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SITUAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS EM ALGUNS MUNICÍPIOS DA RMBH

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Academic year: 2021

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SITUAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE CATADORES DE MATERIAIS

RECICLÁVEIS EM ALGUNS MUNICÍPIOS DA RMBH

Júlio Eymard Werneck Costa

Graduando em Engenharia Civil pela UFMG. Bolsista de iniciação científica.

Tainá Ulhoa Mota

Graduanda em Engenharia Civil pela UFMG. Bolsista de iniciação científica.

Cláudia de Almeida Sampaio

Mestre em análise ambiental, tecnóloga ambiental e bióloga pela UFMG.

Camila Moreira de Assis

Bióloga pela Universidade Federal de Viçosa. Doutoranda em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Minas Gerais (DESA/UFMG).

Raphael Tobias de Vasconcelos Barros

Professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG (DESA/UFMG). Coordenador do projeto de pesquisa.

Resumo:

A crescente produção de resíduos sólidos urbanos (RSU) deixa clara a necessidade de estudos que orientem o poder público a otimizar a sua gestão, que não deve se limitar apenas à coleta e sua disposição em aterros. As associações de catadores têm, nesse contexto, papel fundamental, já que atuam na reciclagem de materiais, o que é uma iniciativa que contribui para a redução de resíduos a seres dispostos, além de contribuir para a diminuição da exploração de recursos naturais. Os benefícios da reciclagem extrapolam a questão ambiental, sendo de fundamental importância para a geração de emprego e renda para a população não qualificada. Desta maneira, é importante entender a dinâmica de trabalho das associações de catadores, por meio da coleta de dados sobre o seu modo de atuação, a sua infra-estrutura e o rendimento e as dificuldades intrínsecas do processo de triagem realizado pelas associações.

Palavras-chave: Resíduos sólidos; Reciclagem; Associações de catadores; RMBH.

Introdução:

Os impactos ambientais ocasionados pela disposição incorreta dos resíduos sólidos são decorrentes das alterações das características físicas, químicas e biológicas do solo, bem como da água e do ar, o que se traduz não somente em um problema de ordem estética, mas também em uma ameaça à saúde pública, frente ao papel dos resíduos na transmissão de doenças provocadas por macro e microrganismos que vivem no lixo ou são atraídas por ele (BARROS, 2000). A disposição dos resíduos em lixões provoca diversos impactos de cunho ambiental e social, como a contaminação de lençóis freáticos pelo chorume, a proliferação de vetores de doenças e a presença de catadores em busca de sustento. Este trabalho justifica-se pelo fato do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (GRSU) possuir uma importância cada vez mais evidente na preservação da qualidade ambiental, bem como na garantia de saúde à população.

As conseqüências do manejo incorreto dos resíduos e o aumento sistemático da produção de lixo nos municípios brasileiros evidenciam a importância de pesquisas que orientem o poder público a

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encontrar soluções significativas, de modo que os municípios possam desenvolver planos corretos de limpeza pública, focando o bem estar social e a preservação do meio ambiente.

Deve-se salientar que o GRSU não passa somente pela coleta e disposição final, mas também por iniciativas de minimização. Dada a inevitabilidade da produção de resíduos sólidos, percebe-se que a solução ideal para o problema é aquela que permite a máxima redução de sua quantidade na fonte geradora. Quando esta redução não puder ser alcançada, os resíduos podem ser reciclados via reutilização ou recuperação, de tal forma que a quantidade de resíduos que vá de fato para uma disposição final seja a mínima possível (BARROS, 2000).

No Brasil, a reciclagem de resíduos está intimamente ligada com a questão social, já que diversas famílias obtêm seu sustento através dessa atividade. Nesse contexto, é imprescindível o estudo das associações de catadores de materiais recicláveis, que em alguns casos, atuam em parceria com prefeituras e empresas, recebendo os resíduos da coleta seletiva dos municípios, e em outros casos, atuam sem nenhum tipo de apoio. Deve-se, portanto, analisar o papel das associações no gerenciamento de resíduos sólidos dos municípios, identificando os resultados benéficos que as cooperativas geram, tanto do ponto de vista social, quanto do ponto de vista ambiental.

Objetiva-se, nesse trabalho, analisar as condições de funcionamento das cooperativas de catadores de algumas cidades da região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), por meio da coleta de dados sobre o seu modo de atuação, a sua infra-estrutura e o rendimento do processo de triagem.

Metodologia:

A metodologia utilizada para a obtenção dos dados das associações de catadores baseia-se na pesquisa-ação (ASSIS e BARROS, 2008), cuja prioridade é a busca ativa dos dados em campo por meio de visitas técnicas aos municípios da RMBH. Os dados foram coletados através do levantamento de documentos importantes, a reprodução de fotos, a realização de entrevistas e a aplicação de questionários com diversos atores sociais relevantes.

Diante do número amplo de municípios que compõem a RMBH (33 mais a capital), foi necessário dividir os municípios segundo faixas de distribuição populacional, considerando que era inviável a visita a todos os municípios em um mesmo período. As faixas populacionais consideradas no trabalho foram:

• Municípios com população acima de 2.000.000 de habitantes; • Municípios com população acima de 200.000 habitantes; • Municípios com população entre 50.000 e 200.000 habitantes; • Municípios com população entre 10.000 e 50.000 habitantes; • Municípios com população abaixo de 10.000 habitantes.

Para a escolha dos municípios a serem visitados baseou-se nas faixas de distribuição populacional, a localização dos municípios, o interesse e a receptividades dos mesmos, bem como a disponibilidade de dados para o estudo em questão. Dessa maneira, foram selecionados 14 municípios para a análise das associações de catadores: Betim, Caeté, Confins, Florestal, Ibirité, Juatuba, Lagoa Santa, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Rio Acima, Rio Manso, Sabará, Santa Luzia, São Joaquim de Bicas (figura 1).

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Figura 1: Posição geográfica da RMBH e seus municípios pertencentes NOTA:Municípios visitados

Fonte: Adaptado Wikipédia (2008) e Souza (2006)

O contato com os municípios trabalhados foi realizado por diversos meios, incluindo o meio digital (internet), contato telefônico, ofício (formalização do projeto diante da administração pública) e o contato pessoal através de visitas em campo realizadas nos municípios.

As visitas técnicas possibilitaram a coleta de dados gerais dos serviços de limpeza urbana dos municípios para a realização de outros estudos, bem como permitiu a visita a cooperativas de catadores ou catadores informais, onde foram coletados os dados para o presente estudo.

Resultados e Discussão:

A tabela 1 resume todos os dados coletados nas visitas às associações dos 14 municípios escolhidos. A tabela revela que grande parte das associações conta com um galpão de triagem, o que não significa que as condições de trabalho sejam ideais, já que algumas não possuem os equipamentos necessários ou em quantidade necessária, como balanças, prensas ou rampas de triagem, para otimizar o trabalho e garantir uma renda melhor aos associados. Em alguns municípios como Confins, Rio Manso e Sabará não há a presença de associações, sendo que catadores informais realizam o processo de triagem quase sempre na própria residência. Observa-se que, de um modo geral, as atividades dos catadores gera uma renda que gira em torno de um salário mínimo, o que evidencia a importância da atividade para os associados, garantindo uma forma de sustento. Dessa forma, as associações caracterizam uma forma de trabalho digno para essas pessoas que poderiam estar nos lixões buscando o seu sustento, ou realizando outras formas de trabalho degradantes.

Observa-se que apenas uma pequena porcentagem das associações realiza a compostagem dos resíduos orgânicos. Essa atividade poderia fornecer mais uma fonte de renda para as cooperativas, por meio da produção do composto orgânico, que possibilita a recuperação de solos agrícolas exauridos. Além disso, a compostagem possibilita a recuperação de matéria-prima (reciclagem do lixo de natureza orgânica), diminuindo a quantidade de resíduos a serem aterrados.





























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Tabela1: Caracterização das associações de catadores de 14 municípios da RMBH

Catadores/Associações de alguns municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte Município Popul. (hab) Dist. BH (Km) Associação Características Nº de Associados Massa de resíduos recebida Renda Aproximada (R$) Betim 415.098 30 ASCAPEL

Unidade de Triagem e Compostagem (UTC); galpão de reciclagem de 4000m²; recebe material de 37 empresas; parte é levada para unidade industrial de processamento de plástico em

BH.

45 pessoas 200t/mês (25% rejeito) - Caeté 39.039 59 AGEA Galpão de triagem/estocagem; venda de 15 em 15 dias. 5 famílias 120t/mês - Confins 5.680 39 Catadores

informais Triagem na própria residência; possuem prensa. 1 família

papel: 150Kg/mês papelão: 3t/mês PET: 600kg/mês metal: 2t/mês

500,00/mês Florestal 5.928 66 ASTRIFLORES Unidade de Triagem e Compostagem (UTC) 8 pessoas 3t/dia 625,00/mês Ibirité 148.535 21 ASTRAPI Galpão de triagem. 11 pessoas 8t/semana 1090,00/mês Juatuba 19.528 55 CRRT Galpão de triagem. 10 pessoas 10t/mês -

Lagoa

Santa 44.922 36 ASCAMARE 2 Galpões da prefeitura; balança; caçambas; 3 prensas. 20 pessoas 40t/mês 800,00/mês Nova Lima 72.207 22 ASCAP Unidade de triagem com esteira e prensa; parte é levada para

unidade industrial de processamento de plástico em BH. 28 pessoas - 700,00/mês Pedro

Leopoldo 56.518 40 ASCAPEL Galpão de triagem. 18 pessoas 30t/semana 500,00/mês Rio Acima 8.257 36 Não há Parado há 6 meses; projeto de construção de novo galpão. - - - Rio Manso 5.007 63 Catadores

informais Triagem na própria residência. 2 pessoas - - Sabará 120.770 19 Catadores

informais Galpão/garagem particular. - - - Santa Luzia 222.507 27 ASCAVIVA Galpão sem prensa; há um projeto de um novo galpão de 600m²

com prensa, balança e rampa de triagem. 13 pessoas - 350,00/mês S.J Bicas 22.214 42 Não há UTC. 60

funcionários

5t – rejeito

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Uma das grandes dificuldades relatadas pelos associados é a composição dos resíduos que chegam às associações. Não é raro encontrar quantidades significativas de resíduos úmidos (restos alimentares e resíduos relacionados à higiene pessoal), de modo que uma porcentagem considerável dos resíduos recebidos pelas associações é rejeito. Até mesmo resíduos de saúde como pérfuro-cortantes já foram encontrados, o que expõe os associados a riscos de contaminação. Fica evidente, portanto, que campanhas de sensibilização e mobilização da população são importantes, para que os resíduos secos sejam corretamente separados dos outros tipos de resíduos, de forma a contribuir para o trabalho das associações de catadores de materiais recicláveis.

Conclusões:

A reciclagem, no Brasil, está ligada fundamentalmente à questão social, por fornecer meios de sustento a diversas famílias. Há ainda muito que melhorar em questão da infra-estrutura que dispõem as associações, para que seja reciclado um volume maior de materiais, e para que o trabalho seja mais rentável para os associados. Também é recomendável investir em um trabalho de esclarecimento à população, visando à participação efetiva e voluntária da sociedade nos programas de coleta seletiva, de modo a facilitar o trabalho das associações de catadores.

Agradecimentos:

Aos municípios da RMBH pela receptividade e presteza em fornecer as informações solicitadas, à Escola de Engenharia/UFMG, à FAPEMIG e ao CNPq pelas bolsas de Iniciação Científica e de Apoio Técnico.

Referências:

ASSIS, C. & BARROS, R. T. V. Metodologia para levantamento de indicadores sócio-ambientais do gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos em regiões metropolitanas: estudo da região metropolitana de Belo Horizonte. In: CONGRESO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 31, Santiago – Chile: AIDIS, 2008, 8 p.

BARROS, R. Resíduos sólidos. DESA/UFMG, 2000.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Brasília: 2010. Disponível: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso 23/ago/2010.

SOUZA, J. A Expansão Urbana de Belo Horizonte e da Região Metropolitana de Belo Horizonte: O Caso Específico do município de Ribeirão das Neves. 2008. 194 p. Tese (Doutorado em Demografia) – Universidade Federal de Minas Gerais: Faculdade de Ciências Econômicas. Escola de Belo Horizonte: 2006. Disponível: < http://www.cedeplar.ufmg.br/demografia/teses/ 2008/Joseane_de_Souza.pdf>. Acesso 23/ago/2010.

Wikipédia, a enciclopédia livre (WIKIPÉDIA). Brasil: 2010. Disponível: <http://pt.wikipedia.org/ wiki/ P%C3%A1ginaprincipal>. Acesso 23/ago/2010.

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