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ESTUDO DE CASO: IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CONTROLE ERGONÔMICO EM UMA INDÚSTRIA TÊXTIL

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Academic year: 2021

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ESTUDO DE CASO: IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CONTROLE ERGONÔMICO EM UMA INDÚSTRIA TÊXTIL

Márcio Alves Marçal1,2, Ph.D. Cláudia Ferreira Mazzoni2, Ph.D.

Aguinaldo Diniz Filho3

1Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), 2Universidade FUMEC, 3 Presidente da Cedro

Belo Horizonte - Minas Gerais

Email: marcalma@uol.com.br

Palavras-chave: Ergonomia, comitê de ergonomia, prevenção, têxtil, gestão.

O Programa de Controle Ergonômico – PCE é um conjunto de técnicas e instrumentos utilizados no sistema de gestão de ações ergonômicas dentro da empresa. Os membros do comitê foram divididos em sub-comitês que contaram com um líder, um secretário e funcionários. Cada sub-comitê foi constituído por uma média de cinco funcionários. Um treinamento de ergonomia com duração de 24horas/aula foi ministrado para os gerentes, supervisores e funcionários da empresa. Um exemplo de ação do comitê foi à análise ergonômica do posto de trabalho do setor de passadores. Funcionário transporta 160 latas de carda por turno. O funcionário deve alimentar 5 passadores, e retornar com as latas vazias. Estas latas se movimentam por um sistema de rodízio com buchas que estavam gastas e travadas devido ao acúmulo de pó e fios de algodão. Este fato dificultava puxar as latas sobrecarregando as articulações dos membros superiores e da coluna vertebral do trabalhador. Este fato foi confirmado com o alto índice de afastamento devido a lombalgia e dores nos ombros observados no ambulatório médico. O esforço para puxar as latas foi de 14 Kg e de empurrar a lata de 15 Kg. Foi sugerido a substituição do sistema de rodízio para rodízio com rolamento e nylon. No teste de esforço com as novas rodas observou-se uma redução de 54,7% no esforço exigido ao puxar a lata e 57,5% ao empurrar lata. O novo sistema de rodas é mais barato levando a uma economia de R$ 32.160,00 em 18 meses. O Programa de Controle Ergonômico está na fase final de implementação na empresa. A próxima etapa será o desligamento do consultor da empresa permitindo que o grupo seja o seu próprio gestor das questões ergonômicas. Num período ainda a ser determinado pela empresa teremos auditorias para certificar a continuidade e a eficácia do programa.

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho teve seu início a partir do diagnóstico das condições ergonômicas da empresa. Após uma detalhada análise ergonômica dos postos de trabalho foi elaborado um relatório indicando as situações criticas e recomendações. Com a demanda gerada sugeriu-se a criação do Programa de Controle Ergonômico – PCE como um instrumento de gestão que pudesse viabilizar a implementação das recomendações e uma administração das novas demandas pela própria empresa.

O PCE, portanto, constituiu-se em um conjunto de técnicas e instrumentos utilizados no sistema de gestão de ações ergonômicas dentro da empresa. Este programa está ligado ao serviço de engenharia de segurança e medicina do trabalho (SESMT). Nesta indústria o PCE foi inserido dentro do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). O PCE, juntamente com o Programa de Conservação Auditiva (PCA) e o Programa de Proteção

Respiratória (PPR), compõem a Comissão Interna de Apoio aos Programas de Proteção, Controle e Conservação de Saúde Ocupacional (CIAPS). O PCE trabalha também em sintonia com os programas de ações da segurança do trabalho, de Controle de Qualidade, de Gestão do Meio Ambiente e outros programas da empresa.

2. OBJETIVOS DO PCE

1) Criar o comitê de ergonomia;

2) Identificar, quantificar e propor medidas de controle dos riscos ergonômicos nos postos de trabalho; 3) Prevenir e controlar as doenças relacionadas com riscos ergonômicos;

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4) Abordar os problemas ergonômicos numa base bem precoce; e

5) Garantir que considerações ergonômicas façam parte da decisão dos líderes, incorporando-as na concepção de um novo posto de trabalho.

Para que o PCE obtivesse sucesso foi preciso que estivesse apoiado em um forte alicerce, ou seja, ter a participação efetiva da diretoria de recursos humanos, da gerência do serviço médico, da gerência da segurança do trabalho e do consultor. Este grupo foi a base para o início do programa, procurando, de imediato, garantir o apoio de outras gerências e da presidência para a sua implementação. As atribuições iniciais deste grupo foram:

1) Criação do comitê de ergonomia; 2) Estabelecimento das funções do comitê;

3) Indicação ou promoção das eleições dos membros para comporiam o comitê; 4) Nomeação formal dos integrantes do comitê de ergonomia pela gerência; e 5) Criação do conselho deliberativo.

3. COMITÊ DE ERGONOMIA

O comitê de ergonomia teve a participação de vários membros da empresa, preenchendo os seguintes cargos: coordenador, secretária geral e membros do comitê. Os membros do comitê foram divididos em sub-comitês que contaram com um líder, um secretário e funcionários. O número de sub-comitês foi determinado de acordo com o número de setores que o comitê teve que se responsabilizar. Cada sub-comitê foi constituído por uma média de cinco funcionários escolhidos de acordo com os critérios abaixo:

A coordenação geral do comitê ficou a cargo da engenheira de segurança. Ela ficou responsável por coordenar todos os sub-comitês e por ser o contato entre os trabalhadores e o comitê deliberativo, gerência ou diretoria da empresa. A secretária geral era um funcionário do SESMT. Este funcionário ficou responsável pelo controle documental e pelas convocações para as reuniões. Para este cargo buscou-se um funcionário com as seguintes características:

1) Ser uma pessoa organizada; 2) Ter conhecimento de informática; 3) Ter facilidade de escrita e síntese.

Para liderança do sub-comitê foi escolhido um funcionário da produção, que tivesse um bom conhecimento de todo o processo produtivo da empresa e que tivesse uma boa relação interpessoal. A função deste funcionário era de gerenciar as ações dos integrantes do sub-comitê e ser o elo de conexão do sub-comitê com o coordenador do comitê de

ergonomia.

O secretário de cada sub-comitê era um técnico de segurança e apresentava o mesmo perfil da secretária geral. Este funcionário ficou responsável pelo controle documental e pelas convocações para as reuniões. Os outros membros representantes dos sub-comitês foram selecionados dentro do seguinte perfil:

1) Conhecimento do processo produtivo;

2) Ter um papel de destaque e liderança nos seus respectivos setores; 3) Ter boa relação com os colegas;

O Comitê de Ergonomia fazia pelo menos uma reunião mensal para cumprir o gerenciamento ergonômico. Estas reuniões foram previstas no calendário anual da empresa. Os principais objetivos que o comitê tinha que alcançar seguem listados abaixo:

• Atender a legislação vigente, NR17 do ministério do trabalho; • Identificar situações críticas de problemas ergonômicos;

• Criar soluções que melhor se aplicassem aos problemas ergonômicos;

• Desenvolver medidas preventivas visando redução de transtornos músculo esqueléticos entre os trabalhadores;

• Criar o mapa do nível de risco ergonômico para todos os setores da empresa; • Acompanhar o andamento das implementações ergonômicas;

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• Prestar conta periodicamente das atividades ao diretor industrial da unidade;

• Promover um ambiente de trabalho seguro e sadio, estabelecendo um eficiente método de gerenciamento de riscos ergonômicos;

• Participar de forma ativa de novos projetos de reestruturação, criação ou expansão das áreas de trabalho; e • Contribuir nas certificações que envolvessem saúde, segurança e meio ambiente e qualidade total, em

especial OSHAS 18001,18002.

4. CONSELHO DELIBERATIVO

O conselho deliberativo foi composto pelo gerente da fábrica (Presidente do Conselho), médico coordenador do PCMSO, engenheiro de segurança e o coordenador de recursos humanos. A função deste conselho era deliberar sobre questões que não puderam ser resolvidas pelo comitê de ergonomia. Tais como:

• Questões ergonômicas que requeressem intervenções de ordem organizacionais • Questões ergonômicas que requeressem aprovação de orçamento

• Conflitos entre integrantes do comitê

• Substituições com nomeações de um novo membro • Outras

5. TREINAMENTO EM ERGONOMIA

Um treinamento de ergonomia com duração de 24horas/aula foi ministrado para os gerentes, supervisores e funcionários da empresa. O conteúdo programático abordava os seguintes tópicos:

• Definição de ergonomia;

• Considerações sobre a biomecânica ocupacional com ênfase nas regiões da coluna vertebral e dos membros superiores;

• Fatores de risco associados a disfunções musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho; • Posturas no trabalho;

• Apresentação de estudos de casos ilustrativos de intervenções ergonômicas; • Conceitos de sistema;

• Equipe multidisciplinar; • Papel do ergonomista; • Ergonomia participatória;

• Conceitos de microergonomia e macroergonomia; • Conceito de organização do trabalho;

• Fatores organizacionais que influenciam a relação homem X trabalho; • Discussão sobre a Norma Regulamentadora de Ergonomia – NR 17;

• Métodos e procedimentos utilizados na coleta de informações para análise ergonômica; • Instrumentação;

• Apresentação de estudos de casos; • Discussão de situações problemas; • O papel do comitê de ergonomia; e

• Abordagem prática do grupo analisando situações de trabalho dentro da fábrica.

6. EXEMPLO DE UMA AÇÃO ERGONÔMICA BEM SUCEDIDA DESENVOLVIDA POR UM DOS SUBCOMITÊS DA EMPRESA.

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6.1 Análise Ergonômica do Posto de Trabalho do Setor de Passadores 6.1.1 Análise da Atividade

Funcionário transporta 160 latas de carda por turno. O peso calculado foi de 87,5Kg cada, totalizando 14.000 kg./turno. O funcionário deve alimentar 5 passadores, e retornar com as latas vazias (Figura 1). Estas latas se movimentam por um sistema de rodízio com buchas que estavam gastas e travadas devido ao acúmulo de pó e fios de algodão (Figura 2). Este fato dificultava puxar as latas sobrecarregando as articulações dos membros

superiores e da coluna vertebral do trabalhador.

Ao aplicar um questionário de dor/desconforto nos funcionários deste setor observou-se queixa de 74% na articulação do ombro e 65% na região lombar. Este fato foi confirmado com o alto índice de afastamento devido a lombalgia e dores nos ombros observados no ambulatório médico.

Com o objetivo de quantificar o esforço exigido ao transportar as latas foi feito o teste de dinamômetria usando uma célula de força e um dinamômetro digital. O esforço para puxar as latas foi de 14 Kg (Figura 3) e de empurrar a lata de 15 Kg (Figura 4).

6.1.2 Medidas Proposta

Substituição do sistema de rodízio atual (bucha e borracha) das latas das cardas para rodízio com rolamento e nylon (Figura 5). Para justificar esta medida um levantamento dos custos envolvidos e nova avaliação de esforço usando dinamômetro foi feito com os novos rodízios com rolamento e nylon.

No teste de esforço observou-se uma redução de 54,7% no esforço exigido ao puxar a lata e 57,5% ao empurrar lata.

6.1.3 Justificativas para substituição e ganhos para os funcionários e empresa

• Redução dos Riscos Ergonômicos e Atendimento à NR 17

• Diminuição das queixas de dor e desconforto em relação ao trabalho

• Melhoria das condições do trabalho, do grau de satisfação e conseqüentemente da qualidade de vida do

trabalhador

• Redução de custos devido à durabilidade superior e menor preço das rodas de nylon e rolamento

• Melhoria da produtividade e qualidade do produto

• Redução do nº de intervenções mecânicas

Custo do rodízio atual: R$ 28,00

Custo do rodízio proposto: R$ 17,00

Durabilidade média do sistema atual: 06 meses

Durabilidade média do sistema proposto: 18 meses

Custo com sistema atual em 06 meses (borracha/bucha)

160 latas x 3 rodas x R$ 28,00 = R$ 13.440,00 R$ 13.440,00 x 3 (durabilidade) = R$ 40.320,00

Custo com sistema proposto em 18 meses (nylon/bucha)

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Redução de custo em 18 meses: R$ 32.160,00

7. CONCLUSÃO:

O Programa de Controle Ergonômico está na fase final de implementação na empresa. Os comitês estão começando a desenvolver suas atividades de uma forma mais independente sem muita participação do consultor para direcionar as suas ações. A próxima etapa será o desligamento do consultor da empresa permitindo que o grupo seja o seu próprio gestor das questões ergonômicas. Num período ainda a ser determinado pela empresa teremos auditorias para certificar a continuidade e a eficácia do programa.

FIGURAS EM ANEXO

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Referências

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