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Crianças internadas direito a uma escola, à um olhar diferenciado: pedagogia hospitalar - caso Jhulie -

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DO RIO GRANDE DO SUL

DHE- DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

CRIANÇAS INTERNADAS DIREITO A UMA ESCOLA, À UM OLHAR DIFERENCIADO: PEDAGOGIA HOSPITALAR

– CASO JHULIE –

Ijuí (RS) 2017

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RÚBIA CRISTINA WAZLAWICK VETTORATO

CRIANÇAS INTERNADAS DIREITO A UMA ESCOLA, À UM OLHAR DIFERENCIADO: PEDAGOGIA HOSPITALAR

– CASO JHULIE –

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul- Unijuí, sobre Crianças Internadas

Direito a uma Escola, à um Olhar Diferenciado: Pedagogia Hospitalar – Caso Jhulie – como

requisito para obtenção do título de graduada em Pedagogia.

Orientadora: Profª Ms. Eulalia Beschorner Marin

Ijuí (RS) 2017

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CRIANÇAS INTERNADAS DIREITO A UMA ESCOLA, À UM OLHAR DIFERENCIADO: PEDAGOGIA HOSPITALAR

– CASO JHULIE –

Aprovada em 18/ 07 /2017.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Profª Ms. Eulalia Beschorner Marin

Mestre

__________________________________________________ Profª Ms. Julieta Ida Dallepiane

Mestre

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Dedico este trabalho primeiramente à minha mãe, Cleonice, uma mulher forte, corajosa e amiga que me incentivou muito nesta caminhada; ao meu marido Joceli, meu companheiro de todas as horas e em especial as minhas filhas Jhovana, Rayssa e Jhulie motivo maior da minha luta, são o maior troféu de todas as minhas vitórias desta minha existência.

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AGRADECIMENTOS

Á Deus em primeiro lugar por me dar a cada dia força, saúde e sabedoria para enfrentar

os obstáculos da vida.Que permitiu que tudo isso acontecesse, não somente nestes anos como

universitária, mas ao longo de minha vida em todos os momentos, Ele, é o maior mestre que um sujeito pode conhecer.

A minha família pelo incentivo e compreensão, por me darem impulso para continuar minha jornada de estudos na busca de construção do conhecimento

Agradeço a minha mãe Cleonice Terezinha Wazlawick, que para mim é uma heroína que me deu apoio, incentivo nas horas difíceis, de cansaço e desânimo.

Ao meu irmão Tiago Rafael Wazlawick, pelo simples fato de fazer parte da minha vida desde a infância.

Ao meu marido Joceli Joel Kuchak Vettorato que apesar de todas as dificuldades me fortaleceu, que para mim foi muito importante.

As minhas filhas, Jhovana Rafaela, Rayssa Ruhana e Jhulie Rayane, pessoinhas que fazem parte do meu viver. Obrigada filinhas, pela paciência que nos momentos de minha ausência dedicados ao estudo, souberam entender que o futuro é feito a partir da constante dedicação no presente.

A todos os amigos que para mim fazem parte da minha segunda família, que fortaleceram os laços de igualdade, num ambiente respeitoso. Jamais lhes esquecerei!

À Tatiele Lenise da Silva Freitas, pela amizade verdadeira e companheirismo construído

nesses anos de faculdade,incentivadora e parceira de projetos e estudos na área da pedagogia,

que compartilhou conhecimentos e anseios. Valeu Tati, pelos seus inúmeros conselhos que sempre disponibilizou e pelas palavras de estímulos.

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toda orientação, carinho, pela paciência, pelas enormes contribuições na construção deste trabalho e pela compreensão. Obrigada por acreditar, e por todas as palavras animadoras.

As minhas professoras e professores, que com suas sabedorias me contagiaram de

otimismo, determinação e incentivos.Agradeço a todos por me proporcionar o conhecimento,

não somente por terem me ensinado, mas por terem me feito aprender. Mestres, meus eternos agradecimentos.

Por fim, e não menos importante, a esta universidade, cheia de confiança no mérito e ética aqui presentes, que oportunizou a janela que hoje vislumbro um horizonte superior.

E a todos que indiretamente e diretamente fazem parte da minha vida. O meu muito obrigado!

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Alguns homens veem as coisas como são, e dizem “Por quê?”. Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo “Por que não?”.

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RESUMO

A presente pesquisa vem apresentar e entender melhor que direito a criança internada tem em uma escola para ela fora das paredes de uma instituição de ensino, a Pedagogia Hospitalar necessita ser vista como uma modalidade de ensino, que procura legalmente proporcionar a criança e ao adolescente hospitalizado o prosseguimento de seus estudos, possibilitando sua reintegração ao espaço escolar. Questiona-se também a importância da educação no ambiente hospitalar, o papel do Pedagogo que deve proporcionar novas chances a esses sujeitos que por motivo de doença são afastados de sua rotina escolar, mas que tem direito a uma escola. Remete também analisar à questão da formação e qualificação do profissional atuante em classes hospitalares. O emprego da pesquisa é de caráter qualitativo e metodologia bibliográfica em que se utilizou como instrumento de pesquisa entrevistas semi-estruturadas a partir de um roteiro. Será abordado conceitos de Infância no decorrer da história, Educação e Saúde numa interconexão; história da educação e da pedagogia no decorrer do tempo histórico e os aspectos legais que alicerçam a Pedagogia até os tempos atuais; o hospital relacionando-o com a saúde e educação, sobre a pedagogia hospitalar na sua historicidade com seus conceitos, aspectos legais e o pedagogo hospitalar. Direcionando o direito que a criança tem à educação, seja ela em qual ambiente for.

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ABSTRACT

The present research presents and better understand that the right to hospitalized child has in a school for her outside the walls of a teaching institution, Hospital Pedagogy needs to be seen as a teaching modality that seeks legally to provide the child and the adolescent hospitalized The continuation of their studies, enabling their reintegration into the school space. It is also questioned the importance of education in the hospital environment, the role of the Pedagogue that should provide new chances to these subjects who because of illness are removed from their school routine, but who are entitled to a school. It also refers to the question of the training and qualification of the professional working in hospital classes. The use of the research is qualitative and bibliographical methodology in which semi-structured interviews were used as a research tool from a script. Concepts of Childhood in the course of history, Education and Health in an interconnection will be approached; History of education and pedagogy in the course of historical time and the legal aspects that underpin Pedagogy up to the present time; The hospital relating it with health and education, about hospital pedagogy in its historicity with its concepts, legal aspects and the hospital pedagogue. Directing the right of the child to education, whatever the environment.

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LISTA DE SIGLAS

Art. – Artigo

CEB - Câmara de Educação Básica CF – Constituição Federal

CNE - Conselho Nacional de Educação

CNEFEI – Centro Nacional de Estudos e de Formação para a Infância Inadaptada CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente DF – Distrito Federal

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

LDBN – Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC – Ministério da Educação

OMS – Organização Mundial da Saúde PCN’S – Parâmetros Curriculares Nacionais PNE – Plano Nacional de Educação

PRONAICA – Programa Nacional de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente SEDF – Secretaria de Educação do Distrito Federal

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TABELA 1 - RELAÇÃO DE CLASSES HOSPITALARES NO BRASIL ... 38 TABELA 2 - PERFIL DOS ENTREVISTADOS ... 62 TABELA 3 - CATEGORIZAÇÃO DA ENTREVISTA: PEDAGOGIA HOSPITALAR ... 63

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INTRODUÇÃO ... 13

Capítulo I ... 20

O CAMINHO DA INFÂNCIA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE ... 20

1.1 – A Criança no seu Tempo Histórico e seus Conceitos ... 20

1.2 – Uma Conexão entre os Espaços do Saber: Educação e Saúde ... 23

Capítulo II ... 26

DA EDUCAÇÃO À PEDAGOGIA: DO DESABROCHAR AO AMANHECER ... 26

2.1 – História da Educação ... 26

2.2 – Pedagogia no Decorrer da História ... 29

2.3 – Aspectos Legais da Pedagogia ... 32

Capítulo III ... 34

DA EXPERIÊNCIA À TEORIA POR UMA PEDAGOGIA HOSPITALAR ... 34

3.1 – Hospital: da Recuperação da Saúde ao Lugar da Educação ... 34

3.2 – Pedagogia Hospitalar, Breve Histórico de seu Surgimento ... 36

3.3 – Os Aspectos Legais da Pedagogia Hospitalar ... 42

3.4 – Pedagogo X Pedagogo Hospitalar: Formação e Perfil ... 47

Capítulo IV ... 54

METODOLOGIA ... 54

Capítulo V ... 56

APRENDIZADOS DE UMA VIVÊNCIA ... 56

Capítulo VI ... 61

APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS/ESTUDO DE CASO ... 61

Capítulo VII ... 82

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REFERÊNCIAS ... 85 APÊNDICE A – CARTA DE CONSENTIMENTO ... 89 APÊNDICE B – INSTRUMENTO ORIENTADOR DA PESQUISA PARA MÉDICO . 90 APÊNDICE C – INSTRUMENTO ORIENTADOR DA PESQUISA PARA PEDAGOGO(A) HOSPITALAR ... 91 APÊNDICE D – INSTRUMENTO ORIENTADOR DA PESQUISA PARA PEDAGOGO(A) / PROFESSOR(A) ENSINO REGULAR ... 93

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INTRODUÇÃO

Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor.

Madre Tereza de Calcutá.

Todos falam que lugar de criança é na escola, mas, e quando ‘ELAS’ adoecem e necessitam ficar em um hospital? Com essa indagação é que vem o ponto inicial presente a essa pesquisa. Entender melhor que direito a criança internada tem em uma escola para ela fora dos muros e das quatro paredes de uma instituição de ensino. As razões e motivos em provocar esse estudo, vem de muito tempo, pois convivi com crianças internadas durante um longo tempo e vi no olhar delas o brilho do saber/aprender/compartilhar, mesmo num momento de tanta angustia, sofrimento e dor.

Quanto ao meu ponto de chegada, me leva a questionar a importância do papel do Pedagogo que deve proporcionar novas chances a esses sujeitos que por motivo de doença são afastados de sua rotina escolar, mas que tem direito a uma escola.

Além disso, remete também averiguar à questão da formação e qualificação do profissional atuante em classes hospitalares. Isto é, se nossas Universidades dentro dos cursos de Pedagogia, estão oferecendo uma formação voltadas a esses profissionais especializados e qualificados para o trabalho com crianças enfermas hospitalizadas frente ao direito tanto à saúde quanto à educação.

A pesquisa tem como objetivo destacar que as crianças e os adolescentes hospitalizados têm o direito garantido por lei de ter aulas dentro do ambiente hospitalar, enfatizando a importância da educação no ambiente hospitalar, favorecendo a construção de aprendizagens significativas nas diversas áreas do conhecimento com crianças e adolescentes. Tendo em vista a importância do papel do Pedagogo que deverá ter um novo olhar de ensino, proporcionando novas chances a esses alunos que por motivo de doenças são afastados de suas rotinas escolares em busca de saúde.

Considerando que como sujeitos, somos diferentes uns dos outros, pois essa é a nossa condição humana, já que pensamos de diferentes maneiras, agimos de jeito diferente e vivenciamos diferentes situações, procuro com este trabalho repensar, compreender, salientar e enfatizar esse direito que a criança hospitalizada tem à uma prática pedagógica no âmbito hospitalar.

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A justificativa da escolha do tema em questão se deu pelo fato de que muitas crianças hoje estão sendo hospitalizadas por motivos de doenças e acabam abandonando/deixando de lado os estudos. Mas sabe-se que toda criança tem direito à educação, seja ela em qual ambiente for.

Sabendo-se que a ciência da educação é a Pedagogia, que está voltada a direção do conhecimento, através da reflexão, da sistematização da aprendizagem dos indivíduos no processo educativo. Das mais variadas formas procura-se guiar o indivíduo ao conhecimento, juntamente a metodologia de como ensinar, o que ensinar e para quem ensinar.

A atuação do Pedagogo no hospital no trabalho com crianças é de fundamental importância como parte de uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar. Ele busca não só dar apoio, mas também ajudar nos aspectos educacionais incluindo no tratamento clinico do paciente tendo apoio da legislação que afirma “[...] o direito destes pacientes de desfrutarem alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde e acompanhamento do currículo escolar durante a permanência no hospital”. (Declaração dos direitos da criança e do adolescente, item 9).

Buscou-se conhecimentos teóricos e científicos para a atuação e formação do pedagogo nessa continuidade de ensino à criança e adolescente hospitalizado, sabendo-se que se trata de uma atuação diferenciada da rotina escolar.

Pensei muito por onde começar a fundamentação teórica. Resolvi apresentar um pouquinho da trajetória pessoal pela qual passei em minha vida. Nela, se reflete subjetivamente a busca da construção objetiva desta pesquisa.

Pesquisar é estar com o olhar atento a tudo que nos cerca, na cultura, nos valores, nas crenças, nas delícias, nas amarguras. Olhando, observando estamos ao mesmo tempo ouvindo, e nesta observação em que se participa permite ao pesquisador “interpretar a sociedade e a cultura do Outro ‘de dentro’, em sua verdadeira interioridade”. (OLIVEIRA, 1996, p.30). Com esse autor iremos nos apoiar sobre as questões antropológicas de uma pesquisa, quanto ao olhar, ouvir e escrever.

Ao analisar a ideia de Valery apud (NÓVOA, 2002, p.27) dizendo que “[...] não há nenhuma teoria que não seja um fragmento, cuidadosamente preparado, de uma qualquer autobiografia”. Desta forma, que alguns acontecimentos de minha vida me auxiliaram a refletir sobre a Pedagogia dentro de hospitais, para as crianças e adolescentes hospitalizados.

É preciso destacar que a vivencia que tive com minha filha dentro de um hospital, durante um longo tempo de internação, onde convivi com crianças com doenças crônicas, me

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fez naquele momento ver a vida de uma forma diferente, com o olhar mais atento a tudo e a todos que me cercavam.

Foi com muita angustia e sofrimento que olhava para minha filha e aquelas outras crianças tão pequenas e frágeis e pensava em como elas eram tão pequenas e ao mesmo tempo como elas eram grandes, sim grandes, enormes em poder suportar tanta dor e sofrimento. Com toda essa amargura do momento os olhinhos dessas crianças eram tão brilhantes, voltados ao aprender, ao querer saber mais e mais, ali eu me sentia pequena perto delas.

As ideias que virão no decorrer desta pesquisa mostram minha incompletude, as inquietações e as explicações que busquei para tentar entender e compreender mais como a educação, ou a Pedagogia Hospitalar com crianças e adolescentes hospitalizados vem sendo desenvolvida nos hospitais.

Questionei-me e pensei também em porque essa realidade é tão negada? Porque não ouvimos falar nessas crianças? Qual é o direito dessas crianças a uma escola? E qual seria afinal o papel do pedagogo frente à necessidade dessas crianças? E esses pedagogos estão sendo preparados para atuar nessa nova realidade?

Tive como motivação o lema do Filósofo Sócrates: “Transforme as pedras que você tropeça nas pedras da tua escada”. Essas pedras, o momento de amargura me fez ver o quanto à educação é importante para, nos tornarmos sujeitos. Não importando em qual ambiente e qual maneira ela será aplicada, o que importa é o benefício que esta educação trás para cada indivíduo dentro do contexto que está inserido.

Para a realização desta pesquisa procurei me apoiar em grandes pensadores juntamente com seus saberes e teorias frente à educação seja ela onde for. Veja aqui alguns deles:

Paulo Freire, o grande defensor da igualdade de direitos da educação, que nos traz seu pensamento ao conhecimento histórico, as relações das ciências humanas e sociais. Seu método faz com que o aluno aprenda a ‘ler o mundo’, como ele mesmo dizia, “trata-se de aprender a ler a realidade (conhece-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la) ”. É dessa forma que devemos romper o que se pode chamar ‘cultura do silêncio’ e modificar a realidade ‘como sujeitos’ da nossa própria história.

Outras teorias que me embasei foram as obras de Elizabete L. M. Matos e Margarida M. Teixeira de Freitas Mugiatti, que tratam sobre a Pedagogia Hospitalar, onde é trazido a humanização integrando a Educação e Saúde. Todo educador tem o compromisso de levar o conhecimento a todos, não deixando de lado àqueles que se encontram impossibilitado. A educação, dentro do hospital traz uma qualidade de vida melhor, beneficiando os enfermos

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principalmente as crianças e adolescentes à busca de novos conhecimentos. Desta maneira olhando esses sujeitos que se começa uma jornada de amor e dedicação, a saúde e a educação. Levei ainda em conta as leituras das obras e artigos da pesquisadora Eneida Simões da Fonseca, onde também tem como teoria a Escola Hospitalar que objetiva atender pedagógico – educacionalmente as crianças e jovens, nas condições especiais de saúde, as quais estejam hospitalizadas, que consequentemente ficam impossibilitadas de ir à escola.

Não deixei de lado as leituras da Legislação Federal, onde reconhece através do Estatuto da Criança e Adolescente Hospitalizado (ECA) e da proposta de Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional (LDBN), os seus direitos à educação e que também é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais. E de acordo com as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial. Normas legais da CONANDA resolução nº 41/1995 que trata o direito da criança e do adolescente hospitalizado.

Atualmente, a Pedagogia Hospitalar como processo pedagógico é uma realidade no grande leque de atuação do pedagogo na sociedade atual. Em muitos casos funciona em parceria entre hospital, Universidade através dos estagiários e a instituição escolar de onde o paciente é proveniente, com a finalidade de preservar a continuidade do desenvolvimento da aprendizagem, através de metodologias diferenciadas, flexíveis e vigilantes que respeitem o quadro clínico.

Acredito que a existência de um atendimento pedagógico em hospitais contribui tanto na aprendizagem de novos conhecimentos pelas crianças e adolescentes, para que não fiquem em situação de defasagem nos conteúdos escolares, como também é a essência na recuperação de sua saúde.

O artigo “Narrativas da Infância Hospitalizada” de Rejane de Souza Fontes, me levou a fazer várias reflexões existentes sobre pedagogia hospitalar.

Este artigo retrata muito sobre a escuta pedagógica no qual pretende responder a várias questões como:

 É possível pensar o hospital como um espaço educacional para crianças

internadas em enfermarias?

 Pode a educação contribuir para a saúde da criança hospitalizada?

 Que formas de educar são possíveis num hospital?

 Quais os limites e as possibilidades de atuação do pedagogo neste novo lócus de

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No entanto, é preciso deixar claro que a educação não é elemento exclusivo da escola e a saúde não é elemento exclusivo do hospital. Segundo o Ministério da Saúde: “o hospital é inclusive um centro de educação”.

A Pedagogia Hospitalar pode de alguma maneira contribuir para reforçar a autoestima, possibilitando a criança e adolescente internado a oportunidade de colaborar com a continuidade de seu desenvolvimento, e também lhe devolver um espaço de convivência social do qual é subitamente afastado. Dessa forma pode-se conjeturar com Matos e Muggiati, quando referem: “observa-se que a continuidade dos estudos, paralelamente ao internamento, traz maior vigor às forças vitais do enfermo, como estímulo motivacional, induzindo-o a se tornar mais participante e produtivo, com vistas a uma efetiva recuperação” (2001, p. 39).

É muito importante perceber a criança e adolescente como seres pensantes que, quando chegam ao hospital já trazem histórias de vida, conhecimentos prévios. E é através da atuação do professor que se deve proporcionar uma articulação significativa entre o saber do cotidiano do paciente e o saber científico do médico, sempre respeitando as diferenças que existem entre ambos os saberes.

Essa Pedagogia dentro dos hospitais vem sendo um novo conceito que está ganhando espaço no âmbito da educação, porque a educação não pode ser mais vista somente no ambiente escolar, mas também fora da sala de aula e um dentre os muitos outros ambientes é o hospital que passou a ser espaço do saber juntamente com a saúde. A Pedagogia Hospitalar, segundo Matos e Mugiatti (2007, p.37), “é um processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o contexto formal da escola, pois levanta parâmetros para o atendimento de necessidades especiais transitórias do educando, em ambiente hospitalar e/ou domiciliar”.

A práxis pedagógica necessita propor condições de trabalho que atenda as dificuldades dessas crianças e adolescentes possibilitando momentos de aprendizagem, de maneira que o pedagogo possa entender a realidade hospitalar na qual se depara, visto que: “(...) o professor precisa estar preparado para lidar com as referências subjetivas do aluno, e deve ter destreza e discernimento para atuar com planos e programas abertos, móveis, mutuantes, constantemente reorientados pela situação especial e individual de cada criança, ou seja, o aluno da escola hospitalar” (FONSECA, 2003 p. 26).

Por estar enfocando uma educação dentro de um ambiente hospitalar, onde esses sujeitos te esse direito, temos que nos dar conta de que a Pedagogia é trabalhada de forma Interdisciplinar, Multidisciplinar e Transdisciplinar abordando diversos tipos de culturas, exigindo do professor um atendimento diferenciado. Este pedagogo não apenas trabalha com

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as crianças e adolescentes enfermos, mas também com os familiares que acompanham esses alunos.

De acordo com Matos e Mugiatti (2007, p.116), “a ação pedagógica, em ambientes e condições diferenciadas, como é o hospital, representa um universo de possibilidades para o desenvolvimento e ampliação da habilidade do Pedagogo/Educador”, dessa maneira precisamos buscar a vivência de outros lugares com outros sujeitos para aperfeiçoar o conhecimento teórico em relação à educação frente à doença.

O pedagogo que escolhe atuar nesta área tem que estar sujeito a novos desafios e principalmente buscando a todo o momento a construção de novos saberes para auxiliar estas crianças e adolescentes, como Matos e Mugiatti (2007, p.117) nos dizem que “a visão do educador, nesse contexto, deve abranger uma perspectiva integradora, uma concepção de prática pedagógica que visualize o conceito integral de educação que promova aperfeiçoamento humano”.

Além disso segundo Freire (1996, p. 87), o ensino deve “efetivar um diálogo democrático e respeitoso com os educandos, que desafie suas curiosidades de saber”. A realidade hospitalar tem características próprias dela mesma. Ouvindo a voz do professor e a do aluno de forma crítica, colocamos e diferenciamos elas de solidária e humanística num processo de ensino e de aprendizagem.

É possível pensar em um ambiente hospitalar como espaços de educação para crianças e adolescentes. Podem ser considerados como espaços de encontros, variações e desejos para o desenvolvimento ser absoluto. Precisamos enxergarmos esses alunos como pessoas saudáveis, compreendê-los, respeitá-los em suas limitações e principalmente, auxiliá-los no que precisarem. Fazemos nossas palavras a de Paulo Freire: “Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino”. (FREIRE,1996, p. 85).

Para entendermos melhor esse direito que a criança tem a uma escola fora das paredes das instituições de ensino, faz-se imprescindível retomar os textos estudados, leituras e produções de trabalhos realizados durante o período formativo, dentre outros textos e leituras as quais serão analisadas com um olhar mais voltado a estas crianças internadas. Para uma melhor compreensão fez-se necessário abordar conceitos relevantes em relação criança/saúde/educação/pedagogia/hospital/pedagogo que auxiliaram na construção da escola dentro da instituição hospitalar. Por isso a presente pesquisa estará dividida em capítulos.

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No capítulo I – O Caminho da Infância no Contexto da Educação e da Saúde, debateremos sobre o conceito de Infância no decorrer da história, Educação e Saúde numa interconexão.

No capítulo II – Da Educação à Pedagogia: do Desabrochar ao Amanhecer. Discutiremos a história da educação e da pedagogia no decorrer do tempo histórico e os aspectos legais que alicerçam a Pedagogia até os tempos atuais.

No capítulo III – Da Experiência à Teoria por uma Pedagogia Hospitalar. Faremos um breve contexto sobre o hospital relacionando-o com a saúde e educação, sobre a pedagogia hospitalar na sua historicidade com seus conceitos, aspectos legais e o pedagogo hospitalar.

Capítulo IV – Metodologia. Traremos os métodos, caminhos com uma descrição minuciosa e rigorosa do objeto de estudo e das técnicas que utilizaremos para a realização da pesquisa.

No capítulo V – A Vivência. Será relatado uma vivência da pesquisadora, que foi o ponto inicial para a construção desta pesquisa.

No capítulo VI – Apresentação, Análise e Interpretação dos Dados/Estudo de Caso. Apontaremos os dados coletados na pesquisa de campo e os analisaremos entendendo que direito a criança internada tem em uma escola, enfatizando a importância da educação neste ambiente e questionando a importância do papel do Pedagogo.

O capítulo VII – Para Concluir, mas não concluindo. Esta será a parte do fechamento da pesquisa, na qual se trará uma síntese dos elementos constantes da pesquisa com foco na Pedagogia Hospitalar.

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Capítulo I

O CAMINHO DA INFÂNCIA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE

Abordaremos a questão da educação e saúde que são temáticas de imensa importância na atualidade, especialmente quando direcionamos nos para o contexto da infância. Assim sendo, o presente capítulo estará dividido em dois subtemas: A criança no seu tempo histórico

e seus conceitos; Uma conexão entre os espaços do saber: educação e saúde. Subtemas estes,

que vão debater sobre o conceito de Infância, Educação e Saúde.

1.1 – A Criança no seu Tempo Histórico e seus Conceitos

Não há educação fora das sociedades humanas e não há homens no vazio[...] A partir das relações dos homens com a realidade, resultantes de estar com ela e de estar nela, pelos atos de criação, recriação e decisão, vai ele dinamizando o seu mundo. Vai dominando a realidade. Vai humanizando-a.

(FREIRE, 1967, p.35 e 43).

De acordo com as palavras de Freire (1967), mencionado acima, podemos salientar que a partir das relações com outro nos constituímos humanos, fazemos parte de uma sociedade, na qual estamos nela e com ela, criamos, recriamos e tomamos decisões. A partir do momento em que refletimos sobre a história da criança e da infância, necessitamos pensar nisso com um olhar voltado ao passado, já que os conceitos referentes à criança e à infância se complementam. É pela sociedade, que o conceito de infância, recebe diversos significados situados histórico e culturalmente na medida em que ela vai se modificando.

É sabido que a criança sempre existiu, porém sonda-se que a compreensão de infância era inexistente até o século XVI. Por um longo período, a compreensão de infância se abreviava a pequenos adultos, não havia um conceito de infância como a conhecemos hoje em dia. Apenas, no fim do século XVIII e se acirrando no século XIX, com a elevação do número de mortalidade infantil, é que a concepção de infância começou a ser repensada pelos médicos e pelas famílias, os quais passaram a olhar as crianças como seres frágeis que carecem de atenção e cuidados. Somente no século XX, com a intervenção de educadores e psicólogos, as crianças passaram a ser enxergadas como seres de direitos e em desenvolvimento.

De lá para cá, muitos foram os avançados em relação a compreensão de infância, pois, sucede-se uma grande preocupação ao bem-estar físico, psicológico e mental da criança. Ela

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passou então, a ter seus direitos garantidos por lei, através da Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990, a qual se refere ao direito da criança e do adolescente, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Onde em seu Art. 3º, garante que:

a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes a pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

A lei deixa bem clara que devem ser assegurados o direito de ir, vir e estar; de opinar e se expressar; direito a brincar, praticar esportes e divertir-se; de participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; direito a crença e culto religioso; de participar da vida política; direito de buscar refúgio, auxílio e orientação. Pois, a criança tem direito “à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis”. (Art. 15º, do ECA,1990).

Hoje, esses direitos assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, são, fundamental para atual concepção de infância contemporânea. Deste modo, ao pensarmos em infância atualmente nos reporta a brincadeiras, jogos, diversão e cuidados. Nesta nova concepção a criança está profundamente associada ao brincar. Na legislação atual, tanto a nacional quanto a internacional, são comuns identificar os meios para garantir os direitos de ser criança, amparados no direito de brincar, de ter Educação, de ter alimentação saudável e ser cuidada.

Criança é hoje um sujeito social e histórico, constituído no seu presente, cidadão, portador e produtor de cultura. Já a infância passa a ser vista não mais como um tempo de desenvolvimento, mas como um tempo em si, tempo de brincar, jogar, sorrir, chorar, sonhar, desenhar, colorir… Ou seja, um tempo que incorpora tudo o que a criança é e faz nesse período de sua vida, um tempo em que ela vive como sujeito de direitos. Na verdade, a infância é um direito inerente à criança, porém ainda há muitos casos em que a criança não usufrui deste direito.

E segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil criança é: Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, 2010, p.12)

Considerando essas questões, e dialogando com a hospitalização de crianças, podemos destacar o pensamento de Almeida (2008) quando revela em seus escritos que o brinquedo, por

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meio da dramatização, consente à criança recriar situações simbólicas ao seu universo infantil, tornando-se livre para realizar suas experiências de forma independente. Quanto ao brincar, para as crianças hospitalizadas, a autora explicita com clareza que é uma atividade que carece de ser realizada de maneira sensível, de acordo com os requisitos do ambiente.

O afastamento da criança doente com o seu meio social e sua rotina, pode prejudicar o seu desenvolvimento. Pois, como sabemos, os fatores afetivos e cognitivos, o relacionar-se, o brincar são considerados vitais para o desenvolvimento da criança. Por isso, necessitamos desmistificar “a ideia de que o hospital é o espaço onde se trata única e exclusivamente da doença física” (LOPES, apud MATOS, 2009, p. 152), e inseri aspectos que levem esses fatores ao ambiente hospitalar.

Dentro do hospital, a criança se encontra num ambiente diferente do convivido diariamente e acaba tendo uma parte de sua vida interrompida, como o estar em seu lar, seus brinquedos, a escolarização, etc. Pensando nisso, o brincar pode também ser visto como um modo de assegurar que a criança hospitalizada tenha seu direito concretizado. Desta forma, isso contribuirá para que ela prossiga a desenvolver-se inteiramente, completando as fases da vida sem qualquer prejuízo.

Ao voltar na história, conseguimos perceber que a criança ao longo do tempo foi vista de diversas maneiras desde um adulto em miniatura, a um ser frágil que precisa de cuidados até a um sujeito em desenvolvimento. Atualmente com um olhar mais sensível, preocupado e voltado à criança, leis foram impostas para garantir os seus direitos, de íntegro desenvolvimento psicológico, social, cultural, espiritual e saudável, até mesmo para as crianças internadas em hospitais. Podemos dizer que avançamos muito, mas, devemos prosseguir a batalhar com o ‘punho forte’, para que as leis, de fato, possam ser consolidadas e garantidas sem distinção para todas as crianças.

Contudo, a criança, seja ela em qual ambiente estiver, é aquela que tem em sua cabecinha, fantasias; nos olhos, o brilho do conhecimento; no corpo, o movimento e a música do mundo. É aquela que tem curiosidade, que faz muitas perguntas, investiga, de maneira única e própria. É aquela que transforma e é transformada por meio das mais variadas brincadeiras e de suas infinitas possibilidades de criação, invenção e aprendizagens. É aquela que sempre precisa de amor, atenção, cuidado e segurança. É aquela que explora o mundo e torna a vida uma aventura continuamente reinvestida de possibilidades. Criança é tudo isso e muito mais.

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1.2 – Uma Conexão entre os Espaços do Saber: Educação e Saúde

Quando alguém diz que a educação é afirmação da liberdade e toma as palavras a sério — isto é, quando as toma por sua significação real — se obriga, neste mesmo momento, a reconhecer o fato da opressão, do mesmo modo que a luta pela libertação.

(FREIRE, 1967, p.6)

No momento em que falamos sobre os espaços do saber: Educação e Saúde, geralmente, deduzimos que eles não estão associados e não podem ser trabalhados juntos. Esse pensamento ocorre, pois enxergamos a Educação e Saúde como espaços com diferentes características e especificidades, mas eles podem e devem sim, trabalhar em parceria. Hoje em dia já está sendo possível perceber uma preocupação em fazer esses dois espaços do saber, dialogar. Para entendermos melhor esse ponto de vista, definiremos cada espaço do saber.

Quando se pensa, ou se fala em Educação, para muitos, ela está associada à escola, em sua organização e práticas pedagógicas. Mas, de acordo com o Dicionário Online de Português,

Dicio, Educação quer dizer:

Ação ou efeito de educar, de aperfeiçoar as capacidades intelectuais e morais de alguém: educação formal; educação infantil. / Processo em que uma habilidade se desenvolve através de seu exercício contínuo: educação musical. / Capacitação e/ou formação das novas gerações de acordo com os ideais culturais de cada povo. / Didática; reunião dos métodos e teorias através das quais algo é ensinado ou aprendido; relacionado com pedagogia: teoria da educação. / Civilidade; conhecimento e prática dos hábitos sociais; boas maneiras. / Delicadeza; expressão de gentileza, sutileza. / Cortesia; amabilidade e polidez na maneira com que se trata alguém. / Prática de ensinar, adestrando animais domésticos para as atividades que por eles devem ser praticadas. / Educação Física. Formação de hábitos e comportamentos que incentivem o desenvolvimento corporal e mental, através de exercícios sistemáticos, jogos ou esportes.

Os conceitos apresentados pelo dicionário em relação a Educação são os mais usados pela sociedade, mas se analisarmos as falas e as pesquisas de muitos teóricos no campo acadêmico, veremos que os significados vão muito além daquele simples conceito do dicionário. Educação, de acordo com Brandão (2007), é todo conhecimento contraído com a vivência em sociedade, seja ela qual for. Desta forma, o elo educativo acontece em qualquer lugar, seja na escola, no ônibus, na igreja, na família, em casa, nos hospitais... e nenhum de nós fica fora deste processo.

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. (BRANDÃO, 2007, p. 7)

Comentando a citação acima, o autor relata que não existe um modelo único para a educação. A educação está associada ao processo de comunicação e interação ocorre a partir do

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momento em que se observa, assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes, valores, se entende, imita e se aprende. Este processo pode ocorrer em qualquer lugar de muitas maneiras.

De acordo com Libâneo (2001, p.64) quanto ao sentido etimológico, da Educação, alguns autores apontam duas origens latinas para o termo: educare, que tem como significação

alimentar, cuidar, criar, referindo-se tanto às plantas e aos animais como às crianças;e educere,

que significa tirar para fora de, conduzir para, modificar um estado. Ainda o autor situa educar em seu sentido etimológico, como sendo “um ato de conduzir de um estado para o outro, é agir de maneira sistemática sobre o ser humano, tendo em vista prepará-lo para a vida num determinado meio” (Libâneo apud Planchard, 2001, p.26).

Estes conceitos acima citados, são apenas alguns de muitos outros, visto que existem várias concepções de Educação, mas neste momento não iremos aprofunda-las. Já que a pertinência nesta ocasião é mostrar que a Educação e a Saúde podem dialogar juntas. Assim sendo, sustentaremos com convicção o conceito da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, onde afirma em seu Art. 1º que, “a Educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.

Em todo trajeto que percorremos existe uma extensa jornada para conquistar, jornada essa que requer o diálogo entre os saberes da Educação e Saúde. Neste caso, afim de integralizar o conceito da LDB, citado anteriormente, recorremos as falas de Matos (2007), que menciona o seguinte:

A educação, em sua abrangência, é uma operação, uma ação, não é algo que se impõe de fora, mas, sim, inerente a todo ser humano e, como tal, é um processo que termina quando cessa a existência. Este permanente autodesenvolvimento pessoal tem, como finalidade, a plena realização da pessoa, considerada como um todo – em sua integridade – em todas e em cada uma de suas partes: singularidade, abertura e autonomia. (GARCIA HOZ et al, apud, MATOS, 2007, p. 45).

Nessa tentativa de associar e compreendendo que os espaços Educação e Saúde estão interligados, vamos prosseguir dando continuidade aos conceitos. Desta vez, para um melhor entendimento, falaremos a seguir sobre Saúde começando pelo seu significado de segundo o

Dicionário Online de Português, Dicio:.

Estado do que é são, está normal: poupar sua saúde. / Estado habitual de equilíbrio do organismo: saúde delicada. / Força, vigor, robustez. / Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. / Vender saúde, tê-la excelente. / Casa de saúde, estabelecimento hospitalar particular.

Assim como falamos de Educação, podemos destacar que na atualidade também se convive com uma grande diversidade de concepções de Saúde, entre elas algumas atuaram

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como referências nacionais e mundiais. Neste caso, salientaremos, o conceito de Saúde ostentado em 1948 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o qual diz que a “Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença” (PCN’s, p.249). Essa consideração nos remete que Saúde não significa ausência de doença e não se restringe apenas ao corpo, pois, abrange também a mente, as emoções, sentimentos, as relações sociais, o convívio em sociedade, no coletivo.

Faz-se indispensável também trazermos o conceito de Saúde segundo os escritos da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, o qual assegura em seu Art. 196, que:

a Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (CF. 88)

Ao levar-se em conta e entendendo a concepção de Saúde como um espaço do saber que zela pelo bem-estar do sujeito, não apenas do corpo, mas numa interligação com corpo/mente. Por causa dessa interligação, necessitamos que a Educação torne as relações sociais como um elo de conexão entre a Educação e a Saúde. Em razão disso, precisamos ter o cuidado de não deixar o espaço do saber da Saúde apenas para os profissionais da área, e o espaço do saber da Educação colocada de lado ou delegada apenas à escola.

A Educação possibilita que o ser humano desde criança consiga adquirir conhecimento sobre noções de cuidados com o corpo, higiene pessoal, de uma boa alimentação, doenças que podem ser prevenidas, fazendo-o a refletir e atuar em sua própria realidade. Para que isso ocorra, profissionais da Saúde e da Educação carecem de trabalhar em conjunto. Compreendendo que a Educação é requisito fundamental para que a Saúde possa ser um direito de todos garantido concretamente.

No entanto, olhando a Educação numa conexão com a Saúde necessitamos de pedir a nós mesmos e ao mundo,

que se mude o enfoque construído em torno da noção de doença, a fim de que se comece a dar maior prioridade a saúde. Essa atenção induzira os indivíduos a se tornarem mais participativos, ativos, envolvidos e comprometidos. (MATOS e MUGIATTI 2007, p. 29)

É essencial que os sujeitos se envolvam nessa articulação entre Educação e Saúde, partindo do propósito de que o ato de aprender tem em si uma subjetivação que só pode ser desempenhado com liberdade e humanização, na relação de troca e nas experiências conquistadas no encontro entre o ‘eu e o outro’, encontro do ‘eu com o ser que precisa de mim’, nesse casso, crianças que estão inseridas em hospitais, não por vontade própria, mas por necessidade, e necessitam gritantemente serem vistas e trazidas a este encontro.

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Capítulo II

DA EDUCAÇÃO À PEDAGOGIA: DO DESABROCHAR AO AMANHECER

Ao longo da história, a Pedagogia se modificou com o intuito para atender as necessidades da sociedade. Desta maneira, a educação aperfeiçoou-se em alguns aspectos referentes aos estudos pedagógicos, mas por outro lado ela ficou ultrapassada, em relação as práticas pedagógicas. Para compreender um pouco mais a história da educação e o percurso da Pedagogia, este capítulo estará divido em três subtemas que se complementam: História da

Educação; Pedagogia no decorrer da história; Aspectos Legais da Pedagogia.

2.1 – História da Educação

Se educação é transformação de uma realidade, de acordo com uma ideia melhor que possuímos, e se a educação só pode ser de caráter social, resultará que pedagogia é a ciência de transformar a sociedade.

(ORTEGA Y GASSET,apud BRANDÃO, 2007, p. 82-83)

Sabemos que a educação faz parte do conhecimento de todo, ela está em toda parte e existe desde as primeiras relações do homem nas mais diferentes comunidades humanas. Pode estar presente em vários espaços seja em casa, na rua, na escola, no trabalho, na igreja, no hospital.... Voltando o pensamento só um pouquinho na antiguidade, é notório que a educação é passada por e para homens e mulheres, além de outras coisas ela também pode ser uma forma de garantir a sobrevivência da espécie humana como histórico-cultural, nas sociedades e a forma de educar crianças e jovens com o propósito de formá-los e desenvolvê-los.

Sem a educação não é possível a aquisição e transmissão da cultura, sendo que a educação é parte da cultura, pois são valores que perpassam de geração a geração. A cultura está condicionada a história variando segundo as características dos povos e das épocas. Valorizar quem ensina não está restrito apenas a idade deste, por isso faz-se necessário conhecer o real sentido da educação.

Vivemos em uma época, que dá para se dizer, descontrolada por uma imensa circulação de conceitos e ideias, marcada pela globalização, por um crescimento de identidades culturais, étnicas e locais. Onde o presente não existe sem o passado, nós seres humanos estamos todos os dias fabricando o passado, pois ele faz parte de nossas memórias e história, e é graças a ele que sabemos quem fomos e como somos hoje.

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Compreender as múltiplas identidades é função principal da história da educação, pois não existe memória sem imaginação ou imaginação sem memória. É através da história que esse processo, ajuda nos enquanto pessoas e sociedade, a darmos sentido ao nosso trabalho educativo. Estando a par da história acabamos tendo consciência de que criamos e não apenas somos uma consequência dela.

Desta forma que o conceito de Educação varia, de época para época. Onde seus ideais educativos são determinados pelos fatores: históricos gerais de cada povo e época; de

organização política, conforme o momento histórico será sua educação; a estrutura social de

seu tempo faz a educação ter um caráter presente na época; o caráter da cultura onde a educação de cada tempo é manifestada pela (política ou religião, direito ou filosofia); a vida econômica, a educação acaba variando conforme a estrutura de sua economia; os ideais da educação, que é relativo a cada tempo histórico percorrido com seus modos de mundo e da vida; a concepção

estritamente pedagógica, com base em ideias educacionais de pensadores; a personalidade e a atuação dos grandes educadores, que foram decisivas para a educação como Sócrates e Platão; as reformas das autoridades oficiais, que acabaram em cada tempo transformando radicalmente

a realidade educacional; e por fim, as modificações das instituições e métodos da educação, que no longo do tempo percorrido da história que hoje são decisivas para a educação.

No campo da educação, a reflexão histórica, nos faz perceber que, a historicidade não serve apenas para descrever o passado, mas sim para nos mostrar a qualidade de projetos, ideias e experiências que houveram ao longo do tempo, fazendo nos permitirmos a uma compreensão de quem somos e de como fomos. É essencial relembrar e aprender sobre a educação em cada período da nossa história.

Para ser, conviver, saber, e fazer, em todo momento mesclamos a vida com a educação. Vivendo em sociedade, estamos a cada instante trocando o conhecimento das tradições e costumes, as condutas e regras sociais de um determinado povo, e nessa transmissão de conhecimentos, construímos processos sociais de aprendizagem.

A história da educação é muito importante para a formação enquanto Pedagogas e educadores. Pois, para podermos resolvermos problemas atuais, precisamos entender o passado, saber como, onde e quando surgiu esse problema. Podemos pegar como exemplo, os sujeitos que aqui nesta pesquisa estamos abordando, (as crianças e adolescentes internados), sabemos que cada um tem histórias e culturas de vida diferente um do outro que precisa ser analisada e entendida para podermos compreendê-la, ajudá-la e adequá-la ao modo de ser trabalhado com ela num ambiente fora da escola.

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Saber a história, também estimula o educador a ser reflexivo e ter uma visão crítica e ampla acerca dos problemas e mudanças. Pois a educação não está isolada, ela faz parte da sociedade e cultura vivida em cada época. É por isso que a visão de amplitude não se deve ficar focada somente no ambiente escolar e sim na sociedade atuando como uma reflexão do passado aposto ao presente e projetado no futuro.

Nossa atualidade está muito envolvida com coisas novas a cada dia que passa, inclusive no campo da educação. É de fundamental importância que enquanto educadores se tenha o conhecimento da história da educação para podermos e mantermos uma visão de atitude crítica diante das novidades pedagógicas de hoje, levando em conta os conhecimentos e história do passado para que possamos compreender a educação atual e dessa forma contribuir para uma educação voltada para a realização humana, atribuindo a criação de melhores planos, metas ao trabalho educacional.

Conhecer as diferentes histórias na qual a educação passou, que refletem na educação atual, nos mostra que fazemos parte da história e que podemos alterar o futuro. Direcionando os alunos a serem formadores de opiniões, e que saibam adquirir conhecimentos e entendimentos da realidade educacional, possibilitando-os a vivencia do presente e preparando-os para o futuro.

Ao pensamos em educação, primeiramente vem à mente a imagem de uma escola, com todos os seus espaços demarcados e recheados de regras. Nossa memória também nos remete ao ato de ensinar, conteúdos escolares, avaliações. Essas percepções estão evidentes no nosso consciente e inconsciente por causa das variedades de definições que vinculamos a palavra educação.

Em razão disso, que se habitua valorizá-la somente quando ela ocorre em ambientes destinados exclusivamente para a função de aprender e ensinar, ou seja, a escola. Conforme Brandão (2007, p. 10), “educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade”. Deste modo, necessitamos refletir que ela não se limita exclusivamente a um espaço chamado de escola, mas que ela acontece em toda parte em que há um ato de aprender e ensinar.

Independente do espaço onde ocorra o processo de aprendizagem, a educação sempre é e será transformadora. Ela pode ser mediada, construtivista, porem sempre acaba ultrapassando os espaços de atuação. Desta forma, carece-se de um profissional qualificado, que entenda a educação como sem limites de tempo ou espaços, que acolha a essas demandas, vendo-a presente em ambientes formais ou não-formais, escolares ou não-escolares.

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Como Freire nos diz “o homem e a mulher são os únicos seres capazes de aprender com alegria e esperança, na convicção de que a mudança é possível. Aprender é uma descoberta criadora, com abertura ao risco e a aventura do ser, pois ensinando se aprende e aprendendo se ensina” (1996. p.62). Pedagogas, carecemos de ter isso presente em nossas mentes, pois para o bom desempenho de nossas funções, não há nada mais eficaz do que ler, pesquisar e compreender nossa história, uma vez que a História da Educação é, a história daqueles responsáveis pela transmissão, dos saberes sociais, o professor.

Em vista disso tudo, da história da educação percebemos que não é somente na escola que a educação acontece, pois, os espaços não escolares também podem ser vistos como espaços onde podem acontecer uma troca de aprendizado por meio de uma educação transformadora e consciente.

Contudo, faz-se notório citar como complementação, o artigo 5° da Constituição Federal de 1988, o qual afirma que “Todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza”. E mais adiante na mesma Constituição, no Capítulo III da Educação, da Cultura e do Desporto temos no Art. 205 “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa...”.

Em todos momentos dos mais simples aos mais complexos, e desafiadores do desenvolvimento da criança, desde os primeiros olhares, risos, nas primeiras palavras, passos, brincadeiras, jogos, num envolvimento de medo, coragem e avanços, na angustia, dor e na doença é possível evidenciar a troca e construção de aprendizagem entre pais e filhos, família e criança, criança com seus pares, tudo acontecendo em espaços formais e não formais levando a uma educação que contribui para a formação do indivíduo na edificação da personalidade e do caráter do ser.

2.2 – Pedagogia no Decorrer da História

Uma verdadeira viagem de descobrimento não é encontrar novas terras, mas ter um olhar novo.

MARCEL PROUST

Perante ao tema anteriormente abordado sobre a história da educação, não podemos esquecer da ciência que está totalmente relacionada à educação: Pedagogia. No momento em que defrontamos com esta palavra nos questionamos se Pedagogia é educação. Chega-se a um

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consenso que ela pode ser vista de diversas maneiras, porém todas estão vinculadas a condução do conhecimento. Segundo o Dicionário Online de Português, Dicio, Pedagogia quer dizer:

Ciência cujo objeto de análise é a educação, seus métodos e princípios; reunião das teorias sobre educação e sobre o ensino. /Reunião das práticas e métodos que garantem a adequação entre o conteúdo didático e as pessoas que se utilizaram dele. /Prática de educar, ensinar, encaminhar. Direcionar a criança no caminho da aprendizagem em busca do conhecimento.

De acordo com os escritos de Paulo Ghiraldelli Jr., “Saber o que ensinar, para quem ensinar como ensinar e para que ensinar [...] pedagogia consubstancia-se no polo teórico da problemática educacional. A pedagogia é a teoria, enquanto a educação é a pratica. ” (GHIRALDELLI JR., 1991, p. 08).

Entretanto, pensar em Pedagogia nos conduz a refletir sobre a história da educação ao longo dos tempos. No entanto, pretende-se aqui descrever um sucinto histórico sobre a Pedagogia. Deste modo, começaremos relatando a origem da Pedagogia, que vem do grego antigo e está baseada no conceito de paideia, que provém da palavra paidagogos, nome esse dado aos escravos que conduziam as crianças à escola. A palavra paideia (paidós, que quer dizer ‘criança’ e por agodé, que significa condução).

Então, o paidagogo na Grécia Antiga era o condutor da criança, e no Grego Clássico era aquele que guiava a criança até o lugar de ensino das primeiras letras, da ginástica e dos exercícios físicos. Deste modo, a Grécia clássica é vista como o berço da Pedagogia. Nesta época, Platão se sobressai devido a reflexão pedagógica associada a política e passa a ser visto como o ‘pai da Pedagogia’, por estabelecer uma estrutura, um currículo, de como educar os homens livres de maneira absoluta.

Platão, enfatiza que a educação leva o homem a uma formação moral, ao meio e a educação do Estado, a partir do momento em que os sujeitos representam uma ideia de justiça. Com o passar do tempo, surgiram outros autores que recriaram e resignificaram seu sentindo, direcionando-a para uma visão crista. Inspirado em Platão, Santo Agostinho foi considerado o mestre do Ocidente cristão, porque buscou por aspectos de uma Pedagogia de vinculo religioso. No período do Renascimento, entre os séculos XV e XVI, de acordo com a nova concepção de ser humano o educar começou a tornar-se uma exigência e uma questão de moda. Isto é,

[...]enquanto os mais ricos ou da alta nobreza continuavam a ser educados por preceptores em seus próprios castelos, a pequena nobreza e a burguesia também queriam educar seus filhos e os encaminhavam para a escola, na esperança de melhor prepara-los para a liderança e a administração da política e dos negócios. Já os interesses pela educação de segmentos populares, em geral, não eram levados em conta, restringindo-se a aprendizagem de ofícios. (ARANHA 2006, p. 125 -126)

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Com esse propósito, a educação passou a atender uma pequena parte da população burguesa. A partir do século XVI até o XVIII, nasceram as escolas, as quais tinham como meta de não se restringir,

[...]a transmissão de conhecimentos, mas a formação moral. O regime de estudo era de certo modo rigoroso e extenso. Os programas continuavam a se basear nos clássicos trivium e quadrivium, persistindo, portanto, a educação formal de gramatica e retorica, como na Idade Média. (ARANHA 2006, p. 126)

Por ser um sistema tradicional de ensino foi arduamente criticado, levando a uma

decadênciada formação nesse período. Em razão disso, apareceram as academias e instituições

privadas, com um caráter filosófico e literário. Além disso entre os séculos XV e XVI, a Igreja Católica criou a Companhia de Jesus, com o objetivo de uma “propagação missionária da fé, a luta contra os infiéis e os heréticos” (ARANHA, 2006, p. 127). Ela se destacou por desenvolver uma Pedagogia eficiente, que se baseava em uma visão essencialista, na qual a educação desenvolveria as potencialidades do ser humano.

Essa Pedagogia essencialista, tinha como função alcançar o que o ser humano deve vir a ser, a partir de um modelo e de padrões educativos que tendem a moldar, deixando de considerar o homem enquanto sujeito completo, integrado, e sim o considerando apenas como um corpo sem sua participação ativa. Ainda hoje esse tipo de Pedagogia se faz presente, se fortificando em modelos. Por isso, enquanto educadores, compete a nós batalhar e modificar essa realidade por meio de métodos que objetivem o desenvolvimento da cidadania e a emancipação do sujeito.

A Pedagogia apresentou diversos avanços com estudos de pensadores distintos na sua história, como o monge João Comênio que marcou o início sistemático da Pedagogia e da didática com sua obra Didática Magna. Defendia que a criança e o estudante, tivessem direito a cuidados especiais para realização de uma aprendizagem mais agradável e produtiva.

Jean-Jacques Rousseau, defendia que o homem é bom por natureza, no entanto está sujeitado a influência corrompidas da sociedade. Johann Heinrich Pestalozzi, embasa que a papel fundamental do ensino é guiar as crianças a desenvolver suas habilidades inatas e naturais. John Dewey colocou como ingredientes fundamentais da educação a atividade prática e a democracia.

Emile Durkheim sustentou que em cada aluno há dois seres inseparáveis e distintos. Maria Montessori foi a pioneira no campo pedagógico pois deu mais destaque na autoeducação do aluno do que ao papel do educador como fonte de conhecimento. Celestin Freinet tinha uma preocupação com a transformação da escola por dentro, sendo dever do professor criar uma

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atmosfera produtiva na escola, estimular as crianças a fazer experiências, procurar respostas, ajudar e ser ajudadas.

Jean Piaget criou a Epistemologia Genética, centrada no desenvolvimento natural da criança, educar, para ele, é estimular a procura do conhecimento. Em razão disso ele foi o nome mais importante na área da educação. Lev Vygotsky, a formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor. Para Carl Rogers o professor é facilitador do aprendizado que o aluno conduz a seu modo. Segundo Lawrence Stenhouse, o educador deveria transformar a sala de aula em um laboratório.

O ensino no decorrer da história da Pedagogia vem se transformando lentamente. Porém, são notórias as mudanças presentes na atual ação pedagógica. Novas propostas educativas continuam sendo fomentados através das necessidades atuais vividas por cada sociedade e espaço.

Pedagogia é então a ciência da educação, é o método para ensinar. E o pedagogo é o mestre que conduz a criança para esse ensinar, é o responsável pelo processo educativo, é saber lidar com o diferente, sem preconceito, em suas mãos está o futuro de muitas pessoas.

Optar pela Pedagogia é optar pela educação e aprendizado constante, pois a Pedagogia é o ato de educar, é se doar inteiramente para pessoas que você no princípio nem conhece, porém dependem de pedagogos para se formarem sujeitos. Podemos dizer que Pedagogia é o conduzir o acompanhar as crianças em suas alegrias, seus saberes suas angustias, dores e sofrimento.

2.3 – Aspectos Legais da Pedagogia

A ‘autonomia’ da vontade é o princípio único de todas as leis morais e dos deveres que estão em conformidade com elas.

EMMANUEL KANT

A Pedagogia pode ser compreendida como um conjunto de preceitos, princípios e metodologias de educação baseados em concepção de vida, e ciências humanas. Como nos salienta Libâneo,

A Pedagogia ocupa-se, de fato, dos processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas antes disso ela tem um significado bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela e um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa. [...]Pedagogia é, então, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto e, do ato educativo, da pratica educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana. (2007, p.29-30)

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Analisando a Pedagogia a partir do ponto de vista de Libâneo, percebemos que uma educação de qualidade é um direito para toda a população, sem separações de classe, cor, religião. Em razão disso, documentos de caráter legais foram criados, para garantir esse direito, como a Leis de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, Lei 9.394/96, o qual traz o curso de Pedagogia r.

A Leis de Diretrizes e Bases da Educação – LDB expõe três artigos fundamentais para diferenciação do curso de Pedagogia:

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

Art. 63. I - Cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental;

Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (BRASIL, 1996).

Outro aspecto que também é primordial da LDB para o curso de Pedagogia e leva em consideração à formação de docentes para a educação especial. Onde a Lei ressalta em seu,

Art. 59 . Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; (BRASIL, 1996).

Deste modo, não podemos negar que a Pedagogia é um campo de conhecimento, que vem se assegurando na importância de sua particularidade com grandes e significativos avanços conquistados através de inúmeras contribuições teóricas e práticas.

Porém, necessitamos ainda desfazer o conceito de que a Pedagogia apenas se resume ao campo escolar, carecemos de derrubar com os muros da escola, já que a educação está em muitos espaços sociais, até mesmo no hospital, tema esse que será o qual nos debruçaremos a seguir.

(35)

Capítulo III

DA EXPERIÊNCIA À TEORIA POR UMA PEDAGOGIA HOSPITALAR

Abordaremos a Pedagogia Hospitalar que é vista atualmente como uma nova ramificação da Pedagogia que visa discutir a educação no espaço hospitalar, valorando e garantindo o direito da criança e adolescente enfermo em uma escola fora dos muros das instituições escolares. Assim sendo, para melhor compreensão da Pedagogia Hospitalar e a performance do pedagogo neste novo contexto, este capítulo estará dividido em quatro subtemas que se distinguem como: Hospital: Da recuperação da saúde ao lugar da educação;

Pedagogia Hospitalar, breve histórico de seu surgimento; Aspectos legais da Pedagogia Hospitalar; e, Pedagogo X Pedagogo hospitalar: Formação e Perfil.

3.1 – Hospital: da Recuperação da Saúde ao Lugar da Educação

A individualidade mais importante do hospital não é o seu diretor, nem o contribuinte, nem o médico, nem a enfermeira, nem o secretário; a individualidade mais importante do hospital é, sem dúvida, o enfermo.

GOLDWATER..

Hospital é “estabelecimento próprio que se destina ao tratamento e à internação de pessoas doentes ou feridas; casa de saúde” (DICIO). De acordo com Foucault (1979), os

hospitais surgiram em meados do século XVIII. Porém, noperíodo da Idade Média, o hospital

não foi arquitetado como meio de cura.Eram vistos como estabelecimentos de caridade, com a

finalidade de eliminação e separação dos pobres adoecidos, pois eles representavam um perigo para população considerada ‘sadia’. Ou seja, os hospitais naquele tempo eram considerados

morredouros. Desta maneira, FOUCAULT descreveu que:

Antes do século XVIII, o hospital era essencialmente uma instituição de assistência aos pobres. Instituição de assistência, como também de separação e exclusão. O pobre como pobre tem necessidade de assistência e, como doente, portador de doença e de possível contágio, é perigoso. Por estas razões, o hospital deve estar presente tanto para recolhê-lo, quanto para proteger os outros do perigo que ele encarna. O personagem ideal do hospital, até o século XVIII, não é o doente que é preciso curar, mas o pobre que está morrendo. É alguém que deve ser assistido material e espiritualmente, alguém a quem se deve dar os últimos cuidados e o último sacramento. Esta é a função essencial do hospital. Dizia-se correntemente, nesta época, que o hospital era um morredouro, um lugar onde morrer. FOUCAULT (1979, p. 130)

Esse ‘internamento’, ou seja, exclusão, como espaço de morredouro nas instituições

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