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ANÁLISE DO ALCANCE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS NAS ENTIDADES DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL EM BOA VISTA - RORAIMA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA PRÓ-REITORIA DE ENSINO E GRADUAÇÃO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

AMANDA GABRIELA DE ARAÚJO PEREIRA

ANÁLISE DO ALCANCE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS NAS

ENTIDADES DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL EM BOA VISTA -

RORAIMA

Boa Vista-RR 2017

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AMANDA GABRIELA DE ARAÚJO PEREIRA

ANÁLISE DO ALCANCE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS NAS

ENTIDADES DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL EM BOA VISTA -

RORAIMA

Monografia apresentada como pré-requisito para a conclusão do Curso de Bacharelado em Direito da Universidade Federal de Roraima – UFRR.

Orientador (a): Prof. MsC. José Edival Vale Braga.

Boa Vista-RR 2017

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

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AMANDA GABRIELA DE ARAÚJO PEREIRA

ANÁLISE DO ALCANCE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS NAS

ENTIDADES DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL EM BOA VISTA -

RORAIMA

Monografia apresentada como pré-requisito para a conclusão do Curso de Bacharelado em Direito da Universidade Federal de Roraima – UFRR. Área de concentração: Direito Constitucional.

____________________________________________________________________ Prof. MsC. José Edival Vale Braga

Orientador/Curso de Direito - UFRR

____________________________________________________________________ Prof. MsC. Mauro José Nascimento Campello

______________________________________________________________________ MsC. Paulo Fernando Soares Pereira

Procurador Federal

Boa Vista-RR 2017

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A todas aquelas crianças e adolescentes que por algum motivo encontram-se em situação de vulnerabilidade, assim como aos profissionais que, duramente, trabalham para mudar essa realidade. Esse trabalho não é para mim e nem meu, é por/para vocês.

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AGRADECIMENTOS

Tudo que construímos/somos é um resultado de diversos fatos e fatores, que apontam com quem devemos verdadeiramente compartilhar e agradecer os bons momentos. Por isso, agradeço aqueles que de alguma forma colaboraram com a minha formação, e que sem dúvidas, estarão juntos a minha caminhada nesta encarnação e possivelmente em outras.

A essa força universal, que popularmente denominamos “DEUS”, mas que independente de denominações e definições, moveu-me pelo caminhos corretos para a construção desse trabalho. E que, ainda, mantém viva dentro de mim a vontade de lutar pelas causas sociais. E que assim permaneça!

À minha mãe, Petsy Araújo, primeiramente, pelos cafés da manhã, por TODO O AMOR, pelos cuidados com a minha formação como ser social, como mulher e como filha, e claro, pelo apoio, que transcendente a maternidade, naquilo que me propus a ser e fazer. E sinceramente, por TUDO. Nenhuma palavra faz jus a tudo que você representa, e\ou fez por/para mim.

Ao meu pai, Juscelino Pereira, por todo o carinho, por me ensinar o significado de altruísmo, por auxiliar na minha formação como ser político, por ser um exemplo de homem, de pai e profissional. E, ainda, por me mostrar que as palavras têm poder e que as mudanças só dependem de quem quer.

À minha madrasta, Cídiamara Feitosa, por ser tão especial e me ensinar que o amor mais puro nasce de relações além do sangue. Obrigada por todos esses anos!

À minha irmã, Sara Mendina, por ser um exemplo, por toda a sua força, por me ensinar a disciplina e por compartilhar os bons e maus momentos de maneira cômica. Ao meu irmão, Felipe Ramalho, pelo companheirismo, por ter me proporcionado uma infância “FODA” e por todo o amor de ogro. Ao meu irmão, Lucas Pereira, por me trazer tranquilidade, por me mostrar que a maturidade independe da idade e pelas boas risadas. Ao meu irmão Phellipe Feitosa, pelos cuidados desde sempre, por ser um irmão incrível e por estar ali sempre que eu pedi socorro.

Às minhas amigas, Carol, Andreza, Thalissa, Thacylla e Geysma, por ..., cara, POR MUITA COISA (kkk), mas, em especial, pela nossa união, sinceridade, por todos os momentos vívidos, pela grande família que formamos e por estarem presentes em cada momento da minha vida, apoiando-me, ajudando-me e tornando tudo mais divertido. Vocês são as melhores, sem mais!

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À melhor coisa que vou levar da UFRR, Eduardo, por estar ao meu lado desde o primeiro semestre, por ter se tornado um irmão, pelo companheirismo diário, pela amizade única, por ser um exemplo de “homão da porra” e por transformar o dia a dia universitário desgastante em momentos inesquecíveis. Finalmente vamos formar, KY!!! 7 é 10!!!

À minha amada, Marinne, por estar ao meu lado me apoiado todos esses anos, inicialmente como uma querida amiga e posteriormente, como um grande amor na vida, pela paciência infinita, pela paz, por ser meu equilíbrio e por todo o apoio nas minhas lutas diárias.

Às pessoas maravilhosas que conheci na universidade, a exemplo dos meus queridos e amigos veteranos, pelas noites de boemia e pelos conhecimentos compartilhados e aos amigos de sala, vulgo grupo das “gordices”.

A todos aqueles que auxiliaram na minha construção profissional, ao meus chefes, aos meus colegas de trabalho, em especial a Suzy, Everton, Victor e Elon. Por fim, ao corpo docente do Curso de Direito da Universidade Federal de Roraima por serem responsáveis por grande parte da minha formação acadêmica. Agradeço, especialmente, ao meu orientador Prof. MsC. José Edival Vale Braga, não só por guiar a minha monografia, mas por todos os anos ao lado da minha turma, buscando implementar um novo método de ensino, que, particularmente, acredito ser muito válido. Ratifico minha admiração, dizendo que continue atuando assim, o senhor inspira.

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Há quem fale Que a vida da gente É um nada no mundo É uma gota, é um tempo Que nem dá um segundo

Há quem fale Que é um divino Mistério profundo É o sopro do criador

Numa atitude repleta de amor

Você diz que é luta e prazer Ele diz que a vida é viver Ela diz que melhor é morrer Pois amada não é

E o verbo é sofrer

[...]

E a pergunta roda E a cabeça agita Eu fico com a pureza Da resposta das crianças É a vida, é bonita

E é bonita

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RESUMO

O Acolhimento Institucional é um dos regimes adotados pelas entidades de atendimentos à criança e ao adolescente como medida de proteção prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990). Deverá ser aplicado sempre que o direito da criança e do adolescente for violado, respeitando-se os princípios da brevidade, excepcionalidade e provisoriedade. Priorizando a reintegração ou reinserção familiar, conforme a legislação vigente. Com o presente estudo pretende-se analisar de que forma o Estado atua, com políticas públicas sociais, na efetivação dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes no âmbito das Entidades de Acolhimento Institucional em Boa Vista – Roraima. Para isso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com a gestão/gerência, bem como com a equipe técnica das unidades estaduais e municipal de acolhimento institucional, quais sejam, o Abrigo Infantil Viva Criança, Serviço de Acolhimento Condomínio Pedra Pintada – AICPP, Entidade de Acolhimento – Abrigo Feminino Pastor Josué e Entidade de Acolhimento – Abrigo Masculino. Apontando as dificuldades enfrentadas pelas entidades, alcançando resultados que auxiliem na obtenção de possíveis soluções. Visando a cooperação com o trabalho estatal, que por vezes encontra-se esgotado pela sobrecarga gerada pelas demandas sociais.

Palavras-chave: Entidade de Acolhimento Institucional, Políticas Públicas Sociais, Direitos Fundamentais da Criança e do Adolescente.

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ABSTRACT

The Institutional Home is one of the adopted systems by child and adolescent care entities as a protection measure foreseen in the Child and Adolescent Statute (BRASIL, 1990). It should be applied whenever the rights of children and adolescents are violated, respecting the principles of brevity, exceptionality and temporariness, prioritizing reinsertion or familiar reintegration, in accordance with the in force legislation. This study intends to analyze the State performance, with social public policies, in the fundamental rights of children and adolescents realization, within the scope of Institutional Reception Entities in Boa Vista - Roraima. Therefore, semi-structured interviews were led with the management, as well as with the State’s technical staff and municipal institutional units, such as Viva Criança – Child Shelter, Child Support Service – Condomínio Pedra Pintada - AICPP, Shelter Institution – Abrigo Feminino Pastor Josué and Shelter Institution – Abrigo Masculino. Highlighting the difficulties faced by the entities, achieving helpful results in obtaining possible solutions. Aiming at cooperation with State’s performance, which is sometimes overloaded by the social demand.

Key words: Institucional Home Entities, Social Public Policies, Fundamental Rights of Children and Adolescents.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estudo Diagnóstico... 26

Figura 2- Plano de Atendimento Individual e Familiar... 28

Figura 3 – Acompanhamento da família de origem... 30

Figura 4 – Rede de Proteção e Garantia dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente de Boa Vista – RR... 43

Figura 5 – Vara da Infância e da Juventude... 44

Figura 6 – Eixo de Promoção /atendimento... 46

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Histórico dos direitos da criança e adolescente no Brasil... 17

Quadro 2 – Intervenções Intersetoriais... 32

Quadro 3 – O Abrigo Institucional... 42

Quadro 4 - SETRABES E Divisão de ações... 47

Quadro 5 – Demonstrativo das demais secretarias...48

Quadro 6 – Demonstrativo das entidades de acolhimento institucional... 49

Quadro 7 – Demonstrativo das Redes de Assistência... 53

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LISTA DE SIGLA

AICPP - Serviço de Acolhimento Condomínio Pedra Pintada CAPS - Centro de Atenção Psicossocial

CRAS - Centro de Referência em Assistência Social

CREAS - Centro de Referência Especializado em Assistência Social ECA - Estatuto da Criança e Adolescente

SDH – Secretaria de Direito Humano

SEED - Secretaria Estadual de Educação e Desporto SETRABES - Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social SEMGES - Secretaria Municipal de Gestão Social SESAU - Secretaria Estadual de Saúde

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 15

CAPÍTULO 1 - POLÍTICAS PÚBLICAS NAS ENTIDADES DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL ... 17

1.1. ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL ... 20

1.1.1. Princípio da Excepcionalidade do Afastamento do Convívio Familiar ... 21

1.1.2. Princípio da Provisoriedade do Afastamento do Convívio Familiar ... 22

1.1.3. Princípio da Preservação e Fortalecimento dos Vínculos Familiares e Comunitários ... 23

1.1.4. Princípio da Garantia de Acesso e Respeito à Diversidade e Não - discriminação 23 1.1.5. Princípio da Oferta de Atendimento Personalizado e Individualizado ... 24

1.1.6. Princípio da Garantia de Liberdade de Crença e Religião ... 24

1.1.7. Respeito à Autonomia da Criança, do Adolescente e do Jovem ... 25

1.2. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS PARA O ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL ... 26

1.2.1. Estudo Diagnóstico ... 26

1.2.2. Plano de Atendimento Individual e Familiar ... 28

1.2.3. Acompanhamento da Família de Origem ... 30

1.2.4. Articulação Intersetorial ... 31

1.3. PARÂMETROS DE FUNCIONAMENTO DA ENTIDADE DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL ... 38

1.3.1. Abrigo Institucional ... 39

CAPÍTULO 2: FUNCIONAMENTO DA REDE DE ACOLHIMENTO NO ESTADO DE RORAIMA ... 43

2.1.DIVISÃO EM EIXOS ... 45

2.1.1. Eixo Promoção – Instituições e programas de atendimento ... 45

2.1.1.1 – Secretarias ... 47

2.1.1.2. – Entidades de Acolhimento Institucional ... 49

2.1.1.3 – Redes de Assistência ... 53

2.1.2 Eixo de Defesa e Garantia dos Direitos ... 56

CAPÍTULO 3: PESQUISA EM CAMPO ... 59

3.1 - DA REDE DE ACOLHIMENTO ... 59

3.2 – CAPACIDADE DE ATENDIMENTO...60

3.3. DO ATENDIMENTO... 61

3.4. DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DOS ACOLHIDOS...62

3.4.1 – Motivos do Acolhimento...62

3.4.2 – Rotina ...63

3.4.3 - Reintegração Familiar... 64

3.4.4 – Condições Técnicas de Atendimento ...64

3.4.5 – Condições Físicas dos Alojamentos nas Unidades... 65

3.4.6 – Envolvimento do Poder Público ...67

CONCLUSÃO ...68

REFERÊNCIAS... 70

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INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 em seu art. 226 coloca a família como base da sociedade, oferecendo-lhe proteção especial, e ainda dispondo sobre as várias formas de ser constituída. Portanto, compete ao Estado propiciar os meios para o exercício pleno do planejamento familiar, que por sua vez, é fundado no respeito aos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável (art. 226, §7º).

Outrossim, norteado pela Constituição Federal - com seu viés garantidor e muitas das vezes utópico – o Estado é encarregado de suportar um leque infinito de funções e responsabilidades, ficando na promessa de garantir todos os direitos possíveis. Entretanto, é sabido que, ao buscar a execução desses objetivos constitucionais, o Estado na maior parte dos casos, não consegue alcançá-la de forma completa e satisfatória, dando margem a sérios problemas sociais. O que fica comprovado pelo objeto do presente estudo, o qual expõe à deficiência existente no convívio familiar, dando origem à necessidade de tutela das crianças e adolescentes pelo Estado, através das Entidades de Acolhimento Institucional.

Se tratando de crianças e adolescentes, a efetivação dos direitos fundamentais deve ser realizada com absoluta prioridade, abarcando não somente o desenvolvimento físico, como também mental, moral, espiritual e social, promovendo para tanto educação básica, alimentação, saúde e lazer. Principalmente com o apoio e convivência familiar e comunitária, para o seu desenvolvimento como pessoa humana.

Na aplicação dos direitos fundamentais, a convivência familiar encontra-se no topo da escala de prioridades dos direitos menoristas, vez que a criança e o adolescente têm o direito de serem criados e educados no seio de sua família. Contudo, havendo transgressões no poder familiar, é dever do Estado intervir no sentido de garantir e possibilitar o desenvolvimento saudável da personalidade da criança e do adolescente, autorizando o acolhimento daqueles em Entidades de Acolhimento Institucional.

Diante disso, busca-se com o presente estudo analisar de que forma o Estado vem atuando, por meio das políticas públicas sociais, na efetivação dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes nas Entidades de Acolhimento Institucional em Boa Vista – Roraima, para que seu desenvolvimento seja o mais próximo daquele que teriam no seio familiar, verificando a existência de promoção da reintegração na família natural ou substituta, ou mesmo, a preparação para convivência em sociedade, atendendo todas as necessidades básicas, como se na família estivessem.

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Em vista disso, o trabalho foi estruturado em 3 (três) partes em que serão estudados, na primeira etapa, o método adotado nas políticas públicas sociais nas entidades de acolhimento institucional, mostrando os princípios basilares do acolhimento como medida protetiva; as orientações metodológicas para o desenvolvimento do atendimento com excelência; e proporcionando um acolhimento humanizado com parâmetros de funcionamentos adequados.

Complementando a estrutura, a segunda parte trata-se da rede de acolhimento no estado de Roraima, utilizando o Guia da Rede de Proteção e Garantia dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente de Boa Vista – RR, fornecido pelo Poder Judiciário local, trazendo uma divisão por eixos e esclarecendo qual atribuição cabe a cada um dos órgãos componentes dessa rede.

Por fim, a terceira parte apresenta o resultado obtido pelas pesquisas in loco, o qual foi alcançado a partir de realização de entrevistas semiestruturadas com as equipes técnicas e gerências/gestões das Entidades de Acolhimento Institucional localizadas no município de Boa Vista – Roraima, quais sejam, o Abrigo Infantil Viva Criança, Serviço de Acolhimento Condomínio Pedra Pintada – AICPP, Entidade de Acolhimento – Abrigo Feminino Pastor Josué e Entidade de Acolhimento – Abrigo Masculino.

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CAPÍTULO 1 - POLÍTICAS PÚBLICAS NAS ENTIDADES DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

O Direito da Criança e do Adolescente, desde que se tem registro, está intimamente ligado ao assistencialismo, inicialmente aos cuidados da Igreja Católica e posteriormente entregue a períodos de assistencialismos autoritários e repressores.

De acordo com o material disponibilizado pela Fundação Telefônica – PROMENINO. Pode-se estruturar a construção dos direitos das crianças e dos adolescentes em âmbito nacional da seguinte forma:

Quadro 1 – Histórico dos direitos da criança e adolescente no Brasil

Histórico dos direitos da criança e adolescente no Brasil

Período Acontecimentos

Até 1900 – Final do Império e início da Republica.

- Não se tem registro, até o início do século XX, do desenvolvimento de políticas sociais desenhadas pelo Estado brasileiro;

- As populações economicamente carentes eram entregues aos cuidados da Igreja Católica através de algumas instituições;

- Estas instituições atuavam tanto com os doentes quanto com os órfãos e desprovidos;

- em 1927 o Código de Menores proibiu o sistema das Rodas e o registro da criança era uma outra obrigatoriedade desse novo procedimento;

- O ensino obrigatório foi regulamentado em 1854. No entanto, a lei não se aplicava universalmente, já que ao escravo não havia esta garantia. O acesso era negado também àqueles que padecessem de moléstias contagiosas e aos que não tivessem sido vacinados;

- Em 1891 – Decreto nº 1.313 – que estipulava em 12 anos a idade mínima para se trabalhar.

1900 a 1930 – A República

- Em 1923, foi criado o Juizado de Menores, tendo Mello Mattos como o primeiro Juiz de Menores da América Latina;

- No ano de 1927, foi promulgado o primeiro documento legal para a população menor de 18 anos: o Código de Menores, que ficou

(18)

popularmente conhecido como Código Mello Mattos. 1930 a 1945 – Estado

Novo

- Em 1942, período considerado especialmente autoritário do Estado Novo, foi criado o Serviço de Assistência ao Menor – SAM. Tratava-se de um órgão do Ministério da Justiça e que funcionava como um equivalente do sistema Penitenciário para a população menor de idade;

- Além do SAM, algumas entidades federais de atenção à criança e ao adolescente ligadas à figura da primeira dama foram criadas. Alguns destes programas visavam o campo do trabalho, sendo todos eles atravessados pela prática assistencialista.

1945 a 1964 Redemocratização

- Em 1950, foi instalado o primeiro escritório do UNICEF no Brasil, em João Pessoa, na Paraíba. O primeiro projeto realizado no Brasil destinou-se às iniciativas de proteção à saúde da criança e da gestante em alguns estados do nordeste do país;

- O SAM passa a ser considerado, perante a opinião pública, repressivo, desumanizante e conhecido como “universidade do crime”.

1964 a 1979 Regime Militar

- A Lei que criou a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Lei 4.513 de 1/12/64) – propunha-se a ser a grande instituição de assistência à infância, cuja linha de ação tinha na internação, tanto dos abandonados e carentes como dos infratores, seu principal foco; - O Código de Menores de 79 (Lei 6697 de 10/10/79) - constituiu-se em uma revisão do Código de Menores de 27, não rompendo, no entanto, com sua linha principal de arbitrariedade, assistencialismo e repressão junto à população infanto-juvenil.

Década de 80 – Abertura Política e nova

Redemocratização

- Em 5 de outubro de 1988, foi então promulgada a Constituição Brasileira que, marcada por avanços na área social, introduz um novo modelo de gestão das políticas sociais – que conta com a participação ativa das comunidades através dos conselhos deliberativos e consultivos;

- Na Assembleia Constituinte organizou-se um grupo de trabalho comprometido com o tema da criança e do adolescente, cujo resultado concretizou-se no artigo 227, que introduz conteúdo e

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enfoque próprios da Doutrina de Proteção Integral da Organização das Nações Unidas, trazendo os avanços da normativa internacional para a população infanto-juvenil brasileira. Este artigo garantia às crianças e adolescentes os direitos fundamentais de sobrevivência, desenvolvimento pessoal, social, integridade física, psicológica e moral, além de protegê-los de forma especial, ou seja, através de dispositivos legais diferenciados, contra negligência, maus tratos, violência, exploração, crueldade e opressão;

- Muitas das entidades vindas dos movimentos da sociedade civil surgiram em meados da década de 80 e tiveram uma participação fundamental na construção deste arcabouço legal que temos hoje. Como exemplos, destaca-se o Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (MNMMR), que surgiu em 1985 em São Bernardo do Campo, um importante centro sindical do país, e a Pastoral da Criança, criada em 1983, em nome da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, envolvendo forte militância proveniente dos movimentos sociais da igreja católica.

Década de 90 – Consolidando a Democracia

- A promulgação do ECA (Lei 8.069/90) ocorreu em 13 de Julho de 1990, consolidando uma grande conquista da sociedade brasileira: a produção de um documento de direitos humanos que contempla o que há de mais avançado na normativa internacional em respeito aos direitos da população infanto-juvenil. Este novo documento altera significativamente as possibilidades de uma intervenção arbitrária do Estado na vida de crianças e jovens.

Fonte: Fundação Telefônica – PROMENINO.

Da análise histórica do direito pátrio, observa-se que com a promulgação da Constituição Federal de 1988, surge uma mudança no olhar e no fazer para com as crianças e adolescentes, não apenas nas políticas públicas, mas também no convívio familiar e comunitário. Focalizando na infância, na juventude e nos demais atores sociais do Sistema de Garantias de Direitos.

Podemos ver essa interação de atores quando a constituição consolida o dever de assegurar os direitos da criança e do adolescente à sociedade, família e ao próprio Estado no seu art. 227 (BRASIL, 1990):

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Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao

adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Destaca-se, que após essa evolução na maneira de ver a criança e o adolescente, indissociando-os do seu contexto sócio familiar e comunitário e garantindo o direito a ter e ser uma família, nas quais os vínculos devem ser protegidos. Nasce para o Estado um novo dever, o de promover condições adequadas às famílias para apoiar, proteger e educar seus filhos, atendendo às suas necessidades físicas, psicológicas e sociais.

Consequentemente, o sistema de proteção e assistência utilizada anteriormente, marcada pelo distanciamento familiar, desenvolve-se para uma atuação multidisciplinar e Inter setorial, na qual são trabalhados a desigualdades sociais e o resgate do vínculo familiar e a tutela da criança e do adolescente em situação de vulnerabilidade, através das Entidades de Acolhimento.

1.1. ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

O acolhimento institucional é a medida protetiva aplicada nos casos de violações dos direitos das crianças e adolescentes. A esse respeito, dispõe o art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA:

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre

que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta [grifo nosso].

Essas medidas de proteção são aplicadas por autoridade judicial, em razão de qualquer situação que temporariamente impossibilite o cumprimento da função de cuidado e proteção, até que seja possível o retorno ao convívio com a família de origem ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para família substituta. Complementando, o art. 101 do ordenamento supra esclarece:

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade

competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

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fundamental;

IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao

adolescente;

IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e

promoção da família, da criança e do adolescente

V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime

hospitalar ou ambulatorial;

VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e

tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

VII - abrigo em entidade; VII - acolhimento institucional VIII - colocação em família substituta.

VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; IX - colocação em família substituta.

Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como

forma de transição para a colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.

§ 1º. O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e

excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade [Grifo nosso].

A Secretaria de Direitos Humanos – SDH estabelece que o acolhimento deverá atender aos princípios da Excepcionalidade do Afastamento do Convívio Familiar, Provisoriedade do Afastamento do Convívio Familiar, Preservação e Fortalecimento dos Vínculos Familiares e Comunitários, Garantia de Acesso e Respeito à Diversidade e Não-discriminação, Oferta de Atendimento Personalizado e Individualizado, Garantia de Liberdade de Crença e Religião, Respeito à Autonomia da Criança, do Adolescente e do Jovem.

1.1.1. Princípio da Excepcionalidade do Afastamento do Convívio Familiar

Esse princípio reforça a ideia de manter-se ao máximo o convívio familiar, garantindo que o afastamento da criança e/ou do adolescente do contexto familiar seja o último recurso a ser empreendido. Nesse sentido a SDH expõe:

Todos os esforços devem ser empreendidos no sentido de manter o convívio com a família (nuclear ou extensa, em seus diversos arranjos), a fim de garantir que o afastamento da criança ou do adolescente do contexto familiar seja uma medida excepcional, aplicada apenas nas situações de grave risco à sua integridade física e/ou psíquica. Como este afastamento traz profundas implicações, tanto para a criança e o adolescente, quanto para a família, deve-se recorrer a esta medida apenas quando representar o melhor interesse da criança ou do adolescente e o menor prejuízo ao seu processo de desenvolvimento. Destaca-se que tal medida deve ser aplicada apenas nos casos em que não for possível realizar uma intervenção mantendo a criança ou adolescente no convívio com sua família (nuclear ou

(22)

extensa). Para que este princípio possa ser aplicado, é importante que se promova o fortalecimento, a emancipação e a inclusão social das famílias, por meio do acesso às políticas públicas e às ações comunitárias. Dessa forma, antes de se considerar a hipótese do afastamento, é necessário assegurar à família o acesso à rede de serviços públicos que possam potencializar as condições de oferecer à criança ou ao adolescente um ambiente seguro de convivência.

Nota-se, portanto, que o acolhimento institucional é medida excepcionalíssima, justificando-se, somente na ocorrência de violação dos direitos das crianças e adolescentes e da transgressão do poder familiar.

1.1.2. Princípio da Provisoriedade do Afastamento do Convívio Familiar

O princípio da provisoriedade garante que o afastamento, ocorre quando é realmente necessário e adequado, seja realizada maneira célere e eficaz, a fim de viabilizar em menor tempo possível, o retorno seguro ao convívio familiar, prioritariamente na família de origem e, excepcionalmente em família substituta. A SDH (2009) esclarece a respeito de o período considerado provisório a seguir:

Todos os esforços devem ser empreendidos para que, em um período inferior a dois anos, seja viabilizada a reintegração familiar – para família nuclear ou extensa, em seus diversos arranjos – ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para família substituta. A permanência de crianças e adolescentes em serviço de acolhimento por período superior a dois anos deverá ter caráter extremamente excepcional, e estar fundamentada em uma avaliação criteriosa acerca de sua necessidade pelos diversos órgãos que acompanham o caso.

Conforme colocado, o período de acolhimento considerado provisório é inferior a dois anos. Podendo variar de caso para caso, dependendo de uma avaliação individual. A SDH (2009) informa que quando o prognóstico de permanência da criança e do adolescente no serviço de acolhimento for de mais de dois anos, deve ser encaminhado à Justiça da Infância e da Juventude relatório baseado no acompanhamento da situação pelo serviço de acolhimento e em outros serviços da rede que também prestem atendimento à criança, ao adolescente e sua família.

(23)

1.1.3. Princípio da Preservação e Fortalecimento dos Vínculos Familiares e Comunitários

O princípio da Preservação e Fortalecimento dos Vínculos Familiares e Comunitários visa garantir a utilização do acolhimento como medida protetiva, não incorporando a privação de socialização da criança e adolescente do grupo familiar, bem como da sociedade de um modo geral. Privação essa que marca a medida privativa de liberdade, institutos com motivações e funções diversas. A SHD (2009) clarifica a questão quando escreve:

Todos os esforços devem ser empreendidos para preservar e fortalecer vínculos familiares e comunitários das crianças e dos adolescentes atendidos em serviços de acolhimento. Esses vínculos são fundamentais, nessa etapa do desenvolvimento humano, para oferecer-lhes condições para um desenvolvimento saudável, que favoreça a formação de sua identidade e sua constituição como sujeito e cidadão. Nesse sentido, é importante que esse fortalecimento ocorra nas ações cotidianas dos serviços de acolhimento - visitas e encontros com as famílias e com as pessoas de referências da comunidade da criança e do adolescente, por exemplo. Crianças e adolescentes com vínculos de parentesco, não devem ser separados ao serem encaminhados para serviço de acolhimento, salvo se isso for contrário ao seu desejo ou interesses ou se houver claro risco de violência.

A preservação dos vínculos familiares e sociais vai além da socialização, uma vez que essa convivência é responsável pela construção da criança e do adolescente como ser social, político e globalizado. Não se justificando, portanto, qualquer tipo de exclusão.

1.1.4. Princípio da Garantia de Acesso e Respeito à Diversidade e Não - discriminação

De acordo com a SDH (2009), devem ser combatidas quaisquer formas de discriminação às crianças e aos adolescentes atendidos em serviços de acolhimento e às famílias de origem, baseadas em condição socioeconômica, arranjo familiar, etnia, religião, gênero, orientação sexual, ou, ainda, por serem pessoas com necessidades especiais em decorrência de deficiência física ou mental, que vivem com HIV/AIDS ou outras necessidades específicas de saúde.

(24)

Destaca- se que o atendimento deve ser inclusivo e de qualidade, por meio de Projeto Político Pedagógico, prevendo estratégias diferenciadas para o atendimento das demandas específicas, a partir de um acompanhamento especializado. Desse modo, a SDH explica que:

Além disso, a articulação com a política de saúde, de educação, esporte e cultura deve garantir o atendimento na rede local a estas crianças e adolescentes (serviços especializados, tratamento e medicamentos, dentre outros) e a capacitação e apoio necessário aos educadores/cuidadores e demais profissionais do serviço de acolhimento. Tal aspecto é importante para garantir, de fato, um atendimento individualizado e personalizado, com estratégias metodológicas condizentes com as necessidades da criança e do adolescente.

Além do mais, constata-se que todos os equipamentos da rede socioassistencial devem respeitar as normas de acessibilidade, para que o atendimento seja prestado de maneira igualitária a todos os usuários.

1.1.5. Princípio da Oferta de Atendimento Personalizado e Individualizado

Quanto a esse princípio a SDH (2009), ressalta a importância do atendimento a serem oferecido para um pequeno grupo, garantindo-o espaços privados, objetos pessoais e registros, inclusive fotográficos, sobre a história de vida e desenvolvimento de cada criança e adolescente.

Assim como, proporcione condições que favoreçam a formação da identidade da criança e do adolescente, respeitando a sua individualidade e história de vida. Essa organização e planejamento do atendimento no serviço possibilitam a preservação da privacidade e da intimidade.

1.1.6. Princípio da Garantia de Liberdade de Crença e Religião

O princípio da Garantia de Liberdade de Crença e Religião, além de autoexplicativo, é uma materialização do Estado Laico em que vivemos, dado que devem ser mantidos os antecedentes religiosos das crianças e adolescentes acolhidos, e até mesmo respeitada à ausência de crenças. Conforme elucida a SDH (2009):

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Os antecedentes religiosos de crianças e adolescentes devem ser respeitados tanto pelo serviço de acolhimento quanto por aqueles com os quais venha a manter contato em razão de seu acolhimento. “Nenhuma criança ou adolescente deverá ser incentivado ou persuadido a mudar sua orientação religiosa enquanto estiver sob cuidados” em serviço de acolhimento. Visando a garantia do direito à liberdade de crença e culto religioso, assegurado no Art. 16 do ECA, os serviços de acolhimento devem propiciar, ainda, que a criança e o adolescente possam satisfazer suas necessidades de vida religiosa e espiritual.

Pelo exposto, devem ser realizadas atividades que permitam ao acolhido interação com a sua religião, direito de não participar de atos religiosos e de recusa a qualquer instrução religiosa que não lhe seja significativa.

1.1.7. Respeito à Autonomia da Criança, do Adolescente e do Jovem

O respeito à autonomia nada mais é que o direito à escuta, a repercussão e ao envolvimento da criança e do adolescente nas atividades ou mudanças relativas à sua situação familiar ou desligamento do serviço de acolhimento.

A organização do ambiente de acolhimento também deverá proporcionar o fortalecimento gradativo da autonomia, de modo condizente com o processo de desenvolvimento e a aquisição de habilidades nas diferentes faixas etárias. O desenvolvimento da autonomia nos serviços de acolhimento não deve ser confundido, todavia, com falta de autoridade e limites. A liberdade deve ser vista como parceira da responsabilidade, considerando que uma não pode ser adquirida sem a outra. Crianças e adolescentes devem ter a oportunidade de participar da organização do cotidiano do serviço de acolhimento, por meio do desenvolvimento de atividades como, por exemplo, a organização dos espaços de moradia, limpeza, programação das atividades recreativas, culturais e sociais. No caso de serviços de acolhimento institucional, esta participação pode ser viabilizada, inclusive, por meio da realização sistemática de assembléias, nas quais crianças e adolescentes possam se colocar de modo protagonista. Devem ser planejadas ações que favoreçam a interação das crianças e dos adolescentes entre si e com os contextos nos quais freqüentam, como a escola, a comunidade, e as instituições religiosas. O desenvolvimento da autonomia deve levar em consideração, ainda, a cultura de origem da criança e do adolescente e fortalecer a elaboração de projetos de vida individuais e o desenvolvimento saudável, inclusive após o desligamento e a entrada na vida adulta (SDH, 2009).

Como visto no parágrafo anterior o respeito à autonomia do acolhido não confunde-se com a perda da autoridade e dos limites, trata-confunde-se, na verdade, do fortalecimento da criança e do adolescente como sujeito de direito, com voz ativa e tomada de decisão individualizada.

(26)

1.2. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS PARA O ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL É de extrema importância que seja ofertada à criança e ao adolescente, quando da necessidade do acolhimento, um ambiente e cuidados facilitadores do desenvolvimento, de modo a favorecer, dentre outros aspectos: i. Seu desenvolvimento integral; ii. A superação de vivências de separação e violência; iii. A apropriação e ressignificação de sua história de vida; e iv. O fortalecimento da cidadania, autonomia e a inserção social. (SDH, 2009)

Visando descrever os atendimentos prestados em consonância com diretrizes nacionais e internacionais de cuidados a crianças e adolescentes em serviços de acolhimento, neste subcapítulo trataremos das orientações metodológicas demonstradas a seguir.

1.2.1. Estudo Diagnóstico

Figura 1 – Estudo Diagnóstico

Fonte: SDH.

Diante dessa perspectiva, recomenda-se que o estudo diagnóstico contemple, dentre outros, os seguintes aspectos (SDH, 2009):

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 Composição familiar e contexto socioeconômico e cultural no qual a família está inserida;

 Mapeamento dos vínculos significativos na família extensa e análise da rede social de apoio da criança ou adolescente e de sua família (família extensa, amigos, vizinhos, padrinhos, instituições, etc.);

 Valores e costumes da comunidade da qual a família faça parte, especialmente, no caso de minorias étnicas ou comunidades tradicionais;

 Condições de acesso da família a serviços, programas e projetos das diversas políticas públicas que possam responder às suas necessidades;

 Situações de vulnerabilidade e risco vivenciadas pela família que repercutam sobre sua capacidade de prover cuidados;

 Situação atual da criança ou adolescente e de sua família, inclusive motivação, potencial e dificuldades da família para exercer seu papel de cuidado e proteção;

 História familiar e se há padrões transgeracionais de relacionamento com violação de direitos;

 Situações atuais e pregressas de violência intrafamiliar contra a criança e o adolescente, gravidade e postura de cada membro da família em relação à mesma;

 Nos casos de violência intrafamiliar, se há consciência da inadequação e das consequências negativas destas práticas para a criança e o adolescente e se há movimento em direção à mudança e à construção de novas possibilidades de relacionamento;

 Análise da intensidade e qualidade dos vínculos entre os membros da família (vinculação afetiva, interação, interesse e participação na vida da criança e do adolescente);

 Percepção da criança ou adolescente em relação à possibilidade de afastamento do convívio familiar – se demonstra, por exemplo, medo de permanecer na família ou tristeza por afastar-se da mesma;

 Possibilidade de intervenção profissional e encaminhamentos que visem à superação da situação de violação de direitos, sem a necessidade de afastamento da criança e do adolescente da família;

 Nos casos de violência intrafamiliar, se há possibilidade de afastamento do agressor da moradia comum para a manutenção da criança ou adolescente na moradia em condições de proteção e segurança (Art. 130 do ECA);

 Grau de risco e desproteção ao qual a criança ou adolescente estará exposto se não for afastada do ambiente familiar;

 Verificação da existência de pessoas significativas da comunidade para a criança ou adolescente que possam vir a acolhê-los, de forma segura, no caso de necessidade de afastamento da família de origem.

Pela leitura, percebe-se que o estudo diagnóstico vai além de uma análise da violação do direito da criança e do adolescente, em verdade, realiza o estudo do caso, verificando se há necessidade do acolhimento e fazendo um estudo do histórico e social do acolhido e de sua família.

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1.2.2. Plano de Atendimento Individual e Familiar

O Plano de Atendimento Individual e Familiar basear-se-á em levantamentos de particularidades e necessidades em cada caso e traçará estratégias para o atendimento específico

Figura 2- Plano de Atendimento Individual e Familiar

Fonte: SDH.

A SDH (2009) ressalta que esse levantamento constitui um estudo da situação que deve contemplar, dentre outros aspectos:

 Motivos que levaram ao acolhimento e se já esteve acolhido neste ou em outro serviço anteriormente, dentre outros;

 Configuração e dinâmica familiar, relacionamentos afetivos na família nuclear e extensa, período do ciclo de vida familiar, dificuldades e potencialidades da família no exercício de seu papel.

 Condições socioeconômicas, acesso a recursos, informações e serviços das diversas políticas públicas;

 Demandas específicas da criança, do adolescente e de sua família que requeiram encaminhamentos imediatos para a rede (sofrimento psíquico, abuso ou dependência de álcool e outras drogas, etc.), bem como potencialidades que possam ser estimuladas e desenvolvidas;

 Rede de relacionamentos sociais e vínculos institucionais da criança, do adolescente e da família, composta por pessoas significativas na comunidade,

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colegas, grupos de pertencimento, atividades coletivas que frequentam na comunidade, escola, instituições religiosas, etc.;

 Violência e outras formas de violação de direitos na família, seus significados e possível transgeracionalidade;

 Significado do afastamento do convívio e do serviço de acolhimento para a criança, o adolescente e a família.

Ademais, a SDH (2009) orienta que o Plano de Atendimento quais os pontos a serem contemplados nas estratégicas:

Plano de Atendimento Individual e Familiar deve orientar as intervenções a serem desenvolvidas para o acompanhamento de cada caso, devendo contemplar, dentre outras, estratégias para:

 Desenvolvimento saudável da criança e do adolescente durante o período de acolhimento: encaminhamentos necessários para serviços da rede (saúde, educação, assistência social, esporte, cultura e outros); atividades para o desenvolvimento da autonomia; acompanhamento da situação escolar; preservação e fortalecimento da convivência comunitária e das redes sociais de apoio; construção de projetos de vida; relacionamentos e interação no serviço de acolhimento – educadores/cuidadores, demais profissionais e colegas; preparação para ingresso no mundo do trabalho, etc;

 Investimento nas possibilidades de reintegração familiar: fortalecimento dos vínculos familiares e das redes sociais de apoio; acompanhamento da família, em parceria com a rede, visando à superação dos motivos que levaram ao acolhimento; potencialização de sua capacidade para o desempenho do papel de cuidado e proteção; gradativa participação nas atividades que envolvam a criança e o adolescente; etc. Nos casos de crianças e adolescentes em processo de saída da rua deve-se, ainda, buscar a identificação dos familiares, dos motivos que conduziram à situação de rua e se há motivação e possibilidades para a retomada da convivência familiar;

 Acesso da família, da criança ou adolescente a serviços, programas e ações das diversas políticas públicas e do terceiro setor que contribuam para o alcance de condições favoráveis ao retorno ao convívio familiar;

 Investimento nos vínculos afetivos com a família extensa e de pessoas significativas da comunidade: fortalecimento das vinculações afetivas e do papel na vida da criança e do adolescente; apoio aos cuidados com a criança ou adolescente no caso de reintegração familiar ou até mesmo responsabilização por seu acolhimento;

 Encaminhamento para adoção quando esgotadas as possibilidades de retorno ao convívio familiar: articulação com o Poder Judiciário e o Ministério Público para viabilizar, nestes casos, o cadastramento para adoção. Desde que haja supervisão do Poder Judiciário, uma estratégia que pode ser empreendida também pelos serviços de acolhimento, em parceria com Grupos de Apoio à Adoção ou similares, diz respeito à busca ativa de famílias para a adoção de crianças e adolescentes com perfil de difícil colocação familiar.

Portanto, verificada a necessidade de acolhimento, será feita a elaboração de um planejamento, objetivando a reintegração da criança ou adolescente à família de origem e não sendo essa possível, a integração à família extensa, substituta ou ao convívio em sociedade.

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1.2.3. Acompanhamento da Família de Origem

Figura 3 – Acompanhamento da família de origem

Fonte: SDH.

Existem diversas técnicas a ser utilizada no acompanhamento às famílias, a SDH exemplifica pontuando as seguintes:

 Estudo de caso: reflexão coletiva que deve partir das informações disponíveis sobre a família e incluir resultados das intervenções realizadas. Na medida do possível deve ser realizado com a participação dos profissionais do serviço de acolhimento, da equipe de supervisão do órgão gestor, da Justiça da Infância e da Juventude e de outros serviços da rede que acompanhem a família;

 Entrevista individual e familiar: estratégia importante, particularmente nos primeiros contatos com a família e seus membros, que permite avaliar a expectativa da família quanto à reintegração familiar e elaborar conjuntamente o Plano de Atendimento. Esse instrumento também pode ser utilizado para abordar outras questões específicas, para aprofundar o conhecimento sobre a família e para fortalecer a relação de confiança com o serviço. Nas entrevistas podem ser realizados, ainda, o genograma, o mapa de rede social, dentre outras técnicas.

 Grupo com famílias: dentre outros aspectos, favorece a comunicação com a família, a troca de experiências entre famílias e a aprendizagem e o apoio mútuos. Possibilita a reflexão sobre as relações familiares e responsabilidades da família na garantia dos direitos de seus membros e sobre os aspectos concernentes ao acolhimento. Constitui importante estratégia para potencialização dos recursos da família para o engajamento nas ações necessárias para retomada do convívio familiar com a criança ou adolescente;

 Grupo Multifamiliar: espaço importante para trocas de experiências, reflexões e discussão com as famílias, incluindo a participação de crianças e adolescentes acolhidos. O Grupo Multifamiliar permite a compreensão de diferentes pontos de vista dos relacionamentos familiares e das diferenças entre gerações.

 Visita Domiciliar: importante recurso para conhecer o contexto e a dinâmica familiar e identificar demandas, necessidades, vulnerabilidades e riscos.

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Referenciada no princípio do respeito à privacidade, a visita possibilita uma aproximação com a família e a construção de um vínculo de confiança, necessário para o desenvolvimento do trabalho.

 Orientação individual, grupal e familiar: intervenções que têm como objetivo informar, esclarecer e orientar pais e responsáveis sobre diversos aspectos, como a medida de proteção aplicada e os procedimentos dela decorrentes. Deve pautar-se em uma metodologia participativa que possibilite a participação ativa da família;

 Encaminhamento e acompanhamento de integrantes da família à rede local, de acordo com demandas identificadas: psicoterapia, tratamento de uso, abuso ou dependência de álcool e outras drogas, outros tratamentos na área de saúde, geração de trabalho e renda, educação de jovens e adultos, etc.

Esse acompanhamento familiar é vital no atendimento, tendo em vista que a partir do conhecimento da realidade das famílias e do grupo familiar. Que a equipe técnica consegue compreender a dinâmica de funcionamento, valores e cultura de cada caso, conscientizar a família de sua importância para a criança e o adolescente e desenvolver novas estratégias para a resolução de conflitos;

A SDH (2009) alerta que acompanhamento da família deve ser sistemático para que, em um prazo de até dois anos, seja possível viabilizar o retorno da criança ou adolescente ao convívio com sua família ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para família substituta.

Importante frisar que esse prazo varia de caso em caso e que deve ser feita uma avaliação individualizada para que sejam evitados tanto os acolhimentos desnecessários e prolongados de maneira equivocada, quanto os desligamentos prematuros.

1.2.4. Articulação Intersetorial

Assim como os outros serviços das redes socioassistencial, os serviços de acolhimento também integral uma grande rede de assistência social, qual seja, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS). É por meio dessa rede que é viabilizada a utilização de equipamento comunitário e da rede de serviço local para a proteção integral a que têm direito as crianças e os adolescentes acolhidos (SDH, 2009).

Por conseguinte, para a realização das intervenções é preciso que haja uma articulação entre os órgãos envolvidos na rede de acolhimento, através de planejamento e o desenvolvimento conjunto de estratégias de intervenção, sendo definido o papel de cada instância que compõe a rede de serviços local e o Sistema de Garantia de Direitos na busca de um objetivo comum (SDH, 2009).

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Quadro 2 – Intervenções Intersetoriais INTERVENÇÕES INTERSETORIAIS Articulação no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - SUAS

- Para a garantia de um atendimento de qualidade às crianças e aos adolescentes acolhidos e às suas famílias, os serviços de acolhimento devem funcionar de forma articulada com os demais serviços da rede socioassistencial local. Tal articulação possibilitará a inserção dos usuários nos demais serviços, programas e ações que integram o SUAS, que se fizerem necessários ao atendimento às demandas específicas de cada caso, favorecendo a integração comunitária e social dos usuários;

- Destaca-se a seguir, alguns dos principais equipamentos de referência do Sistema Único de Assistência Social, bem como a equipe de supervisão e apoio aos serviços de acolhimento, ligada ao órgão gestor: a) CRAS: sempre que se identificar a necessidade de ações de proteção social básica para criança e adolescente atendido em serviços de acolhimento ou para suas famílias, deverá ser articulada sua inclusão em tais atividades por meio da equipe do CRAS do território de moradia da família. Para dar agilidade a tais procedimentos, recomenda-se que sejam definidos, de forma conjunta, fluxos de encaminhamento e canais de comunicação entre os serviços de acolhimento e o(s) CRAS, além de encontros periódicos, que possibilitem o acompanhamento das ações. O CRAS de referência do território de moradia da família, sempre que necessário, deverá ser acionado para participar do processo de reintegração familiar de crianças e adolescentes atendidas em serviços de acolhimento. Sua atuação se

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faz necessária para a inclusão da criança ou do adolescente que estiver sendo reintegrado à família, e de seus familiares ou responsáveis, em serviços, programas e ações de fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, bem como para fazer os encaminhamentos que se mostrarem necessários com a retomada do convívio familiar, de modo a facilitar sua inclusão social e comunitária nesse período de vulnerabilidade; b) CREAS: Nos municípios que possuam CREAS e naqueles atendidos por CREAS regionais, quando o motivo do afastamento do convívio familiar envolver violência intra-familiar (física, psicológica, sexual, negligência grave), exploração sexual ou outras situações de violação de direitos que estejam sob o escopo de ação dos serviços desenvolvidos no CREAS, as crianças e adolescentes acolhidos e seus familiares devem ser inseridos em seus serviços. Nesse caso, é de suma importância que as equipes técnicas do serviço de acolhimento e do CREAS atuem de forma articulada – com planejamento conjunto de estratégias de ação e reuniões periódicas para o acompanhamento dos casos – de modo a garantir uma atuação complementar e sinérgica, evitando sobreposições e ações contraditórias. c) Equipe de Supervisão e Apoio aos Serviços de Acolhimento: Em municípios de médio e grande porte e nas metrópoles - e nos demais quando a demanda justificar – o órgão gestor da Assistência Social deverá manter equipe profissional especializada de referência, para supervisão e apoio aos serviços de Acolhimento.

Articulação com o Sistema Único de Saúde - SUS

- O atendimento humanizado de crianças e adolescentes em serviços de acolhimento requer uma estreita articulação entre o Sistema Único de Saúde - SUS e o

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Sistema Único de Assistência Social - SUAS. Desse modo, orienta-se que os órgãos gestores dessas duas políticas desenvolvam estratégias conjuntas e elaborem protocolos de atenção integral à saúde de crianças e adolescentes que se encontram em Serviços de Acolhimento, bem como de seus familiares.

- As ações de promoção da saúde, ações educativas e de prevenção de agravos devem ser articuladas com a Rede de Atenção Básica/Primária, que é composta por Unidades Básica de Saúde da Família e Postos de Saúde. Esses serviços também devem ser procurados caso haja necessidade de solicitar requisição de exames, medicamentos básicos e acompanhamento do quadro de situação de saúde de crianças e adolescentes em situação de acolhimento. Caso haja necessidade, a equipe desses serviços fará também encaminhamento para unidades de atenção especializada - que inclui Hospitais, Maternidades, Unidades de Urgências e/ou Emergências e Serviços/Unidade de Referências - capacitados para atenderem casos que demandem atenção especializada, como adolescentes grávidas, crianças e adolescentes com deficiência, com distúrbios de crescimento, com doenças infectocontagiosas ou imunodepressoras, dentre outros.

- Nos casos de crianças e adolescentes com transtornos mentais e/ou que apresentam problemas devido ao uso abusivo ou dependência de álcool e outras drogas, deve ser acionada a rede de saúde mental, por meio das ações de saúde mental na Atenção Básica, do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou, onde houver, o Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (CAPSi), especializado no atendimento de crianças e adolescentes

(35)

com transtornos mentais graves (autismo, psicoses, neuroses graves, abuso ou dependência de álcool e outras drogas).

Articulação com o Sistema Educacional

- A articulação dos serviços de acolhimento com o sistema educacional é fundamental, pois a escola constitui importante instrumento para assegurar o direito à convivência comunitária de crianças e adolescentes. Essa articulação pode ser feita por meio da elaboração conjunta de protocolo de ação entre o órgão gestor da assistência social e da educação, garantindo a permanente comunicação entre os serviços, e o acesso das crianças, adolescentes acolhidos e seus familiares à rede de local de Educação.

- Os serviços de acolhimento devem manter canais de comunicação permanentes com as escolas onde estejam matriculadas as crianças e os adolescentes acolhidos, de modo a possibilitar o acompanhamento de seu desempenho escolar. Sempre que possível e recomendável, deve-se favorecer, ainda, o envolvimento da família de origem ou extensa no acompanhamento escolar das crianças e adolescentes acolhidos, incentivando, inclusive, sua participação ativa nas reuniões e comemorações escolares.

Articulação com outras políticas públicas e demais órgãos do Sistema de

Garantia de Direitos

- Além da articulação com os serviços socioassistenciais, da saúde e da educação, é necessária a articulação com equipamentos comunitários, organizações não-governamentais e serviços públicos responsáveis pela execução de programas, projetos, serviços e ações nas áreas de cultura, esporte, lazer, geração de trabalho e renda, habitação, transporte e capacitação profissional, garantindo o acesso de crianças e adolescentes acolhidos e de suas famílias. Recomenda-se que, sempre que for viável, procure-se

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inserir as crianças e adolescentes acolhidas em atividades localizadas nas proximidades de sua comunidade de origem, de forma a fortalecer sua inserção comunitária, o que contribuirá para o processo de reintegração familiar ao evitar a futura interrupção de suas atividades e dos vínculos de amizade construídos nesses espaços.

- destaca-se a importância da articulação e da construção de fluxos locais entre os Serviços de Acolhimento, o Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora e os órgãos abaixo elencados, a fim de facilitar a comunicação, o planejamento e o desenvolvimento de ações coordenadas. Tais órgãos desempenham funções fundamentais para a garantia da excepcionalidade e provisoriedade do afastamento do convívio familiar, bem como da reparação de possíveis violações de direito vivenciadas. Abaixo são mencionados os principais aspectos que exigem uma articulação eficiente entre os serviços de acolhimento e os órgãos elencados: a) Sistema de Justiça (Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública): apoio na implementação do Plano de Atendimento Individual e Familiar, por meio da aplicação de outras medidas protetivas quando necessário; acompanhamento do processo de reintegração familiar; investigação e responsabilização dos agressores nos casos de violência contra a criança ou adolescente; investigação de paternidade e pensão alimentícia, quando for o caso; destituição do Poder Familiar e cadastramento de crianças e adolescentes para adoção, nos casos em que não for possível a reintegração familiar; preparação de todos os envolvidos para colocação em família substituta e deferimento da

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guarda, tutela ou adoção; fiscalização do atendimento prestado nos serviços de acolhimento; acesso gratuito a serviços advocatícios para defesa de direitos, dentre outros; b) Conselho Tutelar: apoio na implementação do Plano de Atendimento Individual e Familiar; acompanhamento da situação familiar de crianças e adolescentes acolhidos; aplicação de outras medidas protetivas quando necessário; apoio na reintegração familiar; dentre outros; c) Segurança Pública: investigação e responsabilização nos casos de violência contra a criança ou adolescente; localização de familiares; acompanhamento da situação de pais ou responsáveis que estejam no sistema prisional, inclusive para viabilizar a manutenção de contato destes com as crianças e adolescentes acolhidos; dentre outros. d) Conselhos de Direitos: elaboração, aprovação e acompanhamento das ações do Plano de Nacional de Promoção, Proteção e Defesa de Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, no âmbito nacional, estadual e municipal; elaboração e aprovação de resoluções estaduais e municipais; inscrição de programas governamentais e não-governamentais; registro de entidades que executam serviços de acolhimento conforme Art. 90 do ECA; deliberação de políticas de atendimento para atender os direitos humanos de crianças e adolescentes que se encontram atendidos nos serviços de acolhimento. Projeto

Político-Pedagógico

- Para garantir a oferta de atendimento adequado às crianças e aos adolescentes, os serviços de acolhimento deverão elaborar um Projeto Político-Pedagógico (PPP), que deve orientar a proposta de funcionamento do serviço como um todo, tanto no que se refere ao seu funcionamento interno, quanto seu relacionamento com

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a rede local, as famílias e a comunidade. Sua elaboração é uma tarefa que deve ser realizada coletivamente, de modo a envolver toda a equipe do serviço, as crianças, adolescentes e suas famílias. Após a elaboração, o Projeto deve ser implantado, sendo avaliado e aprimorado a partir da prática do dia- a dia.

- Algumas sugestões de conteúdos que visam contribuir para elaboração do Projeto Político-Pedagógico dos serviços de acolhimento são: atitude receptiva e acolhedora no momento da chegada da criança/adolescente e durante o período de acolhimento,

não-desmembramento de grupos de

crianças/adolescentes com vínculos de parentesco e fortalecimento de sua vinculação afetiva,organização de registros sobre a história de vida e desenvolvimento de cada criança e adolescente, definição do papel e valorização dos educadores/cuidadores e da família acolhedora, relação do Serviço com a família de origem, Preservação e fortalecimento da convivência comunitária, fortalecimento da autonomia da criança, do adolescente e do jovem, desligamento gradativo.

Gestão do Trabalho e Educação Permanente

- Algumas orientações para gestão do trabalho e educação permanente, que devem ser adequadas às necessidades de cada município, considerando suas particularidades são: seleção, capacitação (Capacitação Introdutória e Capacitação Prática) e formação continuada.

Fonte: SDH.

1.3. PARÂMETROS DE FUNCIONAMENTO DA ENTIDADE DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

Como visto anteriormente, é de suma importância que o atendimento e as articulações na rede de acolhimento desempenhem-se de maneira ajustada e planejada. No

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entanto, o acolhimento adequado requer ainda parâmetros de funcionamento ajustados à realidade da criança e do adolescente e da cultura local.

Embora existam várias formas de serviços de acolhimento, para o presente trabalho, importa a definição de parâmetros de funcionamento dos abrigos institucionais, que portanto, serão os únicos a serem reproduzidos a seguir.

1.3.1. Abrigo Institucional

Quadro 3 – O Abrigo Institucional ABRIGO INSTITUCIONAL

Definição - Serviço que oferece acolhimento

provisório para crianças e adolescentes afastados do convívio familiar por meio de medida protetiva de abrigo (ECA, Art. 101), em função de abandono ou cujas famílias ou responsáveis encontrem-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção, até que seja viabilizado o retorno ao convívio com a família de origem ou, na sua impossibilidade, encaminhamento para família substituta. - O serviço deve ter aspecto semelhante ao de uma residência e estar inserido na comunidade, em áreas residenciais, oferecendo ambiente acolhedor e condições institucionais para o atendimento com padrões de dignidade. Deve ofertar atendimento personalizado e em pequenos grupos e favorecer o convívio familiar e comunitário das crianças e adolescentes atendidos, bem como a utilização dos equipamentos e

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serviços disponíveis na comunidade local.

Público alvo - Geral: Crianças e adolescentes de 0 a 18 anos sob medida protetiva de abrigo. - Especificidades: Devem ser evitadas especializações e atendimentos exclusivos - tais como adotar faixas etárias muito estreitas, direcionar o atendimento apenas a determinado sexo, atender exclusivamente ou não atender crianças e adolescentes com deficiência ou que vivam com HIV/AIDS. A atenção especializada, quando necessária, deverá ser assegurada por meio da articulação com a rede de serviços, a qual poderá contribuir, inclusive, para capacitação específica dos cuidadores. O atendimento especializado, quando houver e se justificar pela possibilidade de atenção diferenciada a vulnerabilidades específicas, não deve prejudicar a convivência de crianças e adolescentes com vínculos de parentesco (irmãos, primos, etc), nem constituir-se motivo de discriminação ou segregação. Desta forma, a organização da rede local de serviços de acolhimento deverá garantir que toda criança ou adolescente que necessite de acolhimento receberá atendimento e que haverá diversificação dos serviços ofertados, bem como articulação entre as políticas públicas, de

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