�-- ---�---.
entrevista
+
ESCOLAS
INVESTEM EM
INCLUSÃO
DE
DEFICIENTES
DIRCEUGETÚLIOCEGUEIRA
NÃO
IMPEDE SUCESSO
DE
RADIALISTA
Tecnologia'
PAG06
SINESTESIA:
QUANDO OS
SENTIDOS
SE
EMBARALHAM
Comportamento
• PAG 11SEXTO
SENTIDO,
FENÔMENO
QUE
A
CIÊNCIA NÃO
PODE
EXPLICAR
Comportamento
•PAG13CEGOS
AGUÇAM
AUDiÇÃO
E TATO
COM GOALBALL
Esporte
•PAG 15CURSO DEJORNALISMO DA UFSC •
FLORIANÓPOLIS,
DEZEMBRO DE 2006 • ANOXXII·NÚMERO
4 • ESPECIAL SENTIDOSHENRIQUE SILVEIRA
CENTRAIS
02
Opinião
--"!'!Iii!. .
Sentidosm
Florianópolis,
dezembrode 2006______=====-�� __=_=.=...""""!ir"" ... .
ílIII..ôio �","'...
=
Carta
ao
leitor
Não é fácil tocar no assunto, mas
quando
ascoisas não cheirambem,
àsvezestemosquefecharos
olhos,
contarcom a
intuição
e rezarparaque,depois
deumbanho demar nas
praias
de Floripa,
fique
umgostinho
de quero mais.Nada mais
justo,
explorar
conscientemente todos os sentidos
humanos,
tema deste
Zero,
parapercebermos
os detalhes do ambiente que nos cer ca. Mesmoque não
sejam
tãodetalhesassim,
casodasituação
desaneamentonas
praias
eregiões
movimentadas deFlorianópolis
- cidadeparte
paraíso
eparte
infernoparaos olfatosmais apurados-,
cujo
sistemadeesgoto
foi desbravado
pelos repórteres
dojornal.
Deixandoosodoresdelado,
restamnos outros
quatro
sentidos(tem
gente
que afirmaria
cinco)
quepodemos
explorar. Lição
quepode
ser dadapelo
afinador de
pianos
Christtiano Barto siakepelos
cegospraticantes
dogoal
ball
-matéria de
esporte
dapágina
15.Ambos com
audição invejável,
responsável
pelo
aumento da auto-estima eestímulo paraavida ou
simplesmente
para
conquistar
oganha-pão
e,dequebra,
mantertradição
familiar.Além da
música,
agastronomia
também
enriquece
nossaspáginas
de cultura e
apresenta
maisum sentido.Quem
disse que"onde
ganha-se
opão
nãose come a carne" não tinha a menor noção
dequão
prazeroso é estimular aspapilas
gustativas
aomáximoerecebersalário paraaprovar,ou
não,
asbebidasmaissaboreadas noBrasil. Hábito que
pode
estaraoalcance deleigos,
bastando
força
devontade,
sensibilidade,
eunslitros dabebidafavorita.
Masnem sempre
aperfeiçoar
nossapercepção
é suficiente paragarantir
mos um ritmo de vida
longe
de complicações. Avançamos
aqui
para outrossentidos e outra
editoria,
embarcandonasagrurasda ausência de visãoeaudi
ção,
dificuldades nemtãoimpactantes
quando
setemcriatividadeou acessoàsnovas
tecnologias
que paraalguns
sãopassatempo
eparaoutros, ferramentasindispensáveis
no dia-a-dia. Softwaresde mensagens
instantãneas,
máquinas
Brailleeprogramas reconhecedores de
vozaumentamaeficiência
profissional
dedeficientes. O
complicado
é acharobotãozinhoque
desliga
opreconceito.
Por
fim,
e não necessariamentenessa
ordem,
oZeroreservou um espaço para ouvir
especialistas
em diferentes áreas e buscou esclarecer o
que é o misterioso sexto
sentido,
emconversa com
especialistas
e indo à fonte: um culto do SantoDaime,
religião
sustentadapela exarcebação
dos sentidos através do chá deayahuasca,
umamisturade
plantas
deusoindíge
na.
Proposta
maisexótica,
só mesmosentindo o
gostinho
do amarelo e atextura
daquela
balada dos Beatles.Comportamento
estranho àgrande
maioria da
população,
mas que fazparte
da vida dossinestetas.Apure
ossentidosnesteúltimo
jornal
de 2006.ZERO
CHARGE
CLOVISGEYER
erramos
Na
foto da matéria
"Ojogo
da vida
naponta
do
lápis",
do
Zeroespecial
Dinheiro,
número3,
apessoa não
corresponde
à personagemda maté
ria,
A.V. Os nomescitados
na matéria "Avida
emjogo
nofim da conta"
naspáginas
centrais sãofictícios.
ZERO
AugustoKõechEDIÇÃO
•JésicaMaia ClovisILUSTRAÇÃO
PROFESSORCOORDENADOR *****Geyer·
Cora Ribeiro FredericoCarvalho MelhorPeçaGráficaRafaelPaulo=Rosalvo StreitJr Fabio Yamauchi
INFORMAÇÕES
I,II, III,IV eXIStenia Andrade SetUniversitário
/
PUC-RSEDITORAÇÃO
IMPRESSÃO:Diário Catarinense1988,89,90,91,92e98
ESPECIAL SENTIDOS Daniele Martins·Érica
Georgina
CIRCULAÇÃO:Nacional Curso de Jornalismo daUFSC REPORTAGEM RobertaÁvila· Tiago Agostini
DISTRIBUIÇÃO:Gratuita*
Florianópolis,
dezembro de2006 CarolineMazzonetto•DaianeFagundes
TIRAGEM:5.000
exemplares
FOTOGRAFIA 3°melhor
Ano XXII· Número 4
DirceuGetúlio· EdlenaBarros Jonal-laboratóriodoBrasil Fechamento: 08de dezembro CarolineMazzonetto• Dirceu Getúlio TELEFONES
Euclides Garcia•
Felipe
SeffrinFelipe
Seffrin•Henrique
Silveira +55(48)
3331.6599· 3331.9490 EXPOCOM1994REDAÇÃO
DOJORNALJacy
Diello•Luana Rech MarinaGazzoni •Tatiana Leme 3331.9215·FAX:3331.9490
Cursode Jornalismo Marina Gazzoni • Paola Bello
Vitor
Hugo
Brandalise *UFSC -CCE-JOR
Raquel
dos Santos· SaraUhelski NAINTERNET MelhorJornal-laboratórioTrindade
-Florianópolis,
SC Tatiana Leme·TicianiAguiar
MONITORIA SITE:www.zero.ufsc.br IPrêmioFocaCEP 88040-900 Vitor
Hugo
Brandalise LucasAmorin CIRCULAÇÃO:zero@cce.ufsc.br
Sind. dosJornalistas de Se,2000I -I I
ZERO
--_ .. ;..�.. _..Despreparo
afeta
educação
inclusiva
Diretora
da
FCEE,
Laureei
Wiggers,
alega
que
falta de
tempo
e
dinheiro
também
travam
política
social
JACY OIEllO
Os sentidos fundamentais do
corpo humano
-visão,
audição,
tato,
paladar
e olfato - constítuem as
funções
Quepropiciam
o nosso relacionamento com oambiente. Através
deles,
o corpo
pode
perceber
muita coisadoQue o
rodeia,
contribuindo paraasobrevivênciae
integração
como meio. Ter
algum
desses sentidos
comprometidos
é sinônimo de umainteração
diferente. Paraminimizaros
comprometimentos
para as
crianças
em idade escolar,
as escolas de Santa Catarinatêm adotado uma
política
de inclusãocomlivrosem
Braille,
professores
intérpretes
ecriação
doServiço
de AtendimentoEspecia
lizado(Saede).
No
estado,
de acordocom dados da
Fundação
Catarinense deEducação Especial (FCEE),
1570 alunos deficientesauditivos;
772com
algum
tipo
de deficiência visuale
3,5
mil estudantes com deficiêncialeve
já
estão cursando as escolas regulares. Implementando
apolítica
deinclusão,
garantida pela
Lei de Acessi bilidade(Decreto
Federaln°5.296/04),
em
2006,
asescolaspúblicas
doestadotambém receberam um total de 2.215
alunos de6 a 10 anos com deficiência mental moderada.
Nesta
edição
doZero,
adiretora deEnsino, Pesquisa
e Extensão da Fundação
Catarinense deEducação
Especial
(FCEE),
Laureei PereiraWiggers,
fazumrelato sobre a
política
de inclusão emSanta
Catarina,
comautoridadedeQuem trabalha hámaisde38anos naárea.ZERO- Em
2004,
foiaprovado
o Estatuto Estadual da Pessoa Portadora
de Deficiência em Santa Catarina. Esse foi o
primeiro
passoparaaEducação
Inclusivanoestado?LAUREei - Santa Catarina tem uma
história de
educação
inclusiva muitoantiga.
Emalgumas
áreas nós nuncativemos a
educação segregada,
comonocaso da deficiência sensorial
(sur
dos ecegos).
Em1994,
criaram umadeclaração
mundial,
chamada deDeclaração
deSalamanca,
Que foi oprimeiro
passo para aeducação
inclusiva. Também
já
havia um outrodocumento,
aDeclaração
deJomtien,
Que coloca a
educação
como sendoum direito paratodos. Se a
educação
é para
todos,
elajá
éinclusiva.Depois
dessas
declarações,
começou-seatrabalhara
educação
inclusivanoBrasil.Em Santa
Catarina,
começamos em1987 com a
integração.
Essejá
era umpasso da
educação
inclusiva.ZERO
-Qual
adiferença
entreesseSe
esses
alunos
fossem
estimulados
desde
pequenos
seria
muito
mais
fácil.
A
sociedade
ainda
os
enxerga
como
coitadinhos,
e
possíveis
pedintes.
nmodelo
(integração)
e ode inclusão? LAUREei - Adiferença
entre a integração
e a inclusão está na concepção,
Que tem umaimportância
fundamental. A
própria
legislação
dizia Que,para a
integração,
a pessoa deveriaadaptar-se
aescola. Para ainclusão,
aescola deve
adequar-se
à pessoa. Trabalhar com a diversidade é ofoco da
inclusão. Como todos não são
iguais,
aescola sempre deveriatrabalharnes
sa
perspectiva.
Porque
nenhumaluno,
índepen
dente de ser ou nãodeficiente,
éigual
aooutro. ZERO - Comofoi emSanta Ca
tarina esse pro
cesso?
LAUREei
-Bom,
fizemos essa experiência em Santa
Catarina,
chamadade processo de
integração,
Que foiavaliadaem
1997,
através deumapesQuisa
emtodoestado. Nesseprocessode
integração, conseguimos
colocarnas escolas todas as pessoas com
deficiência sensorial. A maioria dos
deficientes sensoriais
já
estava, masaindahavia muitos fora da escola.Co
locamos também os deficientes men
tais leves
(Síndrome
de Down comdeficiência
leve,
outras síndromes edeficiências
leves).
ZERO- Falandonosdeficientessen
soriais. No estado existem 84
profes
sores
intérpretes
para mais de 1500alunoscomdeficiência auditiva. Esse
número ésuficiente?
LAUREei
-Não,
mas nem todos osalunos deficientes auditivos são
aten-HENRIQUESILVEIRA
didos
pelos
professores intérpretes.
Começamos
aimplantar
essapolítica
sensorialinclusivaem
algumas
regiões
há dois anos. Para ter uma
idéia,
noestado temos 68 turmas, Que corres
pondem
a436alunos,
comaulas totalmente em Libras.
É
o Que chamamosde
educação bilíngüe.
Nessasclasses,
o
português
nãoéaprimeira língua,
esim,
asegunda.
Temostambém 84turmas
mistas,
num total de 351 alunos.São nessas turmas
Que os
intérpretes
trabalham. Os ou
tras 1134 alunos deficientes auditi
vos são atendidos
pelos
208 Saedes(Serviço
de atendimento
especiali
zado),
no horáriooposto
àsaulas.ZERO - No caso dos alunos aten
didos
pelo
SAEDE,
oaprendizado
é através deleitura labial?LAUREei
-Sim,
porque não temosprofissionais qualífícados
para traba lharem comointérpretes.
Os alunosatendidos
pelo
SAEDEsão,
geralmen
te, de
municípios
muito pequenos,ondenão existem
profissionais.
Prepa
rarum
intérprete
éumsufoco,
porqueeleéum
professor
Que vaidar aulaemuma outra
língua
Que não conhece.Leva muito
tempo.
O Que fazemos éselecionarum
professor
Quejá
conhece um pouco de Libras e
Qualificá-lo.
Damos um curso de 180
horas,
masissosó funcionacom Quem
já
conhecea
linguagem
dos sinais.ZERO - Como é a
capacitação
dosprofessores?
Eles estãopreparados
para lidar com os alunos deft cientes auditivos?
LAUREei - Em
2004,
Quando
começamos a trabalhar com o en
sino em
Libras,
e abandonamoso ensino através da
Oralidade,
demos nove cursos de 80 horas
para os
professores,
e 360 horas de curso para a comunidade. No anoseguinte,
demos mais sete cursos, num total de 360horas,
para os
professores
e 280 horaspara as famílias. Este ano foram
180 horas de curso para os pro
fessores. O Que acontece é Que
não temos pessoas
qualíficadas
para dar os cursos. Geralmente
precisamos
trazer osprofissio
nais do Rio de
Janeiro,
eissotemumcustomuitoalto. Umcursode
português
comosegunda língua,
por
exemplo,
não sai por menosde
R$
30mil,
paracapacitar
somente 40 pessoas. Diminuímos o
númerode horasesteano em
fun-ção
dos custos. A maioriadeleséfeito em
parceria
com o Ministério daEducação.
Se tivéssemoscondições
de realizar as
capacitações
seguidas,
em um ano
conseguiríamos
formarumprofessor
intérprete,
se ele estivessedentrodos
pré-requisitos.
ZERO- E
osalunos deficientes visu
ais? Como énocasodeles?
LAUREei - Se esses alunos fossem
estimulados desde pequenos seria
muito mais fácil. A sociedade ainda
os enxerga como
coitadinhos,
e possíveis
pedintes.
Se eles forem ensinados,
desdecriança,
a aguçarem seusoutros
sentidos,
como o tato e a audição,
não teriam nenhumproblema.
Na saladeaula,
os alunos deficientesvisuaisrecebem do estado todo o ma
terial necessário: livros didáticos em
Braille;
mapasadaptados;
cadernospara escrita em
Braille;
papel
Braille,
e ainda
podem
gravar a aula para ouvirem
depois.
Geralmente,
possuem aaudição
muitoaguçada.
Nas salas deSaede
(em
SC existem 120salas,
sendo Que 56 possuem o
Dos/Vox),
elespossuem
computadores
com o programa
Dos/Vox
(programa
de áudioadaptado
paracegos),
asmáquinas
Braile e todo o material para estimu
larosoutrossentidos.
ZERO- Em doisanos
já
dá paraavaliaras
mudanças, principalmente,
no casodos deficientes auditivos?LAUREei - Com o ensino em Libras
avançamos muito. Já fizemos uma
pesquisa,
mas ainda não temos osdados para te dizer se estamos me
lhores ou
piores.
Masjá
sentimos Que com osprofessores bilíngües
einterpretes
os alunosaprendem
melhor.
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
l1li
Saúde[biodança]
ZERO
Sentidos•Florianópolis,
Dezembro de2006 W' - -l'Wifil''';;;''''��_' """"""__''_'''''''"""_"""",__"",,,,,,,,,,,,,,__,,,,,,,,,,,, ,,,,,,__Dança
dos sentidos
melhora auto-estima
Criada
na
década
de
sessenta,
no
Chile,
a
biodança
estimula
o
conhecimento do
corpo
e a
integração
com o
meio
facilitadora
Geny
explica
que "ela mesclaexercícios de dançacom o autoconhecimentoe
busca
atingir
aintegração
domim".
Segundo
ela,
aBiodança
trabalha muito o tato, a visão
e a
audição.
E éesseconjunto
de sentidos que "a
dança
daTATIANA LEME vida"
ajuda
adesenvolver.
TATIANA LEME
... criada
paraservivenciadaem
grupo, oque
importa
éo contato entreos indivíduos.
É
porisso que, mesmo que emcada
vivência se
façam
movimentos ou exercícios
diferentes,
todos eles remetem ao usodotato, da visão e da
audição.
Osintegrantes
de um grupode
Biodança
são levados ase
abraçar,
sebeijar,
seolhar,
cami nhar e soltar ocorpo.Genyacre
ditaque, com
a correria do
dia-a-dia,
ficamos mui to distantes das pessoas. ABiodança
vem incenti-tivamente.Além do tato, a
audição
émuito
importante
durante asaulas.
É preciso
estar atentoàs músicas que dão base à
execução
das vivências. Edgar
Spitaletti,
autordeurn sitesobre
Biodança,
escreve que,durante a
prática,
escuta-se amúsica "com o corpo, com o
coração
ecomacabeça" (veja
box).
Valda de
Andrade,
quejá
tivera contato com a Biodan
ça
quando precisou
buscar aauto-estima,
diz que "ouvirasmúsicas me
transporta
paraoutro
lugar".
Paraela,
o movimento do corpo e da
cabeça,
acompanhado
com ascanções
éo queafaz trabalhar a men
tee a
emoção.
Mas Valda achaqueosentidomais
importante
usado na
Biodança
é a visão:"nãoexiste nada como o olho
no
olho;
équando
você diztudo." Elaafirmaque só assim é
possíveller
amensagemque ooutroquerpassar.É
dando as mãos quetudocomeça.
Descalços
eemroda,
um grupo de diabéticos e hi
pertensos
da terceira idadevai tero seu
primeiro
contatocom a
Biodança.
Os 40 idosos que se reúnem uma vez
por mês no Posto de Saúde
da Trindade recebem
expli
cações
da facilitadora- nomeusado paraquemministra au
las de
Biodança
-Geny Apa
recida Cantos sobre o tema
daquele
encontro:"Bíodança
com
Alegria."
Depois
de meiahora deexplicações
eapresentações,
aparte
prática
começa. Aosomde
canções
escolhidas de um acervo musical daBiodança,
os
praticantes
passam por 12vivências.Cadaumadelascor
responde
a uma música quepropõe
um exercício de dança. Como a
Biodança
se propõe
a ser a"dança
davida",
aNão é
preciso
saber
dan-AUTOCONHEC!MENTO
Geny
(dir.)
em umaaula da
"dança
davida" indivíduo com ele mesmo e comasociedade."A
Biodança
ajudou
IvoneCruznafase em que mais pre
cisava.
É
por isso quehoje
elase tornou uma facilitadora:
"para
que eu possa retribuir tudo que aBiodança
fez porVISÃO
Para Valda de Andrade(esq.)
o olhar fala var otoque,
através do
abraço,
dobeijo
e de um simples
aperto
demão,
para queas pessoas se
reintegrem
afe-çar para fazer uma aula de
Biodança.
As facilitadoras afirmam que,comoessa
dança
foiPara todos
e sem
eontra-indicaçõ
s,
a
prática
mistura
terapia,
filosofia
e
ritmos
biodança
+
Sentidos usados
pela
biodança
Segundo
Eduardo
Spitelli:
A
Biodança
foi criadapelo
psicólogo
eantropólogo
Rolando Toro de
Araneda,
umchileno que, em
1965,
desenvolvia umtrabalho de
pesqui
sa com um grupo de
esquizo
frênicosnoCentrodeEstudos
da
Antropologia
Médica naUniversidade do Chile.
A
depressão
desses pacientes levou Araüeda
a usar um método não
convencional - a dan
ça. Com o sucesso dos
resultados,
o método começou a ser funda mentado.Segundo
ele,
o Sistema
Biodança
é mais que uma técnicaterapêutica
eprofiláti
ca, é uma filosofia de
vida.
soai,
do grupo e o intercâm bio de conhecimento.Em
pé,
osparticipantes
começam a
praticar
as vivências. Ao som das músicas do
catálogo
daBiodança,
elesse movimentam
sozinhos,
aolado deoutros
dois,
quatro
oucom uma nova
aceleração.
Os estilos das
canções
vão desdesamba atémúsicasclássicas,
devidamente escolhidas para cada momento.
A
Biodança
propõe
que cadaum encontre um
jeito
de seexpressar.
Tato
-Incentiva-se
o
abraço,
obeijo,
oafeto,
principalmente
quando
écomalguém
do
grupoque ainda
não seconhece,
éincentivado
o.É
estimulado
ocontato
da
pele,
isto
é,
tocar-sesem
resistência.
Paraquem
A
Biodança
é indicada para todas
as pessoas. Seu mo
delo
permite
adap
tar as vivências às
necessidades de
cada grupo. Bas
ta
desejar
crescer comoindivíduoe se conhecer melhor. Os facilitadoresVisão
-É
imprescindível
o"olho-na-olho".
É
umaforma
de
comunicação
não-verbal
quetrazum
universo de
emoções
poucopercebido
nocotidiano.
Audição
- Amúsica
é oelemento
quepermeia
todaaaula de
Biodança.
Quando
seouvea músicacom ocorpo,
o
indivíduo fica
impregnado
por
ela
etemvontade de
sesoltar;
quando
se ouve com ocoração,
amúsica
setornaum
caminho
para se acessaras
próprias
emoções;
quando
se
houve
amúsicacom acabeça,
diferencia-se
oritmo
da melodia.
estudam cerca de durantequatro
Abraços
epés descalços
Uma aula O grupo começasentado,
formando umaroda,
em que
partilha
asexperiên
cias das últimas aulas ou até
algum
acontecimentoimpor
tante da vida. Nesse momen
to, além de
falar,
escutar étambém muito
importante.
Oobjetivo
é ocrescimentopes-anos emescolas es
pecializadas,
além de terem aobrigação
dejá
ter
participado
de um grupoantes.
Segundo
a facilitadoraIvone
Átala
Cruz,
épreciso
sepreparar para oferecer a pos
sibilidade de trabalhar o cor
po, amentee a sensibilidade.
(TL)
do grupotodo.Cada
aula,
quepossui
entre12e15vivências,
começa com ritmosrápidos,
passa por uma
desaceleração
-quando
épossível
relaxar,
fazer movimentos suaves econectar-se
consigo
mesmoe com os outros - e
termina
Fonte:www.qeoctties.com/spitatetti/
ZERO
,�entidos
mFlorianópolis,
dezembro de2006Saúde
MIQuando
a
falta
de
visão
não
é obstáculo
Paraatleta
supera
as
necessidades
especiais
e corre
atrás
do
grande
sonho:
terminar
o
curso
de
jornalismo
SARA UHELSKI
Nodiaemque saiu da clíni
cade
oftalmologia
emJoinvillee foi passear
pelas
ruas da cidade,
Zezé enxergou o mundode outra maneira. Era tudo
"tão
claro,
bonito ecolorido",
queelanão
queria
mais tiraraslentes de contato que acabara
de colocar.
Depois
dedezanossemencontrar alternativas pa
ra abaixa visão quetemdesde
que nasceu
-combinação
decatarata,
astigmatismo,
estrabismo,
entre outros -, não foram sóas cores dacidade que
ficaram diferentes. Zezé
pôde
ver melhor também as meda
lhas que
ganhou
correndo emparaolimpíadas
e mundiaisparaolímpicos
e, acima detudo,
uma nova
oportunidade:
ini ciar suaalfabetização
àtinta,
aquela
quepermite
às pessoas ler e escrever utilizando as
palavras,
damesmaforma quevocê lêesteZero.
Aos 29anos,ela quer apren
der a escrever para, no
futu-8RONZE AtletamedalhistanoMundial
Paraolímpico
de2006ro, ver o "Maria José
Ferreira
Alves",
seunome de
batismo,
naassinaturade notícias
de
jornal.
Cursando osegundo
ano dafaculdade de
jornalismo
no Instituto
Superior
e Centro Educacio
nal Luterano
(Ielusc),
foi lá que conheceu
a
professora
MárciaAmaral,
encarregada
pela
faculdade deauxiliá-la durante as
aulas. Márcia incen
tivou Zezé a voltar a
procurar um
médico,
que recomendou len
tes de contato, mais
tarde substituídas por
óculos,
pela
dificuldade de
adaptação.
Elesnão
corrigiram
expressivamente sua
visão,
mas
permitiram
umanitidez suficiente para
aprender
a ler e escrever nu malinguagem
além dobraile,
que estudou desde
criança.
Na
faculdade,
Zezé gravatodas as aulas porque não con
segue
acompanhá-las
como aARQUIVO PESSOAL
maiona de seus co
legas.
Ficaindignada
com a falta de aten
ção
eesforço
de alguns estudantes: "Se
eu
conseguisse
escrever,
jamais
ficariaemexame,não tiraria
nota menorquesete.
Não entendocomo os
outros não anotam o
que os
professores
falam. Se
pudesse,
anotaria tudo". Ela
pretende seguir
carreira no
jornalismo
esportivo,
feminino,
ou voltado para defi
cientes,
área queconsidera pouco
explo
rada
pela imprensa.
"Não tenho ilusão de
ser uma Fátima Ber
nardes,
mas sei queposso ser uma boa
repórter,
comentarista ou
produtora".
Zezé cursa
disciplinas
entre oquarto
eosextoperíodo, algu
mas atrasadas por causa das
Surdos buscam
igualdade
de
tratamento
Proibição
dos
pais
não
impediu
Flaviane de
aprender
língua
de sinais
e
concluir
mestrado
EUCLIDES GARCIA
Até um ano emeiode ida
de,
Flavianeera umacriança
como todas as outras. Para
a mãe da
menina,
porém,
algo
parecia
estar errado ea família resolveu levá-la a um
especialista.
Diferentesbarulhos foram feitos per
to da
criança,
mas ela nãorespondeu
a nenhum deles.Flaviane era surda. Um exa
me
simples,
chamado testeda orelhinha
(veja box),
teria identificado o
problema
ainda nos
primeiros
dias devida da
garota.
A
surdez,
porém,
nãoimpediu
Flaviane de lutar por seusobjetivos.
No último dia 28 de
novembro,
eladefendeu a
dissertação
demestrado e foi
aprovada.
Hoje,
orgulha-se
em dizerque é mestre em
Educação
pela
Universidade Federalde Santa Catarina
(UFSC).
As dificuldades enfrenta das foram muitas para che
gar até
aqui.
Em toda a vidaescolar,
Flaviane Reis estudou em
colégios
para ouvintes e conviveu com as difi
culdades em
acompanhar
oque os
professores
diziam,
através da leitura labial. "Me
sentia sozinha. Demorou até
eu me
adaptar,
porque todos os alunos eram
iguais,
enquanto
eu eradiferente",
contaela.
Mesmo com todo o
apoio
da
família,
foi dentro decasaque os
problemas
começa ram. Ospais
de Flaviane nãoa deixavam se comunicar
através da
Língua
Brasileirade Sinais
(Libras).
Até queaos 15 anos de
idade,
elaconseguiu
convencer a família a deixá-Ia
freqüentar
as
associaçôes
para surdos.Flaviane disse à mãe que se
colocasse na
seguinte
situação. Ela,
brasileira e falando
português,
vai para osEstados
Unidos,
onde só sefala
inglês.
Aos poucos, seráobrigada
a seadaptar
aosamericanos e à
língua
deles,
mas, assim que encontrar
outros
brasileiros,
se sentiráacolhida entre seus seme
lhantes. "O surdo também é
assim. Nogrupode
ouvintes,
está sempre
agoniado.
Mas,
entre outros
surdos,
passa ater uma
identidade", explica
Flaviane.
Quem
tempapel
fundamental na vida dela e de
tantos outros surdos são os
intérpretes.
Todas as aulasdo mestrado de Flaviane fo
ram
acompanhadas
por umintérprete,
que era a voz doprofessor
na sala-de-aula. Nolugar
daspalavras,
o conteúdo era
aprendido
atravésdos
gestos.
SandraAmorim,
presidente
daAssociação
de Surdos da Grande Floria
nópolis,
foi aprimeira
intérprete
de Libras do Estado.Surda
parcial,
nasceu com40% da
capacidade
auditivae,
hoje,
escuta apenas cercade 25% dos sons.
Comofalava normalmente
e escutava
bem,
apesar dasdificuldades,
Sandra conseguia
estabelecer acomuni-cação
entre surdos e ouvintes. Aos 17 anos, ela
já
serevoltava com o tratamento
que a sociedade catarinense
impunha
aos surdos. "Certavez, médicos e
especialistas
vieram me
perguntar
o queera o surdo. Eu disse 'vocês
que são os
profissionais
evêmme
perguntar
umacoisadessas?'."Sandra admiteque
a
relação
com o surdo evoluiu nos últimosanos, mas o
preconceito
ainda égrande.
"A sociedade
simplesmen
te desconhece o surdo. Não
somos
incapacitados.
Nossaúnica
limitação
é nãoouvir",
desabafa.
Flaviane tem a mesma
opinião.
O maior sonho delaé que asociedade entendao
surdo da forma como ele é.
"Aspessoas
precisam
mudarurgentemente
a idéia de queo surdo
precisa
serigual.
Nós somos diferentes e te
mos nossas
particularida
des. Oque não muda éo fato
de merecermos
igualdade
comotodos os outros."
viagens
paracompetir.
Viagens
quejá
renderam aZezé cinco medalhas de bron
ze em
competições
internacionais:
quatro
emParaolímpia
das
(duas
em Atlanta e duas emAtenas),
e uma noMundialque aconteceu em
setembro,
na Holanda. Para
garantir
bons
resultados,
a atleta treinatodos os
dias,
de manhã eà
tarde,
acompanhada
porseuguia,
que a conduzpela pista
com aajuda
deumacorda.O interesse
pelo
esporte
surgiu
no Rio de Janeiroquando
Zezé tinha 13 anose estudava em uma escola
especial
para cegos. Decidiuentrar na
equipe
deatletismodo
colégio
porgostar
de ummenino que fazia
parte
do time. Aos 17 anos
já participa
va decompetições regionais
enacionais e, desde
1994,
fazparte
daSeleção
Brasileira deAtletismo
Paraolímpico.
"Começou como uma
paixão
pré
adolescente e virou a
paixão
da minha vida".
Entenda
como
é
feito
o exame
Umexame
simples
feito
após
onascimento do bebê
pode
detectar seeletemalgum problema
auditivo.
O tratamento precoce
da
surdez
evita
problemas
nodesenvolvimento da
criança.
Também chamado de
EmissãoOtoacústica,
otesteéindolor,
dura
aproximadamente
de
5a10minutose
pode
serfeito com obebê dormindo.
Passos
do
exame:1.
É
feito
umestímuloacústico
naorelha do
bebê
2.A
resposta
indica
queaaudição
dorecém-nascido
é normal3. A
falta de
resposta
indica queobebê
precisa
fazerotesteBera
(Potencial
EvocadoAuditivo
de TroncoEncefálico)
4.Casoadeficiência
seja
confirmada,
acriança
deve
serencaminhadaa um
especialista
para
receber
omelhortipo
de
tratamento.
FONTE: Laboratório de Estudos da VozeAudição (UFSC)
--_..,._----_.. -
--ZERO
Equipamentos
não
superam
preconceito
Com
software
especial
e
máquina
braile,
radialista
cego
produz
seu
programa,
mas
não consegue emprego
fixo
DIRCEUGETÚLIO
DIRCEU
GETÚLIO
Após
apesqui
sa,Jeancomeçaa
escrever o roteiro
embraile.Omate
rialé lidoemtem
po real.Duranteo
programa, um ou
vinte telefona pa
ra
pedir
novamente os números da
mega-sena. Para
quem
vê,
é umaangústia.
Jean começa a procu
rar a
informação
naquele
roteirocheiode bolinhas
em alto relevo.
Para quem não
vê,
éumatranqüi
lidade.Em três
se-gundos,
o locutor encontra ainformação.
"Tenhofacilidade,
porque desde pequeno apren
do a leitura em
braile",
contaSchutz.
O
operador
deáudio,
Da nielCapiotti,
conta que foi estranho
quando
começouatrabalhar comJean. "No começo,
não sabia se daria certo. Mas
mingo Especial
no ar. Porisso,
procuraoutro
lugar
para trabalhar duranteasemana.
Formado em
jornalismo
desde o ano
passado
na Universidade do Sul de Santa Ca
tarina
(Unisul),
Jean acreditaque está
desempregado
porpreconceito.
"No meu currículo está escrito que fizcursosna
Acic
(Associação
Catarinensepara Inclusão do
Cego).
É
bemfácil descobrirem que sou ce
go",
comenta.Até o ano
passado,
o locutor
estagiou
na assessoria deimprensa
da Brasil Telecom.Lá,
possuía
umcomputador
com os mesmos programasque utiliza em casa.
Redigia
textos,
pesquisava
na interneteentravaem contatocom ou
tros
profissionais.
"A empresaque quercontratarumcego
tem que fazer as
adaptações
necessárias",
explica.
Se isso for um
incõmodo,
ele mesmofacilita: "TenhoumCOcom osprogramas que
preciso
paratrabalhar.
É
só colocar namáquina
erodar". "Muito boa tardeamigos
eamigas
ligados
nos 1060qui
lohertz! Está entrando no ar
mais uma
edição
do seu, domeu, donosso
Domingo
Espe
cial". O locutor anuncia o iní
ciode maisuma
atração
naRádio Gazeta. Oprograma é todo
produzido
porele,
comoauxílio de softwares
especiais,
umrelógio
quefala as horas através de um auto-falante e uma
máquina
rústica que escreveembraile. JeanSchutznãodei
xa a deficiência visual
atrapa
lhar osonho que sempre teve
deserlocutorde rádio.
Durante asemana, o
jorna
listaacessa aInternetcomseu
computador
turbinado comprogramas
adaptados,
que lêem por meio de um recurso
de voz o que
está
escrito natela. "Os softwares me
permi
temfazer tudo oque eu
preci
so: acessar ainternet,
usar oWord
(editor
detextos),
tercaderno de
telefones,
ler emails", explica.
DIFICULDADE Fama não
garante
emprego fixo
aoradialista Jean Schutz
depois
vocêpercebe
queelejá
sabe muito bem o que fazer".
E sabe mesmo. No
intervalo,
quando
os microfonessãodesligados
e épermitido falar,
Jean começa a
digitar.
Escreveem braile o nome de todas as
pessoas que
ligaram
paraconcorrer aosorteiodo programa.
Quando
volta aoar, Jeanpede
ajuda:
"Diga
umnúmerodeum adez,
Daniel"Preconceito
Mesmocom aboa audiência
do seu programa, Jean Schutz
não
possui
vínculo empregatício com a rádio.
É
ele quemfaz a correria para
conseguir
patrocinadores
emanter oDo-Aparelhos
o
dia-a-dia
facilitam
integraç
�
o
de
surdos
DIRCEUGETÚLIO
A entrevista não
poderia
ter sido feita de outra forma:
por meio do MSN
Messenger.
Afinal,
a bacharel em Ciências da
Computação,
MarianaCampos,
ésurda e utiliza dessa
tecnologia
parase comunicar com os outros. Além
dis-15 mensagens. Também utiliza
o celular como
despertador.
Apedagoga
Karin Strobel- surdadesde os
quatro
mesesquando
ummédico receitou-lheumantibiótico muito forte
-conta que
antigamente
faziaumaverdadeira
gambiarra
para acordar. "Eu usava umdespertador
queestava
ligado
com oabajur.
Quando
odespertador
tocava, oabajur
acendia na mi nhacara".Era um método
primitivo,
talcomo estásetornandoo
TOO,
o
aparelho
telefõnicopara surdos. No ore
lhão
adaptado,
a mensagem é
digitada
emum teclado
acoplado
no
aparelho.
Na central
telefõnica,
urnoperador
lê o conteú do para quem está dooutro ladoda linha. O
problema
é que a falta de
privacidade
na conversaestáafastando
alguns
surdos desse
tipo
detecnologia.
É
o caso doprofessor
so, mensagens
pelo
celular,
e-mails, fax,
televisão com legendas
ecampainhas
lumino saspermitem
umarotina vantajosa
emrelação
aopassado.
Mariana
Campos
se comunicabastantee no dia daentre
vista
já
tinha enviado cerca deRodrigo
Marques,
surdo desde os 6
anos por causa de
uma
meningite,
quenão utiliza o apare
lho há mais de um
ano. "Não
gosto
dessesistema. Para me
achar,
sónabasedocelular",
comenta.Apesar
de tersetornado mais in
dependente,
o professor não acredita
quecom atecnolo
gia
esteja
mais livre.
"Agora,
a filhasabe onde você es
tá,
o chefe e o cobrador
também",
brinca,
embora reconheça
que obe-nefício
seja
maior.Antes,
se Rodri-lJ.VANÇU Tecnologia
tornou oTOOprimitivo
go
quisesse
sein-formar de
algo, precisava
daboa vontade de
alguém.
E a vida da
Mariana,
então? "Eu sofri demais! Tinha mo conta
Rodrigo Marques:
"Quando
não estou a fim de\
to
depender
dos outros. Nemposso
imaginar",
diz.Hoje,
afacilidade é muito maior.
Co-menos contato, menos ami
zades.
Ufa!",
desabafa. Sem atecnologia,
ela acha que ficaria
perdida.
"Era muitocha-fazer o rango, mando a men
sagem parao restaurante e o
Xis estánamesa!".
(OG)
,I',":j iliA' MSN
ajudou
Mariana a se comunicar melhor no trabalhoiW
Cidadania
[boas noticias]
dezembrode2006
ZERO
Portas abertas
para
deficientes
visuais
Lei
garante
vagas
em
empresas
para cegos,
mas
mercado de
trabalho ainda enfrenta
dificuldades
para
contratá-los
CAROLINE MAZZONETTO
Cíntia Assmann trabalha há
nove meses em uma empresa
de
telemarketing
de Florianópolis.
Era monitora na área decontrole de
qualidade,
mas começou a sentirdores
pelo
usoexcessivo do
computador
efoitransferida para a
recepção.
Ahistória écomum, maste' im
diferencial: ela é quase ega. Com 10% de visão no olho di
reito e nadano
esquerdo,
estáentre os cerca de
2,4
milhõesde brasileiros que têm dificul
dade paraenxergar ou são ce
gos.
"Algumas
pessoasseadmiram edizem:
'aí,
vocêtrabalha,
como
consegue?''',
comenta.Antes da empresa de tele
marketing,
era funcionária dabiblioteca
daAssociação
Catarinensepara
Integração
doCego
(ACIC),
daqual
é sóciahá doisanos.A entidade
possui
700cadastrados efoi criadaem 1977.
Desenvolve atividades
ligadas
àreabilitação
e àprofissionali
zação
dos deficientesvisuais,
além de fazerointermédio en
tre
empregadores
e cegos quequeremtrabalhar.
Paraos
empregadores,
alémde
respeitar
a lei das cotas(veja
box),
con-tratar pessoas
com deficiência
visualéuma van
tagem.
GabrielaCordeiro,
assis tente de pessoas naempresaonde Cíntiatrabalha,
cita o caso da funcionária combaixa visão que
foi transferida do
telemarketing
para o controle dequalidade
por causadaaudição
apurada.
"Eles têm auto-estima diferenciada. SãoNão há dados
formais,
mas acoordenadoradeprofissiona
lização
daACIC,
Denise Pacheco, estima em 100 o número
dedeficientesvisuaisatuantes
tamsãoasde
professor,
músico,
telefonista,
operador
deraio-x,
técnico administrativo do Go
verno e
massoterapeuta
- casodaautõnomaLeoni Artmann.
Com 1%de
vi-CAROLINE MAZZONETTO
são,
Leonipossui
um consultório
de
massoterapia
e trabalha duas
tardes porsema na em um clube da cidade.
Apren
deu aprofissão
em urn curso do Senac em1991;
entre osalunos,
era a única de
ficiente visual. "Difícilsempre
é,
mas tive sorte". Ela trabalha de
segunda
aquin
ta-feira e nas
épocas
de maismovimento atende até sete
clientes/dia.
No pequeno consultório,
oúnicoequipamento
adaptado
éorelógio
depulso
quefalaashoras. GLAUCOMA
Recepcionista
tem adoença
desde o nascimentodetalhistas, captam
maisinformações".
Dos cinco mil funcionários da empresa nas filiais
de
Florianópolis,
12 possuem baixavisãoe umécego.no mercadode trabalho da
ca-pital.
"É
difícil achar vaga. Nãoéfácil para quemenxerga,
imagi
napara quem não
vê",
explica.
As
ocupações
que maiscontra-Sinais
e
conhecimento
na
escola
MARINA GAZZONI
Os alunos da 5ª série sentam-se em círculo para
ouviras
propostas
deumadaschapas
queconcorreà
eleição
da diretoria da Escola deEducação
Básica Lauro Müller. Olhos atentos à candidata.
Quatro
alunos não ouvem a
professora
e olham para outrapessoa.Trata-se da
intérprete
Cláudia daCunha,
quetraduz as aulas em libras paraestudantes com defi
ciênciaauditiva.
Através do
projeto
Língua
de Sinais - Libras emcontextoe
educação bilíngüe
parasurdos,
fundadoem2003etestado
pela primeira
vez nessaescola,
aLauroMüllercontacomduas
intérpretes
para atenderos seus setealunoscomproblemas
deaudição.
Duranteas
aulas,
elasseposicionam
aolado dosprofessores
etransmitemos conteúdos.
Segundo
Claudia,
odesempenho
dos estudantessurdos
depende
dapostura
da família ao educar acriança.
"Ospais
confundemdeficiência auditivacommental. Pensamqueelanãoécapazde entender nada
enãoamatriculamna
escola,
nãooseducam,
por issoelestêm mais dificuldadeem
aprender".
LuizSilveiraeDeivid de Melotêm14anos,estãona
5.ªsériee
já
vivenciaramesseproblema. É
aprimeira
vezque estudamcom
crianças
ouvintes.Elessãodoisdos 1570 estudantes daredeestadual de ensinocom
deficiência auditiva.
Os deficientes auditivos sentam-se
próximos
nasala de aula paraenxergarem a
intérprete.
No intervalo,
formam um grupo aparte
nos corredores docolégio.
O motivo dodistanciamento,
segundo
Luize
Deivid,
é a dificuldade decomunicação
entreeles,
pois
nemtodos entendem libras.Duranteasatividadesemgrupo,
professores
procuramformar
equipes
mistasentreouvintes enão ouvintes.Resultado:ocontatocomsurdosfezcomque
alguns
estudantes assimilassema
língua
de sinais. "Um diameatraseie
quando
entreinasalaoutroalunotentava traduziraaulaemlibrasparaos
colegas",
contaClaudia.Apesar
de aprovarainiciativa,
osgarotos
revelamque se
pudessem
escolhergostariam
de estudarem uma escolaespecial
para deficientesauditivos,
comprofessores
surdos e material didático diferenciado.Para
eles,
acriação
de uma escolaespecial
tornariao processo de
aprendizado
maisrápido,
tanto paraalunos
quanto
paraprofessores.
Para
Cláudia,
acriação
de escolasespeciais
para deficientes auditivos facilitariaodesenvolvimento dosalunos,
atravésdautilização
demétodo não oral deensino. Destaca anecessidade de recursos visuais para
lecionare a
utilização
de libraspelo
próprio
professor
comoformas de otimizaras aulas.
"É
osonhode todoprofessor,
pai
ealuno".Sonho distante. A diretora de ensino e
pesquisa
da
Fundação
Catarinense deEducação
Especial,
Lau reciWiggers,
esclarece que não há escolaespecífica
parasurdosnoestadoenãohá
previsão
decriação
deuma. Santa Catarina tem 141 escolas com deficientes
auditivos,
mas apenas84intérpretes
em sala de aula."Faltam
profissionais qualificados
paratrabalharcornlíngua
de sinais".Na Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC),
oprojeto
'A universidadecomoespaçode estudosepesquisa
paratodos:umainclusão necessária' foiaprovado
pelo
Ministério daEducação
(MEC)
emjulho
desseano.Maisumpassoparaainclusão dealunos comdeficiên
ciadentrodo Ensino
Superior (veja
box).
--Difícil contratar,
pior
para
fiscalizar
oartigo
93da lei federal
no8213é claro: empresascom
100ou
mais funcionários
devem
ocuparentre2e5%de
seuscargoscomportado
resde deficiência
-inclusive
visual.
Masalegislação
édesrespeitada
e afiscalização
da
Delegacia Regional
do
Trabalho
(DRT)
não érígida.
Aexplicação
paraisso
éade
quefaltam
pessoascomdeficiên
cia
habilitadas
paratrabalhar,
oque
dificulta
aocupação
das
vagas. "Orespeito
àlei
pelas
empresas éparcialmente
espontâneo,
mas afiscaliza
ção
nãopode
sermassiva por causadesse
problema",
afirma
Fernando
Rigol,
auditor fiscal
do trabalho do Núcleo de
Apoio
aProgramas
Especiais
da
DRTemSe.
LIBRAS Um
professor
a mais nas salas da Lauro Mulleracesso
às
Inclusão
chega
tímida à
UFSC
Melhorar
o acessode alunos
portadores
de necessi
dades
especiais
aoEnsino
Superior.
Essaéaproposta
do
programa
'Incluir',
criado
pelo
MEC
equejá
ajudou
projetos
de inclusão de diversas universidades do
país.
NaUFSC,
essesavanços sãotímidos. "Isso ainda é
recente paranós,
porisso
não estamosdevidamente
preparados",
explica
SuzaniCassiani de
Souza,
diretora do
Departamento
de Ensino
eGraduação
da universidade.
Entreas
mudanças,
alunos surdos dos
cursosde
Mestrado
eDoutorado
agorajá
contamcom oaUX11io de
três
intérpretes.
Eles lêem todos
ostextosetraduzem
osconteúdos das aulas
aosalunos,
tantogestos
parasurdos
comosinais verbais
para cegos. Masonúmerode
interpretes
éconsiderado
pequeno,pois
alinguagem
de
sinais
exige
sempredois
profissionais,
quese revezampara
conseguir acompanhar
oritmo das aulas.
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