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Cuidado à saúde bucal de idosos restritos ao domicílio: Estudo piloto

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

Samara Cristina Borges

Cuidado à saúde bucal de idosos restritos ao domicílio: Estudo piloto

Florianópolis 2019

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Samara Cristina Borges

Cuidado à saúde bucal de idosos restritos ao domicílio: Estudo piloto

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Odontologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Cirurgiã Dentista.

Orientadora: Profª. Drª. Ana Lúcia Schafer Ferreira de Mello.

Coorientador: Prof. Mestre Bubacar Embaló

Florianópolis 2019

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Samara Cristina Borges

Cuidado à saúde bucal de idosos restritos ao domicílio: Estudo piloto

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Cirurgiã Dentista” e aprovado em sua forma final pela Banca Examinadora.

Florianópolis, 18 de outubro de 2019.

________________________

Profa. Glaucia dos Santos Zimmermann, Dr.ª Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

________________________

Prof.ª Ana Lúcia Schaefer Ferreira de Mello, Dr.ª Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof.ª Renata Goulart Castro, Drª. Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof.ª Janaína Cordeiro de Oliveira, Drª. Universidade Federal de Santa Catarina

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Este trabalho é dedicado à minha querida avó, com quem convivi diariamente mais de nove anos e pude observar o quanto algumas doenças podem resultar em limitações da vida diária. E hoje ficam apenas a saudade e as boas lembranças.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, que foram responsáveis por me incentivar, me inspirar e por proporcionar que eu me dedicasse exclusivamente ao meu curso de período integral, já que vivemos um país tão desigual, onde dedicar-se puramente ao estudo é um privilégio de poucos.

Agradeço a minha orientadora Ana Lúcia Schaefer Ferreira de Mello, que tornou o desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso algo tão leve e com tema de grande importância para minha construção pessoal. Que a cada coleta de dados, com realidades totalmente diferente da minha, era de um aprendizado inigualável. Professora que me proporcionou a possibilidade de ser bolsista de um projeto de extensão lindo e com uma equipe maravilhosa. Obrigada por todo conhecimento compartilhado.

Agradeço ao meu coorientador Bubacar, por toda ajuda e por permitir que eu contribua um pouquinho na construção da sua tese. Você é uma pessoa incrível e tive muita sorte de poder ter convivido com você na coleta de dados deste estudo piloto. Todo sucesso do mundo, você merece!

Agradeço aos meus irmãos, que sempre me proporcionam bons momentos e que foram fundamentais para que eu realizasse a graduação com uma maior tranquilidade, pois o apoio e incentivo sempre existiu.

Agradeço a minha grande amiga Sara, pessoa com o coração gigante, que conviveu comigo em praticamente todos os melhores momentos da graduação e que nos momentos de maiores preocupações também estava lá. Foi a responsável pelas melhores hospedagens, nos dias que voltar tarde para casa, não era possível. Fico extremamente feliz de ter conhecido você e de ter convivido todos esses anos de graduação com essa parceria.

Aos meus amigos, Nathalia, Roberta, Tauã, Micheli e Dayara que estão próximos a mim, nesses anos todos de graduação, com muitas risadas e aprendizados, agradeço de todo meu coração, cada momento que estivemos juntos. A minha incrível dupla David Avila, agradeço por todos esses anos de atendimentos em conjunto, que foram de grande importância para minha formação acadêmica e que servirão de suporte para muitas decisões que tomarei futuramente. Agradeço demais pela amizade, paciência, tranquilidade e por toda ajuda, dicas e

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momentos que passamos juntos nesta graduação. E tenho certeza que você será um profissional sensacional!

Ao Alan, agradeço por todos os momentos maravilhosos que compartilhamos neste último ano e por todo apoio que foi fundamental para o desenvolvimento deste trabalho de uma forma mais tranquila.

A todos os professores que são grandes mestres, eu gradeço eternamente cada momento de aprendizado que vocês nos proporcionaram.

Aos servidores, o agradecimento é inquestionável, sem a ajuda de vocês e sem o seu trabalho, nossa conclusão de curso seria falha.

Aos meus pacientes, agradeço de uma forma imensurável, foram momentos únicos em minha vida, toda a disponibilidade, histórias compartilhadas, paciência diante aos atendimentos, tornaram possível levar a minha graduação de uma forma inexplicável.

A Universidade Federal de Santa Catarina, meus sinceros e profundos agradecimentos, por toda a oportunidade de aprendizado, experiencias únicas vividas nestes últimos anos e por proporcionar que eu realize um dos meus grandes sonhos.

E para todos que foram de alguma forma importante para conclusão desta etapa, que é uma das mais importantes da minha vida, meu muito obrigada!

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“Em todas as coisas o sucesso depende de uma preparação prévia, e sem tal preparação o falhanço é certo.”

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RESUMO

A literatura tem reportado que vem ocorrendo alteração no perfil demográfico mundial referentes ao envelhecimento populacional. Este processo de mudança ocorre, entre outros fatores, devido aos avanços na área da saúde, o que permite observar uma melhora na saúde geral e bucal ao longo da vida. Em geral, as pessoas estão vivendo mais e retendo por mais tempo seus dentes. Porém, a partir desta constatação, nota-se um aumento da prevalência de doenças bucais em idosos e principalmente naqueles com algum grau de comprometimento da capacidade funcional. Esta se torna ainda mais agravada quando se tratam de idosos restritos ao domicílio, já que são pessoas que além de doenças crônico-degenerativas, lidam diretamente com barreiras que dificultam seu acesso aos cuidados de saúde geral e bucal. O objetivo deste trabalho é demonstrar a importância de um estudo piloto para a realização de um macroprojeto de pesquisa, permitindo o desenvolvimento de uma metodologia adequada, seguindo padrões cientificamente rigorosos na coleta e análise de dados. Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, de métodos mistos. Foram realizadas abordagens quantitativas e qualitativas para a coleta de dados, com resultados baseados no desenvolvimento e melhora a partir do estudo piloto. A amostra foi composta por idosos que estavam restritos ao domicílio, que recebem atenção domiciliar da equipe de atenção primária, no Centro de Saúde Carianos, em Florianópolis, sul do Brasil. A coleta de dados foi feita via questionário fechado, exame bucal e entrevista aberta semiestruturada. Os resultados demonstram que o estudo piloto é fundamental para identificação de problemas que não eram claros no momento da formulação do método, permitindo que ocorra os ajustes necessários antes da execução da pesquisa definitiva. Isso possibilita uma maior probabilidade de sucesso para a efetivação do macroprojeto. Considera-se que os resultados produzidos por esta pesquisa, em grande escala, serão fundamentais para fornecer subsídios para a melhoria do cuidado a saúde bucal de idosos que se encontram restritos ao domicílio.

Palavras-chave: Envelhecimento Populacional. Idoso. Saúde Bucal. Atenção Primária à Saúde. Atenção Domiciliar.

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ABSTRACT

The literature has reported that there has been a change in the world demographic profile regarding population aging. This process of change occurs, among other factors, due to advances in health, which allows for an improvement in overall and oral health throughout life. In general, people are living and retaining their teeth longer. However, there is an increase in the prevalence of oral diseases in the elderly and especially in those with some degree of impairment of functional capacity. This become even more aggravated when dealing with elderly people restricted to the home, since they are people who, in addition to chronic degenerative diseases, deal directly with barriers that hinder their access to general and oral health care. The aim of this paper is to demonstrate the importance of a pilot study for the accomplishment of a research macro project, allowing the development of an adequate methodology, following scientifically rigorous standards in data collection and analysis. This is a cross-sectional population-based study of mixed methods. Quantitative and qualitative approaches were taken for data collection, with results based on development and improvement from the pilot study. The sample consisted of elderly people who were restricted to home, who receive home care from the primary care team at the Carianos Health Center in Florianópolis, southern Brazil. Data collection was done through closed questionnaire, oral exam and semi-structured open interview. The results demonstrate that the pilot study is fundamental to identify problems that were not clear at the time of the method formulation, allowing the necessary adjustments to occur before the definitive research. This enables a greater likelihood of success for the realization of the macro project. It is considered that the results produced by this research, on a large scale, will be fundamental to provide subsidies for the improvement of oral health care of the elderly who are restricted to the home.

Keywords: Population Aging. Elderly. Oral Health. Primary Health Care. Home Care.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Condições sociodemográficas. CS Carianos, Florianópolis,

2019... 37

Tabela 2 – Resultados do Kihon Checklist. CS Carianos, Florianópolis,

2019...38

Tabela 3 – Resultados do exame clínico bucal. CS Carianos, Florianópolis,

2019...39

Tabela 4 – Resultados do exame clínico bucal (cont.). CS Carianos, Florianópolis,

2019...40

Tabela 5 – Presença de profissionais de saúde no domicílio. CS Carianos,

Florianópolis, 2019...41

Tabela 6 - Necessidade de auxílio para higienização bucal. CS Carianos,

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OMS- Organização Mundial de Saúde

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MS- Ministério da Saúde

PNSI- Política Nacional de Saúde do Idoso

PNSPI- Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa SUS- Sistema Único de Saúde

ESF- Estratégia da Saúde da Família KCL - Kihon Checklist

CS- Centros de Saúde DS - Distritos Sanitários

SND - Serviço de Nutrição e Dietética SPP- Serviço de prontuário de Paciente

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ... 15

1.1 Envelhecimento populacional ... 15

1.2 Atenção primária no atendimento domiciliar ... 16

1.3 Fatores relacionados à incapacidade funcional ... 18

1.4 Fragilidade e instrumentos para detecção de fragilidade ... 20

1.5 Kihon Checklist ... 21

1.6 Importância da avaliação bucal no grupo populacional idoso ... 22

1.7 Métodos mistos de pesquisa ... 24

Definição de métodos mistos ... 24

Vantagens de realizar uma pesquisa de métodos mistos ... 25

Fatores que justificam a necessidade de um estudo piloto numa pesquisa com métodos mistos ... 26

1.8 O estudo piloto ... 26 2OBJETIVOS ... 29 2.1 Objetivo Geral ... 29 2.2 Objetivos Específicos ... 29 3 MÉTODO ... 30 3.1 Tipo de estudo ... 30 3.2 Plano Amostral ... 30 3.3 Local do estudo ... 30 3.4 Participantes do estudo ... 31 Critérios de inclusão ... 31 Critérios de exclusão ... 32 3.5 Coleta de dados ... 32

3.6 Análise dos dados ... 33

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4 RESULTADOS ... 35

5 DISCUSSÃO ... 42

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 44

REFERÊNCIAS ... 45

APÊNDICE A ... 50

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - IDOSO ... 50

APÊNDICE B ... 52

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - CUIDADOR ... 52

APÊNDICE C ... 54

Aprovação pela Comissão de Acompanhamento dos Projetos de Pesquisa em Saúde ... 54

APÊNDICE D ... 55

Aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos... 55

APÊNDICE E ... 58

Versão final do questionário quantitativo ... 58

APÊNDICE F ... 60

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Envelhecimento populacional

O envelhecimento é um processo natural, que é entendido como parte integrante e fundamental na vida de cada indivíduo, caracterizando-se por mudanças físicas, psicológicas e sociais que acontece de forma única para cada pessoa com a sobrevida prolongada (MENDES et al., 2005). O destaque das mudanças ocorridas no perfil demográfico, nas últimas décadas, é o envelhecimento populacional, que inicialmente ocorreu nos países desenvolvidos, mas é nos países em desenvolvimento que vem ocorrendo de forma mais acentuada (DAMACENO; CHIRELLI, 2019, VERAS; OLIVEIRA, 2018). Ou seja, o envelhecimento hoje em dia é uma realidade mundial e mesmo que ainda não ocorra uma distribuição de forma equitativa das melhorias dos parâmetros de saúde nos diferentes países e contexto socioeconômicos, o envelhecimento não é mais privilégio de poucos, sendo também observado em países mais pobres (VERAS, 2009, VERAS; OLIVEIRA, 2018).

Este fenômeno também é observado no Brasil onde é possível identificar que desde a década de 1960 ocorreu um significativo aumento na longevidade dos brasileiros, aliado a uma queda na taxa de fecundidade (DAMACENO; CHIRELLI, 2019). Essa transição demográfica e epidemiológica está ocorrendo em uma velocidade acelerada (VERAS, 2009). No Brasil esse aumento na expectativa de vida deve-se aos avanços tecnológicos na área da saúde, com destaque para a oportunidade de acesso à prevenção e tratamento das doenças com o uso de vacinas, antibióticos, quimioterápicos (MENDES, et al., 2005). Já a queda da taxa de natalidade pode ser associada à universalização da educação e da atenção básica em saúde e, também, à intensificação da mulher no mercado de trabalho (MINAYO, 2019, MENDES et al., 2005)

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), é considerado idoso aquele indivíduo com 65 anos ou mais, classificação válida para países desenvolvidos. Já para os países em desenvolvimento, como o Brasil, é considerado idoso o indivíduo com 60 anos ou mais. Segundo o censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2010), o Brasil contava com a população de 190.755.799, sendo que 20.588.891 possuíam 60 anos ou mais de idade, o que corresponde mais de 10,8% da população total.

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Este aumento significativo da população idosa vem sendo explorada por diversos pesquisadores, já que existe uma preocupação com esse novo perfil demográfico. Desse modo, diversos estudos demonstram a necessidade de obter-se dados que subsidiem o desenvolvimento de políticas e programas adequados para as necessidades que esse grupo populacional apresenta (MENDES et al., 2005). Esses questionamentos feitos pelos pesquisadores e gestores em saúde, relacionado ao aumento populacional dessa faixa etária, resulta em repercussões para a sociedade no geral, tornando-se ainda mais complicado em um país com um contexto de desigualdade social acentuada, pobreza e presença de fragilidade das instituições (VERAS, 2009). Assim, não se deve excluir o olhar mais aprofundado para as novas demandas que são trazidas pelo envelhecimento e necessária para um desenvolvimento de uma longevidade com qualidade de vida (MINAYO, 2019)

1.2 Atenção primária no atendimento domiciliar

O processo de envelhecimento populacional que vem ocorrendo ao longo do tempo, em todas as sociedades, implica diretamente na formulação de políticas públicas, para que seja possível o desenvolvimento de uma eficiente atenção à população idosa, com foco principal na promoção da autonomia para o envelhecimento saudável e na resolubilidade das necessidades especificas dos idosos (DAMACENO; CHIRELLI, 2019, VERAS, 2009). Há que se considerar que esse grupo populacional possui maior probabilidade de desenvolvimento de doenças crônicas e situações de fragilidades, pois, mesmo com ausência de agravos crônicos, o envelhecimento traz alguma perda funcional. (VERAS, 2009).

Devido a esta preocupação com o aumento da quantidade de pessoas com mais de 60 anos e suas necessidades especificas, a OMS defendeu como prioridade a saúde dos idosos, entre as inúmeras questões no âmbito sanitário. Faz-se necessário ações com intervenções mais amplas, no nível de atenção primária à saúde, mais resolutivas, mais qualificadas e com menores custos ao sistema de saúde (GUEDES et al., 2017).

No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) se orienta pela Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI), criada através da Portaria nº 1395/1999, que tem como objetivo a promoção de um envelhecimento saudável, com a manutenção,

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recuperação e melhoria da capacidade funcional, prevenção de doenças, reabilitação dos idosos que venham a ter redução da sua capacidade funcional,

(VERAS; OLIVEIRA, 2018). Posteriormente foi instituído pela Portaria nº 2528/ GM, de 19 de outubro de 2006, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), que foi uma atualização da política anterior do Ministério de 1999, com objetivo de realizar a implementação das ações e indicando as responsabilidades institucionais para que ocorra o alcance da proposta da PNSI. Ou seja, a PNSPI manteve como objetivo a promoção do envelhecimento saudável, em concordância com os princípios e diretrizes do SUS, direcionando medidas individuais e coletivas a esse grupo populacional (VERAS; OLIVEIRA, 2018).

A Constituição Brasileira de 1988 (BRASIL,1988) garante que saúde é direito de todos e dever do estado, sendo as ações e serviços ofertados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS é regulamentado em todo território nacional e tem como princípios a universalidade, atenção integral e a equidade. O SUS é constituído pela conjugação das ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados pelos estados, municípios e União, de forma direta ou indireta, sendo organizado de forma regionalizada e hierarquizada. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde será ordenado pela atenção primária, baseado na análise do risco individual e coletivo e no critério cronológico, observando as especificidades previstas para pessoas com proteção especial.

Este modelo de atenção à saúde tem na Estratégia Saúde da Família sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da atenção primária cujo propósito é reorganizar a prática assistencial, passando a considerar os aspectos do ambiente físico e social das famílias (ROSA; LABATE, 2005, GIACOMOZZI; LACERDA, 2006). Nesse contexto, a Estratégia da Saúde da Família (ESF) pode abordar e estimular o envelhecimento ativo, a partir de um cuidado integral ao idoso, considerando então os aspectos do seu contexto social e suas capacidades para desenvolver potencialidades (DAMACENO; CHIRELLI, 2019). No modelo de atenção baseado na ESF as ações e serviços de saúde ocorrem vinculadas às áreas de abrangências definidas como responsabilidade de uma equipe de saúde

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multidisciplinar, buscando uma maior integração com a comunidade e o território (GIACOMOZZI; LACERDA, 2006).

Entre as atribuições comuns aos profissionais das equipes de atenção básica estão a realização do cuidado integral à saúde da população adscrita, quando necessário no âmbito do domicílio. Assim, espera-se que os profissionais de saúde obtenham conhecimento da realidade da população e formação de um vínculo com a mesma a partir de sua inserção na comunidade via assistência domiciliar, proporcionando um atendimento que leve em conta as diferentes necessidades de saúde das pessoas (GIACOMOZZI; LACERDA, 2006). Para que isso fosse possível, foi promulgada a lei Nº 10.424, tem como finalidade a regulamentação da assistência domiciliar do Sistema Único de Saúde. Os atendimentos domiciliares serão realizados por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora (BRASIL, 2002).

O atendimento na atenção primária aos idosos no âmbito domiciliar tem como propósito promover uma integração com os outros níveis de atenção em saúde e garantir essa integralidade a partir das condutas multidisciplinares que atendam às necessidades desta população (ROCHA, MIRANDA, 2013). É a partir das visitas domiciliares que têm como prioridade o diagnóstico da realidade do indivíduo, que se torna possível realizar as intervenções que são necessárias para cada família, com base nas informações coletadas. E é um instrumento muito importante para subsidiar intervenções ou planejamentos de ações em saúde (GIACOMOZZI; LACERDA, 2006). Essa prática assistencial é essencial para manutenção da saúde de idosos com algum grau de dependência, além de estimular a participação efetiva das famílias nas condutas multidisciplinares (ROCHA; MIRANDA, 2013).

1.3 Fatores relacionados à incapacidade funcional

O aumento da expectativa de vida é algo primordial para qualquer sociedade, no entanto, é importante que se prolongue esses anos adicionais, com qualidade de vida (VERAS, 2009). Ao pensar no cuidado ao idoso, baseado numa perspectiva de qualidade de vida, torna-se importante ter um enfoque na promoção de um envelhecimento com ações diretas na prevenção de perdas funcionais, medidas para diagnóstico precoce de enfermidades não transmissíveis, detecção de

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perdas cognitivas, prevenção para deficiências nutricionais, prevenção para o isolamento social e também prevenção de perdas dentárias, ou outras alterações na cavidade bucal. Ou seja, tentar manter por mais tempo a saúde física, cognitiva, emocional e psicológica, dos idosos (VERAS, 2009, MINAYO, 2019 VERAS; OLIVEIRA, 2018,). Associado a isso, é importante desenvolver hábitos saudáveis durante a vida e eliminar comportamentos nocivos à saúde, para que seja possível então, ter um prolongamento da vida de forma saudável, reduzindo a necessidade de assistência médica e possibilitando uma maior independência e autodeterminação (HORIBE et al., 2018, VERAS, 2009).

Entretanto, o idoso ainda apresenta um padrão de doenças, que normalmente são crônicas e múltiplas, o que resulta na necessidade de acompanhamento e cuidados permanentes (VERAS; OLIVEIRA, 2018). Além disso o envelhecimento pode trazer incapacidades funcionais que estão relacionadas as doenças crônicas, mentais/psicológicas e motoras, por vezes degenerativas, o que aumenta a necessidade de cuidados domiciliares (MINAYO, 2019 e HORIBE et al., 2018). Problemas estes, que vem chamando mais atenção para a saúde pública, já que muitas sociedades estão passando por esse processo de envelhecimento da população (KOYAMA, S. et al., 2016).

Essa incapacidade funcional se dá pela perda das habilidades físicas e mentais, que são necessárias para manter uma vida independente e com autonomia (VERAS, 2009). Isso resulta em uma parte destes idosos limitados ao domicílio, decorrente desses prejuízos funcionais, que podem ser por limitações físicas, sociais e psiquiátricas (GLUZMAN et al., 2012, FIGUEIREDO et al., 2018). São pessoas que possuem muita dificuldade para sair de casa, ou conseguem sair apenas com auxílio (HORIBE et al., 2018). Esta limitação leva o idoso a uma inatividade física, isolamento social, dificuldades para realização de tarefas do dia-a-dia, necessitando muitas vezes do auxílio de terceiros e um aumento da necessidade de cuidados domiciliares (KOYAMA et al. 2016, FIGUEIREDO et al., 2018).

Por conseguinte, estes idosos restritos ao domicílio possuem uma maior dificuldade de acesso as consultas de cuidados médicos e odontológicos, o que interfere diretamente na qualidade de vida dessas pessoas (ORNSTEIN et al., 2014). O que torna essencial a priorização de políticas de saúde para identificação desses

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idosos, manutenção e recuperação da sua capacidade funcional, para que seja possível, então, manter ao máximo sua independência (HORIBE et al., 2018,

VERAS, 2009).

1.4 Fragilidade e instrumentos para detecção de fragilidade

Um modelo adequado de atenção à saúde dos idosos deve possuir abordagens eficazes para apoiar os idosos fragilizados, mas também precisa realizar a identificação precoce dos riscos que podem tornar essas pessoas fragilizadas

(KAMEGAYA; YAMAGUCHI; HAYASHI, 2017, VERAS; OLIVEIRA, 2018). Ou seja, é importante realizar a intervenção antes de um agravo ocorrer, reduzindo os impactos das condições crônicas na funcionalidade (VERAS; OLIVEIRA, 2018). Isso demonstrando a importância do diagnóstico precoce, que é fundamental para aumentar a probabilidade de prolongar a vida de forma saudável (HORIBE et al., 2018, SAMPAIO et al., 2016).

Anteriormente conceituava-se fragilidade como sendo resultado de déficits físicos, mas atualmente entende-se que é um processo que também engloba aspectos cognitivos, sociais, nutricionais e outros fatores que estão associados a prejuízos na qualidade de vida dos idosos (SAMPAIO et al., 2016, YURI et al, 2016). Ou seja, a fragilidade é um estado de alta vulnerabilidade a problemas adversos à saúde e um importante precursor do declínio físico e mental (MATSUSHITA et al., 2016, KERA et al., 2016). Ela resulta em incapacidade, quedas, mortalidade, necessidade de cuidado ao longo prazo e necessidade de auxílio para realização das atividades diárias (MATSUSHITA et al., 2016)

Tais fatores evidenciam a necessidade de se utilizarem instrumentos para identificação de idosos que são mais vulneráveis à situação de fragilidade (SAMPAIO et al., 2016, HORIBE et al., 2018). A realização de intervenções precoces em saúde e cuidados para essas pessoas que são consideradas vulneráveis à fragilidade vem demonstrando ser fundamental para a prevenção da progressão da incapacidade e para que seja possível manter uma vida mais independente (HASEGAWA et al., 2019, YURI et al, 2016).

Atualmente existe uma grande quantidade de instrumentos para avaliar a fragilidade e os fatores de risco à saúde dos idosos. Na maioria avaliam aspectos

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psicológicos, sociais e de independência funcional, que são fatores que influenciam no bem-estar dos idosos (HORIBE et al., 2018). A literatura reporta a utilização de diversos instrumentos que avaliam a fragilidade e os fatores de riscos para a efeitos adversos na saúde de idosos (FIGUEIREDO et al., 2018). O estudo de Sampaio et al. (2016), identificou diferentes instrumentos de avaliação multidimensional dos idosos restritos ao domicílio, publicados na literatura científica. Analisou suas propriedades psicométricas, o que possibilitou a identificação do Kihon Checklist, instrumento que pode ser utilizado para triar os idosos da comunidade que são vulneráveis a fragilidade e identificar quem tem uma maior chance de torna-se dependente. Essa ferramenta tem como objetivo avaliar nos idosos, as atividades da vida diária, a força física, função oral, socialização, memória e estado emocional a partir de 25 itens. Com essa avaliação é possível aumentar a ênfase nos cuidados preventivos e realização de intervenções para diminuir a chance de futuras incapacidades e necessidade de cuidados por outra pessoa. (SAMPAIO et al., 2016).

1.5 Kihon Checklist

O Kihon Checklist (KCL) é um instrumento que identifica com eficiência quem são os idosos mais vulneráveis, com maior risco de tornarem dependentes e necessitarem de cuidados de longa duração. Foi criado pelo Ministério da Saúde, trabalho e Bem-Estar do Japão (SAMPAIO et al., 2013, KAMEGAYA, YAMAGUCHI, 2017).

É um checklist abrangente de saúde que é constituído por 25 perguntas com respostas do tipo Sim ou Não, que são divididos em sete domínios: que avaliam as atividades da vida diária (n° 1 ao 5), força física (n° 6 ao 10), condição nutricional (n° 11 e 12), função oral (n° 13 ao 15), interações sociais (n° 16 e 17), memória (n° 18 ao 20), e depressão (n° 21 ao 25) (KERA et al., 2016, SAMPAIO et al., 2016,

SATAKE et al., 2018). Esses domínios são abrangentes e conseguem possibilitar a avaliação dos aspectos físicos, psicológicos e sociais dos idosos, demonstrando ser um método de avaliação válido para a fragilidade e para a probabilidade de necessitar de cuidados de longa duração, podendo ser aplicado por qualquer profissional da saúde treinado para tal (SATAKE et al., 2015, HORIBE et al., 2018).

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Com base nos resultados obtidos a partir do KCL, pode-se observar a importância da atenção preventiva em saúde e na necessidade da detecção precoce dos idosos fragilizados para que seja possível realizar um planejamento em saúde como o objetivo melhorar o estado nutricional dos idosos, a força física, função oral, saúde mental, função cognitiva e risco de depressão, com ênfase na prevenção dos idosos que possuem riscos de precisarem de cuidados no futuro, prevenindo futuras incapacidades (FUKUTOMI et al., 2012, SAMPAIO et al., 2016).

A pesquisa de Sampaio et al. (2016) demonstra que o Kihon Checklist é um instrumento adequado para estudos interculturais e consegue ser aplicado para idosos restritos ao domicílio e dependentes. Ou seja, independente da cultura ou lugar em que o idoso reside, este instrumento consegue avaliar características da rotina diária dos idosos, já que seu conteúdo avalia os hábitos comuns dessas pessoas. Além desses fatores, o KCL é um instrumento que tem poucas questões e com respostas simples, o que facilita a sua aplicação por profissionais de saúde, podendo ser aplicado com facilidade em países como o Brasil (SAMPAIO et al., 2013). A utilização de instrumentos para avaliação da fragilidade da população idosa pode contribuir para retardar a dependência de idosos e diminuir efeitos adversos a saúde causada pelo processo de envelhecimento (SAMPAIO et al., 2013).

1.6 Importância da avaliação bucal no grupo populacional idoso

A literatura tem reportado melhora na saúde geral e bucal ao longo da vida, haja vista que as pessoas estão vivendo mais e retendo por mais tempo os seus dentes naturais. Entretanto, a partir desta constatação, observa-se um aumento da ocorrência de doenças bucais no grupo populacional idoso. Essa situação é mais grave quando se analisa os idosos restritos ao domicílio, porque uma grande parte dessas pessoas são cronicamente doentes, possuem uma dependência funcional e ainda existem as barreiras locais que dificultam o acesso aos cuidados médicos e odontológicos de rotina (GLUZMAN et al., 2012, ORNSTEIN, et al. 2015). Estes fatores comprometem a saúde geral e bucal e que interferem diretamente na qualidade de vida e bem-estar destas pessoas (ORNSTEIN et al., 2014).

Esses idosos que apresentam a capacidade funcional limitada e possuem um risco alto de resultados adversos na saúde são considerados frágeis e com uma

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maior propensão de se tornarem restritos ao domicílio. O entendimento odontológico a essas pessoas, torna-se um desafio, pois esses idosos vulneráveis possuem uma maior probabilidade de desenvolver doenças orais e normalmente apresentam extensas necessidades de tratamentos odontológicos. Que se tornam mais complicados devido aos problemas médicos, funcionais, comportamentais e situacionais que esse grupo apresenta (YELLOWITZ; SCHNEIDERMAN, 2014).

No estudo de Koyama (2016), foi possível observar que os idosos que estavam limitados ao domicílio, apresentavam uma saúde bucal comprometida, situação agravada pela dificuldade de acesso ao atendimento odontológico. Situação exemplificada no estudo de Ornstein et al. (2014), o qual demonstrou que idosos com limitação ao seu lar, normalmente não realizavam consulta com dentista como rotina, resultando em possibilidade de comprometimento da saúde bucal.

Esta vulnerabilidade e limitações vão se tornando de responsabilidade dos familiares e cuidadores, que podem realizar cuidados com a saúde bucal inadequados. Por vezes, existe falta de conscientização dos cuidadores em relação a importância da saúde bucal (YELLOWITZ; SCHNEIDERMAN, 2014, MORISHITA et al. 2001). Além disso, constata-se uma falta de percepção dos idosos em relação a necessidade de atendimento odontológico (MORISHITA et al. 2001).

Observa-se que os dentes retidos por um período maior, tornam-se negligenciados nos anos posteriores, resultando em uma higiene bucal insatisfatória, o que predispõe ao risco contínuo do surgimento de novas lesões de cárie coronárias e radicular, como também o aparecimento de gengivite e doenças periodontais. Isso somado aos problemas que este grupo apresenta por serem mais frágeis e dependentes, resulta em problemas dentais extensos. E devido a essa prevalência de doenças presentes nesses idosos restritos ao domicílio e os maus hábitos de saúde bucal, fica clara a importância de trabalhar com essa população mais vulnerável (YELLOWITZ; SCHNEIDERMAN, 2014, CHALMERS; ETTINGER, 2008, PAUNOVICH, 1994).

É importante ressaltar que a saúde bucal inadequada encontrada nesses idosos compromete também o seu convívio social, pois, a ausência de dentes ou outros problemas de saúde bucais, podem influenciar diretamente nas conversações, na estética facial. A saúde bucal deficiente pode provocar

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dificuldades na vida social destas pessoas, podendo ser um fator contribuinte para o isolamento social (KOYAMA et al., 2016).

Esses dados reforçam a necessidade da atenção à saúde bucal aos idosos. O atendimento odontológico deste grupo populacional deve possuir um olhar mais amplo, já que os aspectos nutricionais, psicológicos, culturais, sociais, educacionais, questões econômicas são fatores que, em conjunto com as predisposições genéticas e estilo de vida, são uma combinação complexa que reflete diretamente na saúde bucal do idoso (ORNSTEIN et al., 2014, CHALMERS, ETTINGER, 2008, MORISHITA et al., 2001). Especificamente, são informações que demonstram a necessidade de atenção à saúde bucal no contexto da residência, para esses idosos restritos ao domicílio e também justificam pesquisas sobre esse tema, para auxiliar no planejamento de ações focadas em saúde bucal (GLUZMAN et al., 2012, MORISHITA et al., 2001).

1.7 Métodos mistos de pesquisa

Definição de métodos mistos

Com o passar dos anos foram sendo desenvolvidas diversas definições do que seriam pesquisas de métodos mistos. Creswell e Clark (2007) definem como sendo um estudo com suposições filosóficas e com métodos de investigação e que possuem, em sua metodologia, coleta e análise de dados com abordagens quantitativas e qualitativas. Isso possibilita uma melhor compreensão das perguntas de pesquisa, por possuir perspectivas diferentes conjugadas (Creswell e Clark 2013).

Já na segunda edição de seu livro, Creswell e Clark (2013) complementam que a pesquisa de métodos mistos deve conter características essenciais: a coleta e análise de modo rigoroso, tanto dos dados qualitativos como os quantitativos; misturar as duas formas de dados, combinando-os ou misturando-os; priorizar uma forma de dados ou ambas; usar estes dois métodos em um estudo; combinando os procedimentos de ambos métodos, para desenvolvimento da pesquisa.

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Creswell e Clark (2013), também permitem observar que o estudo com métodos mistos é fundamental quando se nota que uma das formas de coleta de dados será insuficiente para responder as perguntas de pesquisa, sendo necessário englobar a coleta qualitativa e quantitativa para obter-se melhores resultados, já que ambas apresentam suas limitações. Na pesquisa qualitativa o resultado apresenta-se mais detalhado sobre um determinado problema e possui uma necessidade menor de participantes, enquanto o quantitativo os resultados são mais gerais e apresentam uma aplicação em maior quantidade de pessoas. Ou seja, o método misto possibilita uma abordagem mais ampla dos problemas de pesquisa, pois as limitações são compensadas por potencialidades de ambos estudos.

Vantagens de realizar uma pesquisa de métodos mistos

Creswell e Clark (2013) apontam as vantagens para a realização de uma pesquisa de métodos mistos. Uma delas é a possibilidade de compensar pontos fracos tanto da pesquisa qualitativa como na quantitativa, completando com os pontos fortes de ambas. Assim a análise, na pesquisa quantitativa, da compreensão do contexto e local em que a pesquisa está sendo realizada, é compensada pelo método qualitativo. Na qualitativa observa-se uma dificuldade de generalização de um determinado grupo, devido ao número limitado de participantes e devido a interpretação mais pessoal que é realizada pelo pesquisador.

Este tipo de pesquisa proporciona um estudo com maiores evidências para os problemas de pesquisa, permitem que os pesquisadores usufruam de todas ferramentas para coleta de dados, apresenta a capacidade de responder todas as perguntas que muitas vezes não é possível apenas com um método de coleta de dados. Este tipo de pesquisa possibilita uma visão mais ampliada das situações vivenciadas e é um tipo de estudo o qual o pesquisador utiliza os dois métodos para obtenção de respostas para a suas perguntas de pesquisa. (Creswell e Clark 2013).

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Fatores que justificam a necessidade de um estudo piloto numa pesquisa com métodos mistos

Devido a essa dualidade na pesquisa, é importante que o pesquisador possua contato prévio tanto com o método quantitativo como com o método qualitativo. Ou seja, é importante que o pesquisador possua uma familiarização com o tipo de coleta de dados e técnica de análise de ambos métodos. Desse modo, passa a ter conhecimentos prévios do método quantitativo, a respeito de como é realizado a coleta de dados, capacidade de analisar e interpretar os resultados a partir do ferramental da estatística. Já na parte qualitativa também é importante que o pesquisador possua conhecimento de como é realizado a coleta de dados qualitativos, como realizar as entrevistas semiestruturadas com as perguntas abertas, por exemplo, sendo necessário o conhecimento para realização da análise destes textos. (Creswell e Clark 2013).

Para realização de uma pesquisa mista também é importante estimar previamente o tempo para de execução e se os recursos são suficientes, ou seja, se essa pesquisa possui viabilidade de acontecer. Geralmente, este tipo de pesquisa demanda mais tempo e sua realização depende de uma equipe de trabalho.

Além disso há que se considerar muitas vezes a etapa de aprovação pelo comitê de ética para pesquisa em seres humanos, a formulação de um percurso metodológico tanto para a parte qualitativa como quantitativa, e estratégia de análise conjugada destes dados. A realização de em estudo piloto, portanto, é um momento imprescindível para o ajuste e refinamento destas etapas e para que o estudo definitivo ocorra de uma forma mais adequada, com rigor científico, e produza resultados de qualidade. (Creswell e Clark 2013).

1.8 O estudo piloto

Para Canhota et al (2008) o estudo piloto é considerado uma pequena versão de uma determinada pesquisa, que possui como objetivo ajudar na elaboração do método de um estudo e/ou prever o resultado de um protocolo já desenvolvido, mas que nunca foi aplicado. Também possibilita testar um instrumento de avaliação específico, que pode ser um questionário ou uma entrevista, com o

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intuído de verificar a sua credibilidade e identificar se está adequado para obter os resultados esperados.

Este tipo de estudo é muito importante, pois permite uma verificação dos métodos e possibilita a análise de todas as fases de execução da pesquisa. Isso é essencial para identificação de problemas, que podem ser resolvidos antes da implementação da pesquisa final, ou seja, o estudo piloto permite o teste, a avaliação dos procedimentos e instrumentos da pesquisa. (CANHOTA et al., 2008)

Independentemente de ser uma pesquisa com uma amostra pequena, o estudo piloto deve ser realizado com o percurso metodológico que se deseja aplicar na pesquisa definitiva, realizando todos os procedimentos previsto no delineamento inicial. Para sua realização não é obrigatório possuir uma amostra superior a 10% do tamanho esperado na pesquisa final. Por exemplo, para avaliar um questionário, de 10 a 20 participantes serão suficientes. Mas para que isso ocorra, é necessário obter as características definidas para a amostra, que é obtida com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. (CANHOTA et al., 2008)

Canhota et al. (2008) demonstra que o estudo piloto também é importante para responder perguntas que são pertinentes aos pesquisadores. Por exemplo, ele consegue observar se o tempo previsto para a realização da pesquisa está correto, se o protocolo para a obtenção da amostra está satisfatório, se o acesso a essa amostra será fácil ou difícil, se os procedimentos da pesquisa estão ocorrendo de forma adequada, se o tamanho da amostra será representativo, se existem dificuldades para a aplicação dos instrumentos de pesquisas, que podem ser questionários ou entrevistas. Fundamental para entender se o questionário é compreendido da mesma forma por todos os participantes e se as entrevistas estão obtendo as respostas que se deseja, também possibilitando a detecção de perguntas que são consistentemente mal respondidas. É também a oportunidade de avaliar o treinamento dos investigadores no momento da coleta de dados, o que permite a identificação de percalços a serem ajustados.

Porém, também existem problemas no estudo piloto, já que a realização dele não garante um sucesso na pesquisa final e por possuir uma amostra que não é representativa. Existe a possibilidade de gerar previsões inadequadas dos dados obtidos, devido a amostra ser menor. Por isso, deve-se ficar atento na utilização dos

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dados do estudo piloto, nos resultados, pois eles podem não ser idênticos aos resultados do trabalho final. (CANHOTA et al., 2008)

Para Canhota et al. (2008) muitas vezes os pesquisadores não realizarem o estudo piloto, por acharem que apenas o planejamento prévio cuidadoso e a preparação já são suficientes para a implementação de pesquisa. Outras, quando realizam o estudo piloto, este se resume a poucas frases que identificam que foi realizado o piloto e feito algumas alterações, sem oferecer detalhes que como ocorreu. Assim, este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância de um estudo piloto para o refinamento de uma pesquisa em grande escala, a partir da detecção de problemas que o percurso metodológico, especialmente na fase da coleta dos dados, apresentava. A ideia foi realizar, a partir das informações do estudo piloto, os ajustes necessários antes da implementação do macroprojeto sobre o cuidado à saúde bucal de idosos restritos ao domicílio.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Realizar o estudo piloto de um macroprojeto de pesquisa que visa conhecer as condições de vida, saúde e saúde bucal de idosos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que se encontram restritos ao domicílio em uma capital do sul do Brasil.

2.2 Objetivos Específicos

• Verificar a adequação dos instrumentos de coleta de dados; • Treinar pesquisadores para coleta de dados primários em campo;

• Ajustar os procedimentos de coleta de dados para seguimento do macroprojeto de pesquisa.

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3 MÉTODO

3.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo piloto de um estudo do tipo transversal de base populacional, de métodos mistos do tipo convergente e paralelo. O estudo final, na fase quantitativa, segue os fundamentos do método epidemiológico. Na fase qualitativa é sustentado pelo referencial metodológico da Teoria Fundamentada nos Dados (TFD). Para o piloto foram aplicadas técnicas quantitativas e qualitativas para coleta dos dados.

3.2 Plano Amostral

Segundo o censo demográfico do IBGE (2010), o município de Florianópolis conta com a população de 421,240, sendo 48,136 possuem 60 anos ou mais de idade, o que corresponde mais de 11,4% da população total. O universo do estudo é constituído por idosos restritos ao domicílio atendidos pelas equipes de saúde e seus cuidadores, residentes no município de Florianópolis/SC.

Atualmente o município de Florianópolis dispõe de 4 Distritos Sanitários (DS) e 49 Centros de Saúde (CS) e 98 equipes de saúde (áreas de abrangência). Os dados quantitativos e qualitativos do estudo piloto foram coletados nas áreas de abrangência de um centro de saúde.

Após a aprovação da Escola de Saúde Pública, da Secretaria Municipal da Saúde da Prefeitura Municipal de Florianópolis e pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC foi realizado o contato com a equipe de saúde, com o intuito de mapear os idosos restritos ao domicílio e ver a possibilidade de coletar os dados durante as visitas domiciliares.

A amostra do estudo piloto constitui-se por 14 idosos, sendo que apenas 4 deles participaram da coleta de dados qualitativos.

3.3 Local do estudo

A pesquisa foi realizada nas áreas de abrangência do Centro de Saúde do

Carianos, localizado na Rua Vereador Osvaldo Bittencourt, bairro Carianos, pertencente ao Distrito Sanitário Sul, da cidade de Florianópolis, no estado de Santa Catarina.

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O CS Carianos organiza-se na lógica da Estratégia Saúde da Família, com equipe de saúde bucal. Segundo o censo demográfico do IBGE (2010), o Bairro Carianos conta com uma população de 4.651 habitantes, onde 6,1% destas pessoas possuem a idade de 65 anos ou mais.

3.4 Participantes do estudo

A população do estudo piloto seria inicialmente constituída por indivíduos com 60 anos ou mais, porém com o intuito de englobar uma maior quantidade de participantes foram incluídas pessoas que possuem limitação ao domicílio, mas com idade inferior a 60 anos. São pessoas que se encontram restritos ao domicílio por algum motivo, que conseguem responder aos questionamentos.

Foi considerado participante da pesquisa aquela pessoa que está restrita em domicílio por possuir incapacidades físicas e mentais. Também foram considerados como participantes do estudo, os cuidadores de idosos que não estavam aptos para responder as perguntas.

Critérios de inclusão

• Fazer parte da lista de pessoas acompanhadas pela equipe de atenção primária do CS.

• Possuir alguma incapacidade que resulte na sua limitação ao domicílio, receber visita domiciliar, estar independente ou dependente no momento da entrevista e do exame.

• Para os idosos dependentes e impossibilitados por algum motivo de responder os questionários, serão incluídos os seus respectivos cuidadores(as).

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Critérios de exclusão

• Idosos que estiverem ausentes do domicílio após três tentativas de contato.

• Idosos residentes em ILPI ou que se encontrarem hospitalizados no momento do primeiro contato dos pesquisadores.

• Cuidador com idade inferior a 18 anos.

3.5 Coleta de dados

Após a aprovação da Prefeitura Municipal de Saúde de Florianópolis, para realização da pesquisa, foi realizado o contato com a equipe de saúde do CS Carianos, para ver a disponibilidade de realizar a coleta de dados em conjunto com as visitas domiciliares, que ocorrem no bairro. Mediante a confirmação da equipe de saúde, foi iniciado o agendamento daqueles que estavam restritos ao domicílio e necessitavam de visita domiciliar. A comunicação com estas pessoas, para o agendamento, era de responsabilidade da equipe de saúde do CS Carianos.

Mediante prévia marcação, os pesquisadores deslocavam-se até a casa da pessoa, com o intuito de realizar a coleta de dados. Inicialmente era realizado a explicação de todos os objetivos e métodos da pesquisa, para posteriormente realizar o convite de participação. Devido a possibilidade de a pessoa ser dependente e não conseguir responder o questionário, era necessário definir quem responderia o questionário, no caso, algum cuidador responsável. Após confirmação de participação da pesquisa e definição de quem seria entrevistado, o idoso ou o cuidador assinavam o termo de consentimento livre e esclarecido. A coleta de dados englobava um questionário quantitativo, um exame clínico bucal e uma entrevista qualitativa.

A coleta de dados quantitativos iniciava com as informações de identificação e condições sociodemográficas, como sexo, idade, escolaridade, renda total do domicílio, presença de cuidador e o tempo restrito ao domicílio. Em seguida, era aplicado o instrumento Kihon Checklist, com 25 perguntas com respostas do tipo Sim ou Não, que avaliam aspectos da vida diária, força física, condição nutricional, função oral, interações sociais, memória e depressão (KERA et al., 2016, SAMPAIO et al., 2016, SATAKE et al., 2018, SATAKE et al., 2015, HORIBE et al., 2018).

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Com a finalização das perguntas do instrumento Kihon Checklist, era aplicado o bloco de condições de saúde bucal, que é composto por um exame clínico bucal, onde era avaliado a presença de placa visível ao olho nu, o número de dentes naturais presentes, o número de lesões cavitadas por cárie, número de raízes residuais, a presença de fístula/sulco com exsudato purulento, presença de mobilidade dental (g2/3), presença de lesões ou desvios da normalidade/alterações da mucosa. Também era observado se o idoso utilizava próteses totais ou parciais, se utilizava era avaliado a presença de placa visível ao olho nu. O exame clínico bucal foi realizado com o auxílio de lanterna, luvas e espátulas de madeira.

A coleta de dados quantitativos era finalizada com as perguntas referentes a independência do idoso para realização da higiene bucal, independência do idoso para ir em uma consulta odontológica quando necessário e perguntas referentes a visitas de profissionais da saúde no âmbito domiciliar.

Também foram realizadas entrevistas para coleta de dados qualitativos, composta com perguntas referente a como esses idosos restritos ao domicílio cuidam da sua saúde geral, se cuidam da saúde bucal, como realizam esse cuidado com os dentes e com as próteses totais e parciais. Perguntas com intuito de obter respostas referentes a como esses idosos lidam com a saúde geral e bucal, devido a essa limitação no domicílio e como isso interfere na sua vida. Estas entrevistas foram gravadas com auxílio de um celular, para posteriormente serem transcritas e analisadas.

3.6 Análise dos dados

No macroprojeto os dados qualitativos e quantitativos serão analisados separadamente. Os dados quantitativos serão analisados por meio de análise descritiva e inferencial. Para a associação entre as variáveis sociodemográficas, khion checklist e com os dados relacionados à saúde bucal será aplicado à regressão logística. E a parte qualitativa será sustentada pelo referencial metodológico da Teoria Fundamentada nos Dados (TFD). Já para o estudo piloto, foi realizado uma porcentagem simples no Excel, apenas para uma caracterização da amostra. OS dados qualitativos foram transcritos no software Word.

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3.7 Aspectos éticos

Este projeto piloto é parte de um macroprojeto submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, da Universidade Federal de Santa Catarina e foi aprovado com o número de perecer 3.230.210, cumprindo a Resolução n°466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. E para todos os participantes da pesquisa foi aplicado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), onde consta todas informações sobre a pesquisa. (APÊNDICE 1 E 2)

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4 RESULTADOS

Com o avanço do estudo piloto, foram observadas diversas alterações que deveriam ser realizadas para que fosse possível continuar com o projeto piloto e efetuação do estudo definitivo.

Um dos primeiros problemas encontrados durante o andamento do estudo piloto, foi referente a pergunta 12 do Kihon Checklist, a qual necessita-se saber a altura e o peso do idoso para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC). O que necessitaria de uma balança portátil e uma fita métrica para aferição dessas medidas. Isso resultaria em grandes dificuldades para obter o peso dessas pessoas, já que a amostra é composta por idosos restritos ao domicílio, que muitas vezes são acamados, cadeirantes ou com outros problemas que dificultam este procedimento. Devido a isso, ocorreu uma substituição desta pergunta, onde agora o objetivo é obter uma média de três medidas com uma fita métrica, da parte mais protuberante, da panturrilha esquerda. Com esta média é possível obter informações sobre o estado nutricional do idoso.

Inicialmente uma das perguntas contidas no bloco de condições sociodemográficas, era para obter-se o rendimento per capita média do domicílio que o idoso vive, porém esta pergunta resultava em dúvidas e constrangimento para os idosos e seus cuidadores. Com base nessas experiências, foi realizado uma busca por alguma outra pergunta ou um conjunto de perguntas que fosse possível ter a mesma informação que buscávamos. Após esta busca, optou-se na substituição pela pergunta de quais são os rendimentos totais do domicílio no último mês, com auxílio de uma lista com determinadas faixas salariais, para que o idoso ou cuidador apenas aponte para a opção correspondente a sua realidade.

Foram também acrescentadas ao exame clínico bucal, se estes participantes da pesquisa utilizavam próteses totais ou próteses parciais removíveis. Em conjunto com observação se possui placa visível ao olho nu, nessas próteses.

Foi adicionado um conjunto de perguntas com intuito de identificar se este idosos restritos ao domicílio recebem o atendimento de diversas áreas da saúde em seu domicílio, que são: você já recebeu a visita do médico no domicílio? Você já recebeu a visita do enfermeiro no domicílio? Você já recebeu a visita do agente de

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saúde no domicílio? Que são perguntas importantes para detectar se esses idosos restritos ao domicílio possuem um atendimento necessário em sua casa, devido aos diversos aspectos que demonstram a necessidade de um cuidado maior pelos profissionais de saúde.

Também foram adicionadas duas perguntas que são fundamentais para identificar se esses idosos ainda conseguem realizar limpeza dos seus dentes e próteses, e para identificar se quando surge um problema odontológico, como exemplo uma dor em um dente, esses idosos conseguem ir ao dentista, ou seja, conseguem sair de casa para resolver o problema.

No estudo piloto, já foi possível identificar também os diversos fatores que problemáticos para a realização da pesquisa definitiva, servindo de alerta para a equipe de pesquisadores. Por exemplo:

• A obtenção das listas de idosos para a realização da coleta de dados é algo complicado, porque nem todas as áreas dos CS possuem estas listas organizadas. No próprio CS Carianos, o agendamento da visita dos idosos não seguiu uma ordem por área de abrangência e sim por disponibilidade.

• Observou-se também que a coleta de dados normalmente terá que possuir horários mais específicos, devido as condições desses idosos. Normalmente no período matutino estão dormindo, o que já limita a um horário mais propicio no período vespertino.

O estudo piloto também permitiu que ocorresse um treinamento dos pesquisadores, para que a coleta de dados do macroprojeto, ocorresse de uma forma adequada. Após identificações dos problemas na aplicação do questionário e realização da entrevista e suas correções, foi possível realizar um treinamento com todos os pesquisadores presentes, incluindo padronização de posturas e de respostas que poderiam gerar dúvidas.

A partir da coleta de dados do estudo piloto, fundamental para ajustes precisos para a pesquisa, foi realizado uma análise simples sobre as características da amostra a qual está demonstrado nas tabelas 1,2 e 3.

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Tabela 1 – Condições sociodemográficas. CS Carianos, Florianópolis, 2019.

Sexo N % Masculino 5 35,7 Feminino 9 64,3 Idade 60 a 69 2 14,4 70 a 79 3 21,5 80 a 89 2 14,2 90 anos ou mais 5 35,7 40 a 59 2 14,2 Rendimentos totais do domicílio Até 1.158,00 4 33,3 De 1.159,00 até 2.316,00 2 16,6 De 2.317,00 até 3.474,00 1 8,3 De 3.475,00 até 5.790,00 5 41,8 Escolaridade não estudou 3 21,4 fundamental incompleto 6 42,9 fundamental completo 2 14,3

ensino médio incompleto 0 0,0

ensino médio completo 3 21,4

Presença de cuidador

Não 1 7,2

Sim 13 92,8

Fonte: Elaborada pela própria autora.

De acordo com a tabela 1. Pode se observar que a amostra foi composta principalmente por mulheres, que a maioria dos entrevistados possuía 90 anos ou mais, com o predomínio de pessoas que possuem o ensino fundamental incompleto e que a maioria destes idosos tem auxílio de um cuidador.

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Tabela 2 – Resultados do Kihon Checklist. CS Carianos, Florianópolis, 2019.

Não (%) Sim (%) Você consegue usar ônibus ou trem sem necessidade de ajuda? 100 0 Você faz compras para o seu dia a dia sem necessidade de ajuda? 100 0 Você administra sua conta/poupança bancária sozinho (a)? 92,8 7,2

Você visita a casa de seus amigos? 78,5 24,5

Você conversa com seus familiares ou amigos? 14,3 85,7

Você sobe escada sem o apoio de corrimão ou parede? 100 0 Você se levanta da cadeira sem usar o braço da mesma como apoio? 85,7 14,3

Você caminha mais do que 15 minutos? 78,5 21,5

Você sofreu alguma queda (caiu) no último ano? 50 50

Você sente medo de cair? 28,5 71,5

Nos últimos 6 meses, você emagreceu 2 a 3 quilos (sem estar de dieta)? 64,3 35,7 Média da circunferência da panturrilha (em milímetros)

É correto afirmar que “você não consegue comer alimentos de consistência dura tão bem como 6 meses atrás”?

64,3 35,7

Você se engasga quando toma chá ou sopa? 71,5 28,5

Você se sente desconfortável com a sensação de boca seca? 14,3 85,7 Você sai de casa mais do que uma vez por semana? 71,5 28,5 Em comparação ao último ano, você tem saído menos de casa? 42,8 57,2 As pessoas têm chamado sua atenção quanto ao seu esquecimento,

como: “você faz as mesmas perguntas o tempo todo”?

64,3 35.7

Você faz ligações telefônicas checando você mesmo o número de telefone?

64,3 35,7

É correto afirmar que “às vezes, você não sabe que dia ou mês é hoje”? 50 50 Nas últimas 2 semanas, você está insatisfeito com sua vida diária? 50 50 Nas últimas 2 semanas, você acha sem graça as atividade com as quais

você se divertia antes?

78,5 21,5

Nas últimas 2 semanas, você sente dificuldade ao fazer coisas que antes achava fácil de fazer?

50 50

Nas últimas 2 semanas, você sente que não é mais útil para os outros? 50 50 Nas últimas 2 semanas, você se sente exausto sem razão? 42,8 57,2 Fonte: Elaborada pela própria autora.

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De acordo com a tabela 2 pode se observar que todos participantes da pesquisa piloto não conseguem utilizar o transporte público sozinhos, não conseguem realizar as compras do dia a dia e todos relataram que não conseguem subir uma escada sem o apoio de mão ou parede. A maioria destes idosos não administram mais as contas bancárias sozinhos, poucos conseguem visitar as casa de amigos e familiares. Muitos destes participantes relataram que não conseguem caminhar mais de 15 minutos, que metade da amostra caiu alguma vez no último ano e que a maioria destes idosos que se encontram restritos ao domicílio possuem medo de cair.

Também é possível observar na tabela 2 que 35,7% destas pessoas não conseguem comer alimentos de consistência dura, a maioria relatou que se sentem desconfortáveis com a sensação de boca seca e aproximadamente 29% se engasgam tomando sopa ou chá.

A maioria destes idosos não saem mais de uma vez por semana de casa e metade desta amostra relatou que se sentem insatisfeitos com a sua vida diária. Já 50% destes participantes informaram que não acham mais graça em atividades que antes achavam divertidas, que desenvolveram dificuldades em realizar atividades que antes julgavam fáceis e esta metade da amostra também relatou que não se sentem mais uteis para os outros.

Tabela 3 – Resultados do exame clínico bucal. CS Carianos, Florianópolis, 2019. Presença de placa visível a olho nu dente N % Não 4 28,5 Sim 7 50 Não se aplica 3 21,5 Presença de placa visível a olho nu prótese Não 0 0 Sim 4 100 Não se aplica 10 0

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Tabela 4 –Resultados do exame clínico bucal (cont.). CS Carianos, Florianópolis, 2019. Número de dentes naturais

presentes N % 0--0 5 35,7 1--8 5 35,7 9--16 1 7,2 17--24 2 14,2 25--32 1 7,2

Número de lesões cavitadas por cárie 0--0 6 42,8 1--8 5 35,7 9--16 0 0 17--24 0 0 25--32 0 0 NSA 3 21,5

Número de raízes residuais

0--0 13 92,8

1--8 1 7,2

9--16 0 0

17--24 0 0

25--32 0 0

Presença de fístula/sulco com exsudato purulento

Não 14 100

Sim 0 0

Presença de mobilidade dental (g2/3)

Não 9 64,3

Sim 2 14,2

Não se aplica 3 21,5

Presença de lesões ou desvio de normalidade/alterações da mucosa

Não 13 92,8

Sim 1 7,2

Faz/Recebe a limpeza da boca diariamente?

Não 2 14,3

Sim 12 85,7

Fonte: Elaborada pela própria autora.

De acordo com a tabela 3 observa-se que metade dos participantes que possuíam dentes, apresentavam placa visível ao olho nu e que todos os idosos que utilizavam próteses totais ou parciais apresentavam placa visível ao olho nu.

Já de acordo com a tabela 4 pode-se observar que aproximadamente 36% apresentavam de 1 a 8 dentes naturais, que 35,7% destes idosos apresentavam de

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1 a 8 cavidades de cárie e a maioria não possuía raízes residuais. Nenhum participante apresentava fístula ou exsudato purulento. Já 14,2% apresentavam mobilidade em algum dente.

Tabela 5 – Presença de profissionais de saúde no domicílio. CS Carianos, Florianópolis, 2019. Já recebeu a visita do Dentista no domicílio? N % Não 9 64,3 Sim 5 35,7 Já recebeu a visita do Médico no domicílio? Não 1 12,5 Sim 7 87,5 Já recebeu a visita do Enfermeiro no domicílio? Não 2 25 Sim 6 75 Já recebeu a visita do Agente comum. no domicílio? Não 4 50 Sim 4 50

Fonte: Elaborada pela própria autora.

De acordo com a tabela 5 é possível identificar que a maioria destes idosos que estão restritos ao domicílio receberam a visita do médico em sua casa, já em relação a visita domiciliar do dentista, apenas 35,7% relataram que receberam a visita deste profissional.

Tabela 6 - Necessidade de auxílio para higienização bucal. CS Carianos, Florianópolis, 2019. Você precisa de alguma ajuda para

realizar a limpeza da sua boca, seus dentes e/ou próteses?

N %

Não 7 87,5

Sim 1 12,5

Fonte: Elaborada pelo próprio autor.

E de acordo com a tabela 6 é possível observar que a maioria destes idosos que possuem restrições que os limitam ao domicílio, não conseguem realizar a higienização bucal sem ajuda.

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5 DISCUSSÃO

O principal objetivo deste trabalho foi demonstrar a importância do estudo piloto para o desenvolvimento de um macroprojeto. Este tipo de estudo é uma pesquisa em pequena escala, com o intuito de descobrir as falhas que a metodologia apresenta, ou seja, possui a capacidade de refinamento da coleta de dados e resultados, permitindo um melhor desenvolvimento da pesquisa final.

(CANHOTA et al., 2008).

Araújo e Golveia (2018) demonstram em seu artigo, o estudo piloto é fundamental para verificar e adequar os instrumentos de coleta de dados, o que permite um melhor andamento do estudo definitivo. Isto foi um fator crucial para a realização deste estudo, já que o macroprojeto tem como objetivo ser uma pesquisa estatisticamente significativa para toda Florianópolis Isso demonstra a necessidade da verificação e melhoramento destes questionários, antes da execução final, já que é um estudo que possui um N amostral grande. Dessa forma, evita-se perda de tempo e recursos com uma pesquisa inadequada (ARAÚJO; GOLVEIA, 2018).

A adequação dos instrumentos de coletas de dados foi realizada com o andamento do estudo piloto, a partir da identificação de pequenos detalhes que precisavam de alterações, que foram trocas e adição de perguntas nos questionários, para que fosse possível obter respostas mais completas e mais coerentes com a literatura da área. Canhota et al (2018) cita em seu livro que este tipo de estudo serve para avaliar e ajustar as entrevistas e questionários, com o intuito de obter uma boa coleta de dados, com melhores resultados para aquilo que se almeja e ter uma validade e consistência destes instrumentos.

Este estudo também foi fundamental para que houvesse os ajustes dos procedimentos necessários para que ocorra a coleta de dados, com o intuito de obter um melhor seguimento do macroprojeto de pesquisa. Essas alterações foram sendo feitas para que ocorresse uma padronização do sequenciamento da coleta de dados, que engloba um questionário quantitativo, um exame clínico bucal e uma entrevista qualitativa. Padronização que é necessária para que o estudo final seja realizado com rigor, de uma forma mais organizada, clara e objetiva. Alterações ficam exemplificadas no estudo de Araújo e Golveia (2018), no qual demonstra que o estudo piloto é de fundamental identificar os problemas nos procedimentos da

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