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RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº / CE

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Academic year: 2021

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Nº 8632 – RJMB / asr

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 735.902 / CE RELATOR : Ministro GILMAR MENDES

RECORRENTE : Ministério Público do Estado do Ceará RECORRIDO : Câmara Municipal de Fortaleza e outro (a/s)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA ACÓRDÃO PROFERIDO EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RE QUE NÃO TRATA DE MATÉRIA DE REPRODUÇÃO OBRIGATÓRIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 280/STF. NÃO CONHECIMENTO.

1. O recurso extraordinário interposto contra acórdão proferido em sede de controle abstrato de constitucionalidade pressupõe que o acórdão do Tribunal de Justiça local tenha interpretado norma central da Constituição Federal de reprodução obrigatória, de maneira a contrariar o seu sentido e alcance. Precedente: Rcl. 383, Moreira Alves, RTJ 174/404.

2. In casu, não há falar em norma de reprodução obrigatória, pois a matéria debatida no acórdão foi a concretização, pelo constituinte estadual, do art. 125, § 2º, da CF, que veda aos Estados conferir legitimidade para ajuizar ADI em face da Constituição Estadual a um único órgão.

3. O art. 127 da Constituição Federal, tido por violado, não foi objeto de exame pelo Tribunal a quo. Ausente o prequestionamento, é inviável o conhecimento do recurso extraordinário, incidindo na hipótese as súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal.

4. A apreciação das razões recursais demandaria a prévia análise da controvérsia sob o enfoque da legislação local de regência, qual seja, a Constituição do Estado do Ceará, que, no art. 127, fixa o rol de legitimados para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade. Tal circunstância atrai a incidência da Súmula nº 280 do Supremo Tribunal Federal.

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Trata-se de recurso extraordinário interposto pelo Ministério Público do Estado do Ceará, com base no art. 102, III, alínea a, da Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Ceará assim ementado:

“DIREITO CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE LEI N. 9.870, DE 10 DE JUNHO DE 2011, DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA. DECISÃO QUE INDEFERIU A PETIÇÃO INICIAL. ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DO PROCURADOR GERAL DO ESTADO. AUTORIDADE NÃO CONTEMPLADA ENTRE OS LEGITIMADOS PARA MANEJAR AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ADVERSANDO LEI OU ATO NORMATIVO MUNICIPAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 127 DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. AGRAVO CONHECIDO, MAS DESPROVIDO.

1. Hipótese em que se vergasta decisão monocrática que, em sede de ação direta de inconstitucionalidade, na qual se colimava a decretação da inconstitucionalidade da Lei n. 9.870, de 10 de junho de 2011, do Município de Fortaleza, indeferiu a respectiva peça pórtico em face da ausência de legitimidade da Procuradora Geral de Justiça do Estado do Ceará.

2. Nos moldes entabulados na atual redação do art. 127, caput, combinado com seus incisos V e VI, da Constituição Estadual Cearense, a legitimidade do Procurador Geral de Justiça restringe-se à propositura de ação direta visando o controle de constitucionalidade apenas de lei ou de ato normativo estadual, mas não de lei municipal. Precedentes desta Egrégia Corte de Justiça.

3. A partir do corte lógico da norma constitucional em apreço, o legislador constitucional estadual instituiu, em seu bojo, duas dimensões próprias de legitimados para a impugnação abstrata dos atos normativos, identificadas pela sua fonte de produção e pela extensão do interesse veiculado na norma.

4. Nessa perspectiva, restou definido que a legitimidade para o controle concreto dos atos emanados do Legislativo Estadual, em face da sua generalidade e maior amplitude sócio-política, ficaria a cargo daquelas autoridades e instituições que, por sua importância e abrangência constitucionais, melhor representariam, para fins de legitimação, o interesse geral potencialmente violado pelos atos normativos e leis estaduais.

5. D'outra banda, e nitidamente inspirado pela chama municipalista irradiada da Constituição Republicana de 1988, o mesmo legislador constituinte estadual, ao dimensionar a legitimação para o exercício do controle dos atos e leis municipais pela via da

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feição constitucional e pela própria proximidade cognitiva dos fenômenos sociais locais, compreenderiam de forma mais adequada os interesses locais eventualmente malferidos pela norma tisnada pelo vício de inconstitucionalidade.

6. Divise-se o critério hermenêutico adotado no decisum singular adargado não é meramente frásico-textual, vez que considerou o sentido finalístico ínsito à estrutura de legitimação da ação direta de inconstitucionalidade no âmbito da Constituição Cearense. Na oportunidade, resguardou-se a compreensão sistêmica da própria vocação política da Constituição do Estado do Ceará, esta voltada sempre para a consolidação da autonomia do desenvolvimento político dos entes municipais, tal como se extrai dos arts. 4º; 25; 28, inciso I; art. 34, incisos I, VIII e XI; 39 e 40 da Constituição Estadual.

7. Agravo regimental conhecido e desprovido.”

Colhe-se dos autos que a Procuradora Geral de Justiça do Estado do Ceará ajuizou ação direta de inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça daquele Estado, buscando a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 9.870/11, do município de Fortaleza.

O feito foi extinto sem resolução do mérito, ao fundamento de ilegitimidade ativa do chefe do Ministério Público Estadual, que, nos termos do art. 127 da Constituição do Estado, não possuiria legitimidade para propositura de ação direta de inconstitucionalidade em face de lei ou ato normativo municipal. O agravo regimental interposto pelo Parquet foi desprovido.

No recurso extraordinário, o Ministério Público do Estado do Ceará alega, preliminarmente, a repercussão geral da matéria. Diz que o acórdão combatido negou legitimidade à Procuradora Geral de Justiça para propositura de ADI contra ato normativo municipal, ferindo, assim, a garantia de acesso à Justiça.

No mérito, argumenta que a conclusão do Tribunal a quo fere os arts. 125, caput e § 2º e 127 da CF, pois limita o controle pela via concentrada aos próprios interessados na manutenção da lei combatida. Afirma que a

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interpretação do texto da Constituição Estadual foi “draconiana, literal e restritiva do dispositivo legal, negando-lhe o alcance real objetivado pelo legislador”.

Assevera constituir vocação constitucional do Parquet a defesa dos interesses dos munícipes, buscando retirar do ordenamento jurídico local atos normativos que possam lesar o erário municipal ou ameaçar a independência dos Poderes Executivo e Legislativo local.

Ressalta, ainda, que a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93) cuida de diretrizes a serem respeitadas pelos Estados-membros, dispondo competir ao Procurador Geral de Justiça a propositura de ação direta de inconstitucionalidade contra leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual.

Recurso tempestivo. Contrarrazões apresentadas. Juízo prévio de admissibilidade à fl. 271.

É o relatório.

A submissão da matéria constitucional ao procedimento de aferição da existência de repercussão geral pressupõe que o recurso extraordinário atenda aos demais requisitos constitucionais e processuais de admissibilidade (RE 642.408-AgR, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 14.2.12; AI 597.912-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe de 1º.10.10), o que não o corre na hipótese vertente.

É que o recurso extraordinário interposto contra acórdão proferido em ação direta de inconstitucionalidade pressupõe que o acórdão recorrido tenha interpretado equivocadamente preceito central da Constituição Federal de reprodução obrigatória pelas ordens jurídicas parciais (Rcl. 383, Rel. Min. Moreira Alves, RTJ 174/404), de modo que as razões do recurso devem demonstrar a forma pela qual o acórdão recorrido interpretou a norma constitucional de maneira a contrariar o seu correto sentido e alcance.

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In casu, não há falar em norma de reprodução obrigatória, pois a matéria debatida no acórdão foi a concretização, pelo constituinte estadual, do art. 125, § 2º, da CF, que veda aos Estados conferir legitimidade para ajuizar ADI em face da Constituição Estadual a um único órgão.

Por outro lado, o art. 127 da Constituição Federal, tido por violado, não foi objeto de exame pelo Tribunal a quo. Ausente o prequestionamento, é inviável o conhecimento do recurso extraordinário, incidindo na hipótese as súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal.

Além disso, a apreciação das razões recursais demandaria a prévia análise da controvérsia sob o enfoque da legislação local de regência, qual seja, a Constituição do Estado do Ceará, que, no art. 127, fixa o rol de legitimados para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade. Tal circunstância atrai a incidência da Súmula nº 280 do Supremo Tribunal Federal: “por ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário” (RE 628.585, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 17.12.2010; RE 635.733, Rel. Min. Ayres Britto, DJe de 12.04.2011).

Ante o exposto, opina o Ministério Público Federal pelo não conhecimento do recurso.

Brasília, 17 de abril de 2013.

Rodrigo Janot Monteiro de Barros

Subprocurador-Geral da República

Referências

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