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O ensino de tradução e a formação do secretário executivo : a implementação de uma proposta didática

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Academic year: 2021

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O ENSINO DE TRADUÇÃO E A FORMAÇÃO DO SECRETÁRIO EXECUTIVO: A IMPLEMENTAÇÃO DE UMA

PROPOSTA DIDÁTICA

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Mestre em Estudos da Tradução. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria José Roslindo Damiani Costa.

Florianópolis 2019

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O ENSINO DE TRADUÇÃO E A FORMAÇÃO DO SECRETÁRIO EXECUTIVO: A IMPLEMENTAÇÃO DE UMA

PROPOSTA DIDÁTICA

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de “Mestre” e aprovada em sua forma final pelo Programa de

Pós-Graduação em Estudos da Tradução.

Florianópolis, 08 de março de 2019. ________________________ Prof. ª Dr. ª Dirce Waltrick do Amarante

Banca Examinadora:

________________________

Prof.ª Dr.ª Maria José Roslindo Damiani Costa Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof.ª Dr.ª Meta Elisabeth Zipser Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof.ª. Dr.ª Camila Teixeira Saldanha Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof.ª. Dr.ª Aline Cantarotti Universidade Estadual de Maringá

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Este trabalho é dedicado à minha família, em especial aos meus pais Leila e Ozinaldo, e à minha avó Lola.

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Agradeço primeiramente a Deus, por me dar o dom da vida, me dar sabedoria, me inspirar e capacitar, guiando-me a cada dia para realizar este trabalho. Sem Ele eu nada sou e sozinha nada posso fazer.

Aos meus pais, Leila e Ozinaldo, e às minhas avós, Lola e Tita, por todo incentivo, suporte e apoio financeiro que me deram desde o início. Vocês são os meus maiores exemplos de vida e as minhas motivações. Me ensinam sempre a buscar o crescimento e a fazer o meu melhor, no que quer que seja e onde quer que eu esteja. Obrigada por serem minha base, mesmo quando eu me via sem chão, obrigada por verem potencial em mim, mesmo quando eu não conseguia ver!

Às minhas irmãs, Sharis e Júlia, pela paciência nessa fase da vida, por suportarem minha ausência e minha “chatice” em tantos momentos, mas por também me incentivarem a ser alguém melhor. Vocês são a minha alegria, o motivo do meu riso e também donas do meu coração!

Às amigas que me ajudaram a percorrer a jornada do mestrado, especialmente à Laís Natalino e à Marina Giosa. Obrigada por compartilharem tanto conhecimento e me aconselharem sempre, tanto nos momentos de estudo, como nos momentos de crises emocionais. Vocês tornaram essa caminhada mais leve e prazerosa!

À minha querida orientadora, Maria José Roslindo Damiani Costa, por tornar essa realização possível. Obrigada Zeca, por todos os ensinamentos e toda sua paciência comigo. Ter você como orientadora foi essencial para mim. Você é uma pessoa de luz!

Às queridas professoras da banca, Meta e Camila, obrigada pela disponibilidade de tempo, leituras, contribuições e tantos conhecimentos compartilhados. À professora Aline, que me acompanha desde a graduação e que me inspirou a trilhar os caminhos da tradução. Obrigada por sempre me incentivar e compartilhar tanto comigo. É um presente ter você participando deste momento.

Aos alunos do Curso de Secretariado Executivo Trilíngue, por aceitarem voluntariamente participar desta pesquisa, e à coordenação do curso por tornar acessível essa participação.

À Universidade Federal de Santa Catarina e à Pós-Graduação em Estudos da Tradução, pela oportunidade.

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Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós.

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O profissional de Secretariado Executivo tem vencido muitos desafios, assim como tem participado de mudanças e inovações importantes no cenário organizacional mundial. Com o perfil de assessor e facilitador da comunicação, tem a função, dentre outras, de ser intérprete, fazendo versões e traduções nas diferentes práticas sociais de seu contexto profissional. Durante a formação em secretariado, grande parte dos estudos voltam-se para o ensino e a aprendizagem de línguas estrangeiras e para a tradução, que é considerada qualificação muito importante ao profissional da área. O principal objetivo de uma disciplina de tradução é levar o aprendiz a adquirir competência tradutória. Entretanto, segundo Cantarotti e Lourenço (2012, p. 164-165), a bibliografia acerca da Tradução voltada ao Secretariado ainda é escassa, o que implica que o professor tenha que adequar as teorias de tradução já existentes ao contexto profissional do Secretariado. Sendo assim, percebe-se a necessidade de um preparo específico aos estudantes e futuros profissionais dessa área. Este trabalho busca, então, propor e discutir sobre o ensino de tradução adequado a esse contexto. Para tanto, utiliza-se a abordagem funcionalista da tradução de Christiane Nord (2016), que propõe um Modelo de Análise Textual para o ensino/aprendizagem de tradução. Este modelo presa, principalmente, pela figura determinante do leitor e/ou ouvinte-meta, seu diálogo na construção do sentido e sua ancoragem nos elementos culturais, históricos, econômicos e políticos do contexto comunicacional. Para exemplificar tal abordagem utiliza-se o par de línguas Português/Inglês inserido na implementação de uma Sequência Didática (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 82) que é “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito".

Palavras-Chave: Tradução e Funcionalismo. Secretariado Executivo. Sequência Didática.

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The Executive Secretariat professional has overcome many challenges, participated in many important changes and innovations in the world organizational scenario. With the aide profile and facilitator of communication, has the function, among others, to be an interpreter and make versions and translations in different social practices of their professional context. During their studies, most of the subjects are back to the study of learning and teaching foreign language, and to the field of translation, which is a very important qualification of this area of work. The main objective of a translation discipline in the training of translators is to lead the learner to acquire translation competence. According to Cantarotti e Lourenço (2012, p. 164, 165), the bibliography about the translation facing the Secretariat is still scarce. However, it is possible for the teacher to adapt the existing theories of translation with the context of the professional of Secretariat. Thus, is perceived the need for a specific preparation for the students who work in this area, and with this paper, it is believed that the training of these students can be more qualified through the functionalist approach of Christiane Nord (2016), who proposes a ‘Model of textual analysis’ for the teaching/learning of translation professionals. It is mainly determined by the determining figure of the reader and/or listener-goal, its dialogue in the construction of meaning and its anchoring in the cultural, historical, economic and political elements of the communicational context. To exemplify this approach, is used the pair of languages Portuguese/english into the implementation of a Didactic Sequence (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004), which is "a set of school activities organized systematically around a verbal or written textual genre."

Keywords: Translation and Functionalism. Executive Secretariat. Didactic Sequence.

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Figura 1 - Modelo de Análise Textual ... 26 Figura 2 - Modelo de Sequência Didática ... 46 Figura 3 - Sequência Didática autoral ... 47

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Quadro 1 - Questionários pontuais autorais ... 50

Quadro 2 - Questionário diagnóstico inicial: Conceito de tradução ... 54

Quadro 3 - Questionário diagnóstico inicial: A importância do conhecimentos de LE ... 55

Quadro 4 - Questionário diagnóstico inicial: Conceito de gêneros textuais ... 57

Quadro 5 - Questionário diagnóstico inicial: Remetente x destinatário 59 Quadro 6 - Questionário diagnóstico inicial: Conhecimento sobre a Teoria Funcionalista ... 60

Quadro 7 - Questionário diagnóstico inicial: Métodos e ferramentas de tradução utilizadas ... 61

Quadro 8 - Respostas questionário pontual 1 ... 64

Quadro 9 - Respostas questionário pontual 2 ... 66

Quadro 10 - Respostas questionário pontual 3 ... 69

Quadro 11 - Respostas questionário pontual 4 ... 71

Quadro 12 - Vocativos ... 75

Quadro 13 - Adequação ao propósito comunicativo ... 79

Quadro 14 - Questionário diagnóstico final: Conceito de tradução ... 81

Quadro 15 - Questionário diagnóstico final: A importância de o profissional ter conhecimentos de LE ... 81

Quadro 16 - Questionário diagnóstico final: Conceito de gêneros textuais ... 82

Quadro 17 - Questionário diagnóstico final: Remetente X Destinatário83 Quadro 18 - Questionário diagnóstico final: Conhecimento sobre a Teoria Funcionalista ... 84

Quadro 19 - Questionário diagnóstico final: Métodos e ferramentas de tradução utilizadas ... 85

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GT – Gênero Textual LE – Língua Estrangeira SD – Sequência Didática

SE – Secretariado Executivo ou Secretário Executivo TA – Texto-alvo

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1 INTRODUÇÃO ... 17

2 O OLHAR FUNCIONALISTA SOBRE A TRADUÇÃO ... 23

3 O ENSINO DE TRADUÇÃO E O SECRETARIADO ... 31

3.1 GÊNERO TEXTUAL E A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO SECRETÁRIO EXECUTIVO ... 36

3.2 GÊNERO TEXTUAL E-MAIL ... 37

3.2.1 Noções de gênero textual e tipologia textual ... 37

3.2.2 O e-mail: gênero textual e suporte eletrônico ... 38

4 MÉTODO DE PESQUISA ... 43

4.1 CONTEXTO DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA ... 43

4.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA ... 44

4.2.1 A pesquisadora ... 44

4.2.2 O professor ... 45

4.2.3. Os alunos/ participantes ... 45

4.3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ... 45

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 53

5.1 ANÁLISE DO CORPUS E-MAIL: VERSÕES ... 72

5.1.2 Adequação à Tipologia Textual ... 76

5.1.3 Adequação à audiência e ao propósito comunicativo ... 78

5.2 RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO FINAL 80 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 87

BIBLIOGRAFIA ... 89

APÊNDICE A - Questionários iniciais ... 94

APÊNDICE B - Questionários pontuais ... 99

APÊNDICE C - Questionários finais ... 108

APÊNDICE D - Produções textuais ... 112

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APÊNDICE F - Questionário inicial e final ... 122 ANEXO A – Ementa disciplina Introdução às teorias de tradução ... 124

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho, desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina, está inserido na linha de pesquisa em Estudos Linguísticos da Tradução, na subárea de Tradução e Ensino. A pesquisa tem como objetivo propor a implementação de uma Sequência Didática (SD), inserida no contexto de ensino de tradução para o profissional de Secretariado Executivo.

A escolha da área que é objeto do presente estudo, deu-se pelos seguintes fatos: a formação da pesquisadora é em Secretariado Executivo Trilíngue (SET); e durante seu exercício profissional na área secretarial algumas inquietações referentes à prática da tradução foram percebidas. Tendo em vista o destaque que o campo de estudo em tradução tem tido nos últimos tempos e por este ser um dos perfis de atuação do profissional de Secretariado Executivo, surgiu, então, o interesse por aprofundar os estudos na área, de forma a contribuir com a pesquisa em tradução e Secretariado, que ainda é escassa quando comparada a outras áreas de pesquisa emergentes.

Atualmente, alguns estudos em andamento remetem às questões de tradução e sua relação com o Secretariado Executivo, dentre eles tem-se o de Jussara Rode (Mestrado – PGET/UFSC), “Formação e atualização do profissional de secretariado executivo enquanto tradutor”, que identifica pontos que emergem da relação “secretário e tradutor” e analisa materiais recorrentes nos campos de atuação, baseando-se no conceito de Competência Tradutória, de Hurtado Albir.

O estudo aborda as problemáticas que envolvem a formação do profissional de secretariado para atender a regulamentação da profissão e para que estes sejam, de fato, capacitados para exercerem o papel de tradutores em seus ambientes de trabalho.

O trabalho de Laís Natalino (Doutorado – PGET/UFSC) observa a tradução multimudal e a representação do secretariado em veículos de comunicação de dois ambientes culturais distintos (Brasil e Inglaterra), evidenciando assimetrias sociais e a construção de imagens negativas relacionadas à imagem da mulher secretária.

Dentre as pesquisas concluídas recentemente, destacamos a de Edelweiss Gysel (Doutorado – PGET/UFSC), “Competência Tradutória e Didática de Tradução no contexto do Curso de Secretariado Executivo”,

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que, calcada na noção de competência tradutória e sua aquisição, utiliza uma Unidade Didática como ilustração do material didático para uma disciplina do curso de Secretariado Executivo Bilíngue da UFSC.

No mesmo sentido, o trabalho de conclusão de curso de Ricardo Melo (Bacharel em Secretariado Executivo – CCE/UFSC), “O Ensino de Tradução no Bacharelado em Secretariado Executivo: um estudo acerca das disciplinas de tradução oferecidas nos IFES à luz do modelo de competência tradutória do PACTE”, descreve a configuração das diferentes grades curriculares dos cursos de bacharelado em Secretariado Executivo oferecidos pelos Institutos Federais de Educação Superior (IFES) no contexto brasileiro, em relação à oferta de disciplinas de tradução.

O estudo mapeia os currículos dos cursos, analisa as ementas e planos de ensino de cada uma das disciplinas relacionadas à tradução, com a finalidade de verificar a compatibilidade destas com o modelo de Competência Tradutória (CT) do Grupo PACTE (UAB - Espanha).

A pesquisa mais recentemente concluída é de Aline Cantarotti (Doutorado – IBILCE/UNESP), “Tradução para Secretariado Executivo no Brasil: uma proposta de abordagem de ensino para a graduação”, que, por meio de dados quantitativos e qualitativos, considerando especificamente a tradução nos cursos de graduação na modalidade bacharelado em Secretariado Executivo no Brasil, apresenta uma proposta de ensino de tradução para Secretariado Executivo no contexto brasileiro, a qual é denominada “Tradução para fins específicos” e é elaborada com base nos Estudos da Tradução para a formação de tradutores e na perspectiva de abordagem de ensino de Inglês para fins específicos.

Por fim, comentamos, ainda, sobre a pesquisa de Elisângela Liberatti (Doutorado – PGET/UFSC), que, embora não tenha o foco específico na formação de Secretários Executivos, aborda a formação de tradutores e traz sua didática aplicada aos alunos de Secretariado Executivo.

A pesquisa, intitulada “Traduzindo histórias em quadrinhos: proposta de unidades didáticas com enfoque funcionalista e com base em tarefas de tradução”, apresenta uma proposta de material didático para a formação de tradutores a partir da tradução de HQs (histórias em quadrinhos). A proposta é baseada no marco teórico da abordagem funcionalista em tradução (NORD, 2016) e no marco didático-metodológico da abordagem por tarefas de tradução.

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No âmbito da literatura sobre tradução com foco no Secretariado Executivo, também percebemos a carência de publicações que atendam os questionamentos dos profissionais da área. Destacamos, aqui, a pesquisa de Cantarotti e Lourenço (2012), “Tradução – uma abordagem de ensino/aprendizagem para o secretariado executivo”, e De Melo (2013), “O secretário executivo e a tradução no ambiente corporativo”.

Com o levantamento de pesquisas em andamento e/ou já publicadas, comprovamos que a área de Estudos da Tradução voltada ao Secretariado Executivo ainda é incipiente, tendo em vista os diferentes diálogos que os Estudos da Tradução já alcançaram ao longo da história e suas interfaces com várias áreas do conhecimento.

O profissional de Secretariado Executivo tem vencido muitos desafios e participado de mudanças e inovações importantes no cenário organizacional mundial. No Brasil, a profissão tem crescido e correspondido cada vez mais às exigências do mercado de trabalho. Nesse cenário, os cursos de formação profissional têm demonstrado movimentos favoráveis ao aperfeiçoamento das habilidades necessárias ao profissional da área para se consolidar no mercado globalizado.

Como reflexo da globalização, as relações no mercado mundial têm crescido, sendo cada vez mais necessário que o profissional de Secretariado Executivo que atua em empresas multinacionai (sobretudo no ramo de relações exteriores ou internacionais) ou mesmo os atuantes em pequenas e médias empresas em expansão, detenham o conhecimento de pelo menos uma língua estrangeira.

Nesse contexto, a presente pesquisa tem como objeto de estudo a formação do Secretário Executivo, especificamente no que se refere à tradução. Cabe mencionar que o estudo não minimiza as outras áreas de formação e atuação do profissional, que são igualmente importantes para o seu bom desempenho no mercado de trabalho, mas limita o olhar investigativo na aprendizagem dos alunos sobre o processo tradutório.

Assim, nossa proposta apoia-se na implementação de uma Sequência Didática (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004) para o ensino de tradução. Para tanto, utilizamos o gênero textual e-mail e o par de línguas Português/Inglês. Além disso, a partir da abordagem teórica funcionalista (NORD, 2016), o estudo visa dar suporte e fortalecimento à formação dos profissionais da área no que tange à tradução.

A proposta de implementação de uma Sequência Didática (SD) teve como suporte teórico a aplicação do modelo de análise textual de Nord (2016), o qual serviu de apoio para o processo tradutório.

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Tendo em vista a pluralidade de funções que o profissional de Secretariado Executivo agrega, pode-se, aqui, destacar a importância de fazê-lo refletir sobre a tradução como “processo”, e não simplesmente como “produto”.

Nesse sentido, a pesquisa tem como objetivos específicos:  conscientizar os alunos de secretariado que a tradução é uma

situação de comunicação real e, por essa razão, envolve elementos internos e externos ao texto;

 refletir sobre as principais dificuldades encontradas pelos alunos durante as atividades desenvolvidas e suas possíveis soluções;  ampliar questões teóricas que servem como suporte para o

processo de ensino/ aprendizagem tradutório;

 colaborar para a consolidação da interface ensino de tradução e Secretariado Executivo, bem como contribuir para futuras pesquisas nesta área.

Com o propósito de refinar o desenvolvimento e resultados de nossos objetivos, pontuamos as seguintes perguntas de pesquisa:

 Como os alunos de Secretariado Executivo percebem a implementação de uma Sequência Didática e da abordagem da teoria Funcionalista para o processo tradutório?

 Qual a influência de tal abordagem na formação do profissional de Secretariado Executivo?

Para que o leitor possa prever os movimentos realizados adiante e para que o propósito investigativo da presente pesquisa seja alcançado, indicamos a seguir as etapas e a organização que estruturam o trabalho.

O primeiro capítulo, aqui apresentado, tratou da introdução do estudo, bem como elucidação dos seus objetivos.

O segundo capítulo fundamenta a pesquisa teoricamente e traz um panorama do olhar funcionalista sobre a tradução, de acordo com Christiane Nord (2016).

No terceiro capítulo apresentamos a inter-relação do Secretariado Executivo com a tradução, especificamente no que se refere ao exercício da profissão. Nesse mesmo capítulo abordamos o e-mail como gênero textual e sua utilização na rotina do profissional.

No quarto capítulo inicia-se a explanação do método de pesquisa, onde são apresentados o contexto de realização do estudo, os participantes nele envolvidos e o procedimento metodológico utilizado.

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Em seguida, no capítulo quinto, é apresentada a análise e discussão dos resultados obtidos com a pesquisa. E, por fim, no capítulo seguinte, são expostas as considerações finais do estudo.

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2 O OLHAR FUNCIONALISTA SOBRE A TRADUÇÃO

O que é tradução? A definição mais difundida nos dicionários é “o ato de traduzir”. Para Sobral (2008, p. 114-126) “traduzir é ‘tirar’ de um contexto e ‘integrar’ a outro, e por isso não é nem reproduzir um texto nem criar outro texto totalmente diferente”. Ademais, para o autor, traduzir “é criar eticamente efeitos de sentido (inclusive improváveis) de uma língua em outra língua”.

De acordo com Campos (1986, p. 8), traduzir é “fazer passar, de uma língua para outra, um texto escrito na primeira delas”. O autor define, ainda, o papel do tradutor como sendo de “levar o leitor de uma língua para o lado da língua do autor estrangeiro, ou, inversamente, trazer o autor de uma língua estrangeira para o lado da língua do leitor”. Campos (1986, p. 7) admite, também, que “não se traduz afinal de uma língua para outra, e sim de uma cultura para outra”.

Refletindo sobre tais conceitos a respeito da tradução e do ato de traduzir, decidimos ancorar o presente trabalho na teoria Funcionalista de Christiane Nord (2016, p. 61):

Tradução é a produção de um texto-alvo funcional, mantendo-se a relação com um determinado texto-fonte que é especificada de acordo com a função pretendida ou exigida do texto-alvo (skopos). A tradução permite que um ato comunicativo aconteça, o que de outra forma não seria possível devido às barreiras linguísticas e culturais.

Nesse contexto de tradução, o funcionalismo teve seus primeiros trabalhos desenvolvidos na Alemanha, no início da década de 1970, a partir dos pressupostos de Reiss (1971 apud NORD, 2016, p. 22), que aderiu às suas críticas de tradução a categoria de “função especial de uma tradução”.

A autora defendia que a tipologia textual, a estrutura e a função do texto a ser traduzido eram os parâmetros de análise necessários para o desenvolvimento de uma tradução ideal. Alguns anos mais tarde, Katharina Reiss juntamente com Hans Vermeer “postularam como uma regra geral que o propósito do TA (texto-alvo) é que deve determinar os

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métodos e as estratégias de tradução, e não as funções do TF (texto-fonte)” (NORD, 2016. p. 22).

Deste postulado originou-se a Skopostheory, que se tornou o componente principal da teoria geral da tradução de Vermeer (1986). O eixo norteador da perspectiva da Teoria do Escopo é questionar e considerar para que o texto traduzido serve (sua função) e qual é o seu propósito.

Apoiada em tais teorias, Christiane Nord passa então a destacar a importância do processo tradutório como um todo, isto é, abordando tanto os aspectos do texto-fonte, ou seja, o texto original, quanto os aspectos do texto-alvo, que se torna o texto traduzido. A partir dessa ideia, a autora cria um “Modelo de análise textual” voltado à tradução.

É, então, nessa perspectiva funcionalista, que podemos entender como “texto” a representação de uma ação comunicativa, seja ela oral ou escrita. Também nesse contexto, Bronckart (2003, p. 71 grifos do autor) faz uma colocação dizendo que “a noção de texto pode ser aplicada a toda e qualquer produção de linguagem situada, oral ou escrita”. O autor acrescenta, ainda, que “a noção de texto designa toda unidade de produção de linguagem que veicula uma mensagem linguisticamente organizada e que tende a produzir um efeito de coerência sobre o destinatário.”

Durante muito tempo, o texto foi compreendido simplesmente como a representação de códigos linguísticos, e o movimento dos leitores era de decodificação desses códigos. Para isso, era apenas necessário ter conhecimento dos códigos. A teoria funcionalista aplicada à tradução mostra que existem outros elementos que são importantes em relação ao texto, os quais, de acordo com Nord (2016), são os elementos extratextuais.

Tais elementos nos levam a refletir sobre o fato de que todo texto está inserido em um contexto e, sendo assim, possui e/ou revela as características deste. Por conta disso, os elementos externos à situação comunicativa exercem influência sobre ela, isto é, influência do contexto sobre o texto, o que demonstra a importância da análise dos elementos extratextuais (ou externos ao texto) durante o processo tradutório.

Dessa forma, percebendo o texto como ação comunicativa, podemos entender que, para cada movimento de comunicação, existem textos que se materializam de formas diferentes. Estes podem ser classificados como gêneros textuais (GT) e, de acordo com Bakthin (2000, 2006), os gêneros textuais podem ser culturalmente modificados.

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Um exemplo dessa afirmação é a procedência do e-mail após a carta. Neste exemplo, o gênero carta não mudou para o e-mail, mas foi sendo adaptado e continuou a existir. O e-mail, dessa forma, funciona como uma adaptação do gênero carta, e não uma substituição a ele.

Todo GT está revestido pelas estruturas da sociedade na qual está sendo materializado e isso faz com que ele traga elementos culturais, sociais, históricos, econômicos, além das questões individuais de comportamento de uma determinada sociedade.

Nord (2016, p. 130) diz que “um gênero é a ‘realização’ (produto ou resultado) de um certo tipo de ação comunicativa” e afirma, ainda, que a “noção de gênero está relacionada à vertente estrutural do texto-em-função”. Baseando-se nos pressupostos da linguística textual, a autora apresenta sua proposta de análise textual em um quadro, que é feito para que o modelo fosse visualmente didático.

Os elementos desse quadro constituem-se na análise de fatores extratextuais e intratextuais de um texto-fonte e têm a proposta de evidenciar as questões tradutórias advindas do movimento tradutório da cultura-fonte para a cultura-alvo e as questões léxico-gramaticais da língua-fonte para a língua-alvo.

Os fatores extratextuais são analisados mediante a solicitação de informações de contexto, ou seja, que são externos ao texto, são eles:

 emissor;  intenção;  público;  meio;  lugar;  tempo;  motivo; e  função textual.

Os fatores intratextuais são analisados mediante informações sobre o próprio texto, são eles:

 assunto;  Conteúdo;  pressuposições;  estruturação;

 elementos não verbais;  léxico;

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 elementos suprassegmentais.

Ao final da análise desses fatores, a autora reserva um espaço para o quesito “função”, que mostra a interdependência dos fatores extratextuais e intratextuais no texto (NORD, 2016, p.75).

Para apresentar os itens contemplados no Modelo de análise textual proposto, Abreu (2014, p. 132) traz o seguinte esquema:

Figura 1 - Modelo de Análise Textual

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Corroborando o pensamento de Nord (2016) sobre o conceito de tradução, Colina (2015) ressalta que:

A tradução é tratada como atividade comunicativa, praticada principalmente por tradutores profissionais e motivada pela necessidade de propiciar a comunicação entre um público-fonte e um público-alvo que falam línguas diferentes. O texto-alvo (traduzido) é sempre produzido para um leitor ou para leitores específicos, com um propósito específico e um lugar e tempo específicos. Essa forma de tradução é denominada tradução comunicativa. (COLINA, 2015, p. 21).

Tomando tais colocações por base, podemos perceber que a tradução funcionalista distancia-se cada vez mais do conceito tradicionalista de fidelidade à estrutura linguística do texto-fonte. Ela permite que o tradutor trabalhe com lealdade ao propósito tradutório e produza um texto-alvo ideal1, fazendo com que o leitor compreenda o que se quer dizer de fato, em vez de apenas como se diz.

Sobre essa perspectiva, podemos verificar também que ela difere-se de outros conceitos de tradução, uma vez que não considera o texto-fonte como “sacralizado”, ou seja, onde não se pode fazer alteração alguma. Como afirma De Melo (2012, p. 32), a teoria funcionalista preza por uma tradução que seja leal ao leitor de chegada, sendo a comunicação com a cultura que receberá a tradução protagonista do processo tradutório.

Para Nord (2016, p. 62) “a funcionalidade é o critério mais importante para a tradução, mas certamente não é o único”, a autora afirma que uma tradução ideal deve considerar a qualidade na relação entre o texto-alvo e o texto-fonte, e o parâmetro para avaliar essa qualidade são “os critérios de decisão no que diz respeito aos elementos do TF-em-situação que podem ser ‘preservados’ e os que podem, ou devem, ser ‘adaptados’ para a situação alvo”.

1 No olhar funcionalista existe um leitor ideal, um texto-alvo ideal e uma situação

ideal, os quais não necessariamente correspondem ao real. Quando o tradutor trabalha, ele trabalha voltado para esse “ideal”. Após a publicação ou propagação da tradução é que o tradutor vai perceber o quão próximo o ideal está ou não do real.

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A autora menciona, ainda, que “essa adaptação do texto-fonte para as normas da cultura-alvo é um procedimento que faz parte do cotidiano de cada tradutor profissional” (NORD, 2016, p. 56). Assim, a questão cultural está sempre presente nos conceitos da teoria funcionalista, e o próprio tradutor, para Nord (2016, p. 32), “idealmente é bicultural, o que significa que tem um domínio perfeito tanto da cultura-fonte quanto da cultura-alvo (incluindo as línguas) ”.

Tendo em vista que a língua é uma forma de manifestação cultural da sociedade, torna-se difícil a dissociação do fator cultural como elemento constituinte da tradução. Assim, concordamos com Bassnet (2003, p. 36) quando a autora afirma que “A língua é […] o coração do corpo da cultura, e é a interação entre as duas que assegura a continuação da energia vital”.

No mesmo sentido, Eco (2007, p. 197) demonstra uma interessante relação entre língua e cultura a partir do seguinte exemplo:

As palavras coffe, café, caffè podem ser consideradas razoavelmente sinônimas só quando se referem a uma certa planta. Mas as expressões donnez-moi un café, give me a coffe, mi dia um caffè (certamente equivalentes de um ponto de vista linguístico, bons exemplos de enunciados que veiculam a mesma posição) não são culturalmente equivalentes. Enunciadas em países diversos, produzem efeitos diversos e referem-se a usos diversos. Elas produzem histórias diferentes.

Partindo dessas reflexões, podemos averiguar, na própria cultura brasileira, a conotação que se tem ao se dizer “vamos tomar um café?” , o que não necessariamente significa tomar um café preto, mas sim ter um “tempo de conversa” ou, ainda, pode ser um “café colonial”, mais popularmente conhecido como um “café da tarde”, onde a mesa fica farta de comidas e bebidas e a família e amigos reúnem-se para ter um tempo de qualidade ao redor dela.

Nesse sentido, é possível compreender que ter apenas conhecimentos linguísticos não é suficiente para entender palavras e/ou expressões, sendo essencial, também, conhecer o universo cultural no qual as palavras estão inseridas.

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O tradutor precisa estar ciente do quão importante é sua atuação nesse processo, que vai muito além das palavras, mas deve ser de mediação e rompimento de barreiras culturais.

De Melo (2012) traz uma reflexão sobre a visão estruturalista, que, por sua vez, origina um conceito de tradução que tem perdurado por muito tempo e que considera

[…] a língua como um conjunto de códigos linguísticos com suas respectivas regras e a tradução nada mais significa que transpô-los literalmente para outra língua, buscando ser o mais fiel possível ao chamado “texto original”. Este tipo de concepção desvincula o texto de seu entorno cultural, de seu contexto de produção, ou seja, desconsidera os fatores que estão envolvidos neste processo, como por exemplo, momento histórico, político, social onde o texto foi produzido. O texto, na verdade, deve ser visto como uma prática social, como uma parte integrante do mundo e não como uma mostra isolada da linguagem. (DE MELO, 2012, p. 29-30).

Sendo assim, percebemos que a proposta teórica funcionalista nos Estudos da Tradução permite ao tradutor, seja ele profissional ou ainda aluno em formação, ter uma visão paralelamente ampla e detalhada das variáveis existentes no processo tradutório, sendo o processo determinante para as tomadas de decisão do tradutor, pondendo, portanto, influenciar no produto final.

O tradutor precisa, então, ter clareza para quem escreve, além de todo contexto sócio-histórico e cultural que ancora os elementos intratextuais do texto. Precisa, então, compreender que esses elementos dialogam com o público-alvo e, assim, determinam quais informações são relevantes ou não para esse público.

Essa concepção de tradução caracteriza o tradutor como um negociador de sentido, que lida com um processo dinâmico de análise constante sobre os elementos envolvidos no processo e que pode gerar um texto que promova um diálogo à construção de sentido por parte do leitor ou ouvinte.

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3 O ENSINO DE TRADUÇÃO E O SECRETARIADO

A valorização da profissão de Secretariado executivo tem crescido nos últimos anos e esta, por sua vez, tem ganhado destaque no mercado de trabalho, principalmente com o aumento exponencial das relações executivas e internacionais. Tal fato tem levado o profissional da área a atuar em ambientes profissionais de alto padrão, o que, consequentemente, requer um preparo de excelência em sua formação e exige, imprescindivelmente, o domínio de uma ou mais línguas estrangeiras.

Devido a este perfil de atuação profissional, percebe-se que diversos cursos de bacharelado em Secretariado Executivo, no Brasil, oferecem disciplinas específicas de línguas estrangeiras, além de disciplinas voltadas aos Estudos da Tradução, considerando, assim, a importância desses conteúdos na formação do futuro profissional.

Nesse sentido, o presente trabalho tem como proposta a implementação de uma sequência didática, com o objetivo de ampliar e aprimorar a formação e atuação de estudantes de Secretariado Executivo no âmbito da tradução, percebendo qual o impacto da SD no fazer tradutório dos alunos.

Tal objetivo considera o fato de que, em sua prática profissional, o Secretário Executivo deve exercer o papel de tradutor. De acordo com a Lei Federal 7377/1985, complementada pela Lei de Regulamentação da Profissão 9261/1996, esse profissional encarrega-se das seguintes funções:

IV – redação de textos profissionais especializados inclusive em idioma estrangeiro; VI – taquigrafia de ditados, discursos, conferências, palestras de explanação, inclusive em idioma estrangeiro; VII – versão e tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de comunicação da empresa. (BRASIL, 1985).

Com base nesta descrição de funções do profissional de Secretariado, Cantarotti (2018, p. 46) complementa que “o secretário executivo não é tradutor profissional, mas é, em alguns momentos de sua

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atuação, requerido a traduzir de diferentes maneiras e considerando, em especial, diferentes elementos”. Ou seja, a tradução é uma das multitarefas que o Secretário Executivo desempenha no decorrer de sua jornada profissional e que, portanto, deve estar preparado para atender às demandas que forem necessárias.

Outra questão que precisa ser melhor destacada e abordada no âmbito do ensino de tradução no curso de Secretariado Executivo é a distinção entre ensino/aprendizagem de tradução versus ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras.

Em sua pesquisa, Melo (2017) apresenta nove Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) do Brasil que oferecem o curso de Secretariado Executivo. Analisando as grades curriculares das IFES, o autor conseguiu extrair 99 disciplinas, entre elas, específicas de Tradução, e disciplinas genéricas de língua estrangeira. O autor tinha o objetivo de verificar quantas e quais dessas disciplinas poderiam explorar a tradução em suas ementas e planos de ensino e quais suas possíveis abordagens.

De acordo com a pesquisa, a maior parte (79) das disciplinas analisadas não possui a abordagem de tradução em seus planos de ensino. Dentre as que exploram a tradução, 13 incluem a tradução em meio a outros assuntos de línguas estrangeiras, não sendo disciplinas específicas de tradução e apenas 7 possuem enfoque específico.

Estes dados são alarmantes, uma vez que o profissional precisa de um preparo completo durante a graduação para poder exercer plenamente sua função no mercado de trabalho e, conforme é descrito pela Lei Federal mencionada anteriormente e também pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), no código 2523/2017, que diz sobre a atuação dos Secretários Executivos, esses profissionais

Assessoram os executivos no desempenho de suas funções, atendendo pessoas (cliente externo e interno), gerenciando informações, elaboram documentos, controlam correspondência física e eletrônica, prestam serviços em idioma estrangeiro, organizam eventos e viagens, supervisionam equipes de trabalho, geram suprimentos, arquivam documentos físicos e eletrônicos, auxiliando na execução de suas tarefas administrativas e em reuniões.

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Assim sendo, o profissional da área precisa ter conhecimentos específicos que o embasem para a atuação multidisciplinar que sua função oferece. Bonzanini (2010, p. 154) confirma esse pensamento, dizendo que “o Profissional de Secretariado Executivo se vale de vários canais de comunicação e, para tanto deve ter o devido preparo, ou seja: domínio de línguas estrangeiras e das ferramentas de comunicação: e-mail e internet”. Colina (2015, p. 84) ressalta a importância de “desenvolver a consciência profissional e ensinar as diferenças entre a tradução profissional e as atividades da aula de línguas estrangeiras”. Assim, o aluno e futuro profissional precisa estar ciente de que ter somente conhecimentos linguísticos não o tornam apto para a ação tradutória profissional.

A autora posiciona-se, ainda, dizendo que “ensinar teoria geralmente significa ministrar sobre qualquer escola ou orientação teórica preferida do professor, esperando que, por algum tipo de processo misterioso, os alunos se tornem melhores tradutores”.

Tal distinção precisa ser trabalhada e moldada, principalmente dentro dos cursos de formação de Secretariado Executivo, para que os próprios estudantes tenham clareza dessa diferença entre ensino de tradução e línguas estrangeiras.

Como menciona Cantarotti (2018, p. 47):

O senso comum é de que o profissional secretário precisa de conhecimentos linguísticos - saber a língua estrangeira para traduzir, pois traduzir é uma tarefa mecânica. Dessa forma, no raciocínio do senso comum, o secretário provavelmente não precise de conhecimento especializado em tradução. Além disso, o secretário executivo também não se preocupa com sua formação em tradução, pois, na sua concepção, terá ferramentas (tradutores online, por exemplo) que farão as traduções necessárias. Assim, para o senso comum, não parece ser interessante e relevante ensinar sobre tradução para futuros profissionais do Secretariado Executivo, já que tradutores online poderiam cumprir tal tarefa. Tal concepção é errônea, uma vez que tradutores online atuam sobre pensamento lógico de linguagem computacional, e

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a linguagem humana é bastante complexa, algo que ainda não pode ser reproduzido por completo, em sua essência, artificialmente. Ou seja, tradutores online não conseguem atingir a complexidade do pensamento para o processamento da linguagem humana.

Essa ideia corrobora o pensamento de Colina (2015) sobre a necessidade de desenvolver “consciência profissional” desde a formação do SE. A autora também fala sobre a situação de ensinar teoria esperando que “milagrosamente” os alunos tornem-se bons tradutores, que é muitas vezes encontrada nas salas de aula de tradução nos cursos de Secretariado Executivo.

Por ser uma profissão com formação multidisciplinar, acontece com frequência de os professores tratarem assuntos pontuais a partir de abordagens generalizadas sobre língua e tradução, deixando, então, os alunos sem conhecimentos específicos das disciplinas. Sobre essa situação pensamos no plural, pois a situação não se repete singularmente nas disciplinas voltadas ao ensino de tradução e/ou línguas estrangeiras, mas também em outras das áreas interdisciplinares que fazem parte do currículo acadêmico do curso.

Quando atua como tradutor, o profissional de Secretariado precisa estar sempre atento ao propósito de sua tradução e, para isso, é imprescindível que tenha domínio dos assuntos/conteúdos abordados pela organização em que trabalha.

Por ser um profissional que pode atuar em diversas áreas, suas traduções, na maioria das vezes, são técnicas. Isso torna necessário que o profissional aprofunde seus conhecimentos no ramo de atuação da organização em que está inserido, tanto em sua língua materna quanto na língua estrangeira utilizada e, além disso, tenha conhecimentos culturais suficientes para mediar a comunicação entre línguas e culturas diferentes.

Nesse contexto, com ao olhar o Secretário Executivo como tradutor, cabe a colocação de Nord (2016, p. 32):

O tradutor-como-receptor (idealmente) é bicultural, o que significa que tem um domínio perfeito tanto da fonte quanto da cultura-alvo (incluindo as línguas), e possui uma competência de transferência que inclui

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habilidades de recepção e produção do texto, a utilização de ferramentas de tradução e capacidade de ‘sincronizar’ a recepção de TF e a produção do TA.

Em outras palavras, a autora coloca que a tradução é uma ação de comunicação, assim sendo, não basta que um texto traduzido esteja escrito na língua de chegada, mas é preciso que as pessoas que o irão ler o entendam, ou seja, que ele comunique o propósito pelo qual foi traduzido ou, em outras palavras, que as ideias do texto de partida sejam traduzidas para além de códigos meramente linguísticos, mas conduzidas de uma maneira funcional ao texto e ao leitor de chegada.

No âmbito de ensino de tradução, Hurtado Albir (1999) oferece uma proposta teórica e metodológica embasada na noção de “formação por objetivos e competências”. Para a autora a tradução é um ato interpretativo e comunicativo de reformulação que se desenvolve em um contexto social e com uma finalidade determinada.

Nesse mesmo sentido, De Melo (2013, p.1) discute “as relações entre o processo tradutório como habilidade complementar ao profissional de secretariado atuando em conjunto com outras habilidades para gerenciamento e mediação de conflitos no cotidiano do profissional”. Tal afirmação remete, novamente, à importância do do ensino de tradução na formação do Secretário Executivo para que este esteja apto a atuar no seu mercado de trabalho.

Colina (2015, p. 56 grifos da autora) corrobora com a ideia de De Melo (2013) quanado menciona que

O que se propõe aqui é que o ensino de tradução deve ter como objetivo auxiliar o aluno a se conscientizar acerca das características situacionais e internalizá-las, de forma que apenas as relevantes ou problemáticas sejam conscientemente enfocadas durante o processo tradutório.

Para abordar de maneira prática o uso da tradução no exercício da profissão, escolhemos trabalhar o processo tradutório utilizando um

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gênero textual específico e de grande uso diário pelo profissional da área, o e-mail.

3.1 GÊNERO TEXTUAL E A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO SECRETÁRIO EXECUTIVO

Devido à pluralidade de atuação no mercado de trabalho, o profissional de Secretariado Executivo deve estar atento às áreas em que poderá ser solicitado a atuar como tradutor, o que nos leva às traduções técnicas, que são, por sua vez, as traduções de áreas específicas em que o Secretário pode (ou poderá) traduzir. Assim, o profissional deve estar ciente que está sujeito a ter que traduzir textos de diferentes áreas, ou seja, diversos tipos de documentos, os quais são classificados em gêneros textuais.

Colina (2015, p. 55) define que “os gêneros são formas convencionalizadas de textos que refletem características de uma conjuntura social (público, tempo, lugar, meio)”. A autora defende, ainda, o uso dos gêneros textuais durante o ensino de tradução, pois considera que a “base em um conjunto de tipos e gêneros textuais pode ajudar os alunos a entenderem o papel dos fatores textuais e pragmáticos” (Ibid. p. 145).

Dessa forma, o ideal seria que cada profissional pudesse especializar-se para trabalhar com determinados gêneros textuais, o que facilitaria o manejo de ferramentas de auxílio e, consequentemente, seu próprio trabalho. Isso geralmente é mais viável quando o profissional foca sua carreira na tradução, atuando, portanto, como tradutor (o que é totalmente possível, mas também se trata uma questão de escolha pessoal). Entretanto, para que o profissional esteja apto a esse tipo de escolha, é necessário que durante sua formação haja um preparo específico, que o capacite profissionalmente para o mercado de trabalho. Nos dias de hoje, ainda perdura (inclusive nas salas de aula de tradução) a concepção errada de que para traduzir é necessário ter apenas conhecimentos linguísticos. Essa concepção acaba por deixar de lado questões importantes, como o gênero textual com o qual se trabalha, o contexto e o conteúdo.

Então, é preciso ensinar aos alunos que eles não são humanamente capazes de dominar, ao mesmo tempo, todos os gêneros e as linguagens envolvidas em um processo tradutório. Por isso, seria ideal que eles pudessem, durante sua formação, ter aulas onde trabalhassem distintos

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gêneros textuais e linguagens específicas, as quais fossem apoiadas em práticas sociais, oportunizando a identificação (ou não) com determinadas áreas e direcionando melhor as áreas de atuação dos alunos no âmbito da tradução.

Sobre a questão do ensino de tradução, vemos que:

Há, porém, um obstáculo que precisa ser vencido: a organização do curso pode dar a impressão de que a tradução profissional tem um universo muito amplo e geral, envolvendo uma vasta variedade de textos e subáreas. Embora tal característica seja realmente verdadeira ao se considerar a área da tradução como um todo, o mesmo não ocorre com um profissional que se especializa em determinada área. (COLINA, 2015, p. 148).

Por isso, percebe-se a importância de trabalhar áreas específicas durante o processo de aprendizagem dos futuros profissionais. Além disso, dentro da pluralidade de gêneros textuais possíveis de serem traduzidos pelo SE enquanto tradutor, vale destacar, também, o conceito de “encargo fonte” em vez de “texto-fonte”, em que o encargo pode ser entendido como gênero a partir da compreensão do “texto” como situação comunicativa.

Para melhor compreensão, podemos exemplificar com um processo de comunicação oral em língua materna que se materializa em uma produção textual em língua estrangeira. Nesse exemplo, o processo envolvido na ação comunicacional pode, então, ser compreendido como tradução.

Sendo assim, tendo em vista a variedade de gêneros textuais existentes, o gênero textual escolhido neste estudo foi o e-mail, que parte, portanto, de uma comunicação oral que está fortemente presente no dia-a-dia da prática profissional do Secretário Executivo.

3.2 GÊNERO TEXTUAL E-MAIL

3.2.1 Noções de gênero textual e tipologia textual

O gênero textual pode ser considerado como a concretização da língua como prática social. Bakhtin (2006, p. 248) diz que “todas as

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esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão relacionadas com a utilização da língua”.

Ter esse olhar é importante para que o futuro profissional de Secretariado Executivo reflita sobre o texto com uma nova perspectiva teórica e tradutória, que considera: a) a construção de sentido o resultado do diálogo entre texto-leitor e b) que estes movimentos dialógicos são possíveis devido ao compartilhamento de elementos internos e externos ao texto.

Marcuschi (2004) diz que as práticas sociais comportam diferentes gêneros textuais e estes são potencialmente infinitos e mutáveis. Assim, conhecer o gênero do texto que se traduz, tanto na cultura-fonte quanto na cultura-alvo, é essencial, pois ter como base os aspectos que o estruturam, permite ao tradutor diagnosticar questões linguísticas e culturais, avaliando o que se mantém e o que se adapta para uma melhor ação comunicativa.

Os gêneros textuais são compostos por tipos textuais, que, por sua vez, são as maneiras estruturais em que os textos se apresentam. Nord (2016, p. 45) considera que “certos tipos de texto parecem ser utilizados de forma repetida em certas situações com mais ou menos as mesmas funções, esses textos adquirem formas convencionais que, às vezes, são elevadas ao status de normas sociais”.

Isso pode ser percebido no caso dos e-mails, que, estruturalmente, manifestma-se com funções similares, alterando-se o conteúdo de a cordo com a situação comunicativa na qual está inserido.

Atualmente, estamos inseridos em uma sociedade extremamente dinâmica, na qual o fator “tempo” é determinante para cada ação, reação, escolhas e decisões. Assim, para que possamos acompanhar essa dinâmica, que inclui os meios de comunicação e o fato que os gêneros textuais também se modificam, precisamos nos adequar constantemente, principalmente com o manuseio de recursos tecnológicos.

É, então, no âmbito dos gêneros advindos desse novo contexto comunicacional que se insere o gênero textual e-mail, que é o corpus de análise da presente pesquisa e que foi produzido pelos participantes do estudo.

3.2.2 O e-mail: gênero textual e suporte eletrônico

O e-mail, de acordo com Marcuschi (2004, p. 28), pode ser definido como um “correio eletrônico com formas de produção típicas e já padronizadas”. Este, que era “inicialmente um serviço (eletronic mail),

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resultou num gênero textual emergente (grifo da autora) [...] e está hoje entre os mais praticados na escrita”. Ou seja, o e-mail surgiu primeiro como suporte, o que o autor define como “um lugar físico ou virtual, de formato específico e que serve para fixar e mostrar o texto” (MARCUSCHI, 2003, p. 6).

Paiva (2004, p. 71) relata que o e-mail como suporte “surgiu em 1971, quando Ray Tomlinson enviou a primeira mensagem de um computador para outro, utilizando o programa SNDMSG, que ele acabara de desenvolver”. Assim, “foi também Tomlinson quem escolheu o símbolo @ para sinalizar a localização do endereço de cada usuário”.

Visualizando a duplicidade de função do e-mail a autora diz que:

O meio de transmissão de mensagens eletrônicas e-mail gerou um novo gênero textual, também denominado e-mail que gera textos diversos que se distinguem dos demais textos (anúncios, cartas, etc) também transmitidos eletronicamente. (PAIVA, 2004, p. 75).

Paiva (2004) destaca, ainda, a importância da Competência Intercultural na utilização de um determinado gênero textual, que em sua opinião:

É especialmente relevante nas interações por e-mail em listas de discussão onde participam pessoas de várias nacionalidades. Um exemplo que pode ilustrar essa questão diz respeito aos fechamentos. Enquanto em português, o fechamento “abraço” pode ser usado até entre interlocutores com pouca familiaridade, em inglês a palavra “hugs” soaria bastante íntima e invasiva. (PAIVA, 2004, p. 76).

A autora conclui que “ter acesso ao correio eletrônico é hoje uma questão de inclusão social. O e-mail gerou uma revolução nas relações humanas, especialmente na área educacional, e merece ser mais estudado” (PAIVA, 2004, p. 83).

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Diante disso, o e-mail, como suporte tem como principal finalidade gerar a ação comunicativa à distância. O que antes só era possível por meio de cartas e telegramas, atualmente, possibilita a troca de informações a qualquer instante, independentemente da distância a que se inserem os interlocutores envolvidos.

Da Cruz (2005, p. 44) nos traz um olhar mais abrangente do e-mail como suporte:

No caso do espaço digital, e ainda mais especificamente, com relação ao e-mail, poderíamos ver o suporte como o formulário do programa de e-mail. Poderíamos dizer que assim como o papel está para a carta e o bilhete, o formulário do programa de e-mail está para a mensagem de e-mail.

A autora conclui dizendo que “o e-mail assume função de suporte quando se presta a veicular, em anexo, ou no espaço fornecido pelos programas para a produção de textos, qualquer tipo de gênero textual”. (DA CRUZ, 2005, p. 46).

Assim, pode-se dizer que os e-mails são extramamente importantes, seja como suporte ou gênero. O Secretário Executivo precisa, diante disso, estar apto a manuseá-los, uma vez que são imprescindíveis para o desenvolvimento de muitas tarefas presentes no dia-a-dia do profissional.

Olhando para essa transição do e-mail, de suporte para gênero textual, cabe a colocação de Bronckart (2003, p. 73-74) que menciona que

[…]alguns gêneros tendem a desaparecer, mas podem, às vezes, reaparecer sob formas parcialmente diferentes; alguns gêneros modificam-se; gêneros novos aparecem; em suma, os gêneros estão em perpétuo movimento.

Assim sendo, o e-mail como gênero textual pode ser considerado como o que Marcuschi (2003, p. 12) chama de “transmutação de

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gêneros”, ou seja, a incorporação de um gênero textual em outro gênero textual e, nesse caso, a incorporação da carta em e-mail.

Quanto à sua estrutura, Paiva (2004) observa que o e-mail enquanto gênero tem a estrutura similar à da carta, com vocativo, texto, despedida e assinatura. O e-mail permite, ainda, anexos e links, o que remete ao e-mail enquanto suporte, que permite, por conseguinte, a transmissão de outros gêneros textuais.

Os dados cronológicos (dia/hora) são automaticamente inseridos pelo programa on-line, e sua linguagem varia de acordo com o grau de intimidade estabelecido entre os interlocutores e com a finalidade a que se destina a comunicação.

Nesse contexto, Marcuschi (2002, p. 19) faz uma consideração relevante sobre o surgimento dos gêneros:

Numa primeira fase, povos de cultura essencialmente oral desenvolveram um conjunto limitado de gêneros. Após a invenção da escrita alfabética por volta do século VII A.C., multiplicam-se os gêneros, surgindo os típicos da escrita. Numa terceira fase, a partir do século XV, os gêneros expandem-se com o florescimento da cultura impressa para, na fase intermediária de industrialização iniciada no século XVIII dar início a uma grande ampliação. Hoje, em plena fase da denominada cultura eletrônica, como o telefone, o gravador, o rádio, a TV e, particularmente o computador pessoal e a sua aplicação mais notável, a internet, presenciamos uma explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto na oralidade como na escrita. (MARCUSCHI, 2002, p. 19).

Para ele, os gêneros textuais são “fenômenos históricos profundamente vinculados à vida cultural e social” (MARCUSCHI, 2002, p. 19). Assim, percebemos que o e-mail como gênero textual pode ainda ser considerado .

Por outro lado, constatamos também que a tecnologia tem avançado cada vez mais e que novos suportes de comunicação têm ganhado espaço com os interlocutores. A exemplo disso podemos citar os

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aplicativos de mensagens instantâneas que permitem inclusive mensagens de voz.

Por fim, quando nos posicionamos com um olhar que considera todas as reflexões acima citadas, podemos perceber que, no dia-a-dia da prática profissional do Secretário Executivo, o e-mail, tanto como suporte quanto como gênero textual, é de suma importância, seja para o desenvolvimento de sua comunicação pessoal como profissional. E igualmente importantes são os conhecimentos específicos sobre o gênero e suas peculiaridades.

A escolha pelo par de línguas Português/Inglês, assim como pelo gênero textual e-mail, deu-se pelo fato de que a Língua Inglesa ser uma das mais faladas mundialmente, e o e-mail usualmente é a principal ferramenta de comunicação nas negociações, tanto nacionais quanto internacionais. Ou seja, essa escolhas estão fortemente inseridas na rotina de trabalho do Secretário Executivo.

Ademais, no Brasil, não foi encontrada nenhuma literatura atual sobre tradução de e-mail, o que justifica o ineditismo e relevância desta pesquisa.

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4 MÉTODO DE PESQUISA

Com o propósito de alcançar o objetivo do presente estudo, que é a implementação de uma Sequência Didática, neste capítulo, apresentamos os componentes envolvidos no método de pesquisa, sendo eles o contexto de realização da pesquisa, o perfil dos participantes envolvidos e também a escolha e passos metodológicos utilizados para o seu desenvolvimento.

Destacamos, ainda, que a abordagem de pesquisa adotada é de cunho qualitativo e interpretativa, ou seja, “usa o texto como material empírico, parte da noção da construção social das realidades em estudo, está interessada nas perspectivas dos participantes [...] relativas à questão de estudo […]” (FLICK, 2009, p.16) e proporciona o diálogo e a reflexão entre teoria e prática.

4.1 CONTEXTO DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA

Em um contexto de reflexões teóricas sobre tradução no âmbito da formação de Secretários Executivos, o plano de aplicação dos procedimentos metodológicos foi elaborado para ser executado no segundo semestre de 2016, na Universidade Estadual de Maringá (UEM), inserido nas aulas da disciplina de “Práticas tradutórias em língua inglesa” (programa da disciplina nos anexos), ministrada pela Professora Doutora em Letras pela UNESP.

Tal disciplina era cursada pelos alunos do segundo semestre do quarto ano de Secretariado Executivo Trilíngue (Inglês/Espanhol/Francês, sendo duas línguas optativas e o Português obrigatório).

A escolha pelo local de realização da pesquisa deu-se por esta ser a instituição onde a pesquisadora realizou sua graduação e pela consequente possibilidade de contato com professores responsáveis da área de ensino de tradução no curso.

Devido a atrasos na liberação do comitê de ética da UFSC para que a pesquisadora pudesse entrar em sala de aula e também por conta de períodos de greve na UEM, que atrapalharam o andamento do ano letivo, a aplicação em 2016.2 não foi possível. Sendo assim, houve um

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remanejamento do cronograma de pesquisa para que esta pudesse se concretizar no primeiro semestre de 2017.

Diante desses fatores, os procedimentos foram realocados para que, então, participassem do estudo os alunos que cursavam a disciplina de “Introdução às teorias de tradução” (programa da disciplina nos anexos), ministrada no primeiro semestre do quarto ano do curso de Secretariado Executivo Trilíngue, na UEM.

Tendo em vista alguns fatores, como a mudança de docente responsável pela disciplina, os atrasos no ano letivo decorrentes da greve e levando em consideração que havia um horário livre na grade dos alunos após o horário da aula a princípio disponibilizada, o professor ministrante da disciplina, Doutor em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês pela Universidade de São Paulo (USP), optou pela realização da intervenção com os alunos fora do horário de sua aula, isto é, no horário livre, após a aula de sua disciplina.

O professor comprometeu-se em mediar o primeiro contato da pesquisadora com os participantes e, dessa forma, com o consentimento da coordenação do curso, esse horário nos foi cedido por cinco semanas. Assim sendo, os participantes da pesquisa passaram a ser voluntários, uma vez que não havia mais vínculo com nenhuma disciplina do curso.

Dado esse contexto, a validação da presente pesquisa deu-se na UEM, com alunos voluntários do curso de Secretariado Executivo Trilíngue, totalizando cinco encontros, no período de um mês, sendo cada encontro de aproximadamente uma hora e trinta minutos.

Devido ao tempo disponível com os alunos, o desenvolvimento da Sequência Didática (método de aplicação utilizado que será apresentado adiante) aconteceu de modo presencial em sala de aula e também online, com envio da finalização de atividades por e-mail, sendo este o gênero textual trabalhado com os alunos.

4.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA 4.2.1 A pesquisadora

A pesquisadora/ proponente da presente pesquisa é bacharel em Secretariado Executivo Trilíngue pela Universidade Estadual de Maringá (UEM – 2012). Atuou como bolsista recém-formada (CNPq – 2014/2015), exercendo a função de Secretária em um curso de Mestrado Profissional, na mesma instituição de formação.

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Atuou também como Secretária Executiva na governadoria do Rotary, Distrito 4630 (2015/2016). Durante sua trajetória profissional deparou-se com situações em que foi solicitada como tradutora e, decorrente de tais situações, surgiram questionamentos sobre seu preparo para desempenhar tal função. Nesse momento, ampliou seu interesse em aprofundar os estudos relacionados à formação do Secretário Executivo no exercício do papel de tradutor.

4.2.2 O professor

Conforme mencionado, o professor ministrante da disciplina “Introdução às teorias de tradução”, Doutor em estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês pela USP, em acordo com a coordenação do curso de Secretariado Executivo (UEM), intermediou o primeiro contato entre a pesquisadora e os alunos/participantes.

4.2.3. Os alunos/ participantes

No primeiro semestre de 2017, participaram voluntariamente da pesquisa 9 alunos do último ano do curso de Secretariado Executivo Trilíngue da UEM. Do total dos 9 alunos, apenas 1 era do sexo masculino, 8 eram do sexo feminino e compreendiam uma faixa etária de 20 a 34 anos, todos finalizando sua primeira graduação.

De acordo com a grade curricular do curso, disponibilizada online (ver anexos), os participantes são de nível avançado em Língua Inglesa, uma vez que já haviam cursado a disciplina de Língua Inglesa nos três primeiros anos do curso.

Além disso, no mesmo semestre em que acontece a aplicação da pesquisa os alunos participantes cursavam a primeira disciplina com direcionamento à tradução, sendo esta a “Introdução às teorias de tradução” (programa da disciplina nos anexos).

4.3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O procedimento escolhido para dar apoio à pesquisa foi o da sequência didática (SD), que, segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 82, 83), “é um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito”. Os autores ainda acrescentam que sua finalidade é “de ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou

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falar de uma maneira mais adequada numa dada situação de comunicação”.

A organização de uma sequência didática ocorre conforme os próprios autores descrevem:

Após uma apresentação da situação na qual é descrita de maneira detalhada a tarefa de expressão oral ou escrita que os alunos deverão realizar, estes elaboram um primeiro texto inicial, oral ou escrito, que corresponde ao gênero trabalhado; é a primeira produção. Essa etapa permite ao professor avaliar as capacidades já adquiridas e ajustar as atividades e os exercícios previstos na sequência às possibilidades e dificuldades reais de uma turma. Além disso, ela define o significado de uma sequência para o aluno, isto é, as capacidades que deve desenvolver para melhor dominar o gênero de texto em questão. Os módulos, constituídos por várias atividades ou exercícios, dão-lhe os instrumentos necessários para esse domínio, pois os problemas colocados pelo gênero são trabalhados de maneira sistemática e aprofundada. No momento da produção final, o aluno pode pôr em prática os conhecimentos adquiridos e, com o professor, medir os progressos

alcançados. (DOLZ; NOVERRAZ;

SCHNEUWLY, 2004, p. 84).

Os autores apresentam um esquema para melhor visualização de como se desenvolve uma sequência didática:

Figura 2 - Modelo de Sequência Didática

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Refletindo sobre a proposta metodológica de sequência didática sugerida por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), planejamos uma proposta de implementação de uma sequência didática na sala de aula de “tradução”, no curso de Secretariado Executivo, para que pudéssemos ampliar o olhar sobre questões teóricas que servem como suporte para o processo de ensino/ aprendizagem do fazer tradutório, assim como proporcionar aos participantes uma conscientização sobre o processo de tradução, levando-os a perceber que não se trata apenas de uma questão de transposição linguística. Além disso o presente estudo previa também colaborar com a consolidação da interface de ensino de tradução e Secretariado Executivo, visando contribuir para futuras pesquisas na área.

Somada a esses fatores, essa escolha metodológica deu-se pelo fato de os gêneros textuais estarem presentes nas nossas práticas sociais, materializando situações de comunicação reais, principalmente na atuação diária do profissional de Secretariado Executivo.

Em se tratando de tradução, o objetivo da aplicação da SD é levar o aluno a pensar no processo tradutório, e não unicamente em seu produto. Cada momento da SD tem um elemento a ser trabalhado, que são os módulos, e cada elemento modular vai trabalhar aspectos específicos para prepara-los melhor para a produção final.

Baseando-nos nessa proposta metodológica, nos pressupostos teóricos apresentados de antemão e considerando o contexto de formação dos participantes, pudemos, então, elaborar uma sequência didática com o propósito de desenvolvê-la durante a presente pesquisa, de modo a construir o corpus do estudo. Essas etapas seguem ilustradas na sequência:

Figura 3 - Sequência Didática autoral

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