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Aquisição das fricativas /f/, /v/, /R/ e /Y/ do Português. Brasileiro. Carolina Cardoso Oliveira. Dissertação de Mestrado

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FACULDADE DE LETRAS

Aquisição das fricativas /f/, /v/, /R/ e /Y/ do Português

Brasileiro

Carolina Cardoso Oliveira

Dissertação de Mestrado

2002

(2)

SUMÁRIO

LISTA DE SÍMBOLOS...xii LISTA DE TABELAS...xii LISTA DE FIGURAS...xv RESUMO...xviii ABSTRACT...xix 1 INTRODUÇÃO...1 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...3 2.1 AQUISIÇÃO FONOLÓGICA...3 2.2 GEOMETRIA DE TRAÇOS...5 2.3 FONOLOGIA MÉTRICA...11 2.3.1 O ACENTO EM PORTUGUÊS...16 3 METODOLOGIA...18 3.1 BANCOS DE DADOS...18 3.2 INFORMANTES...19 3.3 CORPUS...21 3.4 INSTRUMENTO DE ANÁLISE...24 3.4.1 PACOTE VARBRUL...24

(3)

3.5.1 VARIÁVEIS DEPENDENTES...26

3.5.2 VARIÁVEIS LINGÜÍSTICAS INDEPENDENTES...27

3.5.2.1 Tonicidade...27

3.5.2.2 Posição na palavra...28

3.5.2.3 Número de sílabas ...29

3.5.2.4 Contexto fonológico precedente...29

3.5.2.5 Contexto fonológico seguinte...30

3.5.3 VARIÁVEL EXTRALINGÜÍSTICA INDEPENDENTE...31

3.5.3.1 Faixa etária...32

3.6 CODIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS...33

3.7 AMALGAMAÇÕES...33

3.8 CRUZAMENTOS...34

4 DESCRIÇÃO DOS DADOS...35

4.1 FONEMA /f/...35

4.1.1 FAIXA ETÁRIA...35

4.1.1.1 Faixas etárias simples...36

4.1.1.2 Faixas etárias amalgamadas...38

4.1.2 TONICIDADE...40

4.1.3 CONTEXTO PRECEDENTE...41

(4)

4.1.5 POSIÇÃO NA PALAVRA...42

4.1.6 NÚMERO DE SÍLABAS ...43

4.1.7 OMISSÕES E OUTRAS REALIZAÇÕES...43

4.1.8 CRUZAMENTOS...45

4.1.8.1 Posição na palavra x faixa etária...46

4.1.8.2 Posição na palavra x tonicidade...47

4.1.8.3 Tonicidade x número de sílabas...48

4.2 FONEMA /v/...49

4.2.1 FAIXA ETÁRIA...49

4.2.1.1 Faixas etárias simples...50

4.2.1.2 Faixas etárias amalgamadas...52

4.2.2 NÚMERO DE SÍLABAS...54

4.2.3 TONICIDADE...55

4.2.4 CONTEXTO PRECEDENTE...56

4.2.5 CONTEXTO SEGUINTE...57

4.2.6 POSIÇÃO NA PALAVRA...57

4.2.7 OMISSÕES E OUTRAS REALIZAÇÕES...58

4.2.8 CRUZAMENTOS...59

4.2.8.1 Posição na palavra x faixa etária...60

4.2.8.2 Posição na palavra x tonicidade...61

(5)

4.3 FONEMA /š/...63

4.3.1 FAIXA ETÁRIA...63

4.3.1.1 Faixas etárias simples...64

4.3.2 POSIÇÃO NA PALAVRA...66

4.3.3 CONTEXTO PRECEDENTE ...67

4.3.4 CONTEXTO SEGUINTE ...68

4.3.5 TONICIDADE...68

4.3.6 NÚMERO DE SÍLABAS ...69

4.3.7 OMISSÕES E OUTRAS REALIZAÇÕES...70

4.3.8 CRUZAMENTOS...71

4.3.8.1 Posição na palavra x faixa etária...71

4.3.8.2 Posição na palavra x tonicidade...73

4.3.8.3 Tonicidade x número de sílabas ...74

4.4 FONEMA /ž/...75

4.4.1 FAIXA ETÁRIA...75

4.4.1.1Faixas etárias simples...76

4.4.2 CONTEXTO SEGUINTE...78

4.4.3 POSIÇÃO NA PALAVRA...79

4.4.4 CONTEXTO PRECEDENTE...79

4.4.5 TONICIDADE...80

(6)

4.4.7 OMISSÕES E OUTRAS REALIZAÇÕES...82

4.4.8 CRUZAMENTOS...83

4.4.8.1 Posição na palavra x faixa etária...83

4.4.8.2 Posição na palavra x tonicidade...85

4.4.8.3 Tonicidade x número de sílabas...86

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...87

5.1 QUANTO À FAIXA ETÁRIA...87

5.2 QUANTO À TONICIDADE...92

5.3 QUANTO AO CONTEXTO PRECEDENTE...93

5.4 QUANTO AO CONTEXTO SEGUINTE...94

5.5 QUANTO AO NÚMERO DE SÍLABAS...94

5.6 QUANTO À POSIÇÃO NA PALAVRA...95

5.7 QUANTO A OMISSÕES E OUTRAS REALIZAÇÕES...96

5.7.1 OMISSÕES DE SÍLABA ...96

5.7.2 OMISSÕES DE SEGMENTO...98

5.7.3 SUBSTITUIÇÕES...100

5.7.3.1 Substituições em /f/ e /v/...100

5.7.3.2 Substituições em /š/ e /ž/...102

5.7.3.3 Faixa etária das substituições...105

(7)

6 CONCLUSÃO...109 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...111 ANEXO A – Ficha de levantamento e codificação dos dados para os fonemas em estudo...117 ANEXO B – Símbolos usados para codificar variáveis...118

(8)

LISTA DE SÍMBOLOS

C ⇒ consoante V ⇒ vogal R ⇒ raiz PC ⇒ ponto de consoante CO ⇒ cavidade oral LAR ⇒ laríngeo

(9)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Produção do fonema /f/ quanto à faixa etária...36

TABELA 2 – Produção do fonema /f/ quanto à faixa etária amalgamada...39

TABELA 3 – Produção do fonema /f/ quanto à tonicidade...40

TABELA 4 – Produção do fonema /f/ quanto ao contexto precedente...41

TABELA 5 – Produção do fonema /f/ quanto ao contexto seguinte...42

TABELA 6 – Produção do fonema /f/ quanto à posição na sílaba...42

TABELA 7 – Produção do fonema /f/ quanto ao número de sílabas...43

TABELA 8 – Omissões e outras realizações na aquisição do fonema /f/...44

TABELA 9 – Omissões e outras realizações amalgamadas na produção de /f/...45

TABELA 10 – Cruzamento dos fatores posição na palavra e faixa etária...46

TABELA 11 – Cruzamento dos fatores posição na palavra e tonicidade...47

TABELA 12 – Cruzamento dos fatores tonicidade e número de sílabas...48

TABELA 13 – Produção do fonema /v/ quanto à faixa etária...50

TABELA 14 – Produção do fonema /v/ quanto à faixa etária amalgamada...53

TABELA 15 – Produção do fonema /v/ quanto ao número de sílabas...54

TABELA 16 – Produção do fonema /v/ quanto à tonicidade...55

TABELA 17 – Produção do fonema /v/ quanto ao contexto precedente...56

(10)

TABELA 19 – Produção do fonema /v/ quanto à posição na palavra...57

TABELA 20 – Omissões e outras realizações na produção do fonema /v/...58

TABELA 21 – Omissões e outras realizações amalgamadas...59

TABELA 22 – Cruzamento dos fatores posição na palavra e faixa etária...60

TABELA 23 – Cruzamento dos fatores posição na palavra e tonicidade...61

TABELA 24 – Cruzamento dos fatores tonicidade e número de sílabas...62

TABELA 25 – Produção do fonema /š/ quanto à faixa etária...64

TABELA 26 – Produção do fonema /š/ quanto à posição na palavra...66

TABELA 27 – Produção do fonema /š/ quanto ao contexto precedente...67

TABELA 28 – Produção do fonema /š/ quanto ao contexto seguinte...68

TABELA 29 – Produção do fonema /š/ quanto à tonicidade...68

TABELA 30 – Produção do fonema /š/ quanto ao número de sílabas...69

TABELA 31 – Omissões e outras realizações na aquisição do fonema /š/....70

TABELA 32 – Omissões e outras realizações amalgamadas...71

TABELA 33 – Cruzamento dos fatores posição na palavra e faixa etária...72

TABELA 34 – Cruzamento dos fatores posição na palavra e tonicidade...73

TABELA 35 – Cruzamento dos fatores tonicidade e número de sílabas...74

TABELA 36 – Produção do fonema /ž/ quanto à faixa etária...76

(11)

TABELA 38 – Produção do fonema /ž/ quanto à posição na palavra...79

TABELA 39 – Produção do fonema /ž/ quanto ao contexto precedente...79

TABELA 40 – Produção do fonema /ž/ quanto à tonicidade...80

TABELA 41 – Produção do fonema /ž/ quanto ao número de sílabas...81

TABELA 42 – Omissões e outras realizações na aquisição do fonema /ž/....82

TABELA 43 – Omissões e outras realizações amalgamadas...82

TABELA 44 – Cruzamento dos fatores posição na palavra e faixa etária...84

TABELA 45 – Cruzamento dos fatores posição na palavra e tonicidade...85

TABELA 46 – Cruzamento dos fatores tonicidade e número de sílabas...86

TABELA 47 – Idades de aquisição em Rangel (1998)...89

TABELA 48 – Diferença de aquisição entre pares surdo/sonoro...90

TABELA 49 – Diferença de idade de aquisição nas posições de onset absoluto e medial...90

TABELA 50 – Sílabas favoráveis à produção das fricativas...92

TABELA 51 – Contextos precedentes favoráveis à produção das fricativas...93

TABELA 52 – Contextos seguintes favoráveis à produção das fricativas...94

TABELA 53 – Omissões de segmento nas diferentes sílabas...99

TABELA 54 – Produções por faixas etárias na aquisição de /f/e /v/...105

(12)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Representação da estrutura arbórea segundo Clements e Hume

(1995, p.249)...7

FIGURA 2 – Representação das consoantes segundo Clements e Hume (1995, p.292)...8

FIGURA 3 – Representação geométrica do /f/...9

FIGURA 4 – Representação geométrica do /v/...9

FIGURA 5 – Representação geométrica do /š/...10

FIGURA 6 – Representação geométrica do /ž/...10

FIGURA 7 – Representação da relação entre elementos prosódicos...12

FIGURA 8 – Representação da ‘árvore’ (Liberman e Prince, 1977, p.264)...13

FIGURA 9 – Representação da grade métrica (Liberman e Prince, 1977, p.309)...14

FIGURA 10 – Representação da grade métrica de Halle e Vergnaud, 1987 (Collischonn, 1999, p.126)...14

FIGURA 11 – Representação da consoante final abstrata...17

FIGURA 12 – Quadro com o número de informantes selecionados no Banco de Dados INIFONO...20

(13)

FIGURA 13 – Quadro com o número de informantes selecionados no Banco

de Dados INIFONO...20

FIGURA 14 – Quadro com as palavras descartadas com /f/...22

FIGURA 15 – Quadro com as palavras descartadas com /v/...22

FIGURA 16 – Quadro com as palavras descartadas com /š/...23

FIGURA 17 – Quadro com as palavras descartadas com /ž/...23

FIGURA 18 – Quadro com as variáveis dependentes - /f/ e /v/...26

FIGURA 19 – Quadro com as variáveis dependentes - /š/ e /ž/...26

FIGURA 20 – Quadro com as diferentes possibilidades de tonicidade em que /f/ e /v/ podem ocorrer, no PB...27

FIGURA 21 – Quadro com as diferentes possibilidades de tonicidade em que /š/ e /ž/ podem ocorrer, no PB...28

FIGURA 22 – Quadro com as diferentes possibilidades de posição na palavra em que /f/ e /v/ podem ocorrer, no PB...28

FIGURA 23 – Quadro com as diferentes possibilidades de posição na palavra em que /š/ e /ž/ podem ocorrer, no PB...28

FIGURA 24 – Quadro com as diferentes possibilidades de número de sílabas em que /f/ e /v/ podem ocorrer, no PB...29

FIGURA 25 – Quadro com as diferentes possibilidades de número de sílabas em que /š/ e /ž/ podem ocorrer, no PB...29

FIGURA 26 – Quadro com as diferentes possibilidades de contexto precedente em que /f/ e /v/ podem ocorrer, no PB...30

(14)

FIGURA 27 – Quadro com as diferentes possibilidades de contexto

precedente em que /š/ e /ž/ podem ocorrer, no PB...30

FIGURA 28 – Quadro com as diferentes possibilidades de contexto seguinte em que /f/ e /v/ podem ocorrer, no PB...31

FIGURA 29 – Quadro com as diferentes possibilidades de contexto seguinte em que /š/ e /ž/ podem ocorrer, no PB...31

FIGURA 30 – Quadro com as faixas etárias - /f/ e/v/...32

FIGURA 31 – Quadro com as faixas etárias - /š/ e /ž/...33

FIGURA 32 – Gráfico de produção do fonema /f/...38

FIGURA 33 – Gráfico de produção do fonema /f/ quanto à faixa etária amalgamada...39

FIGURA 34 - Gráfico de produção do fonema /v/...52

FIGURA 35 - Gráfico de produção do fonema /v/ quanto à faixa etária amalgamada...54

FIGURA 36 – Gráfico de produção do fonema /š/...66

FIGURA 37 - Gráfico de produção do fonema /ž/...78

FIGURA 38 - Gráfico de aquisição dos 4 fonemas em estudo...88

(15)

RESUMO

A presente pesquisa descreve a aquisição das fricativas /f/, /v/, /š/ e /ž/ do português brasileiro, em posição de onset simples (absoluto e medial), por crianças com desenvolvimento normal, e idade entre 1:0 e 3:8 anos. Os dados utilizados nesta pesquisa fazem parte dos Bancos de Dados INIFONO (crianças com idade entre 1:0 e 1:11 anos) e AQUIFONO (crianças com idade entre 2:0 e 7:1 anos). Procurou-se observar o que ocorria quando a criança não produzia um dos segmentos em estudo e quando estes eram substituídos. Para realizar a análise dos dados fez-se uso da Geometria de Traços e da Fonologia Métrica. Os dados utilizados foram submetidos à análise estatística pelo conjunto de programas que fazem parte do Pacote VARBRUL.

(16)

ABSTRACT

This study describes the acquisition of the Brazilian Portuguese fricatives /f/, /v/, /š/ e /ž/ by children with ages between 1:0 – 3:8, with normal phonological development. The sample comes from the INIFONO and AQUIFONO data bases. Statistic analysis was carried out using the VARBRUL program and the results were analysed according to Geometry of Phonological Features and Metrical Phonology.

(17)

1.

INTRODUÇÃO

A aquisição da fonologia do português falado no Brasil vem sendo bastante estudada nas últimas décadas. No processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem infantil alguns traços distintivos, estruturas silábicas e posições na palavra são adquiridos precocemente, enquanto outros são adquiridos tardiamente.

O tema central desta dissertação é a aquisição das consoantes fricativas /f/, /v/, /š/ e /ž/ por crianças brasileiras, na posição de onset (absoluto e medial), na faixa etária de 1:0 a 3:8 anos.

Apesar do grande número de pesquisas realizadas na área de aquisição e desenvolvimento da linguagem, não há um estudo específico sobre estas referidas fricativas no português brasileiro, razão pela qual esses segmentos foram escolhidos como tema desta pesquisa. Outro fator que motivou esta escolha foi a diferença de tempo de aquisição existente dentro da classe das fricativas, e o fato de alguma das fricativas serem consideradas de aquisição tardia.

Este trabalho também espera complementar a descrição da classe das fricativas, visto que Savio (2001) estudou a aquisição das fricativas /s/ e /z/ em onset e em coda.

Também relevante para justificar a realização desta pesquisa é o trabalho realizado no Centro de Estudos sobre Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem (CEAAL) do Programa de Pós-Graduação em Letras da

(18)

PUCRS, sob a orientação da Profa. Dr. Regina Ritter Lamprecht, no Projeto “A fonologia do Português na faixa etária de 1:0 e 2:0 anos”.

Nesta investigação descrever-se-á a aquisição das fricativas /f/, /v/, /š/ e /ž/do português brasileiro; verificar-se-á a ordem de aquisição dos fonemas nas diferentes posições da sílaba; o que ocorre quando não são produzidos; as variáveis lingüísticas e extra-lingüística relevantes na aquisição; se a aquisição destes fonemas é um processo linear ou gradual; se as teorias Autossegmental e Métrica explicam de forma adequada a aquisição das fricativas.

Além de preencher uma lacuna na descrição do PB, este estudo também traz contribuições para a fonoaudiologia na medida em que traz informações para o estabelecimento de padrões na aquisição fonológica normal.

Este trabalho está estruturado da seguinte maneira: no capítulo 2, tem-se uma revisão bibliográfica sobre a aquisição fonológica e sobre as teorias utilizadas, ou seja, Autossegmental e Métrica.

O capítulo 3 descreve a metodologia adotada neste trabalho, ou seja, informações sobre o banco de dados, informantes, corpus, Programa VARBRUL, e variáveis.

No capítulo 4, tem-se a descrição dos resultados da análise estatística com as variáveis selecionadas, bem como as não selecionadas pelo Programa VARBRUL.

O capítulo 5 apresenta a análise e a discussão dos resultados através das teorias Autossegmental e Métrica.

(19)
(20)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 AQUISIÇÃO FONOLÓGICA

A aquisição da fonologia de uma língua implica o aprendizado de vários aspectos relacionados aos sons que compõem o sistema daquela língua. Segundo Mota (1996), a criança deve aprender quais são os sons que são contrastivos em sua língua, quais são as estruturas silábicas permitidas, quais os sons que são possíveis em cada posição silábica, quais as seqüências de sons que podem ocorrer em uma mesma sílaba, onde fica o acento em cada palavra. A grande maioria das crianças aprende todos esses aspectos sem apresentar dificuldades e somente a partir das evidências do input; não há um ensino direto dessas habilidades no desenvolvimento normal.

A aquisição fonológica é parte do processo de Aquisição da Linguagem e permite à criança lidar com o sistema de sons de sua língua, levando ao incremento de todas as outras habilidades lingüísticas.

Até os quatro anos, crianças com desenvolvimento normal adquirindo o português brasileiro (PB) são capazes de produzir e usar contrastivamente os sons de sua língua materna. Conforme Hernandorena (1990), a árdua tarefa de discriminar fones, fonemas e traços distintivos, aplicar regras fonológicas e morfofonêmicas, respeitar restrições selecionais e seqüenciais é dominada bastante cedo pela criança.

Há uma variabilidade individual muito significativa entre as crianças, e os estudos de aquisição revelam que, mesmo existindo padrões gerais, existem

(21)

também, segundo Bates, Dale e Thal (1997) e Lamprecht (1993), características individuais marcantes, tanto na idade como no ritmo de aquisição, que precisam ser consideradas como dados a mais nos estudos fonológicos. Porém, é consenso que esta variação tem limites, é uma variabilidade regida por restrições universais.

Em vista disto, foram feitos vários trabalhos a fim de ajudar a esclarecer o processo de aquisição da linguagem. Em sua fase inicial os estudos eram realizados a partir de dados coletados longitudinalmente. Entre os mais citados encontra-se o de Leopold (1939-49), que acompanhou o desenvolvimento de sua filha, e o de Roger Brown (1973), que observou, por aproximadamente dois anos, o desenvolvimento de Adam, Eve e Sarah.

Sobre o Português Brasileiro também foram desenvolvidos estudos baseados em dados de coletas longitudinais. Podemos citar o de Lamprecht (1990), que estudou o perfil de aquisição de 12 crianças na faixa etária de 2:9 a 5:5; o de Santos (1990), sobre 4 crianças com idade entre 2:2 e 2:8 anos; o de Rosa (1992), sobre o desenvolvimento fonológico normal do Português no período entre 2:8 e 3:2; o de Ilha (1993), que observou o desenvolvimento fonológico de crianças com idade entre 1:8 e 2:3 anos; e o de Rangel (1998), que apresentou os dados de aquisição de 3 crianças na faixa etária de 1:6 a 3:0.

Há também estudos realizados a partir de dados obtidos por coletas transversais. Dentre eles, destacamos o de Hernandorena (1990), sobre a aquisição fonológica do português com base em traços distintivos; o de Miranda (1996), referente à aquisição das róticas do Português Brasileiro; o de Fronza (1999), referente ao nó laríngeo e ao nó ponto de C no processo de aquisição normal e com desvios; o de Mezzomo (1999), que estudou os padrões de aquisição das consoantes em posição de coda medial na faixa etária de 1:4 a 3:10; e o de Savio (2001), referente à aquisição das fricativas /s/ e /z/ em crianças na faixa etária de 1:0 a 3:0.

(22)

Dentre os estudos sobre a aquisição fonológica do Português Brasileiro que referem as fricativas /f/, /v/, /š/ e /ž/, objetos de estudo desta pesquisa, destacam-se os seguintes: o de Hernandorena (1990), que mostra que as fricativas /š/ e /ž/ estão adquiridas plenamente em todas as posições aos quatro anos; o de Lamprecht (1990), que mostra ser comum (durante o processo de aquisição) anteriorizar as fricativas /š/ e /ž/ para [s] e [z], respectivamente; o de Ilha (1993), onde vê-se que, a partir de 1:8, as crianças já têm os fonemas /f/ e /v/ adquiridos; o de Rangel (1998), que mostra ser significativo o número de substituições na classe das fricativas; e o de Fronza (1999), onde vemos que, a partir de um ano e seis meses, as crianças já têm, no seu inventário fonológico, os fonemas /f/ e /v/.

2.2 GEOMETRIA DE TRAÇOS

A Fonologia Autossegmental surgiu como resposta aos problemas apresentados pelos modelos lineares, ou seja: a) a relação de bijetividade e b) a caracterização dos segmentos como conjunto de traços sem nenhuma estrutura interna.

A Fonologia Autossegmental vê os traços distintivos como as unidades básicas de representação fonológica. Esta teoria foi proposta inicialmente por Goldsmith (1976), a partir de um estudo sobre o tom. Mas foi somente na década de 80 que apareceram os primeiros estudos aplicando esta teoria aos dados da fala infantil.

Goldsmith notou que, embora os segmentos fossem eliminados, algumas características do tom eram mantidas, estendendo-se a outras vogais da palavra. Esse fato veio provar, mais tarde, que um traço pode espraiar-se, ligando-se, não-linearmente, a mais de um segmento.

(23)

apresenta uma estrutura interna, ou seja, que existe a hierarquia entre os traços que compõem determinado segmento da língua. Para Hernandorena (1999), esta estrutura deve ser capaz de mostrar quais os traços que podem ser manipulados isoladamente ou em conjunto.

Segundo Hernandorena (1993), os traços distintivos são, portanto, unidades mínimas capazes de cumprir três funções básicas: a) descrever as propriedades físicas que entram na composição do som; b) diferenciar itens lexicais; c) agrupar os sons em classes naturais, isto é, classes de segmentos relacionados por compartilharem propriedades (traços distintivos).

Na Fonologia Autossegmental, os traços são dispostos em ‘tiers’ (ou camadas) onde funcionam de modo parcialmente autônomo. Os elementos no mesmo ‘tier’ são ordenados seqüencialmente, enquanto que os elementos em ‘tiers’ diferentes não são ordenados e se relacionam uns com os outros por meio de linhas de associação.

Com o propósito de representar formalmente a hierarquia existente entre os traços fonológicos e o fato de que os traços podem ser manipulados, Clements (1985) organizou um modelo de representação, a ‘Geometria de Traços’, que dispõe os traços como mostrado na Figura 1.

(24)

A B C D a E b c d e f g

FIGURA 1 - Representação da estrutura arbórea segundo Clements e Hume (1995, p. 249)

Para Clements e Hume (1995), o nó da raiz (A) domina todos os traços e dele partem os demais galhos. Este nó é composto de uma matriz de traços: [aproximante], [soante] e [vocóide], cuja função é dividir os segmentos em classes maiores (obstruintes, nasais, líquidas e vogais).

Os nós ‘B’, ‘C’, ‘D’ e ‘E’ representam os nós de classe que dominam os nódulos terminais (a, b, c, d, e, f, g) que são os valores dos traços e funcionam como unidades ou classes naturais em regras fonológicas.

Conforme Clements e Hume (1995), os nós são ligados por linhas de associação, que não podem se cruzar no mesmo plano. Ademais, existe entre os traços uma relação de dependência, sendo que o traço do nó imediatamente superior domina o do nó inferior e a mudança do nó superior implica alteração do nó inferior. A maneira como os traços são dispostos e agrupados em nós não varia de língua para língua.

Para Hernandorena (1996), a Geometria de Traços possibilita o entendimento da existência e do funcionamento da estrutura do segmento não

(25)

só no seu comportamento na fonologia das línguas, mas também no processo de aquisição da linguagem. Através da Geometria de Traços, é possível constatar claramente quando um processo é considerado natural na língua, pois, para a teoria, o que é natural implica somente uma alteração na estrutura arbórea.

Seguindo essa representação, a organização hierárquica das consoantes, portanto, é a mostrada na Figura 2.

X [-+ soante] Raiz [-+ aproximante] [- vocóide] Laríngeo [nasal] [aspirado] [glotal] [sonoro] Cavidade oral [contínuo] Ponto de C [labial] [coronal] [dorsal] [anterior] [distribuído]

FIGURA 2 - Representação das consoantes segundo Clements e Hume (1995, p. 292)

(26)

As representações geométricas dos segmentos /f/, /v/, /š/ e /ž/, objetos de estudo desta pesquisa, de acordo com o modelo de Clements e Hume (1995), são as que seguem nas figuras 3 a 6.

/f/ R [-soante] [-vocóide] [-aproximante] Laríngeo CO [-sonoro] [+contínuo] PC [labial]

FIGURA 3 - Representação geométrica do /f/ /v/ R [-soante] [-vocóide] [-aproximante] Laríngeo CO [+sonoro] [+contínuo] PC [labial]

(27)

/š/ R [-soante] [-vocóide] [-aproximante] Laríngeo CO [-sonoro] [+contínuo] PC [coronal] [-anterior] FIGURA 5 - Representação geométrica do /š/

/ž/ R [-soante] [-vocóide] [-aproximante] Laríngeo CO [+sonoro] [+contínuo] PC [coronal] [-anterior]

(28)

Na Fonologia Autossegmental existem princípios que impõem limites à aplicação de regras. São eles: a) o ‘princípio de não-cruzamento de linhas de associação’, que proíbe o cruzamento de linhas de associação; b) o ‘princípio do contorno obrigatório’, pelo qual elementos adjacentes idênticos são proibidos; e c) a ‘restrição de ligação’, que diz que as linhas de associação em descrições estruturais são interpretadas exaustivamente.

Para Rangel (1998), a Fonologia Autossegmental (assim como outros modelos teóricos) fornece condições para que se proceda a uma análise contrastiva entre o sistema fonológico infantil e o sistema fonológico adulto, permitindo ver, com maior clareza, a construção dos segmentos durante a aquisição da linguagem.

2.3 FONOLOGIA MÉTRICA

No modelo gerativo de Chomsky e Halle (1968), o acento era tratado como um traço, era considerado uma propriedade de um som: as vogais eram [+ac.] ou [-ac.]. O fato de os aspectos supra-segmentais da fala, como acento e tom, não terem um tratamento adequado na proposta da Fonologia Gerativa Padrão levou ao surgimento da Fonologia Métrica (Liberman e Prince, 1977). A Fonologia Métrica tem por objetivo descrever e formalizar os padrões acentuais e de ritmo da fala.

A partir das novas concepções de Liberman e Prince (1977), o acento passa a ser entendido como o resultado da estruturação hierárquica dos constituintes prosódicos, cujas unidades básicas são a sílaba, o pé e a palavra, o que reflete uma descrição não-linear do acento.

(29)

um segmento. Segundo esse novo modelo teórico, somente uma sílaba pode ser portadora do acento primário. O “acento passa a ter caráter relacional: não é mais um traço, mas uma proeminência que nasce da relação entre os elementos prosódicos: sílaba(σ), pé (∑), palavra fonológica (ω)” (Hernandorena, 1999, p.76). A sua representação se faz como mostra a Figura 7. Palavra ω / \ pé + pé ∑ / \ sílaba + sílaba σ forte fraca

FIGURA 7 – Representação da relação entre elementos prosódicos

É preciso saber como a sílaba se organiza em pés métricos e qual é a posição do elemento dominante (sílaba forte) para poder estabelecer o algoritmo acentual de uma língua.

Liberman e Prince (1977), que foram os primeiros estudiosos a criticar o modelo de Chomsky e Halle (1968), elaboraram uma nova teoria de acento e ritmo lingüístico. São duas as idéias básicas dessa teoria: primeiro, a representação da noção de proeminência relativa em termos de uma relação definida em estrutura de constituintes (binários); segundo, a representação de certos aspectos da noção de ritmo lingüístico em termos do alinhamento de material lingüístico em uma grade métrica.

Liberman e Prince (1977) ilustraram dois tipos de formalização lexical assumidos pela fonologia métrica: a ‘árvore’ e a ‘grade métrica’.

Na árvore métrica, cujos ramos (binários) são rotulados em termos de forte (S) e fraco (W), o forte sempre será o portador do acento primário. Portanto, a proposta é que os pés são binários, formados de elementos s/w ou

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w/s. S W W S / \ / \ / \ S W S W S W │ │ │ │ │ │ re con ci li a tion

FIGURA 8 - Representação da ‘árvore’ (Liberman e Prince, 1977, p. 264)

Além da representação da árvore métrica, que expressa muito bem a noção de proeminência relativa, Liberman e Prince (1977) utilizam também a grade métrica, que se presta de maneira satisfatória para expressar o ritmo, já que esse pressupõe alternâncias, que podem ser mais bem demonstradas pela grade.

A grade métrica contém níveis, onde as vogais são numeradas. Na 1ª linha, as vogais recebem um número, da esquerda para a direita; na 2ª linha, só as vogais mais proeminentes recebem um número; na 3ª linha, apenas a sílaba mais proeminente é numerada. Quanto mais extensa for a coluna, maior será sua força.

O objetivo da grade é criar um padrão alternante, evitando choques de acento.

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S W W S / \ / \ / \ S W S W S W re con ci li a tion 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

FIGURA 9- Representação da grade métrica (Liberman e Prince, 1977, p. 309)

Segundo Hernandorena (1999), a árvore métrica representa basicamente as relações de proeminência entre constituintes métricos, sílabas e outros, mas não indica diretamente qual é o mais proeminente de toda a seqüência, e a grade métrica representa os elementos mais proeminentes de uma seqüência, mas não os analisa em constituintes.

Tal duplicidade nos modos de representação do acento era indesejável, e por esse motivo os estudos que se seguiram a Liberman e Prince (1977) procuraram reduzir a representação a apenas um dos modos.

Halle e Vergnaud (1987) apresentam uma proposta em que a grade, agora formada por asteriscos, é enriquecida pela formação de constituintes, cujos limites são indicados por parênteses.

( * ) linha 2 (* .) (* .) linha 1 (* *) (* *) linha 0 bor bo le ta

FIGURA 10 – Representação da grade métrica de Halle e Vergnaud (1987)(Collischonn, 1999, p.126)

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A grade métrica pressupõe um espaço para cada sílaba. Na linha 0 marca-se cada espaço por meio de um asterisco, formando-se os constituintes. Na linha 1 apenas os elementos mais fortes recebem um asterisco. E na linha 2, apenas o cabeça de toda a seqüência recebe um asterisco.

A construção da grade métrica é feita por um algoritmo, e este possui alguns parâmetros: a direção (direita para esquerda ou vice-versa), o tamanho dos constituintes (binários, ternários ou ilimitados) e a posição do cabeça (à direita ou à esquerda).

A combinação desses parâmetros define os seguintes tipos de constituintes, conforme exemplificam Halle e Vergnaud (1987):

a) ilimitado, com cabeça à esquerda: * . . . . ( * * * * *) b) ilimitado com cabeça à direita: . . . . * (* * * * * ) c) binário de cabeça à esquerda: * . (* *) d) binário de cabeça à direita: . * (* *)

Segundo Collischonn (1999), a atribuição do acento obedece também a princípios universais, que impedem que um mesmo algoritmo construa constituintes binários e ternários ao mesmo tempo, ou que construa seqüências de constituintes degenerados, e, por outro lado, que também exigem que a estrutura métrica seja transparente, de modo que se possa dizer, a partir de uma palavra, o algoritmo que a gerou. Outro princípio importante é o ‘Princípio da Bijetividade’, que exige que todo constituinte tenha um cabeça e que todo cabeça faça parte de um constituinte.

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2.3.1. O ACENTO EM PORTUGUÊS

Considerando que o português estrutura as sílabas em pés métricos binários de cabeça à esquerda, para fins deste trabalho adotar-se-á a análise de Bisol (1992).

Em sua análise, Bisol (1992, p.69) argumenta que o acento é atribuído pela seguinte regra:

(1) Regra do Acento Primário Domínio: a palavra

i. Atribua um asterisco (*) à sílaba pesada final, isto é, sílaba de rima ramificada.

ii. Nos demais casos, forme um constituinte binário (não-iterativamente) com proeminência à esquerda, do tipo (* .), junto à borda direita da palavra.

A autora faz uma distinção entre verbos e não-verbos; para fins desta pesquisa só será utilizada a parte dos não-verbos.

No caso dos nomes e adjetivos, segundo Bisol (1992), a palavra fica entendida como radical + vogal temática ou marca de gênero, que pode estar ausente. A flexão, que não interfere, fica fora deste domínio. A regra é cíclica.

A extrametricidade, que tem o poder de tornar invisíveis certos segmentos periféricos, nos nomes, incide sobre exceções: a) palavras com acento na 3ª sílaba e b) palavras terminadas em consoante ou ditongo com acento não-final. Nas palavras do grupo (a), a extrametricidade se aplica à sílaba final (árvo<re>); no grupo (b), o elemento extramétrico é coda silábica (lápi<s>).

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exemplo, ‘café’, são considerados como se tivessem uma consoante final, abstrata, na forma lexical.

σ σ / \ / | \ C V C V C | | | | | k a f ε

FIGURA 11 –Representação da consoante final abstrata

Em palavras não derivadas (‘café’, ‘jacaré’) esta consoante fica em posição de coda e, quando não ligada a nó de raiz, é apagada. Em palavras derivadas, por ressilabação, passa para a posição de ataque. Por exemplo, ka.fεC + eira = ka.fe.tey.ra

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3 METODOLOGIA

O capítulo referente à metodologia desta pesquisa sobre a aquisição das fricativas /f/, /v/, /š/ e /ž/ traz informações referentes aos Bancos de Dados, às faixas etárias, ao corpus, ao Programa VARBRUL, e à definição das variáveis lingüísticas e extralingüística.

3.1 BANCO DE DADOS

Os dados utilizados nesta pesquisa fazem parte de dois Bancos de Dados que pertencem ao CEAAL (Centro de Estudos sobre Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem) da PUCRS e ao Mestrado em Letras da Universidade Católica de Pelotas (UCPEL): o INIFONO e o AQUIFONO.

O INIFONO é composto de gravações e transcrições da fala de 96 crianças entre 1:0 e 2:0 anos, divididos em faixas etárias de um mês. Já o AQUIFONO é constituído de amostras da fala de 310 crianças com idades entre 2:0 e 7:1 anos, distribuídos em faixas etárias de dois meses.

Todos os informantes apresentam desenvolvimento fonológico normal, são falantes monolíngües do português brasileiro e residentes nas cidades de Porto Alegre e Pelotas, ambas no Rio Grande do Sul.

Os registros do Banco de Dados INIFONO foram coletados transversalmente por meio de brinquedos que tentam representar as palavras contidas no instrumento proposto por Yavas, Hernandorena e Lamprecht

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(1991). Este instrumento é composto de cinco figuras temáticas que, através da nomeação espontânea, visa a obter dados da fala de crianças. Para o Banco de Dados AQUIFONO, os registros também foram coletados transversalmente e obtidos através da aplicação do instrumento acima referido.

Cada gravação tem uma duração de, aproximadamente, trinta a sessenta minutos. Os dados estão armazenados em fitas-cassete e com transcrição fonética ampla. Todas as transcrições foram revisadas por mais de uma pessoa.

3.2 INFORMANTES

Quanto ao número de informantes, para o presente estudo, foram utilizados os dados de todos os informantes do Banco INIFONO que apresentaram palavras em que houve a ocorrência ou a possibilidade de ocorrência dos fonemas /f/, /v/, /š/ e/ž/ , tendo em vista a baixa produção lingüística nas primeiras faixas etárias. Obtiveram-se, assim, 42 informantes do sexo feminino e 17 do sexo masculino para os fonemas /f/ e/v/, conforme o quadro que segue:

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Faixa etária Feminino Masculino Faixa etária 1:0 0 0 Faixa etária 1:1 2 0 Faixa etária 1:2 1 0 Faixa etária 1:3 1 3 Faixa etária 1:4 2 0 Faixa etária 1:5 2 1 Faixa etária 1:6 4 1 Faixa etária 1:7 4 1 Faixa etária 1:8 6 2 Faixa etária 1:9 5 4 Faixa etária 1:10 6 2 Faixa etária 1:11 8 4

FIGURA 12 - Quadro do número de informantes selecionados no Banco de Dados INIFONO

Para os fonemas /š/ e /ž/, obteve-se 31 informantes do sexo feminino e 14 do sexo masculino, conforme o quadro abaixo.

Faixa etária Feminino Masculino Faixa etária 1:0 0 0 Faixa etária 1:1 0 0 Faixa etária 1:2 0 0 Faixa etária 1:3 1 1 Faixa etária 1:4 2 1 Faixa etária 1:5 2 1 Faixa etária 1:6 3 1 Faixa etária 1:7 3 2 Faixa etária 1:8 5 1 Faixa etária 1:9 3 2 Faixa etária 1:10 5 2 Faixa etária 1:11 7 3

FIGURA 13 – Quadro do número de informantes selecionados no Banco de Dados INIFONO

Assim, devido à grande disparidade entre informantes do sexo masculino e feminino, foi descartada a análise da variável sexo em favor da

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manutenção de todos os dados.

Já no Banco de Dados AQUIFONO, foram selecionados, para os quatro fonemas em estudo, quatro informantes por faixa etária, sendo dois informantes de cada sexo.

Foram selecionados os sujeitos com idade fixada, inicialmente, em um ano, para verificar a partir de que faixa etária há a possibilidade de ocorrência ou a ocorrência dos segmentos em questão. A idade máxima foi de dois anos e nove meses para os fonemas /f/ e /v/, e de três anos e nove meses para os fonemas /š/ e /ž/. O critério de seleção dessas idades para o levantamento baseou-se nas pesquisas prévias sobre aquisição do português, tais como: Hernandorena (1990), no seu estudo sobre o estabelecimento de padrões com base em traços distintivos, mostra que as fricativas /f/ e /v/ estão plenamente adquiridas com 2:0 - 2:1; Ilha (1993), que estudou o desenvolvimento fonológico em crianças normais com idade entre 1:8 e 2:3, encontrou que as fricativas /f/ e/v/ já constam no inventário fonológico das crianças antes de 1:8; Fronza (1999), estudando o nó laríngeo e o nó ponto de C, mostrou que /š/e /ž/ já aparecem como fonemas em crianças com 1:6. Já o intervalo entre as faixas etárias segue a própria divisão dos Bancos de Dados, ou seja, um mês para o INIFONO e dois meses para o AQUIFONO.

3.3 CORPUS

A amostra utilizada nesta pesquisa é uma parte desses Bancos de Dados, sendo composta por 67 entrevistas do Banco de Dados INIFONO e 44 do Banco de Dados AQUIFONO.

Inicialmente, foram selecionadas das transcrições fonéticas as palavras em que há ocorrência ou possibilidade de ocorrência dos fonemas /f/, /v/, /š/ e /ž/. Após, foi feito o registro gráfico dos dados, em fichas (Anexo A).

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Posteriormente, foi feita a codificação destes dados, buscando levantar todas as possibilidades de análise da produção ou não dos fonemas em questão, enfatizando a interferência de variáveis lingüísticas e da variável extralingüística idade. Após a codificação, os dados foram digitados dentro de arquivos fornecidos pelo pacote VARBRUL e analisados pelo conjunto de programas que fazem parte do pacote.

Foram descartadas do corpus todas as ocorrências de palavras que sofreram epêntese, metátese ou assimilação, por tratar-se de fenômenos que devem ser estudados separadamente. Nos quadros abaixo temos a relação das palavras descartadas e a idade em que elas foram produzidas.

Palavra Idade Realização sofá 1:6 [tu ‘ta] faz 1:10;2 [fa ‘zi] elefante 1:11 [fã ‘fãnči] fósforo 2:2 [‘f⊃suru] fósforo 2:2 [‘f⊃tu] fósforo 2:5 [‘f⊃tu] fósforo 2:5 [‘f⊃rsu] perfume 2:9 [fe’fumi] fósforo 2:9 [‘f⊃suro]

FIGURA 14 - Quadro com as palavras descartadas com /f/

Palavra Idade Realização vovô 1:5 [pã’pãw] escova 1:5 [‘koko] lavar 1:6 [va’va] cavalo 1:7 [wa’waw] vovó 1:9 [do’d⊃] cavalo 1:11 [va’vaw] cavalo 1:11 [ka’kalu] árvore 2:1 [‘favi] escova 2:5 [si’kova]

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Palavra Idade Realização cachorro 1:5 [ko´ki] caixa 1:6 [´tata] chapéu 1:7 [pe´pew] chapéu 1:8 [pa´pew] chocolate 2:1 [koko´lači] chinelo 2:2 [ni´nεlu] cachorro 2:10 [ka´RoRu] chaleira 3:3 [šar´nεla]

FIGURA 16 – Quadro com as palavras descartadas com /š/

Palavra Idade Realização dirigir 1:7 [ĵi´že] laranja 1:11 [a´lãla] laranja 2:4 [ra´žãna] refrigerante 2:8 [fi´fãnči] refrigerante 3:4 [lele´lãnči]

FIGURA 17 – Quadro com as palavras descartadas com /ž/

O critério adotado neste estudo para considerar os segmentos fricativos (/f/, /v/ /š/ e /ž/) como adquiridos é o de 85% de produção correta em duas faixas etárias seguidas. Este número foi definido a partir de outros trabalhos já realizados na área de aquisição, tais como Hernandorena (1990) e Miranda (1996), que consideraram um segmento adquirido com 85% de realização correta, Azambuja (1998), Fronza (1999) e Savio (2001), que consideraram 86%, e Hernandorena e Lamprecht (1997), com 90%.

Considera-se que o emprego adequado acima de 85% é indício de uso efetivo do segmento, sendo as variações que ocorrem consideradas insuficientes para causar instabilidade no seu emprego.

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3.4 INSTRUMENTO DE ANÁLISE 3.4.1 PACOTE VARBRUL

A análise estatística contribui significativamente no tratamento dos dados de um trabalho desta natureza. Para tanto, foi utilizado o pacote VARBRUL, responsável pelo tratamento estatístico dos dados. A razão pela escolha de um programa como este vem de sua já comprovada eficiência para analisar dados lingüísticos em grande quantidade, fornecendo freqüências e probabilidades.

Apesar de ser um programa específico para a área da variação, o VARBRUL já foi utilizado com sucesso em dados da aquisição da linguagem (Miranda, 1996; Mezzomo, 1999; Savio, 2001, entre outros). Seu uso se justifica por ele selecionar variáveis lingüísticas e, por isso, servir à aquisição da linguagem.

Conforme Scherre (1993, p.1), o VARBRUL foi desenvolvido “com o objetivo de implementar modelos matemáticos que procuram dar tratamento estatístico adequado a dados lingüísticos variáveis”.

São dez os programas que constituem o Pacote: CHECTOK, READTOK, MAKECELL, IVARB, TVARB, CROSSTAB, TEXSORT, TSORT, MVARB e CONTUP. Neste estudo, no entanto, apenas alguns deles serão utilizados.

Primeiramente, os dados devem ser codificados de acordo com os símbolos criados pelo pesquisador. Do mesmo modo, a lista das variáveis, com seus respectivos fatores, recebe codificação própria. Os dados e as variáveis são digitados separadamente, criando os arquivos com as especificações .dat e .esp, respectivamente.

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especificações e dados, e gera um arquivo corrigido (.cor). De acordo com Espiga (2001), o programa critica a qualidade dos dados, ou seja, verifica se os mesmos estão de acordo com a codificação informada no arquivo de especificações. Os dados corrigidos servirão de input para o READTOK. O READTOK, efetua as transformações nos dados corrigidos pelo CHECKTOK e gera novos dados com as modificações. O arquivo gerado contém somente dados passíveis de computação.

O MAKECELL lê os arquivos de condições e de dados corrigidos, gerando um arquivo de células. Se houver situações de knockout, estas serão denunciadas pelo programa. O knockout caracteriza a aplicação ou a não-aplicação categórica da variante considerada, quanto a um certo fator.

O IVARB lê o arquivo de células e gera um arquivo de resultados. Nesta etapa (Espiga, 2001), o VARBRUL calcula, além dos percentuais de aplicação da variável dependente, os pesos relativos de todos os fatores de cada variável independente. O programa também fornece a ordem de significância das variáveis independentes na aplicação do valor considerado na análise.

Como o IVARB trabalha com variáveis dependentes binárias, o VARBRUL também dispõe do programa TVARB, para variáveis dependentes com três variantes, e do programa MVARB, para variáveis dependentes com quatro ou mais variantes.

Há outro programa também utilizado neste trabalho, o CROSSTAB. Este programa permite o cruzamento dos percentuais atribuídos a dois grupos de fatores especificados e verifica a presença de cruzamentos vazios.

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3.5 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS 3.5.1 VARIÁVEIS DEPENDENTES

As variáveis dependentes desta pesquisa foram estabelecidas com o objetivo de observar a realização ou não-realização dos fonemas /f/, /v/, /š/ e /ž/. O valor “1” representou as realizações corretas, enquanto as omissões e substituições foram categorizadas como “0”. Dessa forma realizou-se uma análise binária e, posteriormente, é que os casos de omissão e outras realizações foram categorizadas em um segundo grupo, codificadas com números de 2 a 7.

Variáveis dependentes Fonema /f/ Fonema /v/ Palavra alvo Realização Palavra alvo Realização 1. Realização do segmento garrafa [ga’afa] vela [’vεla] 2. Omissão do segmento elefante [‘ãnĉi] vermelho [e’metu] 3. Omissão de sílaba formiga [’miga] televisão [tele´zãw] 4. Troca de [sonoro] perfume [‘vumi] sorvete [‘feĉi] 5. Troca de [contínuo] fogão [po’gãw] verde [’beĵi] 6. Troca de ponto feijão [si’zãw] * * 7. Troca por semivogal foi [’woy] violão [wo’lãw] * sem ocorrência

Figura 18 – Quadro com as variáveis dependentes -/f/ e /v/

Variáveis dependentes Fonema /š/ Fonema /ž/ Palavra alvo Realização Palavra alvo Realização 1. Realização do segmento bruxa [‘bruša] girafa [ži’afa] 2. Omissão do segmento chinelo [i’nεlu] geladeira [ela’dela] 3. Omissão de sílaba chapéu [‘pε] geladeira [la’dela] 4. Troca por [+ anterior] chapéu [sa’pεw] jacaré [zaka’rε] 5. Troca de [sonoro] cheia [‘žeya] queijo [‘kešu] 6. Troca de [contínuo] chinelo [ki’nεlu] jogar [do’ga] 7. Troca de ponto xícara [‘fikara] jacaré [vaka’lε] FIGURA 19 – Quadro com as variáveis dependentes - /š/ e /ž/

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3.5.2 VARIÁVEIS LINGÜÍSTICAS INDEPENDENTES

As variáveis lingüísticas independentes utilizadas para este estudo são as seguintes: tonicidade, posição na palavra, número de sílabas, contexto fonológico precedente e contexto fonológico seguinte

3.5.2.1 Tonicidade

Um número grande de trabalhos tem mostrado que a tonicidade é um fator importante no processo de aquisição de fonologia. A literatura relativa à aquisição da fonologia tem mostrado que as sílabas átonas são as mais propícias a sofrer processos fonológicos (para o PB, Miranda, 1996; Azambuja, 1998; Mezzomo, 1999).

Para Mezzomo (1999), a sílaba pretônica mostrou-se facilitadora na aquisição da coda com fricativa; já para Miranda (1996), com relação ao r-fraco, a favorecedora foi a sílaba tônica .

Tonicidade Fonema /f/ Fonema /v/ Postônica /ga’Rafa/ /’šave/ Tônica /ka’fε/ /vo’vo/ Pretônica /fo’gãw/ /avi’ãw/ Pre-pretônica /figu’riña/ /arvore’ziña/

FIGURA 20 – Quadro com as diferentes possibilidade de tonicidade em que /f/ e /v/ podem ocorrer, no PB

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Tonicidade Fonema /š/ Fonema /ž/ Postônica /’bišo/ /’beyžo/ Tônica /’šikara/ /’žura/ Pretônica /ši’nεlo/ /ži’rafa/ Pre-pretônica /šoko’late/ /žaka’rε/

FIGURA 21 – Quadro com as diferentes possibilidade de tonicidade em que /š/ e /ž/ podem ocorrer, no PB

3.5.2.2 Posição na palavra

Os fonemas aqui estudados podem ocupar a posição de onset absoluto e medial da palavra. A importância desta variável já foi destacada por inúmeros estudos de aquisição (Para o PB, Yavas, 1988; Hernandorena, 1990; Lamprecht, 1990, 1995; Miranda, 1996).

Em Savio (2001) vemos que o fonema /s/ é adquirido aos 2:0, em posição de onset medial, e aos 2:6 em posição de onset absoluto. Também para Rangel (1997) a posição de onset medial é a primeira a ser estabelecida na aquisição das fricativas. A variável posição na palavra foi formulada para que se pudesse testar sua influência na produção dos fonemas em estudo.

Posição na palavra Fonema /f/ Fonema /v/ Onset absoluto /’faka/ /ver’meλo/ Onset medial /ka’fε/ /ka’valo/

FIGURA 22 – Quadro com as diferentes possibilidades de posição na palavra em que /f/ e /v/ podem ocorrer, no PB

Posição na palavra Fonema /š/ Fonema /ž/ Onset absoluto /ša’ve/ /žela’deyra/ Onset medial /ka’šoRo/ /Re’l⊃žyu/

FIGURA 23 – Quadro com as diferentes possibilidades de posição na palavra em que /š/ e /ž/ podem ocorrer, no PB

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3.5.2.3 Número de sílabas

A seleção desse fator para a análise da aquisição das fricativas baseou-se no fato de o mesmo já ter-se mostrado relevante em outras análises. Para Mezzomo (1999), as trissílabas favorecem a aquisição de coda com fricativas. Número de sílabas Fonema /f/ Fonema /v/

Monossílaba /’foy/ /’vay/ Dissílaba /’faka/ /’vaka/ Trissílaba /ži’rafa/ /es’kova/ Polissílaba /kafε’ziño/ /trave’seyru/

FIGURA 24 – Quadro com as diferentes possibilidades de número de sílabas em que /f/ e /v/ podem ocorrer, no PB

Número de sílabas Fonema /š/ Fonema /ž/ Monossílaba /’ša/ /’ža/

Dissílaba /’šave/ /žor’naw/ Trissílaba /’šikara/ /že’lado/ Polissílaba /šoko’late/ /diri’žindo/

FIGURA 25 – Quadro com as diferentes possibilidades de número de sílabas em que /š/ e /ž/ podem ocorrer, no PB

3.5.2.4 Contexto fonológico precedente

A escolha desta variável se justifica pela importância dada a ela nos estudos de aquisição fonológica normal (Para o PB, Hernandorena, 1990; Azambuja, 1998; Miranda, 1996; Mezzomo, 1999; Savio, 2001).

Para citar dois exemplos, nos dados de Mezzomo (1999) vemos que as vogais /ε/ e /a/ e as consoantes coronais são os ambientes que mais favorecem a produção da coda fricativa. Para Savio (2001), as vogais /i/ e /u/ são as que mais favorecem a produção do fonema /z/.

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Contexto fonológico

precedente Fonema /f/ Fonema /v/ /a/ /šafa’ris/ /ka’valo/ /e/ /ele’fãnte/ /Re’vista/ /ε/ * /’lεva/

/i/ /dife’rente/ /aniver’saryu/ /o/ /so’fa/ /’ovo/

/⊃/ * /es’c⊃va/ /u/ /pãn’tufa/ /’šuva/

/w/ * /ow’vido/

Vazio /’fala/ /vio’lãw/ /s/ /’f⊃sforo/ /esvazi’ou/ /r/ /’garfo/ /ser’veža/

/n/ * *

* sem possibilidade de ocorrência no corpus

FIGURA 26 – Quadro com as diferentes possibilidades de contexto precedente em que /f/ e /v/ podem ocorrer, no PB

Contexto fonológico

precedente Fonema /š/ Fonema /ž/ /a/ /bo’Raša/ /vi’ažen/ /e/ /fe’šou/ /i’greža/ /ε/ * /ko’lεžyu/ /i/ /’bišo/ /Reližy’ãw/ /o/ /bo’šeša/ /’ože/ /⊃/ * /Re’l⊃žyu/ /u/ /’bruša/ /’suža/ Vazio /šoko’late/ /žela’deyra/ /n/ /lãn’šãndo/ /la’rãnža/ * sem possibilidade de ocorrência no corpus

FIGURA 27 – Quadro das diferentes possibilidades de contexto precedente em que /š/ e /ž/ podem ocorrer, no PB

3.5.2.5 Contexto fonológico seguinte

Analisou-se o ambiente lingüístico posterior às fricativas, considerando a hipótese da possível interferência dele no processo de aquisição. Outros estudos (Miranda, 1996; Mezzomo, 1999, Savio 2001) já fizeram uso desta variável.

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Savio (2001) encontrou que a vogal seguinte /e/ é mais favorecedora na produção do fonema /s/.

Contexto fonológico

seguinte Fonema /f/ Fonema /v/ /a/ /’faka/ /’vaka/ /e/ /dife’rente/ /’verde/ /ε/ /ka’fε/ /’vεla/ /i/ /gar’fiño/ /avi’ãw/ /o/ /’fogo/ /vo’vo/ /⊃/ /’f⊃to/ /’v⊃lta/ /u/ /’furo/ /vul’kãw/ Vogal nasalizada /ele’fante/ /esko’viña/

FIGURA 28 – Quadro das diferentes possibilidades de contexto seguinte em que /f/ e /v/ podem ocorrer, no PB

Contexto fonológico

seguinte Fonema /š/ Fonema /ž/ /a/ /’šave/ /’suža/ /e/ /bo’šeša/ /žela’deyra/ /ε/ * /tižε’liña/ /i/ /’šikara/ /ži’rafa/ /o/ /ka’šoRo/ /žor’naw/ /⊃/ /’š⊃ra/ /’ž⊃ya/ /u/ /’šuva/ /’žura/ Vogal nasalizada /’šãw/ /fey’žãw/ * sem possibilidade de ocorrência no corpus

FIGURA 29 – Quadro das diferentes possibilidades de contexto seguinte em que /š/ e /ž/ podem ocorrer, no PB

3.5.3 VARIÁVEL EXTRALINGÜÍSTICA INDEPENDENTE

A única variável extralingüística independente analisada neste estudo é a faixa etária.

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3.5.3.1 Faixa etária

Esta variável é de grande importância quando se estuda aquisição da linguagem. Através dela é possível saber se há linearidade na aquisição fonológica, ou se ocorrem regressões. Savio (2001) encontrou quedas na produção do fonema/z/ nas Faixas etárias 1:10 e 1:11. É também possível estabelecer parâmetros que são essenciais para as pesquisas sobre desvios e para aplicação clínica.

Faixas etárias Idade * Faixa etária 1:0 1:0;0 – 1:0;29 Faixa etária 1:1 1:1;0 – 1:1;29 Faixa etária 1:2 1:2;0 – 1:2;29 Faixa etária 1:3 1:3;0 – 1:3;29 Faixa etária 1:4 1:4;0 – 1:4;29 Faixa etária 1:5 1:5;0 – 1:5;29 Faixa etária 1:6 1:6;0 – 1:6;29 Faixa etária 1 :7 1:7;0 – 1:7;29 Faixa etária 1:8 1:8;0 – 1:8;29 Faixa etária 1:9 1:9;0 – 1:9;29 Faixa etária 1:10 1:10;0 –1:10;29 Faixa etária 1:11 1:11;0 – 1:11;29 Faixa etária 2:0 2:0;0 – 2:1;29 Faixa etária 2:2 2:2;0 – 2:3;29 Faixa etária 2:4 2:4;0 – 2:5;29 Faixa etária 2:6 2:6;0 – 2:7;29 Faixa etária 2:8 2:8;0 – 2:9;29 * em anos: meses; dias

(50)

Faixas etárias Idade* Faixa etária 1:0 1:0;0 – 1:0;29 Faixa etária 1:1 1:1;0 – 1:1;29 Faixa etária 1:2 1:2;0 – 1:2;29 Faixa etária 1:3 1:3;0 – 1:3;29 Faixa etária 1:4 1:4;0 – 1:4;29 Faixa etária 1:5 1:5;0 – 1:5;29 Faixa etária 1:6 1:6;0 – 1:6;29 Faixa etária 1 :7 1:7;0 – 1:7;29 Faixa etária 1:8 1:8;0 – 1:8;29 Faixa etária 1:9 1:9;0 – 1:9;29 Faixa etária 1:10 1:10;0 –1:10;29 Faixa etária 1:11 1:11;0 – 1:11;29 Faixa etária 2:0 2:0;0 – 2:1;29 Faixa etária 2:2 2:2;0 – 2:3;29 Faixa etária 2:4 2:4;0 – 2:5;29 Faixa etária 2:6 2:6;0 – 2:7;29 Faixa etária 2:8 2:8;0 – 2:9;29 Faixa etária 2:10 2:10;0 – 2:11 ;29 Faixa etária 3:0 3:0;0 – 3:1;29 Faixa etária 3:2 3:2;0 – 3:3;29 Faixa etária 3:4 3:4;0 – 3:5;29 Faixa etária 3:6 3:6;0 – 3:7;29 Faixa etária 3:8 3:8;0 - 3:9;29 * em anos: meses; dias

FIGURA 31 – Quadro das faixas etárias - /š/ e /ž/

3.6 CODIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS

Nesta etapa foram criados símbolos para cada variante das variáveis definidas, pois para utilizar os programas do pacote VARBRUL, as informações devem estar codificadas.

Os símbolos utilizados encontram-se no Anexo B.

3.7 AMALGAMAÇÕES

(51)

faixas etárias de aquisição, selecionaram-se variantes que poderiam ser amalgamadas.

Para realizar as amalgamações, dois ou mais fatores são agrupados e recodificados, necessitando-se, portanto, da criação de um novo arquivo de condições e de um novo arquivo de células para executar uma rodada dos dados do VARB2000. Uma reanálise foi feita por meio do teste log-likelihood, também conhecido como teste do Qui-quadrado. Com esse teste constataram-se as amalgamações válidas e, também, as que não o eram.

Neste estudo, o critério utilizado para realizar amalgamações é o de peso relativo próximo.

3.8 CRUZAMENTOS

Algumas variáveis foram cruzadas a fim de investigar a interferência das mesmas no fenômeno em questão, pois, a partir dessas comparações controladas, podem ser feitas generalizações válidas.

Para a execução de cada cruzamento, foi necessária a criação de um arquivo de condições correspondente, no qual foi inserido um novo grupo contendo o cruzamento em questão.

(52)

4 DESCRIÇÃO DOS DADOS

Neste capítulo encontra-se a descrição dos resultados das rodadas referentes aos fonemas em estudo.

4.1 FONEMA /f/

As variáveis selecionadas pelo Programa VARBRUL como relevantes no processo de aquisição da fricativa /f/ foram faixa etária e tonicidade. Optou-se por também expor os demais resultados encontrados em função de um dos objetivos da pesquisa, que é o de trazer subsídios para a terapia fonoaudiológica.

4.1.1 FAIXA ETÁRIA

A análise dos dados passou por duas etapas. Na primeira, a fim de se estabelecer uma linha desenvolvimental de aquisição do fonema /f/, foram obtidos os resultados de cada faixa etária estabelecida para esta pesquisa. Na segunda etapa, amalgamaram-se algumas faixas etárias.

(53)

4.1.1.1 Faixas etárias simples

Tabela 1– Produção do fonema /f/ quanto à faixa etária Faixa etária Peso Percentual Freqüência Faixa etária 1:0 * * * Faixa etária 1:1 # 100% 1/1 Faixa etária 1:2 * * * Faixa etária 1:3 # 0% 0/1 Faixa etária 1:4 * * * Faixa etária 1:5 * * * Faixa etária 1:6 .20 71% 5/7 Faixa etária 1:7 .04 50% 2/4 Faixa etária 1:8 .21 71% 10/14 Faixa etária 1:9 .35 88% 23/26 Faixa etária 1:10 .67 97% 32/33 Faixa etária 1:11 .55 95% 58/61 Faixa etária 2:0 .24 85% 17/20 Faixa etária 2:2 .36 90% 28/31 Faixa etária 2:4 .68 96% 23/24 Faixa etária 2:6 # 100% 33/33 Faixa etária 2:8 .75 97% 36/37 Input .95 Significância .018 # knockout

* sem possibilidade de ocorrência

Conforme a Tabela 1, as crianças vão adquirindo o fonema /f/ gradativamente. Porém, através do peso relativo, nas faixas etárias 1:7, 1:11 e 2:0 observa-se uma queda.

Nas primeiras faixas etárias é interessante observar que na faixa etária 1:1 e na faixa etária 1:3 só há uma possibilidade de ocorrência deste fonema. Somente a partir da faixa 1:6 é que as possibilidades de realização vão surgindo e aumentando gradativamente.

Analisando o peso, tem-se, nas faixas etárias 1:10 (.67) e 1:11 (.55), um grande aumento na realização correta do segmento. Mas nas duas faixas seguintes, 2:0 (.24) e 2:2 (.36), a produção do segmento sofre uma queda.

(54)

A partir da faixa etária 2:4 (.68) é que o segmento se estabiliza e atinge pesos relativos elevados. É interessante observar que na faixa etária 2:6 o percentual de produções corretas atinge 100%.

Os pesos relativos visualizados na Tabela 1 foram retirados da interação com os fatores selecionados. Os demais pesos, de variáveis não selecionadas, expostos neste capítulo, foram retirados das interações com melhor significância, ou seja, os valores mais próximos ao zero.

Analisando a Tabela 1 através da porcentagem, para possível comparação com os demais trabalhos da área que não usaram peso relativo (Lamprecht, 1990; Hernandorena, 1990; Miranda, 1996; Mezzomo, 1999; Sávio, 2001), encontramos uma pequena queda na faixa etária 1:7, onde a produção correta cai para 50%.

Pode-se dizer que, a partir da faixa etária 1:9, com 88% de produção correta, o fonema /f/ está adquirido, pois as quedas que ocorrem após esta idade não conduzem o percentual a menos que 85%, que é o padrão estabelecido para este trabalho. No entanto, nessa faixa o peso ainda é muito baixo.

Na Figura 32, através do percentual, observa-se o processo de aquisição do fonema /f/. Verifica-se que a aquisição se dá de maneira praticamente crescente, havendo pequenas quedas, conforme já mencionado.

(55)

FIGURA 32 – Gráfico da produção do fonema /f/

4.1.1.2 Faixas etárias amalgamadas

As faixas etárias foram amalgamadas seguindo o critério de peso relativo próximo.

As primeiras faixas, com peso relativo muito baixo, foram agrupadas formando o Grupo Etário 1. Foi incluída neste grupo a faixa 1:9 que, embora tendo atingido 88% de produção correta conforme referido acima, teve um peso baixo (.35).

No Grupo Etário 2 agruparam-se as faixas em que houve um aumento significativo do peso.

No Grupo Etário 3 amalgamaram-se as faixas seguintes em que os pesos foram baixos, ou seja, onde ocorreu a queda na produção.

No Grupo Etário 4 tem-se as faixas com pesos relativos altos, onde o fonema encontra-se plenamente adquirido.

produção de /f/ 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1.1 1.3 1.6 1.7 1.8 1.9 1.10 1.11 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 faixas etárias pe rc en tu ai s Seqüência1

(56)

Tabela 2 – Produção do fonema /f/ quanto à faixa etária amalgamada Grupo etário Peso Percentual Freqüência Grupo Etário 1 (1:1, 1:3, 1:6, 1:7, 1:8, 1:9) .16 77% 41/53 Grupo Etário 2 (1:10, 1:11) .51 96% 90/94 Grupo Etário 3 (2:0, 2:2) .24 88% 45/51 Grupo Etário 4 (2:4, 2:6, 2:8) .82 98% 92/94 Input .96 Significância .018

Através da Tabela 2, pode-se constatar que no GE1 o peso é muito baixo (.16), no GE2 essa variável tem peso relativo acima de .50, mas em seguida há uma queda e no GE3 o peso cai para .24 No GE4 é que o peso atinge um valor elevado, .82.

Mas, novamente, olhando-se para a porcentagem vê-se que, a partir do GE2 o percentual está acima dos 85%. A queda existente no GE3 não é inferior ao critério de 85%.

FIGURA 33- Gráfico da produção de /f/ quanto à faixa etária amalgamada

Faixas etárias amalgamadas

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

GE1 GE2 GE3 GE4

grupos etários pe rc en tua is Seqüência1

(57)

4.1.2 TONICIDADE

Tabela 3 – Produção do fonema /f/ quanto à tonicidade

Tonicidade Peso Percentual Freqüência Exemplos Postônica .60 95% 39/41 /ga’Rafa/ Tônica .56 94% 167/177 /ka’fε/ Pretônica .35 86% 59/69 /fo’gãw/ Pré-pretônica .03 60% 3/5 /figu’riña/

Input .96 Significância .018

No que se refere à variável tonicidade, observa-se que a posição postônica (.60) é a mais favorecedora para a produção correta do /f/, seguida de perto pela posição tônica (.56).

A pretônica (.35) e a pré-pretônica (.03) não se mostram como favorecedoras para a produção do /f/.

Observando a Tabela 3 vê-se que a sílaba tônica teve maior número de possibilidades de realização da fricativa /f/, 177, enquanto que a pretônica teve 69 possibilidades, a postônica 41 e a pré-pretônica somente 5 possibilidades de realização. Lembrando sempre que esta freqüência decorre da língua, mais especificamente do vocabulário infantil (palavras usadas por e para crianças entre 1:0 e 3:8), não dependendo do desempenho da criança.

(58)

4.1.3 CONTEXTO PRECEDENTE

Tabela 4 - Produção do fonema /f/ quanto ao contexto precedente Contexto

precedente Peso Percentual Freqüência Exemplos /e/ .74 97% 35/36 /ele’fãnte/ Vazio .52 90% 132/147 /’fala/ /a/ .46 93% 54/58 /šafa’ris/ /o/ .32 93% 14/15 /so’fa/ /r/ .27 89% 25/28 /’garfo/ /i/ # 100% 2/2 /ĵife’rente/ /u/ # 100% 2/2 /pãn’tufa/ /s/ # 100% 4/4 /’f⊃sforo/ Input .96 Significância .47 # knockout

Observando a Tabela 4, vê-se que o contexto precedente mais favorável à produção do /f/ é a vogal coronal /e/ (.74).

Em segundo lugar, vê-se o contexto precedente vazio (.52), o que corresponde à posição de início de palavra. É interessante notar que foi o contexto com maior possibilidades de ocorrência, 147 palavras.

O fonema /f/ apresentou 100% de produção correta quando precedido pelas vogais /i/ e /u/ e pela fricativa /s/, mas a freqüência foi baixa, no máximo quatro possibilidades de ocorrência.

(59)

4.1.4 CONTEXTO SEGUINTE

Tabela 5 - Produção do fonema /f/ quanto ao contexto seguinte Contexto

seguinte Peso Percentual Freqüência Exemplos /i/ .75 96% 22/23 /gar’fiño/ /ε/ .75 98% 40/41 /ka’fε/ /e/ .66 89% 25/28 /dife’rente/ /u/ .48 92% 44/48 /’furo/ /o/ .41 87% 47/54 /’fogo/ Vogal nasalizada .35 94% 15/16 /ele’fãnte/ /a/ .29 89% 56/63 /’faka/ /⊃/ # 100% 19/19 /’f⊃to/ Input .97 Significância .19 # knockout

O contexto seguinte que mostrou-se mais favorecedor à produção do fonema /f/ foi a vogal labial /⊃/, com 100% de produção correta em 19 possibilidades de ocorrência.

Também apresentaram pesos relativos altos as vogais coronais /i/ (.75), /ε/ (.75) e /e/ (.66).

4.1.5 POSIÇÃO NA PALAVRA

Tabela 6 - Produção do fonema /f/ quanto à posição na palavra Posição na

palavra Peso Percentual Freqüência Exemplos Onset medial .57 94% 136/145 /ka’fε/ Onset absoluto .43 90% 132/147 /’faka/

(60)

Em relação à posição na palavra, o onset medial mostrou-se mais favorecedor à produção da fricativa /f/ (.57). O onset absoluto apresentou um peso de .43.

É interessante observar que o número de freqüência de ocorrências do fonema é quase o mesmo nas duas posições silábicas: 145 possibilidades na posição de onset medial e 147 possibilidades para onset absoluto.

4.1.6 NÚMERO DE SÍLABAS

Tabela 7 - Produção do fonema /f/ quanto ao número de sílabas Número de

sílabas Peso Percentual Freqüência Exemplos Polissílaba .60 92% 47/51 /kafε’ziño/ Dissílaba .59 95% 148/156 /’faka/ Trissílaba .30 87% 65/75 /ži’rafa/ Monossílaba .20 80% 8/10 /’foy/

Input .97 Significância .068

Para a produção do /f/, o que mostrou-se mais favorecedor foi a palavra polissílaba (.60), com 51 possibilidades de ocorrência.

Em segundo lugar vê-se a dissílaba (.59), mas com uma freqüência de ocorrência bem maior, 156 possibilidades de produção.

Como menos favorecedoras tem-se a trissílaba (.30), com 75 palavras, e a monossílaba (.20), com apenas 10.

4.1.7 OMISSÕES E OUTRAS REALIZAÇÕES

No corpus desta pesquisa a fricativa /f/ teve 292 possibilidades de ocorrência, sendo que foi produzida corretamente 268 vezes (92%).

Referências

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