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Angelica Santos Ramacciotti

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Academic year: 2021

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O ESTADO DA ARTE DO APRENDER COM O USO DA TECNOLOGIA NO

ENSINO FUNDAMENTAL DO BRASIL

Angélica Santos RAMACCIOTTI.

lica.ramacciotti@gmail.com

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP) Bolsista CNPq Orientador: Prof. Dr. Fernando José de Almeida.

Resumo

O presente trabalho apresenta uma pesquisa em andamento sobre o estado da arte do aprender com o uso da tecnologia no Ensino Fundamental do Brasil. No momento, está se realizando um levantamento de periódicos nacionais online, de acesso aberto, na área de Educação. A segunda filtragem consiste em identificar, dentre estes periódicos, artigos científicos publicados no período de 2005 a 2008, por meio de títulos e temáticas abordadas que apresentem afinidades com a área a ser analisada. A partir deste mapeamento, espera-se desvelar e discutir aspectos relevantes ou lacunas na produção, tendo como referencial teórico a dialogicidade de Paulo Freire e a ação comunicativa de Jürgen Habermas. Ambas as teorias são fundamentadas em uma perspectiva emancipatória. É pelo horizonte da emancipação social e de uma ética de responsabilidade universal que nos sentimos desafiados a refletir criticamente sobre Educação e Tecnologia. Quanto à metodologia, buscaremos identificar a forma, o conteúdo e o universo geográfico que essa produção apresenta, e realizar uma análise dos artigos selecionados com base em critérios desenvolvidos especificamente para esta pesquisa. Acreditamos que o mapeamento e a análise dessa produção poderão contribuir para o desenvolvimento de outros trabalhos e expandir as discussões em torno da tecnologia na educação brasileira, levando a ações que se desdobram em transformações sociais.

Palavras-Chave: Educação, Tecnologia e Emancipação

INTRODUÇÃO

O presente trabalho situa-se na linha de pesquisa Novas Tecnologias em Educação do Programa de Mestrado em Educação: Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) com apoio CNPq. Este estudo apresenta uma pesquisa em andamento sobre o estado da arte do aprender com o uso da tecnologia no ensino fundamental do Brasil. A partir deste mapeamento, espera-se desvelar e discutir aspectos relevantes ou lacunas na produção, tendo como referencial teórico a dialogicidade de Paulo Freire e a ação comunicativa de Jürgen Habermas. Ambas as teorias são fundamentadas em uma perspectiva emancipatória. É pelo horizonte da

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emancipação social e de uma ética de responsabilidade universal que nos sentimos desafiados a refletir criticamente sobre Educação e Tecnologia.

A opção por este caminho remete à história de vida da pesquisadora que vem da área de Comunicação. Estudou Jornalismo na Universidade Católica de Santos (UniSantos) e teve como tema do trabalho de conclusão de curso: a utilização pedagógica de jornais nas aulas do Programa Alfabetização Solidária. Na ocasião (1998), foram entrevistados educadores e educandos de escolas de Lagoa dos Gatos (PE) e Gado Bravo (PB). A partir da convivência com pessoas que lutavam por uma vida mais fértil, em busca de dignidade e emancipação social, iniciou-se uma caminhada em direção ao ‘inédito viável’1, enveredando por redações de revistas e assessorias de imprensa, produzindo e sendo produzida, no sentido de hominização concebido por Álvaro Vieira Pinto (1979).

Em 2006, a pesquisadora participou do processo de criação de um periódico acadêmico online de acesso aberto, inaugurando uma fase de novos desafios e oportunidades. A começar pelo ingresso no curso de mestrado, em 2008, no programa de Educação: Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pela participação na equipe editorial da Revista e-Curriculum, pertencente ao Programa, tornando a construção do saber mais saborosa e consistente. A partir dessas experiências, delimitou-se o campo de pesquisa a ser desenvolvido.

METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO

No momento, está se realizando um levantamento de periódicos nacionais online de acesso aberto na área de educação. A segunda fase do trabalho consiste em identificar, dentre estes periódicos, artigos científicos publicados no período de 2005 a 2008, por meio de títulos e temáticas abordadas que apresentem afinidades com a área a ser analisada. A partir desta filtragem, uma nova seleção será elaborada, procurando atender a critérios de regionalidade, ou seja, ter produções de várias regiões brasileiras. Buscaremos identificar a forma, o conteúdo e o universo geográfico que essa produção apresenta e faremos a análise dos artigos selecionados com base em critérios a serem desenvolvidos especificamente para esta pesquisa.

Os artigos serão analisados na íntegra, ao contrário de outros trabalhos dessa natureza, os quais lançam mão de resumos. Acreditamos que o mapeamento e a análise dessa produção poderão contribuir para o desenvolvimento de outros trabalhos e expandir as discussões em torno da tecnologia na educação brasileira, levando a ações que se desdobram em

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transformações sociais. Antes, porém, é preciso trilhar um caminho, permeado por indagações e conflitos. Com inquietação, nos perguntamos a respeito do uso que se faz da tecnologia, sobretudo na educação e na comunicação.

A questão da ciência da comunicação implica uma interrogação crucial sobre a possibilidade de se ir além do puro mercantilismo e sobre a reorientação crítica das teletecnologias na direção da responsabilidade humana. É imperativo pesquisar os caminhos políticos de abertura existencial para o homem contemporâneo, a quem se tenta dar a impressão de que tudo está dito pela técnica ou de que o futuro já chegou (SODRÈ, 2002).

A complexidade da educação do nosso tempo, incluindo a que tem a tecnologia como recurso, exige a reflexão de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem e de quais elementos têm que estar presentes na “comunicação educativa” para não empobrecer o conhecimento. Concordamos com Milton Santos que é preciso formar gente capaz de se situar corretamente no mundo e de influir para que se aperfeiçoe a sociedade humana como um todo.

A educação feita mercadoria reproduz e amplia as desigualdades, sem extirpar as mazelas da ignorância. Educação apenas para a produção setorial, educação apenas profissional, educação apenas consumista, cria, afinal, gente deseducada para a vida (Santos, 2007: 154).

Atualmente, vivemos diante de um paradoxo: enquanto o progresso tecnológico avança no sentido de aperfeiçoar idéias, técnicas e objetos, a população mundial continua submetida a processos de exclusão e violência. Para Castells (1999), o que tem ocorrido é uma acentuação de desenvolvimento desigual entre os segmentos e territórios dinâmicos das sociedades em todos os lugares.

O autor nos adverte que as redes interativas de computadores, que falam cada vez mais uma língua universal digital, tanto estão promovendo a integração global e distribuição das palavras, sons e imagens, como personalizando-os ao gosto das identidades e humores dos indivíduos (CASTELLS, 1999). É diante deste antagonismo que nos perguntamos: Como educar para a emancipação? Como garantir que os indivíduos tenham acesso ao saber, construído e acumulado, e tenham condições de recriar esse saber para se tornarem emancipados?

O termo emancipação é proveniente do latim. Mancip é propriamente 'o que toma em mão (alguma coisa para dela tornar-se o adquirente ou reivindicar-lhe a posse)'; daí,

mancipìum,ìi 'emancipação, fato de tomar em mão (HOUAISS, 2008). Em Filosofia da Práxis,

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Com as mãos o homem aprendeu a vencer a resistência das coisas, e com elas começou a dominá-las. (...) As mãos não só formam, vencendo a resistência das coisas, como tocam, exploram e, desse modo, por seu contato com elas, as coisas adquirem um significado humano. Mas as mãos não estabelecem apenas uma relação peculiar entre o homem e as coisas, mas também entre os próprios homens. Acariciam ou aproximam os homens no aperto de mão: mas os homens não só se acariciam ou cumprimentam, como também brigam. Ou seja, as mãos exprimem de modo sensível e concreto relações humanas. (...) E essa capacidade da mão de demonstrar os sentimentos mais opostos tem por base sua estrita vinculação com a consciência. (Vázques, 1977: 271-272)

Emancipar-se, na perspectiva de Paulo Freire que trabalha o conceito de autonomia, é apropriar-se e experimentar o poder de pronunciar o mundo, de se tornar capaz de ir além de seus condicionantes, assumindo o direito e o dever de optar, de decidir, de ajuizar, de romper, de lutar, de fazer política. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas também sujeito da história (FREIRE, 2006). Nas palavras de Enrique Dussel (2006), cada sujeito ético da vida cotidiana, cada indivíduo concreto em todo o seu agir, já é um sujeito passível da práxis de libertação, enquanto como vítima ou solidário com a vítima fundamentar normas, realizar ações, organizar instituições ou transformar sistemas de eticidade.

A afirmação do sujeito é retomada por Jürgen Habermas que propõe uma reflexão radical coletiva, democrática, e uma renegociação política, na qual todos deveriam participar (FREITAG, 2004). O processo de emancipação do sujeito que impede a desalienação é entendido por Habermas como um processo de comunicação. Ele nos propõe que o sujeito cognoscente não é mais definido como aquele que se relaciona com objetos para dominá-los, mas como aquele que, durante o processo de desenvolvimento histórico, é obrigado a entender-se junto com outros sujeitos sobre o que pode significar dominar objetos ou coisas (SIEBENEICHLER, 2003).

A perspectiva dialógica de Freire, que aposta na comunicação frente à cultura do silêncio, vai ao encontro com a ação comunicativa de Habermas, na medida em que cria atitudes de confiança na ação mediadora das culturas. Nesse sentido, a educação - que não faz tudo, mas pode muito - é indispensável para a busca da leitura do mundo e da palavra, para a construção da cidadania, a realizar-se no movimento dialógico das culturas em comunicação.

Ao ampliar as formas de comunicação, podemos estabelecer outros mecanismos de entendimento possíveis e provisórios sobre o mundo. A partir da aproximação das obras de Paulo Freire e Jürgen Habermas, pelo horizonte da emancipação social e de uma ética de responsabilidade universal, nos sentimos desafiados a refletir criticamente sobre a educação,

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POSSIBILIDADES E CONSIDERAÇÕES

Dentro de uma perspectiva ética, com vistas à construção de um mundo mais justo e mais democrático, buscamos a emancipação individual e coletiva em todos os espaços, inclusive o virtual. Sem divinizar a tecnologia nem torná-la diabólica, Paulo Freire (2006) já nos falava sobre a aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo e defendia a espreita, criticamente curiosa, da tecnologia.

Nunca, talvez, a frase quase feita – exercer o controle sobre a tecnologia e pô-la a serviço dos seres humanos – teve tanta urgência de virar fato quanto hoje, em defesa da liberdade mesma, sem a qual o sonho da democracia se esvai (Freire, 2005: 113)

A partir dessa espreita, criticamente curiosa, pretendemos dar continuidade à caminhada em direção ao inédito viável, pesquisando o processo de emancipação que ocorre por meio da Educação e da Tecnologia no Ensino Fundamental do Brasil. Lembrando que comunicar e comungar são palavras que têm a mesma origem etimológica: comungar é uma forma de participar, de unir e comunicar, do latim communicare, tem o sentido de tornar comum, fazer saber (RIOS, 2006), retomo a finalidade deste trabalho: tornar comum o saber, romper com a idéia do conhecimento como propriedade privada, colocar ao alcance de todos o que se produz, para que seja apropriado e transformado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALMEIDA, F. J. . Educação e Informática - os Computadores na Escola. 03. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede (A era da informação: economia, sociedade e cultura, v. 1). 2 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

DUSSEL, Enrique. Ética da libertação. Na idade da globalização e da exclusão. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

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FREITAG, Barbara. A teoria crítica: ontem e hoje. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 2004.

HABERMAS, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo. 2 ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

HOUAISS, Antônio. Dicionário da língua portuguesa online. Disponível em:

http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=mancip&stype=k Acesso em: 2 de junho de 2008.

PINTO, Álvaro V. Ciência e existência. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

______________. O conceito de tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. 2v.

RIOS, Terezinha Azerêdo. Compreender e ensinar: por uma docência da melhor qualidade. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2006.

SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. 7 ed. São Paulo: Edusp, 2007.

SIEBENEICHLER, Flávio Beno. Jürgen Habermas: razão comunicativa e emancipação. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

SODRÈ, Muniz. Antropológica do espelho. Uma teoria de comunicação linear e em rede. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

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