO AO QUINTO PAVIMENTO +12,80 AO +16,00

Fig. 40 - Planta baixa esquemática.

SALA DE TV/ESTAR QUARTOS COM BELICHE BANHEIROS CIRCULAÇÃO ACOLHIMENTO 28 30 28 29 30 29 28 29 29 29 29 29 29

(73)

0 5 10

A

A

B B

SEXTO AO SÉTIMO PAVIMENTO +19,20 AO +22,40

Fig. 41 - Planta baixa esquemática.

SALA DE TV/ESTAR BANHEIROS BANHEIRO FAMÍLIA CIRCULAÇÃO ACOLHIMENTO 31 32 31 32 33 34 31 35 35 35 35 35 35 32 33 QUARTO FAMÍLIA QUARTOS COM BELICHE 34

(74)

5.8 CORTES ESQUEMÁTICOS

0 5 10

Fig. 42 - Corte AA esquemático.

A edificação contempla nove pavimentos, sendo um subsolo e os três primeiros voltados a uso público e institucionais, os demais acomodam os quartos do abrigo temporário e uso comum.

Como forma de conseguir uma melhor orientação solar, verticalizou-se apenas um dos blocos, além de prever uma melhor privacidade aos dormitórios, visto que os blocos estão dispostos próximos. ESTACIONAMENTO PRAÇA RECEPÇÃO BWC AULA COPA BWC BWC REFEITÓRIO BWC BWC BWC BWC DORMIT. DORMIT. DORMIT. DORMIT. CENTRO HIGIE. ASSIST. PÚBLICO ASSISTÊNCIA EDUCAÇÃO ACOLHIMENTO ADMINISTRATIVO

(75)

Fig. 43 - Corte BB esquemático. 0 5 10

SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Através dos princípios utilizados para a definição do sistema costrutivo, o projeto foi desenvolvido a partir de uma malha estrutural, com uma modulação de 7,5mx7,5m, onde se

propõe uma estrutura convencional e econômica, partindo de pilares, vigas e laje, sendo estas de concreto, visto que o custo de manutenção é baixo, além da alta durabilidade do material. ESTACIONAMENTO DOAÇÕES BWC BWC BWC BWC BWC BWC BWC BWC BWC RECEPÇÃO BWC BWC BWC BWC BWC BWC GUARDA VOLUME BARBEARIA RUA GENERAL B. AVENIDA HERCÍLIO L.

ENFERMARIA REUNIÕES ADM.

COZINHA LAVANDERIA DORMITÓRIOS DORMITÓRIOS DORMITÓRIOS DORMITÓRIOS BWC BWC BWC BWC BWC BWC DORMITÓRIO DORMITÓRIO DORMITÓRIOS DORMITÓRIOS 0,00 -2,80 +3,20 +6,40 +9,60 +12,80 +16,00 +19,20 +22,40

(76)

5.9 PERSPECTIVAS GERAIS

Fig. 44 - Perspectiva fachada sudeste.

Fig. 45 - Perspectiva praça. Térreo com espaço de estar e

manifestações culturais.

Passagem pelo miolo de quadra. Ativação do mesmo com café e brechó.

(77)

Fig. 46 - Perspectiva acesso rua General Bittencourt.

Fig. 47 - Perspectiva fachada nordeste. Fechamento em Vidro.

Concreto Aparente.

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Referências

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