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CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/2013 Profª Helisia Góes Disciplina: DIREITO CIVIL – SUCESSÕES

Turmas: 7ºDIV e 7ºDIN Data: 06/02/13 (7ºDIN) e 07/02/13 (7ºDIV)

AULA 02

I - NOÇÕES INICIAIS

CONCEITO: “conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de alguém, depois de sua morte, ao herdeiro, em virtude de lei ou de testamento” DINIZ (2008, p. 3).

• FUNDAMENTO: existem vários entendimentos doutrinários que buscam justificar a origem do Direito das Sucessões. Para alguns, a transmissão hereditária dos bens está pautada na continuação biológica e psicológica dos progenitores, sendo necessária para a continuidade da vida pelas várias gerações. Existe ainda o fundamento religioso, que orientou a primeira noção de sucessão. Entretanto, entendo que a melhor justificativa é a necessidade de garantia da propriedade, existindo uma combinação de institutos (propriedade e família). Para o direito brasileiro, a propriedade necessita de um dono, não pode ficar vaga, abandonada, especialmente pela função social lhe é conferida pela Constituição Federal.

“Nas sociedades organizadas em bases capitalistas, o direito sucessório surge com o reconhecimento natural da propriedade privada. Está ligado à continuação do culto familiar que, desde os tempos remotos, advém da ideia de propriedade. O patrimônio e a herança nascem do instituto de conservação e melhoramento. A manutenção dos bens no âmbito da família é um eficiente meio de manutenção da propriedade privada, pois todos os seus membros acabam defendendo os bens comuns. Nas sociedades onde não existe direito de propriedade e nem interesse na preservação da família, não existe direito das sucessões.” g.n. (DIAS, 2011, p. 25).

"Não admitida a transmissão hereditária, falta ao individuo incentivo para amealhar e conservar a riqueza, sendo provável que consagre os últimos anos de sua vida a esbanjar um patrimônio que não pode deixar aos seus entes queridos. Tal comportamento representa prejuízo para a sociedade. Ademais, raramente a lei deixaria de ser burlada, pois, através de doações, ou de liberalidades simuladas em negócios onerosos, o titular tentaria transmitir seu patrimônio a seus herdeiros". (RODRIGUES, 2002, p.08).

• BREVE HISTÓRICO:

Para Hironaka e Cahali (2007) a origem do direito das sucessões é religiosa. Na Roma antiga a sucessão ocorria exclusivamente pela substituição do de cujus na condução do culto doméstico, mas os bens não se transmitiam ao herdeiro porque os bens não pertenciam ao morto. Nesse período a propriedade era familiar. A família era chefiada pelo varão mais velho, apenas do sexo masculino, que descendia diretamente dos deuses domésticos. Assim, o varão de cada família era a pessoa com maior autoridade na visão dos antigos, portanto assumia a administração do acervo familiar e a condução da vida religiosa e doméstica.

Percebe-se então que, na antiguidade, a finalidade essencial da sucessão hereditária era assegurar a continuidade do grupo familiar, com a sucessão do heres (herdeiro), que ocupa in locum defuncti (o lugar do defunto). A transmissão do patrimônio do falecido era mera consequência da continuação da descendência e da religião dos antepassados. (PEREIRA, 2007).

Em Roma a aquisição da propriedade estava atrelada ao culto religioso, que era realizado por cada família. Somente excepcionalmente se poderia adquirir propriedade fora da família e do culto religioso: por testamento ou adoção. Os antigos acreditavam que a morte sem sucessor traria a

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CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/2013 infelicidade aos antepassados e extinguiria o lar. Nesse período, a religião era própria e específica de cada família, independente do culto geral da sociedade. Assim, a adoção e o testamento eram muito importantes, pois impediam a extinção da família, da religião e, por consequência, do patrimônio familiar. (PEREIRA, 2007)

Entretanto, quando a propriedade passou a ser individual, a sucessão passou a ser interpretada, essencialmente, como continuidade patrimonial. Busca-se dar segurança à prole, pela transmissão do patrimônio acumulado pelo antecessor, ao longo de sua vida (PEREIRA, 2007).

Venosa (2004) destaca que o Direito das Sucessões surge da crença social na continuação da vida. Assim, o herdeiro surge como sucessor universal, para dar continuidade à vida da pessoa falecida. Porém, destaca o autor que a sucessão por causa da morte do titular do patrimônio não está adstrita ao interesse privado, posto que o Estado também tem interesse na situação do patrimônio do morto, para garantir que a propriedade não fique sem dono (responsável). Garantindo o direito a herança, o Estado está também protegendo a família do morto e ordenando sua própria economia. O direito de herança incentiva a capacidade produtiva de cada indivíduo, que passa a ter interesse em poupar e aumentar seu patrimônio, visando a segurança de sua família.

Pela origem histórica, a primeira noção de herança (patrimônio hereditário) se dá pela transmissão dos bens do morto à sua própria família. Eis a explicação da ordem de vocação hereditária inserida na lei, que regula a sucessão legítima (art. 1.829, CC).

No Direito Romano, a sucessão causa mortis se deferia de maneira integral, por força de testamento ou pela ordem de vocação disposta na lei. Surgem aqui as formas de sucessão adotadas pela legislação brasileira, uma regulada pela vontade do falecido (sucessão testamentária) e outra derivada da lei (sucessão legítima). (PEREIRA, 2007)

Segundo os registros históricos, no direito oriental antigo, a única forma de sucessão era aquela sem testamento (legítima), sendo que era comum o pai distribuir seu patrimônio, em vida, entre os herdeiros. Os gregos, assim como os romanos, admitiam as duas formas de sucessão, com ou sem testamento. O direito grego só admitia a sucessão por testamento na falta de filhos enquanto que, no direito romano, a sucessão testamentária era a regra. (VENOSA, 2004)

• INTERDISCIPLINARIDADE:

Note-se, também que o direito das sucessões está pautado na ideia de propriedade, posto que só se transmitem, como herança, os bens e direitos pertencentes ao morto. Desse modo, quanto mais amplo for o tratamento legal dispensado à propriedade, mais amplo será o direito sucessório.

Importante ponderar que o direito das sucessões sofre influência direta de outros campos do direito: direito tributário (recolhimento dos impostos relativos à herança); direito previdenciário (pensão e pecúlio), direito penal (exame das causas de deserdação e indignidade); direito processual (processamento do inventário e demais ações relativas à herança).

• CONTEÚDO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002:

1ª Parte – SUCESSÃO EM GERAL: normas gerais do direito das sucessões, que serão aplicadas tanto à sucessão legítima quanto à testamentária (arts. 1.784 a 1.828, CC);

2ª Parte – SUCESSÃO LEGÍTIMA: regras específicas de transmissão da herança, por determinação da ordem de vocação hereditária fixada na lei (arts. 1829 a 1856, CC);

3ª Parte – SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA: regras específicas de transmissão da herança, em função de ato de última vontade, produzido em vida pelo falecido (arts. 1857 a 1990, CC);

4ª Parte – INVENTÁRIO E PARTILHA: normas sobre o processo judicial não-contencioso (arts. 1991 a 2027, CC).

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CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/2013 • ROTEIRO DO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002:

1 - SUCESSÃO EM GERAL:

- Disposições Gerais (Abertura da Sucessão) – arts. 1.784 a 1.790. - Administração da Herança – arts. 1.791 a 1.797.

- Vocação Hereditária – arts. 1.798 a 1.803.

- Aceitação e Renúncia da Herança – art. 1.804 a 1.813. - Excluídos da Sucessão – arts. 1.814 a 1.818.

- Herança Jacente: arts. 1.819 a 1.823. - Petição de Herança – arts. 1.824 a 1.828. 2 - SUCESSÃO LEGÍTIMA:

- Ordem de Vocação Hereditária – arts. 1.829 a 1.844. - Herdeiros Necessários – arts. 1.845 a 1.850.

- Direito de Representação – arts. 1.851 a 1.856. 3 - SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA:

- Testamento em Geral - arts. 1.857 a 1.859. - Capacidade de Testar - arts. 1.860 e 1.861.

- Formas Ordinárias do Testamento - arts. 1.862 a 1.880. - Codicilo - arts. 1.881 a 1.885.

- Testamentos Especiais - arts 1.886 a 1.896. - Disposições Testamentárias - arts. 1.897 a 1.911. - Legados - arts. 1.912 a 1.940.

- Direito de Acrescer entre Herdeiros e Legatarios - arts. 1.941 a 1.946. - Substituições - arts. 1.947 a 1.960.

- Deserdação - arts. 1.961 a 1.965.

- Redução das Disposições Testamentárias - arts. 1.966 a 1.968. - Revogação do Testamento - arts. 1.969 a 1.972.

- Rompimento do Testamento - arts. 1.973 a 1.975. - Testamenteiro - arts. 1.976 a 1.990.

4 - INVENTÁRIO E PARTILHA: - Inventário – art. 1.991.

- Sonegados – arts. 1.992 a 1.996.

- Pagamento das Dívidas – arts. 1.997 a 2.001. - Colação – arts. 2.002 a 2.012.

- Partilha – arts. 2.013 a 2.022.

- Garantia dos Quinhões Hereditários – arts. 2.023 a 2.026. - Anulação da Partilha – art. 2.027.

• ROTEIRO DO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: - Disposições Gerais – arts. 982 a 986.

- Legitimidade para Requerer o Inventário – arts. 987 a 989. - Inventariante e Primeiras Declarações – arts. 990 a 998. - Citações e Impugnações – arts. 999 a 1.002.

- Avaliação e Cálculo do Imposto – arts. 1.003 a 1.013. - Colações – arts. 1.014 a 1.016.

- Pagamento das Dívidas – arts. 1.017 a 1.021. - Partilha – arts. 1.022 a 1.030.

- Arrolamento – arts. 1.031 a 1.038.

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CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/2013

II - SUCESSÃO EM GERAL

1. Acepção Jurídica

Etimologicamente a palavra sucessão vem da expressão sub cedere, que descreve a situação onde alguém toma o lugar de outrem (substitui).

Juridicamente, o vocábulo sucessão se apresenta sob dois sentidos:

a) Sentido Amplo: que se refere a todos os modos derivados de aquisição do domínio, representando, simplesmente, o modo pelo qual alguém sucede a outrem, investindo-se aquele nos direitos que pertenciam a este, no todo ou em parte (sucessão inter vivos).

Ex: comprador e vendedor, donatário e doador.

“Suceder é substituir, tomar o lugar de outrem no campo dos fenômenos jurídicos. Na sucessão, existe uma substituição do titular de um direito.”

VENOSA (2004, p. 15)

“Sucessão, em sentido geral e vulgar, é a seqüência de fenômenos ou fatos que aparecem uns após outros, ora vinculados por uma relação de causa, ora conjuntos por outras relações.”

DIAS (2011, p. 30)

b) Sentido Restrito: que designa a transferência de herança aos sucessores, em função da morte do titular do patrimônio. Pode ser total ou parcial. É a chamada sucessão mortis causa. Subjetivamente é o direito em virtude do qual alguém (herdeiro ou legatário) recebe os bens da herança. Objetivamente é a universalidade dos bens do de cujus (encargos e direitos).

“É neste sentido estrito que se usa o vocábulo sucessão: a transferência, total ou parcial, de herança, por morte de alguém, a um ou mais herdeiros. É deste fenômeno que se encarrega o direito

das sucessões.”

DIAS (2011, p. 31)



ATENÇÃO: A relação jurídica existente permanece, ocorrendo, apenas, a mudança dos

respectivos titulares.

O homem, pouco importando a época ou sua crença, sempre acreditou, ou ao menos esperou, poder transcender o acanhado lapso de vida. Já vimos que a personalidade surge com o nascimento e extingue-se com a morte. No direito sucessório, porem, não se pode aplicar o brocardo mors omnia solvit (a morte resolve tudo), uma vez que as relações jurídicas permanecem apos a morte do titular.

VENOSA (2004, p. 04)

O Livro V – Do Direito das Sucessões, do Código de 2002, trata especificamente da sucessão em sentido restrito (mortis causa), ou seja, aquela que deriva da morte de alguém, que tem seus direitos e obrigações transferidos para seus sucessores (herdeiros e legatários). Trata-se aqui do direito hereditário.

Na Constituição Federal de 1988 o direito à sucessão está resguardado no art. 5º, XXX:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

XXX - é garantido o direito de herança;

Dias (2011, p. 32) destaca a importância da afetividade, nos dias atuais, para o direito sucessório brasileiro, e escreve que:

A Constituição Federal elevou a afetividade à categoria de direito constitucional tutelado, ao afirmar que a família é a base da sociedade e merece especial proteção do Estado (CF 226). Ainda que a transmissão da

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CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/2013 herança se trate de direito individual, o que fundamenta o direito sucessório nos dias atuais é o afeto.

Percebe-se aqui a importância social do Direito das Sucessões, pois segundo Venosa (2004, p. 18):

A idéia da sucessão por causa da morte não aflora unicamente no interesse privado: o Estado também tem o maior interesse de que um patrimônio não reste sem titular, (...). E complementa: Se não houvesse direito à herança, estaria prejudicada a própria capacidade produtiva de cada indivíduo, que não tenha interesse em poupar e produzir, sabendo que sua família não seria alvo do esforço.

2. Conceitos Importantes

 Herança: “o conjunto de direitos e obrigações que se transmitem, em razão da morte, a uma pessoa, ou a um conjunto de pessoas, que sobreviveram ao falecido.” VENOSA (2004, p. 20). Patrimônio do de cujus.

 De Cujus: expressão que se refere ao morto, de quem se trata a sucessão. É o autor da herança.

 Patrimônio: o conjunto de direitos reais e obrigacionais, ativos e passivos, pertencentes a uma pessoa. O patrimônio passível de transmissão é composto de bens materiais ou imateriais, mas sempre coisas avaliáveis economicamente. Com a morte de alguém desaparece o titular do patrimônio, mas o mesmo permanece íntegro, passando a ser chamado de herança ou espólio.  Espólio: conjunto de direitos e deveres pertencentes ao de cujus. É uma simples massa

patrimonial que permanece coesa até a atribuição dos quinhões hereditários aos sucessores. Termo usado no processo judicial, sendo representado em juízo pelo inventariante (art. 12, V, CPC).

3. Espécies de Sucessores

3.1. Herdeiros: são aqueles que recebem a herança a título universal, ou seja, coisa incerta e indeterminada. Podem ser:

3.1.1. Herdeiros Legítimos: são herdeiros por força da lei (art. 1.829 e 1.790, CC). Integram a Ordem de Vocação Hereditária (art. 1.829, CC). São os descendentes, os ascendentes, o cônjuge, os companheiros (1.790, CC) e os colaterais (estes somente até o quarto grau). Podem ser:

3.1.1.1. Necessários: são aqueles que têm direito a uma participação mínima na herança (legítima) e que só podem ser excluídos excepcionalmente: são os descendentes, ascendentes e o cônjuge sobrevivente (art. 1.845 do CC). Quando há herdeiros necessários, a pessoa só pode dispor de metade da herança (art. 1.789 e 1.846 do CC).

3.1.1.2. Facultativos: são aqueles que podem ser excluídos pela simples vontade do morto, sempre que este dispuser da totalidade de seu patrimônio sem os contemplar: são os colaterais até quarto grau (art. 1.850, CC) e o companheiro sobrevivente.

3.1.2. Herdeiros Testamentários ou Instituídos: recebem a título universal, mas por força de testamento, ou seja, da última vontade do testador.

3.2. Legatários: são aqueles que são contemplados em testamento com coisa certa e individualizada (determinada). São sucessores a título singular.



ATENÇÃO: “Os direitos e deveres meramente pessoais, como a tutela, a curatela, os cargos

públicos, extinguem-se com a morte, assim como os direitos personalíssimos.” VENOSA (2004, p. 21)



Obs.1: Enquanto existir a herança, o patrimônio hereditário possui o caráter de indiviso, pois se trata de uma universalidade. Assim, cada herdeiro estará na condição de condômino da herança.

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CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/2013

Legítima (herdeiros necessários)

PATRIMÔNIO DO DE CUJUS =

⟨⟨⟨⟨

Porção disponível (fixa=metade do patrimônio)

Entretanto o caráter de unidade abstrata não remete à idéia de indivisibilidade, pois com a partilha haverá a divisão em partes ideais, fracionária (metade, um terço, um quarto, etc), ou seja, em quota-parte.



Obs.2: Desde a abertura da sucessão até a partilha, os herdeiros assumem a condição de condôminos em relação à herança. “Cada um dos herdeiros é potencialmente proprietário do todo, embora seu direito seja limitado pela fração ideal.” VENOSA (2004, p. 22)

4. Espécies de Sucessão

4.1. Quanto à fonte de que deriva a sucessão pode ser:

4.1.1.Sucessão Testamentária (art. 1.786, CC): que tem origem no testamento válido ou na disposição de última vontade. Limitada pela lei, pois se o testador tiver herdeiros necessários (cônjuge supérstite, descendentes e ascendentes sucessíveis – art. 1845 e 1.846, CC), só poderá dispor de metade de seus bens (art. 1.789, CC), vez que a outra metade é tida como legítima daqueles herdeiros.



Obs.3: Os herdeiros necessários não terão direito à legítima se renunciarem à herança ou, ainda, se estes forem excluídos da sucessão por indignidade ou deserdação (Parágrafo único, do art. 1.804, CC; 1.814 c/c 1.961, CC)



Obs.4: Se o testador for casado, pelo regime da comunhão universal de bens (art. 1.667, CC), somente poderá contar, para cálculo da parte legítima e da porção disponível, com a sua meação.



ATENÇÃO: No Direito Brasileiro, somente ocorre a absoluta liberdade de testar, ou seja, de

dispor de todos os bens por meio de testamento, quando o testador não possuir herdeiros necessários, situação em que poderá desprezar os colaterais, se for de sua vontade (art. 1.850, CC).

4.1.2.Sucessão Legítima ou ab intestato (art. 1.786, CC): que resulta da lei, no caso de ausência, nulidade, anulabilidade ou caducidade de testamento (art. 1.786 e 1.788, CC). Aqui deverá ser obedecida a ordem de vocação hereditária (art. 1829, CC).



ATENÇÃO: A lei brasileira prevê a possibilidade de existência simultânea dessas duas espécies

de sucessão (art. 1.788, 2ª parte, CC).

O art. 1.966, do CC, informe que quando o testador só dispõe de parte de sua metade disponível, entende-se, por conseqüência, que institui os herdeiros legítimos no remanescente. No caso de inexistência de herdeiros legítimos, será tida como herança jacente a parte não disposta no testamento (art. 1.819, CC).

4.2. Quanto aos seus efeitos, a sucessão pode ser:

4.2.1.A título universal: transferência da totalidade ou de parte indeterminada da herança (ativo e passivo) para o herdeiro do de cujus. Então haverá a instituição de herdeiro, que

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CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/2013 será chamado a suceder no todo ou numa quota-parte do patrimônio do de cujus, sub-rogando-se, abstratamente, na posição do falecido como titular.

4.2.2.A título singular: transferência de objetos certos e determinados. Ex.: uma jóia, um cavalo, uma determinada casa localizada na Rua X, n... Aqui aparece a figura do legatário, que sucede ao de cujus nos bens ou direitos determinados e individualizados, sem, contudo, representar o falecido, pois não responde pelas dívidas e encargos da herança, salvo disposição expressa do testador.



Obs.5: A sucessão legítima será sempre a título universal, enquanto que a sucessão testamentária pode ser a título universal ou singular.



Obs.6: No testamento podem coexistir herdeiros e legatários, entretanto, sem testamento válido e eficaz não há que se falar na figura do legatário. Observe-se que uma mesma pessoa pode ser herdeiro e legatário, no mesmo processo sucessório.

4.3. Quanto ao modo:

4.3.1.Por Direito Próprio: quando o sucessor está na vez da ordem vocacional.

4.3.2.Por Representação: quando a lei autoriza certos herdeiros a assumirem o lugar de seu antecessor na sucessão do de cujus (art. 1.851, CC).

4.3.3.Por Transmissão ou Cessão: quando uma pessoa recebe o patrimônio hereditário por cessão da herança ou por ordem legal, sem, entretanto, assumir a condição de herdeiro ou legatário (arts. 1.793 e 1.813, CC).

Em Destaque:

A. A abertura da sucessão ocorre no exato momento da morte do de cujus que, em regra, é provada pela Certidão de Óbito; Exceção: morte presumida do ausente (sentença judicial transitada em julgado).

B. No momento exato da morte do antecessor (de cujus), os herdeiros adquirem a posse e a propriedade dos bens que compõem o acervo hereditário, sem depender da prática de qualquer ato posterior (art. 5º, XXX, da CF) - PRINCÍPIO DE SAISINE; Exceção: morte presumida do ausente.

C. Para que o herdeiro, legítimo ou testamentário, receba a herança, é necessário que o mesmo sobreviva ao de cujus, ainda que por um irrisório tempo. Importante é determinar a exata hora da morte. Entretanto, quando duas ou mais pessoas falecem em um mesmo evento e, não sendo possível esclarecer quem morreu primeiro, o direito pátrio considera a morte como simultânea (comoriência – art. 8º, do CC), não havendo transmissão de direitos hereditários entre os mesmos.

D. Para que os sucessores recebam a herança será necessário realizar a apuração da capacidade sucessória.

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R

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Referências

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