A argumentação visa a persuadir o leitor acerca
de uma posição. Quanto mais polêmico for o
assunto em questão, mais dará margem à
abordagem argumentativa.
A persuasão é o ato de levar o outro a acreditar
no que foi dito.
Períodos longos e ambiguidade são grandes
inimigos da clareza.
Existem palavras que são responsáveis pela
SINALIZAÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO,
são
os
operadores
ou
marcadores
O usuário da língua deve se conscientizar do
valor argumentativo dessas marcas para que as
perceba no discurso do outro e as utilize com
eficácia no seu próprio discurso.
Operadores argumentativos:
a) Operadores que assinalam o argumento mais forte de
uma escala orientada no sentido de determinada
conclusão: até, mesmo, até mesmo, inclusive. Ou de escala
subtendida: ao menos, pelo menos, no mínimo.
b) Operadores que somam argumentos a favor de uma
mesma conclusão: e, também, ainda, nem(=e não), não
só...mas também, tanto...como, além de, a par de ... aliás
c) Operadores que introduzem uma conclusão relativa a
argumentos apresentados em enunciados anteriores:
portanto, logo, por conseguinte, pois, em decorrência,
consequentemente...
d) Operadores que introduzem argumentos alternativos
que levam a conclusões diferentes ou opostas: ou, ou
32% dos produtos omitem informações sobre gordura
trans. Pesquisa feita pelo Idec com 370 alimentos
industrializados mostra que
só
62% cumprem a lei, em
vigor há dois anos.
e) Operadores que estabelecem relações de comparação entre
elementos, com vistas a uma dada conclusão: mais que, menos que,
tão ...como etc.
f) Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação
relativa ao enunciado anterior: porque, que, já que, pois etc.
g) Operadores que contrapõem argumentos orientados para
conclusões contrárias: mas (porém, contudo, todavia, no entanto, ...),
embora (ainda que, posto que, apesar de (que), ...).
h) Operadores que têm por função introduzir no enunciado
conteúdos pressupostos: já , ainda, agora etc.
i) Operadores que se distribuem em escalas opostas (afirmação total
Foi em legítima defesa,
mas
Pedro matou.
Pedro matou,
mas
foi em legítima defesa.
Não se tratam de frases iguais. Num julgamento,
a promotoria usaria a primeira, enquanto que a
defensoria usaria a segunda.
Una as frases abaixo com coerência e coesão, utilizando operadores argumentativos adequados.
As mulheres assumiram a cumplicidade no
papel da dominação masculina. (ideia
principal)
- As pessoas atribuem às mulheres a
responsabilidade
fundamental
do
romantismo. (causa da principal)
- O problema da dominação masculina vem
explodindo, ultimamente. (oposição à
primeira)
Uma as três frases com coerência e coesão utilizando
operadores argumentativos e justifique seus usos.
São Paulo é o mais importante centro de
negócios do país.
Muitos negócios são ilegais em São Paulo.
João é o melhor candidato.
João tem boa formação.
João apresenta um consistente programa
administrativo.
João revela plenos conhecimentos dos
problemas da população.
João é, sem dúvida, o melhor candidato. Tem
boa formação e apresenta um consistente
programa administrativo. Além disso, revela
plenos conhecimentos dos problemas da
população. Ressalte-se, ainda, que não faz
promessas demagógicas.
MARCADORES DE PRESSUPOSIÇÃO
1. Verbos que indicam mudança ou permanência de estado: ficar, começar a , passar a , deixar de, continuar, permanecer, tornar-se etc.
2. Verbos denominados “factivos”, isto é, que são complementados
pela enunciação de um fato (fato que, no caso, é pressuposto): de modo geral, são verbos de estado psicológico, como lamentar,
lastimar, sentir, saber etc.
Obs.: “Retórica da pressuposição”: recurso argumentativo (manobra argumentativa) que apresenta como se fosse
pressuposto justamente aquilo que se está querendo veicular como informação nova. Ex: Lamentamos não aceitar cheques.
3. Certos conectores circunstanciais, especialmente quando a oração
por eles introduzida vem anteposta: desde que, antes que, depois que,
INDICADORES MODAIS OU ÍNDICES DE MODALIDADE
1- Principais tipos de modalidade: necessário/possível;
certo/incerto, duvidoso; obrigatório/facultativo. Ex: mesmo conteúdo proposicional veiculado sob modalidades diferentes: É (necessário/ possível/ certo/ provável) que a guerra termine. É (obrigatório/facultativo) o uso de crachás.
2 - Outras formas de expressão de modalidade:
a) Certos advérbios ou locuções adverbiais (talvez, provavelmente, certamente, possivelmente, seguramente, indubitavelmente etc)
b) Verbos auxiliares modais (poder, dever etc)
c) Construções de auxiliar+infinito (ter de, precisar, dever +inf.): os candidatos deverão apresentar RG...
d) Orações modalizadoras (tenho a certeza de que..., não há dúvida de que..., há possibilidade de..., todos sabem que... suponho que..., creio que... exige-se que...)
INDICADORES ATITUDINAIS/ ÍNDICES DE AVALIAÇÃO
(de estado psicológico, atitude subjetiva):
infelizmente, felizmente, pesarosamente, francamente, é
com prazer...
(valoração dos fatos, estados ou qualidades
atribuídas a um referente): em geral, expressões
adjetivas e formas intensificadoras: excelente,
ÍNDICES DE DOMÍNIO
(operadores que delimitam domínio dentro do qual o
enunciado deve ser entendido(a e b) ou o modo como
ele é formulado pelo locutor(c e d)):
a)
Politicamente
, ele está desmoralizado.
b)
Geograficamente
, o Brasil é um dos maiores países do
mundo.
c) Resumidamente, pode-se dizer que a desavença se deu
da seguinte maneira:...
ÍNDICES DE POLIFONIA
Formas linguísticas que funcionam como índices, no texto, da
presença de outra voz, com a qual o locutor se identifica ou não. a) ao contrário, pelo contrário:
Ex: Roberto não é um traidor. Pelo contrário, tem-se mostrado um bom amigo.
b) Operadores do grupo do MAS e do EMBORA c) Operadores conclusivos:
Ex: Carlos é dorminhoco. Não pode, portanto, vencer na vida. d) Os marcadores de pressuposição: Mariana continua linda.
e) O uso do futuro do pretérito como metáfora temporal (o locutor não se responsabiliza pelo que é dito, atribuindo-o a outrem):
Ex: O técnico do Corinthians estaria disposto a se demitir. (=ouvi dizer)
f) O uso de aspas (como modo de manter distância do que se diz, colocando-o “na boca” de outros).