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definição de tendências e percepção da arte

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Academic year: 2021

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JOSEPH

definição de tendências

BEUYS

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JOSEPH

BEUYS

DEFINIÇÃO DE TENDÊNCIAS E PERCEPÇÃO DA ARTE

JOÃO GASPAR

TEORIA E HISTÓRIA DA CRÍTICA DE ARTE II CIÊNCIAS DA ARTE E DO PATRIMÓNIO

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Denominador comum

Ao longo do percurso feito, tanto pela História da Arte como pela Crítica da Arte, ambas têm tido necessidade de fazer uma segmentação estética e uma distinção entre as diferentes tendências e mov-imentos, para poder ser feito um melhor estudo das matérias em questão e também para uma melhor as-sociação de ideias e consolidação das mesmas. Esta situação corresponde então à distinção entre difer-entes estilos, escolas, corrdifer-entes, programas, grupos e movimentos artísticos, como são exemplo o Surre-alismo, Cubismo, Expressionismo ou a Pop Art. Por detrás destas distinções entre matérias e divisões, não está apenas um fundamento material ou um fun-damento técnico objectivo, pois como é evidente, é mais complicado estabelecer uma diferença entre dois movimentos como a Pop Art e o Surrealismo do que distinguir pintura de fotografia.

A definição de tendências passa assim por um discurso de contexto e legitimação das obras, até dos próprios artistas, e assim sendo, torna-se num discurso aberto e polémico que se vai construindo, incorporando tendências diferentes, tendo que haver sempre um denominador comum, unificador e “aglu-tinador” do grupo.

Há, no entanto, momentos históricos em que tal não acontece, tanto porque os artistas não se en-contram reunidos num grupo com denominador co-mum, pelo facto de certos artistas não se inserirem em nenhum grupo em específico, por se destacarem, por não se identificarem ou pelo simples facto de se terem sempre apresentado individualmente. Houve épocas em que não foi nada fácil conseguir determi-nar ou “juntar” certos artistas em grupos, talvez por não haver um discurso homogéneo.

Beuys

O caso de Joseph Beuys é claramente um caso particular, uma tamanha particularidade que vai para além da dificuldade de determinaão de uma tendên-cia onde este se insira, chegando a ir até às matérias de definição de arte. Joseph Beuys é muitas vezes associado ao grupo Fluxus, um grupo artístico com actividades que são muitas vezes difíceis de se de-screver com coerência, em parte porque os próprios artistas que estavam no grupo, não estavam inseri-dos no mesmo na totalidade, havendo a tendência por vezes de se distanciarem e de terem uma ligação um pouco mais distante. O próprio grupo em si e as suas actividades são difíceis de descrever devido à incoerência cultivada pelos artistas. Alguns destes

tinha raízes no Dadaísmo, sendo considerados so-breviventes do movimento, outros tinham também ligações com a Pop Art dos anos 60, sendo que há até parecenças entre os “eventos” Fluxus e os “happen-ings” da Pop Art. A sua maior diferença é que as per-formances e acções do Fluxus têm um carácter mais intelectual, político e filosófico do que a Pop Art.

Muito do impulso que o grupo fluxus ganhou veio também por meio do trabalho e filosofia de alguns outros artistas, como o compositor John Cage, que esteve também na génese do Neodadaísmo junta-mente com Rauschenberg. Um dos grandes objec-tivos do grupo Fluxus era não só ter um grande im-pacto no panorama artístico como teve o Dadaísmo, mas também ter um grande impacto na própria so-ciedade. Um dos seus últimos grandes objectivos era poder ser a plataforma de lançamento das primeiras actividades do seu membro Joseph Beuys.

Distanciamento

No entanto, Joseph Beuys cresceu rapidamente para fora do grupo que primeiramente o tinha abrigado e lançado, e quis assim ganhar poder e reconhecimento pela sua própria mão. Uma das mel-hores maneiras de descrever o trabalho de Beuys e de quantificar a mudança que este causou no mundo da arte contemporânea é comparando-o com alguns dos artistas modernistas que já tinham o seu nome estabelecido no panorama artístico. Beuys sempre se descreveu como um escultor, e como tal, comparan-do-o com artistas da época como Brancusi, Hans Arp, Giacometti ou Henry Moore, é possível verificar que na sua maioria, os artistas eram essencialmente hu-manistas, os seus temas eram a humanidade e a sua fé, e expressavam estas preocupações através de es-culturas que eram autênticas metáforas visuais, que estavam separadas do meio envolvente, por vezes apenas pelo facto de se encontrarem no topo de um pedestal.

Ao mesmo tempo que a sua carreira progre-diu, Beuys foi-se afastando cada vez mais deste tipo de objectos, da escultura concreta, “pura e dura”. Começou a auto-denominar-se de shaman, um

sha-man moderno que tinha o poder de afectar o mundo

à sua volta encenando rituais. A diferença entre a sua versão de xamanismo moderno e a versão de xaman-ismo tradicional é, por um lado, o facto de este artis-ta se inserir numa sociedade moderna e industrial, ao contrário dos shamans tradicionais, e também pelo facto de que os seus rituais eram sempre inventados por si próprio, não eram tradicionais, tal como acon-teceu na Action in 7 Exhibitions.

EVERY HUMAN BEING IS AN ARTIST

who - from his state of freedom -

the position of freedom that he experiences

at first-hand -

learns to determine the other positions in

the TOTAL ARTWORK OF THE FUTURE

SOCIAL ORDER!

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Actualidade

Existem também, hoje em dia, outras grandes forças anti estilísticas a ter em conta. A mais impor-tante destas é a proliferação de ideias modernistas, como também os diferentes centros de actividade modernista, que tornam bastante difícil a percepção e visualização total de tudo aquilo que está a acon-tecer. Sendo que uma grande parte da arte que foi produzida nos últimos anos e que está também ainda agora a ser produzida, recai sobre uma preocupação maior e abrangente, com problemas, como proble-mas de identidade cultural, nacional, racial ou sexual, torna-se mais fácil e recorrente para o observador, o crítico, ou mesmo para o público em geral, aprox-imar-se da obra de arte através de um conteúdo facilmente identificável, ao invés de tentar fazer uma aproximação por um conjunto de nuances de estilo.

Bibliografia

- LUCIE-SMITH, Edward, Movements in art since 1945 - Issues and concepts, London, Thames and Hudson, 3.ª ed. 1995

É também verdade que por vezes, Beuys incor-porava as suas ideias através da criação de objectos, mas estes não poderiam ser classificados com qual-idades formais. O poder destes objectos não estava relacionado com a sua forma ou relação com a forma, nem com a relação metafórica com as formas encon-tradas na natureza, na realidade estes objectos eram parte dos rituais, objectos que envolviam materiais que Beuys acreditava serem mágicos ou terapêuti-cos, tais como a gordura, a folha de ouro, o mel ou mesmo o feltro. Assim, comparando este artista com outros escultores da sua época, como Moore ou Gi-acometti, é possível perceber que este se distanciou de uma forma bastante forte de qualquer grupo ou movimento, de qualquer ideia partilhada, e também do mundo tradicional da arte.

À medida que a sua carreira como artista foi pro-gredindo, Beuys tendeu a separar-se cada vez mais do próprio processo de “art-making”, tal como este pode ser entendido. Os museus tornaram-se então em arenas para receber os seus rituais xamânicos, ou então apenas em plataformas onde Beuys podia pro-jectar um programa politico. Mesmo a politica em si foi definida por este artista como “escultura social”.

Uma nova percepção da arte

Contudo, isto não quer dizer que este artista se tenha desligado por completo da parte material. Continuou a utilizar objectos mas de uma maneira estritamente pessoal. Na sua obra Dernier espace avec

introspecteur, uma instalação de 1982, o cerne da obra

encontra-se no espelho retrovisor de um carro em que o artista teve um acidente quase fatal. Isto fun-ciona quase como uma relíquia dentro de um elab-orado relicário. Os restantes produtos do processo de auto-glorificação de Beuys parecem agora quase símbolos miraculosos, mais do que obras de arte no sentido comum e convencional definido sobre a obra de arte.

Foi Beuys que eminentemente abriu as por-tas para uma nova percepção do caminho em que a arte funciona, ou deveria funcionar, inserida numa sociedade contemporânea. A arte estava então as-sim definida de duas formas, uma delas pela relação e ligação que teria com a personalidade do artista, da qual seria uma manifestação, mas também através do seu próprio conteúdo. Por outras palavras, Beuys ofereceu uma definição de arte como algo que se transformaria continuamente e constantemente à medida que o próprio artista, criador, desenvolvesse o seu trabalho e a sua relação com o mundo.

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Referências

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