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TARRAFAL- O CAMPO DA MORTE LENTA CLC4

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Academic year: 2021

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DA MORTE LENTA”

CLC4

Este trabalho explora uma imagem significativa da repressão e fascismo português.

O Tarrafal campo presidiário e sinónimo da luta daqueles que por lá passaram e nos lembram hoje de quão importante é ter conquistado a liberdade de expressão...

Marlene Senra Guedes Lourenço Curso escolar EFA

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Campo de concentração do Tarrafal

«Falar do Tarrafal ou de outras prisões fascistas não deve ser uma simples evocação daquilo que por lá passámos. Ao falar do Tarrafal e das outras prisões importa, em primeiro lugar, saber que elas existiram porque existiu o fascismo. Elas são uma consequência directa do regime de terror que durante 48 anos massacrou o nosso povo e colocou o nosso país na cauda das nações civilizadas.»

Estas palavras são de João Faria Borda (já falecido), um

homem que passou dezasseis anos e três meses no Campo de Concentração do Tarrafal.

O Tarrafal, o Campo da Morte Lenta

Esta é a mais brutal expressão da violência repressiva da ditadura, o Tarrafal, Campo de Concentração foi construído na ilha de Santiago, em Cabo Verde, a milhares de quilómetros de Portugal.

O campo de concertação, foi inaugurado em Outubro de 1936 na Achada Grande do Tarrafal, a sua construção ficou ao encargo do Ministério das Obras Públicas e Telecomunicações portuguesas, que tinham como responsabilidade elaborar a planta e levar a cabo a sua construção.

o Tarrafal foi projectado á dimensão de 1.700 hectares e teria como inspiração os campos de concentração nazis, que Hitler nesta altura começava já a difundir por toda a Alemanha; neste campo de concentração português a forma de extermínio diferenciava do modelo alemão, a onde os alemães projectaram a câmara de gás como a máquina da morte, os portugueses usaram o próprio terreno hostil da Achada Grande do Tarrafal como forma económica de tratar os inimigos do regime Salazarista.

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A localização do Tarrafal é numa das zonas mais hostis de Santiago, a Achada Grande do Tarrafal é uma zona de pântanos onde habitam os mosquitos transmissores da malária.

Para além das doenças, da falta de medicamentos e da má alimentação, fica claro que Os compartimentos da “Colónia Penal” estão longe de obedecer um parâmetro mínimo de humanidade, primeiramente os presos foram instalados em tendas de lona, sem as mínimas condições de habitabilidade e de higiene. Eram doze Barracas de lona, com sete metros de comprimento e quatro de largura, sem luz eléctrica, nem ventilação, nem qualquer protecção contra a chuva ou sol. Cada uma com

capacidade para alojar doze prisioneiros. O prazo de validade destas habitações foi de dois anos, só depois foram construídos os

pavilhões em pedras.

Também o acesso á água, uma das condições mínimas para a

sobrevivência, é quase que negado pois o chamado POÇO DO CHAMBÃO” fornecia água de má qualidade para consumo,

apresentando-se contaminada por excrementos e cadáveres de animais, juntamente a estas circunstâncias os presos passam por trabalhos forçados e torturas a nível físico e psicológico.

A tortura mais famosa do Tarrafal é conhecida como “FRIGIDEIRA” representada na pintura á direita, chamada assim pelos presos pois estes eram literalmente cozinhados nestas celas expostas ao sol.

Esta era uma cela rectangular de cimento e tecto de betão, que dividia-a interiormente em duas celas quase quadradas. Estas celas de nove metros quadrados teriam a capacidade para dois ou três presos, mas esta serviria para cerca de doze, numa área limitada de luz e ar.

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A malária e a biliosa – fase terminal da malária eram os

principais executadores dos presos do Tarrafal, e o mar que cerca o Tarrafal foi o principal carcereiro. “Quem vem para o Tarrafal vem para morrer!”

Esta é uma frase muito descrita entre os relatos dos que sobreviveram e de facto muitos morreram no Tarrafal e foram sepultados num cemitério perto do campo prisional.

É de referir que a instalação da “Colónia Penal” obedeceu a duas etapas: a primeira correspondente ao período que vai de 1936 até 1938. Durante este período, o Campo de Concentração do Tarrafal recebe os primeiros 150 presos antifascistas de diversas profissões: camponeses, operários, soldados, marinheiros, estudantes, intelectuais, entre outros. A segunda fase compreende a época da construção dos primeiros pavilhões de pedras e a chegada do médico Esmeraldo Pais de Prata, até ao encerramento que acontece em 1954. É encerrado por pressão internacional após a Segunda Guerra Mundial, mas foi reaberto em 1962, por ordem do então ministro do Ultramar, Adriano Moreira, mas destinava-se apenas aos militantes dos movimentos de libertação de Angola, Guiné e Cabo Verde.

Hoje o campo de concentração é um local desértico inóspito e insalubre que tem como objectivo de recordar, para que não se apague da memoria, para que se compreenda e se tome conhecimento do significado do porque e como morreram os prisioneiros que para ali eram remetidos, é portanto um “museu”, o testemunho da resistência e da liberdade e ao mesmo tempo, um Centro Internacional de pesquisa e de reflexão sobre as Independências dos Estados africanos.

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PARA ALÉM DO TARRAFAL

O Tarrafal, perante o desenvolvimento da luta do povo português pela liberdade e pela democracia, não chegava para albergar todos os que se levantavam contra o regime. A ditadura criou toda uma rede carcerária por onde passaram, antes e depois do Tarrafal, milhares de presos políticos: a Fortaleza de S. João Baptista, nos Açores, a cadeia do Aljube em Lisboa e o Forte de Caxias, o Forte de Peniche, as cadeias da Rua do Heroísmo, junto à sede da PIDE no Porto - para além da sede da PIDE da Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, onde a maioria dos presos eram submetidos a dias seguidos de interrogatórios e tortura e onde alguns foram mesmo torturados até à morte.

Este trabalho foi criado com base numa pesquisa de vários testemunhos de sobreviventes do Tarrafal, toda a informação aqui contida provem por via de blogues e pode ser encontrado através dos seguintes endereços: -http://alvarohfernandes.blogspot.com

-http://nosmedia.wordpress.com

-http://a_verdade_da_mentira.weblog.com.pt -http://bandeira-vermelha.blogs.sapo.pt

Referências

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