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Academic year: 2021

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Quem tem direito ao “uso do véu”?

Artigo de :

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Quem tem direito ao “uso do véu”

Este artigo tem como base de discussão dois textos fundamentais. O último livro de Seyla Benhabib, The Claims of Culture

(A s Reivindicações da Cultura).

O Relatório redigido pela Comissão de Reflexão sobre a aplicação do princípio de laicidade na República a 11 de Dezembro de 2003, (que recomenda ao governo Francês a proibição do uso do véu pelas jovens

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Quem tem direito ao “uso do véu”

O relatório está dividido em quatro partes. Começando a sua introdução com uma carta ao Presidente da Republica, onde a comissão estabelece as bases a partir das quais elaborou o documento.

A tónica mais acentuada nesse documento é a ameaça aos valores da República Francesa por grupos extremistas.

Esses grupos , segundo o relatório, devido ao conflito do M édio Oriente, estariam a criar problemas nas cidades francesas.

“Há portanto um território ameaçado a partir de dentro pelo estranho, aquele que não faz parte de nós, em contraposição a uma unidade formada pelos valores Franceses”

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Quem tem direito ao “uso do véu”

A primeira parte do relatório é fundamentada sobre a defesa de um estado laico, o seu princípio universal e os valores republicanos.

A laicidade de um Estado é entendida como uma conquista frente à influência da Igreja Católica, garantindo aos seus cidadãos a plena liberdade de culto e a neutralidade em questões religiosas.

No entanto, essa não é a questão central do argumento, mas sim a ameaça aos valores Franceses nunca definidos pela presença de manifestações religiosas.

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Quem tem direito ao “uso do véu”

Não se pode confundir a neutralidade do estado e de seus representantes legais , com a neutralidade do cidadão.

Não existem dúvidas que o espaço público mais aberto para o

entendimento ou confronto de ideias e posições, é a escola que, ao

contrário do que prediz o relatório, tem sido “eco de paixões do mundo,” até por ser um pólo de concentração de juventude .

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Quem tem direito ao “uso do véu”

Sendo a França um estado laico , torna-se muito interessante observar que o conceito de laicidade é constituído como um referendo único dos “valores

comuns da sociedade”, onde o islamismo aparece à priori como

incompatível, na medida em que pressupõe uma relação diferente entre o estado e a religião.

O que fica bastante claro nesse relatório é que o islamismo não poderá ser uma diferença (uma cultura) integrante de um espaço público plural; só será tolerada se for praticada em espaços privados.

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Quem tem direito ao “uso do véu”

Nesta parte o relatório enfatiza a diversidade de novas religiões e culturas que vivem em França e que lhes reconhece como um direito à “Chance

de s´enrichir du libre dialogue… ” (oportunidade de crescer livre de diálogo).

M as logo de seguida define a filosofia política francesa como a expressão da defesa da unidade do corpo social, “A percepção da unidade e de

diferença como ameaça resulta na mesma situação de exclusão”.

O relatório revela uma visão reducionista, na medida em que reivindica para a necessidade de auto-afirmação( por parte da cultura francesa) e não por uma luta de justiça social.

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Quem tem direito ao “uso do véu”

A segunda parte do relatório (“A laicidade francesa, um princípio

jurídico aplicado com empirismo”) discute o ponto de maior tensão entre

a neutralidade de um Estado laico versus a liberdade religiosa.

A solução apresentada no relatório é a possibilidade de se criarem escolas muçulmanas.

A s escolas muçulmanas não seria o problema, uma vez que existem escolas Católicas, Israelitas, Protestantes…

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Quem tem direito ao “uso do véu”

A questão é quando essa mesma escola religiosa é criada com o intuito de confinar os estudantes praticantes de uma religião, deixando de ser uma opção e passar a ser a única possibilidade de educação.

A exigência de não manifestações religiosas nas escolas públicas parece confundir a laicidade do estado.

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Quem tem direito ao “uso do véu”

Na terceira parte do relatório sob o titulo “O desafio da laicidade”, a principal questão refere-se ao uso do véu como uma regressão à situação das mulheres nas comunidades muçulmanas, afirmando que estas seriam obrigadas a usá-los sob pena de serem marginalizadas/e estigmatizadas como prostitutas.

Embora seja prova da discriminação da mulher “ as jovens usam o véu por livre e espontânea vontade, até porque sentem-se despidas sem ele, devido à cultura da qual fazem parte”.

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Quem tem direito ao “uso do véu”

Surge então (após a leitura do relatório) diversas questões:

 Se o relatório está errado ao afirmar que as jovens muçulmanas são obrigadas a usar o véu?

 E se as jovens usarem o véu de livre e espontânea vontade, por se sentirem de alguma forma despidas quando estão sem ele?

Uma pergunta se impõe:

 A proibição do uso do véu as mulheres muçulmanas, traz algum contributo para a sua condição enquanto mulher?

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Quem tem direito ao “uso do véu”

Esta imposição , não levaria de alguma forma, a uma tendência a afirmação da diferença e a uma radicalização e justificação da cultura sexista?

M as se o relatório estiver certo e as jovens muçulmanas forem mesmo obrigadas a usarem o véu?

Que justiça se faria a estas mulheres ao obrigá-las a não usarem o véu?

O Estado poderá garantir a estas mulheres uma vida digna ,se elas ousarem desafiar a família e toda uma comunidade que as pode excluir?

O uso do véu por vontade própria ou por imposição , serve de impedimento para qualquer jovem muçulmana frequentar a escola publica francesa?

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Quem tem direito ao “uso do véu”

Benhabib afirma no seu livro que a única forma de agir com justiça para com a mulher muçulmana, é permitir que elas sejam expostas aos espaços públicos, laicos e diferenciados, onde se possa expressar e ouvir opiniões diferentes das suas, para lhes dar a possibilidade de decidirem em consciência e liberdade, se querem ou não usar o véu.

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Quem tem direito ao “uso do véu”

O relatório para fazer os seus argumentos, contra o uso do véu, associa outro tipo de comportamento como por exemplo:

 A s jovens não assistirem as aulas de educação física;  Não frequentarem piscinas públicas;

 Não permitirem ser examinadas por médicos (homens);

 A pontam o sexismo da religião muçulmana nos locais de trabalho, (os homens não aceitam as mulheres como superiores hierárquicos);

 Refere também o facto de pacientes muçulmanos e familiares não obedecerem a princípios básicos de higiene nos hospitais.

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Quem tem direito ao “uso do véu”?

A última parte do relatório intitulada “afirmar uma laicidade firme que reúna” é a arte conclusiva onde são propostas medidas, para garantir a laicidade (aparece como uma ideologia do estado para garantir os valores da “cultura francesa” e a integração de todos os que moram no “seu” país.):

Neste sentido o relatório sugere:

 A formação de professores para ensinar a filosofia laica e os valores da República;  Fim do programa de ensino da língua e cultura dos países de origem;

 O espaço escolar deve ser para os jovens “ un lieu de liberté et d´émancipation” (“um lugar de liberdade e emancipação”), assim justifica a proibição, nas escolas, do uso de indumentária ou outros sinais relacionados/ligados a alguma religião ou organização política;

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Quem tem direito ao “uso do véu”?

 O relatório apresenta uma sólida posição contra qualquer

manifestação de cultura que não se enquadre na chamada Cultura Laica Francesa.

 Revela também como a cultura é tomada como impermeável e a cultura do outro só é entendida como uma ameaça.

 A parte mais radical deste relatório é a justificação para não

ensinarem a língua dos países de origem aos filhos dos emigrantes. (eles

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Quem tem direito ao “uso do véu”?

A morte da cultura “do outro” através do esquecimento provocado parece ter sido a

solução encontrada pela comissão, para a solução dos “seus” problemas.

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Quem tem direito ao “uso do véu”

Tem direito ao uso do véu, todos os cidadãos e cidadãs, por questões culturais, de etnia, classe, sexo religião, opção sexual ou idade, não tenham condições de

usufruir em total liberdade, o direito a terem

DIREITOS

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Quem tem direito ao “uso do véu”?

Só a titulo de curiosidade

Trabalho de antropologia: A na Catarina Pontes 20081371 Cláudia Lourenço 20080550

Referências

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