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UM NOVO ESPAÇO PARA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: O PAPEL DA PESQUISA-FORMAÇÃO

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Academic year: 2021

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O PAPEL DA PESQUISA-FORMAÇÃO

Ana Paula Peixoto Soares UFRJ/FE/PPGE

Resumo:

Este estudo busca compreender um novo espaço de formação de professores alfabetizadores inaugurado pela via da pesquisa. Trata-se de uma proposta de formação continuada que tem por objetivo, ao longo de quatro anos (2011-2014), estabelecer um diálogo entre o campo acadêmico-científico e o escolar, a partir do compromisso de partilhar a responsabilidade entre pesquisadores e professores da Educação Básica frente os baixos índices de aprendizagem da linguagem, leitura e escrita. A partir da perspectiva que assumo neste espaço, de professora e pesquisadora, busco investigar, por meio do acompanhamento sistemático dos encontros de formação, as contribuições desta para a formação de professores autores de suas práticas. Ao longo do percurso da formação, destacam-se como resultados parciais relevantes, a contribuição dos estudos teóricos e práticos, aos professores, que por meio da reflexão junto aos seus pares, se posicionaram enquanto autores da escrita de suas práticas.

Palavras chave: Formação de professores; formação continuada; pesquisa-formação.

Este estudo se funda junto a minha carreira docente. Ao assumir uma turma de 1° ano do Ensino Fundamental, identifiquei a necessidade de aprofundar o conhecimento das questões relativas à alfabetização, o que me mobilizou a buscar meus pares, professores alfabetizadores, em um contexto específico de estudo, destinado às discussões do campo da alfabetização, letramento, leitura e escrita.

Nesse percurso, me insiro em uma nova proposta de formação continuada, inaugurada pela via da pesquisa, na qual pude perceber, em meio a outras vozes que vêm do chão da escola, que a necessidade de um espaço de reflexão acerca da prática, não era apenas uma demanda pessoal e sim um objeto profícuo de estudo.

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Logo, lanço meu olhar sob este espaço de formação continuada de professores, enquanto professora e pesquisadora, a fim de compreender, por meio da observação sistemática dos encontros de formação, suas contribuições para a formação de professores autores da escrita de suas práticas.

Contornos da formação continuada de professores no Brasil

A temática da formação continuada de professores vem conquistando espaço nos estudos acadêmico-científicos e nas políticas educacionais (GATTI, 2008; BARRETO e GATTI, 2009). Segundo dados do Censo de Profissionais do Magistério da Educação Básica de 2003, realizado pelo INEP, de um total de 1.542.878 professores, 701.516 declararam participar, nos dois anos anteriores, de alguma ação formadora, presencial, semipresencial ou a distância, oferecida por instituições governamentais (União, estados e municípios), instituições de ensino superior (públicas e privadas), ONGs, sindicados ou pelas próprias escolas (GATTI, 2008 apud CATRIB et al., 2008). Ainda pode-se mencionar nesses indicadores, as Secretarias Municipais de Educação como órgão que alcançou o maior número de professores com suas propostas de formação, em comparação com o Estado e a União, assim como destacam-se as iniciativas das instituições privadas de ensino superior em relação às instituições públicas.

Tomando como base os processos de formação continuada desenvolvidos desde os anos 1980, é possível identificar problemas ainda hoje recorrentes, que giram em torno das propostas de formação em massa, aligeiradas e com pouca estrutura e instrumentos de apoio necessários para a realização das mudanças previstas (BARRETO e GATTI, 2009 apud AGUERRONDO, 2004). Logo, as propostas de formação continuada têm sido recebidas sob fortes críticas e descrença por parte dos docentes que, enquanto categoria profissional, possuem participação limitada, quando não nula, na elaboração de políticas de formação, que ficam a cargo das descontinuidades dos governos.

Do mesmo modo, a universidade, enquanto entidade formadora, pouco contribui ao campo à medida que assume em suas pesquisas uma postura utilitarista frente à escola, indo a campo em um movimento de checagem de concepções convictas,

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este modelo de abordagem da prática, que as descreve para, em seguida, criticá-las, tomando por parâmetro uma lógica estrangeira ao contexto tratado, revela-se estéril em seus objetivos, tanto os de pesquisa quanto os de cunho político, se tivermos em vista a contribuição que podemos oferecer ao terreno explorado.”.

Uma proposta de pesquisa-formação

Em uma perspectiva de pesquisa-formação, propõe-se uma nova forma de se fazer pesquisa em educação, na qual o pesquisador se propõe a investigar as questões que emergem da escola em conjunto com os docentes. Inaugura-se uma relação entre pesquisador e pesquisado de sujeito-sujeito e não sujeito-objeto, ou seja, todos são sujeitos ativos nesse processo, com vez e voz para expor suas ideias, dúvidas, inquietações, sugestões, entre outros. Nesse movimento, de troca coletiva, no qual cada um expõe o seu ponto de vista do problema enfrentado, é por meio da reflexão coletiva que se produzem conhecimentos e novas formas de compreender a realidade investigada e agir sobre ela (LONGAREZI e SILVA, 2008).

A partir deste cenário, situo este estudo no âmbito do projeto de pesquisa “As (im)possíveis alfabetizações de alunos das classes populares pela visão dos docentes na escola pública”, desenvolvido no âmbito do LEDUC (Laboratório de Estudos de Linguagem, Leitura, Escrita e Educação/FE/PPGE/UFRJ) e coordenado pela professora Ludmila Thomé de Andrade. Tal projeto tem por objetivo atuar junto aos professores de uma pequena escola da rede pública de ensino do município do Rio de Janeiro, a fim de transformar os baixos índices de linguagem, leitura e escrita por meio de uma proposta de pesquisa-formação.

Intitulada de “Encontros de Professores de Estudos sobre Letramento, Leitura e Escrita (EPELLE)”, esta proposta busca construir um olhar do pesquisador na escola com o professor que, igualmente estará junto ao seu aluno, de modo a inaugurar a possibilidade de se estabelecer um diálogo entre o campo acadêmico-científico e o escolar. Logo, funda-se o compromisso de partilhar a responsabilidade entre pesquisadores e professores da Educação Básica, envolvidos nesse processo, frente os baixos índices de aprendizagem da linguagem, leitura e escrita.

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Apostar na formação continuada como principal ação de pesquisa representa o investimento deste novo espaço de formação em encorajar professores a serem autores de suas práticas. Segundo Andrade (2010), esse movimento faz-se necessário, pois “Não há um espaço social, uma esfera de comunicação, onde este profissional tenha oportunidade de dizer, de ler, de esclarecer objetivamente representações que possa ter formulado a respeito de seu ofício.” (ANDRADE, 2010, p. 191)

A formação compreende todo o período do projeto, portanto terá a duração de quatro anos (2011-2014), com um encontro semanal, de três horas, no horário noturno. Além dos encontros, certo tempo será destinado às leituras teóricas, à escrita de materiais pedagógicos (planejamentos, anotações de exercícios e avaliações de alunos), memoriais de formação, assim como a produção de gêneros orais/escritos a serem comunicados e/ou publicados. Deste modo, prevê-se sessenta horas de encontros presenciais e cento e oitenta horas de encontros denominados “individuais-autorais”.

Considerações parciais

Podemos considerar esta nova proposta de formação continuada, em curso, enquanto um espaço que busca romper com as concepções existentes de professor em formação, uma vez que convida este para o centro do debate e se apresenta como um interlocutor verdadeiramente interessado pelo discurso docente.

Nesse espaço, de estudos teóricos e práticos, o professor é instigado a pensar e significar coletivamente, junto aos seus pares, por meio de um processo reflexivo, o que agregar desta formação ao seu trabalho pedagógico, configurando-se assim autor de suas práticas.

Logo, sua contribuição enquanto pesquisa-formação se situa pelas suas contribuições tanto no processo de escrita autoral da prática docente, quanto na construção de uma identidade docente, além de trazer à tona a necessidade de se criar novos espaços de diálogo e troca de experiências, enfim, de uma formação verdadeiramente docente.

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Referências bibliográficas

ANDRADE, Ludmila Thomé. Personagens e enredos de práticas pedagógicas na cena da formação docente. Educação e Sociedade, Campinas, v. 31, n. 110, p. 179-197, jan.-mar. 2010.

BARRETO, Elba Siqueira de Sá; GATTI, B. A. Professores do Brasil: impasses e desafios. Brasília: UNESCO, 2009.

GATTI, Bernadete Angelina. Análise das políticas públicas para formação continuada no Brasil, na última década. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 37, p.57-186, jan./abr. 2008

LONGAREZI, Andréa Maturano; SILVA, Jorge Luiz da. Interface entre pesquisa e formação de professores: delimitando o conceito de pesquisa-formação. In: EDUCERE (Anais) Paraná, 2008, p. 4048-4061.

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