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Como os aspectos curriculares em EaD têm atendido às competências exigidas no mercado de trabalho: um levantamento de dados

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE MESTRADO PROFISSIONAL DE SISTEMAS DE GESTÃO

JADER COSTA MENDES

Como os aspectos curriculares em EaD têm atendido às

competências exigidas no mercado de trabalho: um levantamento

de dados

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Organizações e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão pela Qualidade Total.

Orientadora:

Profª Maria de Lurdes Costa Domingos, D.Sc.

Niterói 2016

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Ficha Catalográfica

M 538 Mendes, Jader Costa.

Como os aspectos curriculares em EAD têm atendido às

competências exigidas no mercado de trabalho: um levantamento de dados / Jader Costa Mendes. – 2016.

67 f.

Orientadora: Maria de Lurdes Costa Domingos.

Dissertação (Mestrado em Sistema de Gestão) – Universidade Federal Fluminense. Escola de Engenharia, 2016.

Bibliografia: f. 61-67.

1. Educação a distância. 2. Currículo. 3. Competência. 4. Mercado de trabalho. I. Título.

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RESUMO

Esta pesquisa buscou averiguar estudos que correlacionassem os currículos da modalidade EaD com as necessidades do mercado de trabalho, a fim de facilitar o desenvolvimento empresarial através da gestão do conhecimento. Objetivou-se observar a correspondência entre os currículos de EaD e o atendimento das competências profissionais solicitadas pelo mercado de trabalho. A metodologia adotada foi um estudo bibliográfico que utilizou o acervo da Scielo (Scientific

Electronic Library Online), para a coleta de artigos importantes para este estudo.

Foram analisados 319 artigos publicados entre os anos de 1999 a 2015, que, em sequência, foram separados de acordo com o interesse da pesquisa. Tendo como referência as palavras-chaves ligadas aos objetivos determinados no estudo, foram selecionados 39 artigos para uma análise apurada. Foi realizada uma análise secundária dos dados coletados e a análise de conteúdo, para redução das passagens e paráfrases menos relevantes. Foi averiguado que o tema em questão é pouco estudado na área de EaD e seu impacto para o desenvolvimento de um parâmetro regional que não foi aplicado ainda.

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ABSTRACT

This research aimed to investigate studies that correlate the curricula of distance education mode to the needs of the labor market in order to facilitate business development through knowledge management. This study aimed to observe the correspondence between the curricula of distance education and care of professional skills required by the labor market. The methodology was a bibliographical study that used the Scielo acquis (Scientific Electronic Library Online), to collect important items for this study. We analyzed 319 articles published between the years 1999-2015, which, in sequence, were separated according to the interests of research. With reference keywords related to certain objectives in the study were selected 39 articles for detailed analysis. A secondary analysis of data collected and the analysis of content, to reduce less relevant passages and paraphrases was held. It was ascertained that the subject in question is understudied in distance education area and its impact on the development of a regional parameter has not been implemented yet.

Keywords: Distance education, skills, curricula, labor market

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Quadro 1 – Capacidades e competências avaliadas ... 20

Quadro 2 – Cronologia da EaD no Brasil ... 31

Quadro 3 – Cronologia da EaD no Brasil segundo MAIA e MATTAR ... 32

Quadro 4 – Tabela com o número de matrículas por curso ... 35

Quadro 5 – Palavra-chave da pesquisa ... 40

Quadro 6 – Palavras-chaves da pesquisa nos artigos selecionados...44

Quadro 7 – Lista de artigos selecionados para a pesquisa...44

Quadro 8 – Distribuição por ano de publicação... .47

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Gráfico 1 - Evolução das matrículas de EaD...34

Gráfico 2 - Evolução das matrículas de Educação Superior de Graduação por modalidade de Ensino...35

Gráfico 3 – Predominância das matrículas de ensino superior de graduação por curso...36

Gráfico 4 – Relação entre artigos encontrados e selecionados...41

Gráfico 5 – Relação entre artigos encontrados e palavras-chave ligadas à pesquisa...42

Gráfico 6 – Pesquisas de formação...42

Gráfico 7 - Áreas Temáticas SciELO...43

Gráfico 8 - Artigos selecionados por áreas correlatas...44

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BIREME – Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde CEDERJ – Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro CFPE – Curso de Formação Pedagógica em Educação Profissional

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico EAD – Educação a Distância

E-LEARNING (electronic learning) – Aprendizagem Eletrônica ou Ensino Eletrônico FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia ISSN – International Standard Serial Number

LDB – Lei de diretrizes e bases

MEC – Ministério da Educação e Cultura

MOODLE – Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment OMC – Organização Mundial do Comércio

P&D – Pesquisa & Desenvolvimento

PNEEs – Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais PPC – Plano Pedagógico de Curso

SciELO – Scientific Electronic Library Online

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENEB – Secretaria de Educação Básica

SESC – Serviço Social do Comércio

TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação UAB – Universidade Aberta do Brasil

UECE – Universidade Estadual do Ceará UFPR – Universidade Federal do Paraná

UNASUS – Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde UNED – Universidade Nacional de Educação a Distância

UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization UNESP – Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 10 1.1 PROBLEMA ... 11 1.2 JUSTIFICATIVA ... 13 1.3 OBJETIVOS: ... 14 1.3.1 Geral ... 14 1.3.2 Específicos: ... 14 1.4 RESULTADOS ESPERADOS... 14 2. REVISÃO DA LITERATURA ... 14

2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE EDUCAÇÃO ... 15

2.1.1 Histórico sobre Mercado de trabalho ... 17

2.2 O MODELO DAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS NO MUNDO DO TRABALHO E NA EDUCAÇÃO ... 19

2.2.1 Modelo de trabalho fordista-taylorista ... 23

2.2.2 A Sociedade pós-industrial ... 23

2.2.3 A era da informação ... 24

2.3 ASPECTOS CURRICULARES ... 25

2.4 A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA ... 27

2.5 CONCEITOS DE EAD ... 28

2.6 CONTEXTO DO EAD NO BRASIL ... 31

3 METODOLOGIA ... 37

3.1 LEVANTAMENTO DOS DADOS DA PESQUISA ... 37

3.2 PROCEDIMENTO DE COLETA DOS DADOS ... 37

3.3 DADOS DA PESQUISA ... 38

3.4 ANÁLISE DOS ARTIGOS SELECIONADOS NA BASE SciELO ... 47

4 CONCLUSÃO ... 58

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1 INTRODUÇÃO

Ao considerar-se a importância do conhecimento no desenvolvimento das sociedades, vislumbram-se aspectos transformadores nos indivíduos e sua influência através do tempo. Não poderia ser diferente, pois as novas técnicas e habilidades adquiridas levam a um movimento contínuo de inovação.

Com a modificação da sociedade no advento da revolução industrial e suas consequências, o mundo experimentou um novo momento que aprofundou uma busca incessante por novas descobertas tecnológicas que afeta a coletividade até hoje.

O próprio Thomas Edison ao inventar a lâmpada passou uma situação na qual sua tecnologia só poderia ser aplicada com outro pacote tecnológico, que seria a produção em escala de energia elétrica e sua distribuição de forma segura.

Atualmente, com o nível de competitividade alto, acredita-se que o conhecimento tem que ser mais dinâmico e rápido, pois o grande diferencial está ligado à velocidade em que a inovação pode ser disponibilizada ao mercado. Esse novo contexto competitivo internacionalizado, torna os processos nas empresas cada vez mais desatualizados em um espaço de tempo muito curto.

No passado, as empresas tinham como vantagem competitiva algumas condições, como por exemplo: vantagens de localização, mão de obra barata, recursos naturais etc., que foram aos poucos sendo descartados como papéis estratégicos relevantes, sendo trocados por aspectos intimamente ligados ao mundo virtual, como as novas tecnologias de produção que mudaram, exigindo profissionais com um nível maior de educação e informação.

Através dessas novas tecnologias, a capacitação do profissional se tornou mais simples, já que o acesso aos mais variados repositórios de conhecimentos e experiências nos diversos campos da pesquisa está de forma acessível na internet. Contudo, este novo mundo também se tornou mais complexo, levando ao aprofundamento da globalização, permitindo a ampliação dos negócios e, consequentemente, uma maior produtividade do profissional na cultura atua, para Lévy (1998):

As técnicas determinam a sociedade ou a cultura? Se aceitarmos a ficção de uma relação, ela é muito mais complexa do que uma relação de determinação. A emergência do ciberespaço acompanha, traduz e favorece uma evolução geral da civilização. Uma técnica é produzida

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dentro de uma cultura, e uma sociedade encontra-se condicionada por suas técnicas. (LÉVY, 1998, p.23).

O processo da globalização trouxe para as organizações condições estratégicas fundamentadas no desenvolvimento do conhecimento organizacional, que está ligado às novas formas de educação profissional, que se movem também sobre plataformas virtuais.

Inserida essa visão, a educação à distância tem se mostrado uma ferramenta primordial para a formação profissional e a descentralização do conhecimento para lugares que antes não havia alcance. Entretanto, os investimentos em infraestrutura digital serão fundamentais para o alcance destes objetivos.

A EAD explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. Mas o essencial se encontra em um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede. (LÉVY, 1998, p.158).

É possível afirmar, portanto, que fica cada vez mais explícita a importância da tecnologia na transformação de nossa sociedade de modo geral e das formas de aprendizagem em particular.

1.1 PROBLEMA

As mais diversas áreas da vida da sociedade têm modificado o pensamento humano através do tempo e vice-versa. Esse processo também ocorre nas organizações. Pode-se supor que o conhecimento organizacional atualmente tem cooperado com esta condição, mais do que no passado, e levado a um novo momento de transição do ambiente econômico, onde a gestão proativa do conhecimento adquire um papel central. Em resumo observa-se hoje maior ênfase no valor econômico, ligado à sobrevivência das organizações, como também aos profissionais que são o motor para esta nova realidade. Essa situação, tem levado as organizações a trabalharem no sentido de fortalecer suas ações em relação à gestão do conhecimento.

No mundo, o recurso conhecimento ganhou mais espaço no contexto do mercado de trabalho, e nos últimos anos sua busca tem modificado os perfis dos

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profissionais para uma formação mais adequada às novas condições de trabalho em que as exigências comportamentais e as habilidades técnicas têm ganhado importância. O grande problema, atualmente, tem sido um atraso do Brasil em relação a uma falta de política educacional voltada para as inovações e de acordo com a realidade.

Corroborando com isso, percebe-se como a abertura econômica do Brasil tem causado a vários segmentos industriais importantes um impacto comercial negativo. O baixo investimento em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), tanto governamental como privado, tem gerado um distanciamento de pontos mais elevados na concorrência internacional, colocando em risco também a manutenção dos negócios a nível nacional das organizações empresariais. Esta posição tem sido sustentada na literatura na área:

O exame desse perfil de financiamento é essencial para o desenho de boas políticas públicas no Brasil, como de resto em qualquer economia desenvolvida ou emergente. Isso decorre da relevância do gasto privado no total do dispêndio em P&D. Entre nós ele tem estado na casa dos 50%. Ele é maior em países mais desenvolvidos. E essa será a tendência do país e será o desafio de nossas políticas públicas se quisermos ter êxito nas nossas tentativas de catching-up 1 . (PACHECO, 2011, p. 259)

Uma das condições mais importantes para o crescimento do investimento em P&D é a educação. Atualmente, o investimento nessa área tem sido alvo de políticas públicas e privadas e o foco tem se concentrado na educação à distância. A facilidade de comunicação fortaleceu essa possibilidade, já que há um cabedal de novas tecnologias que facilitam esta modalidade de ensino. Segundo Mugnol (2009, pág. 337):

O desenvolvimento das telecomunicações com meios interativos, a relativa popularização do computador e da internet, proporcionaram novas perspectivas se constituindo em ferramentas importantes para a contínua evolução da EAD, sobretudo após na segunda metade do século XX.

1 O conceito de catching up empregado compreende a capacidade de centros secundários de absorver técnicas e conhecimentos gerados nos centros líderes, de forma a permitir que aqueles “alcancem” os níveis de produtividade destes e, portanto, reduzam o hiato tecnológico (e de desenvolvimento econômico) que os separa. Revista de Economia Política, vol. 26, nº 1 (101), pp. 95-118 janeiro-março/2006.

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Diante disso, há necessidade de estudos sobre como se gerencia o conhecimento. A oportunidade da educação à distância é uma ferramenta para desenvolver esta questão de uma forma mais rápida e a custos menores em relação aos investimentos que se têm atualmente.

Evidentemente, o ambiente dos negócios tem sido afetado por muitas turbulências, entretanto há uma necessidade premente de se ajustar as empresas aos novos negócios surgidos desses movimentos. O próprio conhecimento tem sido algo “perecível”, atualmente. Por isso, surge a determinação de se investir cada vez mais na formação do profissional, mas não somente isso, também de aproveitar seu potencial através de políticas internas mais acertadas com o momento que se vive.

Atualmente, destaca-se a EaD como fator primordial dessa nova realidade, mas nem sempre foi assim. Ela era observada de forma negativa em relação aos resultados que se poderiam chegar. Praticamente, havia uma rejeição do meio acadêmico em relação à sua pedagogia e uma desconfiança sobre como as tecnologias de informação e de comunicação (TICs) poderiam suprir as condições que eram atendidas no âmbito presencial. A partir de certo tempo, as ideias relativas a esse campo começaram a desenvolver padrões e ajustes para que essa possibilidade fosse palpável e real. Sendo assim, a Academia iniciou um novo processo educacional que tem como grande aporte chegar a regiões que não eram possíveis alcançar em curto e médio prazo.

Ao observar o campo de trabalho no que se pode definir EaD, depara-se com duas vertentes na visão da formação do profissional: uma ligada à formação com uma visão intimamente acadêmica e outra buscando uma base de formação no mercado. Isto que leva a uma reflexão sobre quais dessas propostas atendem o que o mercado de trabalho busca. Diante disso, este trabalho visa discutir o alcance do EaD na formação das competências para o mercado de trabalho.

1.2 JUSTIFICATIVA

Sendo a gestão do conhecimento um fator preponderante para a alavancagem das organizações, sejam elas privadas ou governamentais, o conhecimento e o seu gerenciamento é primordial para o alcance de metas nacionais, mas para isso a formação é a linha básica para a concretização destes objetivos. Uma das propostas

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da EaD é atingir localidades antes de difícil acesso que não teriam investimentos neste setor.

Com a descentralização da economia, atravessando o país através do agronegócio e a transferência de empresas para cidades mais afastadas dos grandes centros, a necessidade da formação migrou para essas localidades, ocasionando a busca e transferência de profissionais. Entretanto, para a que as organizações consigam trabalhar com eficiência, a necessidade de formação é fator primordial.

Sendo assim, a Educação à Distância é uma modalidade que se adequa a esta realidade. Em relação à sua facilidade e rapidez para atingir novos mercados de trabalho, torna-se importantíssima.

1.3 OBJETIVOS:

1.3.1 Geral

Identificar os aspectos curriculares relativos ao mercado de trabalho dentro da modalidade EaD, para que a gestão do conhecimento, através da formação dos profissionais em suas áreas afins, subsidiem o desenvolvimento organizacional.

1.3.2 Específicos:

i. Levantar dados que demonstrem a preocupação com os aspectos curriculares do EaD.

ii. Identificar se há diretrizes específicas para a modalidade EaD.

iii. Averiguar se os pesquisadores observam de forma regionalizadas as competências do mercado de trabalho dentro da modalidade EaD.

1.4 RESULTADOS ESPERADOS

Identificar se as políticas de gestão educacional (currículo) ligada à construção do conhecimento mediado pela educação à distância, está gerando informações para a aplicação mais objetiva dos processos educacionais à distância às exigências do mercado de trabalho.

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2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE EDUCAÇÃO

O renascimento é um contexto importante para a educação, porque, a partir dele, trabalham-se os primeiros aspectos de competências ligados ao mercado de trabalho, emergindo assim uma nova concepção. Sendo estes princípios disseminados por escolas em toda a Europa, fortalecendo a preocupação com a formação.

No entendimento de Aranha (1996, pg.61), o Renascimento é um período de contradições típico das épocas de transição. Com o enriquecimento da classe burguesa, essa passa a assumir padrões aristocráticos e aspira a uma educação que permita formar o homem de negócios, ao mesmo tempo capaz de conhecer as letras greco-latinas e de dedicar-se aos luxos e prazeres da vida.2

Entretanto, o conhecimento ainda não é para todos. A grande massa está fora desta realidade. A partir da reforma protestante, através da visão de Martinho Lutero, a educação passa para a mão do Estado, sendo que está ligada às classes dominantes de sua época. (PALMA FILHO, 2010, apud, GADOTTI, 1983, pág. 4) destaca que o ensino tinha viés religioso, “a educação pública destinava-se em primeiro lugar às classes superiores burguesas e secundariamente às classes populares, as quais deveriam ser ensinados apenas os elementos imprescindíveis, entre os quais a doutrina cristã reformada”. A Igreja católica inicia a “Contra Reforma” liderada na área cultural e educacional pela Companhia de Jesus que orientou a sua prática no campo educacional, “escreveu o manual de estudos Ratio atque Institutio

Studiorum”. A partir de 1599, esse manual passou a fornecer aos

sacerdotes-professores os planos, os programas e os métodos de educação católica. (PALMA FILHO, 2010 pag. 4)

Vislumbra-se que através do tempo na educação destaca-se a formação de líderes na sociedade. Sendo assim, forma-se o educador através desta visão. Entretanto há uma quebra deste paradigma, que é o início da universalização da educação.

Um dos aspectos centrais da educação na Idade Média refere-se ao conteúdo essencialmente religioso que ela adquiriu por tratar-se de

2 SANTOS, Adelcio Machado dos; GONCALVES, Sônia de Fátima. Introdução à Abordagem Histórico Educacional, Revista UNIARP.

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uma atividade que ficou sob a responsabilidade da Igreja. Entretanto, foi um período em que se procurou um conteúdo de cunho simbólico, uma estruturação da educação em seus aspectos metodológicos, a ampliação do alcance da educação para as crianças e os jovens e o surgimento das universidades como centros de acumulo e manutenção dos saberes e de estudo superiores. (JÉLVEZ, 2012, p. 36)

A partir do século XVIII, das Luzes como é denominado, propostas educacionais, são dispostas de forma liberal. O liberalismo transforma a forma de se pensar e também como se transferir estas ideias. Observando o trabalho de Rousseau, fica claro que há problemas relativos a esta nova ordem com o que está sendo aplicado na educação. “Esse período propõe uma educação por meio do desenvolvimento livre e espontâneo, respeitando a existência concreta da criança. Essas ideias influenciaram as mais diferentes correntes, sobretudo as tendências não-diretivas, no século XX”. (SANTOS; GONCALVES, 2012, pág. 78)

O ideal educacional dos iluministas está no reconhecimento em grau máximo da razão humana. Luzuriaga (1983) assim sintetiza os princípios consagrados pelo ideal iluminista no século XVIII:3

 Desenvolvimento da educação estatal, da educação do Estado, com maior participação das autoridades oficiais no ensino;

 Começo da educação nacional, da educação do povo pelo povo ou por seus representantes políticos;

 Princípio da educação universal, gratuita e obrigatória, no grau da escola primária, que fica estabelecida em linhas gerais;

 Iniciação do laicismo no ensino, com a substituição do ensino religioso pela instrução moral e cívica;

 Organização da instrução pública em unidade orgânica, da escola primária à universidade;

 Acentuação do espírito cosmopolita, universalista, que une pensadores e educadores de todos os países;

 Primazia da razão, crença no poder racional e na vida dos indivíduos e dos povos;

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 Reconhecimento da natureza e da intuição na educação.

O modernismo inicia com uma tendência ao individualismo, mas ao mesmo tempo com a preocupação em socializar a educação, já que neste momento o indivíduo enfrenta as novas realidades desta sociedade, a industrialização e o crescimento das cidades em volta destas fábricas.

O marco maior do modernismo foi o positivismo. O pensamento de Auguste Comte, autor desta nova visão, traz à educação formal uma condição mais científica e muda os currículos educacionais de forma abrangente. Ele leva em consideração a existência de duas Escolas, com conteúdos diferentes, sendo uma para a elite e outra para os segmentos do operariado.

O filosofo negava as causas dos fatos, pretendendo estudar apenas suas leis isoladas e observáveis. A tendência positivista é o conteúdo base do cientificismo que marcou, por muito tempo, a escolha dos currículos escolares em todo o Ocidente, e seus resquícios podem ainda ser notados em nossos dias, se não objetivamente, de maneira suave ou disfarçada. (JÉLVEZ, 2012, p.49)

A passagem da educação moderna para a contemporânea traz em seu bojo a Revolução Industrial todos os conflitos deste novo mundo: os enfrentamentos de classes e a disputa entre o socialismo e o capitalismo. O século XX, Aranha (1996) defende, é um período de grandes transformações, e por serem intensas, levam a um turbilhão de perplexidades e ambiguidades, de difícil síntese. O próprio contexto histórico é movido por mudanças profundas, sejam econômicas, políticas e morais. Há muitas críticas a modelos que vão desde a escola nova até os modelos mais construtivistas da atualidade.

2.1.1 Histórico sobre Mercado de trabalho

A criação do trabalho como se conhece vem de um tempo mais próximo da era contemporânea. Mas o trabalho em si é uma concepção antiga e que leva ao principal processo da humanidade, que é a sobrevivência.

Através desta condição inicial a sociedade construiu a base de sua economia e existência. A mudança mais importante foi o advento do comércio mundial no final da Idade Média, com o início das grandes navegações e o renascimento. Naquele

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momento há necessidade de formação de navegadores, importantes para o desenvolvimento de um mercado mundial.

Sendo assim, a busca de trabalhadores capacitados foi determinante para o sucesso dos negócios, formando Estados mais fortes. Surgiu uma nova classe, a burguesia, que por sua vez foi grande consumidora de itens relativos a uma produção de melhor qualidade.

Entretanto, o momento histórico mais relevante é a era da industrialização, no qual o mercado de trabalho teve uma demanda alta no início, que exigia trabalhadores mais qualificados, mas o que se tinha era um trabalhador de baixa formação e mal remunerado. Com a tecnologia dos produtos acelerando em direção a novos conhecimentos técnicos, o trabalho se desenvolve de maneira sistemática e racional. Adam Smith em sua obra “A riqueza das nações” (1776), vislumbrava esta situação.

Adam Smith (Smith 1776 apud Sobral, pg.35) conclui que a divisão e a especialização do trabalho aumentam a produtividade porque possibilitam:

 Melhoria da capacidade do trabalhador em desempenhar seu trabalho;  Economia do tempo que geralmente se desperdiça na troca das tarefas; e  A criação de condições tecnológicas inovadoras que permitem um uso mais

econômico da mão de obra.4

Essa visão fica clara na obra de Taylor, quando o mesmo propõe a produção em massa, focando na divisão das tarefas e especialização do operário. O estudo científico dos tempos e movimentos, é determinado por capacidade física e técnica, e o operário concentrado na tarefa. O trabalho se torna mais especifico, trazendo em si uma gama de conhecimentos técnicos, jamais vistos anteriormente. Desta forma, a educação é fator preponderante para formação do trabalhador, visto que este deve buscar atualizar-se de forma constante para o atendimento das necessidades de produção.

Não obstante estas questões, fica implícito que a capacitação e a competência estariam dentro destas novas habilidades e se posicionariam, daqui por diante, dentro dos currículos educacionais ligados à necessidade organizacional. Entretanto, a

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evolução técnica não se faz de forma sistemática, mas muitas vezes em saltos técnicos que são difíceis de alcançar.

Atualmente, mesmo que os currículos busquem um aperfeiçoamento constante, ainda não é o suficiente para uma eficácia pretendida pelas organizações. O tempo tem sido um complicador para essas novas expectativas. Embora haja um entendimento que a formação do conhecimento exige um tempo maior.

Nessa evolução, como esse profissional se relaciona com os muitos aspectos da vida laboral, em suas condições diárias, sua adaptação aos ambientes e as novas dinâmicas técnicas exigidas tem sido uma ação constante para a seu aperfeiçoamento.

Na busca dessas respostas, seria importante um trabalho de avaliação dos conteúdos, para que alguns desses conteúdos sejam mantidos e outros descartados por não atenderem a esta realidade. Dentro dessa visão os currículos sofrem um processo de adaptação, onde alguns serão disponibilizados e outros até extintos. Este processo visa atender a novas competências exigidas pelo mercado de trabalho conforme será discutido no próximo ponto.

2.2 O MODELO DAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS NO MUNDO DO TRABALHO E NA EDUCAÇÃO

Trabalhar o conceito de competências é algo complexo, já que o próprio termo nos leva a um senso comum. Deparamos com várias definições, mas todas têm uma intima ligação com o processo organizacional:

É uma palavra do senso comum, utilizada para designar uma pessoa qualificada para realizar alguma coisa. O oposto, ou seu antônimo, não implica apenas a negação dessa capacidade como guarda um sentimento pejorativo, depreciativo. (FLEURY & FLEURY 2001 pg. 184):

Esta mesma autora cita o dicionário inglês Webster (WEBSTER 1981 apud. FLEURY & FLEURY 2001 pg. 184) que define que competência é “Qualidade ou estado de ser funcionalmente adequado ou de ter suficiente conhecimento, julgamento, habilidades ou força para determinada tarefa (the quality or state of

beingfunctionally adequate or having sufficient skill or strenght for a particular duty)”,

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No dicionário de língua portuguesa Aurélio (2012), destaca-se o termo como capacidade e aptidão, demonstrando que o arcabouço da palavra é intimamente ligado a questões de cunho profissional e organizacional.

O inicio do debate em torno das competências aconteceu em 1973, com a publicação por McClelland, no artigo Testando para a competência em vez da inteligência (Testing for competence rather than intelligence), nos Estados Unidos. Segundo Louzada (2010, pg. 72) na França, “nos anos 1970, com o questionamento da noção de qualificação e do processo de formação profissional”.

Esses pensamentos foram importantes para a compreensão do termo competências, pois, através desses estudos, foi possível identificar os vários aspectos componentes deste processo. Em documentos elaborados por um grupo de Inovadores5 e enviados para as escolas de 2º ciclo da França, a palavra competência

aparece associada à avaliação, como mostra o Quadro I Das capacidades e competências avaliadas, apresentado a seguir:

5 Conjunto de Reformas no sistema de ensino francês, conduzidas por Jean Berthoin e Christian Fouchet, ambos Ministros da Educação, tendo como referência a Teoria do Capital Humano. Entre as medidas tomadas encontram-se: a escolaridade obrigatória é prolongada até os 16 anos e o aumento de séries em alguns níveis de ensino.

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Quadro 1 – Capacidades e competências avaliadas Fonte: Ropé 2003 apud. Louzada (2010, pg. 86)

Os inovadores, citados anteriormente, já demonstram a utilização de competências no aspecto educacional, seguindo uma linha que visualiza a concepção de fatores primordiais para as competências do trabalho. Segundo Stroobants (1997, pg.33), competência é ação, realização, movimento, velocidade. Representa a valorização da experiência profissional, do savoir-faire oriundo da vivência pessoal, da experiência no trabalho e das atitudes comportamentais em contraposição ao saber adquirido na escola. E como o mercado de trabalho passa a valorizar as habilidades desenvolvidas no trabalho, a avaliação da competência se manifesta em situações específicas.

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A partir do entendimento das competências, pode-se conjecturar uma formação capaz de atender as novas demandas do mercado de trabalho, no qual se sustenta um arcabouço de ideias de como deve ser o homem contemporâneo.

... para dar visibilidade às competências, a Sociologia do Trabalho, como assinala Stroobants (1997), teve que se defrontar com os aspectos cognitivos do trabalho, que tradicionalmente não constitui o seu objeto de estudo. Isso implicou em buscar novos referenciais teóricos e metodológicos para que pudessem explicitar o significado das transformações que ocorrem no modo como o trabalho está se organizando na sociedade contemporânea. (LOUZADA, 2010, pg. 81)

Retornando ao estudo de McClelland (1973, pg.3) do artigo Testando para a competência em vez da inteligência (Testing for competence rather than intelligence), ele inicia um debate entre os psicólogos e administradores nos Estados Unidos. No seu estudo de campo ele identificou o que Fleury & Fleury (2001, pg. 184) relatam como “.é uma característica subjacente a uma pessoa casualmente relacionada com uma performance superior na realização de uma tarefa ou em determinada situação.” McClelland (1973, pg.9) sugeriu em seu estudo que os traços de personalidade ou de carater, como a capaciadade de liderar, a sociabilidade, o raciocínio lógico etc., são preponderantes também na capacitação deste profissional para alcançar objetivos. Considera que os melhores resultados ou performances estão fundamentalmente ligados a inteligência e a personalidade das pessoas, e que o conjunto de capacidades humanas é preponderante a esta justificativa.

Aprimorando essa visão, a competência está ligada a um conjunto de tarefas relativas a cargos organizacionais, sendo estes cargos como parte integrante na formação da sociedade. Esta preocupação é registrada principalmente na França, na busca de alinhar os conhecimentos construídos na escola, com o que é necessário para a qualificação no trabalho6. De tal forma que Desaulniers (1998, pg. 31) destaca

que a:

Competência é a capacidade para resolver um problema em uma determinada situação, o que significa dizer que a mensuração desse processo baseia-se essencialmente nos resultados, implicando um refinamento dos mecanismos e instrumentos utilizados na sua respectiva avaliação.

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Constata-se a influência dos “modelos profissionais”, ligadas às organizações, nos modelos educacionais, fazendo um contínuo de idas e voltas nos conteúdos aplicados para atender a essa demanda. Determinando, assim, a construção de currículos educacionais com viés na formação profissional. Esse assunto será estudado mais à frente. Por hora, será retomado o modelo fordista-taylorista cuja emergência já apontava para a importância de investir no desenvolvimento de capacitação.

2.2.1 Modelo de trabalho fordista-taylorista

Com o advento das inovações tecnológicas, que é uma característica da própria revolução industrial, houve uma necessidade de unir a condição humana nas fábricas com as máquinas recém-descobertas e assim criar resultados satisfatórios tanto para o trabalhador como também para os industriais de sua época.

Frederick Winslow Taylor, com a publicação do livro Shop Management, em 1903 e em 1911 com o livro Princípios da Administração Científica (Principies do

Scientific Management), inicia o pensamento racional do trabalho, dando uma nova

noção sobre como o trabalho deveria ser realizado:

Os estudos de Taylor foram complementados pela linha de produção implantada nas fábricas da Ford Motors Co., em 1913, cujas características principais são o mecanicismo e a fragmentação do trabalho, que passa a ser composto por uma única tarefa, ou pequenos conjuntos de tarefas, denominados de “cargos”. Os ocupantes destes “cargos” ou “postos de trabalhos” executam atividades altamente repetitivas. Este modo de organização de trabalho foi capaz de revolucionar por completo o chão-de-fábrica. (LOUZADA 2010, pg. 61).

Para Barbosa (1999, p. 109), “Taylor e Ford tiveram um sucesso admirável em virtude dos fantásticos ganhos de produtividade. Pela primeira vez, havia a possibilidade de gerir recursos humanos e materiais de forma científica”. Consolidando, assim, que este trabalhador tinha pouca formação e tudo era baseado em uma sequência construída através de um estudo cientifico, sendo fundamental a participação dos supervisores para o treinamento deste trabalhador.

(24)

Este momento é determinado por profundas transformações. A escolaridade é fator preponderante para a busca de novos conhecimentos. A tecnologia se mostra mais relevante para que as competências do trabalho sejam adquiridas. Sobre o advento da sociedade pós-industrial, Louzada (2010, pg. 65) destaca:

“O maior número de postos de trabalho da indústria para o setor de serviços e que exige um maior nível de escolaridade é o ponto de partida para os estudos que adotam o pressuposto de que as novas tecnologias serão determinantes para transformar a moderna sociedade industrial em uma sociedade”.

O fato é que com essas demandas, a partir da década de 1970, as competências ganham espaço como uma condição mais adequada às necessidades inerentes desta visão. Entretanto, esta condição passa rapidamente e uma nova era se forma, a da informação, trazendo em seu bojo novas organizações, complexas e mutáveis.

2.2.3 A era da informação

Na Era da Informação há uma importância primordial nos aspectos relacionados à formação não somente profissional, mas para toda a sociedade. A partir da década de 1970, inaugura-se um novo momento, que se destaca por uma visão global em rede. Entra-se em um mundo realmente multicultural e interdependente, que só poderá ser entendido e transformado a partir de uma perspectiva múltipla que reúna identidade cultural, sistemas de redes globais e políticas multidimensionais (CASTELLS, 1999, p. 43).

Castells destaca que as novas tecnologias informacionais resultaram em um novo modo de desenvolvimento, no qual a produtividade é a própria tecnologia de geração de conhecimentos.

Assim, embora conhecimento e informação sejam elementos cruciais em todos os modos de desenvolvimento, o que é especifico ao modo informacional de desenvolvimento é a ação de conhecimentos sobre os próprios Conhecimentos como principal fonte de produtividade. (CASTELLS, 1999, p. 35).

O fato é que o modelo de desenvolvimento desta era fixa um novo patamar que se forma na construção de tecnologias de informática e comunicação, e cria um ambiente de trabalho diferenciado, onde o conhecimento ganha maior notoriedade.

(25)

2.3 ASPECTOS CURRICULARES

O mundo contemporâneo tem sofrido muitas transformações. Conforme observamos anteriormente, o modelo de desenvolvimento trabalha numa proposta de construção muito rápida, principalmente pelo avanço da ciência, com o advento das novas tecnologias. As organizações entram nesse processo de forma definitiva, melhorando e transformando seus produtos através desse novo patamar tecnológico, ao mesmo tempo em que mudam seus quadros de trabalho para atender a essa condição tecnológica.

Ao pressionar o trabalho, essa condição se liga automaticamente à formação do novo trabalhador, muito mais ativo nas tecnologias de informação que formatam uma sociedade mais interligada. E que a cada dia fomenta uma vida universal e local simultaneamente.

A educação vem sofrendo transformações estruturais e tenta adequar seus conhecimentos a esse processo. Atualmente, o desafio é conseguir unir as novas concepções de trabalho e a formação de competências para atingir um objetivo que atenda a estas condições.

Então, há um pensamento em que os currículos devem se organizar na visão de redes, para que possa acompanhar as necessidades inerentes dos novos paradigmas sociais que levam a uma prática abrangente destes conhecimentos.

A noção de tessitura do conhecimento em rede busca superar não só o paradigma da árvore do conhecimento como também a própria forma como são entendidos os processos individuais e coletivos de aprendizagem – cumulativos e adquiridos – segundo o paradigma dominante. Ao passo que a forma da árvore, própria do pensamento moderno, pressupõe linearidade, sucessão e sequenciamento obrigatório, do mais simples ao mais complexo, da teoria para a prática, a noção de rede exige considerar a horizontalidade das relações entre os diferentes conhecimentos. (OLIVEIRA; ALVES 2006, p. 594)

Concomitante com esta designação, o currículo é um conjunto de competências que devem ser construídas baseadas nos modelos profissionais atuais como forma de atender as demandas do mercado de trabalho. Ramalho et al (2004, pág. 136) destaca que ”o currículo, mais que um conjunto de ‘competências que devem ser

(26)

formadas’, constitui-se de experiências significativas, nas quais se constrói o fazer-pedagógico”. Através desta observação, ele também observa um contexto histórico fazendo uma ligação com os “modelos profissionais” para a construção da inovação na linha pedagógica.

Corroborando com essa visão, o currículo tem como ação prática trabalhar a construção do conhecimento sem esquecer a escola, a cultura e a produção científica. Cabe aqui ressaltar que essa concepção está intimamente ligada à sociedade e a diversos fatores que interferem na formação do indivíduo.

Toda política curricular é, assim, uma política de constituição do conhecimento escolar: um conhecimento construído simultaneamente para a escola (em ações externas à escola) e pela escola (em suas práticas institucionais cotidianas). Ao mesmo tempo, toda política curricular é uma política cultural, pois o currículo é fruto de uma seleção da cultura e é um campo conflituoso de produção de cultura, de embate entre sujeitos, concepções de conhecimento, formas de entender e construir o mundo. (LOPES, 2004, p. 111).

A universidade em suas práticas trabalha um paradigma que se apoia em um aprendizado que está disciplinarmente organizado e sequenciado, aplicado pelo professor de forma linear e verbalmente. Entretanto, cabe uma colocação aqui, se esse é o modelo para entregar o conhecimento a pessoas que tem por objetivo uma intervenção na sociedade de forma produtiva e até de transforma-la, como trabalhar isto na EaD? Diante desta questão, estão a flexibilização curricular como princípio para diminuir o espaço entre a necessidades e o oferecimento por meio das universidades e centros de pesquisa profissionais mais adequados a essa nova realidade.

Essa questão ficará para a reflexão da pesquisa em sua conclusão, já que a ideia é identificar preocupações no meio acadêmico dentro da área.

Outro fator preponderante nessas colocações, é que a Constituição Federal de 1998 em seu Art. 207, sinaliza que as universidades têm autonomia para trabalhar inclusive currículos, como a própria LDB (lei de diretrizes e bases) Lei Federal 9.304/1996 também ratifica esta condição (LDB 9394/1996). Sendo assim, ficam criadas as diretrizes para ajustar de forma flexível os currículos com o intuito de atender assertivamente s necessidades inerentes à construção de uma formação mais adequada, obedecendo às competências de cada área de formação.

(27)

2.4 A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Nos últimos anos, o fenômeno da educação à distância tem se destacado no mundo acadêmico e, neste contexto, as novas tecnologias de informação (TIC’s) remeteu esta discussão e condição a patamares não vistos anteriormente.

Neste ínterim, organismos internacionais, como o Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, a qual em seu Informe Mundial da Unesco (1988), destacou as tendências da educação superior para o século XXI, afirmando a necessidade de uma ação diferenciada, principalmente nos países periféricos, ressaltando os conhecimentos como ferramentas para globalização. O texto afirma:

[...] criar novos ambientes de aprendizagem, que vão desde os serviços de educação a distância, até as instituições e sistemas de educação superior totalmente virtuais, capazes de reduzir distâncias e de desenvolver sistemas de maior qualidade em educação, contribuindo assim tanto para o progresso social, econômico e a democratização como para outras prioridades relevantes da sociedade. (Declaração Mundial sobre Educação Superior XXI: Visão e Ação)7

Através dessa observação, fica notório que esse modelo está se fixando como um processo educacional e de formação profissional e seu fator determinante é facilitar a expansão conhecimento. Neste olhar, o atingimento da sociedade em seu todo, sem as barreiras naturais da distância é o foco para o seu desenvolvimento. Outro fator que ficou claro no documento é a padronização e o aumento da qualidade da educação.

Não obstante a estas condições, a tecnologia de comunicação proporcionou às universidades sistemas capazes de propagar as suas pesquisas, como também levar os profissionais de educação de forma virtual a pontos que no passado eram difíceis ou impossíveis de chegar.

“A educação a distância é um aprendizado planejado, que normalmente ocorre em local diferente do ensino, por isso requer técnicas especiais na elaboração do curso, técnicas instrucionais especiais, métodos especiais de comunicação eletrônica e outras

7 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Conferência Mundial sobre Educação Superior –

Declaração Mundial sobre Educação Superior XXI: Visão e Ação. Marco Referencial de Ação Prioritária para a Mudança e o Desenvolvimento da Educação Superior – Paris, 1998. Biblioteca de direitos humanos – Universidade de São Paulo.

(28)

tecnologias, assim como uma organização especial e estratégias administrativas”. (MOORE e KEARSLEY, 1996, p. 2)

Diniz, Linden & Fernandes, (2011, p.14), observam que algumas universidades que inovaram ao implantar essa modalidade de educação. São elas:

• Universidade Nacional de Educação a Distância (UNED) na Espanha (htpp:// www.uned.es/portal/), estruturada nos anos 70, utilizava materiais impressos entregues via correio como meio principal. No final do século XX, migrou para integração com a Internet. Essas propostas atraíram um grande número de estudantes em todo o mundo, tanto de carreiras de graduação como de pós-graduação. Tem, atualmente, mais de 200 mil alunos.

• A Universidade Aberta no Reino Unido, criada em 1971, mais conhecida como Open

University (htpp://www3.open.ac.uk), mostrou ao mundo uma proposta com um desenho

complexo, o qual conseguiu, utilizando meios impressos, televisão e cursos intensivos, em períodos de recessos de cursos presenciais em outras universidades convencionais, produzir cursos acadêmicos de qualidade. Essa universidade transformou-se em modelo de competência no ensino a distância e os egressos dessa modalidade completam pelos postos de trabalho com os graduados de universidades presenciais. Atualmente, tem cerca de 210 mil estudantes.

• A FernUniversität, criada na Alemanha em 1974, com o objetivo principal de aliviar a pressão da demanda por vagas nas tradicionais universidades presenciais alemãs. Na FernUniversität (h$ p://www.fernuni-hagen.de/), o ensino é articulado, sobretudo, na forma de cursos a distância, de baixa estruturação, elaborados com ampla liberdade pelos professores dos cursos, sob a forma de textos didáticos, glossários, questões para auto teste e trabalho autônomo (Peters,2001). Peters foi o fundador e primeiro reitor da FernUniversität. Ela possui, atualmente, 56 mil estudantes.

• A Universidade de Wisconsin (htpp://www.wisc.edu/), criada exclusivamente para essa modalidade de ensino, marca um ponto importante no desenvolvimento de EAD na educação norte-americana. Em 1981, a administração da universidade aceita proposta de seus professores para organizar cursos por correspondência nos serviços de extensão universitária.

(29)

Moore e Kearsley (2007, p.245) dizem que a definição mais citada de educação a distância é a de Desmond Keegan em 1980, baseando-se no próprio Moore (1972). Eles descrevem com objetividade a educação à distância demonstrando nas últimas décadas as atividades do Ensino a Distância, relacionando seus fundamentos teóricos e expondo vários aspectos que deveriam ser excluídos em correlação à comunicação, para que os conteúdos tivessem eficácia em seus grupos de aprendizagem.

Os autores identificam alguns elementos-chave dos processos educacionais à distância, tais como:

• Distância física entre professores e alunos; • Influência de uma organização educacional; • Uso da mídia para interligar professores e alunos; • Troca de comunicação bidirecional;

• Aprendizes vistos como indivíduos, ao invés de grupos de alunos.

Enquanto que outros autores demonstraram este conceito, trazendo a visão que temos hoje:

“Educação a distância é uma forma sistematicamente organizada de auto estudo em que o aluno se instrui a partir do material de estudo que lhe é apresentado, e o seu acompanhamento e a supervisão são levados a cabo por um grupo de professores”. Isto é possível de ser feito a distância através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer longas distâncias. O oposto de “Educação a Distância” é a “Educação Direta” ou “Educação face-a-face: um tipo de educação que tem lugar com o contato direto entre professores e estudantes”. (DOHMEN, 1967 apud VIANNEY, 1998, p. 21.).

Peters (1973, p. 206) partilha da mesma visão, trabalhando um modo racional para difundir o conhecimento, utilizando a divisão do trabalho e princípios organizacionais que através dos meios de comunicação tornam possível levar materiais técnicos a um grande número de pessoas, ele destaca como uma forma “industrializada” de educação.

Através dessas conceituações, o EaD é um modo de partilhar conhecimentos e outros aspectos, como habilidades e competências através das TIC’s, essas por sua vez sofrem transformações pela influência das novas tecnologias que proliferam na sociedade.

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Castells (1999, pg. 50), sustenta que a partir da década de 1970, as tecnologias informacionais resultaram em uma nova forma de desenvolvimento, promovendo uma transformação na esfera do comportamento social, que ele destaca como “capitalismo informacional”:

Ela originou-se e difundiu-se, não por acaso, em um período histórico da reestruturação global do capitalismo, para o qual foi uma ferramenta básica. Portanto, a nova sociedade emergente desse processo de transformação é capitalista e também informacional, embora apresente variação histórica considerável nos diferentes países, conforme sua história, cultura, instituições e relação específica com o capitalismo global e a tecnologia informacional. (CASTELLS, 1999, p.50).

A este momento histórico, cada vez mais as caracterizações de novas tecnologias revelam a sua importância econômica e reforça a produtividade a pontos que não podiam ser alcançados anteriormente, nesta condição aparece a tecnologia de geração de conhecimento como ferramenta principal para esta realidade.

Levy (1996, pg.127), observa que a mesma lógica da rede congrega também uma nova cultura chamada “cibercultura”, portanto a sedimentação da sociedade em volta da internet preparou o caminho para uma nova educação, virtualizada através das ferramentas de comunicação.

Nesta visão que Levy (1998, p.17) cita como ciberespaço, identifica uma criação de grupos sociais, que promovem condições de relacionamento intenso nos seus espaços virtuais. Ele afirma:

O ciberespaço (que também chamarei de ‘rede’) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. (LÉVY, 1998, p.17).

Ao relacionarmos com a geração de conhecimentos, que necessita de aspectos como mediações, gerenciamento do conhecimento dentro de uma didática. Levy (1998, pg.158) destaca que essa mediação digital transforma parte das atividades cognitivas, principalmente a linguagem e a imaginação dentro outras a uma nova

(31)

dimensão, já que vários aspectos das configurações sociais, como a escrita, a escuta, a concepção, o ensino, o aprendizado e etc. estão sendo “reestruturados por dispositivos técnicos inéditos. ”

Através desse contexto, vislumbramos que a educação à distância se encontra em um ambiente favorável à sua condição como ferramenta para difundir o conhecimento de forma abrangente e rápida. Essa inteligência ou conhecimento que tem espaço neste mundo virtual congrega ações para o fortalecimento de uma dinâmica mais destacada na reformulação constante de suas ideias. “É uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências. ” (LÉVY, 1998, p.28).

Estão em pauta, competências principalmente técnicas, já que esta era informacional utiliza as TIC’s para levar as transformações a contento na sociedade. Sendo assim, o EaD tem criado expectativas em relação a distribuição desse conhecimento através da qualidade de ensino, como visto Declaração Mundial sobre Educação Superior XXI: Visão e Ação.

Um marco importante da EaD foi a criação da Universidade Aberta de Londres (Open University), através do seu desenvolvimento na área, principalmente em métodos e técnicas em EaD, ela fortaleceu os processos educacionais nesta modalidade e também contribui para a construção dos vários modelos existentes de EaD. Esta Universidade criou uma visão que corroborou para utilização de forma massiva da mídia na educação.

2.6 CONTEXTO DO EAD NO BRASIL

Podemos observar que a visão do EaD no Brasil inicia-se com cursos livres, tendo em seguida mudando como parte de um projeto de profissionalização, principalmente ligado à formação mínima para que os alunos consigam alcançar os níveis mais elevados na educação. Vianney (2011), observa uma cronologia importante da EaD, apresentada no Quadro 2, abaixo.

(32)

Cronologia da Educação a Distância na Educação Brasileira

Ano Eventos significativos para a história da EaD

1904 Início da oferta dos cursos por correspondência

1923 Rádio Sociedade Educativa do Rio de Janeiro, por Edgard Roquete-Pinto

1939 Instituto Monitor. Cursos livres de iniciação profissional.

1941 Instituto Universal Brasileiro. Cursos livres de iniciação profissional.

1942 Reforma Capanema. Primeira legislação (Ar• go 91) que reconhece a validade dos

estudos feitos a distância.

1965 Início das TVs Educativas, que viriam a gerar os telecursos, preparatórios para exames

supletivos.

1979 UnB lança cursos livres, em parceria com a The Open University.

1989 UFLA. Primeira universidade a oferecer cursos de pós-graduação à distância.

1990 Transmissão de TV via satélite. Educação continuada para professores, com o programa Salto

Para o Futuro.

1994 Primeiro vestibular para uma licenciatura à distância, pela UFMT. Início do curso em 1995,

inaugurando o ensino de graduação à distância no País.

1995 Disseminação da internet para além do ambiente acadêmico e corporativo.

1995

Criação do LED-UFSC, laboratório que criou a metodologia e os sistemas para os primeiros cursos de especialização e de mestrado com uso de internet e videoconferência, deflagrando a universidade virtual no País.

1996 LDB. Reconhecimento da validade da EaD para todos os níveis de ensino, no Artigo 80 da Lei

9.394/96. Contribuição do educador Darcy Ribeiro.

1999 O MEC inicia o processo de Credenciamento de IES para EaD.

2000 AIEC lança a primeira graduação on-line do País, em Administração.

2001 Início do ciclo privado de tele-educação, com EaD via satélite, pela UNITINS e pela UNOPAR.

2003 LFG – Início da rede Luís Flávio Gomes, para educação continuada e preparatórios de

concursos e ensino jurídico por EAD via satélite.

2006 O Governo Federal institui o Programa Universidade Aberta – UAB.

2008 Primeiro curso de Direito por EAD, criado pela UNISUL, na Unisul Virtual.

Quadro 2 – Cronologia da EaD no Brasil Fonte: VIANNEY (2011)

Maia e Mattar (2007, pág. 24 a 27), referenciam o desenvolvimento da EaD no Brasil, conforme quadro abaixo:

Ano Eventos históricos

1904 Jornal do Brasil registra na primeira edição da seção de classificados um anúncio que oferece profissionalização por correspondência para datilógrafo.

1923 Grupo liderado por Henrique Morize e Roquette-Pinto criou a rádio sociedade do Rio de Janeiro que oferecia cursos de português, francês, silvicultura, literatura francesa, esperanto, radiotelegrafia e telefonia. Tinha início assim a educação pelo rádio.

(33)

1932 Educadores lançaram o manifesto da escola nova propondo o uso dos recursos de rádio cinema e impressos na educação brasileira.

1934 Edgard Roquette-Pinto instalou a rádio escola municipal no Rio de Janeiro. Os alunos tinham acesso prévio a folhetos e esquemas de aulas e a rádio escola utilizava também correspondência para contato com os alunos.

1936 A emissora rádio sociedade do Rio de Janeiro foi doada ao ministério da educação e saúde e no ano seguinte foi criado o serviço de radiodifusão educativa do Ministério da Educação.

1939 A rádio monitor criou os primeiros institutos brasileiros a oferecerem cursos à distância por correspondência o Instituto Rádio Técnico Monitor. Cerca de 5 milhões de alunos estudaram no instituto monitor. Ainda hoje ele oferece cursos técnicos supletivos profissionalizantes de formação profissional e até mesmo presenciais tendo recentemente desenvolvido metodologia própria para e-learning. Seus planos envolvem a mudança para uma nova sede e a atuação em todos os níveis de educação.

1941 A rádio monitor criou também o Instituto Universal Brasileiro que já formou mais de 4 milhões de pessoas e hoje possui cerca de 200 mil alunos. Oferece cursos profissionalizantes (como de auxiliar de contabilidade, desenho artístico e publicitário, fotografia, inglês, violão etc.) e supletivos. Sua principal mídia são apostilas enviadas por correio. Nas décadas de 1940 e 1950 mais instituições passaram a fazer uso do ensino a distância via correspondência impulsionada pelo sucesso do Instituto Universal Brasileiro.

1943 Séries bíblicas passam a ser gravadas em discos e transmitidas em programas por rádio em português. Assim vai ao ar o primeiro programa religioso apresentado no brasil pelo rádio.

1947 SENAC, Sesc e emissoras associadas fundam a universidade do ar com o objetivo de oferecer cursos comerciais radiofônicos. Os alunos estudavam nas apostilas e corrigiam exercícios com o auxílio dos monitores. A experiência durou até 1961. A experiência do Senac com EaD entretanto continua até hoje.

1976 Foi criado o Sistema Nacional de Teleducação centrado no ensino por correspondência, mas que realizou também algumas experiências com rádio e TV.

1977 Telecurso, com cursos supletivos à distância que começaram a ser oferecidos por fundações privadas e organizações utilizando tecnologias de teleducação satélite e materiais impressos. A fundação Roberto Marinho lançou o programa de educação supletiva a distância para 1º e 2º graus. Hoje denominado telecurso 2000 utiliza livros vídeos e transmissão por TV, além de disponibilizar salas pelo país para que os alunos assistam às transmissões e aos vídeos e tenham também a oportunidade de acessar o material de apoio.

1983 Em convênio com outras instituições o Senac desenvolveu ainda a partir de uma série de programas radiofônicos sobre orientação profissional, na área de comércio e serviços denominada abrindo caminhos e a partir de 1988 o sistema foi informatizado e depois em 1995 foi criado o centro nacional de educação à distância (Cead).

Quadro 3 – Cronologia da EaD no Brasil segundo MAIA e MATTAR. Fonte: MAIA e MATTAR (2007)

Há ainda que mencionar o Marco Regulatório da EaD 2016, que é a Parecer CNE/CES nº 564/2015, que dispõe sobre as Diretrizes e Normas Nacionais para a oferta de Programas e Cursos de Educação Superior na Modalidade a Distância, que tem como foco atingir as necessidades dos últimos anos e marcar a Educação à Distância para os próximos desafios das TIC’s.

No contexto brasileiro, podemos notar o crescimento desta área nos últimos anos de forma exponencial. As universidades públicas foram pioneiras com oferta em escala de cursos e vagas, já observando a sua importância para difundir o conhecimento e mais tarde através das instituições privadas, foi construindo e ampliando o leque de cursos nas mais diversas áreas. O Decreto 5622/2005,

(34)

regulamenta o EaD e traz diretrizes norteadoras, oferecendo às Universidades um direcionamento mais adequado para a modalidade.

O fato é que em dez anos, o total de estudantes matriculados nesta modalidade de ensino foi de 50 mil para mais de 1,15 milhão. O crescimento foi da ordem de 2.208%. A educação a distância teve como fator central de sua expansão o número de matrículas na rede privada. O percentual de crescimento nessa categoria é de 9.890% em uma década, na rede pública a expansão e quando comparada ao ano de 2003, foi de 287,5% (gráfico 1).

Gráfico 1 - Evolução das matrículas de EaD Fonte: Inep (2013)

Ao levantarmos no gráfico 2, abaixo, os números do Inep de matrículas no Brasil comparando o presencial com aquele à distância, a situação revela que a Educação a Distância vem crescendo em relação às matrículas que no período 2003 a 2013 veio de uma participação mínima para alcançar uma participação superior a 15% nas matrículas de graduação. Os dados sugerem que nos próximos anos com a democratização das tecnologias e sua globalização, teremos um impacto relevante na área. 50 60 115 207 370 728 838 930 993 1114 1154 40 36 55 42 276 279 173 182 178 182 155 10 24 60 165 94 449 665 749 815 932 999 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Evolução das matrículas de EaD

(35)

Gráfico 2 - Evolução das matrículas de Educação Superior de Graduação por modalidade de Ensino Fonte: Inep (2013)

Curiosamente, o dado relativo ao crescimento das instituições privadas está muito ligado aos cursos oferecidos. O foco na rede pública foi a formação nas áreas de licenciatura, e nas redes privadas, nas áreas de formação profissional, criando uma entrada maior de alunos a partir de 2008. Tal incremento também foi observado na modalidade presencial (quadro 4).

Curso Matrículas Concluintes Ingressantes

Pedagogia 262.952 36.230 103.277 Administração 146.574 16.381 64.654 Serviço Social 85.171 10.842 33.304 Gestão de Pessoal / Recursos Humanos 75.029 13.258 42.334 Ciências Contábeis 67.794 5.668 33.169 Empreendedorismo 60.052 11.661 28.796 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 EaD 49.91 59.61 114.6 207.2 369.7 727.9 838.1 930.1 992.9 1.113 1.153 Presencial 3.887 4.163 4.453 4.676 4.880 5.080 5.115 5.449 5.746 5.923 6.152 1 2 3 4 5 6 7 8 M ilh õ e s

Evolução das matrículas de Educação Superior de

Graduação por modalidade de Ensino

EaD Presencial

(36)

Gestão Logística 29.234 5.166 16.197

Gestão Ambiental 26.419 5.233 13.922

Administração Pública 23.433 3.702 16.411

Formação de

Professor de História 18.890 2.772 8.317

Quadro 4 – Tabela com o número de matrículas por curso Fonte: Inep (2013)

Abaixo, temos a predominância de cada curso com o seu percentual, destacando-se os principais pontos destacados anteriormente. O foco da rede pública foi a formação em áreas de licenciatura, enquanto nas redes privadas, em áreas de formação profissional.

Gráfico 3 - Predominância das matrículas de Educação Superior de Graduação por curso Fonte: Inep (2013)

Sendo assim, observamos que o EaD no Brasil, nos últimos anos, ganhou espaço não somente pelo grande número de matrículas, mas também pela importância na discussão de novos aspectos pedagógicos ligados a esta modalidade de formação superior na construção profissional.

Pedagogia 33% Administração 18% Serviço Social 11% Gestão de Pessoal / Recursos Humanos 9% Ciências Contábeis 9% Empreendedorismo 8% Gestão Logística 4% Gestão Ambiental 3% Administração Pública 3% Formação de Professor de História 2%

Predominância em matrículas

(37)

3 METODOLOGIA

Utilizou-se como metodologia uma pesquisa de levantamento de artigos ligados ao tema central aqui desenvolvido. A preocupação foi eleger as palavras-chave relevantes do estudo e a partir de tal seleção, trabalhar a identificação dos artigos separados conforme sua importância no tema. Tratou-se de um estudo bibliográfico, já que foi realizado um levantamento em trabalhos existentes na área, em livros e monografias, dissertações e teses, além de artigos publicados em revistas técnicas especializadas. De acordo com Vergara (2011, p.43),

(...)quanto aos meios, uma pesquisa é classificada como bibliográfica, quando a revisão de literatura é baseada em fontes públicas nacionais e internacionais, tais como portal de periódicos, artigos publicados em anais de congressos, livros, dissertações e teses, com o objetivo de fornecer subsídios para um referencial teórico embasado sobre o assunto a ser discutido.

De acordo com Gil (2011, p.50), “a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. ”

3.1 LEVANTAMENTO DOS DADOS DA PESQUISA

Os artigos foram obtidos em meio digital do site “A Scientific Electronic Library

Online – SciELO”, uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de

periódicos científicos brasileiros.

A SciELO é o resultado de um projeto de pesquisa da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com a BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. A partir de 2002, o Projeto conta com o apoio do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

3.2 PROCEDIMENTO DE COLETA DOS DADOS

Para atender aos objetivos deste trabalho, optou-se pela utilização da análise secundária de dados que visa à coleta de documentos já existentes.

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