Checagem Eletrônica Beira Leito Contribuindo Para a
Segurança do Paciente
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Adriana Vandi Ceolin Medeiros1, Ieda Aparecida Carneiro2
1. Bacharel em Matemática, MBA em Capacitação Gerencial. Centro Universitário Fundação Santo André – FSA, Santo André (SP), Brasil.
2. Professor Doutor. Universidade Aberta do Brasil, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, São Paulo (SP), Brasil.
Resumo
A área Hospitalar vem sofrendo constantes mudanças organizacionais devido à introdução de novas tecnologias que incentivam a segurança do paciente. Com as mudanças e avanços tecnológicos algumas preocupações são imprescindíveis como à rapidez na transmissão da informação, confiabilidade e a criação de barreiras de identificação e prevenção de erros. Este estudo objetivou descrever as contribuições do processo de checagem eletrônica beira leito, para a equipe assistencial e para o paciente, através do estudo obtido pela literatura. A metodologia empregada foi um Estudo de Revisão integrativa e pesquisa exploratória. A análise dos resultados permite concluir que a padronização da prescrição médica, processos de dispensação e administração de medicamentos, utilização de tecnologia de informação como ferramenta para garantir a rastreabilidade de medicamentos contribuem para a segurança do processo e do paciente.
Descritores: Erros de Medicação; Segurança do Paciente; Prescrição Eletrônica.
Introdução
A Saúde é uma das áreas onde há maior necessidade de informações e a implantação de sistemas de dispensação de medicamentos seguros, organizados e eficientes são essenciais para a redução de custos e para assegurar que a prescrição médica seja seguramente cumprida. Desta maneira, sistemas de dispensação automatizados e o sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária ou individualizada são aliados importantes na prevenção e na redução dos erros de
medicação, uma vez que diminuem as oportunidades de erros durante a dispensação das doses na farmácia e proporcionam a integração dos processos e áreas, a rastreabilidade das ações, a indução ao acerto e a agilidade das informações (1).
Em 2013 a RDC nº 54 (13) regulamentou todos estes processos e os mecanismos para a efetiva implantação do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM) de forma sistemática em toda a cadeia de fármacos. Com a adoção de um processo de captura de informações utilizando o código de barras bidimensional Datamatrix, que foi a tecnologia escolhida por permitir armazenar uma gama expressiva de informações funcionando como um “RG do medicamento” desta forma é possível agilizar a coleta de informações das movimentações dos medicamentos, garantido o controle, qualidade e segurança destes produtos. Desde a produção, passando pela distribuição e armazenamento até dispensação e consumo final.
Erros associados a medicamentos podem ocorrer de diversas formas e em diversos momentos podendo provocar danos irreversíveis ao paciente. É imprescindível que sejam criadas barreiras de identificação para prevenir estes erros. O erro pode estar relacionado à característica profissional, materiais ou medicamentos usados na área de saúde, procedimentos, problemas de comunicação (prescrição, rótulos, embalagens, nomes, entre outros), preparação, dispensação, distribuição, administração, instrução, acompanhamento e uso de medicamentos (2).
A identificação correta do paciente é muito importante para garantia da segurança do processo assistencial. Essa ação é o ponto de partida para a correta execução das diversas etapas de segurança, mesmo naquelas em que o paciente não pode responder por si mesmo, isso garante o atendimento correto para a pessoa correta (9).
Sabe-se que incorporar avanços tecnológicos no cuidado direto ao paciente não é tarefa fácil para a equipe de saúde. Entretanto, todos reconhecem que são ferramentas fundamentais a serem utilizadas na redução dos erros e, consequentemente, na prevenção de eventos adversos, melhorando a qualidade do cuidado prestado ao paciente hospitalizado. Estas inovações tecnológicas são possíveis, executáveis e com relação custo-benefício efetiva.
Novas tecnologias como prescrição eletrônica, código de barras, Personal
digital assistants (PDA), tecnologia wireless, equipamentos para fracionamento,
automatizados, unidades centrais de dispensação - robôs e código de barras já estão sendo utilizadas em instituições hospitalares e introduzidos cada vez mais no dia a dia dos profissionais da saúde.
Diante deste panorama, questiona-se: Quais as contribuições do processo de checagem eletrônica beira leito para a equipe assistencial e para o paciente?
O objetivo deste trabalho é enfatizar que, a utilização de tecnologia de informação contribui para a segurança no processo e ao paciente. A identificação correta do paciente e dos medicamentos através de etiquetas com código de barras, prescrição médica, dispensação e checagem de medicamentos de forma eletrônica proporcionam a rastreabilidade de medicamentos e auxiliam a equipe assistencial na execução da prescrição médica.
Metodologia
Trata-se de uma Revisão integrativa, tipo de pesquisa exploratória, através da análise crítica realizada primeiro através de pesquisa na internet, em arquivos científicos, teses de mestrado e doutorado, dentre estes foram analisados estudos observacionais e descritivos com diferentes abordagens metodológicas (quantitativa e qualitativa).
Como critério de inclusão foi analisado artigos originais indexados na base de dados MEDLINE e LILACS dos últimos 10 anos relacionado à padronização da prescrição médica, processos de dispensação e administração de medicamentos, situações indicativas de erro ou quase erro na medicação para pacientes sob regime de internação hospitalar, utilização de tecnologia de informação como ferramenta para garantir a rastreabilidade de medicamentos, segurança no processo e ao paciente.
Foram excluídos artigos cujo idioma é diferente do Português, artigos que não estejam disponíveis livremente para consulta ou download (em versão completa) nas fontes de pesquisa, que claramente não atendam às questões de pesquisa e que não mencionem os descritores da pesquisa.
Resultados
A partir da busca nas bases de dados estabelecidas, respeitando os critérios de inclusão e exclusão, foram escolhidos 7 artigos para análise:
Quadro 1 – Artigos localizados nas bases de dados MEDLINE e LILACS. O período de abrangência para seleção dos artigos de 2006 a 2016, sobre os processos de dispensação e administração de
medicamentos com utilização de tecnologia para garantir rastreabilidade. QUADRO COM OS ARTIGOS E SEUS RESPECTIVOS RESUMOS
Título do artigo 1 Incorporação de novas tecnologias de informação em um sistema de distribuição de medicamentos: avaliação quanto ao aumento da segurança de pacientes.
Resumo do artigo A área Hospitalar vem sofrendo constantes mudanças organizacionais devido à introdução de novas tecnologias que incentivam a segurança do paciente. O sistema de leitura por códigos de barras, associado a mudanças na infraestrutura e nos processos de trabalho, podem ser apontados como os principais fatores na diminuição nas taxas de erros de dispensação de medicamentos.
Título do artigo 2 Acidentes com os medicamentos: como minimizá-los?
Resumo do artigo Esta revisão apresenta e discute os problemas relacionados aos acidentes envolvendo medicamentos, da prescrição ao uso, as etapas críticas e estratégias para minimizá-los. Considerando que maioria dos erros de medicação ocorre no estágio de prescrição do medicamento, a adoção de sistemas de prescrição eletrônica de medicamentos, com suporte à decisão clínica, pode reduzir significativamente os eventos adversos relacionados aos medicamentos, melhorando a qualidade e a eficiência do tratamento farmacológico, com redução de custos para o sistema de saúde.
Título do artigo 3 Tecnologias utilizadas pela enfermagem na prevenção de erros de medicação em pediatria.
Resumo do artigo Trata-se de revisão integrativa com objetivo de verificar quais tecnologias estão sendo utilizadas pela enfermagem para prevenir erros de medicação em pediatria. Os resultados mostram as estratégias utilizadas para minimizar erros de medicações. Título do artigo 4 Tecnologia móvel à beira do leito: processo de enfermagem informatizado em terapia
intensiva a partir da cipe 1.0®
Resumo do artigo Produção tecnológica e estudo metodológico baseado na evidência que avaliou com os enfermeiros de Terapia Intensiva os critérios de Ergonomia e Usabilidade do Processo de Enfermagem Informatizado desenvolvido em um dispositivo tecnológico móvel a partir da Classificação Internacional para as Práticas de Enfermagem versão 1.0.
Título do artigo 5 Aplicativos móveis desenvolvidos para a área da saúde no Brasil: Revisão integrativa da Literatura.
Resumo do artigo Este estudo objetivou identificar quais as pesquisas envolvendo tecnologia móvel aplicada a saúde que estão sendo desenvolvidas no Brasil. A análise dos resultados trouxe que a temática mais abordada no desenvolvimento de aplicativos moveis para a área de saúde foi a de apoio ao profissional. Quando analisado o foco desses aplicativos, viu-se que a área mais beneficiada pela pesquisa em computação móvel tem sido a multiprofissional.
Título do artigo 6 Contribuição de ferramentas tecnológicas para a Segurança do Paciente.
Resumo do artigo Erros relacionados a medicamentos podem ocorrer nas etapas de prescrição, dispensação e administração podendo provocar danos aos pacientes. É imprescindível que sejam criadas barreiras de identificação e prevenção destes erros. Verificar as melhorias ocorridas nos processos de trabalho após a implantação de um software com ferramenta eletrônica de rastreabilidade na dispensação de medicamentos.
Título do artigo 7 Código de Barras: Um estudo de múltiplos casos.
Resumo do artigo Nesses avanços tecnológicos na informação algumas preocupações são
imprescindíveis como à rapidez na transmissão da informação e a confiabilidade, tornando assim o uso do código de barras muito útil em qualquer processo que envolva a contínua informação de códigos aos computadores. A criação e a adoção de código de barras na logística interna ou externa significa uma grande evolução nos processos produtivos. Só que a introdução de uma nova ferramenta de controle em um sistema de produção não é simples e requer grande esforço e dedicação da equipe que comanda tamanha responsabilidade.
Considerando as bases de dados Medline e Lilacs no período de 2006 e 2016 foram encontrados 13 artigos, dentre os quais apenas 7 estavam adequados aos critérios de inclusão. A pesquisa fundamentou-se nos benefícios alcançados com a padronização da prescrição médica, a rastreabilidade dos medicamentos prescritos para o paciente e a utilização de tecnologia neste processo contribuindo com a equipe assistencial e consequentemente como ferramenta para conferência e execução da prescrição médica.
Outras fontes utilizadas na pesquisa: a Revista FisioBrasil (11) com a matéria “Medicamento certo, ao paciente certo, na dose certa“. O portal da ANAHP (8), Associação Nacional de Hospitais Privados, com a matéria “Implantação do sistema
de rastreabilidade de medicamentos no Brasil“. O Hospital Sírio Libanês (9), com uma matéria apresentada no I Congresso Internacional sobre Segurança do Paciente e no V Fórum Internacional sobre Segurança do Paciente – Erros de medicação, que enfatiza a necessidade da identificação do paciente no ambiente hospitalar.
Discussão
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), entende-se que o uso racional de medicamentos é quando os pacientes recebem medicamentos apropriados para suas condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade (1). A implantação de um sistema de suporte à decisão clínica focado na identificação e prevenção de eventos adversos como por exemplo, alertas sobre medicamentos em uso e alergias, são sem dúvida superiores aos métodos tradicionais, reduzindo os erros de medicação e implicando em reduções consideráveis na incidência dos eventos adversos (2). Podemos afirmar que os custos são mínimos quando nos referimos às consequências ocasionadas por erros relacionados à administração de medicamentos e que poderiam ser minimizados com a utilização de recursos tecnológicos (3).
A Segurança da Informação é compreendida como um conjunto de medidas que visam proteger e preservar informações e sistemas de informações, assegurando-lhes confidencialidade, integridade, disponibilidade, não repúdio e autenticidade (4).
Segundo especialistas (5), a utilização de recursos tecnológicos em todas as áreas de atuação é um caminho sem volta que evolui a passos largos. O uso de
dispositivos móveis pode representar um importante auxílio nas atividades cotidianas, no processo de rastreabilidade na dispensação de medicamentos e as vantagens de se adequar as novas práticas de trabalho com maior agilidade aumentam a adesão e contribui com a segurança dos pacientes (6).
Em concordância com os autores, o objetivo dos sistemas desenvolvidos com foco na segurança do paciente é inibir que os profissionais cometam erros e identificar aqueles que realmente ocorrem e minimizar seus impactos. A responsabilidade pelo cuidado do paciente é de toda a equipe de saúde, porque o paciente e sua família vivem em um momento de vulnerabilidade, deixando-se conduzir pelo profissional e confiando a ele sua saúde e bem-estar.
Conclusão
A checagem eletrônica beira leito tem como objetivo principal aumentar a segurança do paciente com o intuito de dar mobilidade ao corpo de enfermagem, possibilitando ganhos em agilidade, produtividade e "acolhimento ao paciente". Contribuição expressiva no processo de administração das medicações, garantindo que o medicamento destinado ao paciente seja realizado de acordo com todas as especificações de segurança.
Os benefícios de se adotar este processo são diversos: prevenção à falsificação dos medicamentos, aumento da eficiência da cadeia de suprimentos, rastreabilidade em todas as movimentações na cadeia de suprimentos e, no hospital, processos mais seguros e informações precisas circulando em todas as áreas de forma padronizada. Para os profissionais da área da saúde, é um grande aliado no trabalho diário em preservar vidas (10).
Já para o paciente, o maior benefício é a segurança que a tecnologia proporciona, com o recebimento do medicamento correto, na dose correta e na hora certa.
Referências
1. Almeida SHO. Incorporação de novas tecnologias de informação em um sistema de distribuição de medicamentos: avaliação quanto ao aumento da segurança de pacientes. Porto Alegre, 2012.
2. Kawano DF, Pereira LRL, Ueta J, Freitas O. Acidentes com os medicamentos: como minimizá-los? Rev.Bras.Cienc.Farm.vol.42 no.4 São Paulo Out. /Dez. 2006.
3. Jordão MM, Silva MF, Santos SV. Tecnologias utilizadas pela enfermagem na Prevenção de erros de medicação em pediatria. Revista Enfermagem em Foco 2012;(3): 147-150.
4. Barra DC, Dal Sasso GTM. Tecnologia móvel à beira do leito: processo de enfermagem informatizado em terapia intensiva a partir da cipe 1.0® . Enfermagem. Vol.19 no.1 Florianópolis Jan. /Mar. 2010.
5. Tibes CMS, Dias JD, Zem-Mascarenhas SH. Aplicativos móveis desenvolvidos para a área da saúde no Brasil: Revisão Integrativa da Literatura. REME – Rev Min Enferm. 2014 Abr./Jun;18(2): 471-478.
6. Carvalho RP, Barros AA, Cruz A, Silva ERA, Silva NMO, Andreato R, Calil R. Contribuição de ferramentas tecnológicas para a Segurança do Paciente. Sínteses: Revista Eletrônica do SIMTEC, Campinas, SP, no. 5, p. 135-135, MAI 2016. ISSN 2525-5398. Disponível em: http://www.sbu.unicamp.br/seer/ojs/index.php/simtec/article/view/7111>. Acesso em: 10 set. 2016. doi:http://dx.doi.org/10.20396/sinteses.v0i5.7111.
7. Pinto MCA. Código de Barras: Um estudo de múltiplos casos. Campinas, 2014.
8. Portal Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados). Implantação do sistema de rastreabilidade de medicamentos no Brasil. Disponível em: <http://anahp.com.br/noticias/noticias-do-mercado/implantacao-do-sistema-de-rastreabilidade-de-medicamentos-no-brasil>. Acesso em 18 out. 2016.
9. Hospital Sírio Libanês, Qualidade e Segurança – Identificação do Paciente. Disponível em:
https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/qualidade-seguranca/Paginas/identificacao-paciente.aspx. Acesso em 21 out. 2016.
10. Alcântara ST, Cassiolato S. Otimização da prescrição eletrônica, baseada no estudo avaliativo, desenvolvido pela Farmácia da Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto,
da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, 2009. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/premio_medica/pdfs/trabalhos/mencoes/sonia_cassiolato_trabalh o_completo.pdf>. Acesso em 22 out. 2016.
11. A Revista da Fisiologia Brasileira – FisioBrasil. Medicamento certo, ao paciente certo, na dose certa. Disponível em: <http://fisiobrasil.com.br/main.asp?link=noticia&id=1130> Acesso em 22 out. 2016. 12. BRASIL. LEI Nº 11.903, de 14 de janeiro de 2009. Dispõe sobre o rastreamento da produção e do consumo de medicamentos por meio de tecnologia de captura, armazenamento e transmissão eletrônica de dados. Diário Oficial da União - Seção 1 - 15/1/2009, Página 1 (Publicação Original). Poder Legislativo. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2009/lei-11903-14-janeiro-2009-585363-publicacaooriginal-108374-pl.html>. Acesso em 22 out. 2016.
13. BRASIL. RESOLUÇÃO - RDC Nº 54, de 12 de novembro de 2012. Dispõe sobre o Regulamento
Técnico sobre Informação Nutricional Complementar. Disponível
